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OS PARADIGMAS DAS TECNOLOGIAS
EDUCACIONAIS MUDANDO O ENSINO PRESENCIAL
Marta de Campos Maia1
1
Coordenadoria de Tecnologia aplicada à Educação – Fundação Armando Alvares
Penteado (FAAP)
Rua Ceará, 84 – 01243-010 – São Paulo – SP – Brasil
Resumo. Para que as tecnologias educacionais sejam efetivamente utilizadas
como um recurso no processo de ensino e aprendizagem e para que ocorra
uma autêntica transformação nas formas de ensinar e aprender, é preciso que
as Instituições de Ensino Superior (IES) estejam preparadas. Para tanto, é
necessária uma mudança na abordagem pedagógica dos envolvidos no
desenvolvimento, especialmente os professores, para exploração das
potencialidades deste novo ambiente de ensino-aprendizado. Considerando
tais fatores, destaca-se que o objetivo deste trabalho é apresentar o
desenvolvimento de um projeto para facilitar a adoção e disseminação do uso
de tecnologias educacionais por professores que atuam em cursos presenciais.
1. Introdução
As relações de ensino e aprendizagem são tão antigas quanto a própria humanidade e ao
longo da história foram adquirindo cada vez mais importância em dada situação. Porém,
o ensino não é restrito à sala de aula e nem a escola é o único lugar onde a educação
acontece, ou a única fonte de aprendizagem.
O conceito de educação e, também, o de ensino evoluíram a partir de
questionamentos e pesquisas Saviani (1994), Misukami (1986), Vasconcellos (1995),
Campos (1996) e Demo (1997). A utilização das novas tecnologias de informação e de
comunicação (TICs) tem contribuído para a transformação do aprendizado. Uma parte
significativa desta transformação está relacionada à aplicação de tais tecnologias com os
já conhecidos recursos educacionais na Educação a Distância (EaD), como veículo para
alcançar novos públicos e desenvolver novas metodologias de ensino, as quais possam
ser utilizadas como mecanismo complementar, substitutivo ou integrante do ensino
presencial.
As tecnologias educacionais utilizadas na EaD trazem em si uma revolução nos
paradigmas educacionais atuais, à medida que apresentam diversas oportunidades para
as Instituições de Ensino Superior (IES) para integrar e enriquecer os materiais
instrucionais. Além disso, proporcionam novas formas de interação e comunicação entre
professores e alunos.
O objetivo da introdução das TICs na educação não deve ser tomado por um
modismo ou uma forma de se estar atualizado com relação às inovações tecnológicas
(Valente, 1993). Esse tipo de argumentação tem levado a uma subutilização do
potencial destas, que além de se tornar economicamente dispendiosa, traz poucos
benefícios para o desenvolvimento intelectual do aluno.
Implantar tecnologia é uma tarefa relativamente fácil se comparada à mudança
dos processos de ensino, que já é mais complexa e difícil de se promover (MAIER e
WARREN, 2000). Para promover as mudanças, os esforços devem ser concentrados nas
pessoas chaves, que são os professores. Estes devem ser capacitados para a promoção
das mudanças, tornando-se agentes, segundo Demo (1997).
Capacitar os professores não significa simplesmente promover treinamentos de
uso das novas TICs, mas sim, conduzir um processo articulado de mudança de
mentalidade face à educação, uma mudança do currículo e dos conteúdos das
disciplinas, além de uma mudança dos materiais a serem trabalhados.
Sabe-se hoje que, sozinha, a tecnologia não é capaz de concretizar tal
transformação na educação. Mas no futuro próximo, os benefícios da implantação das
TICs nos processos educacionais serão cada vez mais sentidos no ensino presencial.
A questão central no estudo proposto neste trabalho pode ser resumida em: como
incentivar a adoção de novas tecnologias educacionais, nos cursos presenciais, pelo
corpo docente de uma IES?
Serão apresentadas as ações adotadas que resultaram num enorme crescimento e
disseminação da utilização das novas tecnologias nos cursos presenciais.
2. Resumo do referencial Teórico
O uso de novas tecnologias deve oferecer a possibilidade de reformulação constante dos
cursos e de monitoramento da aprendizagem do aluno. A aprendizagem por meio de
ambientes virtuais já é uma realidade em uma parcela das instituições educacionais.
Para consolidar e expandir essa situação, será necessário que a escolha da tecnologia
para construção e utilização destes ambientes esteja submetida a uma estratégia
didático-pedagógica compatível com as necessidades dos usuários, segundo Niquini e
Botelho (2005).
Segundo os novos paradigmas educacionais, o computador, o software educativo
e a Internet estão no centro do debate sobre o emprego das novas tecnologias na
educação e, o objetivo destas tecnologias é permitir a criação de ambientes de
aprendizagem (NIQUINI e BOTELHO, 2005).
O LMS (Learning Management System), ou Sistema Gerenciador do Processo
de Aprendizagem, tem por objetivo simplificar a administração de cursos. Este sistema
auxilia os alunos no planejamento individual de seus processos de aprendizagem, e
permite que os mesmos colaborem entre si, através da troca de informações e
conhecimentos. Para os supervisores e administradores, o sistema faz o rastreamento de
dados, disponibiliza informações, auxilia na análise e gera relatórios sobre o progresso
dos participantes.
O LMS escolhido precisa oferecer atividades variadas que provoquem o
envolvimento do aluno, de maneira a repassar o conteúdo que está sendo trabalhado.
Estas atividades exercidas durante o curso devem estar de acordo com as habilidades
que se visa desenvolver no aluno.
3. Tecnologia e Educação
Como já ressaltado, as relações de ensino e aprendizagem são tão antigas quanto a
própria humanidade e foram adquirindo, em dada situação, cada vez mais importância
ao longo da história. Porém, o ensino não está restrito à sala de aula e nem a escola é o
único lugar onde a educação acontece, ou a única fonte de aprendizagem. Para ser uma
situação de ensino e aprendizagem, de acordo com Piletti (1997), basta que se tenha
uma atitude científica diante da realidade e esta postura é a geradora do progresso
tecnológico e educacional.
As teorias educacionais continuam a evoluir e, na atualidade, há uma maior
ênfase em processos educacionais envolvidos na construção do conhecimento em sala
de aula. Este processo, na opinião de Vasconcellos (1995), compreende qualquer espaço
físico onde haja interação direta entre professor e aluno, passando pela prática, seleção
de conteúdos, posições políticas e ideológicas, transmitindo e recebendo “afetos e
valores”.
Já no que se refere à aprendizagem, este é um processo individual que se realiza
internamente, isto é, corresponde às mudanças que ocorrem nas estruturas cognitivas
internas. Esse processo de modo geral, desenvolve-se da seguinte forma: a pessoa vive
em interação com o meio ambiente, do qual recebe desafios permanentes. Tais desafios
ativam suas estruturas mentais, permitindo-lhe elaborar esquemas de solução que sejam
satisfatórios à sua adaptação ou à transformação do meio (Pinheiro e Gonçalves, 2001;
Wolff, 2001).
Estamos permanentemente aprendendo em todas as situações em nossas vidas.
Mas o que é imperativo nos dias de hoje, em que predomina a educação permanente e a
renovação incessante do conhecimento, não é somente aprender, mas sim aprender a
aprender, segundo Piaget (1975). E, para que estes objetivos sejam alcançados, é
necessário que a relação pedagógica seja elaborada com base metodológica e
planejamento para cada curso. Ao professor cabe o esforço reconstrutivo agrupando
todas as teorias modernas de aprendizagem.
Cabe destacar que o trabalho do professor não se realiza arbitrária ou
casualmente. A ação do professor deve estar sempre comprometida com uma certa visão
de homem e de sociedade, com certos valores, que condicionam as relações
estabelecidas no processo ensino-aprendizagem (Pinheiro e Gonçalves, 2001; Wolff,
2001). Segundo Pedro Demo (1997), não há educação nenhuma em assistir a aulas,
tomar notas e ser avaliado no final do bimestre. A isso ele chama ora de instrução, ora
de transmissão de conhecimento.
Aprendizagem é, por excelência, construção; ação e tomada de consciência da
coordenação das ações. Na prática pedagógica é importante o professor conhecer como
ocorre a aprendizagem e ter claro a sua posição. No ensino de Ciências, como no ensino
informatizado, existe um consenso de que as atividades experimentais são essenciais
para a aprendizagem científica, mas essas atividades devem levar o aluno a ter ações
eficazes, modificando suas estruturas e, talvez, até criando uma nova estrutura, sempre a
partir de um processo de desenvolvimento (Moura et al, 2001).
Novo papel dos Professores
Para promover as mudanças, os esforços devem ser concentrados nas pessoas-chave,
que são os professores. Estes devem ser capacitados para a promoção das mudanças,
tornando-se agentes. Capacitar os professores não significa simplesmente promover
treinamentos de uso das novas ferramentas de informática mas, sim, conduzir um
processo articulado de mudança de mentalidade perante a educação, uma mudança do
currículo e dos conteúdos das disciplinas, além de uma mudança dos materiais a serem
trabalhados. Os professores e os tutores funcionam como uma chave para direcionar os
alunos ao aprendizado motivado.
O computador aplicado ao aprendizado facilita a realização do pensamento
formal, abstrato. Piaget (1975) afirma que, você pode encontrar adultos que não são
capazes de compreender como se estabelece o próprio pensamento, e é nesse momento,
que o computador pode possibilitar na construção dos próprios modelos mentais.
Tecnologia Educacional
A tecnologia deve ser utilizada como um catalisador de uma mudança do paradigma
educacional (Valente, 1993). Um paradigma que promove a aprendizagem ao invés do
ensino, que coloca o controle do processo de aprendizagem nas mãos do aprendiz, e que
auxilia o professor a entender que a educação não é somente a transferência de
conhecimento, mas um processo de construção do conhecimento pelo aluno, como
produto do seu próprio engajamento intelectual ou do aluno como um todo (Neitzel,
2001). As tecnologias não substituem o professor, mas permitem que algumas das
tarefas e funções dos professores possam ser modificadas (Moran, 2005).
A tarefa de passar informações pode ser deixada aos bancos de dados, livros,
vídeos ou programas em CD-ROM, segundo Freire e Shor (1986).
A mediação pedagógica, ou seja, os modos e meios de produção e
disponibilização dos materiais exercem uma influência direta sobre a aprendizagem do
aluno e sobre os modos de agir e participar dos estudantes. Todo processo educativo é
também mediatizado, uma vez que existe a necessidade de se “traduzir” as mensagens
pedagógicas. A mediatização é essencial, para se potencializar as virtudes
comunicacionais (Belloni, 1999).
A figura 1 apresenta os recursos disponíveis que podem encorajar o uso de
múltiplos enfoques, que podem ser aplicados no desenho instrucional de um curso.
Figura 1: Recursos para encorajar múltiplos enfoques para o aprendizado
Fonte: baseado em MAIER e WARREN (2000)
4. Metodologia de Pesquisa
Além do levantamento bibliográfico para a construção do referencial teórico (Malhotra,
1999) constituído pelos modelos estudados, a metodologia utilizada neste trabalho foi o
Recursos
Estruturados
•Tutoriais
•Exercícios
•Quizzes
•Guias Recursos
Estruturados
Aprendizagem
Experimental
Aprendizagem
por pesquisa
Recursos
Primários
•Texto
•Vídeo
•Imagens
•Som
Recursos
baseados na
experiência
•Estudo de casos
•Simulações
•Resolução de
problemas
•Jogos
•Trabalho de
campo
estudo de caso – devido às questões básicas de pesquisa, ausência de controle dos
eventos comportamentais e ênfase nos eventos contemporâneos (Yin, 2001).
A capacitação contínua e permanente dos professores tem enfoque em duas
áreas: metodologia de ensino que visa o ensino presencial e a distância, e o uso prático
dos recursos tecnológicos que mediarão o processo de aprendizagem. Visando o uso de
recursos tecnológicos para a mediação da aprendizagem, será analisada a evolução de
um programa de capacitação de professores na IES em estudo.
O atual estudo pode ser considerado como exploratório e descritivo. Segundo
Mattar (1997, p. 80), “a pesquisa exploratória visa prover o pesquisador de um maior
conhecimento sobre o tema ou problema de pesquisa em perspectiva”. Segundo este
autor, a pesquisa exploratória utiliza métodos como: levantamento em fontes
secundárias, experiências, estudo de caso e observação informal. Para Gil (1996), a
pesquisa descritiva tem como principal característica a utilização de métodos
padronizados de coleta de dados, como o questionário e a observação.
Vergara (1998) propõe uma taxonomia para classificar os tipos de pesquisa,
segundo dois critérios básicos: quanto aos fins e quanto aos meios de investigação. Essa
pesquisa é classificada quanto aos fins, como sendo exploratória e quanto aos meios de
investigação, como pesquisa de campo - por meio do método de estudo de caso (Yin,
2001) e bibliográfica.
O estudo considerou e respeitou os vários aspectos, condições, recomendações,
componentes e requisitos, definidos por vários autores, dentre eles Yin (2001).Um
estudo de caso é um questionamento empírico que investiga um fenômeno
contemporâneo com seus contextos de vida real, quando as fronteiras entre fenômeno e
contexto não são claramente evidentes, e nos quais fontes múltiplas de evidência são
usadas (Yin, 2001).
Yin (2001) define o estudo de caso como o método que examina o fenômeno de
interesse em seu ambiente natural, pela aplicação de diversas metodologias de coleta de
dados, visando obter informações de múltiplas entidades. Além disso, a pesquisa será
bibliográfica, já que os seguintes assuntos serão investigados: tecnologia educacional,
metodologia de ensino, Internet através de estudos de artigos, livros que tratem do
assunto em bibliotecas, sites, instituições e etc.
5. Apresentação do Caso
O caso a seguir relata a experiência de capacitação de docentes para implementação de
tecnologias educacionais, em cursos de graduação presenciais, em uma IES de renome
na cidade de São Paulo. O projeto trata da disseminação e inserção de uso de tecnologia
educacional aplicada à educação, através do desenvolvimento e implementação de
projetos específicos à realidade de cada Faculdade e de cada curso.
Como o projeto está na fase inicial de implementação, os resultados observados
restringem-se à incorporação de novas tecnologias educacionais nos cursos de
Graduação da IES estudada. Mas já podemos destacar uma grande e crescente adoção
das novas tecnologias, tanto por professores, como por alunos que passaram a interagir
também por meio de um ambiente virtual de ensino e aprendizagem.
Um importante destaque é o desenvolvimento de Objetos de Aprendizagem
(Learning Objects – LOs) para 30 (trinta) diferentes disciplinas de primeiro (1º)
semestre dos cursos das Faculdades de Administração e Comunicação. Em cada
disciplina foram desenvolvidos 6 diferentes LOs, totalizando o desenvolvimento inicial
de 180 diferentes objetos.
.
O Projeto previu a criação de uma Coordenadoria de Tecnologia aplicada à
Educação. Esta Coordenadoria tem por objetivo investigar, desenvolver, capacitar e
encorajar o corpo docente em novas práticas e métodos de ensino e aprendizagem,
utilizando as novas tecnologias educacionais. Os serviços oferecidos pela
Coordenadoria poderão ser utilizados por todos os departamentos acadêmicos e cursos
da IES. A coordenadoria organiza o trabalho de um comitê formado por especialistas,
professores e pesquisadores ad hoc oriundos das Faculdades participantes e
envolvimento de profissionais externos à IES, de competência especializada.
a. Tecnologia
A IES estudada, até Agosto de 2008, oferecia aos seus alunos e professores sistemas de
gestão acadêmicos, financeiros e administrativos. Os laboratórios de Informática são
atualizados constantemente, e todos os softwares necessários para todos os cursos são
disponibizados aos alunos. No que se refere especificamente à infraestrutura para o e-
Learning a IES possui equipamentos de Videoconferência, Studio de TV e de rádio,
ilhas de edição de imagem, transmissão via Internet.
O LMS (Learning Management System) utilizado pela IES é o BlackBoard, e
este foi instalado em Dezembro de 2008. Dependendo do curso, uma quantidade maior
ou menor de ferramentas do LMS é utilizada.
O principal objetivo de um LMS é simplificar a administração dos cursos. Este
sistema auxilia os alunos no planejamento individual de seus processos de
aprendizagem, e permite que os mesmos colaborem entre si, através da troca de
informações e conhecimentos. Em linhas gerais, são utilizados no Blackboard as
ferramentas de chat, fóruns de discussão, pré-testes on-line, podcasts, pós-testes on-line,
provas on-line, avaliações de disciplina, avaliações de curso, avaliações de LOs
(Learning Objects), drop-box digital, avisos, calendários, ferramenta anti-plágio
SafeAssign, ferramentas de avaliações em pares, entre outras.
Os LOs são disponibilizados no Blackboard no padrão SCORM. O Blackboard
na IES foi comprado na versão “full”, que engloba as ferramentas Learning
Management System, Community System e o Content System, ou seja, na versão
LCMS, no qual a IES hospeda a biblioteca de todos os LOs disponíveis.
Para gerenciar esta nova etapa da IES, com o início da aplicação e utilização
efetiva das tecnologias na educação, foi criada a Coordenadoria de Tecnologias
Aplicadas à Educação. Esta Coordenadoria tem como uma de suas principais atribuições
atender à todas Faculdades da IES, oferecendo capacitação, suporte e assistência ao
corpo docente e discente, quanto à utilização das tecnologias educacionais.
Deve atuar como foco irradiador de metodologias de ensino e aprendizagem.
Um prestador de serviços para todas as Faculdades da IES. A aplicação das Tecnologias
Educacionais não se restringe meramente ao uso do computador em sala de aula.
Engloba também o uso de outros diversos recursos, como webradio, fotografia, livros e
ambientes de conferência web (webcasting) para suportar aulas enriquecidas por vídeo,
som, imagem e aplicativos diversos, tudo isto de forma simultânea, criando ambientes
de colaboração virtual, síncronos e assíncronos.
A tecnologia de informação e comunicação é utilizada como um recurso, uma
ferramenta para a construção de conhecimento. As formas de aplicação podem ser
através de projetos colaborativos entre alunos e professores, ou atividades planejadas
sobre determinados temas, ou conteúdos didáticos de uma disciplina.
Os alunos elaboram seus trabalhos utilizando softwares de simulação, ou
qualquer um do pacote MS-Office, associados a recursos de web 2.0 (ex: blogs e wikis)
ou até mesmo jogos com simulações. Para busca de informações utilizam os recursos
disponíveis que podem ser a própria Internet, bibliotecas virtuais, bancos de dados,
participam de listas de discussão, fóruns, chats e assistem aulas gravadas via webcast,
diretamente no seu iPod.
Com a utilização da Tecnologia Educacional aplicada a um curso presencial,
torna-se possível simular, praticar ou vivenciar situações fundamentais para a
compreensão de um conhecimento ou modelo que se está demonstrando.
b. Desenho Instrucional
O design instrucional é compreendido como o planejamento do ensino-aprendizagem,
incluindo atividades, estratégias, sistemas de avaliação, métodos e materiais
instrucionais. Tradicionalmente, tem sido vinculado à produção de materiais didáticos,
mais especificamente à produção de materiais analógicos.
Com a incorporação das tecnologias de informação e comunicação, em especial
a Internet, ao processo de ensino-aprendizagem, faz-se necessária uma ação sistemática
de planejamento e a implementação de novas estratégias didáticas e metodologias de
ensino-aprendizagem.
Ao lado das TICs, transformações socioeconômicas, políticas e culturais das
últimas duas décadas colocam em xeque currículos e prioridades educacionais (o que
ensinar), estilos de pedagogia e andragogia (como ensinar) e a própria
institucionalização do ensino (quem detém o poder de ensinar e validar a
aprendizagem), impelindo-nos a uma nova lógica de ensino (LITTO, 1997; KENSKI,
1998).
Define-se Objeto de Aprendizagem como todo conteúdo de caráter instrucional
que tem um, e apenas um, objetivo de aprendizagem explícito; é composto por uma
série de Objetos de Informação (conceitos e/ou exemplos e/ou etc) que por sua vez são
compostos por assets (textos e/ou animações e/ou ilustrações etc); e tem pelo menos um
exercício verificador da retenção do conhecimento por parte do aluno, quanto ao
objetivo de aprendizagem referido. Já os Objetos de Informação são definidos como
todo conteúdo de caráter informacional. Pode ser um conceito, um case etc. Por
exemplo, um texto em PDF.
c. Resultados
O objetivo da introdução das TICs na educação não deve ser um modismo ou estar
atualizado com relação às inovações tecnológicas. Esse tipo de argumentação tem
levado a uma subutilização do potencial destas, que além de economicamente
dispendiosa, traz pouco benefício para o desenvolvimento intelectual do aluno.
Todo processo educativo tem a necessidade de “traduzir” as mensagens
pedagógicas. Por esta razão, quanto mais aprofundamos a pesquisa e o desenvolvimento
das tecnologias educacionais, mais esta se torna presente dentro de uma IES, por meio
de: um sistema integrado de gestão educacional; um repositório de learning objects;
ambientes de colaboração virtual, síncronos e assíncronos; e ambientes de conferência
web (webcasting) para suportar aulas enriquecidas por vídeo, som, imagem e aplicativos
diversos, tudo isto de forma simultânea, promovendo uma singular experiência na
aprendizagem.
Atuamos em uma realidade que se altera em ritmo cada vez mais acelerado e que
envolve graus crescentes de complexidade. É também consensual a percepção de que a
IES estudada deve acompanhar essas mudanças para, no mínimo, não perder sua
condição de instituição pioneira. Portanto, ter uma noção acurada dos fatores que
impõem ou sugerem mudanças é um ponto de partida obrigatório para uma definição da
trajetória futura da educação na IES.
Os resultados obtidos até o momento são resumidamente os seguintes:
a) Metodologia IES de Desenho Instrucional desenvolvida e aprovada.
b) Redesenho das atividades de aprendizagem dos currículos do primeiro
semestre do curso de Administração e do ciclo básico da Faculdade de
Comunicações, que engloba quatro diferentes cursos: Cinema; Rádio e TV;
Publicidade e Propaganda e Relações Públicas.
c) Treinamento e capacitação do grupo de 80 professores, envolvidos
diretamente nas disciplinas cujo Desenho Instrucional foi definido.
d) No projeto piloto da IES estão desenvolvidos:
1) todos os currículos detalhados aula-a-aula e implementados no
LCMS (Blackboard);
2) desenvolvimento de conteúdos pelos professores conteudistas e
desenvolvimento dos respectivos Objetos de Aprendizagem das
30 disciplinas escolhidas;
3) todos os Professores treinados na nova metodologia de ensino e
aprendizagem;
4) todas as atividades de aprendizagem detalhadas e desenvolvidas
utilizando as respectivas tecnologias;
5) sistemas de avaliação redesenhados.
A cada dia, mais e mais a tecnologia está presente de forma transversal dentro
de todos os processos educacionais. Seja para criar cursos híbridos (semipresenciais),
seja para suportar os cursos presenciais por meio de ambientes virtuais, seja, ainda, para
oferecer metodologias e conteúdos digitais, capacitar professores, avaliar alunos, criar
uma matriz curricular comum entre os cursos etc.
Ao tornar-se mais presente dentro da instituição, a tecnologia vai
gradativamente desaparecendo dentro dos processos organizacionais. Ou seja, ela vai
deixando de se tornar protagonista para se tornar coadjuvante. Procedendo desta forma,
sobressaem-se as relações de ensino e aprendizagem, que são o core educacional da
instituição.
Se considerarmos que até Fevereiro de 2009 a ferramenta estava sendo
utilizada quase que exclusivamente pela equipe da Coordenadoria de tecnologia
aplicada a educação e que o acesso ao sistema começou a ser disponibilizado em Março
de 2009, observamos que os números de acessos e as taxas de crescimento de acesso são
muito grandes. Se considerarmos os meses de Março a Julho, constamos um
crescimento de 3.574% no número de alunos. Quanto ao número de professores o
crescimento no mesmo período foi de 1.083%, e o número de disciplinas utilizando o
sistema cresceu 7.536%, conforme pode ser observado na tabela 1.
Tabela 1: Utilização do Blackboard entre Março e Maio de 2009
Mês Fevereiro Março Abril Maio Junho Crescimento
Nº Disciplinas 14 468 623 724 1069 7.536%
Nº Alunos 39 662 781 1.043 1.433 3.574%
Nº de Professores 12 57 69 98 142 1.083%
Nº Acessos 430 10.274 12.349 17.045 18.259 4.146%
Os próximos passos indicam a necessidade do desenvolvimento de um
processo de avaliação da efetividade do aprendizado no novo ambiente, com as
disciplinas desenvolvidas com a metodologia adotada. Novos estudos teóricos são
necessários para o desenvolvimento de métricas comparativas, que permitam qualificar
e quantificar o aprendizado, relacionando-o com a metodologia instrucional empregada.
Finalmente, a completa assimilação das tecnologias em nível departamental e
posteriormente institucional, deverão ser monitoradas e futuramente incorporadas a este
estudo de maneira conclusiva.
Referência Bibliográfica
BELLONI, M. Educação a Distância. São Paulo: Autores Associados, 1999.
CAMPOS, D. Psicologia da Aprendizagem. Petrópolis: Vozes. 1996. 24ª edição.
DEMO, P. A nova LDB: Ranços e avanços. Campinas: Papirus, 1997. 9ª edição.
FREIRE, P. e SHOR, I. Dialogues on Transforming Education. Londres:
MACMILLAN, 1986.
GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 3. ed. São Paulo: Atlas, 1996.
LITTO, F (1997). Um modelo para prioridades educacionais numa sociedade de
informação. In: Pátio – Revista Pedagógica, Ano I, n.3, p.15-21, Nov.97/jan98.
MAIER, P. e WARREN A. Integr@ting Technology in Learning and Teaching.
London: Kogan Page, 2000.
MALHOTRA, N. K. Marketing research: an applied orientation. 3. ed. Upper Saddle
River: Prentice Hall, 1999.
MATTAR, F. N. Pesquisa de marketing: metodologia, planejamento, execução, análise.
São Paulo: Atlas, 1997.
MISUKAMI, M. G. Ensino: As abordagens do Processo. São Paulo: EPU, 1986.
MORAN, J. M. Desafios da Internet para o Professor. Disponível em:
<http://www.eca.usp.br/eca/prof/moran/desafio.htm>. Acesso em: 10 out. 2005.
MOURA, A. M. et al. As Teorias de Aprendizagem e os Recursos da Internet
Auxiliando o Professor na Construção do Conhecimento. In: Associação Brasileira
de Educação A Distância, VIII, 2001. Anais. Brasília: ABED, 2001.
NEITZEL, L. C. Novas Tecnologias e Práticas Docentes: o hipertexto no processo de
construção do conhecimento (uma experiência vivenciada na rede pública estadual
de Santa Catarina). 2001. Dissertação (Mestrado), UFSC, Florianópolis.
NIQUINI, D. P. e BOTELHO, F. V. Telemática na Educação. Disponível em:
<http://www.intelecto.net/EaD/tele1.htm>. Acesso em: 10 jun. 2005.
PIAGET, J. Psicologia e Pedagogia. Rio de Janeiro: Forense-Universitária, 1975. 3ª ed.
PILETTI, C. Didática Geral. São Paulo: Editora Ática. 1997. 20ª edição.
PINHEIRO, B. M. e GONÇALVES, M. H. O Processo Ensino-Aprendizagem. Rio de
Janeiro: Editora SENAC Nacional, 2001.
SAVIANI, N. Saber Escolar, Currículo e Didática. Campinas. Autores Associados, 94.
VALENTE, J. A. Por Quê o Computador na Educação. Em J.A. Valente (Org.),
Computadores e Conhecimento: repensando a educação (pp. 24-44). Campinas, SP:
Gráfica da UNICAMP, 1993.
VASCONCELLOS, C. S. Planejamento: plano de ensino-aprendizagem e projeto
educativo. São Paulo: Libertad, 1995.
VERGARA, S. C. Projetos e Relatórios de Pesquisa em Administração. São Paulo:
Atlas, 1998. 2ª edição.
WOLFF, L. Tecnologia Instrucional. In: CASTRO, C. M. Educação na Era da
Informação. Rio de Janeiro: BID: UniverCidade, 2001.
YIN, R. Estudo de caso: Planejamento e Métodos. Porto Alegre: Bookman, 2001. 2ª
edição.

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  • 1. OS PARADIGMAS DAS TECNOLOGIAS EDUCACIONAIS MUDANDO O ENSINO PRESENCIAL Marta de Campos Maia1 1 Coordenadoria de Tecnologia aplicada à Educação – Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP) Rua Ceará, 84 – 01243-010 – São Paulo – SP – Brasil Resumo. Para que as tecnologias educacionais sejam efetivamente utilizadas como um recurso no processo de ensino e aprendizagem e para que ocorra uma autêntica transformação nas formas de ensinar e aprender, é preciso que as Instituições de Ensino Superior (IES) estejam preparadas. Para tanto, é necessária uma mudança na abordagem pedagógica dos envolvidos no desenvolvimento, especialmente os professores, para exploração das potencialidades deste novo ambiente de ensino-aprendizado. Considerando tais fatores, destaca-se que o objetivo deste trabalho é apresentar o desenvolvimento de um projeto para facilitar a adoção e disseminação do uso de tecnologias educacionais por professores que atuam em cursos presenciais. 1. Introdução As relações de ensino e aprendizagem são tão antigas quanto a própria humanidade e ao longo da história foram adquirindo cada vez mais importância em dada situação. Porém, o ensino não é restrito à sala de aula e nem a escola é o único lugar onde a educação acontece, ou a única fonte de aprendizagem. O conceito de educação e, também, o de ensino evoluíram a partir de questionamentos e pesquisas Saviani (1994), Misukami (1986), Vasconcellos (1995), Campos (1996) e Demo (1997). A utilização das novas tecnologias de informação e de comunicação (TICs) tem contribuído para a transformação do aprendizado. Uma parte significativa desta transformação está relacionada à aplicação de tais tecnologias com os já conhecidos recursos educacionais na Educação a Distância (EaD), como veículo para alcançar novos públicos e desenvolver novas metodologias de ensino, as quais possam ser utilizadas como mecanismo complementar, substitutivo ou integrante do ensino presencial. As tecnologias educacionais utilizadas na EaD trazem em si uma revolução nos paradigmas educacionais atuais, à medida que apresentam diversas oportunidades para as Instituições de Ensino Superior (IES) para integrar e enriquecer os materiais instrucionais. Além disso, proporcionam novas formas de interação e comunicação entre professores e alunos. O objetivo da introdução das TICs na educação não deve ser tomado por um modismo ou uma forma de se estar atualizado com relação às inovações tecnológicas (Valente, 1993). Esse tipo de argumentação tem levado a uma subutilização do potencial destas, que além de se tornar economicamente dispendiosa, traz poucos benefícios para o desenvolvimento intelectual do aluno.
  • 2. Implantar tecnologia é uma tarefa relativamente fácil se comparada à mudança dos processos de ensino, que já é mais complexa e difícil de se promover (MAIER e WARREN, 2000). Para promover as mudanças, os esforços devem ser concentrados nas pessoas chaves, que são os professores. Estes devem ser capacitados para a promoção das mudanças, tornando-se agentes, segundo Demo (1997). Capacitar os professores não significa simplesmente promover treinamentos de uso das novas TICs, mas sim, conduzir um processo articulado de mudança de mentalidade face à educação, uma mudança do currículo e dos conteúdos das disciplinas, além de uma mudança dos materiais a serem trabalhados. Sabe-se hoje que, sozinha, a tecnologia não é capaz de concretizar tal transformação na educação. Mas no futuro próximo, os benefícios da implantação das TICs nos processos educacionais serão cada vez mais sentidos no ensino presencial. A questão central no estudo proposto neste trabalho pode ser resumida em: como incentivar a adoção de novas tecnologias educacionais, nos cursos presenciais, pelo corpo docente de uma IES? Serão apresentadas as ações adotadas que resultaram num enorme crescimento e disseminação da utilização das novas tecnologias nos cursos presenciais. 2. Resumo do referencial Teórico O uso de novas tecnologias deve oferecer a possibilidade de reformulação constante dos cursos e de monitoramento da aprendizagem do aluno. A aprendizagem por meio de ambientes virtuais já é uma realidade em uma parcela das instituições educacionais. Para consolidar e expandir essa situação, será necessário que a escolha da tecnologia para construção e utilização destes ambientes esteja submetida a uma estratégia didático-pedagógica compatível com as necessidades dos usuários, segundo Niquini e Botelho (2005). Segundo os novos paradigmas educacionais, o computador, o software educativo e a Internet estão no centro do debate sobre o emprego das novas tecnologias na educação e, o objetivo destas tecnologias é permitir a criação de ambientes de aprendizagem (NIQUINI e BOTELHO, 2005). O LMS (Learning Management System), ou Sistema Gerenciador do Processo de Aprendizagem, tem por objetivo simplificar a administração de cursos. Este sistema auxilia os alunos no planejamento individual de seus processos de aprendizagem, e permite que os mesmos colaborem entre si, através da troca de informações e conhecimentos. Para os supervisores e administradores, o sistema faz o rastreamento de dados, disponibiliza informações, auxilia na análise e gera relatórios sobre o progresso dos participantes. O LMS escolhido precisa oferecer atividades variadas que provoquem o envolvimento do aluno, de maneira a repassar o conteúdo que está sendo trabalhado. Estas atividades exercidas durante o curso devem estar de acordo com as habilidades que se visa desenvolver no aluno. 3. Tecnologia e Educação Como já ressaltado, as relações de ensino e aprendizagem são tão antigas quanto a própria humanidade e foram adquirindo, em dada situação, cada vez mais importância
  • 3. ao longo da história. Porém, o ensino não está restrito à sala de aula e nem a escola é o único lugar onde a educação acontece, ou a única fonte de aprendizagem. Para ser uma situação de ensino e aprendizagem, de acordo com Piletti (1997), basta que se tenha uma atitude científica diante da realidade e esta postura é a geradora do progresso tecnológico e educacional. As teorias educacionais continuam a evoluir e, na atualidade, há uma maior ênfase em processos educacionais envolvidos na construção do conhecimento em sala de aula. Este processo, na opinião de Vasconcellos (1995), compreende qualquer espaço físico onde haja interação direta entre professor e aluno, passando pela prática, seleção de conteúdos, posições políticas e ideológicas, transmitindo e recebendo “afetos e valores”. Já no que se refere à aprendizagem, este é um processo individual que se realiza internamente, isto é, corresponde às mudanças que ocorrem nas estruturas cognitivas internas. Esse processo de modo geral, desenvolve-se da seguinte forma: a pessoa vive em interação com o meio ambiente, do qual recebe desafios permanentes. Tais desafios ativam suas estruturas mentais, permitindo-lhe elaborar esquemas de solução que sejam satisfatórios à sua adaptação ou à transformação do meio (Pinheiro e Gonçalves, 2001; Wolff, 2001). Estamos permanentemente aprendendo em todas as situações em nossas vidas. Mas o que é imperativo nos dias de hoje, em que predomina a educação permanente e a renovação incessante do conhecimento, não é somente aprender, mas sim aprender a aprender, segundo Piaget (1975). E, para que estes objetivos sejam alcançados, é necessário que a relação pedagógica seja elaborada com base metodológica e planejamento para cada curso. Ao professor cabe o esforço reconstrutivo agrupando todas as teorias modernas de aprendizagem. Cabe destacar que o trabalho do professor não se realiza arbitrária ou casualmente. A ação do professor deve estar sempre comprometida com uma certa visão de homem e de sociedade, com certos valores, que condicionam as relações estabelecidas no processo ensino-aprendizagem (Pinheiro e Gonçalves, 2001; Wolff, 2001). Segundo Pedro Demo (1997), não há educação nenhuma em assistir a aulas, tomar notas e ser avaliado no final do bimestre. A isso ele chama ora de instrução, ora de transmissão de conhecimento. Aprendizagem é, por excelência, construção; ação e tomada de consciência da coordenação das ações. Na prática pedagógica é importante o professor conhecer como ocorre a aprendizagem e ter claro a sua posição. No ensino de Ciências, como no ensino informatizado, existe um consenso de que as atividades experimentais são essenciais para a aprendizagem científica, mas essas atividades devem levar o aluno a ter ações eficazes, modificando suas estruturas e, talvez, até criando uma nova estrutura, sempre a partir de um processo de desenvolvimento (Moura et al, 2001). Novo papel dos Professores Para promover as mudanças, os esforços devem ser concentrados nas pessoas-chave, que são os professores. Estes devem ser capacitados para a promoção das mudanças, tornando-se agentes. Capacitar os professores não significa simplesmente promover treinamentos de uso das novas ferramentas de informática mas, sim, conduzir um processo articulado de mudança de mentalidade perante a educação, uma mudança do currículo e dos conteúdos das disciplinas, além de uma mudança dos materiais a serem
  • 4. trabalhados. Os professores e os tutores funcionam como uma chave para direcionar os alunos ao aprendizado motivado. O computador aplicado ao aprendizado facilita a realização do pensamento formal, abstrato. Piaget (1975) afirma que, você pode encontrar adultos que não são capazes de compreender como se estabelece o próprio pensamento, e é nesse momento, que o computador pode possibilitar na construção dos próprios modelos mentais. Tecnologia Educacional A tecnologia deve ser utilizada como um catalisador de uma mudança do paradigma educacional (Valente, 1993). Um paradigma que promove a aprendizagem ao invés do ensino, que coloca o controle do processo de aprendizagem nas mãos do aprendiz, e que auxilia o professor a entender que a educação não é somente a transferência de conhecimento, mas um processo de construção do conhecimento pelo aluno, como produto do seu próprio engajamento intelectual ou do aluno como um todo (Neitzel, 2001). As tecnologias não substituem o professor, mas permitem que algumas das tarefas e funções dos professores possam ser modificadas (Moran, 2005). A tarefa de passar informações pode ser deixada aos bancos de dados, livros, vídeos ou programas em CD-ROM, segundo Freire e Shor (1986). A mediação pedagógica, ou seja, os modos e meios de produção e disponibilização dos materiais exercem uma influência direta sobre a aprendizagem do aluno e sobre os modos de agir e participar dos estudantes. Todo processo educativo é também mediatizado, uma vez que existe a necessidade de se “traduzir” as mensagens pedagógicas. A mediatização é essencial, para se potencializar as virtudes comunicacionais (Belloni, 1999). A figura 1 apresenta os recursos disponíveis que podem encorajar o uso de múltiplos enfoques, que podem ser aplicados no desenho instrucional de um curso. Figura 1: Recursos para encorajar múltiplos enfoques para o aprendizado Fonte: baseado em MAIER e WARREN (2000) 4. Metodologia de Pesquisa Além do levantamento bibliográfico para a construção do referencial teórico (Malhotra, 1999) constituído pelos modelos estudados, a metodologia utilizada neste trabalho foi o Recursos Estruturados •Tutoriais •Exercícios •Quizzes •Guias Recursos Estruturados Aprendizagem Experimental Aprendizagem por pesquisa Recursos Primários •Texto •Vídeo •Imagens •Som Recursos baseados na experiência •Estudo de casos •Simulações •Resolução de problemas •Jogos •Trabalho de campo
  • 5. estudo de caso – devido às questões básicas de pesquisa, ausência de controle dos eventos comportamentais e ênfase nos eventos contemporâneos (Yin, 2001). A capacitação contínua e permanente dos professores tem enfoque em duas áreas: metodologia de ensino que visa o ensino presencial e a distância, e o uso prático dos recursos tecnológicos que mediarão o processo de aprendizagem. Visando o uso de recursos tecnológicos para a mediação da aprendizagem, será analisada a evolução de um programa de capacitação de professores na IES em estudo. O atual estudo pode ser considerado como exploratório e descritivo. Segundo Mattar (1997, p. 80), “a pesquisa exploratória visa prover o pesquisador de um maior conhecimento sobre o tema ou problema de pesquisa em perspectiva”. Segundo este autor, a pesquisa exploratória utiliza métodos como: levantamento em fontes secundárias, experiências, estudo de caso e observação informal. Para Gil (1996), a pesquisa descritiva tem como principal característica a utilização de métodos padronizados de coleta de dados, como o questionário e a observação. Vergara (1998) propõe uma taxonomia para classificar os tipos de pesquisa, segundo dois critérios básicos: quanto aos fins e quanto aos meios de investigação. Essa pesquisa é classificada quanto aos fins, como sendo exploratória e quanto aos meios de investigação, como pesquisa de campo - por meio do método de estudo de caso (Yin, 2001) e bibliográfica. O estudo considerou e respeitou os vários aspectos, condições, recomendações, componentes e requisitos, definidos por vários autores, dentre eles Yin (2001).Um estudo de caso é um questionamento empírico que investiga um fenômeno contemporâneo com seus contextos de vida real, quando as fronteiras entre fenômeno e contexto não são claramente evidentes, e nos quais fontes múltiplas de evidência são usadas (Yin, 2001). Yin (2001) define o estudo de caso como o método que examina o fenômeno de interesse em seu ambiente natural, pela aplicação de diversas metodologias de coleta de dados, visando obter informações de múltiplas entidades. Além disso, a pesquisa será bibliográfica, já que os seguintes assuntos serão investigados: tecnologia educacional, metodologia de ensino, Internet através de estudos de artigos, livros que tratem do assunto em bibliotecas, sites, instituições e etc. 5. Apresentação do Caso O caso a seguir relata a experiência de capacitação de docentes para implementação de tecnologias educacionais, em cursos de graduação presenciais, em uma IES de renome na cidade de São Paulo. O projeto trata da disseminação e inserção de uso de tecnologia educacional aplicada à educação, através do desenvolvimento e implementação de projetos específicos à realidade de cada Faculdade e de cada curso. Como o projeto está na fase inicial de implementação, os resultados observados restringem-se à incorporação de novas tecnologias educacionais nos cursos de Graduação da IES estudada. Mas já podemos destacar uma grande e crescente adoção das novas tecnologias, tanto por professores, como por alunos que passaram a interagir também por meio de um ambiente virtual de ensino e aprendizagem. Um importante destaque é o desenvolvimento de Objetos de Aprendizagem (Learning Objects – LOs) para 30 (trinta) diferentes disciplinas de primeiro (1º) semestre dos cursos das Faculdades de Administração e Comunicação. Em cada
  • 6. disciplina foram desenvolvidos 6 diferentes LOs, totalizando o desenvolvimento inicial de 180 diferentes objetos. . O Projeto previu a criação de uma Coordenadoria de Tecnologia aplicada à Educação. Esta Coordenadoria tem por objetivo investigar, desenvolver, capacitar e encorajar o corpo docente em novas práticas e métodos de ensino e aprendizagem, utilizando as novas tecnologias educacionais. Os serviços oferecidos pela Coordenadoria poderão ser utilizados por todos os departamentos acadêmicos e cursos da IES. A coordenadoria organiza o trabalho de um comitê formado por especialistas, professores e pesquisadores ad hoc oriundos das Faculdades participantes e envolvimento de profissionais externos à IES, de competência especializada. a. Tecnologia A IES estudada, até Agosto de 2008, oferecia aos seus alunos e professores sistemas de gestão acadêmicos, financeiros e administrativos. Os laboratórios de Informática são atualizados constantemente, e todos os softwares necessários para todos os cursos são disponibizados aos alunos. No que se refere especificamente à infraestrutura para o e- Learning a IES possui equipamentos de Videoconferência, Studio de TV e de rádio, ilhas de edição de imagem, transmissão via Internet. O LMS (Learning Management System) utilizado pela IES é o BlackBoard, e este foi instalado em Dezembro de 2008. Dependendo do curso, uma quantidade maior ou menor de ferramentas do LMS é utilizada. O principal objetivo de um LMS é simplificar a administração dos cursos. Este sistema auxilia os alunos no planejamento individual de seus processos de aprendizagem, e permite que os mesmos colaborem entre si, através da troca de informações e conhecimentos. Em linhas gerais, são utilizados no Blackboard as ferramentas de chat, fóruns de discussão, pré-testes on-line, podcasts, pós-testes on-line, provas on-line, avaliações de disciplina, avaliações de curso, avaliações de LOs (Learning Objects), drop-box digital, avisos, calendários, ferramenta anti-plágio SafeAssign, ferramentas de avaliações em pares, entre outras. Os LOs são disponibilizados no Blackboard no padrão SCORM. O Blackboard na IES foi comprado na versão “full”, que engloba as ferramentas Learning Management System, Community System e o Content System, ou seja, na versão LCMS, no qual a IES hospeda a biblioteca de todos os LOs disponíveis. Para gerenciar esta nova etapa da IES, com o início da aplicação e utilização efetiva das tecnologias na educação, foi criada a Coordenadoria de Tecnologias Aplicadas à Educação. Esta Coordenadoria tem como uma de suas principais atribuições atender à todas Faculdades da IES, oferecendo capacitação, suporte e assistência ao corpo docente e discente, quanto à utilização das tecnologias educacionais. Deve atuar como foco irradiador de metodologias de ensino e aprendizagem. Um prestador de serviços para todas as Faculdades da IES. A aplicação das Tecnologias Educacionais não se restringe meramente ao uso do computador em sala de aula. Engloba também o uso de outros diversos recursos, como webradio, fotografia, livros e ambientes de conferência web (webcasting) para suportar aulas enriquecidas por vídeo, som, imagem e aplicativos diversos, tudo isto de forma simultânea, criando ambientes de colaboração virtual, síncronos e assíncronos.
  • 7. A tecnologia de informação e comunicação é utilizada como um recurso, uma ferramenta para a construção de conhecimento. As formas de aplicação podem ser através de projetos colaborativos entre alunos e professores, ou atividades planejadas sobre determinados temas, ou conteúdos didáticos de uma disciplina. Os alunos elaboram seus trabalhos utilizando softwares de simulação, ou qualquer um do pacote MS-Office, associados a recursos de web 2.0 (ex: blogs e wikis) ou até mesmo jogos com simulações. Para busca de informações utilizam os recursos disponíveis que podem ser a própria Internet, bibliotecas virtuais, bancos de dados, participam de listas de discussão, fóruns, chats e assistem aulas gravadas via webcast, diretamente no seu iPod. Com a utilização da Tecnologia Educacional aplicada a um curso presencial, torna-se possível simular, praticar ou vivenciar situações fundamentais para a compreensão de um conhecimento ou modelo que se está demonstrando. b. Desenho Instrucional O design instrucional é compreendido como o planejamento do ensino-aprendizagem, incluindo atividades, estratégias, sistemas de avaliação, métodos e materiais instrucionais. Tradicionalmente, tem sido vinculado à produção de materiais didáticos, mais especificamente à produção de materiais analógicos. Com a incorporação das tecnologias de informação e comunicação, em especial a Internet, ao processo de ensino-aprendizagem, faz-se necessária uma ação sistemática de planejamento e a implementação de novas estratégias didáticas e metodologias de ensino-aprendizagem. Ao lado das TICs, transformações socioeconômicas, políticas e culturais das últimas duas décadas colocam em xeque currículos e prioridades educacionais (o que ensinar), estilos de pedagogia e andragogia (como ensinar) e a própria institucionalização do ensino (quem detém o poder de ensinar e validar a aprendizagem), impelindo-nos a uma nova lógica de ensino (LITTO, 1997; KENSKI, 1998). Define-se Objeto de Aprendizagem como todo conteúdo de caráter instrucional que tem um, e apenas um, objetivo de aprendizagem explícito; é composto por uma série de Objetos de Informação (conceitos e/ou exemplos e/ou etc) que por sua vez são compostos por assets (textos e/ou animações e/ou ilustrações etc); e tem pelo menos um exercício verificador da retenção do conhecimento por parte do aluno, quanto ao objetivo de aprendizagem referido. Já os Objetos de Informação são definidos como todo conteúdo de caráter informacional. Pode ser um conceito, um case etc. Por exemplo, um texto em PDF. c. Resultados O objetivo da introdução das TICs na educação não deve ser um modismo ou estar atualizado com relação às inovações tecnológicas. Esse tipo de argumentação tem levado a uma subutilização do potencial destas, que além de economicamente dispendiosa, traz pouco benefício para o desenvolvimento intelectual do aluno. Todo processo educativo tem a necessidade de “traduzir” as mensagens pedagógicas. Por esta razão, quanto mais aprofundamos a pesquisa e o desenvolvimento das tecnologias educacionais, mais esta se torna presente dentro de uma IES, por meio de: um sistema integrado de gestão educacional; um repositório de learning objects; ambientes de colaboração virtual, síncronos e assíncronos; e ambientes de conferência
  • 8. web (webcasting) para suportar aulas enriquecidas por vídeo, som, imagem e aplicativos diversos, tudo isto de forma simultânea, promovendo uma singular experiência na aprendizagem. Atuamos em uma realidade que se altera em ritmo cada vez mais acelerado e que envolve graus crescentes de complexidade. É também consensual a percepção de que a IES estudada deve acompanhar essas mudanças para, no mínimo, não perder sua condição de instituição pioneira. Portanto, ter uma noção acurada dos fatores que impõem ou sugerem mudanças é um ponto de partida obrigatório para uma definição da trajetória futura da educação na IES. Os resultados obtidos até o momento são resumidamente os seguintes: a) Metodologia IES de Desenho Instrucional desenvolvida e aprovada. b) Redesenho das atividades de aprendizagem dos currículos do primeiro semestre do curso de Administração e do ciclo básico da Faculdade de Comunicações, que engloba quatro diferentes cursos: Cinema; Rádio e TV; Publicidade e Propaganda e Relações Públicas. c) Treinamento e capacitação do grupo de 80 professores, envolvidos diretamente nas disciplinas cujo Desenho Instrucional foi definido. d) No projeto piloto da IES estão desenvolvidos: 1) todos os currículos detalhados aula-a-aula e implementados no LCMS (Blackboard); 2) desenvolvimento de conteúdos pelos professores conteudistas e desenvolvimento dos respectivos Objetos de Aprendizagem das 30 disciplinas escolhidas; 3) todos os Professores treinados na nova metodologia de ensino e aprendizagem; 4) todas as atividades de aprendizagem detalhadas e desenvolvidas utilizando as respectivas tecnologias; 5) sistemas de avaliação redesenhados. A cada dia, mais e mais a tecnologia está presente de forma transversal dentro de todos os processos educacionais. Seja para criar cursos híbridos (semipresenciais), seja para suportar os cursos presenciais por meio de ambientes virtuais, seja, ainda, para oferecer metodologias e conteúdos digitais, capacitar professores, avaliar alunos, criar uma matriz curricular comum entre os cursos etc. Ao tornar-se mais presente dentro da instituição, a tecnologia vai gradativamente desaparecendo dentro dos processos organizacionais. Ou seja, ela vai deixando de se tornar protagonista para se tornar coadjuvante. Procedendo desta forma, sobressaem-se as relações de ensino e aprendizagem, que são o core educacional da instituição. Se considerarmos que até Fevereiro de 2009 a ferramenta estava sendo utilizada quase que exclusivamente pela equipe da Coordenadoria de tecnologia aplicada a educação e que o acesso ao sistema começou a ser disponibilizado em Março de 2009, observamos que os números de acessos e as taxas de crescimento de acesso são muito grandes. Se considerarmos os meses de Março a Julho, constamos um crescimento de 3.574% no número de alunos. Quanto ao número de professores o crescimento no mesmo período foi de 1.083%, e o número de disciplinas utilizando o sistema cresceu 7.536%, conforme pode ser observado na tabela 1.
  • 9. Tabela 1: Utilização do Blackboard entre Março e Maio de 2009 Mês Fevereiro Março Abril Maio Junho Crescimento Nº Disciplinas 14 468 623 724 1069 7.536% Nº Alunos 39 662 781 1.043 1.433 3.574% Nº de Professores 12 57 69 98 142 1.083% Nº Acessos 430 10.274 12.349 17.045 18.259 4.146% Os próximos passos indicam a necessidade do desenvolvimento de um processo de avaliação da efetividade do aprendizado no novo ambiente, com as disciplinas desenvolvidas com a metodologia adotada. Novos estudos teóricos são necessários para o desenvolvimento de métricas comparativas, que permitam qualificar e quantificar o aprendizado, relacionando-o com a metodologia instrucional empregada. Finalmente, a completa assimilação das tecnologias em nível departamental e posteriormente institucional, deverão ser monitoradas e futuramente incorporadas a este estudo de maneira conclusiva. Referência Bibliográfica BELLONI, M. Educação a Distância. São Paulo: Autores Associados, 1999. CAMPOS, D. Psicologia da Aprendizagem. Petrópolis: Vozes. 1996. 24ª edição. DEMO, P. A nova LDB: Ranços e avanços. Campinas: Papirus, 1997. 9ª edição. FREIRE, P. e SHOR, I. Dialogues on Transforming Education. Londres: MACMILLAN, 1986. GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 3. ed. São Paulo: Atlas, 1996. LITTO, F (1997). Um modelo para prioridades educacionais numa sociedade de informação. In: Pátio – Revista Pedagógica, Ano I, n.3, p.15-21, Nov.97/jan98. MAIER, P. e WARREN A. Integr@ting Technology in Learning and Teaching. London: Kogan Page, 2000. MALHOTRA, N. K. Marketing research: an applied orientation. 3. ed. Upper Saddle River: Prentice Hall, 1999. MATTAR, F. N. Pesquisa de marketing: metodologia, planejamento, execução, análise. São Paulo: Atlas, 1997. MISUKAMI, M. G. Ensino: As abordagens do Processo. São Paulo: EPU, 1986. MORAN, J. M. Desafios da Internet para o Professor. Disponível em: <http://www.eca.usp.br/eca/prof/moran/desafio.htm>. Acesso em: 10 out. 2005. MOURA, A. M. et al. As Teorias de Aprendizagem e os Recursos da Internet Auxiliando o Professor na Construção do Conhecimento. In: Associação Brasileira de Educação A Distância, VIII, 2001. Anais. Brasília: ABED, 2001. NEITZEL, L. C. Novas Tecnologias e Práticas Docentes: o hipertexto no processo de construção do conhecimento (uma experiência vivenciada na rede pública estadual de Santa Catarina). 2001. Dissertação (Mestrado), UFSC, Florianópolis.
  • 10. NIQUINI, D. P. e BOTELHO, F. V. Telemática na Educação. Disponível em: <http://www.intelecto.net/EaD/tele1.htm>. Acesso em: 10 jun. 2005. PIAGET, J. Psicologia e Pedagogia. Rio de Janeiro: Forense-Universitária, 1975. 3ª ed. PILETTI, C. Didática Geral. São Paulo: Editora Ática. 1997. 20ª edição. PINHEIRO, B. M. e GONÇALVES, M. H. O Processo Ensino-Aprendizagem. Rio de Janeiro: Editora SENAC Nacional, 2001. SAVIANI, N. Saber Escolar, Currículo e Didática. Campinas. Autores Associados, 94. VALENTE, J. A. Por Quê o Computador na Educação. Em J.A. Valente (Org.), Computadores e Conhecimento: repensando a educação (pp. 24-44). Campinas, SP: Gráfica da UNICAMP, 1993. VASCONCELLOS, C. S. Planejamento: plano de ensino-aprendizagem e projeto educativo. São Paulo: Libertad, 1995. VERGARA, S. C. Projetos e Relatórios de Pesquisa em Administração. São Paulo: Atlas, 1998. 2ª edição. WOLFF, L. Tecnologia Instrucional. In: CASTRO, C. M. Educação na Era da Informação. Rio de Janeiro: BID: UniverCidade, 2001. YIN, R. Estudo de caso: Planejamento e Métodos. Porto Alegre: Bookman, 2001. 2ª edição.