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Deus ex machina
      ou

Deus ex homo?




                  Fernando Melo
                  Manuel Loureiro
                  Patrícia Rocha
                  Renato Roque
Deus ex machina ou Deus ex homo


 Turing é um dos matemáticos mais famosos do século XX, por ter
 sido capaz, num artigo de 1936, de responder ao desafio de
 Hilbert e por ter apresentado uma solução, para resolver todos os
 problemas matemáticos devidamente formulados, com uma
 máquina, a MdT.




                                                                 2
Alan Turing


     Uns anos mais tarde, em 1950,
     Turing escreveu um artigo em
     que defendia que no prazo de 50
     anos as máquinas – ou seja os
     computadores – seriam capazes
     de pensar.
     Este artigo foi objecto de
     polémicas e de discussões
     enormes que ainda hoje se
     mantêm




                                       3
O jogo da imitação

Perante a dificuldade de definir “ o que é pensar” e sobretudo
como provar o pensamento das máquinas, Turing propõe um
jogo: o jogo da imitação.




                                                                 4
Variante do jogo da imitação
Propõe depois uma variante do jogo, onde o computador substitui
o homem e onde o objectivo do jogo passa a ser identificar a
máquina. Turing acredita que modificando um computador para
ter uma capacidade de memória adequada, aumentando
satisfatoriamente a sua velocidade de trabalho e fornecendo-lhe
um programa apropriado, podemos fazer com que desempenhe o
papel de A no jogo da imitação, tão bem ou melhor do que um
humano.




Segundo ele, se isto acontecer, as máquinas pensam…
                                                                  5
As críticas e a situação actual
O artigo foi objecto de muitas polémicas, quase todas centradas,
como se esperaria, no conceito de pensar e de inteligência, mas o
que é curioso é constatar que até 1991 não houve qualquer
tentativa concreta para implementar o teste.

Desde 1991 tem-se realizado anualmente um célebre concurso,
promovido por Hugo Loebner, onde são premiadas as máquinas
mais próximas de um humano, mas onde até hoje nenhuma
arrecadou o 1º prémio, pois nenhuma passou o teste de Turing,
superando os humanos em absoluto, apesar de logo na primeira
edição ter havido vários programas que foram confundidos com
humanos por elementos do júri, e ter acontecido um humano (que
tinha um conhecimento fora do comum da obra de Shakespeare)
ser tomado por um programa de computador.



                                                                    6
Alguns números curiosos do artigo
• Turing afirma cheio de orgulho por exemplo que já é capaz de
  produzir cerca de mil bits de código por dia
• Que o super computador de Manchester tem uma capacidade de
  165000 bits, ou seja uma memória de cerca de 20K
• Para suportar a sua conjectura, diz acreditar numa capacidade de
  memória de 109 bits, como uma meta possível para o ano 2000.
  Hoje, cada um de nós em suas casas, terá pequenos computadores,
  com mais de 1012 bits de capacidade, ou seja mais de mil vezes o
  que Turing foi capaz de prever.
• Turing suporta a sua previsão de máquinas com capacidade de
  aprendizagem com a capacidade “espantosa” que, quanto a ele, já
  seria possível de implementar nessa altura: 10 mega bits ou seja
  cerca de 1 MByte de memória!


Estes números evidenciam a dificuldade em prever o futuro, mesmo
para um cientista com a visão de Turing

                                                                   7
E já agora

Se estiverem
interessados leiam o
anexo do artigo, onde
encontram aquilo que
realmente nos deu gozo,
o verdadeiro lado lúdico e
de jogo associado à MdT.

Nesse anexo propomos
uma solução para a MdT,
capaz de decidir com
base no teste de Turing,
se as máquinas pensam.



                                  8
Extensão do cenário anterior




Neste cenário temos uma situação aparentemente paradoxal em
que uma máquina de Turing decide se outra máquina de Turing
pensa. Mas esta situação é afinal a mesma do cenário anterior,
pois Turing demonstrou uma equivalência entre qualquer
computador e uma MdT, a MdT que lhe equivale.

                                                                 9
Extensão do cenário anterior




E afinal é a situações paradoxais destas a que assistimos todos os
dias. Ou não vai ser um humano a decidir qual o valor a dar ao
nosso trabalho, que foi produzido também por humanos?

Uma pergunta óbvia neste cenário seria. A MdT juiz também
pensa? Pode alguém que não pensa decidir que outro alguém
pensa? Se se exigir que o juiz passe na prova do jogo de imitação
para poder ser juiz, quem vai avaliar o primeiro juiz? Perguntas
que ficam para o próximo trabalho                                 10

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Deus ex machina - apresentação sobre artigo

  • 1. Deus ex machina ou Deus ex homo? Fernando Melo Manuel Loureiro Patrícia Rocha Renato Roque
  • 2. Deus ex machina ou Deus ex homo Turing é um dos matemáticos mais famosos do século XX, por ter sido capaz, num artigo de 1936, de responder ao desafio de Hilbert e por ter apresentado uma solução, para resolver todos os problemas matemáticos devidamente formulados, com uma máquina, a MdT. 2
  • 3. Alan Turing Uns anos mais tarde, em 1950, Turing escreveu um artigo em que defendia que no prazo de 50 anos as máquinas – ou seja os computadores – seriam capazes de pensar. Este artigo foi objecto de polémicas e de discussões enormes que ainda hoje se mantêm 3
  • 4. O jogo da imitação Perante a dificuldade de definir “ o que é pensar” e sobretudo como provar o pensamento das máquinas, Turing propõe um jogo: o jogo da imitação. 4
  • 5. Variante do jogo da imitação Propõe depois uma variante do jogo, onde o computador substitui o homem e onde o objectivo do jogo passa a ser identificar a máquina. Turing acredita que modificando um computador para ter uma capacidade de memória adequada, aumentando satisfatoriamente a sua velocidade de trabalho e fornecendo-lhe um programa apropriado, podemos fazer com que desempenhe o papel de A no jogo da imitação, tão bem ou melhor do que um humano. Segundo ele, se isto acontecer, as máquinas pensam… 5
  • 6. As críticas e a situação actual O artigo foi objecto de muitas polémicas, quase todas centradas, como se esperaria, no conceito de pensar e de inteligência, mas o que é curioso é constatar que até 1991 não houve qualquer tentativa concreta para implementar o teste. Desde 1991 tem-se realizado anualmente um célebre concurso, promovido por Hugo Loebner, onde são premiadas as máquinas mais próximas de um humano, mas onde até hoje nenhuma arrecadou o 1º prémio, pois nenhuma passou o teste de Turing, superando os humanos em absoluto, apesar de logo na primeira edição ter havido vários programas que foram confundidos com humanos por elementos do júri, e ter acontecido um humano (que tinha um conhecimento fora do comum da obra de Shakespeare) ser tomado por um programa de computador. 6
  • 7. Alguns números curiosos do artigo • Turing afirma cheio de orgulho por exemplo que já é capaz de produzir cerca de mil bits de código por dia • Que o super computador de Manchester tem uma capacidade de 165000 bits, ou seja uma memória de cerca de 20K • Para suportar a sua conjectura, diz acreditar numa capacidade de memória de 109 bits, como uma meta possível para o ano 2000. Hoje, cada um de nós em suas casas, terá pequenos computadores, com mais de 1012 bits de capacidade, ou seja mais de mil vezes o que Turing foi capaz de prever. • Turing suporta a sua previsão de máquinas com capacidade de aprendizagem com a capacidade “espantosa” que, quanto a ele, já seria possível de implementar nessa altura: 10 mega bits ou seja cerca de 1 MByte de memória! Estes números evidenciam a dificuldade em prever o futuro, mesmo para um cientista com a visão de Turing 7
  • 8. E já agora Se estiverem interessados leiam o anexo do artigo, onde encontram aquilo que realmente nos deu gozo, o verdadeiro lado lúdico e de jogo associado à MdT. Nesse anexo propomos uma solução para a MdT, capaz de decidir com base no teste de Turing, se as máquinas pensam. 8
  • 9. Extensão do cenário anterior Neste cenário temos uma situação aparentemente paradoxal em que uma máquina de Turing decide se outra máquina de Turing pensa. Mas esta situação é afinal a mesma do cenário anterior, pois Turing demonstrou uma equivalência entre qualquer computador e uma MdT, a MdT que lhe equivale. 9
  • 10. Extensão do cenário anterior E afinal é a situações paradoxais destas a que assistimos todos os dias. Ou não vai ser um humano a decidir qual o valor a dar ao nosso trabalho, que foi produzido também por humanos? Uma pergunta óbvia neste cenário seria. A MdT juiz também pensa? Pode alguém que não pensa decidir que outro alguém pensa? Se se exigir que o juiz passe na prova do jogo de imitação para poder ser juiz, quem vai avaliar o primeiro juiz? Perguntas que ficam para o próximo trabalho 10