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Introdução a Foucault e genealogia do poder
1. Introdução ao
pensamento de Michel
Foucault
Prof. Doutorando Lair Amaro
PPGHC/UFRJ – CEDERJ/UNIRIO
lair_amaro@ufrj.br
AULA III
2. “O genealogista necessita da
história para conjurar a quimera
da origem, um pouco como o
bom filósofo necessita do
médico para conjurar a sombra
da alma”. (MP)
3. A genealogia tem por objetivo historicizar para questionar
radicalmente o caráter atemporal e inevitável de práticas e formas de
pensamento.
Assim, as regras que regulam as práticas científicas estão sempre
associadas às relações de poder da sociedade em questão.
4. Foucault aconselha abandonar a
crença básica na existência de
universais antropológicos, ou seja,
verdades sobre o ser humano que
vigoram em todas as culturas e
todos os tempos históricos.
A genealogia do poder é
desprovida de constantes e isso
implica um ceticismo sistemático
com relação a todos os universais
antropológicos.
5. Assim que determinamos que
algo deve se aplicar a todos os
seres humanos, criamos uma
norma contra a qual o
comportamento humano pode ser
medido e julgado;
Ao estabelecer uma concepção
científica da sexualidade humana
que a vê como um ímpeto natural e
universal para procriar, por
exemplo, marginalizamos de fato
toda uma série de comportamentos
6. No domínio do nosso saber, tudo o que nos é apresentado
como tendo validade universal, no que diz respeito à natureza
humana ou às categorias que podem ser aplicadas ao sujeito,
precisa ser posto à prova e analisado: recusar os universais da
“loucura”, “delinquência” ou “sexualidade” não significa que
essas noções não se referem a coisa alguma (...).
7. Em História da sexualidade, Foucault pretendeu reconfigurar a
relação entre sexualidade e poder: em vez de o poder reprimir as
manifestações da sexualidade natural, ele as produzia.
Para ele, a atitude básica da sociedade moderna em relação ao sexo
não foi a repressão, mas o fato de a sexualidade ter se tornado objeto
de um novo tipo de discurso – médico, jurídico e psicológico.
8. “A sociedade que emergiu no século
XIX – burguesa, capitalista ou
industrial, chame-a como quiser – não
opôs ao sexo uma recusa
fundamental de reconhecimento. Ao
contrário, pôs em operação toda uma
maquinaria para produzir discursos
verdadeiros referentes a ele. Não só
falou de sexo e obrigou todos a fazê-
lo; esforçou-se também para formular
a verdade uniforme do sexo.” (História
da Sexualidade)
9. “O biopoder, sem a menor dúvida, foi elemento indispensável ao
desenvolvimento do capitalismo, que só pôde ser garantido à custa
da inserção controlada dos corpos no aparelho de produção e por
meio de um ajustamento dos fenômenos de população aos
processos econômicos.” (História da Sexualidade)
10. O objetivo de História da Sexualidade foi
historicizar não apenas a sexualidade,
mas também o sexo.
A noção de um sexo natural e
fundamental é um construto normativo,
histórico, que funciona como um
importante ponto de ancoragem para o
biopoder.
O discurso científico sobre o sexo, sobre a
identidade sexual e sobre o desejo sexual
torna possível normalizar efetivamente o
comportamento sexual e de gênero.
11. Para Foucault, a sexualidade deveria ser
compreendida como uma prática ou uma maneira
de ser que proporciona possibilidades para
experimentação e múltiplos prazeres, e não como
uma condição psicológica sobre a qual devemos
revelar a verdade.