A contação de histórias tem sido uma forma importante de transmitir cultura e conhecimento por gerações em muitas sociedades ao redor do mundo. Tradicionalmente, contadores de histórias usavam poesia, música e técnicas de memória para entreter e educar audiências. Embora a arte da narrativa oral esteja em declínio com o advento de novas tecnologias, muitos ainda reconhecem seus benefícios sociais e psicológicos e estão trabalhando para revitalizar a prática.
1. A História da Contação de
História
Imagine o mundo muitos anos atrás, onde não existia a escrita, os livros,
a fotografia e muito menos a internet. Como as pessoas transmitiam
seus conhecimentos? Como registravam seus saberes?
Contar uma história era uma das formas mais significativas de passar
uma informação adiante. As crenças, os costumes, os conhecimentos,
toda cultura que um grupo tentava preservar, era passado oralmente de
geração para geração. Este ato é chamado de tradição oral.
A contação de história existe há muito tempo, mas não se pode definir
a data exata de seu surgimento. Sabe-se que é uma das práticas mais
remotas que acompanham a humanidade, ficou marcada pela imagem
de pessoas sentadas em volta da fogueira, conversando, contando
seus “causos” e descobertas. Era uma das principais formas de
confraternização, uma vez que promoviam momentos divertidos,
capazes de vencer o tédio em épocas que não tínhamos as opções que
temos hoje.
A tradição oral ocorria de diversas formas. Em algumas culturas, todos
podiam passar as histórias adiante, já em outras, apenas os contadores
de histórias desempenhavam esta tarefa. Estes contadores tinham uma
ótima memória e desenvolveram técnicas capazes de prender à
atenção do público. Eles usavam poesia, música e contavam de uma
maneira que as histórias pudessem ser lembradas facilmente.
Quem se lembra dos bardos (trovadores), personagens de filmes e
histórias medievais? Estes contadores de histórias tinham importância
fundamental e estratégica. Durante as guerras na Idade Média, eles
ajudavam a manter vivo o espírito de batalha, através das descrições
de vitórias dos aliados e derrotas dos inimigos.
Um outro exemplo de grupos de contadores de histórias pode ser
encontrado na África. Eles são conhecidos como “Griôs”, considerados
mestres da palavra e designados a transmitir oralmente a cultura de seu
2. povo. Já no Brasil, diversas regiões também encontraram seu jeitinho
especial de contar histórias. Um deles foi o cordel, desenvolvido no
Nordeste, onde as histórias são poemas cantados de forma rimada e
cadenciada.
Ou seja, a transmissão de saberes é algo inerente ao ser humano. Sem
dúvidas, a contação de história é uma grande herança da humanidade
para ela mesma. Mas será que esta prática está chegando ao seu fim?
Segundo o filósofo Walter Benjamin “A arte de narrar está em vias de
extinção. São cada vez mais raras as pessoas que sabem narrar
devidamente. Quando se pede num grupo que alguém narre alguma
coisa, o embaraço se generaliza. É como se estivéssemos privados de
uma faculdade que parecia segura e inalienável: a faculdade de
intercambiar experiências”.
Infelizmente, estamos nos autobloqueando e esquecendo que a
vontade de contar histórias existe em nós desde os nossos primórdios.
Mas ainda não é o fim! A contação de história está se reerguendo e
evoluindo. Muitas pessoas ainda reconhecem a sua importância e
diversos recursos estão sendo adotados: objetos, bonecos, sombras,
livros… Artistas e educadores vêm utilizando esta arte em suas
práticas, o que nos gera uma esperança!
Atualmente existem outras maneiras de passar conhecimento, mas a
contação de história transcende esta função. Ela traz benefícios para
ouvintes e narradores, de um jeito que nenhum outro meio de
comunicação é capaz. E ainda tem o poder de conectar gerações.
A história da contação de história ainda não acabou e cada um de nós
podemos escrever um novo capítulo. Conte sua história para o seu filho,
fale sobre seu dia para o seu pai, relembre sua infância com os seus
amigos. Vamos conversar mais e nos reconectar. Vamos contar
histórias! Até mais!