1. vamos olhar com mais detalhe a circulação de ar gerada pelos aviões. O movimento terrestre
arrasta o ar, e o avião “luta” contra o movimento induzido do vento, o vento de proa. Mas há
outros movimentos do ar: existe um em sentido de relógio ao redor da nave. O ar vai para
cima, na frente, para baixo do avião e atrás dele. A ascensão do avião é igual a diferença entre
esses movimentos.
Se nós isolarmos a circulação de proa do avião, teremos o seguinte: as asas do avião
direcionam para baixo o ar que sobe. Mas como elas conseguem fazer isso com tanto ar? Isso
acontece porque o ar é formado por moléculas de movimento errático, que tendem a se
espalhar pelo volume disponível. Quando o ar logo abaixo da asa é sugado, libera espaço para
as outras moléculas.
Todo esse movimento faz a pressão diminuir embaixo das asas. Isso são as leis de movimento
de Newton aplicadas ao ar acelerado. É o princípio de Bernoulli: a aceleração para baixo, do ar
que circula em cima da asa, gera a ascensão. As mesmas considerações podem ser aplicadas
ao volume de ar que atinge a superfície e é direcionado para cima.
Você pode estar pensando: o mesmo processo de circulação do ar se aplica aos sistemas de
asas rotatórias, como os helicópteros? É a circulação do ar que mantêm eles voando, com a
única diferença de que o padrão de circulação gerado pelo helicóptero é mais simétrico.
É estranho que muitas pessoas achem difícil aceitar a circulação do ar como a causa do voo
dos aviões, mas aceite ela para os helicópteros.
O que vai para cima tem que descer, e o que desce tem que subir novamente. Isso se aplica a
circulação do ar. Um aumento na altitude de um avião é balanceado com uma força para
baixo. Em outras palavras, estando o avião na terra ou no ar, ele deixa uma “marca” que dá
suporte ao peso. Mas qual o tamanho dessa marca durante um voo?
O trabalho do matemático Martin Wilhelm Kutta e do cientista russo Nikolai Zhukovsky, sobre
a circulação do ar, nos permite calcular isso. A resposta é surpreendente. De fato, em um
terreno plano, é infinitamente grande. O que quer dizer: não importante o quão longe esteja,
qualquer área do terreno vai sentir um pouco do peso do avião.
O enorme tamanho da marca de um avião torna a força exercida na superfície muito pequena.
Caso contrário, um Boeing 747 de milhares de quilogramas, com uma pequena marca, iria
destruir tudo embaixo dele. Fazendo a matemática, um Boeing voando a 500 metros de
altitude cria um Pascal (0,00001 Atm) de pressão. Como ele voa a altitudes muito maiores, a
pressão é bem menor.
Com micro barômetros modernos, como os usados para monitorar infrassons decorrentes de
terremotos, vulcões, trovões e explosões nucleares, as marcas de um avião voando muito alto
podem ser observadas. Esses instrumentos podem não apenas detectar e determinar a
posição dos aviões, mas até calcular o peso deles! [Science2.0]
ATUALIZAÇÃO:
2. Este vídeo da universidade de Cambrige prova como a explicação comum para o
funcionamento da asa do avião é baboseira: