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Análise de Distúrbios no Sistema CHESF de
Transmissão: Uma Abordagem sobre a Influência
dos Transformadores de Potencial Capacitivos
R. Reis, W. Neves, D. Barros, J. Nascimento, C. Costa, N. Brito
Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), Campina Grande-PB
F. V. Lopes
Universidade de Brasília (UnB), Brasília-DF
S. Moraes
Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (CHESF), Sobradinho-BA
Resumo  O desempenho dos transformadores de potencial
capacitivos (TPC), durante o regime permanente, é aceitável para
a maioria das aplicações de proteção, fato não verificado quando
o sistema elétrico é submetido a faltas. Neste trabalho, verifica-se
a influência de quatro modelos de TPC de 230 kV sobre um
aplicativo que está sendo desenvolvido em um projeto de Pesquisa
e Desenvolvimento (P&D) da Companhia Hidro Elétrica do São
Francisco (CHESF) em parceria com a Universidade Federal de
Campina Grande (UFCG) e pesquisadores de outras instituições
brasileiras. Diferentes cenários de faltas foram simulados no ATP
para a verificação da atuação do aplicativo. Dos resultados
obtidos, verifica-se que o desempenho do mesmo não é
comprometido pela resposta em frequência dos TPC.
Palavras-chaves  Transformadores de potencial capacitivos,
análise de distúrbios, proteção de sistemas elétricos, localização
de faltas, linhas de transmissão.
I. INTRODUÇÃO
As concessionárias de energia elétrica elaboram Relatórios
de Análise de Desempenho da Proteção (RADP) para serem
enviados ao Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS)
após a ocorrência de distúrbios. Essas informações são
importantes para a avaliação do desempenho da proteção [1].
A Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (CHESF)
utiliza informações das características do defeito, de suas
possíveis causas e também sobre possíveis operações
indevidas do sistema de proteção para elaboração do RADP,
Este trabalho foi financiado pela Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (CHESF)
e pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES).
R. Reis, D. Barros, J. Nascimento e C. Costa são alunos de pós-graduação na UFCG (e-
mail: raphael.leite90@gmail.com, daphne.barros, jamile.nascimento,
cecilia.costa@ee.ufcg.edu.br).
Felipe V. Lopes é professor do Departamento de Engenharia Elétrica da UnB (e-mail:
felipevlopes@unb.br).
N. Brito e W. L. A. Neves são professores do Departamento de Engenharia Elétrica da
UFCG (e-mail: nubia, waneves@dee.ufcg.edu.br).
S. Moraes é engenheiro de operação da CHESF (e-mail: srdias@chesf.gov.br).
por meio de informações fornecidas pelas equipes de operação
e manutenção, além de oscilografias obtidas de relés
numéricos de proteção e Registradores Digitais de
Perturbações (RDP). Ademais, a depender da quantidade e
qualidade das informações iniciais sobre o distúrbio, a
elaboração dos RADP pode se tornar difícil e lenta. Deste
modo, com o objetivo de facilitar o processo de elaboração dos
RADP, em 2013, a CHESF iniciou um projeto de Pesquisa e
Desenvolvimento (P&D) em parceria com a Universidade
Federal de Campina Grande (UFCG) e pesquisadores de outras
instituições brasileiras, cujo foco é o desenvolvimento de um
aplicativo para diagnóstico de distúrbios e avaliação do
desempenho de funções de proteção, o qual foi denominado de
ADDEP, devido ao termo Análise de Distúrbios e do
Desempenho da Proteção.
O ADDEP contém funções para leitura de arquivos no
formato COMTRADE, estimação de fasores fundamentais,
detecção, classificação e localização de faltas, bem como
rotinas para estimação do tempo de abertura dos disjuntores e
funções de proteção de distância (elementos mho auto-
polarizado e polarizado; e elemento quadrilateral auto-
polarizado) [1]–[3].
A fim de garantir o funcionamento correto e seguro dos
sistemas elétricos de potência (SEP), é necessário que os relés
atuem de forma confiável, os quais, por sua vez, estão sujeitos
a erros inerentes dos transformadores de corrente (TC) e
transformadores de potencial (TP) [4]. Em sistemas que
operam acima de 138 kV, os transformadores de potencial
capacitivo (TPC) são os mais utilizados devido a aspectos
técnicos e econômicos [5], [6]. Em regime permanente, a
tensão secundária no TPC é, em geral, uma boa representação
da tensão primária, com uma precisão aceitável para a maioria
das aplicações de proteção [7]. No entanto, durante
perturbações, a tensão secundária não é uma réplica da tensão
primária [8], o que pode causar a operação indevida de
dispositivos de proteção, além de promover atrasos
significativos na atuação da proteção. Neste contexto, é
proposta a avaliação da influência do comportamento
dinâmico de diferentes modelos de TPC no desempenho do
ADDEP, visando a validação das rotinas implementadas e a
identificação de possíveis melhorias, principalmente no que
tange à precisão e à confiabilidade das funções de proteção
implementadas.
Neste trabalho, analisa-se a influência de quatro modelos de
TPC de 230 kV disponíveis na literatura sobre o desempenho
do ADDEP, avaliando-se registros oscilográficos de faltas
simuladas no Alternative Transients Program (ATP) [9].
II. MODELOS DE TPC DE 230 KV AVALIADOS
Quatro modelos de TPC de 230 kV são analisados. Para fins
de simplificação, estes dispositivos são referenciados por TPC
1, TPC 2, TPC 3 e TPC 4. A topologia e os parâmetros do TPC
1, do TPC 2 e dos TPC 3 e 4 estão disponíveis em [8], [10] e
[11], respectivamente. Por possuírem circuitos elétricos
distintos, as respostas em frequência desses modelos de TPC
apresentam diferenças significativas entre si, levando-os a
apresentarem comportamentos dinâmicos diferentes quando
ocorrem fenômenos de natureza transitória no SEP. Com o
intuito de simular as respostas em frequência de módulo e fase
dos TPC analisados, utilizou-se a rotina Frequency Scan do
ATP, a qual utiliza repetições de solução fasorial de regime
(a)
(b)
Fig. 1. Resposta em frequência do TPC 1: (a) Módulo; (b) Fase.
permanente da função de transferência a partir do incremento
automático da frequência de fontes senoidais, que são
delimitas entre uma frequência inicial e final escolhidas pelo
usuário [9]. A faixa de frequência utilizada para determinar as
respostas em frequência dos TPC foi de 1 Hz a 100 kHz. As
respostas em frequência obtidas são apresentadas nas Figs. 1,
2, 3 e 4.
Com o propósito de viabilizar análises comparativas entre
as respostas em frequência dos TPC e a tensão obtida nos
terminais primário dos equipamentos (neste trabalho, a tensão
do primário é tomada como o sinal de referência), todas as
respostas em frequência de módulo foram normalizadas para
valores em por unidade (p.u.). As curvas de resposta em
frequência de fase são apresentadas em termos de graus
elétricos (º).
Em todos os modelos de TPC avaliados, pode ser visto que,
na frequência fundamental, a tensão secundária se aproxima
muito da tensão primária (1 p.u.), apresentando, em alguns
casos, apenas uma pequena defasagem angular. Em
contrapartida, para frequências diferentes da fundamental, a
tensão secundária difere da tensão primária. Sendo assim,
pequenos desvios no sinal de tensão primário ocasionados por
faltas no SEP não são apropriadamente seguidos pela tensão
secundária dos TPC, o que pode afetar o desempenho dos
algoritmos de proteção e, consequentemente, do ADDEP. Para
(a)
(b)
Fig. 2. Resposta em frequência do TPC 2: (a) Módulo; (b) Fase.
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Primário
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Primário
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Frequência (Hz)
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Primário
Secundário
(a)
(b)
Fig. 3. Resposta em frequência do TPC 3: (a) Módulo; (b) Fase.
ilustrar a resposta dos modelos de TPC avaliados durante
transitórios ocasionados por uma falta, a tensão do primário e
as tensões do secundário dos TPC 1, 2, 3 e 4 durante um curto-
circuito trifásico no ponto de medição de um SEP de 230 kV
são apresentadas na Fig. 5.
Da Fig. 5, pode ser observado que o TPC 3, além de não
representar uma réplica da tensão do primário durante a falta,
amplifica consideravelmente as componentes de alta
frequência. Isto ocorre devido à sua resposta em frequência
que apresenta um ganho significativo para altas frequências,
conforme apresentado na Fig. 3a. Por outro lado, o
comportamento dinâmico dos TPC 2 e 4 se configuram por
uma atenuação dos componentes transitórios, conforme
ilustrado nas Fig. 2a e 4a, respectivamente. Já para o TPC 1,
por apresentar uma resposta em frequência relativamente plana
ao longo da faixa de frequência considerada, o sinal secundário
tende a se aproximar mais do comportamento do sinal
primário, quando comparado com o desempenho dos demais
modelos de TPC. Desta forma, o comportamento oscilatório
apresentado pelos sinais secundários dos TPC pode
comprometer o desempenho de algumas funções
implementadas no ADDEP, como os processos de estimação
de fasores e detecção e localização de faltas, além de poder
influenciar em atuações indevidas do sistema de proteção.
(a)
(b)
Fig. 4. Resposta em frequência do TPC 4: (a) Módulo; (b) Fase.
Fig. 5. Sinais de tensão do primário e secundário dos TPC 1, 2, 3 e 4
durante uma falta trifásica.
III. O ADDEP
A CHESF, em parceria com a UFCG e pesquisadores de
outras instituições brasileiras, estão desenvolvendo desde
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Frequência (Hz)
Módulo(p.u.)
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Frequência (Hz)
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Primário
Secundário
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1
1.5
2
Tempo (s)
Módulo(p.u.)
Primário
TPC 1
TPC 2
TPC 3
TPC 4
2013 um aplicativo, o ADDEP, que tem como principal
finalidade auxiliar os engenheiros da concessionária de energia
na elaboração de RADP. Esses relatórios são solicitados por
órgãos, como o ONS, a fim de avaliar o desempenho do
sistema de proteção, e consequentemente, propor medidas
corretivas, quando necessário.
Com os avanços tecnológicos, a confiabilidade e a precisão
dos sistemas de aquisição de dados do SEP provenientes de
RDP e relés numéricos têm permitido um desenvolvimento
significativo nos sistemas de proteção [12], o que impulsiona
pesquisas por metodologias, programas computacionais e
dispositivos de diagnóstico de distúrbios e avaliação do
desempenho da proteção. Na literatura, encontram-se algumas
estratégias para integração de dados provenientes de RDP e
relés digitais para diagnóstico de distúrbios e avaliação de
funções de proteção [1]. No entanto, a maioria dessas soluções
não se encontra acessível, com arquitetura fechada, o que
impossibilita o ajuste das rotinas para as necessidades de cada
concessionária. Neste contexto, o aplicativo ADDEP surge
como uma ferramenta de grande utilidade para a CHESF, visto
que está sendo desenvolvido de acordo com as necessidades
relatadas pelos setores de análise de distúrbios da empresa,
contemplando algumas das informações mais relevantes a
constar nos RADP como: tipo e localização da falta, atuação
das principais funções de proteção, tempo de abertura dos
disjuntores em relação à detecção da falta e em relação à
sensibilização da proteção, entre outras.
Na Fig. 6 é ilustrado o diagrama de blocos simplificado do
aplicativo, destacando-se a relação das entradas e saídas do
conjunto de funções implementadas até o momento.
Fig. 6. Diagrama de blocos simplificado do ADDEP.
Os sinais de entrada utilizados pelo ADDEP são
provenientes dos canais analógicos e digitais dos relés
instalados na linha de transmissão (LT) submetida ao
distúrbio. Usando estas informações, o ADDEP gera um
relatório que é dividido em duas partes: relatório de
diagnóstico do distúrbio e relatório do desempenho da
proteção.
Basicamente, os registros de tensão e corrente (canais
analógicos) são utilizados como entradas de funções de
proteção implementadas no próprio ADDEP, através das
quais, considerando os ajustes determinados pela
concessionária, são calculadas as atuações esperadas da
proteção e o diagnóstico preliminar do distúrbio. Em seguida,
as atuações esperadas são comparadas com as atuações reais
registradas pelos canais digitais do relé, possibilitando a
identificação de atuações indevidas da proteção, cujas funções
implementadas no ADDEP são a mho auto-polarizada, mho
polarizada por memória de tensão de sequência positiva e a
característica quadrilateral auto-polarizada [3].
Após a leitura dos registros oscilográficos do distúrbio
analisado, é realizado o processo de estimação fasorial. No
ADDEP, o algoritmo utilizado é o de Fourier de ciclo completo
associado a um filtro mímico para eliminação da componente
CC de decaimento exponencial [14], [15]. O algoritmo
descrito em [16] é utilizado para realizar a detecção da falta, e,
para realizar a classificação de faltas, utiliza-se o método da
sobrecorrente, apresentado em [17]. Com a classificação da
falta, seleciona-se as fases que deverão ser avaliadas para
identificação de uma condição de defeito, que é feita a partir
de comparadores de fases [3].
Portanto, observa-se que a confiabilidade dos relatórios
gerados pelo ADDEP está condicionada à atuação correta das
funções de proteção, classificação e localização de faltas,
tornando-se evidente a análise de fatores que possam
comprometer seu desempenho, como a influência dos TPC
sobre os sinais de tensão medidos, que é o foco dos estudos
apresentados neste trabalho.
IV. ESTUDOS DE CASO
A. Simulações
O SEP de 230 kV proposto em [10] e ilustrado na Fig. 7 foi
modelado no ATP para avaliação do ADDEP. O sistema
consiste em duas LT paralelas de 150 km cada (LT1 e LT2);
uma LT de 150 km (LT 3) e dois circuitos equivalentes
Thévenin (S1 e S2) conectados as barras 1 e 3. A Barra 2 foi
tomada como o ponto de medição, onde se encontra um relé
digital cujos registros são avaliados pelo aplicativo, adotando
como base os sinais de tensão provenientes dos quatro modelos
de TPC analisados.
As faltas foram aplicadas na LT 3. Em cada simulação
utilizou-se um passo de integração de 4,16 µs, o qual é
pequeno o suficiente para gerar sinais mais próximos de sinais
contínuos. Para o algoritmo de localização de faltas há uma
subamostragem dos sinais a uma taxa de 16 amostras/ciclo,
comumente utilizada em relés numéricos. Além disso, foram
implementados filtros anti-aliasing de 3ª ordem do tipo
Butterworth com frequência de corte em 180 Hz.
Fig. 7. SEP de 230 kV modelado no ATP.
Vários cenários de faltas foram simulados variando-se a
resistência 𝑅𝑓, o ângulo de incidência 𝜃𝑓 e a distância da
aplicação do curto-circuito 𝑑𝑓 em relação à Barra 2. Ademais,
apenas cinco casos foram apresentados, contemplando as
principais situações de falta:
 Caso 1: AT, LT 3, 𝑑𝑓 = 100 km, 𝑅𝑓 = 10 Ω, 𝜃𝑓 = 30º;
 Caso 2: BT, LT 3, 𝑑𝑓 = 119,9 km, 𝑅𝑓 = 1 Ω, 𝜃𝑓 = 0º;
 Caso 3: AC, LT 3, 𝑑𝑓 = 120,2 km, 𝑅𝑓 = 1 Ω, 𝜃𝑓 = 90º;
 Caso 4: BCT, LT 3, 𝑑𝑓 = 119,9 km, 𝑅𝑓 = 10 Ω, 𝜃𝑓 = 45º;
 Caso 5: ABC, LT 3, 𝑑𝑓 = 120,2 km, 𝑅𝑓 = 1 Ω, 𝜃𝑓 = 20º.
Para avaliar o desempenho do ADDEP face à influência dos
diferentes modelos de TPC, as seguintes características são
analisadas: o tempo de entrada da impedância vista pelo relé
de proteção na 1ª e 2ª zonas (Δ𝑡1𝑎𝑍 e Δ𝑡2𝑎𝑍) do elemento mho
auto-polarizado, as quais foram configuradas com alcances de
80% e 120% da impedância da linha LT3, respectivamente; a
classificação da falta (γ̃), a localização estimada da falta (𝑑̃ 𝑓)
e o erro percentual correspondente (𝜀%) e a zona de atuação da
proteção (𝑍̃).
B. Análises e Resultados
Os resultados obtidos para cada um dos casos descritos são
apresentados na Tabela I, onde VPRI corresponde ao sinal de
tensão medido no primário, o qual é admitido como referência.
TABELA I. ANÁLISE DE REGISTROS SIMULADOS NO ATP VIA ADDEP.
CASO
SINAL
AVALIADO
Δ𝑡1𝑎𝑍
(ms)
Δ𝑡2𝑎𝑍
(ms)
γ̃
𝑑̃ 𝑓
𝑍̃
(km) 𝜀%
1
VPRI 16,773 13,628 AT 102,32 1,54 1ª
TPC 1 15,725 12,580 AT 100,14 0,09 1ª
TPC 2 16,773 13,628 AT 97,29 1,81 1ª
TPC 3 14,676 12,580 AT 95,74 2,84 1ª
TPC 4 15,725 13,628 AT 99,82 0,10 1ª
2
VPRI 18,870 14,676 BT 120,24 0,22 1ª
TPC 1 17,821 13,628 BT 117,53 1,58 1ª
TPC 2 18,870 14,676 BT 118,97 0,62 1ª
TPC 3 17,821 13,628 BT 117,64 1,51 1ª
TPC 4 17,821 13,628 BT 117,43 1,65 1ª
3
VPRI 18,870 14,676 AC 121,87 1,11 1ª
TPC 1 17,821 13,628 AC 119,12 0,72 1ª
TPC 2 18,870 14,676 AC 121,06 0,57 1ª
TPC 3 17,821 13,628 AC 117,44 1,84 1ª
TPC 4 17,821 13,628 AC 119,11 0,73 1ª
4
VPRI 17,821 11,532 BCT 121,31 0,94 1ª
TPC 1 15,725 11,532 BCT 118,70 0,80 1ª
TPC 2 16,773 11,532 BCT 116,30 2,40 1ª
TPC 3 15,725 10,483 BCT 114,06 3,90 1ª
TPC 4 16,773 11,532 BCT 118,37 1,02 1ª
5
VPRI 18,870 14,676 ABC 120,91 0,47 1ª
TPC 1 17,821 14,676 ABC 118,22 1,32 1ª
TPC 2 18,870 14,676 ABC 119,05 0,77 1ª
TPC 3 16,773 13,628 ABC 120,73 0,35 1ª
TPC 4 17,821 14,676 ABC 118,08 1,41 1ª
A partir da análise dos resultados, verifica-se que o
procedimento de classificação de faltas não é afetado pelo
comportamento dinâmico dos TPC avaliados. Da mesma
forma, o processo de localização de faltas apresentou
resultados aceitáveis, com erros inferiores a 4%.
Do ponto de vista das zonas de atuação da proteção e do
tempo de entrada da impedância vista pelo relé, nos casos 1, 2
e 4, que correspondem a faltas situadas em 1ª zona, o ADDEP
atuou corretamente para qualquer um dos sinais avaliados,
apresentando diferenças apenas nos tempos de entrada da
impedância vista no ponto de medição. Nestes casos, os
tempos de entrada da impedância, quando considerado os
sinais provenientes dos TPC, são iguais ou inferiores aos
tempos de entrada da impedância quando considerado VPRI.
Isto ocorre, provavelmente, devido às oscilações na tensão
secundária dos TPC, mas que não comprometem o
desempenho do ADDEP.
Com relação aos casos 3 e 5, que correspondem a faltas
situadas em 2ª zona próximas ao limite de 1ª zona, o aplicativo
identificou uma atuação em 1ª zona, mesmo na situação em
que VPRI é considerado. Nestes casos, o comportamento
dinâmico dos TPC não influenciou em uma atuação errônea do
sistema de proteção, uma vez que o mesmo fato ocorre quando
o sinal VPRI é avaliado. Da mesma forma que nos casos 1, 2 e
4, os tempos de entrada da impedância, quando considerado os
sinais provenientes dos TPC, são iguais ou inferiores aos
tempos de entrada da impedância quando considerado VPRI. A
trajetória da impedância vista pelo relé para o caso 5 é
apresentada na Fig. 8, onde estão dispostas ilustrações das
proteções mho e quadrilateral de 1ª e 2ª zonas.
Fig. 8. Trajetória da impedância vista pelo relé para o caso 5.
Percebe-se, a partir da Fig. 8, que a impedância vista pelo
relé, quando considerado o sinal VPRI e os sinais provenientes
dos TPC, situa-se em 1ª zona, independente do sinal avaliado.
Apesar do desempenho do ADDEP não ter sido
influenciado pelo comportamento dinâmico dos TPC, seria
interessante a implementação de funções de correção de
resposta em frequência destes equipamentos, como funções
opcionais do aplicativo, para verificar o desempenho do
mesmo em situações semelhantes a estes casos.
V. CONCLUSÕES
Neste trabalho foi apresentado uma análise da influência de
diferentes modelos de TPC de 230 kV disponíveis na literatura
sobre o desempenho de um aplicativo para diagnóstico de
distúrbios e avaliação do desempenho de funções de proteção,
denominado de ADDEP, que está sendo desenvolvido em um
projeto de P&D da CHESF em parceria com a UFCG e
pesquisadores de outras instituições brasileiras. Para tanto,
alguns cenários de faltas foram simulados em um SEP de 230
kV modelado no ATP.
O aplicativo contém funções para leitura de arquivos no
formato COMTRADE, estimação de fasores fundamentais,
detecção, classificação e localização de faltas, bem como
rotinas para estimação do tempo de abertura dos disjuntores e
funções de proteção de distância.
Dos resultados obtidos, o procedimento de classificação de
faltas apresentou-se imune aos comportamentos dinâmicos dos
TPC avaliados. De maneira semelhante, o processo de
localização de faltas obteve resultados aceitáveis uma vez que
os erros calculados foram pequenos. Além disso, os tempos de
entrada das impedâncias vistas pelo relé na 1ª e 2ª zonas foram
bastante próximos para cada modelo de TPC avaliado, sendo
iguais ou inferiores ao tempo de entrada da impedância quando
considerado o sinal de tensão proveniente do primário.
Para situações de distúrbios em 2ª zona situados próximos
ao limite de 1ª zona, as funções de proteção atuaram em 1ª
zona com os sinais provenientes tanto do primário como dos
TPC, fato este que indica que o desempenho do ADDEP não
foi influenciado pelo comportamento dinâmico dos
equipamentos.
VI. REFERÊNCIAS
[1] F. V. Lopes, F. Souza Jr., W. Santos, J. Nascimento, C. Costa, F. Costa,
W. Neves, B. Souza, N. Brito, D. Fernandes Jr., and S. Moraes, “Uma
metodologia baseada nos programas ATP e CAPE para estudo e validação
de funções de proteção,” XX Congresso Brasileiro de Automática, Belo
Horizonte-MG, Brasil, setembro 2014.
[2] G. Ziegler, Numerical Distance Protection: Principles and Applications,
2nd ed. Berlin, Germany: Siemens, AG, 2006.
[3] H. Ferrer and E. Schweitzer, Modern Solutions for Protection, Control,
and Monitoring of Electric Power Systems. Schweitzer Engineering
Laboratories, Inc., 2010.
[4] C. A. Silva, D. Fernandes Jr. and W. L. A. Neves, “Correction of the
Secondary Voltage of Coupling Capacitor Voltage Transformers in Real
Time,” International Conference on Power Systems Transients 2011 –
IPST 2011, Delft – The Netherlands, June 2011.
[5] C. A. Silva, “Filtros Digitais Recursivos para Redução do Impacto da
Resposta Transitória do TPC”, Tese de Doutorado, UFCG, Campina
Grande, PB, março 2014.
[6] B. Kasztenny, D. Sharples, V. Asaro, and M. Pozzuoli, “Distance Relays
and Capacitive Voltage Transformers-Balancing Speed and Transient
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College Station Texas, v. 53, 2000.
[7] E. Pajuelo, G. Ramakrishna, M. S. Sachdev, “Phasor Estimation Technique
to Reduce the Impact of Coupling Capacitor Voltage Transformer
Transientes”, University of Saskatchewan, Canada, August, 2006.
[8] Fernandes Jr., D. “Modelo de Transformadores de Potencial Capacitivos
para Estudos de Transitórios Eletromagnéticos”. Tese de Doutorado,
UFCG, Campina Grande, PB, dezembro 2003.
[9] “ATP-Alternative Transient Program–Rule Book,” Leuven EMTP Center,
Herverlee, Belgium, 1987.
[10] EMTP Reference Models for Transmission Line Relay Testing, IEEE
Power System Relaying Committee, 2004.
[11] A. V. Carvalho Jr., Interação Transitória entre Transformadores de
Potencial Capacitivos e Linhas de Transmissão: Uma Contribuição para
Minimizar Falhas. Dissertação de Mestrado, Universidade Federal de
Pernambuco, 2008.
[12] E. O. Schweitzer, B. Kasztenny, A. Guzmán, V. Skendzic, and M.
Mynam, “Speed of line protection - can we break free of phasor
limitations?” Western Protective Relay Conference, oct. 2014.
[13] ANEEL. Nota Técnica no. 058/2013-SRTSFE/ANEEL: Avaliação
extraordinária dos sistemas de proteção de instalações da Rede Básica,
2013.
[14] A. Phadke, J. Thorp, Computer Relaying for Power Systems. New York:
John Wiley & Sons Inc., 2009.
[15] G. Benmouyal, “DC-Offset in Current Waveforms Using Digital Mimic
Filtering,” IEEE Trans. on Power Delivery, v. 10, n. 2, p. 621–630, Apr
1995.
[16] F. Lopes, D. Fernandes Jr., W. Neves, “A Traveling-Wave Detection
Method Based on Park’s Transformation for Fault Locators,” IEEE Trans.
on Power Delivery, v. 28, pp. 1626–1634, 2013.
[17] T. Adu, “An Accurate Fault Classification Technique for Power System
Monitoring Devices,” IEEE Trans. on Power Delivery, vol. 17, no. 3, pp.
684–690, 2002.

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Análise TPC ADDEP

  • 1. Análise de Distúrbios no Sistema CHESF de Transmissão: Uma Abordagem sobre a Influência dos Transformadores de Potencial Capacitivos R. Reis, W. Neves, D. Barros, J. Nascimento, C. Costa, N. Brito Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), Campina Grande-PB F. V. Lopes Universidade de Brasília (UnB), Brasília-DF S. Moraes Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (CHESF), Sobradinho-BA Resumo  O desempenho dos transformadores de potencial capacitivos (TPC), durante o regime permanente, é aceitável para a maioria das aplicações de proteção, fato não verificado quando o sistema elétrico é submetido a faltas. Neste trabalho, verifica-se a influência de quatro modelos de TPC de 230 kV sobre um aplicativo que está sendo desenvolvido em um projeto de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) da Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (CHESF) em parceria com a Universidade Federal de Campina Grande (UFCG) e pesquisadores de outras instituições brasileiras. Diferentes cenários de faltas foram simulados no ATP para a verificação da atuação do aplicativo. Dos resultados obtidos, verifica-se que o desempenho do mesmo não é comprometido pela resposta em frequência dos TPC. Palavras-chaves  Transformadores de potencial capacitivos, análise de distúrbios, proteção de sistemas elétricos, localização de faltas, linhas de transmissão. I. INTRODUÇÃO As concessionárias de energia elétrica elaboram Relatórios de Análise de Desempenho da Proteção (RADP) para serem enviados ao Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) após a ocorrência de distúrbios. Essas informações são importantes para a avaliação do desempenho da proteção [1]. A Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (CHESF) utiliza informações das características do defeito, de suas possíveis causas e também sobre possíveis operações indevidas do sistema de proteção para elaboração do RADP, Este trabalho foi financiado pela Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (CHESF) e pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). R. Reis, D. Barros, J. Nascimento e C. Costa são alunos de pós-graduação na UFCG (e- mail: raphael.leite90@gmail.com, daphne.barros, jamile.nascimento, cecilia.costa@ee.ufcg.edu.br). Felipe V. Lopes é professor do Departamento de Engenharia Elétrica da UnB (e-mail: felipevlopes@unb.br). N. Brito e W. L. A. Neves são professores do Departamento de Engenharia Elétrica da UFCG (e-mail: nubia, waneves@dee.ufcg.edu.br). S. Moraes é engenheiro de operação da CHESF (e-mail: srdias@chesf.gov.br). por meio de informações fornecidas pelas equipes de operação e manutenção, além de oscilografias obtidas de relés numéricos de proteção e Registradores Digitais de Perturbações (RDP). Ademais, a depender da quantidade e qualidade das informações iniciais sobre o distúrbio, a elaboração dos RADP pode se tornar difícil e lenta. Deste modo, com o objetivo de facilitar o processo de elaboração dos RADP, em 2013, a CHESF iniciou um projeto de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) em parceria com a Universidade Federal de Campina Grande (UFCG) e pesquisadores de outras instituições brasileiras, cujo foco é o desenvolvimento de um aplicativo para diagnóstico de distúrbios e avaliação do desempenho de funções de proteção, o qual foi denominado de ADDEP, devido ao termo Análise de Distúrbios e do Desempenho da Proteção. O ADDEP contém funções para leitura de arquivos no formato COMTRADE, estimação de fasores fundamentais, detecção, classificação e localização de faltas, bem como rotinas para estimação do tempo de abertura dos disjuntores e funções de proteção de distância (elementos mho auto- polarizado e polarizado; e elemento quadrilateral auto- polarizado) [1]–[3]. A fim de garantir o funcionamento correto e seguro dos sistemas elétricos de potência (SEP), é necessário que os relés atuem de forma confiável, os quais, por sua vez, estão sujeitos a erros inerentes dos transformadores de corrente (TC) e transformadores de potencial (TP) [4]. Em sistemas que operam acima de 138 kV, os transformadores de potencial capacitivo (TPC) são os mais utilizados devido a aspectos técnicos e econômicos [5], [6]. Em regime permanente, a tensão secundária no TPC é, em geral, uma boa representação da tensão primária, com uma precisão aceitável para a maioria das aplicações de proteção [7]. No entanto, durante perturbações, a tensão secundária não é uma réplica da tensão primária [8], o que pode causar a operação indevida de dispositivos de proteção, além de promover atrasos significativos na atuação da proteção. Neste contexto, é
  • 2. proposta a avaliação da influência do comportamento dinâmico de diferentes modelos de TPC no desempenho do ADDEP, visando a validação das rotinas implementadas e a identificação de possíveis melhorias, principalmente no que tange à precisão e à confiabilidade das funções de proteção implementadas. Neste trabalho, analisa-se a influência de quatro modelos de TPC de 230 kV disponíveis na literatura sobre o desempenho do ADDEP, avaliando-se registros oscilográficos de faltas simuladas no Alternative Transients Program (ATP) [9]. II. MODELOS DE TPC DE 230 KV AVALIADOS Quatro modelos de TPC de 230 kV são analisados. Para fins de simplificação, estes dispositivos são referenciados por TPC 1, TPC 2, TPC 3 e TPC 4. A topologia e os parâmetros do TPC 1, do TPC 2 e dos TPC 3 e 4 estão disponíveis em [8], [10] e [11], respectivamente. Por possuírem circuitos elétricos distintos, as respostas em frequência desses modelos de TPC apresentam diferenças significativas entre si, levando-os a apresentarem comportamentos dinâmicos diferentes quando ocorrem fenômenos de natureza transitória no SEP. Com o intuito de simular as respostas em frequência de módulo e fase dos TPC analisados, utilizou-se a rotina Frequency Scan do ATP, a qual utiliza repetições de solução fasorial de regime (a) (b) Fig. 1. Resposta em frequência do TPC 1: (a) Módulo; (b) Fase. permanente da função de transferência a partir do incremento automático da frequência de fontes senoidais, que são delimitas entre uma frequência inicial e final escolhidas pelo usuário [9]. A faixa de frequência utilizada para determinar as respostas em frequência dos TPC foi de 1 Hz a 100 kHz. As respostas em frequência obtidas são apresentadas nas Figs. 1, 2, 3 e 4. Com o propósito de viabilizar análises comparativas entre as respostas em frequência dos TPC e a tensão obtida nos terminais primário dos equipamentos (neste trabalho, a tensão do primário é tomada como o sinal de referência), todas as respostas em frequência de módulo foram normalizadas para valores em por unidade (p.u.). As curvas de resposta em frequência de fase são apresentadas em termos de graus elétricos (º). Em todos os modelos de TPC avaliados, pode ser visto que, na frequência fundamental, a tensão secundária se aproxima muito da tensão primária (1 p.u.), apresentando, em alguns casos, apenas uma pequena defasagem angular. Em contrapartida, para frequências diferentes da fundamental, a tensão secundária difere da tensão primária. Sendo assim, pequenos desvios no sinal de tensão primário ocasionados por faltas no SEP não são apropriadamente seguidos pela tensão secundária dos TPC, o que pode afetar o desempenho dos algoritmos de proteção e, consequentemente, do ADDEP. Para (a) (b) Fig. 2. Resposta em frequência do TPC 2: (a) Módulo; (b) Fase. 10 0 10 1 10 2 10 3 10 4 10 5 0 0.5 1 1.5 2 2.5 3 3.5 Frequência (Hz) Módulo(p.u.) Primário Secundário 10 0 10 1 10 2 10 3 10 4 10 5 -50 0 50 100 150 200 Frequência (Hz) Fase(º) Primário Secundário 10 0 10 1 10 2 10 3 10 4 10 5 0 0.2 0.4 0.6 0.8 1 1.2 1.4 Frequência (Hz) Módulo(p.u.) Primário Secundário 10 0 10 1 10 2 10 3 10 4 10 5 -100 -50 0 50 100 150 Frequência (Hz) Fase(º) Primário Secundário
  • 3. (a) (b) Fig. 3. Resposta em frequência do TPC 3: (a) Módulo; (b) Fase. ilustrar a resposta dos modelos de TPC avaliados durante transitórios ocasionados por uma falta, a tensão do primário e as tensões do secundário dos TPC 1, 2, 3 e 4 durante um curto- circuito trifásico no ponto de medição de um SEP de 230 kV são apresentadas na Fig. 5. Da Fig. 5, pode ser observado que o TPC 3, além de não representar uma réplica da tensão do primário durante a falta, amplifica consideravelmente as componentes de alta frequência. Isto ocorre devido à sua resposta em frequência que apresenta um ganho significativo para altas frequências, conforme apresentado na Fig. 3a. Por outro lado, o comportamento dinâmico dos TPC 2 e 4 se configuram por uma atenuação dos componentes transitórios, conforme ilustrado nas Fig. 2a e 4a, respectivamente. Já para o TPC 1, por apresentar uma resposta em frequência relativamente plana ao longo da faixa de frequência considerada, o sinal secundário tende a se aproximar mais do comportamento do sinal primário, quando comparado com o desempenho dos demais modelos de TPC. Desta forma, o comportamento oscilatório apresentado pelos sinais secundários dos TPC pode comprometer o desempenho de algumas funções implementadas no ADDEP, como os processos de estimação de fasores e detecção e localização de faltas, além de poder influenciar em atuações indevidas do sistema de proteção. (a) (b) Fig. 4. Resposta em frequência do TPC 4: (a) Módulo; (b) Fase. Fig. 5. Sinais de tensão do primário e secundário dos TPC 1, 2, 3 e 4 durante uma falta trifásica. III. O ADDEP A CHESF, em parceria com a UFCG e pesquisadores de outras instituições brasileiras, estão desenvolvendo desde 10 0 10 1 10 2 10 3 10 4 10 5 0 2 4 6 8 10 12 14 16 Frequência (Hz) Módulo(p.u.) Primário Secundário 10 0 10 1 10 2 10 3 10 4 10 5 -100 -50 0 50 100 150 Frequência (Hz) Fase(º) Primário Secundário 10 0 10 1 10 2 10 3 10 4 10 5 0 0.5 1 1.5 2 2.5 3 Frequência (Hz) Módulo(p.u.) Primário Secundário 10 0 10 1 10 2 10 3 10 4 10 5 -150 -100 -50 0 50 100 150 200 Frequência (Hz) Fase(º) Primário Secundário 0 0.02 0.04 0.06 0.08 0.1 -2.5 -2 -1.5 -1 -0.5 0 0.5 1 1.5 2 Tempo (s) Módulo(p.u.) Primário TPC 1 TPC 2 TPC 3 TPC 4
  • 4. 2013 um aplicativo, o ADDEP, que tem como principal finalidade auxiliar os engenheiros da concessionária de energia na elaboração de RADP. Esses relatórios são solicitados por órgãos, como o ONS, a fim de avaliar o desempenho do sistema de proteção, e consequentemente, propor medidas corretivas, quando necessário. Com os avanços tecnológicos, a confiabilidade e a precisão dos sistemas de aquisição de dados do SEP provenientes de RDP e relés numéricos têm permitido um desenvolvimento significativo nos sistemas de proteção [12], o que impulsiona pesquisas por metodologias, programas computacionais e dispositivos de diagnóstico de distúrbios e avaliação do desempenho da proteção. Na literatura, encontram-se algumas estratégias para integração de dados provenientes de RDP e relés digitais para diagnóstico de distúrbios e avaliação de funções de proteção [1]. No entanto, a maioria dessas soluções não se encontra acessível, com arquitetura fechada, o que impossibilita o ajuste das rotinas para as necessidades de cada concessionária. Neste contexto, o aplicativo ADDEP surge como uma ferramenta de grande utilidade para a CHESF, visto que está sendo desenvolvido de acordo com as necessidades relatadas pelos setores de análise de distúrbios da empresa, contemplando algumas das informações mais relevantes a constar nos RADP como: tipo e localização da falta, atuação das principais funções de proteção, tempo de abertura dos disjuntores em relação à detecção da falta e em relação à sensibilização da proteção, entre outras. Na Fig. 6 é ilustrado o diagrama de blocos simplificado do aplicativo, destacando-se a relação das entradas e saídas do conjunto de funções implementadas até o momento. Fig. 6. Diagrama de blocos simplificado do ADDEP. Os sinais de entrada utilizados pelo ADDEP são provenientes dos canais analógicos e digitais dos relés instalados na linha de transmissão (LT) submetida ao distúrbio. Usando estas informações, o ADDEP gera um relatório que é dividido em duas partes: relatório de diagnóstico do distúrbio e relatório do desempenho da proteção. Basicamente, os registros de tensão e corrente (canais analógicos) são utilizados como entradas de funções de proteção implementadas no próprio ADDEP, através das quais, considerando os ajustes determinados pela concessionária, são calculadas as atuações esperadas da proteção e o diagnóstico preliminar do distúrbio. Em seguida, as atuações esperadas são comparadas com as atuações reais registradas pelos canais digitais do relé, possibilitando a identificação de atuações indevidas da proteção, cujas funções implementadas no ADDEP são a mho auto-polarizada, mho polarizada por memória de tensão de sequência positiva e a característica quadrilateral auto-polarizada [3]. Após a leitura dos registros oscilográficos do distúrbio analisado, é realizado o processo de estimação fasorial. No ADDEP, o algoritmo utilizado é o de Fourier de ciclo completo associado a um filtro mímico para eliminação da componente CC de decaimento exponencial [14], [15]. O algoritmo descrito em [16] é utilizado para realizar a detecção da falta, e, para realizar a classificação de faltas, utiliza-se o método da sobrecorrente, apresentado em [17]. Com a classificação da falta, seleciona-se as fases que deverão ser avaliadas para identificação de uma condição de defeito, que é feita a partir de comparadores de fases [3]. Portanto, observa-se que a confiabilidade dos relatórios gerados pelo ADDEP está condicionada à atuação correta das funções de proteção, classificação e localização de faltas, tornando-se evidente a análise de fatores que possam comprometer seu desempenho, como a influência dos TPC sobre os sinais de tensão medidos, que é o foco dos estudos apresentados neste trabalho. IV. ESTUDOS DE CASO A. Simulações O SEP de 230 kV proposto em [10] e ilustrado na Fig. 7 foi modelado no ATP para avaliação do ADDEP. O sistema consiste em duas LT paralelas de 150 km cada (LT1 e LT2); uma LT de 150 km (LT 3) e dois circuitos equivalentes Thévenin (S1 e S2) conectados as barras 1 e 3. A Barra 2 foi tomada como o ponto de medição, onde se encontra um relé digital cujos registros são avaliados pelo aplicativo, adotando como base os sinais de tensão provenientes dos quatro modelos de TPC analisados. As faltas foram aplicadas na LT 3. Em cada simulação utilizou-se um passo de integração de 4,16 µs, o qual é pequeno o suficiente para gerar sinais mais próximos de sinais contínuos. Para o algoritmo de localização de faltas há uma subamostragem dos sinais a uma taxa de 16 amostras/ciclo, comumente utilizada em relés numéricos. Além disso, foram implementados filtros anti-aliasing de 3ª ordem do tipo Butterworth com frequência de corte em 180 Hz. Fig. 7. SEP de 230 kV modelado no ATP. Vários cenários de faltas foram simulados variando-se a resistência 𝑅𝑓, o ângulo de incidência 𝜃𝑓 e a distância da aplicação do curto-circuito 𝑑𝑓 em relação à Barra 2. Ademais, apenas cinco casos foram apresentados, contemplando as principais situações de falta:
  • 5.  Caso 1: AT, LT 3, 𝑑𝑓 = 100 km, 𝑅𝑓 = 10 Ω, 𝜃𝑓 = 30º;  Caso 2: BT, LT 3, 𝑑𝑓 = 119,9 km, 𝑅𝑓 = 1 Ω, 𝜃𝑓 = 0º;  Caso 3: AC, LT 3, 𝑑𝑓 = 120,2 km, 𝑅𝑓 = 1 Ω, 𝜃𝑓 = 90º;  Caso 4: BCT, LT 3, 𝑑𝑓 = 119,9 km, 𝑅𝑓 = 10 Ω, 𝜃𝑓 = 45º;  Caso 5: ABC, LT 3, 𝑑𝑓 = 120,2 km, 𝑅𝑓 = 1 Ω, 𝜃𝑓 = 20º. Para avaliar o desempenho do ADDEP face à influência dos diferentes modelos de TPC, as seguintes características são analisadas: o tempo de entrada da impedância vista pelo relé de proteção na 1ª e 2ª zonas (Δ𝑡1𝑎𝑍 e Δ𝑡2𝑎𝑍) do elemento mho auto-polarizado, as quais foram configuradas com alcances de 80% e 120% da impedância da linha LT3, respectivamente; a classificação da falta (γ̃), a localização estimada da falta (𝑑̃ 𝑓) e o erro percentual correspondente (𝜀%) e a zona de atuação da proteção (𝑍̃). B. Análises e Resultados Os resultados obtidos para cada um dos casos descritos são apresentados na Tabela I, onde VPRI corresponde ao sinal de tensão medido no primário, o qual é admitido como referência. TABELA I. ANÁLISE DE REGISTROS SIMULADOS NO ATP VIA ADDEP. CASO SINAL AVALIADO Δ𝑡1𝑎𝑍 (ms) Δ𝑡2𝑎𝑍 (ms) γ̃ 𝑑̃ 𝑓 𝑍̃ (km) 𝜀% 1 VPRI 16,773 13,628 AT 102,32 1,54 1ª TPC 1 15,725 12,580 AT 100,14 0,09 1ª TPC 2 16,773 13,628 AT 97,29 1,81 1ª TPC 3 14,676 12,580 AT 95,74 2,84 1ª TPC 4 15,725 13,628 AT 99,82 0,10 1ª 2 VPRI 18,870 14,676 BT 120,24 0,22 1ª TPC 1 17,821 13,628 BT 117,53 1,58 1ª TPC 2 18,870 14,676 BT 118,97 0,62 1ª TPC 3 17,821 13,628 BT 117,64 1,51 1ª TPC 4 17,821 13,628 BT 117,43 1,65 1ª 3 VPRI 18,870 14,676 AC 121,87 1,11 1ª TPC 1 17,821 13,628 AC 119,12 0,72 1ª TPC 2 18,870 14,676 AC 121,06 0,57 1ª TPC 3 17,821 13,628 AC 117,44 1,84 1ª TPC 4 17,821 13,628 AC 119,11 0,73 1ª 4 VPRI 17,821 11,532 BCT 121,31 0,94 1ª TPC 1 15,725 11,532 BCT 118,70 0,80 1ª TPC 2 16,773 11,532 BCT 116,30 2,40 1ª TPC 3 15,725 10,483 BCT 114,06 3,90 1ª TPC 4 16,773 11,532 BCT 118,37 1,02 1ª 5 VPRI 18,870 14,676 ABC 120,91 0,47 1ª TPC 1 17,821 14,676 ABC 118,22 1,32 1ª TPC 2 18,870 14,676 ABC 119,05 0,77 1ª TPC 3 16,773 13,628 ABC 120,73 0,35 1ª TPC 4 17,821 14,676 ABC 118,08 1,41 1ª A partir da análise dos resultados, verifica-se que o procedimento de classificação de faltas não é afetado pelo comportamento dinâmico dos TPC avaliados. Da mesma forma, o processo de localização de faltas apresentou resultados aceitáveis, com erros inferiores a 4%. Do ponto de vista das zonas de atuação da proteção e do tempo de entrada da impedância vista pelo relé, nos casos 1, 2 e 4, que correspondem a faltas situadas em 1ª zona, o ADDEP atuou corretamente para qualquer um dos sinais avaliados, apresentando diferenças apenas nos tempos de entrada da impedância vista no ponto de medição. Nestes casos, os tempos de entrada da impedância, quando considerado os sinais provenientes dos TPC, são iguais ou inferiores aos tempos de entrada da impedância quando considerado VPRI. Isto ocorre, provavelmente, devido às oscilações na tensão secundária dos TPC, mas que não comprometem o desempenho do ADDEP. Com relação aos casos 3 e 5, que correspondem a faltas situadas em 2ª zona próximas ao limite de 1ª zona, o aplicativo identificou uma atuação em 1ª zona, mesmo na situação em que VPRI é considerado. Nestes casos, o comportamento dinâmico dos TPC não influenciou em uma atuação errônea do sistema de proteção, uma vez que o mesmo fato ocorre quando o sinal VPRI é avaliado. Da mesma forma que nos casos 1, 2 e 4, os tempos de entrada da impedância, quando considerado os sinais provenientes dos TPC, são iguais ou inferiores aos tempos de entrada da impedância quando considerado VPRI. A trajetória da impedância vista pelo relé para o caso 5 é apresentada na Fig. 8, onde estão dispostas ilustrações das proteções mho e quadrilateral de 1ª e 2ª zonas. Fig. 8. Trajetória da impedância vista pelo relé para o caso 5. Percebe-se, a partir da Fig. 8, que a impedância vista pelo relé, quando considerado o sinal VPRI e os sinais provenientes dos TPC, situa-se em 1ª zona, independente do sinal avaliado. Apesar do desempenho do ADDEP não ter sido influenciado pelo comportamento dinâmico dos TPC, seria interessante a implementação de funções de correção de resposta em frequência destes equipamentos, como funções opcionais do aplicativo, para verificar o desempenho do mesmo em situações semelhantes a estes casos. V. CONCLUSÕES Neste trabalho foi apresentado uma análise da influência de diferentes modelos de TPC de 230 kV disponíveis na literatura sobre o desempenho de um aplicativo para diagnóstico de distúrbios e avaliação do desempenho de funções de proteção, denominado de ADDEP, que está sendo desenvolvido em um projeto de P&D da CHESF em parceria com a UFCG e pesquisadores de outras instituições brasileiras. Para tanto, alguns cenários de faltas foram simulados em um SEP de 230 kV modelado no ATP.
  • 6. O aplicativo contém funções para leitura de arquivos no formato COMTRADE, estimação de fasores fundamentais, detecção, classificação e localização de faltas, bem como rotinas para estimação do tempo de abertura dos disjuntores e funções de proteção de distância. Dos resultados obtidos, o procedimento de classificação de faltas apresentou-se imune aos comportamentos dinâmicos dos TPC avaliados. De maneira semelhante, o processo de localização de faltas obteve resultados aceitáveis uma vez que os erros calculados foram pequenos. Além disso, os tempos de entrada das impedâncias vistas pelo relé na 1ª e 2ª zonas foram bastante próximos para cada modelo de TPC avaliado, sendo iguais ou inferiores ao tempo de entrada da impedância quando considerado o sinal de tensão proveniente do primário. Para situações de distúrbios em 2ª zona situados próximos ao limite de 1ª zona, as funções de proteção atuaram em 1ª zona com os sinais provenientes tanto do primário como dos TPC, fato este que indica que o desempenho do ADDEP não foi influenciado pelo comportamento dinâmico dos equipamentos. VI. REFERÊNCIAS [1] F. V. Lopes, F. Souza Jr., W. Santos, J. Nascimento, C. Costa, F. Costa, W. Neves, B. Souza, N. Brito, D. Fernandes Jr., and S. Moraes, “Uma metodologia baseada nos programas ATP e CAPE para estudo e validação de funções de proteção,” XX Congresso Brasileiro de Automática, Belo Horizonte-MG, Brasil, setembro 2014. [2] G. Ziegler, Numerical Distance Protection: Principles and Applications, 2nd ed. Berlin, Germany: Siemens, AG, 2006. [3] H. Ferrer and E. Schweitzer, Modern Solutions for Protection, Control, and Monitoring of Electric Power Systems. Schweitzer Engineering Laboratories, Inc., 2010. [4] C. A. Silva, D. Fernandes Jr. and W. L. A. Neves, “Correction of the Secondary Voltage of Coupling Capacitor Voltage Transformers in Real Time,” International Conference on Power Systems Transients 2011 – IPST 2011, Delft – The Netherlands, June 2011. [5] C. A. Silva, “Filtros Digitais Recursivos para Redução do Impacto da Resposta Transitória do TPC”, Tese de Doutorado, UFCG, Campina Grande, PB, março 2014. [6] B. Kasztenny, D. Sharples, V. Asaro, and M. Pozzuoli, “Distance Relays and Capacitive Voltage Transformers-Balancing Speed and Transient Overreach”. In: Annual Conference for Protective Relay Enginners. College Station Texas, v. 53, 2000. [7] E. Pajuelo, G. Ramakrishna, M. S. Sachdev, “Phasor Estimation Technique to Reduce the Impact of Coupling Capacitor Voltage Transformer Transientes”, University of Saskatchewan, Canada, August, 2006. [8] Fernandes Jr., D. “Modelo de Transformadores de Potencial Capacitivos para Estudos de Transitórios Eletromagnéticos”. Tese de Doutorado, UFCG, Campina Grande, PB, dezembro 2003. [9] “ATP-Alternative Transient Program–Rule Book,” Leuven EMTP Center, Herverlee, Belgium, 1987. [10] EMTP Reference Models for Transmission Line Relay Testing, IEEE Power System Relaying Committee, 2004. [11] A. V. Carvalho Jr., Interação Transitória entre Transformadores de Potencial Capacitivos e Linhas de Transmissão: Uma Contribuição para Minimizar Falhas. Dissertação de Mestrado, Universidade Federal de Pernambuco, 2008. [12] E. O. Schweitzer, B. Kasztenny, A. Guzmán, V. Skendzic, and M. Mynam, “Speed of line protection - can we break free of phasor limitations?” Western Protective Relay Conference, oct. 2014. [13] ANEEL. Nota Técnica no. 058/2013-SRTSFE/ANEEL: Avaliação extraordinária dos sistemas de proteção de instalações da Rede Básica, 2013. [14] A. Phadke, J. Thorp, Computer Relaying for Power Systems. New York: John Wiley & Sons Inc., 2009. [15] G. Benmouyal, “DC-Offset in Current Waveforms Using Digital Mimic Filtering,” IEEE Trans. on Power Delivery, v. 10, n. 2, p. 621–630, Apr 1995. [16] F. Lopes, D. Fernandes Jr., W. Neves, “A Traveling-Wave Detection Method Based on Park’s Transformation for Fault Locators,” IEEE Trans. on Power Delivery, v. 28, pp. 1626–1634, 2013. [17] T. Adu, “An Accurate Fault Classification Technique for Power System Monitoring Devices,” IEEE Trans. on Power Delivery, vol. 17, no. 3, pp. 684–690, 2002.