A série Cosmos, apresentada originalmente por Carl Sagan em 1980, retorna em uma nova versão apresentada por Neil deGrasse Tyson para continuar levando os mistérios da ciência ao público. Produzida por Ann Druyan, viúva de Sagan, a nova série usa avançados efeitos visuais para recriar cenas científicas e conta com a ajuda de Seth MacFarlane em sua modernização.
1. AO
INFINITO
E ALÉM
30+Monet+MARÇO
por Raquel Temistocles
Mais de 30 anos após ir
ao ar sob o comando do
astrofísico Carl Sagan,
COSMOS retorna
em nova versão,
apresentada por
Neil deGrasse Tyson,
para continuar a
desvendar os mistérios
do mundo através
dos olhos da ciência
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2. MAR Ç O +Mo n et+3 1
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3. 32+Monet+MARÇO
NFINITO. Essa é a palavra mais recor-
rente quando se pensa no Universo. São
inúmeras partículas e organismos que
se unem formando o que chamamos de
Cosmos. Em 1980, o cientista Carl Sagan
fez uma viagem pelo tempo e espaço em uma sé-
rie de 13 episódios para mostrar como funciona o
Universo e o papel do ser humano nele. Hoje, 34
anos após a exibição da série e 17 anos após sua
morte, Sagan terá seu legado transformado em
um novo programa com cara de século 21. “Meu
único arrependimento sobre a
série original é que nós nunca
fizemos um censo. Nunca ten-
tamos quantificar quantas pes-
soas foram inspiradas a fazer, a
ensinar, a ler mais e a aprender
mais profundamente, a se adaptar à perspecti-
va científica depois do programa”, contou Ann
Druyan, idealizadora do projeto e esposa de Sa-
gan, em entrevista para a MONET.
É para aproximar a ciência das pessoas que
Cosmos volta agora com efeitos especiais de pon-
ta e a presença de um nome inusitado por trás do
projeto: Seth MacFarlane (criador de Family Guy).
“Estou admirada com a sua contribuição [para a
série]” disse Druyan. Parte das ideias de moder-
nização da série surgiu de MacFarlane. “Foi ele
quem sugeriu que deveríamos transformar em
animação a recriação dramática dos cientistas.
Em vez de ter os atores, live-action, retratando
essas figuras, Seth e a equipe nos ajudaram a de-
senvolver uma animação estilo graphic novel para
lhes dar vida”, afirmou a produtora.
Assim como na primeira versão, o apresentador
(no lugar de Sagan entra agora Neil deGrasse Ty-
son) estará a bordo da “Espaçonave da Imaginação”
que o levará em uma viagem didática pelas descobertas da ciência, que,
garante Ann Druyan, será uma nova experiência em relação ao clássico
de 1980. “Nós temos mais de 1.500 cenas com efeitos visuais. Entre
elas, a verossimilhança de estar no limite do universo observável, de
entrar em um buraco negro, de entrar no ovário, no óvulo de um urso”,
adiantou. Além da tecnologia, outro fator deixa a produção com cara
de cinema. Richard Gere, Patrick Stuart e Kirsten Dunst são alguns dos
nomes que emprestaram suas vozes para a série.
A produção original recebeu na década de 80 três estatuetas do Emmy
Awards, principal premiação da televisão americana. Neste ano, Cosmos
tenta repetir o sucesso sem repetir os temas. “Acho que a fórmula é
dizer a verdade, dizer o que você sabe que é verdade, o que te move. Sei
que se eu não entender alguma coisa que escrevi ou alguma ideia que
estou tentando apresentar em Cosmos, outras pessoas também não vão
entender, porque sou como elas”, disse Ann. E completou dizendo que
“chamar [a série] de documentário, mesmo que certamente não seja um
insulto, é deixar de fora todo o drama, todos os valores de produção e as
viagens a outros mundos e reinos”.
COSMOS I
A PARTIR DO
DIA 13,QUINTAS,
22H30,NATGEO,80
I
Àfrentedanave – O astrofísico Neil
deGrasse Tyson enfrenta o desafio de
entrar no lugar que foi de Carl Sagan
em 1980. O cientista e apresentador vai
encarar uma viagem pela “Espaçonave
da Imaginação” nos 13 episódios
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4. “Chamar [a série]
de documentário,
mesmo que não
seja um insulto, é
deixar de fora todo
o drama, todos os
valores de produção
e as viagens a outros
mundos e reinos”
– Ann Druyan
FOTOS:GETTYIMAGESEDIVULGAÇÃO
O desafio vai além de receber prêmios e rein-
ventar temas. Neil deGrasse Tyson está na difícil
posição de ser comparado com Carl Sagan, criador
do primeiro Cosmos (saiba mais sobre o cientista
no box ao lado). “Não houve um momento, nos úl-
timos três anos, desde que pedi para ele fazer isso,
que tenha me arrependido. Não vou fazer nenhu-
ma comparação entre Carl e Neil em termos de co-
nhecimento, talento e credibilidade científica. Só
vou dizer que acredito que Neil é verdadeiramente
digno de estar à frente da ‘Espaçonave da Imagi-
nação’”, afirmou a produtora. Agora é embarcar e
esperar para conhecer os enigmas do Universo.
O LEGADO DE CARL SAGAN
Um dos cientistas mais célebres do seu tempo, Carl Sagan (1934-1996) foi
consultor e assessor da NASA desde 1950 e, através de Cosmos, conseguiu
algo que parecia impossível: popularizar a ciência
Astrônomo, astrofísico, professor, escritor, apresentador
e preparador de astronautas – foi ele quem habilitou os
profissionais que viajaram na Apollo para a Lua. Nascido em Nova
York, Carl Sagan era um apaixonado pelo sistema solar e tudo o que
poderia ir além do que o homem já havia descoberto.
Defensor de que há, sim, vida em outros planetas, ele formou
junto com a terceira esposa, a produtora Ann Druyan, uma parceria
que acabou levando suas pesquisas e considerações científicas
para a literatura e a televisão.
Entre as suas contribuições para a comunidade científica estão
os livros Os Dragões do Éden: Especulações sobre a Evolução da
Inteligência Humana, em que apresenta o Calendário Cósmico, um
método que condensa a história do universo (os seus mais de 13
bilhões de anos) em apenas 12 meses do calendário gregoriano.
O livro ganhou o Prêmio Pulitzer em 1978. Sagan também é
autor de Contato (1985), uma obra de ficção científica sobre
extraterrestres que virou filme em 1997 com Jodie Foster e
Matthew McConaughey.
Emocionada ao falar do marido, Ann Druyan ressaltou a
importância de Sagan não só para a ciência, mas também para
as pessoas comuns.“Gostaria de saber quantas pessoas foram
atraídas para a ciência puramente pelos esforços de Carl Sagan em
cada discurso, em cada artigo, em todos os livros e todas aquelas
coisas que escrevemos juntos. Tive muita
sorte, porque tinha o maior professor do
século 20 ao meu lado, para quem, em
minha ignorância, podia fazer qualquer
pergunta”, recorda.“As respostas que
recebi me davam mais arrepios, me
fizeram ficar com a garganta engasgada
mais do que qualquer experiência
religiosa que já tive.”
Cosmos2.1 – Seth MacFarlane, criador de Family Guy e
American Dad, se une a Ann Druyan na nova série que vai
explorar o Universo de ponta a ponta
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