O Índice de Clima Econômico da América Latina subiu para 6,0 pontos em julho de 2010, indicando uma fase de "boom cauteloso" na região. A avaliação da situação atual melhorou, mas as expectativas para os próximos seis meses declinaram levemente. Alguns países como México, Argentina e Paraguai melhoraram suas condições econômicas, enquanto a Venezuela, Bolívia e Equador registraram queda no índice.
1. 18 de agosto de 2010
AMÉRICA LATINA ENTRA NA FASE DE “BOOM” DO CICLO ECONÔMICO,
MAS EXPECTATIVAS TORNAM-SE MENOS OTIMISTAS
O Índice de Clima Econômico (ICE) da América Latina - elaborado em parceria entre o Instituto
alemão Ifo e a FGV – elevou-se de 5,6 para 6,0 pontos entre abril e julho de 2010. A evolução
decorre de uma avaliação mais favorável em relação à situação presente e de expectativas
menos otimistas para os seis meses seguintes. O Índice da Situação Atual (ISA) aumentou de 4,7
para 5,8 pontos, enquanto o Índice de Expectativas (IE) declinou de 6,4 para 6,2 pontos. A
combinação de um ISA e um IE na região de avaliações favoráveis coloca a região na fase de
“boom” do ciclo econômico pela primeira vez desde julho de 2007, embora a queda do IE sugira
Índice de Clima
um “boom cauteloso”.
Econômico
A série histórica do ICE, desde janeiro de 1990, mostra que um ICE no valor de 6 pontos deve
ser interpretado como “muito favorável”. Esse valor foi alcançado nos meses de janeiro, abril e
julho de 1997. Em outubro do mesmo ano, foi registrado o maior valor da série: 6,3 pontos.
Depois, em abril do ano 2000, repetiu-se o ICE de 6 pontos. Após esse mês, o maior índice foi o
de julho de 2007 — 5,9 pontos. A média do ICE nos últimos dez anos foi de 5,1 pontos,
6,0 5,6 confirmando a avaliação que um ICE de 6 pontos é alto para a região. Outro fato a ser
destacado é a contínua melhora do índice desde janeiro de 2009, quando chegou a registrar o
valor de 2,9 pontos.
Situação Atual
Índice de Clima Econômico da América Latina (em pontos)*
6,5
6,0 5,9 5,9 6,0
5,5 5,6
5,8 4,7
5,0
Média de 10 anos
4,5
Expectativas 4,0
3,5 3,6
3,0
2,9
2,5
6,2 6,4
* Escala de 1 a 9 pontos
Abril 10
Jul 10
2. Sondagem Econômica da América Latina Julho de 2010
O ICE do mundo caiu de 5,8 para 5,7 pontos. Da mesma forma que na América Latina, houve uma melhora na
avaliação da situação atual (de 4,3 para 5,0 pontos). Já a piora das expectativas (de 7,2 para 6,4 pontos) mais
acentuada que na região latina.
Na edição de abril da pesquisa foi observada melhora na avaliação da situação atual e piora das expectativas nos
principais países desenvolvidos, o que permitiu aumento no ICE na União Européia, Estados Unidos e Japão. Esse
mesmo comportamento se repetiu na sondagem de julho, porém o ICE agora reduziu-se de 5,5 para 5,2 pontos
nos Estados Unidos, de 4,9 para 4,6 no Japão, e aumentou de 5,1 para 5,2 na União Européia. O que ocorreu? A
piora nas expectativas, no caso do Japão e dos Estados Unidos, foi mais acentuada que na sondagem de abril.
Nos Estados Unidos, por exemplo, o ISA passou de 3,4 para 3,8 pontos e o IE cai de 7,5 para 6,5 pontos. Na União
Européia, embora o IE tenha passado de 7,2 para 6,5 pontos, o ISA subiu de 2,9 para 3,9 pontos. O efeito
contágio da crise da Grécia não ocorreu, o que explicaria a melhora da avaliação das condições atuais, embora o
cenário de dúvidas permaneça sugerindo que a recuperação continua em marcha lenta.
Na China, o ICE caiu pela terceira vez consecutiva. O ISA passou de 5,5 pontos para 5,2 pontos e o IE de 6,5 para
4,8 pontos. Nesse caso, os resultados apontam que a China saiu da fase de boom e entrou numa fase de
declínio. A Índia e o Brasil permanecem na fase favorável do ciclo. No entanto, na Índia tanto o IE (8,1 para 7,2
pontos) quanto o ISA (8,3 para 7,9 pontos) caíram frente a abril. No Brasil, somente o IE diminuiu, de 6,4 para 6,1
pontos. A Rússia continua a sua trajetória de recuperação do clima econômico, estando agora no limite entre as
fases de recuperação e de boom. O IE subiu de 7,1 para 7,4 pontos e o ISA de 4,3 para 4,9 pontos.
Não há mudanças na taxa de inflação esperada para 2010, que seria de 3,1% para o mundo. Em adição, a maioria
dos especialistas não esperam aumentos nas taxas de juros nos próximos seis meses. O ambiente ainda
“nebuloso” da recuperação mundial explicaria esse resultado.
Índice de Clima Econômico: Países Desenvolvidos e Emergentes (em pontos)*
8,5 8,2
7,6 7,8
7,5 7,3 7,3
6,8
6,1 6,3 6,2
6,5 6,0
5,8 5,7
5,5 5,5
5,5 5,2 5,1 5,2
5,0 5,1 4,9 4,9 4,9 4,8 5,0 5,0
4,6 4,5
4,5 4,0 4,2 4,2
3,5
2,5
1,5
0,5
-0,5 União Estados Japão Alemanha França Reino China Índia Rússia Brasil
Européia Unidos Unido
Jan.10 Abr.10 Jul. 10
* Escala de 1 a 9 pontos
II
3. Sondagem Econômica da América Latina Julho de 2010
RESULTADO DOS PAÍSES DA AMÉRICA LATINA
Argentina, Chile, México e Paraguai registraram aumento do ICE e estão na zona de avaliação positiva (acima de
5,0 pontos). O maior aumento ocorreu no México, em que o ICE passou de 4,8 pontos para 6,3 pontos. Esse
resultado é explicado por uma melhora no ISA e no IE. O país, que estava na fase recuperação passou para a fase
de boom. Os outros três países registraram aumento do ISA e declínio do IE.
O Brasil manteve o mesmo ICE — 7,3 pontos da edição anterior da pesquisa. Houve melhora na percepção da
situação atual (8,1 para 8,4 pontos) e piora nas expectativas (6,4 para 6,1 pontos).
Colômbia, Peru e Uruguai continuaram com o ICE acima de 5, mas com valores inferiores aos de abril. Em todos
os casos, a queda foi puxada pela piora nas expectativas, mas a avaliação ainda é favorável e se mantem na fase
de boom.
Venezuela, Bolívia e Equador registraram queda do ICE, que ficou na zona de avaliação desfavorável (abaixo de
5). Com a exceção da Venezuela, que observou aumento do ISA, de 1,0 para 1,8 pontos, os outros índices dos
outros países se reduziram.
A situação na América Latina, assim como no mundo, sugere cautela. Nos países latinos analisados, as
expectativas começaram a apresentar uma trajetória declinante a partir de outubro de 2009 ou janeiro de 2010.
No entanto, a avaliação da situação atual registrou um caminho inverso. Os especialistas esperam “o pior”, que
não se concretiza e, logo, avaliam melhor a situação presente. No entanto, não estão seguros da solidez da
recuperação.
RANKING DOS PAÍSES
Peru, Brasil, Uruguai e Chile mantiveram as posições de liderança no ranking construído a partir da média do ICE
dos quatro últimos trimestres. Equador e Venezuela permaneceram em 10º e 11º lugares, respectivamente.
Paraguai, Argentina e México melhoraram de posição, enquanto Colômbia e Bolívia pioraram.
Nota Metodológica
A Sondagem Econômica da América Latina serve ao monitoramento e antecipação de tendências econômicas, com
base em informações prestadas trimestralmente por especialistas nas economias de seus respectivos países. A
pesquisa é aplicada com a mesma metodologia - simultaneamente - em todos os países da região, método que
permite a construção de um ágil e abrangente retrato da situação econômica de países e blocos econômicos. Em
julho de 2010, foram consultados 149 especialistas em 17 países.
A pesquisa gera informações tanto de natureza qualitativa quanto quantitativa. O Índice de Clima Econômico (ICE)
é o indicador-síntese, composto por dois quesitos de natureza qualitativa, o índice da Situação Atual (ISA) e o
Índice de Expectativas (IE), que tratam, respectivamente, da situação econômica geral do país no momento e nos
próximos seis meses.
As respostas individuais são combinadas para cada país sem qualquer ponderação. Para se chegar ao valor médio
de cada índice, atribui-se 9 pontos às respostas positivas (+), 5 às respostas indiferentes (=) e 1 às respostas
negativas (-). O ICE é uma media aritmética dos dois índices que o compõem.
O procedimento de agregação de dados para determinado grupo de países ou continente é feito de acordo com a
participação relativa do comércio exterior (exportações + importações) de cada país em relação ao total da região.
Segundo critérios específicos da pesquisa, a fase do ciclo econômico em que se encontra o país no momento é
determinada por uma combinação entre ISA e IE. Quando os dois índices superam o limite médio de 5 pontos, a
economia está na fase de “boom”. Quando ambos estão abaixo de 5 pontos, há recessão. A fase de piora ocorre
quando o ISA é superior e o IE inferior a 5 pontos. E a fase de recuperação com IE superior e ISA inferior a 5
III
pontos.
4. Sondagem Econômica da América Latina Julho de 2010
RANKING IFO/FGV DE CLIMA ECONÔMICO NA AMÉRICA LATINA
ICE Médio dos últimos 4 trimestres (em pontos)
Posição Anterior Posição Atual País
Até abril.10 Até julho.10
1 1 PERU 7,1 7,5
2 2 BRASIL 7,0 7,4
3 3 URUGUAI 6,4 7,1
4 4 CHILE 6,4 6,8
6 5 PARAGUAI 5,2 6,2
5 6 COLÔMBIA 5,3 6,1
8 7 ARGENTINA 4,5 5,1
9 8 MÉXICO 4,2 4,9
7 9 BOLÍVIA 4,5 4,8
10 10 EQUADOR 4,1 4,3
11 11 VENEZUELA 2,7 2,6
ÍNDICE DE CLIMA ECONÔMICO (EM PONTOS)
Média de
Índice abr/08 jul/08 out/08 jan/09 abr/09 jul/09 out/09 jan/10 abr/10 jul/10
10 anos
AMÉRICA LATINA 4,9 4,6 3,4 2,9 3,6 4,0 5,2 5,6 5,6 6,0 5,1
ARGENTINA 3,4 2,7 3,2 2,5 2,0 3,3 4,5 5,3 5,0 5,6 4,4
BOLÍVIA 3,8 4,5 3,0 3,0 2,4 3,4 5,0 4,4 5,4 4,6 3,9
BRASIL 6,5 5,5 5,0 3,9 4,6 5,5 7,4 7,8 7,3 7,3 6,1
CHILE 4,9 4,4 4,1 3,8 4,3 5,0 6,2 7,4 6,9 7,0 6,4
COLÔMBIA 5,9 4,9 3,7 2,9 3,2 3,8 5,0 5,8 6,7 7,0 5,1
EQUADOR 2,8 3,7 3,3 2,3 2,6 3,6 3,0 5,3 4,6 4,2 4,0
MÉXICO 4,3 4,0 2,3 2,3 3,7 3,5 4,1 4,4 4,8 6,3 4,9
PARAGUAI 6,2 5,8 4,1 3,2 3,9 2,8 5,5 6,3 6,3 6,9 4,3
PERU 7,3 7,8 5,7 4,4 5,0 6,0 7,0 7,3 8,1 7,5 5,9
URUGUAI 8,0 8,0 6,0 4,4 3,3 4,6 6,3 7,0 7,7 7,6 5,9
VENEZUELA 4,7 3,9 2,3 1,9 1,6 2,2 3,7 3,0 1,9 1,8 3,7
IV