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UNIVERSIDADE POSITIVO
RAFAEL MESQUITA DA SILVA
MANUAL DE CONSTRUÇÃO DE PAREDES DE VEDAÇÃO COM BLOCOS DE
CONCRETO INCORPORANDO GARRAFA PET: ESTUDO DE CASO PARA ONG
TETO - BRASIL
‘
CURITIBA
2017
RAFAEL MESQUITA DA SILVA
MANUAL DE CONSTRUÇÃO DE PAREDES DE VEDAÇÃO COM BLOCOS DE
CONCRETO INCORPORANDO GARRAFA PET: ESTUDO DE CASO PARA ONG
TETO - BRASIL
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao
curso de Engenharia Civil da Universidade Positivo
como parte dos requisitos para graduação.
Orientador: Prof.ª. MSc. Elaine Nunes Jordan
CURITIBA
2017
AGRADECIMENTOS
Aos meus pais e irmãos pelo apoio e oportunidade de alcançar esta etapa de
minha vida.
Ao meu companheiro Eduardo Sinegaglia pelo incentivo e contribuição da
pesquisa, como também ao suporte em todo decorrer desse processo.
À ONG TETO – Brasil e voluntários pela colaboração e auxílio na realização
deste trabalho, em especial à diretora da sede Paraná, Marcelle Borges, por transmitir
seus conhecimentos e pela coragem e resistência, nas quais me espelho.
À Universidade Positivo e à Professora MSc. Elaine Nunes Jordan pelo
conhecimento passado nas orientações.
RESUMO
O presente trabalho consiste no desenvolvimento de um manual técnico-construtivo
de execução de paredes de vedação com Blocos PET. A proposta se destina à ONG
TETO – BRASIL por se tratar de uma alternativa de construção permanente para o
atual modelo de solução emergencial da organização. O Bloco PET tem baixo custo
e reutiliza materiais que seriam descartados no ambiente. O manual orienta a
execução dos blocos, da alvenaria de vedação e instrui para as instalações elétricas,
hidráulicas e abertura de portas e janelas. A ONG TETO atua desde 1997 no Chile e
há 11 anos no Brasil nas comunidades do estado de São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia
e Paraná. Elaborando estratégias de intervenções sociais, a ONG mobiliza voluntários
moradores para construções de casas emergenciais em madeira, seguindo o padrão
internacional do Manual de Construção da CASA TETO, que direciona à correta
montagem da casa. Como alternativa de melhoria da condição dessa habitação, tem-
se a alvenaria de vedação com Blocos PET – blocos de concreto incorporando
garrafas PET. Desenvolvido por Provenzano (2006), Kanning (2008) e Viegas (2012),
o Bloco PET melhora o desempenho acústico e térmico da habitação, é de fácil
execução, baixo custo e envolve o reuso de materiais com potencial de aplicação em
construções. Assim, o Bloco PET se mostra uma opção de construção eficiente e
sustentável para as moradias da TETO - Brasil, trabalhando como modelo de
intervenção permanente e seguindo o modelo de trabalho da organização com o
desenvolvimento de um manual construtivo de paredes de vedação com esse
material.
Palavras-chave: Ecoeficiência. Habitação Social. Garrafa PET.
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1 - CASA MODULAR TETO BRASIL: (A) PERSPECTIVA E (B) PLANTA
CASA GRANDE. .......................................................................................................17
FIGURA 2 - TIPO DE CONFIGURAÇÕES DOS PAINÉIS DA CASA TETO: (A) PORTA
NA LATERAL E (B) PORTA NA FACHADA..............................................................17
FIGURA 3 - MANUAL DE CONSTRUÇÃO CASA TETO. .........................................20
FIGURA 4 - PIRÂMIDE DE QUÉOPS, EGITO..........................................................26
FIGURA 5 - TEMPLO DE KARNAK, EGITO. ............................................................26
FIGURA 6 - ABÓBODA INTERNA PANTHEON, ROMA..........................................27
FIGURA 7 - VISTA FRONTAL PARTHENON, GRÉCIA. ..........................................27
FIGURA 8 - EDIFÍCIO MONADNOCK: (A) VISTA LATERAL E (B) PAREDE DO
PAVIMENTO TÉRREO. ............................................................................................28
FIGURA 9 - ALVENARIA DE PAU A PIQUE.............................................................29
FIGURA 10 - EXECUÇÃO DE ALVENARIA DE TAIPA DE PILÃO...........................30
FIGURA 11 - ALVENAFIA DE PEDRA: PAZZALO MEDICI-RICHARDI, FLORENÇA:
(A) VISTA FRONTAL E (B) DETALHE DA ALVENARIA...........................................30
FIGURA 12 - EXECUÇÃO DE TIJOLO ADOBE........................................................31
FIGURA 13 - PAREDE DE VEDAÇÃO COM TIJOLO ADOBE. ................................31
FIGURA 14 - ALVENARIA DE TIJOLO MACIÇO......................................................32
FIGURA 15 - ALVENARIA DE TIJOLO FURADO. ....................................................32
FIGURA 16 - ALVENARIA DE BLOCO DE CONCRETO..........................................33
FIGURA 17 - PROJETO DE FORMA PARA BLOCO DE CONCRETO COM GARRAFA
PET. ..........................................................................................................................35
FIGURA 18 - PROJETO DE FORMA DO MEIO BLOCO DE CONCRETO COM
GARRAFA PET.........................................................................................................35
FIGURA 19 - BLOCO DE CONCRETO COM GARRAFA PET: (A) BLOCO DE
CONCRETO INTEIRO E (B) MEIO BLOCO DE CONCRETO. .................................36
FIGURA 20 - ENSAIO ACÚSTICO 1 DAS ALVENARIAS COM TRAÇO 1. ..............39
FIGURA 21 - ENSAIO ACÚSTICO 1 DAS ALVENARIAS COM TRAÇO 2. ..............39
FIGURA 22 - ENSAIO ACÚSTICO 1 DAS ALVENARIAS COM TRAÇO 3. ..............40
FIGURA 23 - MODELO DE BLOCO ISOPET: (A) ILUSTRAÇÃO DO ENCAIXE
LATERAL E (B) POSICIONAMENTO DAS GARRAFAS PET NA MOLDAGEM DO
BLOCO ISOPET........................................................................................................43
FIGURA 24 - BLOCOS ISOPET TAMANHO PEQUENO E GRANDE. .....................43
FIGURA 25 - BLOCO ISOPET COM CANALETA.....................................................43
FIGURA 26 - RESITÊNCIA BLOCOS ISOPET. ........................................................45
FIGURA 27- RESISTENCIA DA ALVENARIA COM ISOPET ...................................46
FIGURA 28 - SEQUÊNCIA DE MONTAGEM CASA PET: (A) PAINÉIS DE PAREDE,
(B) LAJE PLANA, (C) ESTRUTURA DE MADEIRA EM COBERTURA E (D)
COBERTURA FINALIZADA. .....................................................................................47
FIGURA 29 – SEGUÊNCIA DE MONTAGEM DOS PAINÉIS: (A) FORMA DE
MADEIRA, (B) COLOCAÇÃO DA ARGAMASSA, (C) COLOCAÇÃO DAS GARRAFAS
E ARMADURA, (D) PREENCHIMENTO DA FORMA E (E) PAINÉL PREENCHIDO.
..................................................................................................................................48
FIGURA 30 – PAINEL COM INSTALAÇÕES HIDRÁULICAS E ELÉTRICAS. .........49
FIGURA 31 - BLOCO PET ........................................................................................52
FIGURA 32 - MONTAGEM DE FORMA PARA BLOCO PET....................................52
FIGURA 33 - RECORTE PARA ENCAIXES ENTRE BLOCOS PET ........................53
FIGURA 34 - BLOCO PET 1 .....................................................................................55
FIGURA 35 - BLOCO PET 2 .....................................................................................55
FIGURA 36 - BLOCO PET 3 ....................................................................................55
FIGURA 37 - BLOCO PET 4 .....................................................................................56
FIGURA 38 - BLOCO PET 5 .....................................................................................56
FIGURA 39 - BLOCO PET 6 .....................................................................................56
FIGURA 40 - CASA MODULAR TETO BRASIL: (A) PERSPECTIVA E (B) PLANTA
CASA GRANDE. .......................................................................................................57
FIGURA 41 – PLANTA NOVA CASA TETO..............................................................58
FIGURA 42 – PAREDES NOVA VASA TETO...........................................................58
FIGURA 43 - VERGA E CONTRAVERGA ................................................................60
FIGURA 44 – EXECUÇÃO DA CONTRAVERGA EM JANELA. ...............................60
FIGURA 45 - TUBULAÇÃO ELÉTRICA OU HIDRÁULICA COM BLOCO PET.........60
FIGURA 46 - NOVA CASA TETO FINALIZADA........................................................61
FIGURA 47 – MODELOS DE BLOCO PET IMPRESSOS EM 3D ............................63
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Índice de consistência, abatimento, absorção de água e porosidade. .....37
Tabela 2 - Ensaio de compressão dos blocos com garrafa PET...............................38
Tabela 3 - Ensaio compressão de meio bloco com garrafa PET...............................38
Tabela 4 - Ensaio de compressão nas alvenarias.....................................................39
Tabela 5 - Avaliação acústica 2 das alvenarias.........................................................40
Tabela 6 - Avaliação térmica das alvenarias.............................................................41
Tabela 7 – Resistência Bloco ISOPET......................................................................45
Tabela 8 - Resistência da alvenaria com bloco ISOPET...........................................46
Tabela 9 - Resistência a compressão casa PET.......................................................50
Tabela 10 - Placas de formas....................................................................................54
Tabela 11 - Formas por bloco ...................................................................................54
Tabela 12 - Blocos PET por parede de alvenaria......................................................59
Tabela 13 - Quantidade de Garrafas PET para NOVA CASA TETO ........................59
Tabela 14 – Custo do bloco unitário..........................................................................62
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ......................................................................................................10
1.1 OBJETIVO...........................................................................................................12
1.2 JUSTIFICATIVA ..................................................................................................12
2. REVISÃO DA LITERATURA ................................................................................14
2.1 DIREITO À MORADIA.........................................................................................14
2.2 ONG TETO - BRASIL..........................................................................................16
2.2.1 Manual de Construção da Casa TETO.............................................................18
2.3 MANUAL DE PROCEDIMENTOS.......................................................................21
2.4 RESÍDUOS E O AMBIENTE ...............................................................................22
2.4.1 Ecoeficiência ....................................................................................................23
2.5 GARRAFAS PET.................................................................................................24
2.6 ALVENARIA ........................................................................................................25
2.6.1 Alvenaria Estrutural ..........................................................................................28
2.6.2 Alvenaria de Vedação ......................................................................................29
2.7 MATERIAIS NÃO CONVENCIONAIS NA CONSTRUÇÃO CIVIL .......................33
2.8 BLOCO UNITÁRIO COM GARRAFA PET ..........................................................34
2.8.1 Características do Bloco Unitário .....................................................................36
2.8.2 Ensaios com Bloco Unitário..............................................................................37
2.9 BLOCO DE CONCRETO COM EPS E GARRAFAS PET...................................42
2.9.1 Características do bloco ISOPET.....................................................................44
2.9.2 Ensaios bloco ISOPET.....................................................................................44
2.10 MODELO CASA PET ........................................................................................47
2.10.1 Características dos painéis casa PET............................................................47
2.10.2 Ensaios...........................................................................................................49
3. METODOLOGIA ...................................................................................................51
9
3.1 CONCEITUAÇÃO ...............................................................................................51
3.2 BLOCOS PET .....................................................................................................51
3.3 ADAPTAÇÃO DO PROJETO..............................................................................57
3.4 CUSTO DO BLOCO PET....................................................................................62
4. RESULTADO........................................................................................................63
4.1 MANUAL DE CONSTRUÇÃO COM BLOCOS PET............................................63
5. CONCLUSÃO .......................................................................................................64
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.....................................................................65
APÊNDICE – Manual técnico-construtivo para execução de paredes de vedação
utilizando o bloco PET: blocos de concreto com garrafas pet para moradias de
interesse social. ONG TETO - BRASIL ..................................................................70
10
1. INTRODUÇÃO
A expansão das cidades e o crescimento populacional têm contribuído para a
intensificação dos impactos ambientais (MUCELIN, BELLINI, 2008). O consumo de
produtos industrializados resulta em uma excessiva geração de lixo e a problemática
ambiental se intensifica pela inadequada disposição final destes resíduos. A
preocupação com esse descarte deve se fundamentar no tempo de decomposição
destes materiais na natureza. O alumínio, por exemplo, necessita de 200 a 500 anos
para se decompor, os papéis levam aproximadamente um mês e as garrafas plásticas
demoram mais de 400 anos (VIEGAS, 2012).
Dentre os materiais utilizados em embalagens fabricadas, encontra-se o Poli
Tereftalato de Etileno (PET), desenvolvido pelos ingleses Whinfield e Dickson, em
1941, um polímero resistente, com propriedade comercial e 100% reciclável que pode
ser reutilizado a partir de processos mecânicos, energéticos ou químicos, segundo a
Associação Brasileira dos Fabricantes de Embalagens de PET (ABIPET, 2017).
A reciclagem da garrafa PET, sem processos químicos e mecânicos em
experimentos na construção civil, utiliza o material como agregado ou incorporado a
outros métodos convencionais de construção, com o intuito de minimizar custos e cria
construções acessíveis às pessoas de baixa renda (GALLI, MAGINA, et al., 2012).
A fim de reduzir a quantidade de garrafas PET descartadas no ambiente,
trabalha-se com o reaproveitamento desse material na construção civil através da
técnica da incorporação dessas em blocos de concreto. Autores destacam o uso do
bloco com garrafa PET por trazer benefícios econômicos à construção, melhoria nos
desempenhos térmicos e acústicos e conferindo maior rigidez às paredes de vedação,
com menor peso do conjunto final da habitação devido ao vazio interno da garrafa
(PROVENZANO, 2006).
Os blocos utilizados como base de projeto foram desenvolvidos por Viegas
(2012) e Kanning (2008). O primeiro foi desenvolvido de forma unitária e o segundo
com agregado de EPS e em maior quantidade de garrafas no interior. Dentre outros
pontos positivos da utilização de blocos de concreto com garrafa PET, se destacam
os ganhos ambientais pela redução na quantidade de resíduos no ambiente e a
utilidade como alternativa para execução de moradias de interesse social, devido ao
baixo custo e facilidade de execução (SISINNO; MOREIRA, 2005).
11
Em muitos casos, famílias de baixa renda ocupam assentamentos precários
em periferias urbanas ou em áreas rurais sem infraestrutura, e se submetem a isso
pela incapacidade do mercado imobiliário em suprir a demanda de terras para esse
segmento (PREFEITURA DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO, 2008). As terras
ocupadas normalmente são de baixo interesse comercial e até desconsideradas pelo
setor formal de moradias. Segundo Silva (2013), ações coletivas e lutas sociais
contribuem para o esforço da superação dos problemas enfrentados pela população
de baixa renda e promovem o processo da inovação social para as moradias de
interesse social. Segundo Bignetti (2011), a inovação social é desenvolvida por atores
da sociedade civil, de forma autônoma ou em parceria com setores públicos
(BIGNETTI, 2011).
Todas as pessoas podem realizar trabalhos como inovadores sociais,
projetando as próprias vidas em um sistema envolvendo a coletividade (CAPRA,
2006). Neste cenário encontra-se a ação da ONG TETO – Brasil, uma Organização
não governamental com missão de trabalhar em comunidades precárias para a
superação da pobreza através da ação conjunta de moradores e jovens voluntários
(TETO - BRASIL, 2016). O trabalho da ONG TETO se iniciou em 1997 no Chile, e
após 15 anos com o compromisso da erradicação da pobreza, a ONG atingiu 19
países da América Latina (SCHUTZ, 2016). A primeira sede da ONG no Brasil se fixou
na cidade de São Paulo em 2006, e a partir de 2013, começou a atuar também no
estado do Rio de Janeiro. Em 2014 os trabalhos se iniciaram no estado da Bahia e no
ano seguinte, 2015, no Paraná, com as sedes nas respectivas capitais (TETO -
BRASIL, 2016).
O trabalho da ONG TETO conta com a participação da própria comunidade e
também de voluntários, combinando estratégias de intervenção social com a
ampliação do potencial transformador da sociedade. Em rápidos intervalos de tempo,
constrói casas modulares em madeira com padrão internacional, em um processo de
montagem simples e que pode ser realizado por pessoas não qualificadas, desde que
seja seguido o padrão estipulado pela organização no Manual de Construção da Casa
TETO (COSTA; LEIRAS; YOSHIZAKI, 2013). Este manual técnico-construtivo é
disponibilizado aos voluntários e líderes da atividade para que a construção seja
executada de forma correta, apontando os materiais necessários, quantitativos, as
etapas de montagem, desde a fundação até o fechamento do telhado, e o passo-a-
passo de execução de cada item.
12
Esse modelo de casa é uma solução emergencial, temporária e desmontável,
com a intenção de que futuramente haja a alternativa de construção de moraria mais
estruturada, de fácil execução e também baixo custo para a comunidade, porém a
organização não possui projetos substitutos para a melhoria das habitações
(SCHUTZ, 2016).
Com o propósito de desenvolvimento comunitário e trabalhos com uma
população de baixa renda, a proposta de moradia permanente deve-se adequar à
situação financeira das famílias, bem como se moldar na situação de vulnerabilidade
em que vivem (SCHUTZ, 2016). Os blocos PET são uma alternativa eficiente para as
habitações de interesse social (VIEGAS, 2012) e o desenvolvimento de um manual
construtivo de paredes de vedações com esse material poderá servir como alternativa
de moradia para a ONG TETO, seguindo o atual modelo de trabalho da ONG com as
atividades colaborativas entre comunidade e voluntários por uma opção sólida e
estruturada de moradia para essas famílias (TETO - BRASIL, 2016).
1.1 OBJETIVO
Elaboração de um manual construtivo de paredes de vedação, com blocos de
concreto incorporando garrafa PET para a ONG TETO, destinado a habitações
permanentes de interesse social.
1.2 JUSTIFICATIVA
O modelo padrão de casas da ONG TETO trata a habitação como emergencial
por se tratar de uma intervenção ágil e fácil de adaptar às mudanças inesperadas da
comunidade aos problemas de origem natural ou na melhoria da habitação (COSTA,
LEIRAS e YOSHIZAKI, 2013). A construção segue instruções de um manual
construtivo para que a execução seja feita nos padrões estabelecidos pela
organização. A solução de painéis em madeira pré-fabricados é temporária, pois há a
intenção de, futuramente, haver a substituição da casa por outra mais sólida e
acessível às famílias (COSTA; LEIRAS; YOSHIZAKI, 2013). Entretanto, a organização
não possui uma alternativa de construção permanente e não possui material instrutivo
de execução de casas além do pré-fabricado (SCHUTZ, 2016).
13
Assim, propõe-se o desenvolvimento de um novo manual de construção de
execução de paredes de vedação, com utilização de blocos de concreto incorporando
garrafas PET para habitações de interesse social, possibilitando à ONG TETO uma
opção diferente de construção das moradias, trazendo a alternativa de habitação
permanente.
O uso de garrafa PET em blocos de concreto incentiva a reciclagem, o reuso
dos materiais e promove melhores desempenhos acústicos, térmicos e econômicos
nas edificações (VIEGAS, 2012). Além da possibilidade da produção local e a
facilidade de execução, os blocos PET são previstos com encaixes entre as peças –
saliências nos modelos possibilitando o travamento – que diminuem a quantidade de
argamassa nas juntas verticais (VIEGAS, 2012).
Os blocos utilizados se baseiam nos projetos de Viegas (2012) e Kanning
(2008), adaptando-os à necessidade do modelo da casa, pois os projetos dos autores
limitam o uso dos blocos não executando encaixes alternados e propõem blocos
menores com recorte da garrafa que resultaram em um baixo desempenho mecânico.
A melhoria destes blocos com os diferentes encaixes e tamanhos possibilita
melhor preenchimento da parede de vedação e variedade das dimensões da casa em
diferentes situações do projeto e as instruções apresentadas no manual podem
contribuir para a execução deste modelo de moradia por pessoas interessadas.
14
2. REVISÃO DA LITERATURA
2.1 DIREITO À MORADIA
No período entre os séculos XIX e XX, as cidades começaram a apresentar
características da concentração urbana, de trabalhadores residindo em cortiços
devido à expansão do mercado de trabalho e as construções de inciativa privada
(BONDUKI, 2002). Segundo o autor, as condições de vida deterioradas na cidade,
devido à afluência de trabalhadores mal remunerados e desempregados, sem a
existência de habitações populares e o descontrolado crescimento da malha urbana,
obrigam o poder público a intervir para tentar controlar a produção e consumo das
habitações. Até a década de 1920, a indústria se limita a produzir bens de consumo
para a classe trabalhadora e as condições econômicas neste período favoreceram a
produção das habitações. Com o avanço da industrialização e a urbanização dos
grandes centros urbanos, houve a necessidade de atrair a mão-de-obra com a oferta
de empregos e moradia (BONDUKI, 2002).
Mesmo com a ação do estado, o baixo desempenho diante do problema
habitacional provoca o surgimento da construção espontânea, a autoconstrução
(BONDUKI, 2002). O Brasil vive no século XX um período de investimentos federais
em habitações para a população de baixa renda (de zero a cinco salários mínimos).
De 2003 a 2008, houve o acréscimo de investimento de R$ 7,01 bilhões para R$ 43,20
bilhões nos recursos, destinando 34 bilhões para subsidiar a construção de 1 milhão
de moradias (MINISTÉRIO DAS CIDADES, 2009).
A destinação desse recurso foi para o Programa Minha Casa Minha Vida -
PMCMV - do Governo Federal, que destina o investimento à construção de habitações
sociais, gerido pelo Ministério das Cidades e de operação da Caixa Econômica
Federal. O projeto incentiva a produção, aquisição e requalificação de imóveis
urbanos e rurais (BRASIL, 2011).
Com o cenário de expansão das ocupações irregulares, problemas de
infraestrutura e inadequação de moradias, surgem também problemas sociais como
desempregos, aumento da pobreza e a desigualdade social. Inicia-se em 1946 a
Política Nacional de Habitação - PNH - voltada para população de baixa renda e que
tenta amenizar o processo de urbanização acelerado e descontrolado (PASTERNAK,
1997).
15
Em 2004 foi aprovada a nova PNH, definindo a integração urbana de
assentamentos precários, produção habitacional e integração da PNH no
desenvolvimento urbano (MINISTÉRIO DAS CIDADES, 2009). Destaca-se o avanço
no processo de regularização fundiária a aprovação da Lei nº 11.977 de 2009 que
regulamenta o PMCMV. A PNH, com isso, ganhou mais força com o surgimento de
políticas habitacionais preocupadas em solucionar o problema urbano implantando
estratégias com base no Art. 21, inc. XX da Constituição Federal, que institui diretrizes
para habitação implementando programas para construção e melhoria na condição de
habitação e saneamento (MINISTÉRIO DAS CIDADES, 2004).
A PNH faz a aplicação dos instrumentos do Estatuto da Cidade e das Zonas
Especiais de Interesse Social - ZEIS, que se tornaram instrumento fundamental na
política de integração urbana oferecendo condições básicas para o Programa Minha
Casa Minha Vida (MINISTÉRIO DAS CIDADES, 2009).
As ZEIS surgiram na Lei Municipal do Uso do Solo de 1983 em Recife,
delimitando áreas caracterizadas como assentamento habitacional surgidas
espontaneamente, já existente e consolidadas, onde são estabelecidas normas
urbanísticas especiais que, no interesse social, promovem sua regularização jurídica
e integração urbana (PREFEITURA MUNICIPAL DE RECIFE, 2015). Tornou-se
referência nacional como instrumento de regularização fundiária destas áreas
ocupadas por favelas, com a participação dos moradores neste processo.
Dentre as normas, há a adequação projetos urbanos em casa de
assentamento, projeto de parcelamento do solo, inclui becos, passagens e ruas
existentes na comunidade, como também exige infraestrutura básica atendendo todos
os lotes e tomando controle de processos de expulsão indireta de moradores (sobre
a apropriação das áreas beneficiadas por moradores de maior renda) (PREFEITURA
MUNICIPAL DE RECIFE, 2015).
Segundo Boulos (2015), aproximadamente 22 milhões de pessoas não
possuem moradia no Brasil e cerca de 48 milhões não possuem infraestrutura
adequada. Um terço da população brasileira, de alguma forma, tem problemas de
moradia. Levando em consideração a lentidão do governo em trazer soluções para os
problemas do déficit habitacional, a sociedade passa a atuar com projetos sociais. O
Estado muitas vezes se afasta das obrigações, transferindo suas responsabilidades
para a sociedade civil, ficando apenas como gestores de recursos, enquanto a
16
sociedade fica parceira de projetos e programas como ONGs - Organizações Não
Governamentais - e instituições de cunho social (SCHUTZ, 2016).
2.2 ONG TETO - BRASIL
Em áreas como habitação e moradia, o combate à situação da extrema pobreza
da população, áreas de saúde, meio ambiente e segregação racial, a atuação de
ONGs se tornou mais significativa e visível (SCHUTZ, 2016). Neste âmbito, se insere
a ONG TETO - Brasil, que atua em comunidades carentes construindo moradias
emergenciais com ação conjunta de voluntários e moradores. O trabalho da ONG
TETO se iniciou em 1997 no Chile já trabalha em outros 19 países da América Latina
(SCHUTZ, 2016). A ONG atua desde 2006 no Brasil, se instalando na cidade de São
Paulo, em 2013 expande os trabalhos nos estados do Rio de Janeiro e nos anos
seguintes na capital da Bahia e Paraná. A ONG já trabalha com mais de 2500 famílias
e mobilizou mais de 30 mil voluntários (TETO - BRASIL, 2016), gerando soluções
concretas da problemática ligada à diminuição de índices de pobreza e aumento do
IDH (SCHUTZ, 2016).
A organização busca “superar a situação de pobreza em que vive milhões de
pessoas em assentamentos precários, através da ação conjunta de seus moradores
e jovens voluntários” (TETO - BRASIL, 2016). Com três objetivos estratégicos, a TETO
visa fomentar o desenvolvimento comunitário, fortalecendo a comunidade com
lideranças que estimulem a participação dos moradores nas soluções da comunidade,
a promoção da consciência e da ação social com a formação massiva de voluntários
trabalhando em campo com os moradores, envolvendo diferentes atores da sociedade
no desenvolvimento de soluções para superar a pobreza e promover a incidência
política com mudanças estruturais para que a pobreza não continue avançando
(TETO - BRASIL, 2016)
A construção de casas tem um padrão internacional, modular e desmontável,
com processo de montagem fácil que pode ser realizada por pessoas não qualificadas
em um prazo de construção de dois dias (COSTA; LEIRAS; YOSHIZAKI, 2013). O
módulo de madeira tem dimensões de 3,0 m x 6,0 m, com 18 m² de área no modelo
grande da casa e possuí um cômodo (FIGURA 1).
17
Os painéis pré-fabricados podem ser montados de forma que possibilite a
construção de um módulo menor com 15 m², de 3,0 m x 5,0 m, retirando o painel
denominado “capela”. A montagem e os painéis, conforme FIGURA 2, podem ser
executados com diferentes configurações de forma que possibilite a disposição da
porta em diferentes posições na planta, definida pelas próprias famílias com os
voluntários responsáveis pela atividade.
O módulo utiliza telhado de duas caídas de água e com telhas de metálicas,
uma porta e três janelas e sua fundação utilizam estacas de madeira e é executada
de modo que eleve a casa do solo, evitando problemas comuns de enchentes e
deslizamentos. O custo da casa sai em torno de cinco mil reais (TETO - BRASIL,
2015).
A B
FIGURA 1 - CASA MODULAR TETO BRASIL: (A) PERSPECTIVA E (B) PLANTA CASA GRANDE.
FONTE: Adaptado de: TETO – BRASIL (2015).
FIGURA 2 - TIPO DE CONFIGURAÇÕES DOS PAINÉIS DA CASA TETO: (A) PORTA NA LATERAL
E (B) PORTA NA FACHADA.
FONTE: TETO - BRASIL (2015).
18
Segundo Costa, Leiras e Yoshikazi (2013), o que define o modelo de
intervenção desta casa emergencial é ela ser ágil e fácil de lidar com as mudanças
inesperadas da comunidade (a vulnerabilidade social) e lidar com desastres naturais
como alagamentos e deslizamentos (as áreas de risco) e conseguir alinhamento com
órgãos governamentais para que garanta a identificação das famílias (o direito à
moradia). O modelo, segundo a TETO (TETO - BRASIL, 2016), é uma solução
temporária, com vida útil da casa de madeira de seis anos, com intenção de uma
intervenção futura com maior recurso, utilizando materiais mais resistentes, com uma
construção mais sólida (SCHUTZ, 2016).
As atividades da ONG têm a participação da comunidade e voluntários. Para a
construção da casa, equipes são lideradas por voluntários capacitados anteriormente,
com a responsabilidade de garantir a correta execução da construção, cumprimento
do prazo e a excelência de todos os processos envolvidos (TETO - BRASIL, 2016). A
casa é padronizada internacionalmente e segue as orientações de um manual
construtivo criado pela Organização, o qual descreve materiais, etapas de montagem
e execução de cada item, desde a fixação das estacas de madeira até o fechamento
do telhado (TETO - BRASIL, 2015).
2.2.1 Manual de Construção da Casa TETO
O Manual de Construção da Casa TETO é disponibilizado aos voluntários para
que todos tenham acesso ao procedimento da construção e conheçam cada etapa
desse processo. As equipes de voluntários são lideradas por pessoas capacitadas na
parte técnica e formativa, adquirida de participações anteriores das atividades e de
orientações de profissionais fixos na ONG. O voluntário fica responsável pelo prazo
de entrega e que a construção da casa seja executada de forma correta, garantindo
que a casa forneça à família segurança e conforto (TETO - BRASIL, 2016).
O modelo deste manual é estruturado no seguinte sumário: ferramentas,
materiais, pilotis, painéis de parede, telhado, portas e janelas e, por último, o check
list (TETO - BRASIL, 2015) O tópico ferramentas apresenta as ferramentas
fornecidas para a atividade e outros objetos que podem auxiliar nas tarefas. Nos
materiais são descritas as partes constituintes para a montagem da casa e o
quantitativo das peças, desde fundação até os tipos de pregos que serão utilizados.
19
No item pilotis, parte fundamental da construção compondo a fundação em madeira,
há a subdivisão em materiais utilizados, pontos importantes sobre o processo de
execução e o passo-a-passo de cada procedimento, como a fixação das estacas,
aferição de medidas, nível do solo e detalhes construtivos necessários para o
entendimento completo da etapa. Na sequência, tem-se o tópico referente ao piso,
descrevendo os materiais para a etapa e a execução das vigas de piso, detalhes de
prumo horizontal, fixação dos painéis, detalhamento da costura dos painéis com
pregos e devidos cuidados que devem ser tomados até sua finalização (TETO -
BRASIL, 2015).
O item de painéis de parede segue a subdivisão em materiais, execução e
pontos importantes do processo. Neste tópico, a descrição da montagem é rica em
detalhes, pois se refere à um procedimento importante para a moradia. A ordem de
painéis deve ser rigorosamente seguida, bem como todo seu fechamento lateral para
total vedação da casa modular. As peças pré-fabricadas podem não se encaixar
perfeitamente e essa situação já é prevista e detalhada em itens de situações-
problema, descrevendo para o leitor como solucionar estas questões (TETO -
BRASIL, 2015). Este tópico contempla partes estruturais do telhado, com os detalhes
construtivos ilustrados e descritos de forma simples e objetiva. O tópico de telhado
contempla os procedimentos de dobra de telhas metálicas que resultam na cumeeira
quando encaixadas, a colocação da manta térmica para melhor conforto da residência
e todos os pregos do tipo telheiro que deverão ser colocados para fechamento com
qualidade do telhado. O cobrimento da casa deve ser bem executado para garantir o
conforto das famílias (TETO – BRASIL, 2016).
As portas e janelas são executadas com a colocação das dobradiças, em
quantidade definida e descrita no item e com devida instrução sobre a montagem.
Todos os itens do manual contam com uma diagramação simples e direta, com
ilustrações da casa, materiais e da etapa com detalhamentos. As imagens são
autoexplicativas e conversam com os pequenos textos trazendo a simplicidade e
objetividade ao leitor sobre a etapa. Além disso, facilitam o reconhecimento dos
materiais, visto que a atividade engloba pessoas de áreas profissionais distintas. O
check list ao final do documento, resume as etapas da montagem da casa TETO em
itens principais, dicas de envolvimento com equipe e família, procedimentos que
podem ser adiantados para suprir melhor o cronograma e alertas importantes que
podem evitar sérios problemas em etapas posteriores. Além disso, salienta a
20
importância do leitor em buscar o líder de equipe e responsável para sanar dúvidas,
garantindo o bom andamento da atividade.(TETO - BRASIL, 2015).
A Organização não executa instalações elétricas e hidráulicas na construção
das moradias emergenciais, deixando a responsabilidade ao próprio morador
(SCHUTZ, 2016). A FIGURA 3 mostra o modelo do manual com a montagem dos
painéis de fechamento lateral da casa modular.
FIGURA 3 - MANUAL DE CONSTRUÇÃO CASA TETO.
FONTE: TETO - BRASIL (2016).
Segundo a TETO (2016), esse manual confere, a quem estiver seguindo as
orientações, uma leitura fluida e uma diagramação simples, para que se tenha todo
entendimento necessário para a montagem da casa, garantindo um suporte técnico
pesquisado anteriormente para o desenvolvimento do documento. Equipes de
profissionais trabalham na pesquisa de materiais, a criação do manual, organização
do cronograma de construção e demais atividades da ONG, passando por toda a base
de desenvolvimento do documento (TETO – BRASIL, 2015). Devido ao curto prazo
de entrega das casas, montadas em 2 dias, pode comprometer o cronograma se as
instruções escritas ou passadas pelo líder de construção forem mal interpretadas ou
21
confusas. Logo, os trabalhos sobre a capacitação de líderes responsáveis pela técnica
de construção e as instruções do documento padrão são atualizadas para que se
mantenha a qualidade do material (TETO – BRASIL, 2015).
A Organização visa o desenvolvimento da sociedade com o potencial de
transformação de cada indivíduo (TETO – BRASIL, 2015). A transformação social feita
por voluntários, que muitas vezes não têm contato com construção civil – mas que
recebem as devidas orientações técnicas e executam a montagem de um módulo
habitacional, demonstra às famílias de baixa renda a possibilidade de que qualquer
agente da sociedade pode contribuir com o desenvolvimento de comunidades (TETO
– BRASIL, 2015). Além disso, fortalece as famílias e desperta o desejo de transformar
sua situação atual (TETO – BRASIL, 2016).
2.3 MANUAL DE PROCEDIMENTOS
Segundo Cury (2000), manuais de procedimentos são documentos que tem por
objetivo integrar atividades, de forma a racionalizar métodos. Um manual deve ser
um instrumento que deve estar submetido a eventuais análises, não apenas pelos
responsáveis ao documento e da área em questão, mas também pelos próprios
usuários.
Este conjunto de normas e instruções, segundo Chinelato (2008), tomam
diretrizes para um simples sistema operacional, de forma a esclarecer o leitor e
orientá-lo na devida atividade em questão. Para Cury (2000), este instrumento deve
ser de fácil identificação e organizado, sendo fundamental para esclarecer dúvidas.
Além disso, deve conter uma linguagem acessível, clara e sempre estar atualizado.
Com limpidez e simplicidade, as instruções podem depender da necessidade do leitor
com maior ou menor detalhamento (CHINELATO, 2008).
As vantagens da produção de manuais são elencadas por Luporini e Pinto
(1985) como: padronização de uma atividade; efetivação de procedimentos;
uniformização de técnicas específicas, centralização e divulgação de informações.
Estes autores colocam que manuais de procedimentos devem formar um
conjunto de características que caminham com sequências de trabalhos,
demonstrando procedimentos e responsabilidades do usuário (LUPORINI; PINTO,
1985). As representações gráficas são ferramentas que facilitam o entendimento do
22
leitor. Além disso, um manual pode utilizar recursos pedagógicos e didáticos, atraindo
o público alvo e tornando o documento acessível e convidativo ao interessado no
assunto (LUPORINI; PINTO, 1985)
Em síntese, manuais são utilizados por pessoas sem conhecimento da
atividade em questão, com interesse no procedimento ou alguma dúvida sobre etapas
específicas (CURY, 2000). É uma ferramenta necessária à população e empresas,
visto que, segundo Chinelato (2008), ninguém deve sentir-se constrangido pela falta
de conhecimento de algum procedimento na área em que está atuando e por consultar
documentos de orientação e instrução destes processos. Os manuais estão
disponíveis para sanar dúvidas e expandir conhecimento, podem orientar os
procedimentos de execução de tarefas, correto descarte de resíduos domésticos,
orientações de reuso e execuções de diversas atividades. Assim, são úteis para a
empresas e seus responsáveis, como para qualquer classe da população que tenha
interesse no assunto abordado.
2.4 RESÍDUOS E O AMBIENTE
A quantidade de lixo gerado em todo o mundo tem aumentado a cada ano,
devido a fatores de crescimento populacional e ainda o uso maior de produtos que
geram mais resíduos (RIBEIRO; LIMA, 2000). No Brasil, partes destes resíduos são
depositados em lixões a céu aberto, aterros sanitários e controlados. Em definição,
Ribeiro e Lima (2000) colocam a disposição final dos resíduos em lixões como a mais
prejudicial ao ambiente, ao homem e acrescentam que promove uma economia
informal, gerando catadores locais do material. Sendo a forma de dispor os resíduos
sem controles técnicos. Segundo Mucelin e Bellini (2008), o material muitas vezes
pode ser depositado de forma desordenada e em locais indevidos, como lotes vazios,
margens de estradas, rios e lagos. Essa prática pode provocar a contaminação do
solo, água e ser agente da proliferação de vetores transmissores de doenças, além
da poluição visual.
Reciclar materiais descartados, segundo a Organização Mundial da Saúde, é
o processo que reaproveita resíduos sólidos, onde os componentes são separados,
transformados e recuperados. É onde se economiza matéria-prima e energia,
combatendo o desperdício, reduzindo a poluição ambiental e a valorização dos
23
resíduos (PNUD, 1998). Com a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente
e Desenvolvimento, representantes de 170 países consolidaram o desenvolvimento
sustentável, o conceituando como a diretriz da mudança no desenvolvimento social
construindo uma sociedade mais justa, econômica, social e ambiental. A consciência
sobre o papel ambiental, econômico, social e político de cada cidadão e o
compromisso assumido pelo governo, compõe a Agenda 21 que integra a sociedade
no processo de construção do futuro (NOVAES; RIBAS; NOVAES, 2000).
A reciclagem contribui para suavizar os impactos ambientais na fase da
extração da matéria-prima, conservação de energia no processo de novos produtos e
ainda na desobstrução de aterros, lixões e outras destinações que receberiam este
material aproveitável (CALLISTER JR, 2007), realocando a matéria de forma
estratégica, buscando se enquadrar na sustentabilidade e na ecoeficiência, com
produções mais limpas, que preocupam com o cuidado ambiental (FLORIM e
QUELHAS, 2004).
2.4.1 Ecoeficiência
A ecoeficiência tem em seu principal conceito, a adequação ao ambiente,
quando busca satisfazer a necessidade do homem e reduzir os impactos ambientais,
na intensidade do consumo dos recursos ao longo do seu ciclo de vida (FLORIM;
QUELHAS, 2004). Goulart (2007), define a ecoeficiência como uma prática de
aumentar a eficiência das edificações de forma a reduzir o impacto sobre a saúde
humana e ambiental, com a avaliação da melhor condição de locação do projeto, a
construção, operação, manutenção e remoção, quando o ciclo de vida útil do edifício
se completa.
Uma construção ecoeficiente, no que tange aos materiais, é uma ferramenta
do desenvolvimento sustentável (FLORIM; QUELHAS, 2004), visto que a primeira
trabalha com o material em si, na sua aplicação e uso (também pode envolver o
descarte) e o desenvolvimento sustentável analisa o processo do produto na sua
concepção, uso e disposição final. O que torna a construção ecoeficiente é o uso
correto do material reciclado, como concreto, telhas, embalagens recicladas, garrafas
PET e outros materiais de origem natural ou produzidos pelo homem (BOMBONATO;
NOGUEIRA, 2014).
24
O desenvolvimento sustentável com a ecoeficiência na indústria de construção
civil, segundo a Nova Agenda Urbana (HABITAT III, 2016), deve promover métodos e
tecnologias de construção disponíveis no local, de custo razoável, seguros, eficientes,
utilizando materiais reciclados pela própria comunidade, com métodos comprometidos
com o meio ambiente onde todas as pessoas possam desfrutar de direitos e
oportunidades integrando o direito à moradia com o acesso à uma construção
sustentável.
2.5 GARRAFAS PET
O Poli Tereftalato de etileno, conhecido popularmente como PET, é um
polímero considerado o mais resistente para o uso em embalagens na indústria de
bebidas, pelo interesse em reduzir custos de transportes utilizando uma embalagem
com menor peso, alta resistência, oferecendo ao consumidor um produto barato e
moderno (PROVENZANO, 2006).
Desenvolvido por químicos ingleses, Whinfield e Dickson, a resina PET teve
sua produção como garrafas a partir da década de 70 e, no início dos anos 80, nos
Estados Unidos, iniciou o processo de reciclagem deste produto (BELLIS, 2017). No
Brasil, o polímero tem sua chegada em 1988 (VIEGAS, 2012), com uso principal na
indústria têxtil e cinco anos depois, o produto iniciou sua expansão no mercado de
embalagens, especificamente no uso de refrigerantes.
O material, com grandes resistências, possui a vantagem de poder ser utilizado
várias vezes, sem comprometer sua qualidade final (ABIPET, 2017), porém com essa
alta resistência, o tempo para sua decomposição também é longo, causando sérios
riscos ao ambiente quando descartados (VIEGAS, 2012). O material pode entupir
galerias, rios, pode também poluir os mananciais de água do perímetro urbano, muitas
vezes empilhado em encostas, podendo causar deslizamentos (ABIPET, 2017).
O uso de garrafas PET na construção civil proporciona vantagens pela
diminuição do volume de matéria descartado no ambiente. Além do processo de
decomposição longo, pode impermeabilizar o solo e prejudicar a decomposição de
lixo (quando depositados em aterros e lixão) impedindo a circulação de gases e
líquidos das camadas de lixo acumulado. Em 2011, o Brasil aprovou a Política
Nacional de Resíduos Sólidos – PNR (ABIPET, 2017), que visa organizar a forma que
25
o país tratará o lixo, incentivando a reciclagem. Assim, foi elaborado o Plano Nacional
de Resíduos Sólidos, que diagnostica a situação dos resíduos sólidos, propõe metas
na redução, reutilização, reciclagem e visa a redução da quantidade de materiais
encaminhados para disposição final no ambiente. A redução da geração de resíduos
abordados no Plano Nacional de Resíduos Sólidos é apresentada como diretriz para
o aumento da reciclagem no Brasil e reuso das garrafas PET no mercado de
construção civil, como na utilização como material agregado à blocos de alvenaria de
vedação, o que beneficia tanto parte dos consumidores como o setor empresarial
(VIEGAS, 2012).
2.6 ALVENARIA
Uma construção tem como seu componente a alvenaria, definida por Sabbatini
e Orlandi (1984) como uma estrutura rígida constituída por tijolos ou blocos unidos por
argamassa. Tauil e Nesse (2010) colocam a alvenaria como um conjunto vertical
coeso, caracterizado por:
(...) vedar espaços, resistir a cargas oriundas da gravidade, promover
segurança, resistir a impactos, à ação do fogo, isolar e proteger
acusticamente os ambientes, contribuir para a manutenção do
conforto térmico, além de impedir a entrada de vento e chuva, no
interior dos ambientes. (TAUIL; NESE, 2010, p. 19)
A alvenaria vem sendo utilizada como forma construtiva desde a antiguidade
em habitações, monumentos e templos religiosos. As construções faziam uso de
blocos de pedra, com ligantes de terra, argila ou similares, que desempenhavam mais
uma função de preenchimento de espaços livres, visto que a irregularidade do material
não permite um encaixe com precisão, do que uma ligação entre materiais e as
unidades utilizadas. O dimensionamento, na época, era empírico e sua concepção
estrutural seguia a intuição dos projetistas, construindo bases com grandes
dimensões (MARTINS, 2008)
As técnicas de extração e entalhamento das pedras foi desenvolvida pela
civilização em torno do Mediterrâneo para as construções monumentais da época,
como as Pirâmides do Egito (2528 A. C.) A (FIGURA 4) e o Templo de Karnak (1580-
1085 A. C.) do Império Novo, conforme (FIGURA 5) (SOUSA, 2002).
26
FIGURA 4 - PIRÂMIDE DE QUÉOPS, EGITO.
FONTE: Jenny Gray (2017).
FIGURA 5 - TEMPLO DE KARNAK, EGITO.
FONTE: Elizabeth Cummins (2015).
O tijolo, material mais antigo confeccionado pelo homem (OLIVEIRA JUNIOR,
1992), era moldado à mão, seco ao sol e, segundo (SOUSA, 2002), é com os
Romanos que o material se estende à atual Europa Ocidental. Pontes, torres e
fortificações representam obras de emprego privilegiado deste material. Os Romanos
apresentam a tecnologia de conformação, aditivo, secagem e cozimento dos tijolos
em fornos a lenha e adquirem o conhecimento de construir com os Etruscos do
Oriente, trabalhando técnicas com abóbodas, como o Pantheon (FIGURA 6), em
Roma. Enquanto isso, na Grécia, tem-se o emprego da construção em pedras e
mármores perfeitamente entalhados, como o Parthenon (FIGURA 7).
Desta forma, foram os Romanos os primeiros a aplicar a alvenaria de diferentes
maneiras, fazendo uso de pedra entalhada, utilizada a seco ou com ligante,
27
experimentando a Pozolana como propriedade de ligação do material e além do uso
de tijolos e blocos. Fomentaram, também, as grandes realizações urbanas e o
desenvolvimento da cidade com uma aparência funcional e organizada (SOUSA,
2002).
FIGURA 6 - ABÓBODA INTERNA PANTHEON, ROMA.
FONTE: Scott Frey (2015).
FIGURA 7 - VISTA FRONTAL PARTHENON, GRÉCIA.
FONTE: Marvin Olasky (2013).
Com a Revolução industrial e sem progresso da alvenaria com pedras e tijolos,
novos materiais são desenvolvidos e experimentados, com dimensionamentos e
soluções mais adaptadas às correntes arquitetônicas do início do século XX (SOUSA,
2002). As construções em alvenaria, dimensionadas empiricamente e intuitivas,
resultavam em paredes espessas e tornam-se desinteressantes, no ponto de vista
28
econômico, funcional, na otimização de espaço e custo de execução. Um exemplo
icônico é o Edifício Monadnock (FIGURA 8), em Chicago, último exemplo de grande
construção em alvenaria segundo essa tradição, com 16 pavimentos e paredes de 1,8
m na base (VIEGAS, 2012).
A B
FIGURA 8 - EDIFÍCIO MONADNOCK: (A) VISTA LATERAL E (B) PAREDE DO PAVIMENTO
TÉRREO.
FONTE: (A) Steve Minor (2009); (B) Tim VanHounten (2013).
Em meados do século XX, as estruturas de alvenaria voltam a despertar
interesse aos países mais desenvolvidos, quando encaradas de forma mais moderna
com novos dimensionamentos. O sucesso da alvenaria não se dá apenas pela
racionalização da estrutura, segundo Pereira (2005), mas também por permitir que as
paredes desempenhem funções simultâneas além da estruturação da edificação e
vedação do ambiente. A alvenaria nos permite o isolamento térmico e acústico,
proteção e adequação climática e divisões do espaço.
2.6.1 Alvenaria Estrutural
Franco (1992) define a alvenaria estrutural como processo construtivo com a
característica principal das paredes sendo o suporte estrutural da edificação. Essa
alvenaria pode ser classificada quanto ao processo constritivo e ao tipo de material
(CAMACHO, 2006). Quando, por necessidade estrutural, os elementos resistentes
29
possuírem armaduras, classifica-se a alvenaria como estrutural armada, podendo se
ramificar em não armada e parcialmente armada, variando conforme a solicitação de
armadura. A alvenaria pode também ser classificada a partir do material utilizado,
como tijolos ou blocos.
2.6.2 Alvenaria de Vedação
De outro lado, a alvenaria de vedação estabelece a separação dos ambientes.
Cada parede tem características técnicas e propriedades que atentam divisão,
vedação e proteção. Resistencia mecânica, ao fogo, isolamentos térmicos e acústicos
também devem ser analisados, da mesma forma que ensaios de estanqueidade e
durabilidade do material (VIEGAS, 2012).
As variações de tipo de material utilizado na alvenaria, seguem a partir da
evolução do material no decorrer dos anos, tais como:
(i) Pau a pique: Considerada a técnica de construção com terra mais
utilizada no período colonial (VIEGAS, 2012), no século XVIII e XIX. Consiste no
preenchimento com barro em gradeados de madeira sobrepostas (FIGURA 9).
FIGURA 9 - ALVENARIA DE PAU A PIQUE.
FONTE: Novas Ikos (2016).
(ii) Taipa de pilão: esta técnica consiste em preencher formas de madeiras com
terra, areia ou argila e apiloar para sua compactação. As formas, denominadas taipas,
seguem procedimento equivalente ao de execução das formas de concreto para
construção (FIGURA 10).
30
FIGURA 10 - EXECUÇÃO DE ALVENARIA DE TAIPA DE PILÃO.
FONTE: Ana Veraldo (2012).
(iii) Pedra: técnica que consiste em cortar e preparar rochas para a construção.
É a mais antiga utilizada pelo homem e compõe grandes obras como catedrais, pontes
e castelos. As primeiras construções consistiam no amontoamento das pedras,
ligadas ou não com argamassa ou terra. A técnica se desenvolveu após o
aperfeiçoamento das habilidades com o material, em formas mais fáceis de aparelhar
(FIGURA 11).
(A) (B)
FIGURA 11 - ALVENAFIA DE PEDRA: PAZZALO MEDICI-RICHARDI, FLORENÇA: (A) VISTA
FRONTAL E (B) DETALHE DA ALVENARIA.
FONTE: Bárbara Campanaro (2014).
31
(iv) Adobe: dentre as técnicas de construção com terra, tem-se o adobe, que
faz uso da terra crua, amassada, descansada e úmida, colocada e formas de madeira
retangulares, deixando o material secar ao sol. Esse procedimento consome pouca
energia e faz uso de material local e, pela característica do material, trabalha bem a
regulagem de umidade e filtragem do ar (FIGURA 12 E 13).
FIGURA 12 - EXECUÇÃO DE TIJOLO ADOBE.
FONTE: Sustentarte (2015).
FIGURA 13 - PAREDE DE VEDAÇÃO COM TIJOLO ADOBE.
FONTE: Mariana Lima (2010).
(v) Tijolo maciço: utilizado quando se necessita de maior resistência na
edificação, comumente em revestimento de poços, cisternas, fossas assépticas,
muros de arrimos. Quando comparada a alvenaria com blocos furados, seu
inconveniente é o maior consumo por m2, além de mais consumo de argamassa e
32
mais mão de obra. Suas dimensões são em torno de 6 cm x 10 cm x 20 cm, variando
com a região e fornecedor e seu acabamento é bastante explorado na arquitetura
(FIGURA 14).
FIGURA 14 - ALVENARIA DE TIJOLO MACIÇO.
FONTE: Ceskestavby (2012).
(vi) Tijolo furado: considerado o componente básico da alvenaria, possui furos
prismáticos ou cilíndricos e comercialmente em número de seis, oito ou dez furos. As
paredes executadas com esse tijolo proporcionam paredes mais econômicas, por
serem maiores que os tijolos maciços e mais leves, fazendo com que se use menos
material e mais velocidade na execução. Com seu interior vazado, aprisionam ar
garantindo bom comportamento acústico e térmico (FIGURA 15).
FIGURA 15 - ALVENARIA DE TIJOLO FURADO.
FONTE: TP Engenharia (2017).
33
(vii) Bloco concreto: a alvenaria não armada com blocos de concreto parecem
ser uma das técnicas mais promissoras, na economia proporcionada e na quantidade
de fornecedores já existentes (VIEGAS, 2012). A vantagem deste método se dá na
menor demanda de tempo de assentamento e revestimento, menor quantidade de
material para assentamento melhor acabamento. Como desvantagem, nota-se a falta
de corte do bloco, o aparecimento dos desenhos dos blocos em dias de chuva, devido
a diferença de absorção de umidade dos blocos com a argamassa (FIGURA 16).
FIGURA 16 - ALVENARIA DE BLOCO DE CONCRETO.
FONTE: Altair Santos (2016).
2.7 MATERIAIS NÃO CONVENCIONAIS NA CONSTRUÇÃO CIVIL
A necessidade do desenvolvimento sustentável e a ecoeficiência tem motivado
a pesquisa por materiais que dependam de menos energia, gerem menos resíduos,
poluentes e que sejam facilmente incorporados (VIEGAS, 2012). Segundo Barbosa e
Ghavami (2007), materiais considerados não convencionais são ecologicamente
corretos, pois são encontrados na natureza, muitas vezes renováveis e, considerando
o reaproveitamento, são materiais que podem livrar o ambiente de seu incômodo.
Adicionalmente, podem trabalhar com menos energia no processo de produção,
comparado aos materiais industrializados de uso tradicional.
Mesmo que seja um processo de preparo equivalente aos materiais comuns
utilizados na construção, a reutilização de materiais reciclados para uma alvenaria não
34
convencional faria com que o mesmo retornasse ao uso do homem, diminuindo a
quantidade do produto depositado no ambiente, como a inserção da garrafa PET nas
alvenarias de vedação. O material pode levar à diminuição do custo das construções
e minimizar o problema de habitações (VIEGAS, 2012).
2.8 BLOCO UNITÁRIO COM GARRAFA PET
Desenvolvido por Viegas (2012), o bloco é confeccionado em uma forma de
madeira preenchida com argamassa de concreto e com apenas uma garrafa plástica
tipo PET inserida no interior. A autora não executa nenhum tratamento anterior ao
material reciclado, o que torna a técnica diferente de outras encontradas em revisões
bibliográficas, que utilizam o material como agregado aos blocos, trabalhando com as
garrafas por meio de moagem, misturadas com os ligantes ou com partes recortadas.
As garrafas são inseridas com o interior vazio e fechadas com as próprias
tampas nas formas de madeira que, posteriormente, são preenchidas com
argamassa, utilizando traços diferentes para efetuar os ensaios comparativos
(VIEGAS, 2012). O bloco tem seu modelo de projeto conforme (FIGURA 17), com
dimensões de 37,5 cm x 12,0 cm x 12,0 cm e utiliza o modelo de garrafa comercial de
dois litros de capacidade e 10 cm de diâmetro. O bloco foi desenvolvido com saliências
que possibilitam o intertravamento entre os blocos, o que dispensa o uso de
argamassa de assentamento lateralmente, com intuito de aumentar a produtividade
na execução das alvenarias. Desta forma obtêm-se ganhos entre 80% a 120% em
relação à alvenaria convencional, como descrevem ANAND e RAMAMUTHY (2003).
35
FIGURA 17 - PROJETO DE FORMA PARA BLOCO DE CONCRETO COM GARRAFA PET.
FONTE: Viegas (2012).
Da mesma forma, foi projetado o meio bloco de concreto com garrafa PET,
utilizando a garrafa cortada ao meio, com dimensões de 18,7 cm x 12,0 cm x 12,0 cm,
conforme (FIGURA 18). Os blocos PET já executados e finalizados após secagem de
28 dias, são indicados na (FIGURA 19).
FIGURA 18 - PROJETO DE FORMA DO MEIO BLOCO DE CONCRETO COM GARRAFA PET.
FONTE: Viegas (2012).
36
A B
FIGURA 19 - BLOCO DE CONCRETO COM GARRAFA PET: (A) BLOCO DE CONCRETO INTEIRO
E (B) MEIO BLOCO DE CONCRETO.
FONTE: Viegas (2012).
2.8.1 Características do Bloco Unitário
Os blocos projetados por Viegas (2012) foram confeccionados com
argamassas de concreto de traço 1:3:0,7 (cimento, areia e água); 1:5:0,8 e 1:7:0,9, na
mesma ordem de proporção (VIEGAS, 2012). As propriedades avaliadas seguem o
índice de consistência conforme as normas NBR 13276 (ABNT, 2016) e NM 67 (ABNT,
1998) e a determinação da porosidade do material e capacidade de absorção de água
conforme a NBR 15720 (ABNT, 2005) e NBR 9778 (ABNT, 1986).
Foram ensaiadas 2 amostras com cada traço, a análise do ensaio se apresenta
conforme a Tabela 1, com o incide de consistência, teor de umidade, retenção de
água, ar incorporado e a densidade das argamassas.
37
Tabela 1 - Índice de consistência, abatimento, absorção de água e porosidade.
ARGAMASSAS DE PREENCHIMENTO DOS BLOCOS
Ensaios
Amostras-
Argamassa 1:3:0,7
Amostras-
Argamassa 1:5:0,8
Amostras-
Argamassa 1:7:0,9
Índice de
consistência (mm)
250 252 256
Abatimento pelo
tronco de cone
(mm)
42 43 46
Absorção de água
(%)
10,23 11,48 12,45
10,82 11,8 12,7
Porosidade (%) 20 23 25
21 22 24
Fonte: Viegas (2012).
Viegas (2012) observa o ótimo desempenho das amostras em relação ao
abatimento do tronco de cone, com os índices obtidos para o índice de consistência.
Para um índice padrão de 255 +- 10 mm correspondeu ao abatimento em torno de 42
mm, sem perder a consistência. A porosidade do material e a absorção de agua
aumentam conforme o valor de relação água/areia. O bom desempenho se enquadra
na norma requerida conforme NBR 15270-3:2005 (VIEGAS, 2012).
2.8.2 Ensaios com Bloco Unitário
Para os ensaios de resistência mecânica, desempenho térmico e acústico dos
blocos de concreto com as garrafas PET, foram executados blocos com 3 variações
de argamassa de revestimento, paredes de 120 cm por 100 cm com argamassa na
proporção 1:2:3 de cimento, cal e areia nas alvenarias, tanto com blocos PET como
com blocos de cerâmica tradicionais (VIEGAS, 2012).
(i) Compressão do bloco: O ensaio de compressão realizado com blocos
inteiros na posição vertical e horizontal resultou nos valores conforme a Tabela 2 e
com o mesmo procedimento, o meio bloco foi ensaiado e obtido os valores segundo
a Tabela 3 (VIEGAS, 2012).
38
Tabela 2 - Ensaio de compressão dos blocos com garrafa PET
RESISTÊNCIA DO BLOCO INTEIRO
Bloco Traço Argamassa Posição Resistência (Mpa)
1 1:3:0,7 Horizontal 1,55
2 1:5:0,8 Horizontal 1,58
3 1:7:0,9 Horizontal 1,61
4 1:3:0,7 Vertical 1,83
5 1:5:0,8 Vertical 1,83
6 1:7:0,9 Vertical 1,85
FONTE: Viegas (2012).
Tabela 3 - Ensaio compressão de meio bloco com garrafa PET
RESISTÊNCIA DE MEIO BLOCO
Bloco Traço Argamassa Posição Resistência (Mpa)
1 1:3:0,7 0 Horizontal 1,49
2 1:5:0,8 0 Horizontal 1,49
3 1:7:0,9 0 Horizontal 1,51
4 1:3:0,7 0 Vertical 1,54
5 1:5:0,8 0 Vertical 1,56
6 1:7:0,9 0 Vertical 1,58
FONTE: Viegas (2012).
Pode-se notar que, na posição horizontal, o meio bloco apresenta uma
resistência próxima à resistência na mesma posição do bloco inteiro, porém na
vertical, o meio bloco não apresenta um bom desempenho. Viegas (2012) afirma que
este baixo desempenho se dá pelo fato da garrafa PET ter sido cortada, exercendo
influência sobre este resultado.
(ii) Compressão das alvenarias: as paredes de alvenaria foram ensaiadas em
teste de compressão mecânico e obtidos os resultados conforme Tabela 4. Viegas
(2012) conclui que as três alvenarias de bloco com garrafa PET resultaram em um
valor de carregamento maior do que as alvenarias de bloco cerâmico convencional,
colocando como influência positiva da incorporação das garrafas PET nos blocos.
39
Tabela 4 - Ensaio de compressão nas alvenarias
RESULTADOS DO ENSAIO DE COMPRESSÃO NAS ALVENARIAS
Parede Carga da primeira fissura (kN) Carga última (kN)
PET 1 75 kN 145 kN
Convencional 1 98 kN 140 kN
PET 2 69 kN 145 kN
Convencional 2 78 kN 135 kN
PET 3 85 kN 150 kN
Convencional 3 55 kN 145 kN
FONTE: Viegas (2012).
(iii) Comportamento acústico bloco: a verificação do desempenho acústico por
Viegas (2012) se deu por 2 ensaios. O primeiro avalia as paredes de alvenaria com
Blocos PET e blocos cerâmicos convencionais com uma variação acústica entre 39
dB(A) e 41,2 dB(A), cujos resultados são apresentados conforme o traço de
argamassa nas FIGURA 20, FIGURA 21 e FIGURA 22 a seguir:
FIGURA 20 - ENSAIO ACÚSTICO 1 DAS ALVENARIAS COM TRAÇO 1.
FONTE: Viegas (2012).
FIGURA 21 - ENSAIO ACÚSTICO 1 DAS ALVENARIAS COM TRAÇO 2.
FONTE: Viegas (2012).
40
FIGURA 22 - ENSAIO ACÚSTICO 1 DAS ALVENARIAS COM TRAÇO 3.
FONTE: Viegas (2012)
Os coeficientes de absorção sonora se encontraram normais e foram
realizados apenas para obtenção de dados comparativos das alvenarias. As
alvenarias de bloco com garrafa PET mostraram melhor resultado com a absorção de
ruídos, entre 6,5 dB e 6,9dB conforme as figuras anteriores. A alvenaria convencional
reduziu o ruído entre 4,5 dB e 5,3 dB. Observa-se que o traço da argamassa não tem
influência sobre a absorção acústica, sendo de mais relevância o tipo de bloco
(VIEGAS, 2012).
O segundo ensaio acústico foi realizado em uma câmera com melhor
estanqueidade para mais precisão na avaliação. Os resultados obtidos no ensaio sem
encontram na Tabela 5:
Tabela 5 - Avaliação acústica 2 das alvenarias
RESULTADOS ENSAIO ACÚSTICO 2
Parede Mínimo ruído (dB) Máximo ruído (dB)
PET 1 34,9 dB 58,8 dB
Convencional 1 39,0 dB 61,8 dB
PET 2 29,8 dB 55,8 dB
Convencional 2 34,3 dB 59,6 dB
PET 3 28,4 dB 54,9 dB
Convencional 3 32,9 dB 59,1 dB
FONTE: Adaptado: Viegas (2012).
(iv) Comportamento térmico bloco: o ensaio utilizou o sistema de medição
composto por microcomputadores equipados com datalogger, que gravam dados de
sensores externos (temorpares) para obter o histórico de mapeamento de
temperatura. A ASTM C976 (American Society for Testing and Materials – Test for
Thermal Performance of Building Assemblies by Means of a Calibrade Hot Box)
determina testes técnicos de construção e suas condições de temperatura na
41
edificação (VIEGAS, 2012). O teste utilizou para aquecimento da alvenaria, tanto na
convencional quanto na de blocos com a garrafa plástica, 8 lâmpadas incandescentes
de 40 W para o ensaio 1 e uma lâmpada incandescente de 250 W para o ensaio 2.
O sistema trabalhou com temperaturas lidas pelo datalogger a cada 10 segundos,
durante o tempo de 35 horas. Conforme a Tabela 6, tem-se os valores máximos de
temperatura obtidos por Viegas (2012):
Tabela 6 - Avaliação térmica das alvenarias.
RESULTADOS DA AVALIAÇÃO TÉRMICA DAS ALVENARIAS
PAREDE
MÁXIMA TEMPERATURA-
FONTE DE CALOR 1
MÁXIMA TEMPERATURA-
FONTE DE CALOR 2
PET 1 35,8 ºC 31,5 ºC
CONVENCIONAL 1 35,2 ºC 31,3 ºC
PET 2 36,0 ºC 33,1 ºC
CONVENCIONAL 2 35,5 ºC 33,4 ºC
PET 3 37,0 ºC 32,1 ºC
CONVENCIONAL 3 36,4 ºC 30,9 ºC
FONTE: Adaptado: Viegas (2012).
Viegas (2012) ressalta que o desempenho térmico das paredes com o bloco
incorporando garrafa PET foi semelhante em todos os ensaios.
Segundo Viegas (2012), o bloco de concreto incorporando garrafa PET pode
ser facilmente fabricado. A forma permite execução rápida na alvenaria, uma vez que
1 m2 de parede necessita de 17 destes blocos, contra 25 blocos da alvenaria
convencional. Os traços não variam muito o desemprenho dos blocos e o espaço vazio
interno das garrafas garante o conforto térmico e acústico. A resistência mecânica
com a garrafa PET foi maior com o traço de argamassa número 3, de 1:7:0,9,
conforme ensaios realidades por Viegas (2012) e a resistência inferior a 2MPa permite
que o Bloco PET possa ser usado como vedação.
Os insumos para a confecção dos blocos foram calculados por Viegas (2012)
a partir dos dados do Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da
Construção Civil (SINAPI), referidos ao mês de fevereiro de 2012. O SINAPI resulta
do trabalho em conjunto da Caixa Econômica Federal com o Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE), responsáveis pela divulgação dos preços oficiais do
SINAP e a manutenção dos cadastros de referências técnicas (VIEGAS, 2012).
42
Para o mês de fevereiro de 2012, o bloco teria o custo de R$ 0,67 por unidade
e o m2 seria de R$ 11,32 (onze reais e trinta e dois centavos). A alvenaria com blocos
cerâmicos tradicionais teria o custo de R$ 14,57 (quatorze reais e cinquenta e sete
centavos) o metro quadrado.
2.9 BLOCO DE CONCRETO COM EPS E GARRAFAS PET
Kanning (2008) propõe o modelo de bloco de concreto incorporando garrafa
PET com adição de Poliestireno Expandido - EPS e com 3 garrafas em seu interior. O
modelo do bloco ISOPET de Kanning (2008), utiliza concreto leve com EPS -
comercialmente conhecido como "Isopor®", marca registrada da Knauf Isopor Ltda. –
triturado e incorporado ao concreto e a mistura é colocada em formas para confecção
dos blocos nos modelos propostos (KANNING, 2008).
Foram confeccionados modelos de bloco nas dimensões 40 cm x 40 cm x 14,5
cm, definidos como bloco grande e com 3 garrafas plásticas inteiras na vertical, com
e sem canaleta, e blocos pequenos de dimensão 40 cm x 20 cm x 14,5 cm (FIGURA
24), também na opção com e sem canaleta e executados com 3 garrafas plásticas
recortadas ao meio. Essa canaleta, ilustrada na (FIGURA 25), foi desenvolvida para
substituir as formas na moldagem das vergas, contravergas e cintas de amarração
(KANNING, 2008). As vergas compõem a parte superior de vãos de janelas e portas,
as contravergas são inseridas na parte inferior das janelas. A cinta de amarração se
faz necessária quando a edificação não ser projetada com lajes, assim, tem-se o
travamento de toda a estrutura (KANNING, 2008). O vão interno dessa estrutura é
preenchido com concreto e inserida a armadura para o reforço.
O bloco ISOPET é confeccionado com saliências e reentrâncias que garantem
o intertravamento vertical dos blocos e diminui a quantidade de argamassa de
assentamento, mas o autor descreve a importância de manter a 1 cm de argamassa
na horizontal de cada fiada para melhor resistência da parede de vedação (KANNING,
2008).
43
A B
FIGURA 23 - MODELO DE BLOCO ISOPET: (A) ILUSTRAÇÃO DO ENCAIXE LATERAL E (B)
POSICIONAMENTO DAS GARRAFAS PET NA MOLDAGEM DO BLOCO ISOPET.
FONTE: Kanning (2008).
FIGURA 24 - BLOCOS ISOPET TAMANHO PEQUENO E GRANDE.
FONTE: Kanning (2008).
FIGURA 25 - BLOCO ISOPET COM CANALETA.
FONTE: Kanning (2008).
44
2.9.1 Características do bloco ISOPET
O bloco ISOPET é preenchido com cimento e EPS como agregado miúdo. O
cimento utilizado para a confecção dos blocos foi de classe CPV-ARI RS que
possibilita a rápida desforma das peças. O agregado de EPS foi triturado utilizando
um moedor de milho, com capacidade do motor de 1 HP de potência adaptado com
peneiras de 12mm de diâmetro. Quando a mistura cimento e areia se solidificam, ela
acaba envolvendo as partículas de EPS e proporciona um concreto de baixa
densidade (KANNING, 2008)
O traço utilizado para o concreto se baseia no trabalho realizado por AGUIAR
(2001) e prescreve as proporções em massa com EPS de 1:1,25:3,75:0,6 (cimento/
agregado miúdo natural/ agregado de EPS/ água em litros), A cura dos blocos é de
28 dias para efetuar os ensaios de resistência.
2.9.2 Ensaios bloco ISOPET
Para os ensaios de resistência mecânica, foram executados blocos ISOPET do
tamanho grande e pequeno para compor paredes de alvenaria que foram também
ensaiadas à compressão. Os blocos mostraram variações de tamanho e para a
análise se fez necessária à média das resistências ensaiadas (KANNING, 2008).
(ii) Compressão dos blocos: O autor adota o procedimento de ensaio dos blocos
com capeamento de argamassa de cimento no traço 1:3, pelo fato das altas
temperaturas do enxofre degradar as partículas de EPS, acarretando danos nas
características dos blocos e o aparecimento de bolhas de ar decorrentes do EPS no
interior. Os resultados são colocados na Tabela 7 e plotados em um gráfico (FIGURA
26) para melhor entendimento.
45
Tabela 7 – Resistência Bloco ISOPET
RESISTÊNCIA DO BLOCO ISOPET
Bloco
Dimensões
(altura x largura x comprimento)
(mm)
Área de trabalho
(cm²)
Carga de
ruptura
(kgf)
Tensão de
ruptura
(Mpa)
1 340 x 151 x 399 600,5 5266 0,9
2 342 x 150 x 400 600,5 7256 1,2
3 341 x 152 x 400 600,5 6783 1,1
4 341 x 151 x 399 605,2 4560 0,7
5 340 x 152 x 399 603,2 5438 0,9
6 340 x 151 x 400 606,8 6023 1,0
Média 0,97
Desvio Padrão 0,175
FONTE: Adaptado: Kanning (2008).
FIGURA 26 - RESITÊNCIA BLOCOS ISOPET.
FONTE: Kanning (2008).
Kanning acredita que um fator que pode ter influenciado a baixa resistência
dos blocos é a baixa resistência das partículas de EPS, por possuírem em sua
constituição 2% de massa corpórea e 98% de ar.
(ii) Compressão das alvenarias: Os resultados de resistência a compressão
simples em paredes com resultado das tensões acima de 4 Mpa conforme Tabela 8
e plotada em gráfico na FIGURA 27;
46
Tabela 8 - Resistência da alvenaria com bloco ISOPET
RESISTÊNCIA DA ALVENARIA COM BLOCO ISOPET
Bloco
Dimensões
(altura x largura x comprimento)
(cm)
Área de
trabalho (cm²)
Carga de
ruptura (kgf)
Tensão
de ruptura
(Mpa)
1 200 x 15,1 x 120 1812,0 8600 4,74
2 200 x 15,2 x 120 1824,0 8600 4,93
3 200 x 15,1 x 120 1812,0 8600 5,19
Média 4,96
FONTE: Adaptado: Kanning (2008).
FIGURA 27- RESISTENCIA DA ALVENARIA COM ISOPET
FONTE: Kanning (2008).
Para a obtenção das garrafas PET utilizadas no projeto, foram programados 2
pontos de coleta, uma lanchonete e uma edificação residencial com 128
apartamentos. Ao todo, foram coletadas 250 garrafas de 2,0 litros; 27 garrafas de 2,5
litros e 5 garrafas de 3,0 litros (KANNING, 2008). O autor ressalta que a coleta desse
material se faz importante pelo incentivo à reciclagem e reuso em construções,
reaproveitando o material que seria descartado e beneficiando a edificação
(KANNING, 2008). As garrafas utilizadas no projeto são de capacidade de 2,0 litros.
O valor considerado por Kanning (2008) para o custo do bloco ISOPET foi de
R$ 3,10 a unidade.
47
2.10 MODELO CASA PET
Provenzano (2006) propõe a Casa PET com o projeto utilizando painéis pré-
fabricados de concreto com incorporação de garrafas plásticas para as paredes de
vedação. A concepção da habitação visa colaborar com o a solução do déficit
habitacional, a reciclagem e o reaproveitamento das garrafas tipo PET
(PROVENZANO, 2006). A autora destaca que o processo de fabricação dos painéis
pode ser desenvolvido em processo industrializado ou no próprio canteiro de obras.
A habitação proposta apresenta dois dormitórios, cozinha integrada à sala, área
de serviço e varanda, totalizando 50,70 m². A fundação adotada é do tipo radier, que
irá sustentar toda a edificação. Os painéis são erguidos e fixados com uma malha
metálica e é prevista uma junta entre os painéis de 10 mm para permitir eventuais
movimentações em função da dilatação e retração dos mesmos (PROVENZANO,
2006). Os painéis são montados conforme o projeto arquitetônico (FIGURA 28 - A) e
recebe a estrutura para a cobertura, com lajes planas também pré-fabricadas com uso
de garrafas PET (FIGURA 28 - B). Em seguida, é possível trabalhar com a estrutura
de telhado (FIGURA 28 - C) e a finalização da habitação conforme FIGURA 28 - D.
FIGURA 28 - SEQUÊNCIA DE MONTAGEM CASA PET: (A) PAINÉIS DE PAREDE, (B) LAJE PLANA,
(C) ESTRUTURA DE MADEIRA EM COBERTURA E (D) COBERTURA FINALIZADA.
FONTE: Adaptado de: Provenzano (2006).
2.10.1 Características dos painéis casa PET
Os painéis que compõem as paredes da Casa PET seguem uma modulação
com oito garrafas na base, de 10 cm de diâmetro cada e totalizando 85 cm de
comprimento. Outro módulo de painel é confeccionado com seis garrafas, com 65 cm
de comprimento. A largura dos painéis é de 14 cm. A altura adotada tem o total de
48
265 cm (PROVENZANO, 2006). A autora propõe o uso de garrafas cortadas e
encaixadas, em um molde de madeira preenchido com argamassa. Além disso, o
painel possui um reforço lateral de armadura com CA-60 de diâmetro de 6,3 mm.
A montagem dos painéis, conforme (FIGURA 29), segue a sequência da
confecção das formas (FIGURA 29 - A) que podem ser de madeira, fibra de vidro ou
aço (PROVENZANO, 2006). As formas devem ser verificadas quanto a limpeza e
impermeabilização. Em seguida, tem-se o preenchimento de uma das superfícies do
painel com 20 mm de argamassa de cimento e areia com aditivo, para que as garrafas
plásticas sejam totalmente incorporadas pelo concreto (FIGURA 29 - B). São
colocadas as colunas de garrafas plásticas nos painéis e um reforço de armadura com
aço CA-60, em forma de treliças no perímetro do painel (FIGURA 29 - C), para em
seguida continuar o preenchimento com argamassa, regularizando a superfície e
obtendo o painel finalizado (FIGURA 29 - D E FIGURA 29 - E).
FIGURA 29 – SEGUÊNCIA DE MONTAGEM DOS PAINÉIS: (A) FORMA DE MADEIRA, (B)
COLOCAÇÃO DA ARGAMASSA, (C) COLOCAÇÃO DAS GARRAFAS E ARMADURA, (D)
PREENCHIMENTO DA FORMA E (E) PAINÉL PREENCHIDO.
FONTE: Adaptado de: Provenzano (2006).
O projeto nº. 02:136.01.001 da ABNT (2004) exige instalações nas edificações
para que atendam às exigências orgânicas e funcionais do usuário, como
alimentação, agua, luz, gás (PROVENZANO, 2006). Na confecção dos painéis é
inserida no interior das garrafas a tubulação e eletrodutos (FIGURA 30), pelo sistema
de prumadas que faz a distribuição pela parte superior dos painéis e sobre a laje. Este
método é usualmente utilizado em alvenarias estruturais com blocos de concreto ou
cerâmico (PROVENZANO, 2006).
49
A autora do projeto reforça a importância de um projeto da habitação que prevê
os locais de instalações dos pontos elétricos e hidráulicos para que assim possa
racionalizar a fabricação dos painéis, evitando rasgos e retrabalhos, que podem levar
ao despedido, consumo excessivo de material e mais mão-de-obra. Com os locais de
instalações elétricas e hidráulicas definidos, a placa que receberá a tubulação será
executada adaptando ao projeto, enquanto as demais placas serão construídas com
o projeto anterior (PROVENZANO, 2006). Os painéis são confeccionados com
variações de alturas, para serem aplicados em instalações de esquadrias ou quando
se faz necessária, por orientações do projeto, uma altura diferenciada.
FIGURA 30 – PAINEL COM INSTALAÇÕES HIDRÁULICAS E ELÉTRICAS.
FONTE: Provenzano (2006).
A argamassa de cimento utilizada possui 25 kg de cimento Portland Pozolânico,
75 kg de areia, 125 ml de aditivo adiment superplastificante e 10 litros de agua. O
desmolde do painel pode ser executado após 48 horas da execução. Caso seja
utilizado cimento de alta resistência inicial, pode ser desmoldado após 20 horas. As
formas são reutilizadas para novos painéis e estes são armazenados por 28 dias para
que possam ser utilizados (PROVENZANO, 2006).
2.10.2 Ensaios
Os painéis foram ensaiados à compressão na posição vertical e comparados
com a alvenaria convencional conforme TABELA 9.
50
Tabela 9 - Resistência a compressão casa PET
RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO DE PAINÉIS CASA PET
Painel
Dimensões
(altura x largura x comprimento)
(cm)
Carga de ruptura
(kN)
Tensão de
ruptura
(Mpa)
PET 1 265 x 14 x 65 161,035 1,77
PET 2 265 x 14 x 65 103,263 1,13
PET 3 265 x 14 x 65 90,640 1,00
CONVENCIONAL 1 265 x 10 x 115 115,4 1,00
CONVENCIONAL 2 265 x 10 x 115 135,3 1,18
CONVENCIONAL 3 265 x 10 x 115 173,5 1,58
FONTE: Adaptado: Provenzano (2006).
Os ensaios realizados com os painéis foram considerados satisfatórios,
apresentando resultados similares ao comparar com painéis executados com tijolos
cerâmicos convencionais (PROVENZANO, 2006).
51
3. METODOLOGIA
3.1 CONCEITUAÇÃO
Inicialmente foi feito o levantamento dos conceitos relacionados à temática do
trabalho, contemplando as habitações de interesse social, reciclagem de resíduos e a
ecoeficiência na construção civil. A pesquisa se limita à técnica de construção com
blocos de concreto incorporando garrafas PET, para que seja possível a aplicação da
proposta em habitações de interesse social e situações que se limitem a um baixo
orçamento, sem exigir tecnologia superior de preparo de material reciclado.
A conceituação das habitações sociais e da realidade de moradias vulneráveis
se farão necessárias para o entendimento das ocupações e da situação das famílias
de baixa renda em comunidades, a partir dos conceitos de Bonduki (2002) e da Nova
Agenda Urbana (2016), conhecendo também o modelo de trabalho da ONG TETO
nas comunidades carentes. Com modelo de manual construtivo na intervenção da
organização nas comunidades, a proposta do trabalho foi desenvolver um manual de
construção de paredes de vedação com os blocos PET, definindo também a opção de
aberturas de portas e janelas, a possibilidade de encaixes entre blocos e instalações
hidráulicas e elétricas.
3.2 BLOCOS PET
O bloco PET utilizado é baseado nos projetos desenvolvidos por Viegas (2012),
Kanning (2008) e Provenzano (2006). Os modelos de bloco PET foram adaptados e
dimensionados com 2 garrafas para o modelo grande e 1 garrafa para o modelo
pequeno, todos com opção de encaixes “macho” e “fêmea” – macho com encaixe para
fora, fêmea com o encaixe para dentro – para que haja a flexibilidade na montagem
das paredes de vedação. A (FIGURA 31) ilustra os modelos de bloco:
52
FIGURA 31 - BLOCO PET
FONTE: O autor (2017)
Para o procedimento de confecção dos blocos, devem ser executadas
primeiramente as formas de madeira. São utilizadas placas de madeira para base,
quatro peças para as laterais do bloco e uma peça extra para recorte e confecção das
saliências do bloco. Com todas as peças fixas, tem-se o encaixe da garrafa plástica e
posterior preenchimento da forma, como exemplifica a (FIGURA 32):
FIGURA 32 - MONTAGEM DE FORMA PARA BLOCO PET.
FONTE: O autor (2017)
A peça recortada para a confecção dos encaixes do bloco se dará por uma
placa de 40 x 12 x 1,5 cm recortada com as distâncias ilustradas a seguir na (FIGURA
33):
53
FIGURA 33 - RECORTE PARA ENCAIXES ENTRE BLOCOS PET
FONTE: O autor (2017)
O resultado de corte são as peças 1A e 2A. Estas placas são fixadas na lateral
interna das formas, na placa denominada L1. Os blocos 1 e 4 utilizam os 2 recortes
(1A e 2A). Os blocos 2 e 5 utilizam apenas o recorte 1A os blocos 3 e 6 utilizam
somente a peça 2A.
Para cada bloco, a forma é composta por 2 placas L1 de dimensões 40 x 12 x
2 cm nas faces menores do bloco, cada uma com o recorte para o encaixe definido
para o bloco. As faces maiores e a base variam conforme cada modelo de bloco PET.
As formas utilizam pregos para seu posterior desmolde e remontagem para
confeccionar novos blocos. Em cada bloco PET, deve ser prevista uma base de 2 cm
de argamassa, evitando que a garrafa fique exposta no bloco finalizado.
A proporção utilizada para preenchimento das formas será de 1:7:0,9
(cimento:areia:água), que segundo Viegas (2012) proporcionou melhor desempenho
entre as proporções ensaiadas pela autora no bloco unitário. O cimento utilizado é do
tipo Portland, que segundo Provenzano (2006), permite a desforma em 48 horas. Os
blocos poderão ser utilizados após 28 dias de cura do concreto.
A Tabela 10 detalha as dimensões das peças de madeira para a confecção das
formas e a Tabela 11 organiza cada bloco com as respectivas formas necessárias.
54
Tabela 10 - Placas de formas
DIMENSÕES DAS PLACAS DE FORMA
RECORTE
Base maior
(cm)
Base menor
(cm)
Altura
(cm)
Espessura
(cm)
A1 6 4 40 1,5
A2 4 3 40 1,5
BASES
Comprimento
(cm)
Largura
(cm)
Espessura
(cm)
B1 29,5 16 2
B2 28 16 2
B3 17,5 16 2
B4 16 16 2
LATERAL
Comprimento
(cm)
Largura
(cm)
Espessura
(cm)
L1 40 12 2
L2 40 29,5 2
L3 40 28 2
L4 40 17,5 2
L5 40 16 2
Fonte: O autor (2017)
Tabela 11 - Formas por bloco
BLOCO
PET
A1 A2 B1 B2 B3 B4 L1 L2 L3 L4 L5
1 1 2 1 2 2
2 1 1 2 2
3 2 1 2 2
4 1 2 1 2 2
5 1 1 2 2
6 2 1 2 2
TOTAL 4 8 2 1 2 1 12 4 2 4 2
Fonte: O autor (2017)
Os blocos PET de números 1, 2 e 3 têm dimensões de 40 x 24 x 12 cm, com
encaixe “macho e fêmea” no Bloco PET 1 (FIGURA 34), apenas “fêmea” no Bloco PET
2 (FIGURA 35) e somente “macho” no Bloco PET 3 (FIGURA 36). Os blocos grandes
utilizam 2 garrafas de 2,0 litros, com 10 cm de diâmetro no centro.
55
FIGURA 34 - BLOCO PET 1
Fonte: O autor (2017)
FIGURA 35 - BLOCO PET 2
Fonte: O autor (2017)
FIGURA 36 - BLOCO PET 3
Fonte: O autor (2017).
O bloco 4, 5 e 6 tem dimensões de 40 x 12 x 12 cm, com encaixe “macho e
fêmea” no bloco PET 4 (FIGURA 37), apenas fêmea no bloco PET 5 (FIGURA 38) e
somente macho no bloco PET 6 (FIGURA 39). Estes blocos são necessários para
preenchimento da parede entre os blocos grandes, proporcionando paredes com
comprimentos menores, com uma flexibilidade nas medidas. Estes blocos utilizam 1
garrafa de 2,0 litros, com 10 cm de diâmetro.
56
FIGURA 37 - BLOCO PET 4
FONTE: O autor (2017)
FIGURA 38 - BLOCO PET 5
Fonte: O autor (2017).
FIGURA 39 - BLOCO PET 6
Fonte: O autor (2017)
A disposição dos blocos nas fiadas da construção (horizontal) devem ser de
forma alternada, garantindo melhor travamento da alvenaria (KANNING, 2008).
Conforme coloca Kanning (2008) a primeira fiada necessita de 5 cm de argamassa
antes de receber os blocos e entre fiadas é necessário o preencimento com 1 cm de
argamassa para cobrir superfícies irregulares e proporcionar melhor resistência no
57
conjunto de blocos. Deve ser considerar as dimensões fixas dos blocos PET para
compor o comprimento total das paredes, evitando corte de blocos que comprometem
a resistência do mesmo.
3.3 ADAPTAÇÃO DO PROJETO
As moradias da ONG TETO são em madeira com painéis pré-fabricados. A
planta da CASA GRANDE tem 3,0 x 6,0 m com painéis de 2,5 m de altura. A cumeeira
da casa tem altura total de 2,70m (FIGURA 40)
A B
FIGURA 40 - CASA MODULAR TETO BRASIL: (A) PERSPECTIVA E (B) PLANTA CASA GRANDE.
FONTE: Adaptado de: TETO – BRASIL (2015).
A proposta da habitação permanente com alvenaria segue o modelo atual de
casas, ampliando o projeto com a instalação de um módulo sanitário. Foi considerado
um pré-dimensionamento de pilares de 15x24cm de concreto armado. A aréa total da
casa terá 22,50 m², com pé direito de 2,70 m e considerando cinta de amarração de
20 cm. (FIGURA 41)
58
FIGURA 41 – PLANTA NOVA CASA TETO.
FONTE: o Autor (2017).
Com o modelo de casa com a alvenaria com Bloco PET, são definidos oito tipos de
paredes (FIGURA 42). Sendo elas:
1- Parede com porta e janela grande
2- Parede com janela grande
3- Parede com janela pequena
4- Parede fechada grande A
5- Parede fechada pequena A
6- Parede fechada grande B
7- Parede Hidráulica
8- Parede com porta pequena
FIGURA 42 – PAREDES NOVA CASA TETO.
FONTE: o Autor (2017).
59
Cada parede possui uma quantidade de blocos específica e tipos diferentes de
modelo do bloco. Conforme Tabela, tem-se o quantitativo por unidade de parede:
Tabela 12 - Blocos PET por parede de alvenaria
FONTE: O AUTOR (2017).
Tabela 13 - Quantidade de Garrafas PET para NOVA CASA TETO
FONTE: O AUTOR (2017).
Para a abertura de portas e janelas, utilizam-se vergas e contravergas que
farão o travamento e estruturação do vão na alvenaria. As opções para este módulo
com bloco PET são janelas grandes de 96 x 81 cm com peitoril de 1,08m e janelas
menores de 60 x 40 cm com peitoril de 1,49m. As portas tem dimensões de 70x210
cm e 60x210 cm. A verga tem dimensoes 144 x 12 x 20 cm, com vão interno de 15 x
6 cm para colocação da estrutura de aço CA-60 de 6,3mm de diâmetro e concretagem.
As vergas e contravergas (FIGURA 43) serão confeccionadas no local onde será
fixada as portas e janelas (FIGURA 44).
60
FIGURA 43 - VERGA E CONTRAVERGA
Fonte: O autor (2017)
FIGURA 44 – EXECUÇÃO DA CONTRAVERGA EM JANELA.
FONTE: o Autor (2017).
As instalações elétricas e hidraulicas devem ser previstas ainda em projeto. As
tubulacoes hidráulicas serão inseridas em parede de tijolo cerâmico (FIGURA 45). A
bibliografia contempla a instalação de tubulações internas a garrafa, porém limitando
à esta, o diâmetro de 25mm. Logo, para manter a quantidade de blocos desenvolvidos
e não havendo um estudo sobre a retirada das garrafas PET internas aos blocos,
optou-se por manter as paredes hidráulicas com tijolos cerêmicos. As tubulações
elétricas serão feitas com canaletas externas.
FIGURA 45 - TUBULAÇÃO ELÉTRICA OU HIDRÁULICA COM BLOCO PET
Fonte: O autor (2017).
61
O fechamento superior poderá ser feito com cinta de amarração pois não é
considerada a execução de laje superior. A possibilidade de outro pavimento deve ser
estudada no projeto estrutural especificando a viga. A cinta de amarração pode ser
executada nas dimenções da verga e contraverga, considerando o mínimo de 20 cm
de altura para que se tenha pé direito interno de 2,70 cm (FIGURA 46).
FIGURA 46 - NOVA CASA TETO FINALIZADA.
FONTE: O AUTOR (2017).
O custo por bloco unitário – produzidos com uma garrafa interna - foi baseado
nos valores do SINAPI para o mês de outubro (TABELA 14). O valor aproximado dos
materiais levou em consideração a compra da garrafa PET de usinas de reciclagem
com valor médio de três fornecedores da embalagem em Curitiba. Espera-se, porém,
que este seja um valor desconsiderado por trabalhar com o princípio do reuso do
material doméstico.
62
3.4 CUSTO DO BLOCO PET
Tabela 14 – Custo do bloco unitário
Custo unitário por bloco
Material Quantidade Custo (R$)
Cimento 1kg R$0,43
Areia 0,00376 m³ R$0,10
Garrafa PET 1 R$0,15
Custo do bloco unitário R$0,68
FONTE: O AUTOR (2017).
Considerando uma construção com tijolos cerâmicos de 6 furos com dimensões
de 14x19x9cm, o custo por metro quadrado construído, segundo dados do SINAPI
(2017) seria de 15,60 (quinze reais e sessenta centavos). A construção com Bloco
PET tem o metro quadrado correspondente a R$ 12,34 (doze reais e trinta e quatro
centavos) considerando a execução com argamassa 1:4 (cimento e areia). A área total
de alvenaria de vedação para a NOVA CASA TETO é de 41,73 m², com custo de
aproximadamente R$ 515,00 para as paredes.
63
4. RESULTADO
4.1 MANUAL DE CONSTRUÇÃO COM BLOCOS PET
O manual de paredes de vedação (Apêndice - A) foi dividido em: introdução;
planejamento; materiais; forma; paredes e conclusão. Na introdução tem-se o
objetivo do trabalho e a contextualização do tema. Além disso, a apresentação da
proposta e etapas de concepção do projeto da NOVA CASA TETO. O planejamento
descreve os blocos utilizados neste método construtivo, a especificação das paredes
e a planta da casa. No item materiais, se tem o quantitativo de blocos, separados por
módulos de parede, quantidade de garrafas e tipos de materiais utilizados, para então
seguir para forma onde há a instrução da confecção das formas de madeira,
orientação para o recorte das peças que resultam no encaixe entre blocos e as
instruções de preenchimento das formas com a argamassa de concreto. O tópico
parede orienta toda a execução dos oito tipos de paredes, a execução da verga e
contraverga e instalação da tubulação elétrica e hidráulica. Por fim, conclui-se o
documento com a importância do trabalho acerca dos temas.
O documento foi montado no software Adobe Illustrator CC 2017 com as
imagens trabalhadas no Adobe Photoshop CC 2017, retiradas a partir do modelo 3D
feito no software SketchUp.
Foram utilizados Blocos PET impressos em 3D em filamentos de plásticos na
escala 1:10 como complemento de estudo (FIGURA 47). Assim, se pode trabalhar
com situações problemas de encaixe de blocos, organização dos tipos de blocos nas
paredes e análise das orientações para a execução das paredes na realidade. Imãs
de neodímio de 4mm de diâmetro e 2mm de espessuras funcionaram como a
“argamassa” e facilitaram o processo de encaixe dos blocos na vertical.
FIGURA 47 – MODELOS DE BLOCO PET IMPRESSOS EM 3D
Fonte: O autor (2017).
64
5. CONCLUSÃO
Dada a importância da ecoeficiência nas edificações e melhoria das condições
de habitação sociais da TETO - Brasil, o Manual de Construção de paredes de
vedação com o Bloco PET se mostra uma alternativa para a construções das moradias
e segue o modelo de trabalho da organização.
O Bloco PET projetado com opções alternadas de saliências e reentrâncias,
permite que a montagem da alvenaria seja flexível e que a construção se adapte à
diferentes situações de projeto. As etapas de produção dos blocos e a execução das
paredes são descritas de forma independente, assim, possibilitam ao interessado no
trabalho as opções de se trabalhar apenas com a produção dos blocos ou executando
partes do projeto da casa. Isto gera uma alternativa de trabalho para as famílias, que
podem buscar na produção de blocos, uma renda extra e uma atividade para a
comunidade e utilizar a matéria prima gerada pela própria comunidade. A construção
com este bloco pode servir como melhoria de moradias já finalizadas e ampliações de
casas. Espera-se que com este manual sejam executados trabalhos de pesquisa para
outros processos construtivos com alvenaria das habitações da ONG TETO, visto que
o Bloco PET apenas exerce a função de vedação nas morarias e pesquisas sobre a
colocação de tubulações internas à garrafa, para que se possam executar de forma
segura as paredes hidráulicas.
Sendo assim, o Manual de Construção de paredes de vedação com Bloco PET
para a NOVA CASA TETO necessita ser associado a projetos estruturais, de fundação
e cobertura. Espera-se que estes também sejam projetos de custo acessível, seguros,
eficientes e comprometidos com o meio ambiente. Caminhando assim, para a
construção de uma sociedade mais justa, com acesso pleno à moradia e
ecologicamente consciente.
65
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ABIPET. Associação Brasileira dos Fabricantes de Embalagens de PET. abipet, 2017.
Disponivel em: <http://www.abipet.com.br>. Acesso em: 17 Maio 2017.
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absorção de água por imersão - Índice de vazios e massa específica. ABNT. Rio
de Janeiro. 1986.
ABNT. Concreto - Determinação da consistÊncia pelo abatimento do tronco de
cone. Rio de Janeiro: ABNT, 1998.
ABNT. Projeto 02: 136.01.001: Desempenho de Edfiícios Habitacionais de até 5
pavimentos - Parte 1: Requisitos gerais. Rio de Janeiro: [s.n.], 2004.
ABNT. NBR 15720-3: Componentes cerâmicos. Parte 3: Blocos cerâmicos para
alvenaria estrutural e de vedação - Métodos de ensaio. ABNT. Rio de Janeiro.
2005.
ABNT. Argamassa para assentamento e revestimento de paredes e tetos -
Determinação do Índice de conscistência. 3. ed. Rio de Janeiro: ABNT, 2016.
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<https://www.thoughtco.com/history-of-polyester-4072579>. Acesso em: 17 Maio
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BIGNETTI, L. P. As inovações sociais: uma incursão por ideias, tendências e focos de
pesquisa. Ciências Sociais Unisinos, São Leopoldo, v. 47, n. 1, p. 3-14, Janeiro-Abril
2011.
BLENGINI, G. A. Life cycle of buildings, demolition and recycling potential: A case
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BOMBONATO, F.; NOGUEIRA, C. E. Estudos sobre a energia elétrica, eficiência
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BONDUKI, N. G. Origens da habitação social no Brasil: arquitetura moderna, lei do
inquilinato e difusão da casa própria. 3. ed. São Paulo: Estação Liberdade, 2002.
BOULOS, G. Por que ocupamos? - Uma introdução à luta dos sem-teto. 3ª. ed.
São Paulo: Autonomia Literária, 2015.
66
BRASIL, P. D. R. D. Lei Nº 12.424, de 16 de Junho de 2011. Palácio do Planalto,
2011. Disponivel em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-
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MANUAL DE CONSTRUÇÃO DE PAREDES DE VEDAÇÃO COM BLOCOS DE CONCRETO INCORPORANDO GARRAFA PET: ESTUDO DE CASO PARA ONG TETO - BRASIL

  • 1. UNIVERSIDADE POSITIVO RAFAEL MESQUITA DA SILVA MANUAL DE CONSTRUÇÃO DE PAREDES DE VEDAÇÃO COM BLOCOS DE CONCRETO INCORPORANDO GARRAFA PET: ESTUDO DE CASO PARA ONG TETO - BRASIL ‘ CURITIBA 2017
  • 2. RAFAEL MESQUITA DA SILVA MANUAL DE CONSTRUÇÃO DE PAREDES DE VEDAÇÃO COM BLOCOS DE CONCRETO INCORPORANDO GARRAFA PET: ESTUDO DE CASO PARA ONG TETO - BRASIL Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao curso de Engenharia Civil da Universidade Positivo como parte dos requisitos para graduação. Orientador: Prof.ª. MSc. Elaine Nunes Jordan CURITIBA 2017
  • 3. AGRADECIMENTOS Aos meus pais e irmãos pelo apoio e oportunidade de alcançar esta etapa de minha vida. Ao meu companheiro Eduardo Sinegaglia pelo incentivo e contribuição da pesquisa, como também ao suporte em todo decorrer desse processo. À ONG TETO – Brasil e voluntários pela colaboração e auxílio na realização deste trabalho, em especial à diretora da sede Paraná, Marcelle Borges, por transmitir seus conhecimentos e pela coragem e resistência, nas quais me espelho. À Universidade Positivo e à Professora MSc. Elaine Nunes Jordan pelo conhecimento passado nas orientações.
  • 4. RESUMO O presente trabalho consiste no desenvolvimento de um manual técnico-construtivo de execução de paredes de vedação com Blocos PET. A proposta se destina à ONG TETO – BRASIL por se tratar de uma alternativa de construção permanente para o atual modelo de solução emergencial da organização. O Bloco PET tem baixo custo e reutiliza materiais que seriam descartados no ambiente. O manual orienta a execução dos blocos, da alvenaria de vedação e instrui para as instalações elétricas, hidráulicas e abertura de portas e janelas. A ONG TETO atua desde 1997 no Chile e há 11 anos no Brasil nas comunidades do estado de São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia e Paraná. Elaborando estratégias de intervenções sociais, a ONG mobiliza voluntários moradores para construções de casas emergenciais em madeira, seguindo o padrão internacional do Manual de Construção da CASA TETO, que direciona à correta montagem da casa. Como alternativa de melhoria da condição dessa habitação, tem- se a alvenaria de vedação com Blocos PET – blocos de concreto incorporando garrafas PET. Desenvolvido por Provenzano (2006), Kanning (2008) e Viegas (2012), o Bloco PET melhora o desempenho acústico e térmico da habitação, é de fácil execução, baixo custo e envolve o reuso de materiais com potencial de aplicação em construções. Assim, o Bloco PET se mostra uma opção de construção eficiente e sustentável para as moradias da TETO - Brasil, trabalhando como modelo de intervenção permanente e seguindo o modelo de trabalho da organização com o desenvolvimento de um manual construtivo de paredes de vedação com esse material. Palavras-chave: Ecoeficiência. Habitação Social. Garrafa PET.
  • 5. LISTA DE FIGURAS FIGURA 1 - CASA MODULAR TETO BRASIL: (A) PERSPECTIVA E (B) PLANTA CASA GRANDE. .......................................................................................................17 FIGURA 2 - TIPO DE CONFIGURAÇÕES DOS PAINÉIS DA CASA TETO: (A) PORTA NA LATERAL E (B) PORTA NA FACHADA..............................................................17 FIGURA 3 - MANUAL DE CONSTRUÇÃO CASA TETO. .........................................20 FIGURA 4 - PIRÂMIDE DE QUÉOPS, EGITO..........................................................26 FIGURA 5 - TEMPLO DE KARNAK, EGITO. ............................................................26 FIGURA 6 - ABÓBODA INTERNA PANTHEON, ROMA..........................................27 FIGURA 7 - VISTA FRONTAL PARTHENON, GRÉCIA. ..........................................27 FIGURA 8 - EDIFÍCIO MONADNOCK: (A) VISTA LATERAL E (B) PAREDE DO PAVIMENTO TÉRREO. ............................................................................................28 FIGURA 9 - ALVENARIA DE PAU A PIQUE.............................................................29 FIGURA 10 - EXECUÇÃO DE ALVENARIA DE TAIPA DE PILÃO...........................30 FIGURA 11 - ALVENAFIA DE PEDRA: PAZZALO MEDICI-RICHARDI, FLORENÇA: (A) VISTA FRONTAL E (B) DETALHE DA ALVENARIA...........................................30 FIGURA 12 - EXECUÇÃO DE TIJOLO ADOBE........................................................31 FIGURA 13 - PAREDE DE VEDAÇÃO COM TIJOLO ADOBE. ................................31 FIGURA 14 - ALVENARIA DE TIJOLO MACIÇO......................................................32 FIGURA 15 - ALVENARIA DE TIJOLO FURADO. ....................................................32 FIGURA 16 - ALVENARIA DE BLOCO DE CONCRETO..........................................33 FIGURA 17 - PROJETO DE FORMA PARA BLOCO DE CONCRETO COM GARRAFA PET. ..........................................................................................................................35 FIGURA 18 - PROJETO DE FORMA DO MEIO BLOCO DE CONCRETO COM GARRAFA PET.........................................................................................................35 FIGURA 19 - BLOCO DE CONCRETO COM GARRAFA PET: (A) BLOCO DE CONCRETO INTEIRO E (B) MEIO BLOCO DE CONCRETO. .................................36 FIGURA 20 - ENSAIO ACÚSTICO 1 DAS ALVENARIAS COM TRAÇO 1. ..............39 FIGURA 21 - ENSAIO ACÚSTICO 1 DAS ALVENARIAS COM TRAÇO 2. ..............39 FIGURA 22 - ENSAIO ACÚSTICO 1 DAS ALVENARIAS COM TRAÇO 3. ..............40
  • 6. FIGURA 23 - MODELO DE BLOCO ISOPET: (A) ILUSTRAÇÃO DO ENCAIXE LATERAL E (B) POSICIONAMENTO DAS GARRAFAS PET NA MOLDAGEM DO BLOCO ISOPET........................................................................................................43 FIGURA 24 - BLOCOS ISOPET TAMANHO PEQUENO E GRANDE. .....................43 FIGURA 25 - BLOCO ISOPET COM CANALETA.....................................................43 FIGURA 26 - RESITÊNCIA BLOCOS ISOPET. ........................................................45 FIGURA 27- RESISTENCIA DA ALVENARIA COM ISOPET ...................................46 FIGURA 28 - SEQUÊNCIA DE MONTAGEM CASA PET: (A) PAINÉIS DE PAREDE, (B) LAJE PLANA, (C) ESTRUTURA DE MADEIRA EM COBERTURA E (D) COBERTURA FINALIZADA. .....................................................................................47 FIGURA 29 – SEGUÊNCIA DE MONTAGEM DOS PAINÉIS: (A) FORMA DE MADEIRA, (B) COLOCAÇÃO DA ARGAMASSA, (C) COLOCAÇÃO DAS GARRAFAS E ARMADURA, (D) PREENCHIMENTO DA FORMA E (E) PAINÉL PREENCHIDO. ..................................................................................................................................48 FIGURA 30 – PAINEL COM INSTALAÇÕES HIDRÁULICAS E ELÉTRICAS. .........49 FIGURA 31 - BLOCO PET ........................................................................................52 FIGURA 32 - MONTAGEM DE FORMA PARA BLOCO PET....................................52 FIGURA 33 - RECORTE PARA ENCAIXES ENTRE BLOCOS PET ........................53 FIGURA 34 - BLOCO PET 1 .....................................................................................55 FIGURA 35 - BLOCO PET 2 .....................................................................................55 FIGURA 36 - BLOCO PET 3 ....................................................................................55 FIGURA 37 - BLOCO PET 4 .....................................................................................56 FIGURA 38 - BLOCO PET 5 .....................................................................................56 FIGURA 39 - BLOCO PET 6 .....................................................................................56 FIGURA 40 - CASA MODULAR TETO BRASIL: (A) PERSPECTIVA E (B) PLANTA CASA GRANDE. .......................................................................................................57 FIGURA 41 – PLANTA NOVA CASA TETO..............................................................58 FIGURA 42 – PAREDES NOVA VASA TETO...........................................................58 FIGURA 43 - VERGA E CONTRAVERGA ................................................................60 FIGURA 44 – EXECUÇÃO DA CONTRAVERGA EM JANELA. ...............................60 FIGURA 45 - TUBULAÇÃO ELÉTRICA OU HIDRÁULICA COM BLOCO PET.........60 FIGURA 46 - NOVA CASA TETO FINALIZADA........................................................61 FIGURA 47 – MODELOS DE BLOCO PET IMPRESSOS EM 3D ............................63
  • 7. LISTA DE TABELAS Tabela 1 - Índice de consistência, abatimento, absorção de água e porosidade. .....37 Tabela 2 - Ensaio de compressão dos blocos com garrafa PET...............................38 Tabela 3 - Ensaio compressão de meio bloco com garrafa PET...............................38 Tabela 4 - Ensaio de compressão nas alvenarias.....................................................39 Tabela 5 - Avaliação acústica 2 das alvenarias.........................................................40 Tabela 6 - Avaliação térmica das alvenarias.............................................................41 Tabela 7 – Resistência Bloco ISOPET......................................................................45 Tabela 8 - Resistência da alvenaria com bloco ISOPET...........................................46 Tabela 9 - Resistência a compressão casa PET.......................................................50 Tabela 10 - Placas de formas....................................................................................54 Tabela 11 - Formas por bloco ...................................................................................54 Tabela 12 - Blocos PET por parede de alvenaria......................................................59 Tabela 13 - Quantidade de Garrafas PET para NOVA CASA TETO ........................59 Tabela 14 – Custo do bloco unitário..........................................................................62
  • 8. SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ......................................................................................................10 1.1 OBJETIVO...........................................................................................................12 1.2 JUSTIFICATIVA ..................................................................................................12 2. REVISÃO DA LITERATURA ................................................................................14 2.1 DIREITO À MORADIA.........................................................................................14 2.2 ONG TETO - BRASIL..........................................................................................16 2.2.1 Manual de Construção da Casa TETO.............................................................18 2.3 MANUAL DE PROCEDIMENTOS.......................................................................21 2.4 RESÍDUOS E O AMBIENTE ...............................................................................22 2.4.1 Ecoeficiência ....................................................................................................23 2.5 GARRAFAS PET.................................................................................................24 2.6 ALVENARIA ........................................................................................................25 2.6.1 Alvenaria Estrutural ..........................................................................................28 2.6.2 Alvenaria de Vedação ......................................................................................29 2.7 MATERIAIS NÃO CONVENCIONAIS NA CONSTRUÇÃO CIVIL .......................33 2.8 BLOCO UNITÁRIO COM GARRAFA PET ..........................................................34 2.8.1 Características do Bloco Unitário .....................................................................36 2.8.2 Ensaios com Bloco Unitário..............................................................................37 2.9 BLOCO DE CONCRETO COM EPS E GARRAFAS PET...................................42 2.9.1 Características do bloco ISOPET.....................................................................44 2.9.2 Ensaios bloco ISOPET.....................................................................................44 2.10 MODELO CASA PET ........................................................................................47 2.10.1 Características dos painéis casa PET............................................................47 2.10.2 Ensaios...........................................................................................................49 3. METODOLOGIA ...................................................................................................51
  • 9. 9 3.1 CONCEITUAÇÃO ...............................................................................................51 3.2 BLOCOS PET .....................................................................................................51 3.3 ADAPTAÇÃO DO PROJETO..............................................................................57 3.4 CUSTO DO BLOCO PET....................................................................................62 4. RESULTADO........................................................................................................63 4.1 MANUAL DE CONSTRUÇÃO COM BLOCOS PET............................................63 5. CONCLUSÃO .......................................................................................................64 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.....................................................................65 APÊNDICE – Manual técnico-construtivo para execução de paredes de vedação utilizando o bloco PET: blocos de concreto com garrafas pet para moradias de interesse social. ONG TETO - BRASIL ..................................................................70
  • 10. 10 1. INTRODUÇÃO A expansão das cidades e o crescimento populacional têm contribuído para a intensificação dos impactos ambientais (MUCELIN, BELLINI, 2008). O consumo de produtos industrializados resulta em uma excessiva geração de lixo e a problemática ambiental se intensifica pela inadequada disposição final destes resíduos. A preocupação com esse descarte deve se fundamentar no tempo de decomposição destes materiais na natureza. O alumínio, por exemplo, necessita de 200 a 500 anos para se decompor, os papéis levam aproximadamente um mês e as garrafas plásticas demoram mais de 400 anos (VIEGAS, 2012). Dentre os materiais utilizados em embalagens fabricadas, encontra-se o Poli Tereftalato de Etileno (PET), desenvolvido pelos ingleses Whinfield e Dickson, em 1941, um polímero resistente, com propriedade comercial e 100% reciclável que pode ser reutilizado a partir de processos mecânicos, energéticos ou químicos, segundo a Associação Brasileira dos Fabricantes de Embalagens de PET (ABIPET, 2017). A reciclagem da garrafa PET, sem processos químicos e mecânicos em experimentos na construção civil, utiliza o material como agregado ou incorporado a outros métodos convencionais de construção, com o intuito de minimizar custos e cria construções acessíveis às pessoas de baixa renda (GALLI, MAGINA, et al., 2012). A fim de reduzir a quantidade de garrafas PET descartadas no ambiente, trabalha-se com o reaproveitamento desse material na construção civil através da técnica da incorporação dessas em blocos de concreto. Autores destacam o uso do bloco com garrafa PET por trazer benefícios econômicos à construção, melhoria nos desempenhos térmicos e acústicos e conferindo maior rigidez às paredes de vedação, com menor peso do conjunto final da habitação devido ao vazio interno da garrafa (PROVENZANO, 2006). Os blocos utilizados como base de projeto foram desenvolvidos por Viegas (2012) e Kanning (2008). O primeiro foi desenvolvido de forma unitária e o segundo com agregado de EPS e em maior quantidade de garrafas no interior. Dentre outros pontos positivos da utilização de blocos de concreto com garrafa PET, se destacam os ganhos ambientais pela redução na quantidade de resíduos no ambiente e a utilidade como alternativa para execução de moradias de interesse social, devido ao baixo custo e facilidade de execução (SISINNO; MOREIRA, 2005).
  • 11. 11 Em muitos casos, famílias de baixa renda ocupam assentamentos precários em periferias urbanas ou em áreas rurais sem infraestrutura, e se submetem a isso pela incapacidade do mercado imobiliário em suprir a demanda de terras para esse segmento (PREFEITURA DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO, 2008). As terras ocupadas normalmente são de baixo interesse comercial e até desconsideradas pelo setor formal de moradias. Segundo Silva (2013), ações coletivas e lutas sociais contribuem para o esforço da superação dos problemas enfrentados pela população de baixa renda e promovem o processo da inovação social para as moradias de interesse social. Segundo Bignetti (2011), a inovação social é desenvolvida por atores da sociedade civil, de forma autônoma ou em parceria com setores públicos (BIGNETTI, 2011). Todas as pessoas podem realizar trabalhos como inovadores sociais, projetando as próprias vidas em um sistema envolvendo a coletividade (CAPRA, 2006). Neste cenário encontra-se a ação da ONG TETO – Brasil, uma Organização não governamental com missão de trabalhar em comunidades precárias para a superação da pobreza através da ação conjunta de moradores e jovens voluntários (TETO - BRASIL, 2016). O trabalho da ONG TETO se iniciou em 1997 no Chile, e após 15 anos com o compromisso da erradicação da pobreza, a ONG atingiu 19 países da América Latina (SCHUTZ, 2016). A primeira sede da ONG no Brasil se fixou na cidade de São Paulo em 2006, e a partir de 2013, começou a atuar também no estado do Rio de Janeiro. Em 2014 os trabalhos se iniciaram no estado da Bahia e no ano seguinte, 2015, no Paraná, com as sedes nas respectivas capitais (TETO - BRASIL, 2016). O trabalho da ONG TETO conta com a participação da própria comunidade e também de voluntários, combinando estratégias de intervenção social com a ampliação do potencial transformador da sociedade. Em rápidos intervalos de tempo, constrói casas modulares em madeira com padrão internacional, em um processo de montagem simples e que pode ser realizado por pessoas não qualificadas, desde que seja seguido o padrão estipulado pela organização no Manual de Construção da Casa TETO (COSTA; LEIRAS; YOSHIZAKI, 2013). Este manual técnico-construtivo é disponibilizado aos voluntários e líderes da atividade para que a construção seja executada de forma correta, apontando os materiais necessários, quantitativos, as etapas de montagem, desde a fundação até o fechamento do telhado, e o passo-a- passo de execução de cada item.
  • 12. 12 Esse modelo de casa é uma solução emergencial, temporária e desmontável, com a intenção de que futuramente haja a alternativa de construção de moraria mais estruturada, de fácil execução e também baixo custo para a comunidade, porém a organização não possui projetos substitutos para a melhoria das habitações (SCHUTZ, 2016). Com o propósito de desenvolvimento comunitário e trabalhos com uma população de baixa renda, a proposta de moradia permanente deve-se adequar à situação financeira das famílias, bem como se moldar na situação de vulnerabilidade em que vivem (SCHUTZ, 2016). Os blocos PET são uma alternativa eficiente para as habitações de interesse social (VIEGAS, 2012) e o desenvolvimento de um manual construtivo de paredes de vedações com esse material poderá servir como alternativa de moradia para a ONG TETO, seguindo o atual modelo de trabalho da ONG com as atividades colaborativas entre comunidade e voluntários por uma opção sólida e estruturada de moradia para essas famílias (TETO - BRASIL, 2016). 1.1 OBJETIVO Elaboração de um manual construtivo de paredes de vedação, com blocos de concreto incorporando garrafa PET para a ONG TETO, destinado a habitações permanentes de interesse social. 1.2 JUSTIFICATIVA O modelo padrão de casas da ONG TETO trata a habitação como emergencial por se tratar de uma intervenção ágil e fácil de adaptar às mudanças inesperadas da comunidade aos problemas de origem natural ou na melhoria da habitação (COSTA, LEIRAS e YOSHIZAKI, 2013). A construção segue instruções de um manual construtivo para que a execução seja feita nos padrões estabelecidos pela organização. A solução de painéis em madeira pré-fabricados é temporária, pois há a intenção de, futuramente, haver a substituição da casa por outra mais sólida e acessível às famílias (COSTA; LEIRAS; YOSHIZAKI, 2013). Entretanto, a organização não possui uma alternativa de construção permanente e não possui material instrutivo de execução de casas além do pré-fabricado (SCHUTZ, 2016).
  • 13. 13 Assim, propõe-se o desenvolvimento de um novo manual de construção de execução de paredes de vedação, com utilização de blocos de concreto incorporando garrafas PET para habitações de interesse social, possibilitando à ONG TETO uma opção diferente de construção das moradias, trazendo a alternativa de habitação permanente. O uso de garrafa PET em blocos de concreto incentiva a reciclagem, o reuso dos materiais e promove melhores desempenhos acústicos, térmicos e econômicos nas edificações (VIEGAS, 2012). Além da possibilidade da produção local e a facilidade de execução, os blocos PET são previstos com encaixes entre as peças – saliências nos modelos possibilitando o travamento – que diminuem a quantidade de argamassa nas juntas verticais (VIEGAS, 2012). Os blocos utilizados se baseiam nos projetos de Viegas (2012) e Kanning (2008), adaptando-os à necessidade do modelo da casa, pois os projetos dos autores limitam o uso dos blocos não executando encaixes alternados e propõem blocos menores com recorte da garrafa que resultaram em um baixo desempenho mecânico. A melhoria destes blocos com os diferentes encaixes e tamanhos possibilita melhor preenchimento da parede de vedação e variedade das dimensões da casa em diferentes situações do projeto e as instruções apresentadas no manual podem contribuir para a execução deste modelo de moradia por pessoas interessadas.
  • 14. 14 2. REVISÃO DA LITERATURA 2.1 DIREITO À MORADIA No período entre os séculos XIX e XX, as cidades começaram a apresentar características da concentração urbana, de trabalhadores residindo em cortiços devido à expansão do mercado de trabalho e as construções de inciativa privada (BONDUKI, 2002). Segundo o autor, as condições de vida deterioradas na cidade, devido à afluência de trabalhadores mal remunerados e desempregados, sem a existência de habitações populares e o descontrolado crescimento da malha urbana, obrigam o poder público a intervir para tentar controlar a produção e consumo das habitações. Até a década de 1920, a indústria se limita a produzir bens de consumo para a classe trabalhadora e as condições econômicas neste período favoreceram a produção das habitações. Com o avanço da industrialização e a urbanização dos grandes centros urbanos, houve a necessidade de atrair a mão-de-obra com a oferta de empregos e moradia (BONDUKI, 2002). Mesmo com a ação do estado, o baixo desempenho diante do problema habitacional provoca o surgimento da construção espontânea, a autoconstrução (BONDUKI, 2002). O Brasil vive no século XX um período de investimentos federais em habitações para a população de baixa renda (de zero a cinco salários mínimos). De 2003 a 2008, houve o acréscimo de investimento de R$ 7,01 bilhões para R$ 43,20 bilhões nos recursos, destinando 34 bilhões para subsidiar a construção de 1 milhão de moradias (MINISTÉRIO DAS CIDADES, 2009). A destinação desse recurso foi para o Programa Minha Casa Minha Vida - PMCMV - do Governo Federal, que destina o investimento à construção de habitações sociais, gerido pelo Ministério das Cidades e de operação da Caixa Econômica Federal. O projeto incentiva a produção, aquisição e requalificação de imóveis urbanos e rurais (BRASIL, 2011). Com o cenário de expansão das ocupações irregulares, problemas de infraestrutura e inadequação de moradias, surgem também problemas sociais como desempregos, aumento da pobreza e a desigualdade social. Inicia-se em 1946 a Política Nacional de Habitação - PNH - voltada para população de baixa renda e que tenta amenizar o processo de urbanização acelerado e descontrolado (PASTERNAK, 1997).
  • 15. 15 Em 2004 foi aprovada a nova PNH, definindo a integração urbana de assentamentos precários, produção habitacional e integração da PNH no desenvolvimento urbano (MINISTÉRIO DAS CIDADES, 2009). Destaca-se o avanço no processo de regularização fundiária a aprovação da Lei nº 11.977 de 2009 que regulamenta o PMCMV. A PNH, com isso, ganhou mais força com o surgimento de políticas habitacionais preocupadas em solucionar o problema urbano implantando estratégias com base no Art. 21, inc. XX da Constituição Federal, que institui diretrizes para habitação implementando programas para construção e melhoria na condição de habitação e saneamento (MINISTÉRIO DAS CIDADES, 2004). A PNH faz a aplicação dos instrumentos do Estatuto da Cidade e das Zonas Especiais de Interesse Social - ZEIS, que se tornaram instrumento fundamental na política de integração urbana oferecendo condições básicas para o Programa Minha Casa Minha Vida (MINISTÉRIO DAS CIDADES, 2009). As ZEIS surgiram na Lei Municipal do Uso do Solo de 1983 em Recife, delimitando áreas caracterizadas como assentamento habitacional surgidas espontaneamente, já existente e consolidadas, onde são estabelecidas normas urbanísticas especiais que, no interesse social, promovem sua regularização jurídica e integração urbana (PREFEITURA MUNICIPAL DE RECIFE, 2015). Tornou-se referência nacional como instrumento de regularização fundiária destas áreas ocupadas por favelas, com a participação dos moradores neste processo. Dentre as normas, há a adequação projetos urbanos em casa de assentamento, projeto de parcelamento do solo, inclui becos, passagens e ruas existentes na comunidade, como também exige infraestrutura básica atendendo todos os lotes e tomando controle de processos de expulsão indireta de moradores (sobre a apropriação das áreas beneficiadas por moradores de maior renda) (PREFEITURA MUNICIPAL DE RECIFE, 2015). Segundo Boulos (2015), aproximadamente 22 milhões de pessoas não possuem moradia no Brasil e cerca de 48 milhões não possuem infraestrutura adequada. Um terço da população brasileira, de alguma forma, tem problemas de moradia. Levando em consideração a lentidão do governo em trazer soluções para os problemas do déficit habitacional, a sociedade passa a atuar com projetos sociais. O Estado muitas vezes se afasta das obrigações, transferindo suas responsabilidades para a sociedade civil, ficando apenas como gestores de recursos, enquanto a
  • 16. 16 sociedade fica parceira de projetos e programas como ONGs - Organizações Não Governamentais - e instituições de cunho social (SCHUTZ, 2016). 2.2 ONG TETO - BRASIL Em áreas como habitação e moradia, o combate à situação da extrema pobreza da população, áreas de saúde, meio ambiente e segregação racial, a atuação de ONGs se tornou mais significativa e visível (SCHUTZ, 2016). Neste âmbito, se insere a ONG TETO - Brasil, que atua em comunidades carentes construindo moradias emergenciais com ação conjunta de voluntários e moradores. O trabalho da ONG TETO se iniciou em 1997 no Chile já trabalha em outros 19 países da América Latina (SCHUTZ, 2016). A ONG atua desde 2006 no Brasil, se instalando na cidade de São Paulo, em 2013 expande os trabalhos nos estados do Rio de Janeiro e nos anos seguintes na capital da Bahia e Paraná. A ONG já trabalha com mais de 2500 famílias e mobilizou mais de 30 mil voluntários (TETO - BRASIL, 2016), gerando soluções concretas da problemática ligada à diminuição de índices de pobreza e aumento do IDH (SCHUTZ, 2016). A organização busca “superar a situação de pobreza em que vive milhões de pessoas em assentamentos precários, através da ação conjunta de seus moradores e jovens voluntários” (TETO - BRASIL, 2016). Com três objetivos estratégicos, a TETO visa fomentar o desenvolvimento comunitário, fortalecendo a comunidade com lideranças que estimulem a participação dos moradores nas soluções da comunidade, a promoção da consciência e da ação social com a formação massiva de voluntários trabalhando em campo com os moradores, envolvendo diferentes atores da sociedade no desenvolvimento de soluções para superar a pobreza e promover a incidência política com mudanças estruturais para que a pobreza não continue avançando (TETO - BRASIL, 2016) A construção de casas tem um padrão internacional, modular e desmontável, com processo de montagem fácil que pode ser realizada por pessoas não qualificadas em um prazo de construção de dois dias (COSTA; LEIRAS; YOSHIZAKI, 2013). O módulo de madeira tem dimensões de 3,0 m x 6,0 m, com 18 m² de área no modelo grande da casa e possuí um cômodo (FIGURA 1).
  • 17. 17 Os painéis pré-fabricados podem ser montados de forma que possibilite a construção de um módulo menor com 15 m², de 3,0 m x 5,0 m, retirando o painel denominado “capela”. A montagem e os painéis, conforme FIGURA 2, podem ser executados com diferentes configurações de forma que possibilite a disposição da porta em diferentes posições na planta, definida pelas próprias famílias com os voluntários responsáveis pela atividade. O módulo utiliza telhado de duas caídas de água e com telhas de metálicas, uma porta e três janelas e sua fundação utilizam estacas de madeira e é executada de modo que eleve a casa do solo, evitando problemas comuns de enchentes e deslizamentos. O custo da casa sai em torno de cinco mil reais (TETO - BRASIL, 2015). A B FIGURA 1 - CASA MODULAR TETO BRASIL: (A) PERSPECTIVA E (B) PLANTA CASA GRANDE. FONTE: Adaptado de: TETO – BRASIL (2015). FIGURA 2 - TIPO DE CONFIGURAÇÕES DOS PAINÉIS DA CASA TETO: (A) PORTA NA LATERAL E (B) PORTA NA FACHADA. FONTE: TETO - BRASIL (2015).
  • 18. 18 Segundo Costa, Leiras e Yoshikazi (2013), o que define o modelo de intervenção desta casa emergencial é ela ser ágil e fácil de lidar com as mudanças inesperadas da comunidade (a vulnerabilidade social) e lidar com desastres naturais como alagamentos e deslizamentos (as áreas de risco) e conseguir alinhamento com órgãos governamentais para que garanta a identificação das famílias (o direito à moradia). O modelo, segundo a TETO (TETO - BRASIL, 2016), é uma solução temporária, com vida útil da casa de madeira de seis anos, com intenção de uma intervenção futura com maior recurso, utilizando materiais mais resistentes, com uma construção mais sólida (SCHUTZ, 2016). As atividades da ONG têm a participação da comunidade e voluntários. Para a construção da casa, equipes são lideradas por voluntários capacitados anteriormente, com a responsabilidade de garantir a correta execução da construção, cumprimento do prazo e a excelência de todos os processos envolvidos (TETO - BRASIL, 2016). A casa é padronizada internacionalmente e segue as orientações de um manual construtivo criado pela Organização, o qual descreve materiais, etapas de montagem e execução de cada item, desde a fixação das estacas de madeira até o fechamento do telhado (TETO - BRASIL, 2015). 2.2.1 Manual de Construção da Casa TETO O Manual de Construção da Casa TETO é disponibilizado aos voluntários para que todos tenham acesso ao procedimento da construção e conheçam cada etapa desse processo. As equipes de voluntários são lideradas por pessoas capacitadas na parte técnica e formativa, adquirida de participações anteriores das atividades e de orientações de profissionais fixos na ONG. O voluntário fica responsável pelo prazo de entrega e que a construção da casa seja executada de forma correta, garantindo que a casa forneça à família segurança e conforto (TETO - BRASIL, 2016). O modelo deste manual é estruturado no seguinte sumário: ferramentas, materiais, pilotis, painéis de parede, telhado, portas e janelas e, por último, o check list (TETO - BRASIL, 2015) O tópico ferramentas apresenta as ferramentas fornecidas para a atividade e outros objetos que podem auxiliar nas tarefas. Nos materiais são descritas as partes constituintes para a montagem da casa e o quantitativo das peças, desde fundação até os tipos de pregos que serão utilizados.
  • 19. 19 No item pilotis, parte fundamental da construção compondo a fundação em madeira, há a subdivisão em materiais utilizados, pontos importantes sobre o processo de execução e o passo-a-passo de cada procedimento, como a fixação das estacas, aferição de medidas, nível do solo e detalhes construtivos necessários para o entendimento completo da etapa. Na sequência, tem-se o tópico referente ao piso, descrevendo os materiais para a etapa e a execução das vigas de piso, detalhes de prumo horizontal, fixação dos painéis, detalhamento da costura dos painéis com pregos e devidos cuidados que devem ser tomados até sua finalização (TETO - BRASIL, 2015). O item de painéis de parede segue a subdivisão em materiais, execução e pontos importantes do processo. Neste tópico, a descrição da montagem é rica em detalhes, pois se refere à um procedimento importante para a moradia. A ordem de painéis deve ser rigorosamente seguida, bem como todo seu fechamento lateral para total vedação da casa modular. As peças pré-fabricadas podem não se encaixar perfeitamente e essa situação já é prevista e detalhada em itens de situações- problema, descrevendo para o leitor como solucionar estas questões (TETO - BRASIL, 2015). Este tópico contempla partes estruturais do telhado, com os detalhes construtivos ilustrados e descritos de forma simples e objetiva. O tópico de telhado contempla os procedimentos de dobra de telhas metálicas que resultam na cumeeira quando encaixadas, a colocação da manta térmica para melhor conforto da residência e todos os pregos do tipo telheiro que deverão ser colocados para fechamento com qualidade do telhado. O cobrimento da casa deve ser bem executado para garantir o conforto das famílias (TETO – BRASIL, 2016). As portas e janelas são executadas com a colocação das dobradiças, em quantidade definida e descrita no item e com devida instrução sobre a montagem. Todos os itens do manual contam com uma diagramação simples e direta, com ilustrações da casa, materiais e da etapa com detalhamentos. As imagens são autoexplicativas e conversam com os pequenos textos trazendo a simplicidade e objetividade ao leitor sobre a etapa. Além disso, facilitam o reconhecimento dos materiais, visto que a atividade engloba pessoas de áreas profissionais distintas. O check list ao final do documento, resume as etapas da montagem da casa TETO em itens principais, dicas de envolvimento com equipe e família, procedimentos que podem ser adiantados para suprir melhor o cronograma e alertas importantes que podem evitar sérios problemas em etapas posteriores. Além disso, salienta a
  • 20. 20 importância do leitor em buscar o líder de equipe e responsável para sanar dúvidas, garantindo o bom andamento da atividade.(TETO - BRASIL, 2015). A Organização não executa instalações elétricas e hidráulicas na construção das moradias emergenciais, deixando a responsabilidade ao próprio morador (SCHUTZ, 2016). A FIGURA 3 mostra o modelo do manual com a montagem dos painéis de fechamento lateral da casa modular. FIGURA 3 - MANUAL DE CONSTRUÇÃO CASA TETO. FONTE: TETO - BRASIL (2016). Segundo a TETO (2016), esse manual confere, a quem estiver seguindo as orientações, uma leitura fluida e uma diagramação simples, para que se tenha todo entendimento necessário para a montagem da casa, garantindo um suporte técnico pesquisado anteriormente para o desenvolvimento do documento. Equipes de profissionais trabalham na pesquisa de materiais, a criação do manual, organização do cronograma de construção e demais atividades da ONG, passando por toda a base de desenvolvimento do documento (TETO – BRASIL, 2015). Devido ao curto prazo de entrega das casas, montadas em 2 dias, pode comprometer o cronograma se as instruções escritas ou passadas pelo líder de construção forem mal interpretadas ou
  • 21. 21 confusas. Logo, os trabalhos sobre a capacitação de líderes responsáveis pela técnica de construção e as instruções do documento padrão são atualizadas para que se mantenha a qualidade do material (TETO – BRASIL, 2015). A Organização visa o desenvolvimento da sociedade com o potencial de transformação de cada indivíduo (TETO – BRASIL, 2015). A transformação social feita por voluntários, que muitas vezes não têm contato com construção civil – mas que recebem as devidas orientações técnicas e executam a montagem de um módulo habitacional, demonstra às famílias de baixa renda a possibilidade de que qualquer agente da sociedade pode contribuir com o desenvolvimento de comunidades (TETO – BRASIL, 2015). Além disso, fortalece as famílias e desperta o desejo de transformar sua situação atual (TETO – BRASIL, 2016). 2.3 MANUAL DE PROCEDIMENTOS Segundo Cury (2000), manuais de procedimentos são documentos que tem por objetivo integrar atividades, de forma a racionalizar métodos. Um manual deve ser um instrumento que deve estar submetido a eventuais análises, não apenas pelos responsáveis ao documento e da área em questão, mas também pelos próprios usuários. Este conjunto de normas e instruções, segundo Chinelato (2008), tomam diretrizes para um simples sistema operacional, de forma a esclarecer o leitor e orientá-lo na devida atividade em questão. Para Cury (2000), este instrumento deve ser de fácil identificação e organizado, sendo fundamental para esclarecer dúvidas. Além disso, deve conter uma linguagem acessível, clara e sempre estar atualizado. Com limpidez e simplicidade, as instruções podem depender da necessidade do leitor com maior ou menor detalhamento (CHINELATO, 2008). As vantagens da produção de manuais são elencadas por Luporini e Pinto (1985) como: padronização de uma atividade; efetivação de procedimentos; uniformização de técnicas específicas, centralização e divulgação de informações. Estes autores colocam que manuais de procedimentos devem formar um conjunto de características que caminham com sequências de trabalhos, demonstrando procedimentos e responsabilidades do usuário (LUPORINI; PINTO, 1985). As representações gráficas são ferramentas que facilitam o entendimento do
  • 22. 22 leitor. Além disso, um manual pode utilizar recursos pedagógicos e didáticos, atraindo o público alvo e tornando o documento acessível e convidativo ao interessado no assunto (LUPORINI; PINTO, 1985) Em síntese, manuais são utilizados por pessoas sem conhecimento da atividade em questão, com interesse no procedimento ou alguma dúvida sobre etapas específicas (CURY, 2000). É uma ferramenta necessária à população e empresas, visto que, segundo Chinelato (2008), ninguém deve sentir-se constrangido pela falta de conhecimento de algum procedimento na área em que está atuando e por consultar documentos de orientação e instrução destes processos. Os manuais estão disponíveis para sanar dúvidas e expandir conhecimento, podem orientar os procedimentos de execução de tarefas, correto descarte de resíduos domésticos, orientações de reuso e execuções de diversas atividades. Assim, são úteis para a empresas e seus responsáveis, como para qualquer classe da população que tenha interesse no assunto abordado. 2.4 RESÍDUOS E O AMBIENTE A quantidade de lixo gerado em todo o mundo tem aumentado a cada ano, devido a fatores de crescimento populacional e ainda o uso maior de produtos que geram mais resíduos (RIBEIRO; LIMA, 2000). No Brasil, partes destes resíduos são depositados em lixões a céu aberto, aterros sanitários e controlados. Em definição, Ribeiro e Lima (2000) colocam a disposição final dos resíduos em lixões como a mais prejudicial ao ambiente, ao homem e acrescentam que promove uma economia informal, gerando catadores locais do material. Sendo a forma de dispor os resíduos sem controles técnicos. Segundo Mucelin e Bellini (2008), o material muitas vezes pode ser depositado de forma desordenada e em locais indevidos, como lotes vazios, margens de estradas, rios e lagos. Essa prática pode provocar a contaminação do solo, água e ser agente da proliferação de vetores transmissores de doenças, além da poluição visual. Reciclar materiais descartados, segundo a Organização Mundial da Saúde, é o processo que reaproveita resíduos sólidos, onde os componentes são separados, transformados e recuperados. É onde se economiza matéria-prima e energia, combatendo o desperdício, reduzindo a poluição ambiental e a valorização dos
  • 23. 23 resíduos (PNUD, 1998). Com a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, representantes de 170 países consolidaram o desenvolvimento sustentável, o conceituando como a diretriz da mudança no desenvolvimento social construindo uma sociedade mais justa, econômica, social e ambiental. A consciência sobre o papel ambiental, econômico, social e político de cada cidadão e o compromisso assumido pelo governo, compõe a Agenda 21 que integra a sociedade no processo de construção do futuro (NOVAES; RIBAS; NOVAES, 2000). A reciclagem contribui para suavizar os impactos ambientais na fase da extração da matéria-prima, conservação de energia no processo de novos produtos e ainda na desobstrução de aterros, lixões e outras destinações que receberiam este material aproveitável (CALLISTER JR, 2007), realocando a matéria de forma estratégica, buscando se enquadrar na sustentabilidade e na ecoeficiência, com produções mais limpas, que preocupam com o cuidado ambiental (FLORIM e QUELHAS, 2004). 2.4.1 Ecoeficiência A ecoeficiência tem em seu principal conceito, a adequação ao ambiente, quando busca satisfazer a necessidade do homem e reduzir os impactos ambientais, na intensidade do consumo dos recursos ao longo do seu ciclo de vida (FLORIM; QUELHAS, 2004). Goulart (2007), define a ecoeficiência como uma prática de aumentar a eficiência das edificações de forma a reduzir o impacto sobre a saúde humana e ambiental, com a avaliação da melhor condição de locação do projeto, a construção, operação, manutenção e remoção, quando o ciclo de vida útil do edifício se completa. Uma construção ecoeficiente, no que tange aos materiais, é uma ferramenta do desenvolvimento sustentável (FLORIM; QUELHAS, 2004), visto que a primeira trabalha com o material em si, na sua aplicação e uso (também pode envolver o descarte) e o desenvolvimento sustentável analisa o processo do produto na sua concepção, uso e disposição final. O que torna a construção ecoeficiente é o uso correto do material reciclado, como concreto, telhas, embalagens recicladas, garrafas PET e outros materiais de origem natural ou produzidos pelo homem (BOMBONATO; NOGUEIRA, 2014).
  • 24. 24 O desenvolvimento sustentável com a ecoeficiência na indústria de construção civil, segundo a Nova Agenda Urbana (HABITAT III, 2016), deve promover métodos e tecnologias de construção disponíveis no local, de custo razoável, seguros, eficientes, utilizando materiais reciclados pela própria comunidade, com métodos comprometidos com o meio ambiente onde todas as pessoas possam desfrutar de direitos e oportunidades integrando o direito à moradia com o acesso à uma construção sustentável. 2.5 GARRAFAS PET O Poli Tereftalato de etileno, conhecido popularmente como PET, é um polímero considerado o mais resistente para o uso em embalagens na indústria de bebidas, pelo interesse em reduzir custos de transportes utilizando uma embalagem com menor peso, alta resistência, oferecendo ao consumidor um produto barato e moderno (PROVENZANO, 2006). Desenvolvido por químicos ingleses, Whinfield e Dickson, a resina PET teve sua produção como garrafas a partir da década de 70 e, no início dos anos 80, nos Estados Unidos, iniciou o processo de reciclagem deste produto (BELLIS, 2017). No Brasil, o polímero tem sua chegada em 1988 (VIEGAS, 2012), com uso principal na indústria têxtil e cinco anos depois, o produto iniciou sua expansão no mercado de embalagens, especificamente no uso de refrigerantes. O material, com grandes resistências, possui a vantagem de poder ser utilizado várias vezes, sem comprometer sua qualidade final (ABIPET, 2017), porém com essa alta resistência, o tempo para sua decomposição também é longo, causando sérios riscos ao ambiente quando descartados (VIEGAS, 2012). O material pode entupir galerias, rios, pode também poluir os mananciais de água do perímetro urbano, muitas vezes empilhado em encostas, podendo causar deslizamentos (ABIPET, 2017). O uso de garrafas PET na construção civil proporciona vantagens pela diminuição do volume de matéria descartado no ambiente. Além do processo de decomposição longo, pode impermeabilizar o solo e prejudicar a decomposição de lixo (quando depositados em aterros e lixão) impedindo a circulação de gases e líquidos das camadas de lixo acumulado. Em 2011, o Brasil aprovou a Política Nacional de Resíduos Sólidos – PNR (ABIPET, 2017), que visa organizar a forma que
  • 25. 25 o país tratará o lixo, incentivando a reciclagem. Assim, foi elaborado o Plano Nacional de Resíduos Sólidos, que diagnostica a situação dos resíduos sólidos, propõe metas na redução, reutilização, reciclagem e visa a redução da quantidade de materiais encaminhados para disposição final no ambiente. A redução da geração de resíduos abordados no Plano Nacional de Resíduos Sólidos é apresentada como diretriz para o aumento da reciclagem no Brasil e reuso das garrafas PET no mercado de construção civil, como na utilização como material agregado à blocos de alvenaria de vedação, o que beneficia tanto parte dos consumidores como o setor empresarial (VIEGAS, 2012). 2.6 ALVENARIA Uma construção tem como seu componente a alvenaria, definida por Sabbatini e Orlandi (1984) como uma estrutura rígida constituída por tijolos ou blocos unidos por argamassa. Tauil e Nesse (2010) colocam a alvenaria como um conjunto vertical coeso, caracterizado por: (...) vedar espaços, resistir a cargas oriundas da gravidade, promover segurança, resistir a impactos, à ação do fogo, isolar e proteger acusticamente os ambientes, contribuir para a manutenção do conforto térmico, além de impedir a entrada de vento e chuva, no interior dos ambientes. (TAUIL; NESE, 2010, p. 19) A alvenaria vem sendo utilizada como forma construtiva desde a antiguidade em habitações, monumentos e templos religiosos. As construções faziam uso de blocos de pedra, com ligantes de terra, argila ou similares, que desempenhavam mais uma função de preenchimento de espaços livres, visto que a irregularidade do material não permite um encaixe com precisão, do que uma ligação entre materiais e as unidades utilizadas. O dimensionamento, na época, era empírico e sua concepção estrutural seguia a intuição dos projetistas, construindo bases com grandes dimensões (MARTINS, 2008) As técnicas de extração e entalhamento das pedras foi desenvolvida pela civilização em torno do Mediterrâneo para as construções monumentais da época, como as Pirâmides do Egito (2528 A. C.) A (FIGURA 4) e o Templo de Karnak (1580- 1085 A. C.) do Império Novo, conforme (FIGURA 5) (SOUSA, 2002).
  • 26. 26 FIGURA 4 - PIRÂMIDE DE QUÉOPS, EGITO. FONTE: Jenny Gray (2017). FIGURA 5 - TEMPLO DE KARNAK, EGITO. FONTE: Elizabeth Cummins (2015). O tijolo, material mais antigo confeccionado pelo homem (OLIVEIRA JUNIOR, 1992), era moldado à mão, seco ao sol e, segundo (SOUSA, 2002), é com os Romanos que o material se estende à atual Europa Ocidental. Pontes, torres e fortificações representam obras de emprego privilegiado deste material. Os Romanos apresentam a tecnologia de conformação, aditivo, secagem e cozimento dos tijolos em fornos a lenha e adquirem o conhecimento de construir com os Etruscos do Oriente, trabalhando técnicas com abóbodas, como o Pantheon (FIGURA 6), em Roma. Enquanto isso, na Grécia, tem-se o emprego da construção em pedras e mármores perfeitamente entalhados, como o Parthenon (FIGURA 7). Desta forma, foram os Romanos os primeiros a aplicar a alvenaria de diferentes maneiras, fazendo uso de pedra entalhada, utilizada a seco ou com ligante,
  • 27. 27 experimentando a Pozolana como propriedade de ligação do material e além do uso de tijolos e blocos. Fomentaram, também, as grandes realizações urbanas e o desenvolvimento da cidade com uma aparência funcional e organizada (SOUSA, 2002). FIGURA 6 - ABÓBODA INTERNA PANTHEON, ROMA. FONTE: Scott Frey (2015). FIGURA 7 - VISTA FRONTAL PARTHENON, GRÉCIA. FONTE: Marvin Olasky (2013). Com a Revolução industrial e sem progresso da alvenaria com pedras e tijolos, novos materiais são desenvolvidos e experimentados, com dimensionamentos e soluções mais adaptadas às correntes arquitetônicas do início do século XX (SOUSA, 2002). As construções em alvenaria, dimensionadas empiricamente e intuitivas, resultavam em paredes espessas e tornam-se desinteressantes, no ponto de vista
  • 28. 28 econômico, funcional, na otimização de espaço e custo de execução. Um exemplo icônico é o Edifício Monadnock (FIGURA 8), em Chicago, último exemplo de grande construção em alvenaria segundo essa tradição, com 16 pavimentos e paredes de 1,8 m na base (VIEGAS, 2012). A B FIGURA 8 - EDIFÍCIO MONADNOCK: (A) VISTA LATERAL E (B) PAREDE DO PAVIMENTO TÉRREO. FONTE: (A) Steve Minor (2009); (B) Tim VanHounten (2013). Em meados do século XX, as estruturas de alvenaria voltam a despertar interesse aos países mais desenvolvidos, quando encaradas de forma mais moderna com novos dimensionamentos. O sucesso da alvenaria não se dá apenas pela racionalização da estrutura, segundo Pereira (2005), mas também por permitir que as paredes desempenhem funções simultâneas além da estruturação da edificação e vedação do ambiente. A alvenaria nos permite o isolamento térmico e acústico, proteção e adequação climática e divisões do espaço. 2.6.1 Alvenaria Estrutural Franco (1992) define a alvenaria estrutural como processo construtivo com a característica principal das paredes sendo o suporte estrutural da edificação. Essa alvenaria pode ser classificada quanto ao processo constritivo e ao tipo de material (CAMACHO, 2006). Quando, por necessidade estrutural, os elementos resistentes
  • 29. 29 possuírem armaduras, classifica-se a alvenaria como estrutural armada, podendo se ramificar em não armada e parcialmente armada, variando conforme a solicitação de armadura. A alvenaria pode também ser classificada a partir do material utilizado, como tijolos ou blocos. 2.6.2 Alvenaria de Vedação De outro lado, a alvenaria de vedação estabelece a separação dos ambientes. Cada parede tem características técnicas e propriedades que atentam divisão, vedação e proteção. Resistencia mecânica, ao fogo, isolamentos térmicos e acústicos também devem ser analisados, da mesma forma que ensaios de estanqueidade e durabilidade do material (VIEGAS, 2012). As variações de tipo de material utilizado na alvenaria, seguem a partir da evolução do material no decorrer dos anos, tais como: (i) Pau a pique: Considerada a técnica de construção com terra mais utilizada no período colonial (VIEGAS, 2012), no século XVIII e XIX. Consiste no preenchimento com barro em gradeados de madeira sobrepostas (FIGURA 9). FIGURA 9 - ALVENARIA DE PAU A PIQUE. FONTE: Novas Ikos (2016). (ii) Taipa de pilão: esta técnica consiste em preencher formas de madeiras com terra, areia ou argila e apiloar para sua compactação. As formas, denominadas taipas, seguem procedimento equivalente ao de execução das formas de concreto para construção (FIGURA 10).
  • 30. 30 FIGURA 10 - EXECUÇÃO DE ALVENARIA DE TAIPA DE PILÃO. FONTE: Ana Veraldo (2012). (iii) Pedra: técnica que consiste em cortar e preparar rochas para a construção. É a mais antiga utilizada pelo homem e compõe grandes obras como catedrais, pontes e castelos. As primeiras construções consistiam no amontoamento das pedras, ligadas ou não com argamassa ou terra. A técnica se desenvolveu após o aperfeiçoamento das habilidades com o material, em formas mais fáceis de aparelhar (FIGURA 11). (A) (B) FIGURA 11 - ALVENAFIA DE PEDRA: PAZZALO MEDICI-RICHARDI, FLORENÇA: (A) VISTA FRONTAL E (B) DETALHE DA ALVENARIA. FONTE: Bárbara Campanaro (2014).
  • 31. 31 (iv) Adobe: dentre as técnicas de construção com terra, tem-se o adobe, que faz uso da terra crua, amassada, descansada e úmida, colocada e formas de madeira retangulares, deixando o material secar ao sol. Esse procedimento consome pouca energia e faz uso de material local e, pela característica do material, trabalha bem a regulagem de umidade e filtragem do ar (FIGURA 12 E 13). FIGURA 12 - EXECUÇÃO DE TIJOLO ADOBE. FONTE: Sustentarte (2015). FIGURA 13 - PAREDE DE VEDAÇÃO COM TIJOLO ADOBE. FONTE: Mariana Lima (2010). (v) Tijolo maciço: utilizado quando se necessita de maior resistência na edificação, comumente em revestimento de poços, cisternas, fossas assépticas, muros de arrimos. Quando comparada a alvenaria com blocos furados, seu inconveniente é o maior consumo por m2, além de mais consumo de argamassa e
  • 32. 32 mais mão de obra. Suas dimensões são em torno de 6 cm x 10 cm x 20 cm, variando com a região e fornecedor e seu acabamento é bastante explorado na arquitetura (FIGURA 14). FIGURA 14 - ALVENARIA DE TIJOLO MACIÇO. FONTE: Ceskestavby (2012). (vi) Tijolo furado: considerado o componente básico da alvenaria, possui furos prismáticos ou cilíndricos e comercialmente em número de seis, oito ou dez furos. As paredes executadas com esse tijolo proporcionam paredes mais econômicas, por serem maiores que os tijolos maciços e mais leves, fazendo com que se use menos material e mais velocidade na execução. Com seu interior vazado, aprisionam ar garantindo bom comportamento acústico e térmico (FIGURA 15). FIGURA 15 - ALVENARIA DE TIJOLO FURADO. FONTE: TP Engenharia (2017).
  • 33. 33 (vii) Bloco concreto: a alvenaria não armada com blocos de concreto parecem ser uma das técnicas mais promissoras, na economia proporcionada e na quantidade de fornecedores já existentes (VIEGAS, 2012). A vantagem deste método se dá na menor demanda de tempo de assentamento e revestimento, menor quantidade de material para assentamento melhor acabamento. Como desvantagem, nota-se a falta de corte do bloco, o aparecimento dos desenhos dos blocos em dias de chuva, devido a diferença de absorção de umidade dos blocos com a argamassa (FIGURA 16). FIGURA 16 - ALVENARIA DE BLOCO DE CONCRETO. FONTE: Altair Santos (2016). 2.7 MATERIAIS NÃO CONVENCIONAIS NA CONSTRUÇÃO CIVIL A necessidade do desenvolvimento sustentável e a ecoeficiência tem motivado a pesquisa por materiais que dependam de menos energia, gerem menos resíduos, poluentes e que sejam facilmente incorporados (VIEGAS, 2012). Segundo Barbosa e Ghavami (2007), materiais considerados não convencionais são ecologicamente corretos, pois são encontrados na natureza, muitas vezes renováveis e, considerando o reaproveitamento, são materiais que podem livrar o ambiente de seu incômodo. Adicionalmente, podem trabalhar com menos energia no processo de produção, comparado aos materiais industrializados de uso tradicional. Mesmo que seja um processo de preparo equivalente aos materiais comuns utilizados na construção, a reutilização de materiais reciclados para uma alvenaria não
  • 34. 34 convencional faria com que o mesmo retornasse ao uso do homem, diminuindo a quantidade do produto depositado no ambiente, como a inserção da garrafa PET nas alvenarias de vedação. O material pode levar à diminuição do custo das construções e minimizar o problema de habitações (VIEGAS, 2012). 2.8 BLOCO UNITÁRIO COM GARRAFA PET Desenvolvido por Viegas (2012), o bloco é confeccionado em uma forma de madeira preenchida com argamassa de concreto e com apenas uma garrafa plástica tipo PET inserida no interior. A autora não executa nenhum tratamento anterior ao material reciclado, o que torna a técnica diferente de outras encontradas em revisões bibliográficas, que utilizam o material como agregado aos blocos, trabalhando com as garrafas por meio de moagem, misturadas com os ligantes ou com partes recortadas. As garrafas são inseridas com o interior vazio e fechadas com as próprias tampas nas formas de madeira que, posteriormente, são preenchidas com argamassa, utilizando traços diferentes para efetuar os ensaios comparativos (VIEGAS, 2012). O bloco tem seu modelo de projeto conforme (FIGURA 17), com dimensões de 37,5 cm x 12,0 cm x 12,0 cm e utiliza o modelo de garrafa comercial de dois litros de capacidade e 10 cm de diâmetro. O bloco foi desenvolvido com saliências que possibilitam o intertravamento entre os blocos, o que dispensa o uso de argamassa de assentamento lateralmente, com intuito de aumentar a produtividade na execução das alvenarias. Desta forma obtêm-se ganhos entre 80% a 120% em relação à alvenaria convencional, como descrevem ANAND e RAMAMUTHY (2003).
  • 35. 35 FIGURA 17 - PROJETO DE FORMA PARA BLOCO DE CONCRETO COM GARRAFA PET. FONTE: Viegas (2012). Da mesma forma, foi projetado o meio bloco de concreto com garrafa PET, utilizando a garrafa cortada ao meio, com dimensões de 18,7 cm x 12,0 cm x 12,0 cm, conforme (FIGURA 18). Os blocos PET já executados e finalizados após secagem de 28 dias, são indicados na (FIGURA 19). FIGURA 18 - PROJETO DE FORMA DO MEIO BLOCO DE CONCRETO COM GARRAFA PET. FONTE: Viegas (2012).
  • 36. 36 A B FIGURA 19 - BLOCO DE CONCRETO COM GARRAFA PET: (A) BLOCO DE CONCRETO INTEIRO E (B) MEIO BLOCO DE CONCRETO. FONTE: Viegas (2012). 2.8.1 Características do Bloco Unitário Os blocos projetados por Viegas (2012) foram confeccionados com argamassas de concreto de traço 1:3:0,7 (cimento, areia e água); 1:5:0,8 e 1:7:0,9, na mesma ordem de proporção (VIEGAS, 2012). As propriedades avaliadas seguem o índice de consistência conforme as normas NBR 13276 (ABNT, 2016) e NM 67 (ABNT, 1998) e a determinação da porosidade do material e capacidade de absorção de água conforme a NBR 15720 (ABNT, 2005) e NBR 9778 (ABNT, 1986). Foram ensaiadas 2 amostras com cada traço, a análise do ensaio se apresenta conforme a Tabela 1, com o incide de consistência, teor de umidade, retenção de água, ar incorporado e a densidade das argamassas.
  • 37. 37 Tabela 1 - Índice de consistência, abatimento, absorção de água e porosidade. ARGAMASSAS DE PREENCHIMENTO DOS BLOCOS Ensaios Amostras- Argamassa 1:3:0,7 Amostras- Argamassa 1:5:0,8 Amostras- Argamassa 1:7:0,9 Índice de consistência (mm) 250 252 256 Abatimento pelo tronco de cone (mm) 42 43 46 Absorção de água (%) 10,23 11,48 12,45 10,82 11,8 12,7 Porosidade (%) 20 23 25 21 22 24 Fonte: Viegas (2012). Viegas (2012) observa o ótimo desempenho das amostras em relação ao abatimento do tronco de cone, com os índices obtidos para o índice de consistência. Para um índice padrão de 255 +- 10 mm correspondeu ao abatimento em torno de 42 mm, sem perder a consistência. A porosidade do material e a absorção de agua aumentam conforme o valor de relação água/areia. O bom desempenho se enquadra na norma requerida conforme NBR 15270-3:2005 (VIEGAS, 2012). 2.8.2 Ensaios com Bloco Unitário Para os ensaios de resistência mecânica, desempenho térmico e acústico dos blocos de concreto com as garrafas PET, foram executados blocos com 3 variações de argamassa de revestimento, paredes de 120 cm por 100 cm com argamassa na proporção 1:2:3 de cimento, cal e areia nas alvenarias, tanto com blocos PET como com blocos de cerâmica tradicionais (VIEGAS, 2012). (i) Compressão do bloco: O ensaio de compressão realizado com blocos inteiros na posição vertical e horizontal resultou nos valores conforme a Tabela 2 e com o mesmo procedimento, o meio bloco foi ensaiado e obtido os valores segundo a Tabela 3 (VIEGAS, 2012).
  • 38. 38 Tabela 2 - Ensaio de compressão dos blocos com garrafa PET RESISTÊNCIA DO BLOCO INTEIRO Bloco Traço Argamassa Posição Resistência (Mpa) 1 1:3:0,7 Horizontal 1,55 2 1:5:0,8 Horizontal 1,58 3 1:7:0,9 Horizontal 1,61 4 1:3:0,7 Vertical 1,83 5 1:5:0,8 Vertical 1,83 6 1:7:0,9 Vertical 1,85 FONTE: Viegas (2012). Tabela 3 - Ensaio compressão de meio bloco com garrafa PET RESISTÊNCIA DE MEIO BLOCO Bloco Traço Argamassa Posição Resistência (Mpa) 1 1:3:0,7 0 Horizontal 1,49 2 1:5:0,8 0 Horizontal 1,49 3 1:7:0,9 0 Horizontal 1,51 4 1:3:0,7 0 Vertical 1,54 5 1:5:0,8 0 Vertical 1,56 6 1:7:0,9 0 Vertical 1,58 FONTE: Viegas (2012). Pode-se notar que, na posição horizontal, o meio bloco apresenta uma resistência próxima à resistência na mesma posição do bloco inteiro, porém na vertical, o meio bloco não apresenta um bom desempenho. Viegas (2012) afirma que este baixo desempenho se dá pelo fato da garrafa PET ter sido cortada, exercendo influência sobre este resultado. (ii) Compressão das alvenarias: as paredes de alvenaria foram ensaiadas em teste de compressão mecânico e obtidos os resultados conforme Tabela 4. Viegas (2012) conclui que as três alvenarias de bloco com garrafa PET resultaram em um valor de carregamento maior do que as alvenarias de bloco cerâmico convencional, colocando como influência positiva da incorporação das garrafas PET nos blocos.
  • 39. 39 Tabela 4 - Ensaio de compressão nas alvenarias RESULTADOS DO ENSAIO DE COMPRESSÃO NAS ALVENARIAS Parede Carga da primeira fissura (kN) Carga última (kN) PET 1 75 kN 145 kN Convencional 1 98 kN 140 kN PET 2 69 kN 145 kN Convencional 2 78 kN 135 kN PET 3 85 kN 150 kN Convencional 3 55 kN 145 kN FONTE: Viegas (2012). (iii) Comportamento acústico bloco: a verificação do desempenho acústico por Viegas (2012) se deu por 2 ensaios. O primeiro avalia as paredes de alvenaria com Blocos PET e blocos cerâmicos convencionais com uma variação acústica entre 39 dB(A) e 41,2 dB(A), cujos resultados são apresentados conforme o traço de argamassa nas FIGURA 20, FIGURA 21 e FIGURA 22 a seguir: FIGURA 20 - ENSAIO ACÚSTICO 1 DAS ALVENARIAS COM TRAÇO 1. FONTE: Viegas (2012). FIGURA 21 - ENSAIO ACÚSTICO 1 DAS ALVENARIAS COM TRAÇO 2. FONTE: Viegas (2012).
  • 40. 40 FIGURA 22 - ENSAIO ACÚSTICO 1 DAS ALVENARIAS COM TRAÇO 3. FONTE: Viegas (2012) Os coeficientes de absorção sonora se encontraram normais e foram realizados apenas para obtenção de dados comparativos das alvenarias. As alvenarias de bloco com garrafa PET mostraram melhor resultado com a absorção de ruídos, entre 6,5 dB e 6,9dB conforme as figuras anteriores. A alvenaria convencional reduziu o ruído entre 4,5 dB e 5,3 dB. Observa-se que o traço da argamassa não tem influência sobre a absorção acústica, sendo de mais relevância o tipo de bloco (VIEGAS, 2012). O segundo ensaio acústico foi realizado em uma câmera com melhor estanqueidade para mais precisão na avaliação. Os resultados obtidos no ensaio sem encontram na Tabela 5: Tabela 5 - Avaliação acústica 2 das alvenarias RESULTADOS ENSAIO ACÚSTICO 2 Parede Mínimo ruído (dB) Máximo ruído (dB) PET 1 34,9 dB 58,8 dB Convencional 1 39,0 dB 61,8 dB PET 2 29,8 dB 55,8 dB Convencional 2 34,3 dB 59,6 dB PET 3 28,4 dB 54,9 dB Convencional 3 32,9 dB 59,1 dB FONTE: Adaptado: Viegas (2012). (iv) Comportamento térmico bloco: o ensaio utilizou o sistema de medição composto por microcomputadores equipados com datalogger, que gravam dados de sensores externos (temorpares) para obter o histórico de mapeamento de temperatura. A ASTM C976 (American Society for Testing and Materials – Test for Thermal Performance of Building Assemblies by Means of a Calibrade Hot Box) determina testes técnicos de construção e suas condições de temperatura na
  • 41. 41 edificação (VIEGAS, 2012). O teste utilizou para aquecimento da alvenaria, tanto na convencional quanto na de blocos com a garrafa plástica, 8 lâmpadas incandescentes de 40 W para o ensaio 1 e uma lâmpada incandescente de 250 W para o ensaio 2. O sistema trabalhou com temperaturas lidas pelo datalogger a cada 10 segundos, durante o tempo de 35 horas. Conforme a Tabela 6, tem-se os valores máximos de temperatura obtidos por Viegas (2012): Tabela 6 - Avaliação térmica das alvenarias. RESULTADOS DA AVALIAÇÃO TÉRMICA DAS ALVENARIAS PAREDE MÁXIMA TEMPERATURA- FONTE DE CALOR 1 MÁXIMA TEMPERATURA- FONTE DE CALOR 2 PET 1 35,8 ºC 31,5 ºC CONVENCIONAL 1 35,2 ºC 31,3 ºC PET 2 36,0 ºC 33,1 ºC CONVENCIONAL 2 35,5 ºC 33,4 ºC PET 3 37,0 ºC 32,1 ºC CONVENCIONAL 3 36,4 ºC 30,9 ºC FONTE: Adaptado: Viegas (2012). Viegas (2012) ressalta que o desempenho térmico das paredes com o bloco incorporando garrafa PET foi semelhante em todos os ensaios. Segundo Viegas (2012), o bloco de concreto incorporando garrafa PET pode ser facilmente fabricado. A forma permite execução rápida na alvenaria, uma vez que 1 m2 de parede necessita de 17 destes blocos, contra 25 blocos da alvenaria convencional. Os traços não variam muito o desemprenho dos blocos e o espaço vazio interno das garrafas garante o conforto térmico e acústico. A resistência mecânica com a garrafa PET foi maior com o traço de argamassa número 3, de 1:7:0,9, conforme ensaios realidades por Viegas (2012) e a resistência inferior a 2MPa permite que o Bloco PET possa ser usado como vedação. Os insumos para a confecção dos blocos foram calculados por Viegas (2012) a partir dos dados do Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da Construção Civil (SINAPI), referidos ao mês de fevereiro de 2012. O SINAPI resulta do trabalho em conjunto da Caixa Econômica Federal com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), responsáveis pela divulgação dos preços oficiais do SINAP e a manutenção dos cadastros de referências técnicas (VIEGAS, 2012).
  • 42. 42 Para o mês de fevereiro de 2012, o bloco teria o custo de R$ 0,67 por unidade e o m2 seria de R$ 11,32 (onze reais e trinta e dois centavos). A alvenaria com blocos cerâmicos tradicionais teria o custo de R$ 14,57 (quatorze reais e cinquenta e sete centavos) o metro quadrado. 2.9 BLOCO DE CONCRETO COM EPS E GARRAFAS PET Kanning (2008) propõe o modelo de bloco de concreto incorporando garrafa PET com adição de Poliestireno Expandido - EPS e com 3 garrafas em seu interior. O modelo do bloco ISOPET de Kanning (2008), utiliza concreto leve com EPS - comercialmente conhecido como "Isopor®", marca registrada da Knauf Isopor Ltda. – triturado e incorporado ao concreto e a mistura é colocada em formas para confecção dos blocos nos modelos propostos (KANNING, 2008). Foram confeccionados modelos de bloco nas dimensões 40 cm x 40 cm x 14,5 cm, definidos como bloco grande e com 3 garrafas plásticas inteiras na vertical, com e sem canaleta, e blocos pequenos de dimensão 40 cm x 20 cm x 14,5 cm (FIGURA 24), também na opção com e sem canaleta e executados com 3 garrafas plásticas recortadas ao meio. Essa canaleta, ilustrada na (FIGURA 25), foi desenvolvida para substituir as formas na moldagem das vergas, contravergas e cintas de amarração (KANNING, 2008). As vergas compõem a parte superior de vãos de janelas e portas, as contravergas são inseridas na parte inferior das janelas. A cinta de amarração se faz necessária quando a edificação não ser projetada com lajes, assim, tem-se o travamento de toda a estrutura (KANNING, 2008). O vão interno dessa estrutura é preenchido com concreto e inserida a armadura para o reforço. O bloco ISOPET é confeccionado com saliências e reentrâncias que garantem o intertravamento vertical dos blocos e diminui a quantidade de argamassa de assentamento, mas o autor descreve a importância de manter a 1 cm de argamassa na horizontal de cada fiada para melhor resistência da parede de vedação (KANNING, 2008).
  • 43. 43 A B FIGURA 23 - MODELO DE BLOCO ISOPET: (A) ILUSTRAÇÃO DO ENCAIXE LATERAL E (B) POSICIONAMENTO DAS GARRAFAS PET NA MOLDAGEM DO BLOCO ISOPET. FONTE: Kanning (2008). FIGURA 24 - BLOCOS ISOPET TAMANHO PEQUENO E GRANDE. FONTE: Kanning (2008). FIGURA 25 - BLOCO ISOPET COM CANALETA. FONTE: Kanning (2008).
  • 44. 44 2.9.1 Características do bloco ISOPET O bloco ISOPET é preenchido com cimento e EPS como agregado miúdo. O cimento utilizado para a confecção dos blocos foi de classe CPV-ARI RS que possibilita a rápida desforma das peças. O agregado de EPS foi triturado utilizando um moedor de milho, com capacidade do motor de 1 HP de potência adaptado com peneiras de 12mm de diâmetro. Quando a mistura cimento e areia se solidificam, ela acaba envolvendo as partículas de EPS e proporciona um concreto de baixa densidade (KANNING, 2008) O traço utilizado para o concreto se baseia no trabalho realizado por AGUIAR (2001) e prescreve as proporções em massa com EPS de 1:1,25:3,75:0,6 (cimento/ agregado miúdo natural/ agregado de EPS/ água em litros), A cura dos blocos é de 28 dias para efetuar os ensaios de resistência. 2.9.2 Ensaios bloco ISOPET Para os ensaios de resistência mecânica, foram executados blocos ISOPET do tamanho grande e pequeno para compor paredes de alvenaria que foram também ensaiadas à compressão. Os blocos mostraram variações de tamanho e para a análise se fez necessária à média das resistências ensaiadas (KANNING, 2008). (ii) Compressão dos blocos: O autor adota o procedimento de ensaio dos blocos com capeamento de argamassa de cimento no traço 1:3, pelo fato das altas temperaturas do enxofre degradar as partículas de EPS, acarretando danos nas características dos blocos e o aparecimento de bolhas de ar decorrentes do EPS no interior. Os resultados são colocados na Tabela 7 e plotados em um gráfico (FIGURA 26) para melhor entendimento.
  • 45. 45 Tabela 7 – Resistência Bloco ISOPET RESISTÊNCIA DO BLOCO ISOPET Bloco Dimensões (altura x largura x comprimento) (mm) Área de trabalho (cm²) Carga de ruptura (kgf) Tensão de ruptura (Mpa) 1 340 x 151 x 399 600,5 5266 0,9 2 342 x 150 x 400 600,5 7256 1,2 3 341 x 152 x 400 600,5 6783 1,1 4 341 x 151 x 399 605,2 4560 0,7 5 340 x 152 x 399 603,2 5438 0,9 6 340 x 151 x 400 606,8 6023 1,0 Média 0,97 Desvio Padrão 0,175 FONTE: Adaptado: Kanning (2008). FIGURA 26 - RESITÊNCIA BLOCOS ISOPET. FONTE: Kanning (2008). Kanning acredita que um fator que pode ter influenciado a baixa resistência dos blocos é a baixa resistência das partículas de EPS, por possuírem em sua constituição 2% de massa corpórea e 98% de ar. (ii) Compressão das alvenarias: Os resultados de resistência a compressão simples em paredes com resultado das tensões acima de 4 Mpa conforme Tabela 8 e plotada em gráfico na FIGURA 27;
  • 46. 46 Tabela 8 - Resistência da alvenaria com bloco ISOPET RESISTÊNCIA DA ALVENARIA COM BLOCO ISOPET Bloco Dimensões (altura x largura x comprimento) (cm) Área de trabalho (cm²) Carga de ruptura (kgf) Tensão de ruptura (Mpa) 1 200 x 15,1 x 120 1812,0 8600 4,74 2 200 x 15,2 x 120 1824,0 8600 4,93 3 200 x 15,1 x 120 1812,0 8600 5,19 Média 4,96 FONTE: Adaptado: Kanning (2008). FIGURA 27- RESISTENCIA DA ALVENARIA COM ISOPET FONTE: Kanning (2008). Para a obtenção das garrafas PET utilizadas no projeto, foram programados 2 pontos de coleta, uma lanchonete e uma edificação residencial com 128 apartamentos. Ao todo, foram coletadas 250 garrafas de 2,0 litros; 27 garrafas de 2,5 litros e 5 garrafas de 3,0 litros (KANNING, 2008). O autor ressalta que a coleta desse material se faz importante pelo incentivo à reciclagem e reuso em construções, reaproveitando o material que seria descartado e beneficiando a edificação (KANNING, 2008). As garrafas utilizadas no projeto são de capacidade de 2,0 litros. O valor considerado por Kanning (2008) para o custo do bloco ISOPET foi de R$ 3,10 a unidade.
  • 47. 47 2.10 MODELO CASA PET Provenzano (2006) propõe a Casa PET com o projeto utilizando painéis pré- fabricados de concreto com incorporação de garrafas plásticas para as paredes de vedação. A concepção da habitação visa colaborar com o a solução do déficit habitacional, a reciclagem e o reaproveitamento das garrafas tipo PET (PROVENZANO, 2006). A autora destaca que o processo de fabricação dos painéis pode ser desenvolvido em processo industrializado ou no próprio canteiro de obras. A habitação proposta apresenta dois dormitórios, cozinha integrada à sala, área de serviço e varanda, totalizando 50,70 m². A fundação adotada é do tipo radier, que irá sustentar toda a edificação. Os painéis são erguidos e fixados com uma malha metálica e é prevista uma junta entre os painéis de 10 mm para permitir eventuais movimentações em função da dilatação e retração dos mesmos (PROVENZANO, 2006). Os painéis são montados conforme o projeto arquitetônico (FIGURA 28 - A) e recebe a estrutura para a cobertura, com lajes planas também pré-fabricadas com uso de garrafas PET (FIGURA 28 - B). Em seguida, é possível trabalhar com a estrutura de telhado (FIGURA 28 - C) e a finalização da habitação conforme FIGURA 28 - D. FIGURA 28 - SEQUÊNCIA DE MONTAGEM CASA PET: (A) PAINÉIS DE PAREDE, (B) LAJE PLANA, (C) ESTRUTURA DE MADEIRA EM COBERTURA E (D) COBERTURA FINALIZADA. FONTE: Adaptado de: Provenzano (2006). 2.10.1 Características dos painéis casa PET Os painéis que compõem as paredes da Casa PET seguem uma modulação com oito garrafas na base, de 10 cm de diâmetro cada e totalizando 85 cm de comprimento. Outro módulo de painel é confeccionado com seis garrafas, com 65 cm de comprimento. A largura dos painéis é de 14 cm. A altura adotada tem o total de
  • 48. 48 265 cm (PROVENZANO, 2006). A autora propõe o uso de garrafas cortadas e encaixadas, em um molde de madeira preenchido com argamassa. Além disso, o painel possui um reforço lateral de armadura com CA-60 de diâmetro de 6,3 mm. A montagem dos painéis, conforme (FIGURA 29), segue a sequência da confecção das formas (FIGURA 29 - A) que podem ser de madeira, fibra de vidro ou aço (PROVENZANO, 2006). As formas devem ser verificadas quanto a limpeza e impermeabilização. Em seguida, tem-se o preenchimento de uma das superfícies do painel com 20 mm de argamassa de cimento e areia com aditivo, para que as garrafas plásticas sejam totalmente incorporadas pelo concreto (FIGURA 29 - B). São colocadas as colunas de garrafas plásticas nos painéis e um reforço de armadura com aço CA-60, em forma de treliças no perímetro do painel (FIGURA 29 - C), para em seguida continuar o preenchimento com argamassa, regularizando a superfície e obtendo o painel finalizado (FIGURA 29 - D E FIGURA 29 - E). FIGURA 29 – SEGUÊNCIA DE MONTAGEM DOS PAINÉIS: (A) FORMA DE MADEIRA, (B) COLOCAÇÃO DA ARGAMASSA, (C) COLOCAÇÃO DAS GARRAFAS E ARMADURA, (D) PREENCHIMENTO DA FORMA E (E) PAINÉL PREENCHIDO. FONTE: Adaptado de: Provenzano (2006). O projeto nº. 02:136.01.001 da ABNT (2004) exige instalações nas edificações para que atendam às exigências orgânicas e funcionais do usuário, como alimentação, agua, luz, gás (PROVENZANO, 2006). Na confecção dos painéis é inserida no interior das garrafas a tubulação e eletrodutos (FIGURA 30), pelo sistema de prumadas que faz a distribuição pela parte superior dos painéis e sobre a laje. Este método é usualmente utilizado em alvenarias estruturais com blocos de concreto ou cerâmico (PROVENZANO, 2006).
  • 49. 49 A autora do projeto reforça a importância de um projeto da habitação que prevê os locais de instalações dos pontos elétricos e hidráulicos para que assim possa racionalizar a fabricação dos painéis, evitando rasgos e retrabalhos, que podem levar ao despedido, consumo excessivo de material e mais mão-de-obra. Com os locais de instalações elétricas e hidráulicas definidos, a placa que receberá a tubulação será executada adaptando ao projeto, enquanto as demais placas serão construídas com o projeto anterior (PROVENZANO, 2006). Os painéis são confeccionados com variações de alturas, para serem aplicados em instalações de esquadrias ou quando se faz necessária, por orientações do projeto, uma altura diferenciada. FIGURA 30 – PAINEL COM INSTALAÇÕES HIDRÁULICAS E ELÉTRICAS. FONTE: Provenzano (2006). A argamassa de cimento utilizada possui 25 kg de cimento Portland Pozolânico, 75 kg de areia, 125 ml de aditivo adiment superplastificante e 10 litros de agua. O desmolde do painel pode ser executado após 48 horas da execução. Caso seja utilizado cimento de alta resistência inicial, pode ser desmoldado após 20 horas. As formas são reutilizadas para novos painéis e estes são armazenados por 28 dias para que possam ser utilizados (PROVENZANO, 2006). 2.10.2 Ensaios Os painéis foram ensaiados à compressão na posição vertical e comparados com a alvenaria convencional conforme TABELA 9.
  • 50. 50 Tabela 9 - Resistência a compressão casa PET RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO DE PAINÉIS CASA PET Painel Dimensões (altura x largura x comprimento) (cm) Carga de ruptura (kN) Tensão de ruptura (Mpa) PET 1 265 x 14 x 65 161,035 1,77 PET 2 265 x 14 x 65 103,263 1,13 PET 3 265 x 14 x 65 90,640 1,00 CONVENCIONAL 1 265 x 10 x 115 115,4 1,00 CONVENCIONAL 2 265 x 10 x 115 135,3 1,18 CONVENCIONAL 3 265 x 10 x 115 173,5 1,58 FONTE: Adaptado: Provenzano (2006). Os ensaios realizados com os painéis foram considerados satisfatórios, apresentando resultados similares ao comparar com painéis executados com tijolos cerâmicos convencionais (PROVENZANO, 2006).
  • 51. 51 3. METODOLOGIA 3.1 CONCEITUAÇÃO Inicialmente foi feito o levantamento dos conceitos relacionados à temática do trabalho, contemplando as habitações de interesse social, reciclagem de resíduos e a ecoeficiência na construção civil. A pesquisa se limita à técnica de construção com blocos de concreto incorporando garrafas PET, para que seja possível a aplicação da proposta em habitações de interesse social e situações que se limitem a um baixo orçamento, sem exigir tecnologia superior de preparo de material reciclado. A conceituação das habitações sociais e da realidade de moradias vulneráveis se farão necessárias para o entendimento das ocupações e da situação das famílias de baixa renda em comunidades, a partir dos conceitos de Bonduki (2002) e da Nova Agenda Urbana (2016), conhecendo também o modelo de trabalho da ONG TETO nas comunidades carentes. Com modelo de manual construtivo na intervenção da organização nas comunidades, a proposta do trabalho foi desenvolver um manual de construção de paredes de vedação com os blocos PET, definindo também a opção de aberturas de portas e janelas, a possibilidade de encaixes entre blocos e instalações hidráulicas e elétricas. 3.2 BLOCOS PET O bloco PET utilizado é baseado nos projetos desenvolvidos por Viegas (2012), Kanning (2008) e Provenzano (2006). Os modelos de bloco PET foram adaptados e dimensionados com 2 garrafas para o modelo grande e 1 garrafa para o modelo pequeno, todos com opção de encaixes “macho” e “fêmea” – macho com encaixe para fora, fêmea com o encaixe para dentro – para que haja a flexibilidade na montagem das paredes de vedação. A (FIGURA 31) ilustra os modelos de bloco:
  • 52. 52 FIGURA 31 - BLOCO PET FONTE: O autor (2017) Para o procedimento de confecção dos blocos, devem ser executadas primeiramente as formas de madeira. São utilizadas placas de madeira para base, quatro peças para as laterais do bloco e uma peça extra para recorte e confecção das saliências do bloco. Com todas as peças fixas, tem-se o encaixe da garrafa plástica e posterior preenchimento da forma, como exemplifica a (FIGURA 32): FIGURA 32 - MONTAGEM DE FORMA PARA BLOCO PET. FONTE: O autor (2017) A peça recortada para a confecção dos encaixes do bloco se dará por uma placa de 40 x 12 x 1,5 cm recortada com as distâncias ilustradas a seguir na (FIGURA 33):
  • 53. 53 FIGURA 33 - RECORTE PARA ENCAIXES ENTRE BLOCOS PET FONTE: O autor (2017) O resultado de corte são as peças 1A e 2A. Estas placas são fixadas na lateral interna das formas, na placa denominada L1. Os blocos 1 e 4 utilizam os 2 recortes (1A e 2A). Os blocos 2 e 5 utilizam apenas o recorte 1A os blocos 3 e 6 utilizam somente a peça 2A. Para cada bloco, a forma é composta por 2 placas L1 de dimensões 40 x 12 x 2 cm nas faces menores do bloco, cada uma com o recorte para o encaixe definido para o bloco. As faces maiores e a base variam conforme cada modelo de bloco PET. As formas utilizam pregos para seu posterior desmolde e remontagem para confeccionar novos blocos. Em cada bloco PET, deve ser prevista uma base de 2 cm de argamassa, evitando que a garrafa fique exposta no bloco finalizado. A proporção utilizada para preenchimento das formas será de 1:7:0,9 (cimento:areia:água), que segundo Viegas (2012) proporcionou melhor desempenho entre as proporções ensaiadas pela autora no bloco unitário. O cimento utilizado é do tipo Portland, que segundo Provenzano (2006), permite a desforma em 48 horas. Os blocos poderão ser utilizados após 28 dias de cura do concreto. A Tabela 10 detalha as dimensões das peças de madeira para a confecção das formas e a Tabela 11 organiza cada bloco com as respectivas formas necessárias.
  • 54. 54 Tabela 10 - Placas de formas DIMENSÕES DAS PLACAS DE FORMA RECORTE Base maior (cm) Base menor (cm) Altura (cm) Espessura (cm) A1 6 4 40 1,5 A2 4 3 40 1,5 BASES Comprimento (cm) Largura (cm) Espessura (cm) B1 29,5 16 2 B2 28 16 2 B3 17,5 16 2 B4 16 16 2 LATERAL Comprimento (cm) Largura (cm) Espessura (cm) L1 40 12 2 L2 40 29,5 2 L3 40 28 2 L4 40 17,5 2 L5 40 16 2 Fonte: O autor (2017) Tabela 11 - Formas por bloco BLOCO PET A1 A2 B1 B2 B3 B4 L1 L2 L3 L4 L5 1 1 2 1 2 2 2 1 1 2 2 3 2 1 2 2 4 1 2 1 2 2 5 1 1 2 2 6 2 1 2 2 TOTAL 4 8 2 1 2 1 12 4 2 4 2 Fonte: O autor (2017) Os blocos PET de números 1, 2 e 3 têm dimensões de 40 x 24 x 12 cm, com encaixe “macho e fêmea” no Bloco PET 1 (FIGURA 34), apenas “fêmea” no Bloco PET 2 (FIGURA 35) e somente “macho” no Bloco PET 3 (FIGURA 36). Os blocos grandes utilizam 2 garrafas de 2,0 litros, com 10 cm de diâmetro no centro.
  • 55. 55 FIGURA 34 - BLOCO PET 1 Fonte: O autor (2017) FIGURA 35 - BLOCO PET 2 Fonte: O autor (2017) FIGURA 36 - BLOCO PET 3 Fonte: O autor (2017). O bloco 4, 5 e 6 tem dimensões de 40 x 12 x 12 cm, com encaixe “macho e fêmea” no bloco PET 4 (FIGURA 37), apenas fêmea no bloco PET 5 (FIGURA 38) e somente macho no bloco PET 6 (FIGURA 39). Estes blocos são necessários para preenchimento da parede entre os blocos grandes, proporcionando paredes com comprimentos menores, com uma flexibilidade nas medidas. Estes blocos utilizam 1 garrafa de 2,0 litros, com 10 cm de diâmetro.
  • 56. 56 FIGURA 37 - BLOCO PET 4 FONTE: O autor (2017) FIGURA 38 - BLOCO PET 5 Fonte: O autor (2017). FIGURA 39 - BLOCO PET 6 Fonte: O autor (2017) A disposição dos blocos nas fiadas da construção (horizontal) devem ser de forma alternada, garantindo melhor travamento da alvenaria (KANNING, 2008). Conforme coloca Kanning (2008) a primeira fiada necessita de 5 cm de argamassa antes de receber os blocos e entre fiadas é necessário o preencimento com 1 cm de argamassa para cobrir superfícies irregulares e proporcionar melhor resistência no
  • 57. 57 conjunto de blocos. Deve ser considerar as dimensões fixas dos blocos PET para compor o comprimento total das paredes, evitando corte de blocos que comprometem a resistência do mesmo. 3.3 ADAPTAÇÃO DO PROJETO As moradias da ONG TETO são em madeira com painéis pré-fabricados. A planta da CASA GRANDE tem 3,0 x 6,0 m com painéis de 2,5 m de altura. A cumeeira da casa tem altura total de 2,70m (FIGURA 40) A B FIGURA 40 - CASA MODULAR TETO BRASIL: (A) PERSPECTIVA E (B) PLANTA CASA GRANDE. FONTE: Adaptado de: TETO – BRASIL (2015). A proposta da habitação permanente com alvenaria segue o modelo atual de casas, ampliando o projeto com a instalação de um módulo sanitário. Foi considerado um pré-dimensionamento de pilares de 15x24cm de concreto armado. A aréa total da casa terá 22,50 m², com pé direito de 2,70 m e considerando cinta de amarração de 20 cm. (FIGURA 41)
  • 58. 58 FIGURA 41 – PLANTA NOVA CASA TETO. FONTE: o Autor (2017). Com o modelo de casa com a alvenaria com Bloco PET, são definidos oito tipos de paredes (FIGURA 42). Sendo elas: 1- Parede com porta e janela grande 2- Parede com janela grande 3- Parede com janela pequena 4- Parede fechada grande A 5- Parede fechada pequena A 6- Parede fechada grande B 7- Parede Hidráulica 8- Parede com porta pequena FIGURA 42 – PAREDES NOVA CASA TETO. FONTE: o Autor (2017).
  • 59. 59 Cada parede possui uma quantidade de blocos específica e tipos diferentes de modelo do bloco. Conforme Tabela, tem-se o quantitativo por unidade de parede: Tabela 12 - Blocos PET por parede de alvenaria FONTE: O AUTOR (2017). Tabela 13 - Quantidade de Garrafas PET para NOVA CASA TETO FONTE: O AUTOR (2017). Para a abertura de portas e janelas, utilizam-se vergas e contravergas que farão o travamento e estruturação do vão na alvenaria. As opções para este módulo com bloco PET são janelas grandes de 96 x 81 cm com peitoril de 1,08m e janelas menores de 60 x 40 cm com peitoril de 1,49m. As portas tem dimensões de 70x210 cm e 60x210 cm. A verga tem dimensoes 144 x 12 x 20 cm, com vão interno de 15 x 6 cm para colocação da estrutura de aço CA-60 de 6,3mm de diâmetro e concretagem. As vergas e contravergas (FIGURA 43) serão confeccionadas no local onde será fixada as portas e janelas (FIGURA 44).
  • 60. 60 FIGURA 43 - VERGA E CONTRAVERGA Fonte: O autor (2017) FIGURA 44 – EXECUÇÃO DA CONTRAVERGA EM JANELA. FONTE: o Autor (2017). As instalações elétricas e hidraulicas devem ser previstas ainda em projeto. As tubulacoes hidráulicas serão inseridas em parede de tijolo cerâmico (FIGURA 45). A bibliografia contempla a instalação de tubulações internas a garrafa, porém limitando à esta, o diâmetro de 25mm. Logo, para manter a quantidade de blocos desenvolvidos e não havendo um estudo sobre a retirada das garrafas PET internas aos blocos, optou-se por manter as paredes hidráulicas com tijolos cerêmicos. As tubulações elétricas serão feitas com canaletas externas. FIGURA 45 - TUBULAÇÃO ELÉTRICA OU HIDRÁULICA COM BLOCO PET Fonte: O autor (2017).
  • 61. 61 O fechamento superior poderá ser feito com cinta de amarração pois não é considerada a execução de laje superior. A possibilidade de outro pavimento deve ser estudada no projeto estrutural especificando a viga. A cinta de amarração pode ser executada nas dimenções da verga e contraverga, considerando o mínimo de 20 cm de altura para que se tenha pé direito interno de 2,70 cm (FIGURA 46). FIGURA 46 - NOVA CASA TETO FINALIZADA. FONTE: O AUTOR (2017). O custo por bloco unitário – produzidos com uma garrafa interna - foi baseado nos valores do SINAPI para o mês de outubro (TABELA 14). O valor aproximado dos materiais levou em consideração a compra da garrafa PET de usinas de reciclagem com valor médio de três fornecedores da embalagem em Curitiba. Espera-se, porém, que este seja um valor desconsiderado por trabalhar com o princípio do reuso do material doméstico.
  • 62. 62 3.4 CUSTO DO BLOCO PET Tabela 14 – Custo do bloco unitário Custo unitário por bloco Material Quantidade Custo (R$) Cimento 1kg R$0,43 Areia 0,00376 m³ R$0,10 Garrafa PET 1 R$0,15 Custo do bloco unitário R$0,68 FONTE: O AUTOR (2017). Considerando uma construção com tijolos cerâmicos de 6 furos com dimensões de 14x19x9cm, o custo por metro quadrado construído, segundo dados do SINAPI (2017) seria de 15,60 (quinze reais e sessenta centavos). A construção com Bloco PET tem o metro quadrado correspondente a R$ 12,34 (doze reais e trinta e quatro centavos) considerando a execução com argamassa 1:4 (cimento e areia). A área total de alvenaria de vedação para a NOVA CASA TETO é de 41,73 m², com custo de aproximadamente R$ 515,00 para as paredes.
  • 63. 63 4. RESULTADO 4.1 MANUAL DE CONSTRUÇÃO COM BLOCOS PET O manual de paredes de vedação (Apêndice - A) foi dividido em: introdução; planejamento; materiais; forma; paredes e conclusão. Na introdução tem-se o objetivo do trabalho e a contextualização do tema. Além disso, a apresentação da proposta e etapas de concepção do projeto da NOVA CASA TETO. O planejamento descreve os blocos utilizados neste método construtivo, a especificação das paredes e a planta da casa. No item materiais, se tem o quantitativo de blocos, separados por módulos de parede, quantidade de garrafas e tipos de materiais utilizados, para então seguir para forma onde há a instrução da confecção das formas de madeira, orientação para o recorte das peças que resultam no encaixe entre blocos e as instruções de preenchimento das formas com a argamassa de concreto. O tópico parede orienta toda a execução dos oito tipos de paredes, a execução da verga e contraverga e instalação da tubulação elétrica e hidráulica. Por fim, conclui-se o documento com a importância do trabalho acerca dos temas. O documento foi montado no software Adobe Illustrator CC 2017 com as imagens trabalhadas no Adobe Photoshop CC 2017, retiradas a partir do modelo 3D feito no software SketchUp. Foram utilizados Blocos PET impressos em 3D em filamentos de plásticos na escala 1:10 como complemento de estudo (FIGURA 47). Assim, se pode trabalhar com situações problemas de encaixe de blocos, organização dos tipos de blocos nas paredes e análise das orientações para a execução das paredes na realidade. Imãs de neodímio de 4mm de diâmetro e 2mm de espessuras funcionaram como a “argamassa” e facilitaram o processo de encaixe dos blocos na vertical. FIGURA 47 – MODELOS DE BLOCO PET IMPRESSOS EM 3D Fonte: O autor (2017).
  • 64. 64 5. CONCLUSÃO Dada a importância da ecoeficiência nas edificações e melhoria das condições de habitação sociais da TETO - Brasil, o Manual de Construção de paredes de vedação com o Bloco PET se mostra uma alternativa para a construções das moradias e segue o modelo de trabalho da organização. O Bloco PET projetado com opções alternadas de saliências e reentrâncias, permite que a montagem da alvenaria seja flexível e que a construção se adapte à diferentes situações de projeto. As etapas de produção dos blocos e a execução das paredes são descritas de forma independente, assim, possibilitam ao interessado no trabalho as opções de se trabalhar apenas com a produção dos blocos ou executando partes do projeto da casa. Isto gera uma alternativa de trabalho para as famílias, que podem buscar na produção de blocos, uma renda extra e uma atividade para a comunidade e utilizar a matéria prima gerada pela própria comunidade. A construção com este bloco pode servir como melhoria de moradias já finalizadas e ampliações de casas. Espera-se que com este manual sejam executados trabalhos de pesquisa para outros processos construtivos com alvenaria das habitações da ONG TETO, visto que o Bloco PET apenas exerce a função de vedação nas morarias e pesquisas sobre a colocação de tubulações internas à garrafa, para que se possam executar de forma segura as paredes hidráulicas. Sendo assim, o Manual de Construção de paredes de vedação com Bloco PET para a NOVA CASA TETO necessita ser associado a projetos estruturais, de fundação e cobertura. Espera-se que estes também sejam projetos de custo acessível, seguros, eficientes e comprometidos com o meio ambiente. Caminhando assim, para a construção de uma sociedade mais justa, com acesso pleno à moradia e ecologicamente consciente.
  • 65. 65 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABIPET. Associação Brasileira dos Fabricantes de Embalagens de PET. abipet, 2017. Disponivel em: <http://www.abipet.com.br>. Acesso em: 17 Maio 2017. ABNT. NBR 9778: Argamassa e concreto endurecidos - Determinação da absorção de água por imersão - Índice de vazios e massa específica. ABNT. Rio de Janeiro. 1986. ABNT. Concreto - Determinação da consistÊncia pelo abatimento do tronco de cone. Rio de Janeiro: ABNT, 1998. ABNT. Projeto 02: 136.01.001: Desempenho de Edfiícios Habitacionais de até 5 pavimentos - Parte 1: Requisitos gerais. Rio de Janeiro: [s.n.], 2004. ABNT. NBR 15720-3: Componentes cerâmicos. Parte 3: Blocos cerâmicos para alvenaria estrutural e de vedação - Métodos de ensaio. ABNT. Rio de Janeiro. 2005. ABNT. Argamassa para assentamento e revestimento de paredes e tetos - Determinação do Índice de conscistência. 3. ed. Rio de Janeiro: ABNT, 2016. BARBOSA, N. P.; GHAVAMI, K. Materiais de construção civil e princípios de ciência e engenharia de materiais. São Paulo: IBRACON, 2007. BELLIS, M. The History of Polyester. ThoughtCo, 2017. Disponivel em: <https://www.thoughtco.com/history-of-polyester-4072579>. Acesso em: 17 Maio 2017. BIGNETTI, L. P. As inovações sociais: uma incursão por ideias, tendências e focos de pesquisa. Ciências Sociais Unisinos, São Leopoldo, v. 47, n. 1, p. 3-14, Janeiro-Abril 2011. BLENGINI, G. A. Life cycle of buildings, demolition and recycling potential: A case study in Turin, Italy. Building and Environment, v. 44, n. 2, p. 319-330, 2009. BOMBONATO, F.; NOGUEIRA, C. E. Estudos sobre a energia elétrica, eficiência energética e a sustentabilidade na construção civil. Revista Thêma et Scientia, v. 4, n. 2, Julho-Dezembro 2014. BONDUKI, N. G. Origens da habitação social no Brasil: arquitetura moderna, lei do inquilinato e difusão da casa própria. 3. ed. São Paulo: Estação Liberdade, 2002. BOULOS, G. Por que ocupamos? - Uma introdução à luta dos sem-teto. 3ª. ed. São Paulo: Autonomia Literária, 2015.
  • 66. 66 BRASIL, P. D. R. D. Lei Nº 12.424, de 16 de Junho de 2011. Palácio do Planalto, 2011. Disponivel em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011- 2014/2011/Lei/L12424.htm#art1>. Acesso em: 17 Abril 2017. BRITO, P. A. B. D. Redes como estratégia de ação e organização dos movimentos sociais contemporâneos. Revista Caderno de Ciências Socias da UFRPE, Recife, v. 2, n. 7, p. 72-94, Julho-Dezembro 2015. CALLISTER JR, W. Materials science and engineering: an introduction. 7. ed. [S.l.]: John Wiley & Sons, Inc., 2007. CAMACHO, J. S. Projeto de edifícios de alvenaria estrutural. Universidade Estadual Paulista. Ilha Solteira. 2006. CAPRA, F. A teia da vida. São Paulo: Cultrix, 2006. CHINELATO, J. O&M Integrado a informática. 13. ed. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos, 2008. COSTA, O. A. F.; LEIRAS, A.; YOSHIZAKI, H. T. Y. Planejamento de materiais na cadeia humanitária: uma aplicação para TETO - Brasil. XXXIII Encontro Nacional de Engenharia de Produção, Salvador, Outubro 2013. CURY, A. Organização e Métodos: uma visão holística. São Paulo: Atlas, v. 7, 2000. FLORIM, L. C.; QUELHAS, O. L. G. Constribuição para a construção sustentável: característica de um projeto habitacional eco-eficiente. Engevista, v. 6, n. 3, p. 121- 120, Dezembro 2004. FRANCO, L. S. Aplicação de diretrizes de racionalização construtiva para a evolução tecnológica dos processos construtivos em alvenaria estrutural não armada. Escola Politécnica da Universidade de São Paulo. São Paulo. 1992. FURUKAWA, F. M.; CARVALHO, B. B. D. Técnicas construtivas e procedimentos sustentáveis - Estudo de caso: edifício na cidade de São Paulo. Universidade Estadual Paulista. Guaratinguetá. 2011. GALLI, B. et al. Uso de garrafas de poli-tereftalato de etileno - PET como insumo alternativo na construção de edificações residenciais. Revista de Arquitetura da IMED, Passo Fundo, v. 1, n. 2, p. 174-181, 2012. GOULART, S. Sustentabilidade nas edificações e no espaço urbano. [S.l.]: UFSC, 2007. HABITAT III. Nova Agenda Urbana. Quito: United Nations Conference on Housing and Sustainable Urban Development, 2016.
  • 67. 67 IBGE. São Mateus do Sul - Censo Demográfico 2010: sinopse. IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, 2010. Disponivel em: <http://cidades.ibge.gov.br/xtras/temas.php?lang=&codmun=412560&idtema=1&sear ch=parana%7Csao-mateus-do-sul%7Ccenso-demografico-2010:-sinopse->. Acesso em: 21 Maio 2017. KANNING, R. C. Estudo das características mecânicas de paredes executadas com blocos IsoPET. Universidade Federal do Paraná. Curitiba. 2008. LUPORINI, C. E.; PINTO, N. M. Sistemas administrativos: uma abordagem moderna de O&M. [S.l.]: [s.n.], 1985. MARTINS, M. D. C. Caracterização mecânica de materiais constituintes em alvenarias antigas. Universidade Federal Fluminense. Niterói. 2008. MINISTÉRIO DAS CIDADES. Política Nacional de Habitação. Brasília: Espalhafato Comunicação, v. 4, 2004. MINISTÉRIO DAS CIDADES. Política habitacional e a integração urbana de assentamentos precários: parâmetros conceituais, técnicos e metodológicos. 2. ed. Brasília: A+ Comunicação, 2008. MINISTÉRIO DAS CIDADES. Como delimitar e regulamentar Zonas Especiais de Interesse Social - ZEIS de vazios urbanos. Brasília: Kaco - Gráfica e Editora, 2009. MUCELIN, C. A.; BELLINI, M. Lixo e impactos ambientais perceptíveis no ecossistema urbano. Revista Sociedade & Natureza, Uberlândia, v. 20, Junho 2008. NASCIMENTO, D. M. Saberes [auto] construídos. Belo Horizonte: C / Arte, 2015. NOVAES, W.; RIBAS, O.; NOVAES, P. D. C. Agenda 21 Brasileira - Bases para discussão. Brasília: MMA/PNUD, 2000. OLIVEIRA JUNIOR, V. Recomendações para projetos de edifício em alvenaria estrutural. Universidade de Sao Paulo. São Carlos. 1992. PASTERNAK, S. 100 anos de Política Habitacional no Brasil. São Paulo: LAP, 1997. PEREIRA, M. F. P. Anomalias em paredes de alvenaria sem função estrutural. Universidade do Minho. Guimarães. 2005. PNUD. Educação Ambiental na Escola e Comunidade. Brasília: Programa das Nações Unidas para o Desenvolviemtno/ONU, Brasília, 1998. PREFEITURA DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO. Urbanização de Favelas: A experiência de São Paulo. São Paulo: Boldarini Arquitetura e Urbanismo, 2008.