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empreendedorismo
Por Anderson Costa
A cultura
da união
Q
Os empreendedores QUARTA FEIRA, 4 DE CORREDORES. ERA O
digitais fazem barulho JUNHO, DIA DE SOL EM EVENTO GAFANHOTO WEB
no mercado de SÃO PAULO. CHEGUEI NO INNOVATION. O networking
ESPAÇO GAFANHOTO, EM era intenso, todos falando de
internet e criam PINHEIROS, E TOPEI COM suas startups de internet e
uma nova forma DEZENAS DE EXECUTIVOS estratégias para ganhar o
de fazer negócios CONVERSANDO PELOS mercado. O papo era amistoso,
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mobilidade
bancos
convergência
Marcos Tanaka, e-gov
da boo-box: muita
gente ainda está ᵬ pme
descobrindo o que varejo
fazer na internet
manufatura
de colegas que gostam de se Para conseguir ir adiante,
encontrar. Alguns já amigos os empreendedores estão
velhos de guerra, outros criando uma nova cultura
desconhecidos. Todos muito empresarial. Nesse cenário,
atenciosos com os “novatos”, competição, custos baixos e
trocando idéias, impressões e... estímulo ao funcionário
cartões de visita, claro. ganharam um novo significado.
Assim é, e sempre foi, o
mercado de startups de internet Maturidade
no Brasil. Mas dessa vez podia Ter um negócio na internet
se perceber que por trás de hoje é muito diferente de dez
todo o papo estavam operações anos atrás. Naquela época, os
e aplicativos para internet em empreendedores. O simples projetos não tinham modelos
estágio de maturação e até fato de existirem, se de negócio sólidos; mesmo
mesmo de negócio formado. encontrarem e trocarem assim, sobrava dinheiro no
Ninguém está de brincadeira; informações no Espaço mercado para torrar em
eles suam a camisa. Gafanhoto já é louvável. qualquer idéia. Isso justificou
Sim, ainda é um parto fazer Segundo: eles já conseguem, em boa parte o estouro da
uma empresa especializada na contra tudo e todos, relevância “bolha”, perto do ano 2000.
web progredir. Principalmente nos seus mercados de atuação. Agora, não há tanto dinheiro
se estiver focada em um nicho. 51
Os impostos atrapalham
qualquer negócio iniciante.
boo-box MARKETING CONTEXTUAL
E quem quer empreender Marco Gomes trabalhava como programador na
ainda é barrado por muita AgênciaClick em Brasília; todo dia tinha novas idéias de
burocracia. Mas a web 2.0 e como melhorar o modo como se fazia marketing na internet.
as novas ferramentas de Então ele desenvolveu uma solução para apresentar
colaboração trouxeram propagandas em sites e blogs que realmente tinham a ver
com o conteúdo das páginas. Gomes se juntou a Marcos
idéias novas; alguns
Tanaka, atual CEO da boo-box, e desenharam o modelo de
empreendedores conseguiram negócio da boo-box (www.boo-box.com). Os dois criaram uma
atrair o capital de risco e empresa de marketing contextual para a web que oferece
começam a consolidar soluções tecnológicas para os usuários associarem elementos
novos modelos de negócio. de conteúdo ao material de marketing. E, no processo,
Essas conquistas adotarem inteligência.
representam um dos A boo-box tem uma equipe de sete pessoas e um
fenômenos mais interessantes aporte de capital da Monashees, empresa de capital
de risco. A renda vem da venda de espaços para lojas
do empreendedorismo no
virtuais dentro da ferramenta. A operação não se limita ao
Brasil nos últimos anos. Brasil; a boo-box também atende blogs estrangeiros.
Primeiro: nossa Tanaka acompanhou o crescimento da renda desses blogs
cultura não forma, depois do boo-box; na média eles passaram a faturar dez
por hábito, vezes mais.
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empreendedorismo ᵬ pme Edson
Romao, da
Aprex: fatia
disponível e os envio de cartões virtuais do mercado,
empreendedores parecem ter muito usada no final dos anos seja global
aprendido a lição. “Esse 90. Os custos eram altos, ou local, é
aquecimento tem a ver com faltava gente bem preparada e uma meta
maturidade. As pessoas não a publicidade era pouca.
são mais ingênuas”, diz Como Juliano, vários outros
Juliano Prado, do VcVai.com. empreendedores que
“Depois da bolha teve uma circulavam aquele dia no
ressaca. Nos últimos dois Gafanhoto tinham histórias
anos, com a web 2.0, o parecidas. Manoel Lemos, do
mercado de capital de risco BlogBlogs, desenvolvia sites
voltou a investir.” desde 1993 e criou sua
Juliano aprendeu primeira startup, a PageMe,
bem a lição; ele criou o em 2000. Edson Romão, do
Emotioncard, ferramenta de Aprex, participou da criação
Via6 REDE SOCIAL BRASILEIRA
A rede social para profissionais Via6 (www.via6.com) é uma
criação dos jovens Diego Monteiro e Renato Shirakashi,
concebida em 2005 entre as provas da faculdade, já pensando do STI, primeiro portal de
em montar um negócio próprio. Depois de seis meses em acesso ilimitado no Brasil, e
desenvolvimento e sete mil usuários, o servidor não agüentou; era criou o HPG, ferramenta
hora de montar uma estrutura mais profissional. Saíram atrás de
de criação de sites que
um mentor para criar o plano de negócios e, em fevereiro de
2007, receberam um aporte de capital de risco da Confrapar.
posteriormente foi vendida
52 Com o apoio, ampliaram o foco; do mercado corporativo para o IG.
passaram a oferecer serviços para profissionais da internet. Eles aprenderam a ser
No processo, descobriram o tom certo para se comunicar. espartanos, a criar uma
“O Via6 era sério demais”, explica Diego. “Os usuários pediram política de custos enxuta.
e deixamos o site mais informal.” Sabem que não podem
Hoje, o Via6 tem 11 pessoas em seu escritório, que dividem competir com grandes
seu tempo entre o Via6, o Rec6 (semelhante ao Digg.com, que
empresas, que oferecem
permite aos internautas indicar quais são as notícias mais
interessantes da rede) e o Indica6 (voltado para a divulgação e
vários benefícios. “Mas nós
pesquisa de vagas de emprego, busca de parcerias e oferecemos mais valor”,
fornecedores por indicação). São mais de 300 mil usuários diz Marcos Tanaka, atual
cadastrados. No ano passado, o Via6 passou a compartilhar seu CEO da boo-box. “Na
faturamento em publicidade (banners e links patrocinados, por internet você pode inventar
exemplo) com donos de comunidades, como forma de incentivar coisas novas, do zero, que
a atividade e o crescimento dos grupos. ninguém nunca viu antes.”
Diego sempre se preocupou em como manter o usuário de
Manoel Lemos, do
internet, sempre tão infiel, que troca de portal como troca de
sapatos. Sem experiência, acertava depois de errar várias
BlogBlogs, se preocupa em
vezes. Decidiu que precisava mandar um sinal para o usuário, tirar o funcionário do
algo que deixasse claro que o site estava em constante comodismo comum em uma
melhoramento. Então, colocou no site um aviso: o Via6 era corporação tradicional. Para
ainda era uma versão Beta. Diego não tem pressa de mudar. isso, procura criar um
“Às vezes o beta pode ser eterno.” ambiente descontraído.
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Aprex A TENDÊNCIA DO ESCRITÓRIO ON-LINE
No escritório da boo-box, por O Aprex (www.aprex.com.br) é considerada a primeira suíte
exemplo, existe uma sala com verde-amarela da web 2.0. O pacote possui três módulos
(Escritório Online, Apresentações e E-mail Marketing). A
pufes e videogame para que os
facilidade de uso e a integração entre os módulos foram feitos
“ninjas” da programação, como sob medida para profissionais independentes e pequenas
eles são chamados, possam empresas. Edson Romão, CEO da empresa, viu que, com a
executar seus trabalhos com o inclusão digital e o barateamento da banda larga, haveria um
mínimo de estresse possível. crescimento das empresas que não têm dinheiro para
A sensação do novo se torna estruturas digitais mais complexas. Portanto era um filão
um trunfo. Lemos é obrigado a perfeito para uma suíte de programas on-line.
trabalhar com custos baixos. O serviço possui planos que variam de acordo com a
necessidade de uso dos módulos. Há desde o plano gratuito
Ele, como os outros, sente
até planos profissionais por até R$ 19 mensais. O IG
dificuldade em conseguir Empresas vende um pacote corporativo com o Aprex. Até o
mão-de-obra qualificada. Mas momento, Romão já conquistou mais de 50 mil usuários.
mesmo assim consegue bons A equipe de dez pessoas (entre especialistas em
talentos. “Não é fácil achar desenvolvimento, tecnologia, atendimento e vendas) trabalha
gente”, diz o empreendedor. para manter o Aprex na briga com os pacotes on-line
“Mas quando o cara vem americanos já conhecidos. A Business 2.0 elegeu-o em julho
pela idéia, com certeza ele passado como um dos 31 melhores empreendimentos
desenvolvidos fora dos Estados Unidos.
será mais engajado.”
Vamos colaborar
Engajar o funcionário nem é
tão complicado porque de cara
BlogBlogs INDEXANDO A OPINIÃO BRASILEIRA
é fácil perceber a dedicação do
dono da idéia. Em geral, ele O BlogBlogs (www.blogblogs.com.br) é um portal que
indexa todo o conteúdo de blogs em língua portuguesa na
começa a startup do zero e paga 53
internet. Manoel Lemos, CEO e criador do portal, começou
os custos do próprio bolso. E a brincar com programação e criou um robozinho que
como não há fonte de renda no vasculhava a internet atrás dos blogs em português.
começo, o bolso logo esvazia. Deixou-o trabalhando um dia e, quando voltou, ele tinha
Em vista disso, todos ajudam. descoberto 40 mil endereços.
Tanaka, do boo-box, recebeu O primeiro ano foi bom para repercussão, mas gerou
de amigos tudo o que hoje pouca receita. Manoel passou o final de 2006 inteiro
tem no escritório. reescrevendo a ferramenta e a relançou em 2007, já como
um indexador mais encorpado, com cadastro de usuários e
O sentimento vai além
widgets para promoção. A ferramenta ficou bem parecida
das paredes da startup. Nessa com o portal americano Technorati.com, líder nesse
segunda onda da internet, segmento, mas com conteúdo global. Logo em seguida, a
diz Lemos, do BlogBlogs, os publicidade começou a pagar os custos básicos e Manoel
empreendedores colaboram decidiu abandonar o emprego estável como diretor de
entre si. “O pessoal está mais tecnologia em uma grande empresa para se dedicar ao
aberto a trocar experiências. BlogBlogs e a mais um portal interativo a ser lançado em
Converso com outras breve, o Brasigo.
O BlogBlogs fatura vendendo publicidade no portal. Hoje, a
empresas sobre como resolver
ferramenta tem quase 200 mil blogs indexados, o que dá em
problemas de programação, média um milhão e meio de posts em português. A equipe
onde divulgar etc.”. tem sete pessoas dedicadas tanto ao BlogBlogs quanto ao
Tanaka concorda; ele Brasigo. O BlogBlogs está entre os 120 endereços com mais
conversa com os colegas tráfego de acesso no Brasil.
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empreendedores o tempo todo. quando necessário. Romão
"Não tem como construir esse faz o que é preciso para se
mundo da web 2.0 sem adequar. No Aprex, por
colaboração.” Eles até criaram exemplo, ele permite que o
uma comunidade só para usuário integre o site aos
apresentar novas idéias para o aplicativos da Microsoft.
mercado e possíveis Os movimentos desses
investidores, a StartupCamp empreendedores mostram que
(www.startupcamp.com.br). uma cultura empresarial nova
Esse coleguismo também está sendo formada. Eles
ajuda na divulgação em blogs sabem como tocar seu negócio.
e comunidades virtuais. Eles observam atentamente as
Manoel se apoiou na tendências de hoje e amanhã e Manoel Lemos, da
comunidade de blogueiros uma nova geração que surge. BlogBlogs: profissional
para criar, desenvolver e “Uma pessoa que nasceu em engajado na idéia trabalha
com mais dedicação
mostrar seu projeto. “O 1990 já teve uma experiência
empreendedor nesse mercado on-line na vida inteira”, alerta
tem que dar a cara, escutar a Juliano Prado. “Existe um de 20”, adverte Tanaka,
opinião de cada um”, explica público sendo formado dentro da boo-box. “A vida das
Manoel. “Startup não tem da mídia internet.” pessoas não é orientada à
dinheiro para fazer marketing Mas, no íntimo, todos web ainda, tem muita gente
na imprensa, então sabem que há muito o que chegando e descobrindo o que
colaboramos, ouvimos a descobrir sobre o que vai ou fazer”. Quando um deles
comunidade, o boca-a-boca.” não dar certo. “A internet descobrir, terá finalmente
54 hoje é a televisão na década um grande negócio. B2B
Mundo real
Mas tanto coleguismo
não significa que os VcVai COMUNIDADE PARA O ENTRETENIMENTO
empreendedores não precisem
ser competitivos. Algumas No final de 2006, Juliano Prado resolveu criar um misto
dessas ferramentas já existem de comunidade virtual e guia on-line. Queria montar um site
no mercado, oferecidas pelos no qual os usuários pudessem qualificar lugares para sair por
meio de rankings e comentários. Um "angel investor" se
grandes players, como
interessou e financiou a primeira fase do projeto. E Prado
Microsoft e Google. Como lançou o VcVai (www.vcvai.com).
competir com gigantes? “O Juliano Prado, CEO da VcVai, trabalha com publicidade ao
que temos aqui é uma coisa estilo “cauda longa”: os usuários podem convidar amigos
boa. Alguém vai olhar e dar dentro da comunidade para um evento. Ao entrar na página
valor para ela, seja esse da comunidade sobre um restaurante japonês, por exemplo,
alguém uma fatia do bolo o dono do restaurante pode publicar um anúncio. Ou pode
pequena ou global”, espera patrocinar destaques nos mapas, listas e subcategorias.
A equipe do VcVai possui 12 pessoas. O site está há
Edson Romão, do Aprex. “É
nove meses no ar, e a audiência vai de cinco a seis mil
um mercado de cauda longa.” visitas diárias, entre Campinas e região. O objetivo de
Mas mesmo querendo ser Juliano é se estabelecer em outros mercados, como
diferentes, os empreendedores Rio de Janeiro e São Paulo, nos quais a participação da
sabem que precisam ceder comunidade ainda é pequena.
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