SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 20
Baixar para ler offline
pág. 13
Sintonizado (a)
na RadioPSI?
pág. 16
Despatologização
trans
OrientaPsi
Plataforma interativa é lançada
em comemoração aos 53 anos
da Psicologia brasileira
pág. 9
pág. 3
Balanço: 20
meses de gestão
2
Conselho Federal de Psicologia Jornal do Federal - agosto 2015
A 111ª edição do Jornal do Fe-
deral chega até você com informa-
ções e atualizações sobre as princi-
pais iniciativas e debates que o CFP
promoveu no último trimestre.
Desde o início de agosto, mês em
que a Psicologia brasileira completa
53 anos, está no ar o OrientaPsi. O
portal interativo já pode ser acessa-
do em sua versão beta por psicó-
logos (as) cadastrados no Sistema
Conselhos, e conta com pesquisas,
estatísticas, publicações, grupos de
discussão, cursos online e uma rede
social própria para profissionais da
Psicologia. Esta é a principal ação do
projeto de gestão do XVI Plenário, e
tem como função central estimular
o diálogo entre a categoria - contri-
buindo para o aperfeiçoamento da
atuação do próprio Conselho.
A RádioPSI, rádio online da Psi-
cologia, está no ar desde junho e
leva aos profissionais de todo o país
notícias, dicas e programas diver-
sos que pautam a atuação dos (as)
psicólogos (as), além de uma pro-
gramação musical variada.
Essa edição também conta com
um raio-x dos (as) parlamentares
psicólogos (as) no Congresso Na-
cional e nas Assembleias Legisla-
tivas estaduais, com vistas a esti-
mular o fortalecimento das pautas
Olá,
Editorial
Conselho
Federal de
Psicologia
Ano XXV, nº 111 - Agosto 2015
SAF SUL, Quadra 2, Lote 2, Bloco B,
Ed. Via Office, Térreo, sala 104
CEP: 70.070-600 - Brasília/DF Brasil
Fone: (61) 2109-0100 - FAX: (61) 2109-0150
www.cfp.org.br
F /conselhofederaldepsicologia
T @cfp_psicologia
DIRETORIA
Mariza Monteiro Borges
Presidente
Rogério de Oliveira Silva
Vice-presidente
Maria da Graça Corrêa Jacques
Secretária
Sergio Luis Braghini
Tesoureiro
CONSELHEIROS EFETIVOS
Dorotéa Albuquerque de Cristo
Secretária Região Norte
Inara Barbosa Leão
Secretária Região Centro-Oeste
João Baptista Fortes de Oliveira
Secretário Região Sul
Meire Nunes Viana
Secretária Região Nordeste
Lurdes Perez Oberg
Secretária Região Sudeste
PSICÓLOGOS CONVIDADOS
Nádia Maria Dourado Rocha
Rosano Freire Carvalho
CONSELHEIROS SUPLENTES
Eliandro Rômulo Cruz Araújo
Jacqueline de Oliveira Moreira
Silvana Carneiro Maciel
Viviane Moura de Azevedo Ribeiro
João Carlos Alchieri
Suplente Região Nordeste
Madge Porto Cruz
Suplente Região Norte
Roberto Moraes Cruz
Suplente Região Sul
Sandra Luzia de Souza Alencar
Suplente Região Sudeste
Vera Lucia Morcelli
Suplente Região Centro-Oeste
PSICÓLOGOS CONVIDADOS SUPLENTES
Maria Augusta Rondas Speller
Jefferson de Souza Bernardes
COLETIVO AMPLIADO
Ana Maria Jacó-Vilela
Memória da Psicologia
Bárbara de Souza Conte
Psicoterapia
Carla Andréa Ribeiro
Assistência Social
Loiva de Boni
Álcool e Drogas
Luciana Ferreira Ângelo
Psicologia do Esporte e da Atividade Física
Marco Aurélio Máximo Prado
Direitos Humanos
Raquel Guzzo
Educação e Assistência Social
Rodrigo Torres Oliveira
Psicologia Jurídica
Silvia Koller
Relações com a BVS-PSI
Tânia Grigolo
Saúde Mental
Vera Paiva
Direitos Humanos
COORDENADOR GERAL
José Carlos de Paula
coordenação DE COMUNICAÇÃO SOCIAL
Maria Goes de Mello
JORNALISTA RESPONSÁVEL
Maria Goes de Mello
(MTB 9088)
REPORTAGEM
Alexandre Casatti
André Martins de Almeida
Gisele Barbieri
Maria Goes de Mello
Raquel de Lima Marques Alves
revisão
Ana Clara de Medeiros Araújo
PROJETO GRÁFICO
E DIAGRAMAÇÃO
de interesse da Psicologia junto aos
(às) legisladores (as).
Uma entrevista sobre racismo e
Psicologia com Valter da Mata, aca-
dêmico e integrante da Comissão de
Direitos Humanos do CFP, suscita a
reflexão sobre o papel do (a) profis-
sional psicólogo (a) e das universida-
des brasileiras no que se refere à for-
mação e combate ao preconceito.
A matéria sobre a despatologiza-
ção das identidades trans e travestis
apresenta a campanha idealizada
pelo eixo “Direitos e enfrentamento
às violências de gênero e sexuais”
da Comissão de Direitos Humanos
do CFP, e aborda o panorama das
discussões políticas em torno da luta
no Brasil e no mundo, com a partici-
pação de profissionais da Psicologia,
pesquisadores e pesquisadoras, ati-
vistas,pessoastransexuaisetravestis.
Na sessão “Fala, Psicólog@”, a ex-
periência de Patrícia Marinho Grama-
cho na área de Psico-oncologia na ci-
dadedeGoiânia(GO)éinspiradora.Já
asegundapartedocapítulosobreaprá-
ticadaPsicologiaantesdaregulamen-
tação, da coluna “Memórias da Psico-
logia”, aborda o histórico da orienta-
ção psicopedagógica, do surgimento
de associações e dos cursos univer-
sitários até a sanção da Lei 4.119/62.
Boa leitura!
Edição Psicologia no Brasil
Agosto - mês da
3
Conselho Federal de Psicologia Jornal do Federal - agosto 2015
Balanço
20 meses de gestão: avanços e desafios do XVI Plenário
“Avançamos bastante na direção de ampliar a democracia interna do
Sistema Conselho”, avalia Sergio Braghini, conselheiro-tesoureiro do CFP
Em agosto, a gestão do XVI Plená-
riodoConselhoFederaldePsicologia
(CFP) chegou ao seu 20º mês. De de-
zembro de 2013 até aqui, já é possível
fazer um balanço de sua atuação em
diversas áreas relacionadas às de-
finições do Congresso Nacional de
Psicologia (CNP) e do Planejamento
Estratégico Plurianual do Conselho.
No Congresso Nacional, a Asses-
soria Parlamentar do Conselho vem
acompanhando diversos projetos de
lei de interesse da Psicologia. Entre
os prioritários, estão o PL 3338/2008
(que dispõe sobre a jornada de tra-
balho de 30 horas semanais para os
psicólogos), o PL 5440/2009 (que tra-
ta do piso salarial dos profissionais
de Psicologia) e o PL 7500/2006, rela-
tivo à obrigatoriedade da assistência
psicológica a educadores e educan-
dos da educação básica.
Além de articulações específicas
em torno dos temas de interesse di-
reto da categoria, representantes da
atual gestão promoveram visitas a
gabinetes e participaram de audiên-
cias públicas em defesa da agenda
de promoção dos direitos humanos.
Nesse âmbito, destacam-se reuni-
ões com parlamentares para a dis-
cussão do tema da maioridade pe-
nal, e a participação em audiências
sobre assuntos como publicidade
infantil e a resolução 01/99 ­— que
proíbe psicólogos (as) de exerce-
rem qualquer atividade que favo-
reça a patologização de comporta-
mentos ou práticas homoeróticas e
adotarem ação coercitiva tendente
a orientar homossexuais para trata-
mentos não solicitados.
Participação social
A participação social da catego-
ria nas decisões do Conselho e nas
discussões dos rumos da Psicolo-
gia é estimulada com a criação de
ferramentas como o OrientaPsi, o
portal interativo da Psicologia, a Rá-
dioPSI e o Espaço Fala, Psicólog@!,
em que profissionais de todo o país
apresentam, no site e no Jornal do
Federal, sua rotina de trabalho.
Ainda nesse sentido, o CFP tem
promovido debates online com
ampla participação da categoria
sobre assuntos diversos, que vão
desde a atuação de profissionais
em áreas específicas, como a as-
sistência social, até grandes temas
da sociedade, como o genocídio da
juventude negra no Brasil.
Novos sites temáticos, como o
da Comissão Nacional de Psicolo-
gia na Assistência Social (Conpas),
o da Psicologia na Educação e o da
Despatologização Trans, e de gran-
des eventos, a exemplo do Conpsi
e do Congresso Brasileiro de Psico-
logia, também estão no ar, além da
campanha que estimula a partici-
pação da categoria nas conferên-
cias municipais de saúde, a do Dia
Internacional da Mulher, do Dia de
Combate ao Racismo e Dia de Luta
antimanicomial, entre outras.
Campanhas e editais
O Prêmio Inclusão Social, pro-
movido pelo Conselho Federal de
Psicologia (CFP) em parceria com
o Laboratório de Estudos em Saú-
de Mental e Atenção Psicossocial
(LAPS) da Fundação Oswaldo Cruz
(Fiocruz), irá contemplar experiên-
cias de inclusão social de usuários
e familiares em projetos econômi-
co-sociais, Organizações Não Go-
vernamentais (ONGs) e em equi-
pes interdisciplinares de serviços
da Rede de Atenção Psicossocial de
Saúde Mental, Álcool e Outras Dro-
gas em diversas categorias como
arte, cultura, trabalho e economia
solidária. O CFP também lançou,
em agosto, o segundo edital de
apoio financeiro a interessados em
realizar eventos técnicos e/ou cien-
tíficos em 2016. Objetivo da inicia-
tiva é que as ações estejam envol-
vidas na divulgação de atividades
técnico-profissionais favorecendo
o intercâmbio e a valorização entre
os profissionais da Psicologia, evi-
denciando à sociedade a relevân-
cia dessa ciência e das atividades
técnico-profissionais da categoria.
Administrativo
A condução administrativa do
XVI Plenário tem registrado eficácia
na gestão financeira do CFP. Já nos
primeiros meses de 2014, quando
teve início a gestão, foram promovi-
dos cortes de desperdícios, revisão
e renegociação de contratos e a ra-
cionalização do quadro de funcio-
nários, além da contratação, em ca-
ráter inédito, de uma auditoria inter-
na para avaliar e aprimorar os pro-
cessos de gerenciamento de riscos,
controle e governança. “Apontamos
na direção do saneamento das fi-
nanças com vistas a equilibrar o pa-
trimônio, em respeito à categoria
que se esforça para pagar sua anui-
dade em dia. Só com a economia
em contratos e mudanças no modo
de contratação, a soma dá mais de
R$ 1 milhão”, ressalta o conselheiro-
tesoureiro do CFP, Sergio Braghini.
“Olhando no retrovisor, é possí-
vel perceber que avançamos bas-
tante na direção de ampliar a de-
mocracia interna do Sistema Con-
selhos, contemplando a plurali-
dade de pensamentos sobre a ci-
ência psicológica, sem deixar de
lado nosso compromisso com os
direitos humanos e questões políti-
cas importantes para uma socieda-
de mais justa. Mas queremos fazer
esse balanço junto à categoria, ou-
vindo a maioria dos atores da Psi-
cologia brasileira, e por isso amplia-
mos os nossos canais de comuni-
cação”, avalia Braghini.
Fotos:Ascom/CFP
Além de articulações em torno de temas de interesse direto da categoria, participação em audiências públicas em defesa da agenda de promoção dos direitos humanos
4
Conselho Federal de Psicologia Jornal do Federal - agosto 2015
Comissões do CFP
A Psicologia e sua atuação fundamental
nas emergências e desastres
Com a frequência de situações de emergências e desastres
registradas em nossa sociedade, a categoria investe, cada vez
mais, em capacitação para uma ação qualificada nessa área
A realização do Seminário Na-
cional de Psicologia das Emergên-
cias e dos Desastres, em 2006, foi
um grande passo para reafirmar
a importância da atuação dos psi-
cólogos (as) na área de emergên-
cias e desastres. A partir daque-
le momento, a categoria se mobi-
lizou para investir, cada vez mais,
numa discussão com vistas a am-
pliar o conhecimento sobre as pos-
sibilidades de atuação dos profis-
sionais da Psicologia nessa área.
São esses os esforços e desafios
da Comissão Nacional de Psicolo-
gia nas Emergências e Desastres
do Conselho Federal de Psicologia
(CFP), criada para ampliar as dis-
Comissão mapeia municípios onde serão formados grupos técnicos para nortear atuação da categoria
cussões sobre o tema. Os desastres
são eventos adversos, em grande
parte de origem climática, que mui-
tas vezes geram situações em que a
ação da Psicologia pode ser funda-
mental, envolvendo danos pesso-
ais, materiais, ambientais e huma-
nos. Em sintonia com as normas e
resoluções da Psicologia, é impor-
tante que, nesse exercício profis-
sional, o (a) psicólogo(a) respeite
o protagonismo social das pesso-
as afetadas, direta ou indiretamen-
te, sem promover sua vitimização
ou patologização, evidenciando,
em primeiro lugar, a garantia de
direitos. As situações de desastres
e emergências são cada vez mais
frequentes em nossa sociedade e,
por isso, a necessidade de os pro-
fissionais da Psicologia se prepara-
rem para a atuação nesses eventos
também é crescente. Para a coor-
denadora da Comissão Nacional
de Psicologia de Emergências e De-
sastres do CFP, Eliana Torga, o tra-
balho do profissional da Psicologia
em emergências e desastres con-
siste em dar a assistência necessá-
ria para o restabelecimento da saú-
de mental das pessoas atendidas,
pelo tempo que for necessário.
“O rompimento do estado de
normalidade, de segurança, em
uma situação de emergência e de-
sastre, pode levar ao rompimento
do tecido social da comunidade,
quanto mais frágil e precária de re-
cursos for esta comunidade. A di-
versidade de reações a eventos de
desastre e catástrofes é tão dife-
rente como a diversidade humana.
Caso precise, cada indivíduo tem o
direito de receber a assistência ne-
cessária para a manutenção e/ou
a recuperação de sua saúde men-
tal, pelo tempo que for necessário.
Nem todas as pessoas afetadas por
emergências e desastres precisam
de intervenção do profissional psi-
cólogo, mas precisamos garantir
que elas saibam que poderão rece-
ber essa assistência, e ao tê-la serão
bem acolhidas por um profissional
com os conhecimentos necessários
a esta prática’, aponta a psicóloga.
A Comissão do CFP também
busca desenvolver e programar um
Foto:Ascom/CFP
5
Conselho Federal de Psicologia Jornal do Federal - agosto 2015
e desastres e sensibilização das
equipes da defesa civil e resgate
sobre o papel do psicólogo.
A Comissão
Além da coordenação da psicó-
loga Eliana Torga, a Comissão do
CFP também é coordenada pela
psicóloga Ionara Rabelo e conta
com representantes convidados
das regiões Centro-Oeste, Sul, Su-
deste, Norte e Nordeste. Integram
a Comissão Conceição Pereira – PE
(Nordeste), Debora Da Silva Noal –
GO (Centro-oeste), Maria Helena
Franco – SP (Sudeste), José Mário
Britto – PA (Norte), Roberta Bor-
guetti Alves – RS (Sul), além de Luiz
Felipe Doles da Gerência de Rela-
ções Institucionais do Conselho Fe-
deral de Psicologia. Já a comissão
ampliada é formada por Ana Ceci-
lia Andrade De Moraes Weintraub
(SP), Andreia Batista (MG), Fatima
Cristina Monteiro dos Santos (RJ),
Leticia Nolasco (SP), Lucelia Eliza-
beth Paiva (SP), Pitagoras Jose Bin-
dé (RN), Samira Younes (RJ) e Ân-
gela Coelho (PB).
projeto político que atenda às ne-
cessidades da categoria em vários
aspectos, como o da legitimação,
do reconhecimento, das condições
de trabalho e da formação, além
da inserção nas políticas públicas
na área de emergências e desas-
tres. A Comissão busca contemplar
toda essa diversidade do trabalho,
em estados e municípios brasilei-
ros, conduzindo a Política Nacional
de Emergências e Desastres no âm-
bito do Conselho Federal de Psico-
logia, procurando estar em sintonia
com as políticas públicas da defesa
civil, saúde, assistência social e edu-
cação. A Política Nacional, Estadu-
al e Municipal de Proteção e Defe-
sa Civil é a legislação específica que
rege as ações nessa área e está vi-
gente desde 2012, por meio da Lei
nº 12.608 de 10 de abril de 2012. A
Lei institui a Política Nacional de
Proteção e Defesa Civil (PNPDEC) e
dispõe sobre o Sistema Nacional de
Proteção e Defesa Civil (SINPDEC),
e o Conselho Nacional de Prote-
ção e Defesa Civil (CONPDEC), au-
torizando a criação de sistema de
informações e monitoramento de
desastres. Para subsidiar e respal-
dar a ação da categoria em emer-
gências e desastres, a autarquia pu-
blicou, em maio de 2013, uma nota
técnica sobre o tema. O documento
aponta que a grande frequência de
acontecimentos classificados como
de emergência e desastres incenti-
vou o Sistema Conselhos de Psicolo-
gia a esclarecer diversos questiona-
mentos que surgiram nessa área. A
nota técnica também reforça a im-
portância de que os profissionais te-
nham a clareza de que, tanto agin-
do como profissional contratado ou
voluntário, todos estão submetidos
às determinações e exigências do
Código de Ética e outras regula-
mentações normativas da catego-
ria. A nota técnica pode ser lida no
site do CFP, no item Legislação.
Os integrantes da Comissão tam-
bém participaram ativamente das
reuniões preparatórias e das etapas
da 2ª Conferência Nacional de Pro-
teção e Defesa Civil, realizada em
2014. Eles destacaram que debater a
Psicologia das Emergências e Desas-
Eliana Torga, coordenadora da Comissão de emergências e desastres, conduz a discussão sobre o tema
tres pode auxiliar tanto na preven-
ção como na atenção ao desastre.
Eliana Torga lembra que o pro-
fissional da Psicologia é o único
que está habilitado a utilizar práti-
cas de intervenção psicológica em
situações em que é necessário um
diagnóstico de risco a um grupo de
pessoas que possam sofrer agra-
vos à saúde mental.
“Para isso, faz-se necessário es-
tar treinado para a atuação, agir em
consonância com as políticas pú-
blicas e com o código de ética pro-
fissional. Além disso, podemos sa-
lientar que o respeito às diversida-
des culturais, o reconhecimento da
necessidade de se trabalhar com
profissionais com diferentes sabe-
res no atendimento aos indivíduos,
conhecer as necessidades de apli-
cação de diferentes métodos e téc-
nicas de acordo com as fases das
emergências e desastres, e sempre
acreditar na capacidade das comu-
nidades e indivíduos para a supera-
ção das adversidades”, lembra ela.
Oficinas
A Comissão de Emergências e
Desastres do Conselho Federal de
Psicologia tem uma agenda exten-
sa de capacitação para os próxi-
mos meses. A Comissão está pla-
nejando a realização de oficinas
em diversas regiões do Brasil. A
primeira delas foi marcada para
o dia 25 de agosto, aproveitando
que no mês de agosto se celebra
o dia do psicólogo, no dia 27. A Ofi-
cina “Gestão Integral de Riscos e
de Desastres: da prevenção a recu-
peração”, realizada em Goiás, tem
como objetivos a capacitação de
psicólogas/psicólogos para atua-
ção nos contextos de emergências
A diversidade de
reações a eventos
de desastre e catástrofes
é tão diferente como
a diversidade humana.”
Foto:Ascom/CFP
6
Conselho Federal de Psicologia Jornal do Federal - agosto 2015
Psicologia na Política
Quem são os (as) psicólogos (as) da política brasileira?
Reportagem do Jornal do Federal fez um levantamento de parlamentares
federais e estaduais que têm a Psicologia como formação
Para que serve um deputado?
Não é um questionamento qualquer,
muito menos o programa eleitoral
do deputado federal Tiririca (PR/SP).
A pergunta é séria e pertinente. O
parlamento tem três funções precí-
puas para a democracia: representar
o povo brasileiro, legislar sobre os as-
suntos de interesse nacional e fiscali-
zaraaplicaçãodosrecursospúblicos.
Pelo voto secreto, direto, univer-
sal e periódico, elegem-se nossos
representantes (vereadores, prefei-
tos, deputados estaduais/distritais,
governadores, deputados federais,
senadores e presidente da Repúbli-
ca) para a gestão e fiscalização do
país. Parlamentares estaduais e fe-
derais são os representantes de di-
versossetoresdasociedade,emque
a própria Psicologia está inserida.
Destaforma,areportagemdoJor-
nal do Federal fez um levantamento
de quantos e quem são os (as) de-
putados (as) federais e estaduais
que têm a Psicologia como forma-
ção, e a importância para a catego-
ria em conhecê-los e cobrá-los efeti-
vamente por demandas que são de
interesse dos (as) profissionais, bem
como da sociedade como um todo.
Dados
Nas últimas eleições gerais, em
2014, dados do Tribunal Superior
Eleitoral (TSE) apontam que 82 psi-
cólogos (as) se candidataram a car-
gos eletivos. Assim como na profis-
são, em que mais de 80% das pro-
fissionais são do sexo feminino, a
maioria das candidatas foram mu-
lheres (71), bem como o número
de senadoras e deputadas federais/
estaduais psicólogas eleitas (12).
Segundo levantamento, atual-
mente o Congresso Nacional é in-
tegrado pelas seguintes deputadas
psicólogas por formação: Marinha
Raupp (PMDB-RO), Erika Kokay
(PT-DF), Mara Gabrilli (PSDB-SP),
Sheridan de Anchieta (PSDB-RR)
e Josi Nunes (PMDB-TO). No Se-
nado Federal, a representante é a
senadora Marta Suplicy (sem par-
tido)*. Além delas, o deputado fe-
deral João Marcelo Souza (PMDB-
MA) é único congressista psicólogo
do sexo masculino – o que reflete a
preponderância feminina da profis-
são também no parlamento.
Nas Assembleias Legislativas (in-
cluindo a Câmara Legislativa do Dis-
trito Federal), há sete parlamentares,
no Rio Grande do Sul, São Paulo, Rio
de Janeiro, Minas Gerais, Paraíba,
Ceará e Mato Grosso do Sul. Além
desses, consta que o deputado Ta-
deu Veneri (PT-PR) é graduando em
Psicologia (confira o mapa ao lado).
Articulação
O Conselho Federal de Psicolo-
gia (CFP) tem monitorado e busca-
do parcerias com os parlamentares
federais psicólogos (as) na discus-
são de proposições e demandas
de interesse da categoria, como os
projetos de lei 769/2015 (30 horas),
1015/2015 (Piso Salarial) e 3688/2000
(prestação de serviços de Psicologia
e Serviço Social nas redes públicas
de Educação Básica).
Para a presidente do CFP, Mariza
Monteiro Borges, conhecer e buscar
esses parlamentares é fundamental
para o fortalecimento da profissão
perante a sociedade, além de colo-
car os parlamentares/psicólogos (as)
como parceiros da categoria no Con-
gresso Nacional. “É importante que
os (as) psicólogos (as) saibam quem
são os representantes, tanto no Con-
gresso Nacional como nas Assem-
bleias Legislativas ou Câmaras Muni-
cipais, justamente para estarmos sin-
tonizados uns com os outros com as
demandas da categoria, bem como
da própria sociedade”, ressaltou.
Foto:RodolfoStuckert
Dos (as) 513 deputados (as) e 81 senadores (as), a Psicologia está representada com 8 congressistas psicólogos (as)
É importante que os (as)
psicólogos (as) saibam quem
são os nossos representantes,
para estarmos sintonizados
uns com os outros com as
demandas da categoria, bem
como da própria sociedade”
7
Conselho Federal de Psicologia Jornal do Federal - agosto 2015
Psicólogos (as)
candidatos (as) nas
últimas eleições
Mapa dos estados dos (as) psicólogos (as)/parlamentares
Paraná
» Tadeu Veneri (PT) - superior
de Psicologia incompleto
deputado estadual
Rondônia
» Marinha Raupp (PMDB)
deputada federal
Tocantins
» Josi Nunes (PMDB)
deputada federal
» Kátia Abreu
(PMDB)
senadora*
Mato Grosso do Sul
» Pedro Kemp (PT)
deputado estadual
Distrito Federal
» Erika Kokay (PT)
deputada federal
Rio Grande do Sul
» Miriam Marroni (PT)
deputada estadual
São Paulo
» Beth Sahão (PT)
deputada estadual
» Mara Gabrilli (PSDB)
deputada federal
» Marta Suplicy (sem partido)
senadora
Ceará
» Rachel Ximenes Marques (PT)
deputada estadual
Maranhão
» João Marcelo Souza (PMDB)
deputado federal
Roraima
» Sheridan de Anchieta (PSDB)
deputada federal
Rio de Janeiro
» Rosângela Zeidan (PT)
deputada estadual
Minas Gerais
» Marília Aparecida Campos (PT)
deputada estadual
Paraíba
» Hervázio Bezerra (PSB)
deputado estadual
Fonte: Tribunal Superior Eleitoral
mulheres
88,75%
homens
11,25%
*A senadora Kátia Abreu está licenciada,
pois atualmente exerce cargo de ministra
da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
Psicólogos (as) Deputados (as)
federais, estaduais e senadores (as)
12mulheres 4homens
+
8
Conselho Federal de Psicologia Jornal do Federal - agosto 2015
Artigo
Desafios e questões relacionadas ao
mundo do trabalho dos(as) psicólogos(as)
Modo como o trabalho está organizado nos contextos laborais
representa hoje importante fonte de sofrimento trabalhadores (as)
“Este trabalho está me deixando
louco”, “Estou estressada com este
trabalho”, “Não aguento mais”, entre
outras expressões semelhantes, não
são estranhas às conversas cotidia-
nas, aos espaços de escuta dos (as)
psicólogos (as) nos diferentes espa-
ços do seu trabalho e à vivência des-
ses profissionais enquanto trabalha-
dores (as). Estatísticas de órgãos de
saúde e previdenciários confirmam
essa tendência. A Organização Mun-
dial de Saúde (OMS) registra a pre-
sença de 30% de trabalhadores com
transtornos mentais leves e 5% a 10%
com transtornos mentais graves. As
estatísticas do Instituto Nacional de
Previdência Social no Brasil apon-
tam que os chamados “transtor-
nos mentais e do comportamen-
to” representam a terceira causa
para o afastamento do trabalho.
O que isso significa? Conside-
rando que o trabalho enquanto ati-
vidade de transformação entre o
homem e a natureza, portadora de
significado e constitutiva da subjeti-
vidade e que se expressa na identi-
dade na analogia entre o que eu sou
e o que eu faço, sua expressividade
se reporta ao seu aspecto negativo
de sofrimento e castigo, e não à sua
potencialidade como fator de inser-
ção e integração ao mundo social.
A literatura aponta o quanto al-
guns fatores, como a exposição a
agentes tóxicos, têm os aspectos
psicológicos como as primeiras evi-
dências de transtorno mental, e a
exposição a agrotóxicos é a evidên-
cia mais significativa para explicar o
elevado número de diagnósticos de
depressão entre agricultores. Mas
não é só isso: o modo como o tra-
balho está organizado nos contextos
laborais representa hoje importan-
te fonte de sofrimento entre os (as)
trabalhadores (as). Palavras como
“guerra”, “sobrevivência”, “comba-
te” e “luta” são comuns nos contex-
tos de trabalho e todos nós sabemos
quais as repercussões desses signi-
ficantes no nosso psiquismo. Ainda,
outro exemplo, são as repercussões
psíquicas dos acidentes e doenças
relacionadas ao trabalho, associa-
das à autoimagem quando de mu-
tilações, à dependência em relação
a outros para as tarefas cotidianas, à
subordinação aos serviços de saúde
e aos serviços previdenciários, entre
outras fontes de sofrimento.
Todas essas questões não são
estranhas ao mundo do trabalho
dos(as) psicólogos(as). Ao contrário.
São parte do seu cotidiano enquan-
to trabalhadores(as) e com algumas
especificidades enquanto uma ca-
tegoria majoritariamente feminina
e voltada preferencialmente a ati-
vidades relacionadas ao cuidar de
outros. Atividades ligadas ao cuidar,
conforme a literatura, estão associa-
das à chamada Síndrome de Burn
-out, prevalente entre profissionais
da educação e da saúde. Pesquisa
realizada com psicólogos (as) bra-
sileiros revelou que, em sua maio-
ria, apesar da exaustão emocional
relatada, a realização pessoal com
o trabalho realizado se apresenta-
va como importante recurso para o
alívio do sofrimento oriundo tanto
das condições precárias de traba-
lho a que muitas vezes está exposto,
comoaosmodosdesuaorganização
em que “guerra”, “luta” e o assédio
moral não lhe são desconhecidos.
No entanto, quer na sua ativida-
de profissional, quer na avaliação
de seu sofrimento psicológico, nem
sempre a categoria trabalho é consi-
derada na compreensão deste sofri-
mento, haja vista a tradição de des-
consideração da categoria trabalho
na etiologia do sofrimento psíquico.
São muitas as explicações para tan-
to, desde a hegemonia de concep-
ções teóricas que privilegiam carac-
terísticas individuais (como genética
e/ou relações da primeira infância),
perspectivas reducionistas na com-
preensão do processo saúde/doen-
ça mental, fragmentação do campo
psicológico (em que, por exemplo, o
campo da Saúde Mental não dialo-
ga com o campo da Saúde do Traba-
lhador), entre outros.
Para compreender os desafios
e questões relacionadas ao mundo
do trabalho dos (as) psicólogos(as),
é necessário compreender a trama
complexa que se traduz na trajetória
decadatrabalhador(a),oqueexplica
porque nem todos expostos a situa-
ções semelhantes adoecem ou ma-
nifestam o mesmo grau de desgaste.
Esse é o desafio a todos nós psicólo-
gos (as) enquanto trabalhadores(as).
Maria da Graça Corrêa Jacques
é conselheira Secretária do XVI Plenário
do CFP, professora e pesquisadora
na área da Psicologia do Trabalho, em
especial no tema da Saúde do Trabalhador
Por Maria da Graça Corrêa Jacques
Foto:RenaudCamus/Flickr
9
Conselho Federal de Psicologia Jornal do Federal - agosto 2015
CFP lança portal interativo
da Psicologia brasileira
O portal interativo OrientaPsi já pode ser acessado
em sua versão beta por psicólogos (as) cadastrados
(as) no Sistema Conselhos, desde o início de agosto
Aperfeiçoar o diálogo e a comu-
nicação do Conselho Federal de Psi-
cologia (CFP) junto à categoria, bem
como entre os profissionais, e con-
solidar uma plataforma interativa
em um dos principais espaços para
psicólogas e psicólogos debaterem a
Psicologia. Esta é a missão do Orien-
taPsi, portal interativo lançado pelo
CFP no início deste mês de agosto.
Pesquisas, estatísticas, publica-
ções, grupos de discussão, cursos
online e uma rede social própria
para profissionais da Psicologia es-
tão entre as funcionalidades ofere-
cidas pelo OrientaPsi, que já pode
ser acessado em sua versão beta
por psicólogos (as) cadastrados (as)
no Sistema Conselhos.
Entre os cursos já oferecidos es-
tão os de Avaliação Psicológica, que
aborda o universo em torno da ava-
liação e seus instrumentos; Cadastro
de Sites, sobre o sistema de cadas-
tro de sites para serviços de Psicolo-
gia; e Ética Profissional do Psicólogo,
abordando os conhecimentos que
auxiliam os profissionais na tomada
de decisão em sua práxis diária.
Construído a partir da proposta
de estimular a interatividade, tendo
“o diálogo como método”, segundo
a diretoria do Conselho, as próxi-
mas etapas de desenvolvimento do
OrientaPsi serão construídas com
a participação da categoria. Nes-
te momento inicial, por exemplo,
o CFP também disponibilizará aos
profissionais uma rede social exclu-
siva, grupos de debate e um centro
consultivo e de orientação de traba-
lho e estudo, tendo como princípios
a referência técnica, a ética e os Di-
reitos Humanos.
O OrientaPsi faz parte de um
projeto de modernização de todas
as plataformas de comunicação do
CFP, em que também foi incluída a
criação de novos canais de diálo-
go para pautarem o Sistema Con-
selhos, como a RádioPsi. Com uma
programação musical diversificada,
a rádio online transmite diariamen-
te informações sobre o dia a dia da
profissão pelo país por meio de no-
tícias, boletins, dicas e entrevistas
sobre ações, eventos, dicas de lei-
turas e muito mais.
Segundo o conselheiro vice-pre-
sidente do CFP, Rogério Oliveira, o
OrientaPsi é a principal iniciativa de
comunicação do projeto ético-po-
litico da atual gestão, nascendo a
partir de uma constatação da ne-
cessidade de estimular a categoria
ao diálogo sobre os modos de tra-
balho. “A plataforma tem recebi-
do cada vez mais acessos diários.
Como a categoria ainda está to-
mando conhecimento das funcio-
nalidades, a interação segue o seu
curso até ganhar mais familiaridade
entre usuários. Os resultados já têm
sido exitosos”, ressaltou Oliveira.
OrientaPsi
Funcionalidades
Rede social O OrientaPsi contará com
uma rede social para os profissionais da Psico-
logia. O usuário terá um perfil próprio, em que
poderá gerenciar sua participação em grupos de
discussão e mensagens internas, além de visuali-
zar os laços e ações de conhecidos e de pessoas
a quem segue. Em seu perfil, o (a) psicólogo (a)
poderá inserir foto, área de atuação e endereço
de correspondência profissional, bem como inte-
ragir com outros atores da categoria.
Centro consultivo e de orientação
de trabalho A ferramenta contará com uma
área de apoio profissional e de pesquisa aos psi-
cólogos (as) cadastrados (as), disponibilizando do-
cumentos de referência da Psicologia, tais como
resoluções, orientações técnicas, manuais, arti-
gos e vídeos. A proposta é que os arquivos tenham
acesso facilitado, como um guia eletrônico de
bolso, em que os profissionais poderão tirar dúvi-
das online de forma simplificada onde estiverem.
CFP quer saber Por meio desta área, o
CFP pretende aprimorar a escuta aos psicólogos
(as) para pautar a sua atuação política. A autar-
quia buscou as melhores referências tecnológicas
na realização de pesquisas, enquetes e votações,
cuidando, além da qualidade da abrangência das
pesquisas, da certificação e da segurança.
Cursos A promoção de cursos para os
(as) psicólogos (as) é outra grande novidade do
OrientaPsi. Por meio de metodologia e-learning,
o CFP e parceiros oferecerão cursos diversifi-
cados de Psicologia com módulos multimídia.
Nos cursos, os (as) profissionais psicólogos
(as) poderão interagir com outros colegas que
estão cursando o mesmo módulo ou a mesma
aula, por exemplo, e trocar informações.
a psicologia se encontra aqui
10
Conselho Federal de Psicologia Jornal do Federal - agosto 2015
Fala, Psicólog@!
O espaço “Fala, Psicólog@”
desta edição contempla a experi-
ência de uma profissional da re-
gião Centro-Oeste, Patrícia Ma-
rinho Gramacho. Ela contou ao
Jornal do Federal sobre sua atu-
ação em Psico-oncologia Pediá-
trica em Goiânia (GO).
No próximo número, será
apresentada a realidade de tra-
balho de um profissional do Sul
do país. Para participar, envie um
e-mail para jornaldofederal@cfp.
org.br sinalizando seu interesse
ou mande uma mensagem para a
página do CFP no Facebook.
Confira a entrevista.
Patrícia, qual é sua área de atua-
ção na Psicologia?
Atualmente desenvolvo tra-
balho dentro das áreas Clínica,
Hospitalar (Pediatria Oncológi-
ca) e Educacional (Supervisora
de estágio dentro da Área Hospi-
talar tanto da graduação quanto
da especialização). São três áreas
que se complementam e que me
possibilitam manter o dinamismo
e amor pelo que faço.
No atendimento clínico em con-
sultório, me permito descansar
um pouco da demanda exaustiva
do ambiente hospitalar, visto que
atendo clientes com conflitos dife-
renciados, não apenas relaciona-
dos ao enfrentamento de um tra-
tamento oncológico. Obviamente
possuo um setting mais estabele-
cido quando atendo em consultó-
rio, podendo exercitar uma escuta
ativa fundamentada na atenção
flutuante e no bom estudo da psi-
canálise. Ao mesmo tempo, a pro-
ximidade com os fatores orgânicos
vivenciados no ambiente hospita-
lar me ensinaram a ser cada vez
mais assertiva no psicodiagnós-
tico clínico, valorizando cada vez
mais a integração mente–corpo.
Já a realidade do atendimen-
to em Psico-oncologia Pediátrica
envolve a compreensão do que é
uma Pediatria Oncológica e como
desenvolvo esta psicanálise mais
afastada da situação de onde ela
tradicionalmente opera, ou seja,
afastada do divã, porém invadi-
da por um real desorganizador de
des-subjetivação e principalmen-
te corporificado por uma preca-
riedade de recursos simbólicos,
visto que se lida com uma doen-
ça física ainda a ser representa-
da no universo da criança e dos
pais que a acompanham. São
construções de significado feitas
paulatinamente, desde a compre-
ensão do que é o universo hospi-
talar até o entendimento do que
seja um câncer e de que forma
ele pode ser vivido. Sendo assim,
compreende-se que esta psica-
nálise aplicada às instituições é
tão exigente quanto aquela que se
processa no espaço privado dos
consultórios particulares, e exige
do analista a superação da pró-
pria interioridade e da sua supos-
ta especialidade porque só assim
ele poderá vir a estar disponível
para o uso que se fizer dele.
O trabalho de maior enrique-
cimento humano é no Serviço de
Oncologia Pediátrica do Hospital
Araújo Jorge, em Goiânia. Pela
escassez de escritos e pesquisas
dentro da área, busquei a cons-
trução de técnicas de interven-
ção que não destoassem da abor-
dagem escolhida por mim como
referencial teórico, ou seja, a psi-
canálise aplicada.
Sabe-se que a psicanálise apli-
cada caracteriza-se principalmen-
te pelo uso de um setting estendi-
do, no qual nem sempre o psica-
nalista é o único a corporificar a
transferência do paciente. Ela se
faz com a instituição, com outros
funcionários e nos mais diversos
espaços hospitalares. O trabalho é
extenso e contínuo levando muitas
vezes o analista a arranjar-se com
meios-limites na tentativa de res-
significar aquilo que lhe aparece.
Como é sua rotina de trabalho?
A Pediatria do Hospital Araú-
jo Jorge atende uma demanda do
Norte,NordesteeCentro-Oestedo
Brasil, sendo o segundo maior cen-
tro de referência de atendimento
SUS especializado no tratamento
Transformando o sofrimento pela palavra
Patrícia Marinho Gramacho apresenta seu cotidiano no trabalho em Psico-oncologia em Goiânia (GO)
Pela escassez de escritos
e pesquisas dentro da área,
busquei a cons­trução de
técnicas de interven­ção
que não destoassem da
abordagem escolhida por mim
como referencial teórico, ou
seja, a psi­canálise aplicada.”
Fotos:arq.pessoal
11
Conselho Federal de Psicologia Jornal do Federal - agosto 2015
do Câncer infantil. Trata-se de uma
proposta multidisciplinar de tra-
tamento, que chega à quantidade
de 600 a 700 atendimentos-mês.
É conjuntamente com uma
equipe multidisciplinar (médicos,
enfermeiros, musicoterapeutas,
fisioterapeutas, nutricionistas,
voluntariado, etc.) que se desen-
volve um trabalho enquanto psi-
canalista, tendo a proposta de
ampliação desta escuta analíti-
ca ao sofrimento que está ine-
rente ao processo de doença e
hospitalização.
O trabalho diário se divide
em acompanhamento psicológi-
co a crianças e adolescentes e
seus respectivos acompanhan-
tes. Quando internados, desen-
volve-se um trabalho de escuta
ativa, seja no leito ou em grupos
de atividades, em que se possi-
bilita um espaço para expressão
de conteúdos e possível cons-
trução de suas representações
pelo uso de diversos materiais
plásticos (massinha, lápis de
cor, recorte e colagem, conta-
ção e criação de histórias). Po-
de-se, assim, observar a relação
da díade mãe-filho ou de qual-
quer outro acompanhante que
esteja desenvolvendo esta fun-
ção de cuidador. Ao mesmo tem-
po, se possibilita um espaço de
ressignificação da rotina hospi-
A possibilidade de transformar
o sofrimento pela palavra, ressig-
nificando as dificuldades. Sabe-
se que é um trabalho difícil, pois
lidamos com um grupo hetero-
gêneo, rotativo, com crianças e
adolescentes de diferentes ida-
des, diferentes fases do proces-
so de tratamento, de diferentes
regiões do país e até do mundo.
Ao mesmo tempo, é enriquecedor
quando chegamos com um saco
de fantoches e espontaneamente
uma criança passa a falar de sua
“cirurgia no ombro”, ressignifican-
do sua experiência com o grupo
ou simplesmente com um outro e
se posicionando com relação às
intempéries da vida.
Quais as limitações que você en-
contra no seu cotidiano de tra-
balho?
Limitações próprias de um Sis-
tema de Saúde ainda deficitário
que cria situações inimagináveis
para qualquer paciente, fato que
dificulta mais ainda a possibilidade
de representação tanto pelo pa-
ciente quanto pela equipe. Como
fazer pensar uma criança oprimi-
da por tantas limitações sociais e
de saúde? Falta muita coisa. Daí
a importância da manutenção do
estudo frequente e da análise pes-
soal como forma de lidar com as
próprias frustrações.
Sabe-se que a partir do instan-
te em que a criança vai perceben-
do o psicólogo-analista como este
que permite instituir um lugar para
a falta, ela vai requisitando ir para
este lugar que o representa e que
está emoldurado como sala de
psicologia, onde então a angústia
passa a ter representações cada
vez mais personalizadas. Não é um
falar por falar, ou um brincar por
brincar. Ainda que a criança verba-
lize que este é o lugar dela se diver-
tir, um “quero brincar com tu”, mos-
tra-se como uma construção mui-
to mais elaborada e ativa. É uma
maneira de a criança usar de for-
ma singular a montagem institu-
cional, ou seja, ela tem o direito de
usufruir de um espaço diferencia-
do e passa a requisitar o uso dele.
Patrícia nos vários
momentos de auação
no hospital onde trabalha,
em Goiânia
É enriquecedor quando
chegamos com um saco
de fantoches e
espontaneamente uma
criança passa a falar
de sua “cirurgia no
ombro”, ressignifican­
do sua experiência.”
talar, marcada por punções ve-
nosas, cirurgias, sondas, exames
de sangue, uma série de proce-
dimentos que invadem o univer-
so corporal da criança ou ado-
lescente. Paralelamente faz-se
todo um trabalho de mediação e
amparo à família, facilitando sua
comunicação com a equipe e, ao
mesmo tempo, auxiliando a equi-
pe a lidar com este núcleo fami-
liar tão fragilizado pela recepção
de um diagnóstico de câncer e
tudo o que vem associado a ele.
Também se desenvolve sem-
pre que possível um trabalho em
Sala de Espera – aqui designada
com letra maiúscula - pois cada
vez mais me surpreendo com sua
vida própria. Ela respira e trans-
pira todas as preocupações, ale-
grias, tristezas, adequações e ina-
dequações de seus transeuntes.
Para um bom psicólogo, torna-se
o lugar ideal para exercitar a ca-
pacidade de observação e poste-
riormente traçar seu instrumen-
tal de ajuda. Digo ajuda, pois não
estou falando de qualquer Sala de
Espera, mas especificamente da
Sala de Espera de uma pediatria
oncológica normalmente carre-
gada de muitos questionamen-
tos do tipo “Meu cabelo vai cair?”;
“Vou ter que tirar a perna”?; “Só
fica aqui (se referindo ao hospital)
quem tem câncer?”; “Apareceu um
carocinho nela e eu trouxe pra cá,
será que eu deveria ter ido para
o Hospital da Criança?”; “Eu vou
morrer?”; “Se Deus quiser, não vai
ser nada”; “Me falaram que leuce-
mia é muito grave, que não tem
cura”; “Falei pra ele (se referindo
ao filho) que tô chorando por cau-
sa de dinheiro, mas não é não”. Es-
sas são algumas verbalizações de
pacientes e acompanhantes en-
quanto aguardam na Sala de Es-
pera pela primeira consulta e que
parecem ilustrar as dúvidas e te-
mores de estar pela primeira vez
numa pediatria oncológica.
A partir do trabalho conjunto
com diversas estagiárias de Psi-
cologia que passaram pelo Ser-
viço, foi possível desenvolver um
trabalho que com certeza tam-
bém as auxiliou a confiarem mais
na capacidade de observação e
escuta de cada uma e, principal-
mente, a acreditar no quanto a
escuta ativa já funciona por si só
como instrumento terapêutico,
exercitando a capacidade de es-
tabelecimento do comportamen-
to empático, ou seja, a capacida-
de de “estar com”, ensinando-as a
não serem invasivas, a abrirem o
espaço para o outro comparecer
e se dispor a falar.
O que você considera mais posi-
tivo em relação ao seu cotidiano
de trabalho?
12
Conselho Federal de Psicologia Jornal do Federal - agosto 2015
Voto online
Pesquisa sobre voto pela Internet apontou
que 97,15% da categoria prefere o sistema
Entre os que optaram pelo “sim” na consulta pública online
realizada pelo CFP, 4.569 profissionais da Psicologia acreditam
que este modelo “gera maior participação da categoria”
O Conselho Federal de Psicologia
(CFP) tem promovido consultas on-
line no intuito de ampliar a participa-
ção da categoria nas decisões da au-
tarquia e, na última realizada, os pro-
fissionais da Psicologia decidiram
pela manutenção do voto pela Inter-
net para as eleições do Sistema Con-
selhos. A enquete acabou reforçan-
do a decisão tomada pela Assem-
bleiadePolíticas,daAdministraçãoe
das Finanças (Apaf), no fim de maio,
em manter o sistema para o próxi-
mo pleito, que acontece em 2016.
A consulta online aconteceu en-
tre os meses de abril e junho e contou
com a participação de 5.518 psicólo-
gas e psicólogos com cadastros ativos
no CFP. Os resultados apontaram que
97,15%dosvotantesoptaramporman-
teravotaçãopelaInternet.Emumtotal
Você é a favor da
manutenção do
voto pela Internet?
justificativas
sim
97,15%
não
2,85%
Gera comodidade e
maior participação
da categoria
Economia em
material impresso
e profissionais
Outros
4.569
791
1
5.361
votos a
favor
157
votos
contra
Não confiam em
serviços online
Não costumam
utilizar Internet
150
7
de5.518,votaramafavordamanuten-
ção5.361,enquanto157foramcontra.
A decisão de implantar o siste-
ma de eleições com votos online,
sem, no entanto, extinguir a vota-
ção por cédula, foi tomada pelo Sis-
tema Conselhos na Assembleia de
Políticas, da Administração e das Fi-
nanças (APAF) de maio de 2012. Na
época, o desafio colocado apresen-
tado foi: “como fazer uso adequado
da tecnologia para produzir partici-
pação e ampliação da cidadania?”.
Eleição 2013 em números
De acordo com os dados da úl-
tima eleição, 84.643 profissionais
da Psicologia participaram do plei-
to, divididos da seguinte maneira:
18.524 votaram por correspondên-
cia ou nos postos instalados pelo
Brasil e 66.119 deram seu voto, pela
primeira vez, de forma online.
A possibilidade do uso pela In-
ternet culminou em um aumento
de 13,26% no número total de vo-
tantes em relação ao pleito ante-
rior. Em 2010, a participação foi de
74.730 psicólogas e psicólogos com
cadastros ativos no CFP.
Próximas eleições
O próximo processo eleitoral
para o Sistema Conselhos está pre-
visto para o dia 27 de agosto de 2016.
Para votar, o profissional da Psicolo-
gia precisa estar em dia com a anui-
dade do Conselho Regional de Psico-
logia correspondente e os dados ca-
dastrais precisam estar atualizados.
O recadastramento pode ser fei-
to em: http://cadastro.cfp.org.br/cfp/.
Com a atualização dos dados, serão
enviados para o novo endereço do
profissionalacartavoto,paravotação
por cédula, e o código para emissão
de uma senha para o processo eleito-
ral online, se mantida a modalidade.
Apaf 2015
Na última Assembleia de Políti-
cas, da Administração e das Finan-
ças (Apaf) do Sistema Conselhos, re-
alizada no fim de maio deste ano, a
maioria dos conselhos regionais vo-
tou pela proposta de manter o envio
de cédulas para todas as psicólogas
e todos psicólogos com cadastros
ativos. Desta forma, foi rejeitada a
proposição da atual gestão do CFP,
visando gerar economia ao Sistema
Conselhos com produção e envio
dosdocumentos-encaminhando-os
apenas para quem requisitasse par-
ticipar da eleição por este processo.
A íntegra da reunião pode ser
assistida pelo canal do CFP no
Youtube: www.youtube.com/con-
federalpsicologia
13
Conselho Federal de Psicologia Jornal do Federal - agosto 2015
AgendaPsi Toda semana, a RádioP-
SI informa à categoria sobre eventos,
congressos, feiras, cursos, seminários,
entre outras atividades de interesse
d@s profissionais da Psicologia em todo
o país por meio do programa AgendaPsi.
BalaioCulturalAquioouvinteencon-
trará, além de dicas sobre programações
culturais e entretenimento, discussões
sobre o universo cultural. Dicas de turis-
mo nacional, curiosidades das regiões,
comidas típicas e eventos voltados para
a Psicologia também fazem parte desta faixa na RádioPSI. 
Espaço Formação Informações pa-
ra a formação da (o) psicóloga (o),
abordando assuntos que fazem parte
do dia a dia da profissão, bem como as
diferentes áreas de atuação e confli-
tos existentes no exercício profissional.
Confira as inserções diárias às 11h, 15h e 17h.
Viver Bem A coluna “Viver Bem” é para
quem deseja estar de bem com a vida
em casa, no trabalho ou na escola. Dia-
riamente, às 11h20, você ouve na Rá-
dioPSI dicas de saúde e bem estar para
o seu dia a dia.
CFP NEWS Espaço dedicado exclusiva-
mente a notícias do Conselho Federal
de Psicologia. Congressos, resoluções,
divulgação de pesquisas, entrevistas
curtas, entre outras ações do CFP es-
tarão nessa coluna, com inserções a
cada duas horas, entre 8h e 22h.
Dicas de Leitura No espaço, profis-
sionais contam o que estão lendo ou já
leram, sugerindo bibliografias dentro
das diversas áreas de atuação da Psi-
cologia para profissionais e estudantes.
A coluna vai ao ar às 13h e tem duas
inserções inéditas por semana.
RádioPSI: a Psicologia sintonizada
Na rede desde o dia 18 de junho, a RádioPSI é o mais
novo canal de comunicação do CFP com a categoria
Uma psicóloga de São Paulo es-
creve um e-mail para a equipe da
RádioPSI, que está em Brasília. Quer
contar sobre sua felicidade ao saber
queaPsicologiaagoratemumarádio
online como ferramenta de comuni-
caçãocom oConselhoeentreacate-
goria. Fabiana conta, também, que é
deficiente visual e que, com a rádio,
será mais fácil acompanhar o que
acontecenodiaadiadesuaprofissão.
Unindo a técnica de um dos
meios de comunicação mais anti-
gos e, até hoje, um dos mais utili-
zados pela população brasileira, à
velocidade e à praticidade da Inter-
net, desde o dia 18 de junho o CFP
disponibiliza em seu site uma rádio
online com informações relativas à
atividade dos psicólogos e psicólo-
gas em todo o Brasil. Notícias, bo-
letins e entrevistas sobre as ações,
eventos e a participação dos profis-
sionais de diversas áreas de atua-
ção da categoria integram a progra-
mação - que também conta com
uma grade musical variada.
Assim como o e-mail da Fabia-
na, de São Paulo, a RádioPSI já re-
cebeu, nesses quase dois meses em
que está no ar, a colaboração de di-
versos profissionais que estão co-
nectados na programação e enviam
sugestões e dicas, seja pelas redes
sociais ou pelo e-mail de contato da
rádio. Até aqui já foram mais de dez
mil acessos, de todas as regiões do
país, de pessoas entre 18 e 54 anos.
A programação está dividida,
atualmente, em seis programas diá-
rios, e até o final de sua implantação
serão 10 programas - com discus-
sões, conteúdo formativo e posicio-
namentos que pautam e pautarão a
atuação dos profissionais da Psicolo-
gia. Para o CFP, a ideia de investir em
mais conteúdos via web está relacio-
nada à necessidade de expansão de
seus canais com a categoria e com
o conjunto da sociedade, conferindo
mais agilidade e reduzindo custos di-
ários com a impressão de materiais.
E ainda tem mais novidade che-
gando. Em breve, estarão disponíveis
Podcasts (arquivos de áudio digital)
com os conteúdos que vão ao ar nos
programas de informação. Dessa for-
ma, se você perdeu alguma notícia
ouquerouvi-ladenovo,bastaráaces-
saroconteúdoqueserá armazenado
napáginadoCFP.Tambémserãodis-
ponibilizados aplicativos para celula-
res com tecnologias ANDROID e IOS.
A programação vai das 7h à 0h,
todos os dias. Para acessar a Rá-
dioPSI, basta clicar no ícone da rá-
dio localizado na parte superior do
site do CFP, ou pela página do Con-
selho no Facebook. Para continuar
ajudando a construir a programa-
ção, envie suas sugestões para o
e-mail radiopsi@cfp.org.br.
RádioPsi
» Grade de programação
» Confira os programas da RádioPSI
14
Conselho Federal de Psicologia Jornal do Federal - agosto 2015
Entrevista
Valter da Mata, integrante da
Comissão de Direitos Humanos do
CFP,falaaoJornaldoFederalsobre
osimpactosdoracismonavidapsí-
quicadosindivíduoseosdesafiosda
Psicologia para enfrentar o tema.
Para ele, que é mestre em Psi-
cologia Social pela Universidade
Federal da Bahia (UFBA), é preci-
so investir mais na formação de
psicólogos (as) negros (as), além
de assegurar a abordagem do as-
sunto nas grades curriculares.
Confira a íntegra da entrevista.
Quais são as repercussões psí-
quicas específicas resultantes da
violência racial observadas na
clínica de pacientes negros (as)?
Em se tratando de saúde men-
tal, duas dimensões são atacadas
diretamente: a identidade e a auto-
estima. Não possuindo referenciais
identitários valorizados na nos-
sa sociedade (heróis, pessoas bo-
nitas, inteligentes) resta ao grupo
subalterno se identificar com a sua
“inferioridade natural” ou reivindi-
car para si um ideal de ego branco.
Instala-se a baixa autoestima, va-
lorizando-se pouco e acreditando
que é inferior. Como consequên-
cias somáticas temos a depres-
são, o alcoolismo, a ansiedade, a
autodepreciação, síndrome do pâ-
nico. O quadro é complexo e requer
certa experiência para se diagnos-
ticar que essas manifestações po-
dem advir da discriminação racial.
Em sua opinião, os (as) psicólogos
estão preparados (as) para lidar
com as questões raciais nos con-
sultórios, ambulatórios e atendi-
mentos de saúde em geral?
Eu acredito que os (as) psicó-
logos (as) estão, em sua maioria,
completamente despreparados
(as) para lidar com essas ques-
tões. Diversos motivos conspi-
ram para esse lamentável qua-
dro. Destaco o histórico distan-
ciamento da categoria com a po-
pulação de baixa renda. As teorias
utilizadas pela maioria dos profis-
sionais de Psicologia são oriundas
de países europeus ou dos Esta-
dos Unidos, propõem uma univer-
salização do desenvolvimento hu-
mano e excluem completamente o
legado cultural dos povos asiáti-
cos, africanos e indígenas. Assim,
as formas de subjetivação da po-
pulação de baixa renda do Brasil,
que tem forte influência das po-
pulações africanas e indígenas,
podem ser vistas como patoló-
gicas, e as expressividades dos
comportamentos também po-
dem ser vistas como inadequa-
das. É preciso que os (as) psicó-
logos (as) saibam que o racismo
existe em nossa sociedade e afe-
ta de forma decisiva a nossa for-
ma de compreender o mundo. O
racismo existente em nosso país
atinge de forma distinta as pesso-
as a partir da sua cor de pele. As-
sim sendo, é fundamental para o
profissional entender como o ra-
cismo atravessa a sua compreen-
são de mundo, assim como o ra-
cismo atravessa a subjetividade
da pessoa atendida. O que vemos
na maioria dos casos é uma com-
pleta ignorância em reconhecer o
racismo enquanto vetor de pro-
moção de sofrimento e, por con-
seguinte, a expulsão do tema ra-
cismo das consultas psicológicas.
A temática das relações raciais
está presente na formação do (a)
psicólogo (a)?
Além de psicólogo sou profes-
sor de Psicologia e posso afirmar
que, em raros casos, essa temáti-
ca é abordada nas grades curricu-
lares. Apesar de existirem as Leis
10.639/2003 e 11.645/2008, que
garantem a discussão das rela-
ções raciais em todos os níveis de
educação, o que vejo é a completa
ausência do tema nas instituições
O racismo é, sim, promotor
de sofrimento psíquico
Confira a entrevista com Valter da Mata, integrante
da Comissão de Direitos Humanos do CFP
Pintura retratando o Massacre de Sharpeville, em 1960, quando a polícia sul-africana matou 69 pessoas
Foto:GodfreyRubens(painterandphotographer)
15
Conselho Federal de Psicologia Jornal do Federal - agosto 2015
de ensino superior - somando-se
ao quadro a resistência dos alunos
em discutir essas questões. As te-
orias que estudamos não trazem,
na sua matriz, o reconhecimento
da discriminação racial enquan-
to vetor, sendo então necessária
uma releitura das mesmas para
que o fenômeno venha a ser anali-
sado de maneira adequada.
Como a temática das relações ra-
ciaisestásendotratadanopanora-
ma de grupos de estudos e pesqui-
sas das universidades brasileiras? 
Somente a partir do século
XXI vemos maior preocupação da
Psicologia brasileira com o tema
das relações raciais. O livro “Psi-
cologia Social do Racismo”, orga-
nizado por Cida Bento e Iray Ca-
rone, é quase um marco divisor
nessa questão. Há um maior in-
teresse no tema da Psicologia e
Relações Raciais, os programas
de pós-graduação de Psicolo-
gia da UFBA e da USP têm regu-
larmente oferecido estudos que
discorrem sobre essa problemá-
tica. Entretanto, na graduação, a
resistência por parte dos profes-
sores é muito grande. É comum a
pergunta, “como é que vou tratar
esse assunto em minha discipli-
na?”, eu geralmente respondo que
o racismo atravessa todas as di-
mensões da nossa existência, ele
se materializa desde as relações
afetivas, que norteiam nossas
preferencias; até a noção pes-
soal e institucional de “boa apa-
rência”, portanto é algo que não
é distante da nossa realidade. O
racismo nos atravessa em menor
ou maior grau, temos que refletir
o quanto ele nos afeta.
Qual o papel do Sistema Conse-
lhosnabatalhapelaigualdadera-
cial e também na conscientização
da categoria para o atendimen-
to adequado a essa população?
O Sistema Conselhos de Psi-
cologia tem uma função impor-
tantíssima nessa questão. Primei-
ramente porque nosso Código de
Ética é fundamentado na Declara-
ção Universal dos Direitos Huma-
nos e o racismo é uma das formas
mais odiosas de violação de direi-
tos. Lembro que a Comissão de Di-
reitos Humanos do Conselho Fe-
deral de Psicologia (CFP) foi criada
em 7 de agosto de 1997, e as Co-
missões de Direitos Humanos dos
Conselhos Regionais (CRPs) a par-
tir de 1998. Dentro dos objetivos e
atribuições dessas comissões, es-
tão incentivar a reflexão e o deba-
te sobre os direitos humanos ine-
rentes à formação, à prática pro-
fissional e à pesquisa em Psicolo-
gia, e estudar os múltiplos proces-
sos de exclusão enquanto fonte de
produção de sofrimento mental.
A atual gestão do CFP elegeu o
combate ao racismo enquanto um
dos eixos temáticos a serem tra-
balhados. Com a denominação de
“Enfrentamento das violências as-
sociados ao racismo e a precon-
ceitos étnicos”, esse eixo vem sen-
do trabalhado com grande afinco.
Fale um pouco sobre a inserção do
(a)psicólogo(a)negro(a)nomerca-
do.Esses(as)profissionaistambém
são atingidos pelo preconceito?
Falarei um pouco da minha ex-
periência pessoal enquanto psicó-
logo e homem negro. Foi muito co-
mum ouvir a frase “Você não tem
cara de psicólogo”, e eu sempre
retrucava com a questão: “Qual é
a cara do psicólogo?”. As respos-
tas eram invariavelmente vazias.
Esse tipo de pergunta vai à dire-
ção de que um (a) negro (a) não é
o protótipo idealizado de um pro-
fissional de Psicologia. Ainda na
pós-graduação, tive de ouvir de
um (a) professor (a): “Não espera-
va nada de você”. Imagine você
ouvir isso enquanto faz um mes-
trado. O que quero dizer com esse
rápido depoimento é que, indepen-
dentemente do seu diploma, você
é negro e será discriminado. A so-
ciedade é racista e essas práticas
estão no nosso cotidiano. Práti-
cas racistas podem vir de onde
menos se espera, de outro negro,
por exemplo - porque assim ele
foi socializado e o racismo ainda
ecoa fortemente em nosso imagi-
nário. Para mim, os desafios maio-
res são formar mais psicólogos
(as) negros (as), o que começaria
a desmontar o protótipo e incenti-
var a denúncia e o combate coti-
diano contra as práticas racistas.
A educação é transformadora.
Qual é a importância da Política
NacionaldeSaúdeIntegraldaPo-
pulação Negra? Ela foi efetivada?
A Política Nacional de Saúde
Integral da População Negra, em
tese, deve garantir o atendimento
psicológico a esta população. En-
tretanto, o que vemos é uma situ-
ação lastimável. É evidente o des-
caso dos gestores para efetivar
qualificadamente essa política. E
no quadro operacional, a resis-
tência é gigantesca. O discurso de
que não existe o racismo no Bra-
Para mim, os desafios
maiores são formar mais
psicólogos (as) negros
(as), o que começaria a
desmontar o protótipo e
incentivar a denúncia e o
combate cotidiano contra
as práticas racistas.”
Psicologia Social
do racismo, Maria
Aparecida Silva
Bento e Iray Carone.
Editora Vozes
Pele negra, máscaras
brancas, Frantz Fanon.
Editora EDUFBA
Afro-descendente:
identidade em
construção, Ricardo
Franklin Ferreira.
Editora Pallas
Tornar-se Negro,
Neusa Santos Souza.
Editora Graal
Ninguém atravessa o
arco-íris: um estudo
sobre negros, José
Tiago Reis Filho. Editora
Selo Universidade
Um defeito de cor,
Ana Maria Gonçalves.
Editora Recor
O Sortilégio da Cor,
Elisa Larkin Nascimento.
Editora Selo Negro
Valter da Mata
sil, aliado à crença da democra-
cia racial, tem se constituído em
obstáculos quase intransponíveis.
Participo de algumas capacita-
ções para funcionários dos sis-
temas de saúde e da assistência
e nunca vi nada diferente da sen-
sibilização. Grande parte acredita
também que, como a política de
saúde é universalista, não have-
ria necessidade de se criar uma
especial para a população negra.
Grosso modo, a Política Nacional
de Saúde Integral da População
Negra vem sendo sistematica-
mente sabotada pelos gestores e
profissionais da saúde. Os orça-
mentos destinados a essa política
são pífios, e o quadro de pessoas
para implementação, idem.
DICAS DE LEITURA
Foto:arq.pessoal
16
Conselho Federal de Psicologia Jornal do Federal - agosto 2015
Despatologização trans, por um mundo não binário
Conselho faz campanha pela despatologização do atendimento a transexuais
e travestis. A ação conta com site especial, vídeos e debates online
Superar as visões, discursos e
práticas patologizadoras das identi-
dades transexuais e travestis e ques-
tionar a visão binária de gênero e se-
xualidade são os objetivos do Conse-
lho Federal de Psicologia (CFP) com
a campanha “Despatologização das
Identidades Trans e Travestis”. Idea-
lizada pelo eixo “Direitos e enfrenta-
mento às violências de gênero e se-
xuais” de sua Comissão de Direitos
Humanos (CDH), a ação apresenta
o debate à luz dos Direitos Humanos
e aborda o panorama dos embates
políticos em torno da luta no Brasil
e no mundo, com a participação de
profissionais da Psicologia, pesqui-
sadores e pesquisadoras, ativistas,
pessoas transexuais e travestis.
Com a campanha, o Conselho
Direitos Humanos
abre um espaço de debate demo-
crático e de visibilidade para o tema
e publicização de conceitos utili-
zados há décadas pela população,
movimentos sociais e a academia
sobre a despatologização das identi-
dades e, ainda, coloca em discussão
o papel e a atuação da Psicologia no
campo – desde a formação até os
atendimentos nos sistemas de saú-
de, ambulatórios e consultórios.
Para o CFP, o binarismo de gê-
nero predominante nas relações da
sociedade (masculino e feminino)
produz consequências graves de
violação dos direitos humanos. “As
pessoas que se arriscam na aven-
tura de polemizar as normas hege-
mônicas, culturais e científicas so-
bre os gêneros sofrem violência de
rais, políticas e subjetivas de gênero
e sexualidade, e explorado o papel
da Psicologia em relação ao tema.
“Ainstalaçãodeumdebatesobre
despatologização das experiências
transexuais e travestis se faz urgen-
te desde que as ciências têm produ-
zido um conjunto de mecanismos e
práticas classificatórias e discrimi-
natórias sobre esses corpos e suas
sociabilidades”, diz o psicólogo.
Para o Conselho, “a transexualida-
de e a travestilidade não constituem
condição psicopatológica, ainda
que não reproduzam a concepção
normativa de que deve haver uma
coerência entre sexo biológico/gê-
nero/desejo sexual”, como expressa
a Nota Técnica da autarquia divulga-
da em setembro de 2013. Dessa ma-
todas as formas”, explica Marco Pra-
do, doutor em Psicologia Social (PU-
C-SP) e membro da CDH/CFP. Dessa
maneira, a campanha, por meio de
ações de comunicação e debates,
tem dado visibilidade às diversas vo-
zes acerca das experiências cultu-
Positivamente, o CFP vem
dando mais atenção às
necessidades das questões
trans de forma que faça
mais parte do contexto
do que tem sido estudado,
praticado e demandado”
Trechos do vídeo “A despatologização das transexualidades e travestilidades pelo olhar da Psicologia”
17
Conselho Federal de Psicologia Jornal do Federal - agosto 2015
neira, o atendimento psicológico às
pessoas transexuais e travestis não
pode se orientar por modelos pato-
logizadores ou corretivos.
Mesmo com todo o esforço, o
CFP entende que a categoria ain-
da deve aprimorar a reflexão sobre
o atendimento psicológico a esta
população. Dessa maneira, com a
campanha, pretende ampliar o de-
bate acerca da Portaria nº 2.803, de
19 de novembro de 2013 - que de-
fine o processo transexualizador e
possibilita o atendimento de tran-
sexualização pelo Sistema Único de
Saúde - e da Resolução CFP 09/2013,
que, ainda que considerada como
referência nacional, não se posicio-
na acerca da compulsoriedade do
atendimento de psicoterapia.
É o que também afirma o ativis-
ta Leonardo Tenório, em debate rea-
lizado pela campanha no último no-
vembro: “Positivamente, o CFP vem
dando mais atenção às necessidades
das questões trans de forma que faça
mais parte do contexto do que tem
sido estudado, praticado e demanda-
do pela população e pelo movimento
social. Só que não se coloca um po-
sicionamento a respeito da compul-
soriedade da psicoterapia, e vejo isso
como algo problemático. O vínculo
da pessoa que está sendo atendida
com o profissional deve ser volun-
tário e não compulsório. São regras
como estas que acabam se impon-
do a nós”, aponta. De acordo com o
representante do CFP, a nota técni-
ca necessita de revisão e avanço em
alguns pontos, resguardando a sua
adesão fundamental à luta pela des-
patologização trans. “Ela é resultado
de um consenso temporário e essa
revisão deve tocar nos pontos da
compulsoriedade e refletir sobre as
consequências dos ideais normati-
vos sobre os gêneros que, a cada dia,
se impõem pelos discursos psicoló-
gicos e psicodiagnósticos”, explica
Marco Prado. Para ele, deve-se, ain-
da, reavaliar a questão dos diagnósti-
cos e a produção de laudos “pensan-
do a avaliação psicológica de outro
lugar, para que não seja diagnóstica,
jurídica e prescritiva sobre a vida e
a experiências das pessoas”. Prado
destaca, ainda, que existem traba-
lhos alternativos realizados por psicó-
logos (as) que não passam necessa-
riamente pela construção de laudos.
De acordo com Lúcio Flávio
Gonzaga, representante do Con-
selho Federal de Medicina (CFM),
a autarquia realizará, ainda em
2015, a revisão da Resolução nº
1.955/2010, que dispõe sobre a ci-
rurgia para transexuais. “Compro-
meto-me para que todos possam
contribuir para a revisão da resolu-
ção e trabalhar para que os atores
interessados estejam lá discutindo.
Considero que se trata de uma situ-
ação e não de uma patologia”, afir-
mou, durante debate realizado pelo
CFP em dezembro do ano passado.
Já foram realizados dois debates
pela campanha: “Despatologização
das Identidades Trans e Travestis”,
e “Psicologias e os enfrentamentos
aos preconceitos: 17 de maio – Dia
Internacional de Luta Contra a Ho-
mofobia”, que abordou as formas
de sofrimento relacionado à orien-
tação sexual e identidade de gêne-
ro e contou com representantes de
entidades gays, lésbicas, transexuais,
travestis e bisexuais. A campanha
lançou também o vídeo “A despato-
logização das transexualidades e tra-
vestilidades pelo olhar da Psicologia
– Parte I”, que reúne psicólogos (as),
professores (as) e universitários (as)
em reflexão sobre o papel da Psicolo-
gia em relação às questões de iden-
tidade de gênero e de sexualidade. A
produção de vídeo faz parte de um
projeto que envolverá mais duas pe-
çasaudiovisuais–comapresençade
ativistas nacionais e internacionais
do movimento transexual e travestis,
além de representantes do Estado.
Todas as notícias e informações
relacionadas à campanha podem
ser acessadas no site “Despatologiza-
çãodasIdentidadesTranseTravestis”
(http://despatologizacao.cfp.org.br/),
lançado em maio. Além das informa-
çõessobreaaçãodoCFP,ositefoicria-
do para reunir vídeos, links para legis-
laçãorelacionada(nacionaleinterna-
cional), indicações de blogs/sites de
trans que contam suas experiências
de vida e transformações, endereços
deentidades,associações,empresas,
fundações amigas da questão da des-
patologização das identidades trans
e exemplos de atuação alternativa
de psicólogos e psicólogas nos am-
bulatórios e equipes do SUS. A pági-
na estará em constante construção
e sugestões são muito bem-vindas.
A transexualidade e
a travestilidade são
maneiras como as
pessoas se sentem,
se entendem e se
apresentam para si
e para os demais,
como masculino
e/ou feminino ou
ainda de forma não
binária, independente
dos genitais ou da
orientação sexual.
A construção social
das identidades de
gênero sempre se dá
pelas relações sociais,
pelas identificações
processuais e através
da várias tecnologias
e biotecnologias da
cultura e do tempo
histórico. Algumas
experiências de
travestilidades utilizam
das tecnologias
e biotecnologias
para modificações
corporais, ou apenas
vestimentas, adereços
e aquisições hormonais,
por exemplo. As
tecnologias biomédicas
para as transições são
oferecidas pelo SUS.
Página da campanha do CFP na Internet
18
Conselho Federal de Psicologia Jornal do Federal - agosto 2015
A prática antes da regulamentação
Dos anos 1940 à Lei 4.119/62 (parte 2)
segundo, na Pontifícia Universidade
Católica do Rio Grande do Sul (PU-
C-RS). Outros dois cursos foram cria-
dos em instituições católicas antes
da regulamentação da profissão: em
1959, na Pontifícia Universidade Ca-
tólica de Minas Gerais (PUCMinas) e,
em 1961, na Universidade Católica de
Pernambuco (Unicap). Já em 1957
surgiu, na Universidade de São Paulo
(USP), o primeiro curso em universi-
dade pública e laica. No ano seguin-
te, em Curitiba-PR, foi realizado o I
Congresso Brasileiro de Psicologia.
Pouco tempo antes, em 1953, a
Associação Brasileira de Psicotéc-
nica já entregava ao Ministério da
Educação um memorial acompa-
nhado de um esboço para um an-
teprojeto de lei relativo à formação
de psicologistas e à regulamenta-
ção da profissão. E, neste mesmo
ano, o Poder Executivo encaminha-
va ao Congresso Nacional a Mensa-
gem nº 47, tratando do anteprojeto
de formação de Psicologia e da re-
gulamentação respectiva.
Com o projeto ainda em trami-
tação três anos depois, as comis-
sões da Associação Brasileira de
Psicologia Aplicada, da Sociedade
de Psicologia de São Paulo e da As-
sociação Brasileira de Psicólogos
reúnem-se para examinar um novo
projeto sobre formação de psicólo-
gos, substituindo a proposição que
estava na Câmara dos Deputados.
Após muitas discussões entre as-
sociações, entidades da psicologia,
governo federal e parlamentares, em
1962, no dia 27 de agosto, é sancio-
nada pelo presidente João Goulart a
Lei 4.119, que “dispõe sobre os cursos
de formação em Psicologia e regula-
menta a profissão de psicólogo”. A lei
foi publicada no dia 5 de setembro.
Apesar da publicação da referi-
da lei, a profissão ainda enfrentaria
muitos percalços, como vem en-
frentando até hoje. No próximo ca-
pítulo, abordaremos os processos e
discussões para regulamentação da
referida norma, bem como as arti-
culações para a publicação da Lei
Federal que criaria, em 20 de de-
zembro de 1971, o Conselho Federal
de Psicologia (CFP) e os Conselhos
Regionais de Psicologia (CRPs).
Convite dos
formandos da PUC
Rio, colocando Elisa
Velloso, primeira
diretora do COJ,
como homenageada
pelos alunos
Helena Antipoff , fundadora do COJ
Memórias da Psicologia
Durval Marcondes, fundador do COI
sociações e os primeiros periódicos
da categoria. A Sociedade de Psico-
logia de São Paulo (atualmente As-
sociação de Psicologia de São Pau-
lo) foi fundada em 1945 e seu perió-
dico, o Boletim de Psicologia, surge
em setembro de 1949. Já a Associa-
ção Brasileira de Psicotécnica (hoje
Associação Brasileira de Psicologia
Aplicada) é criada por técnicos e fre-
quentadores das atividades do ISOP
em setembro de 1949, quando lan-
çam o primeiro número da revista
Arquivos Brasileiros de Psicotécnica,
alterado para Arquivos Brasileiros de
Psicologia Aplicada e, atualmente,
Arquivos Brasileiros de Psicologia.
Institucionalizaçãoecaminhos
para a regulamentação
O primeiro curso de Psicologia
foi criado na Pontifícia Universidade
Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ),
em 1953, e, no ano seguinte, surgiu o
Nesta segunda parte do capítulo
sobre a prática da Psicologia antes
da regulamentação, abordaremos o
histórico da orientação psicopeda-
gógica, do surgimento de associa-
ções e dos cursos universitários até
a sanção da Lei 4.119/62, que regu-
lamentou a profissão de psicólogo.
A orientação psicopedagógi-
ca nas escolas, principalmente nas
experimentais, inicia-se a partir de
psicodiagnósticos infanto-juvenis,
orientações de pais e também vital,
por meio de clínicas. Destacam-se
neste período a Clínica de Orienta-
ção Infantil, criada por Durval Mar-
condes, em São Paulo, e a Clínica de
Orientação Juvenil, criada por Hele-
na Antipoff, no Rio de Janeiro. Tam-
bém há registro da avaliação psico-
lógica de menores abandonados ou
considerados “perigosos”, conforme
a terminologia da época, internados
no Serviço de Assistência ao Menor,
o SAM, antecessor da Fundação de
Assistência ao Menor (Funabem).
Em todos esses campos, os testes
psicológicos destacavam-se como a
ferramenta privilegiada para a atua-
ção do novo profissional.
No entanto, ainda neste perío-
do da década 1940, se por um lado
a Psicologia ainda estava se consti-
tuindo enquanto disciplina científi-
ca e prática profissional autônoma,
por outro, surgiam as primeiras as-
19
Conselho Federal de Psicologia Jornal do Federal - agosto 2015
Orientação e ética
Processos éticos
PROCESSO ÉTICO-PROFISSIONAL
CFP Nº 1966/2014 - ORIGEM:
CRP-06 (031/2011):
EMENTA – Irregularidade em avaliação
psicológica para obtenção de CNH.
DECISÃO CRP: Censura pública
DECISÃO CFP: Censura pública
DATA DO JULGAMENTO: 27/03/2015
PRESIDENTE DA SESSÃO:
Mariza Monteiro Borges
RELATOR: Madge Porto Cruz
PROCESSO ÉTICO-PROFISSIONAL
CFP Nº 2064/2014 - ORIGEM:
CRP-16 (001/2006):
EMENTA – Irregularidade
em avaliação psicológica
em concurso público.
DECISÃO CRP: Advertência
e multa (5 anuidades)
DECISÃO CFP: Advertência
e multa (5 anuidades)
DATA DO JULGAMENTO: 27/03/2015
PRESIDENTE DA SESSÃO:
Mariza Monteiro Borges
RELATOR: Meire Viana
PROCESSO ÉTICO-PROFISSIONAL
CFP Nº 2196/2014 - ORIGEM
CRP-08 (018/2013):
EMENTA – Laudo mal elaborado.
DECISÃO CRP: Arquivamento
DECISÃO CFP: Instauração
de Processo Ético Disciplinar
DATADOJULGAMENTO: 27/03/2015
PRESIDENTE DA SESSÃO:
Mariza Monteiro Borges
RELATOR: Maria da Graça Jacques
PROCESSO ÉTICO-PROFISSIONAL
CFP Nº 2184/2014 - ORIGEM
CRP-03 (003/2013):
EMENTA – Quebra de sigilo
em laudo psicológico
DECISÃO CRP: Advertência
DECISÃO CFP: Advertência
DATA DO JULGAMENTO: 27/03/2015
PRESIDENTE DA SESSÃO:
Mariza Monteiro Borges
RELATOR: Rogério de Oliveira
PROCESSO ÉTICO-PROFISSIONAL
CFP Nº 2211/2014 - ORIGEM
CRP-06 (022/2011):
EMENTA – Laudo mal elaborado
DECISÃO CRP: Advertência;
DECISÃO CFP: Advertência
DATA DO JULGAMENTO: 27/03/2015
PRESIDENTE DA SESSÃO:
Mariza Monteiro Borges
RELATOR: Vera Morselli
PROCESSO ÉTICO-PROFISSIONAL
CFP Nº 1965/2014 - ORIGEM
CRP-05 (021/2011):
EMENTA – O psicólogo teria ofendido
o paciente durante o atendimento.
DECISÃO CRP: Arquivamento
DECISÃO CFP: Arquivamento
DATA DO JULGAMENTO: 27/03/2015
PRESIDENTE DA SESSÃO:
Mariza Monteiro Borges
RELATOR: Vera Morselli
PROCESSO ÉTICO-PROFISSIONAL
CFP Nº 2607/2014 - ORIGEM
CRP-07 (012/2010):
EMENTA – Laudo psicológico sem
fundamentação técnica e científica.
DECISÃO CRP: Advertência
DECISÃO CFP: Advertência
DATA DO JULGAMENTO: 24/04/2015
PRESIDENTE DA SESSÃO:
Mariza Monteiro Borges
RELATOR: Roberto Cruz
PROCESSO ÉTICO-PROFISSIONAL
CFP Nº 2424/2014 - ORIGEM
CRP-06 (039/2011):
EMENTA – A psicóloga, na condição
de diretora de fundação que
atende crianças e adolescentes,
teria sido conivente com maus
tratos e tratamento degradante
aos menores atendidos.
DECISÃO CRP: Cassação
DECISÃO CFP: Arquivamento
DATA DO JULGAMENTO: 24/04/2015
PRESIDENTE DA SESSÃO:
Mariza Monteiro Borges
RELATOR: João Alchieri
PROCESSO ÉTICO-PROFISSIONAL
CFP Nº 2374/2014 - ORIGEM
CRP-07 (012/2013):
EMENTA – Laudo psicológico
parcial e tendencioso.
DECISÃO CRP: Arquivamento
DECISÃO CFP: Instauração de
Processo Ético Disciplinar
DATA DO JULGAMENTO: 24/04/2015
PRESIDENTE DA SESSÃO:
Mariza Monteiro Borges
RELATOR: Meire Viana
PROCESSO ÉTICO-PROFISSIONAL
CFP Nº 2550/2014 - ORIGEM
CRP-04 (014/2009):
EMENTA – Laudo psicológico
parcial, tendencioso e prejudicial.
DECISÃO CRP: Censura Pública
DECISÃO CFP: Censura Pública
DATA DO JULGAMENTO: 24/04/2015
PRESIDENTE DA SESSÃO:
Mariza Monteiro Borges
RELATOR: João Baptista
PROCESSO ÉTICO-PROFISSIONAL
CFP Nº 2245/2014 - ORIGEM
CRP-06 (028/2011):
EMENTA – A psicóloga teria
retido laudo psicológico
da criança atendida.
DECISÃO CRP: Advertência
DECISÃO CFP: Arquivamento
DATA DO JULGAMENTO: 24/04/2015
PRESIDENTE DA SESSÃO:
Mariza Monteiro Borges
RELATOR: João Baptista
PROCESSO ÉTICO-PROFISSIONAL
CFP Nº 126/2015 - ORIGEM
CRP-12 (359/2013):
EMENTA – O psicólogo teria facilitado
exercício ilegal da profissão.
DECISÃO CRP: Advertência
DECISÃO CFP: Arquivamento
DATA DO JULGAMENTO: 24/04/2015
PRESIDENTE DA SESSÃO:
Mariza Monteiro Borges
RELATOR: Vera Morselli
PROCESSO ÉTICO-PROFISSIONAL
CFP Nº 66/2015 - ORIGEM
CRP-06 (57/2012):
EMENTA – Laudo psicológico sem
fundamentação técnica e científica.
DECISÃO CRP: Censura Pública
DECISÃO CFP: Censura Pública
DATA DO JULGAMENTO: 22/05/2015
PRESIDENTE DA SESSÃO:
Mariza Monteiro Borges
RELATOR: Maria da Graça Jacques
PROCESSO ÉTICO-PROFISSIONAL
CFP Nº 64/2015 - ORIGEM
CRP-11 (86/2012):
EMENTA – A psicóloga teria
perturbado a ordem dos trabalhos
na organização em que era
empregada, prejudicando terceiros.
DECISÃO CRP: Advertência
DECISÃO CFP: Advertência
DATA DO JULGAMENTO: 22/05/2015
PRESIDENTE DA SESSÃO:
Mariza Monteiro Borges
RELATOR: Dorotéa de Cristo
PROCESSO ÉTICO-PROFISSIONAL
CFP Nº 173/2015 - ORIGEM
CRP-03 (05/2013):
EMENTA – Laudo psicológico
tendencioso inviabilizando a adoção
de criança pelo casal paciente.
DECISÃO CRP: Advertência
DECISÃO CFP: Advertência
DATA DO JULGAMENTO: 22/05/2015
PRESIDENTE DA SESSÃO:
Mariza Monteiro Borges
RELATOR: Rogério de Oliveira
PROCESSO ÉTICO-PROFISSIONAL
CFP Nº 152/2015 - ORIGEM
CRP-08 (015/2013):
EMENTA – Laudo psicológico parcial.
DECISÃO CRP: Arquivamento
DECISÃO CFP: Arquivamento
DATA DO JULGAMENTO: 22/05/2015
PRESIDENTE DA SESSÃO:
Mariza Monteiro Borges
RELATOR: Maria da Graça Jacques
PROCESSO ÉTICO-PROFISSIONAL
CFP Nº 160/2015 - ORIGEM
CRP-06 (083/2012):
EMENTA – Laudo psicológico inverídico.
DECISÃO CRP: Arquivamento
DECISÃO CFP: Arquivamento
DATA DO JULGAMENTO: 22/05/2015
PRESIDENTE DA SESSÃO:
Mariza Monteiro Borges
RELATOR: Eliandro Rômulo Araújo
PROCESSO ÉTICO-PROFISSIONAL
CFP Nº 1522/2014 - ORIGEM
CRP-08 (028/2011):
EMENTA – A psicóloga teria
afirmado pela internet que atua
como psicóloga cristã e
que, nesta condição, presta
atendimentos psicológicos a
homossexuais que querem assumir
a sua heterossexualidade.
DECISÃO CRP: Cassação
DECISÃO CFP: Censura pública
DATA DO JULGAMENTO: 22/05/2015
PRESIDENTE DA SESSÃO:
Mariza Monteiro Borges
RELATOR: Roberto Cruz
Plataformas digitais e campanhas promovem participação na Psicologia

Mais conteúdo relacionado

Destaque

Definition of Waste. Development Industry Code of Practice
Definition of Waste. Development Industry Code of PracticeDefinition of Waste. Development Industry Code of Practice
Definition of Waste. Development Industry Code of PracticeNicholas Willenbrock
 
Enjoy freedom from yeast infections
Enjoy freedom from yeast infectionsEnjoy freedom from yeast infections
Enjoy freedom from yeast infectionsElree Hatfield
 
Foundry B8GM
Foundry B8GMFoundry B8GM
Foundry B8GMsavomir
 
RF Industries CBLST61L2L30I-35
RF Industries CBLST61L2L30I-35RF Industries CBLST61L2L30I-35
RF Industries CBLST61L2L30I-35savomir
 
台灣農耕隊在象牙海岸的貢獻
台灣農耕隊在象牙海岸的貢獻台灣農耕隊在象牙海岸的貢獻
台灣農耕隊在象牙海岸的貢獻family
 
Ericsson BMG 907 052/3
Ericsson BMG 907 052/3Ericsson BMG 907 052/3
Ericsson BMG 907 052/3savomir
 
mailing, Emailmarketing,marketing email, e mail marketing,email lists,email l...
mailing, Emailmarketing,marketing email, e mail marketing,email lists,email l...mailing, Emailmarketing,marketing email, e mail marketing,email lists,email l...
mailing, Emailmarketing,marketing email, e mail marketing,email lists,email l...dkhsurvey
 
INTRODUCCION Y CONCLUSION DE PSICOLOGIA SOCIAL
INTRODUCCION  Y CONCLUSION DE PSICOLOGIA SOCIALINTRODUCCION  Y CONCLUSION DE PSICOLOGIA SOCIAL
INTRODUCCION Y CONCLUSION DE PSICOLOGIA SOCIALTeniente Fantasma
 
ΙΤ-Advisor Αντίγραφα στο σύννεφο παρουσίαση
ΙΤ-Advisor Αντίγραφα στο σύννεφο παρουσίασηΙΤ-Advisor Αντίγραφα στο σύννεφο παρουσίαση
ΙΤ-Advisor Αντίγραφα στο σύννεφο παρουσίασηEfstratios Misinezis
 
Presentation 3 q13 port 3
Presentation 3 q13 port 3Presentation 3 q13 port 3
Presentation 3 q13 port 3Magnesita_ri
 

Destaque (13)

Definition of Waste. Development Industry Code of Practice
Definition of Waste. Development Industry Code of PracticeDefinition of Waste. Development Industry Code of Practice
Definition of Waste. Development Industry Code of Practice
 
Enjoy freedom from yeast infections
Enjoy freedom from yeast infectionsEnjoy freedom from yeast infections
Enjoy freedom from yeast infections
 
Foundry B8GM
Foundry B8GMFoundry B8GM
Foundry B8GM
 
RF Industries CBLST61L2L30I-35
RF Industries CBLST61L2L30I-35RF Industries CBLST61L2L30I-35
RF Industries CBLST61L2L30I-35
 
Resume (1) - Copy
Resume (1) - CopyResume (1) - Copy
Resume (1) - Copy
 
台灣農耕隊在象牙海岸的貢獻
台灣農耕隊在象牙海岸的貢獻台灣農耕隊在象牙海岸的貢獻
台灣農耕隊在象牙海岸的貢獻
 
Ericsson BMG 907 052/3
Ericsson BMG 907 052/3Ericsson BMG 907 052/3
Ericsson BMG 907 052/3
 
mailing, Emailmarketing,marketing email, e mail marketing,email lists,email l...
mailing, Emailmarketing,marketing email, e mail marketing,email lists,email l...mailing, Emailmarketing,marketing email, e mail marketing,email lists,email l...
mailing, Emailmarketing,marketing email, e mail marketing,email lists,email l...
 
INTRODUCCION Y CONCLUSION DE PSICOLOGIA SOCIAL
INTRODUCCION  Y CONCLUSION DE PSICOLOGIA SOCIALINTRODUCCION  Y CONCLUSION DE PSICOLOGIA SOCIAL
INTRODUCCION Y CONCLUSION DE PSICOLOGIA SOCIAL
 
Apresentação ssp
Apresentação sspApresentação ssp
Apresentação ssp
 
ΙΤ-Advisor Αντίγραφα στο σύννεφο παρουσίαση
ΙΤ-Advisor Αντίγραφα στο σύννεφο παρουσίασηΙΤ-Advisor Αντίγραφα στο σύννεφο παρουσίαση
ΙΤ-Advisor Αντίγραφα στο σύννεφο παρουσίαση
 
Presentation 3 q13 port 3
Presentation 3 q13 port 3Presentation 3 q13 port 3
Presentation 3 q13 port 3
 
New50 cent(lin)
New50 cent(lin)New50 cent(lin)
New50 cent(lin)
 

Semelhante a Plataformas digitais e campanhas promovem participação na Psicologia

Lei atuação do psicólogo no cras
Lei atuação do psicólogo no crasLei atuação do psicólogo no cras
Lei atuação do psicólogo no crasLívia Piccolo
 
Refrencias tec. para atuação do psicologo no cras
Refrencias tec. para atuação do psicologo no crasRefrencias tec. para atuação do psicologo no cras
Refrencias tec. para atuação do psicologo no crasRosane Domingues
 
psicologia suas.pdf
psicologia suas.pdfpsicologia suas.pdf
psicologia suas.pdfAlineManso5
 
Caderno mostra
Caderno mostraCaderno mostra
Caderno mostraascomcfp
 
Publicação mulher final_web
Publicação mulher final_webPublicação mulher final_web
Publicação mulher final_webJéssica Petersen
 
Na sinuca de bico a precarização do trabalho do assistente social na rede d...
Na sinuca de bico   a precarização do trabalho do assistente social na rede d...Na sinuca de bico   a precarização do trabalho do assistente social na rede d...
Na sinuca de bico a precarização do trabalho do assistente social na rede d...Rosane Domingues
 
Novas tendencias da psicologia no brasil
Novas tendencias da psicologia no brasilNovas tendencias da psicologia no brasil
Novas tendencias da psicologia no brasilIgor Rafailov
 
Texto 2 - ACONSELHAMENTO PSICOLOGICO
Texto 2 - ACONSELHAMENTO PSICOLOGICOTexto 2 - ACONSELHAMENTO PSICOLOGICO
Texto 2 - ACONSELHAMENTO PSICOLOGICOPsicologia_2015
 
Aula 40 - Psicologia.pptx
Aula 40 - Psicologia.pptxAula 40 - Psicologia.pptx
Aula 40 - Psicologia.pptxCELIMARACORDACO
 
Revista debates 4
Revista debates 4Revista debates 4
Revista debates 4Flora Couto
 
Políticas Públicas: Contribuições da Análise do Comportamento
Políticas Públicas: Contribuições da Análise do ComportamentoPolíticas Públicas: Contribuições da Análise do Comportamento
Políticas Públicas: Contribuições da Análise do ComportamentoMárcio Borges Moreira
 
Apresentação - Estágio em Políticas Públicas
Apresentação - Estágio em Políticas Públicas Apresentação - Estágio em Políticas Públicas
Apresentação - Estágio em Políticas Públicas Bia Oliveira
 
Psicologia da saúde e psicologia positiva: Perspectivas e Desafios
Psicologia da saúde e psicologia positiva: Perspectivas e DesafiosPsicologia da saúde e psicologia positiva: Perspectivas e Desafios
Psicologia da saúde e psicologia positiva: Perspectivas e Desafiosellen1066
 
Senhoras e senhores gestores da saúde, como a psicologia pode contribuir pata...
Senhoras e senhores gestores da saúde, como a psicologia pode contribuir pata...Senhoras e senhores gestores da saúde, como a psicologia pode contribuir pata...
Senhoras e senhores gestores da saúde, como a psicologia pode contribuir pata...marinaap
 
Comportamentoemfoco9 é a base da vida e do estudo
Comportamentoemfoco9 é a base da vida e do estudoComportamentoemfoco9 é a base da vida e do estudo
Comportamentoemfoco9 é a base da vida e do estudoAdriana Lima
 

Semelhante a Plataformas digitais e campanhas promovem participação na Psicologia (20)

Lei atuação do psicólogo no cras
Lei atuação do psicólogo no crasLei atuação do psicólogo no cras
Lei atuação do psicólogo no cras
 
Cartilha crepop cras_suas
Cartilha crepop cras_suasCartilha crepop cras_suas
Cartilha crepop cras_suas
 
Refrencias tec. para atuação do psicologo no cras
Refrencias tec. para atuação do psicologo no crasRefrencias tec. para atuação do psicologo no cras
Refrencias tec. para atuação do psicologo no cras
 
psicologia suas.pdf
psicologia suas.pdfpsicologia suas.pdf
psicologia suas.pdf
 
Nasf orientações
Nasf orientaçõesNasf orientações
Nasf orientações
 
Caderno mostra
Caderno mostraCaderno mostra
Caderno mostra
 
Publicação mulher final_web
Publicação mulher final_webPublicação mulher final_web
Publicação mulher final_web
 
Na sinuca de bico a precarização do trabalho do assistente social na rede d...
Na sinuca de bico   a precarização do trabalho do assistente social na rede d...Na sinuca de bico   a precarização do trabalho do assistente social na rede d...
Na sinuca de bico a precarização do trabalho do assistente social na rede d...
 
Novas tendencias da psicologia no brasil
Novas tendencias da psicologia no brasilNovas tendencias da psicologia no brasil
Novas tendencias da psicologia no brasil
 
Texto 2 - ACONSELHAMENTO PSICOLOGICO
Texto 2 - ACONSELHAMENTO PSICOLOGICOTexto 2 - ACONSELHAMENTO PSICOLOGICO
Texto 2 - ACONSELHAMENTO PSICOLOGICO
 
Aula 40 - Psicologia.pptx
Aula 40 - Psicologia.pptxAula 40 - Psicologia.pptx
Aula 40 - Psicologia.pptx
 
Relatório final
Relatório finalRelatório final
Relatório final
 
Revista debates 4
Revista debates 4Revista debates 4
Revista debates 4
 
Trabalho conic
Trabalho conicTrabalho conic
Trabalho conic
 
GUIA-PSI-2018-_FINAL.pdf
GUIA-PSI-2018-_FINAL.pdfGUIA-PSI-2018-_FINAL.pdf
GUIA-PSI-2018-_FINAL.pdf
 
Políticas Públicas: Contribuições da Análise do Comportamento
Políticas Públicas: Contribuições da Análise do ComportamentoPolíticas Públicas: Contribuições da Análise do Comportamento
Políticas Públicas: Contribuições da Análise do Comportamento
 
Apresentação - Estágio em Políticas Públicas
Apresentação - Estágio em Políticas Públicas Apresentação - Estágio em Políticas Públicas
Apresentação - Estágio em Políticas Públicas
 
Psicologia da saúde e psicologia positiva: Perspectivas e Desafios
Psicologia da saúde e psicologia positiva: Perspectivas e DesafiosPsicologia da saúde e psicologia positiva: Perspectivas e Desafios
Psicologia da saúde e psicologia positiva: Perspectivas e Desafios
 
Senhoras e senhores gestores da saúde, como a psicologia pode contribuir pata...
Senhoras e senhores gestores da saúde, como a psicologia pode contribuir pata...Senhoras e senhores gestores da saúde, como a psicologia pode contribuir pata...
Senhoras e senhores gestores da saúde, como a psicologia pode contribuir pata...
 
Comportamentoemfoco9 é a base da vida e do estudo
Comportamentoemfoco9 é a base da vida e do estudoComportamentoemfoco9 é a base da vida e do estudo
Comportamentoemfoco9 é a base da vida e do estudo
 

Plataformas digitais e campanhas promovem participação na Psicologia

  • 1. pág. 13 Sintonizado (a) na RadioPSI? pág. 16 Despatologização trans OrientaPsi Plataforma interativa é lançada em comemoração aos 53 anos da Psicologia brasileira pág. 9 pág. 3 Balanço: 20 meses de gestão
  • 2. 2 Conselho Federal de Psicologia Jornal do Federal - agosto 2015 A 111ª edição do Jornal do Fe- deral chega até você com informa- ções e atualizações sobre as princi- pais iniciativas e debates que o CFP promoveu no último trimestre. Desde o início de agosto, mês em que a Psicologia brasileira completa 53 anos, está no ar o OrientaPsi. O portal interativo já pode ser acessa- do em sua versão beta por psicó- logos (as) cadastrados no Sistema Conselhos, e conta com pesquisas, estatísticas, publicações, grupos de discussão, cursos online e uma rede social própria para profissionais da Psicologia. Esta é a principal ação do projeto de gestão do XVI Plenário, e tem como função central estimular o diálogo entre a categoria - contri- buindo para o aperfeiçoamento da atuação do próprio Conselho. A RádioPSI, rádio online da Psi- cologia, está no ar desde junho e leva aos profissionais de todo o país notícias, dicas e programas diver- sos que pautam a atuação dos (as) psicólogos (as), além de uma pro- gramação musical variada. Essa edição também conta com um raio-x dos (as) parlamentares psicólogos (as) no Congresso Na- cional e nas Assembleias Legisla- tivas estaduais, com vistas a esti- mular o fortalecimento das pautas Olá, Editorial Conselho Federal de Psicologia Ano XXV, nº 111 - Agosto 2015 SAF SUL, Quadra 2, Lote 2, Bloco B, Ed. Via Office, Térreo, sala 104 CEP: 70.070-600 - Brasília/DF Brasil Fone: (61) 2109-0100 - FAX: (61) 2109-0150 www.cfp.org.br F /conselhofederaldepsicologia T @cfp_psicologia DIRETORIA Mariza Monteiro Borges Presidente Rogério de Oliveira Silva Vice-presidente Maria da Graça Corrêa Jacques Secretária Sergio Luis Braghini Tesoureiro CONSELHEIROS EFETIVOS Dorotéa Albuquerque de Cristo Secretária Região Norte Inara Barbosa Leão Secretária Região Centro-Oeste João Baptista Fortes de Oliveira Secretário Região Sul Meire Nunes Viana Secretária Região Nordeste Lurdes Perez Oberg Secretária Região Sudeste PSICÓLOGOS CONVIDADOS Nádia Maria Dourado Rocha Rosano Freire Carvalho CONSELHEIROS SUPLENTES Eliandro Rômulo Cruz Araújo Jacqueline de Oliveira Moreira Silvana Carneiro Maciel Viviane Moura de Azevedo Ribeiro João Carlos Alchieri Suplente Região Nordeste Madge Porto Cruz Suplente Região Norte Roberto Moraes Cruz Suplente Região Sul Sandra Luzia de Souza Alencar Suplente Região Sudeste Vera Lucia Morcelli Suplente Região Centro-Oeste PSICÓLOGOS CONVIDADOS SUPLENTES Maria Augusta Rondas Speller Jefferson de Souza Bernardes COLETIVO AMPLIADO Ana Maria Jacó-Vilela Memória da Psicologia Bárbara de Souza Conte Psicoterapia Carla Andréa Ribeiro Assistência Social Loiva de Boni Álcool e Drogas Luciana Ferreira Ângelo Psicologia do Esporte e da Atividade Física Marco Aurélio Máximo Prado Direitos Humanos Raquel Guzzo Educação e Assistência Social Rodrigo Torres Oliveira Psicologia Jurídica Silvia Koller Relações com a BVS-PSI Tânia Grigolo Saúde Mental Vera Paiva Direitos Humanos COORDENADOR GERAL José Carlos de Paula coordenação DE COMUNICAÇÃO SOCIAL Maria Goes de Mello JORNALISTA RESPONSÁVEL Maria Goes de Mello (MTB 9088) REPORTAGEM Alexandre Casatti André Martins de Almeida Gisele Barbieri Maria Goes de Mello Raquel de Lima Marques Alves revisão Ana Clara de Medeiros Araújo PROJETO GRÁFICO E DIAGRAMAÇÃO de interesse da Psicologia junto aos (às) legisladores (as). Uma entrevista sobre racismo e Psicologia com Valter da Mata, aca- dêmico e integrante da Comissão de Direitos Humanos do CFP, suscita a reflexão sobre o papel do (a) profis- sional psicólogo (a) e das universida- des brasileiras no que se refere à for- mação e combate ao preconceito. A matéria sobre a despatologiza- ção das identidades trans e travestis apresenta a campanha idealizada pelo eixo “Direitos e enfrentamento às violências de gênero e sexuais” da Comissão de Direitos Humanos do CFP, e aborda o panorama das discussões políticas em torno da luta no Brasil e no mundo, com a partici- pação de profissionais da Psicologia, pesquisadores e pesquisadoras, ati- vistas,pessoastransexuaisetravestis. Na sessão “Fala, Psicólog@”, a ex- periência de Patrícia Marinho Grama- cho na área de Psico-oncologia na ci- dadedeGoiânia(GO)éinspiradora.Já asegundapartedocapítulosobreaprá- ticadaPsicologiaantesdaregulamen- tação, da coluna “Memórias da Psico- logia”, aborda o histórico da orienta- ção psicopedagógica, do surgimento de associações e dos cursos univer- sitários até a sanção da Lei 4.119/62. Boa leitura! Edição Psicologia no Brasil Agosto - mês da
  • 3. 3 Conselho Federal de Psicologia Jornal do Federal - agosto 2015 Balanço 20 meses de gestão: avanços e desafios do XVI Plenário “Avançamos bastante na direção de ampliar a democracia interna do Sistema Conselho”, avalia Sergio Braghini, conselheiro-tesoureiro do CFP Em agosto, a gestão do XVI Plená- riodoConselhoFederaldePsicologia (CFP) chegou ao seu 20º mês. De de- zembro de 2013 até aqui, já é possível fazer um balanço de sua atuação em diversas áreas relacionadas às de- finições do Congresso Nacional de Psicologia (CNP) e do Planejamento Estratégico Plurianual do Conselho. No Congresso Nacional, a Asses- soria Parlamentar do Conselho vem acompanhando diversos projetos de lei de interesse da Psicologia. Entre os prioritários, estão o PL 3338/2008 (que dispõe sobre a jornada de tra- balho de 30 horas semanais para os psicólogos), o PL 5440/2009 (que tra- ta do piso salarial dos profissionais de Psicologia) e o PL 7500/2006, rela- tivo à obrigatoriedade da assistência psicológica a educadores e educan- dos da educação básica. Além de articulações específicas em torno dos temas de interesse di- reto da categoria, representantes da atual gestão promoveram visitas a gabinetes e participaram de audiên- cias públicas em defesa da agenda de promoção dos direitos humanos. Nesse âmbito, destacam-se reuni- ões com parlamentares para a dis- cussão do tema da maioridade pe- nal, e a participação em audiências sobre assuntos como publicidade infantil e a resolução 01/99 ­— que proíbe psicólogos (as) de exerce- rem qualquer atividade que favo- reça a patologização de comporta- mentos ou práticas homoeróticas e adotarem ação coercitiva tendente a orientar homossexuais para trata- mentos não solicitados. Participação social A participação social da catego- ria nas decisões do Conselho e nas discussões dos rumos da Psicolo- gia é estimulada com a criação de ferramentas como o OrientaPsi, o portal interativo da Psicologia, a Rá- dioPSI e o Espaço Fala, Psicólog@!, em que profissionais de todo o país apresentam, no site e no Jornal do Federal, sua rotina de trabalho. Ainda nesse sentido, o CFP tem promovido debates online com ampla participação da categoria sobre assuntos diversos, que vão desde a atuação de profissionais em áreas específicas, como a as- sistência social, até grandes temas da sociedade, como o genocídio da juventude negra no Brasil. Novos sites temáticos, como o da Comissão Nacional de Psicolo- gia na Assistência Social (Conpas), o da Psicologia na Educação e o da Despatologização Trans, e de gran- des eventos, a exemplo do Conpsi e do Congresso Brasileiro de Psico- logia, também estão no ar, além da campanha que estimula a partici- pação da categoria nas conferên- cias municipais de saúde, a do Dia Internacional da Mulher, do Dia de Combate ao Racismo e Dia de Luta antimanicomial, entre outras. Campanhas e editais O Prêmio Inclusão Social, pro- movido pelo Conselho Federal de Psicologia (CFP) em parceria com o Laboratório de Estudos em Saú- de Mental e Atenção Psicossocial (LAPS) da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), irá contemplar experiên- cias de inclusão social de usuários e familiares em projetos econômi- co-sociais, Organizações Não Go- vernamentais (ONGs) e em equi- pes interdisciplinares de serviços da Rede de Atenção Psicossocial de Saúde Mental, Álcool e Outras Dro- gas em diversas categorias como arte, cultura, trabalho e economia solidária. O CFP também lançou, em agosto, o segundo edital de apoio financeiro a interessados em realizar eventos técnicos e/ou cien- tíficos em 2016. Objetivo da inicia- tiva é que as ações estejam envol- vidas na divulgação de atividades técnico-profissionais favorecendo o intercâmbio e a valorização entre os profissionais da Psicologia, evi- denciando à sociedade a relevân- cia dessa ciência e das atividades técnico-profissionais da categoria. Administrativo A condução administrativa do XVI Plenário tem registrado eficácia na gestão financeira do CFP. Já nos primeiros meses de 2014, quando teve início a gestão, foram promovi- dos cortes de desperdícios, revisão e renegociação de contratos e a ra- cionalização do quadro de funcio- nários, além da contratação, em ca- ráter inédito, de uma auditoria inter- na para avaliar e aprimorar os pro- cessos de gerenciamento de riscos, controle e governança. “Apontamos na direção do saneamento das fi- nanças com vistas a equilibrar o pa- trimônio, em respeito à categoria que se esforça para pagar sua anui- dade em dia. Só com a economia em contratos e mudanças no modo de contratação, a soma dá mais de R$ 1 milhão”, ressalta o conselheiro- tesoureiro do CFP, Sergio Braghini. “Olhando no retrovisor, é possí- vel perceber que avançamos bas- tante na direção de ampliar a de- mocracia interna do Sistema Con- selhos, contemplando a plurali- dade de pensamentos sobre a ci- ência psicológica, sem deixar de lado nosso compromisso com os direitos humanos e questões políti- cas importantes para uma socieda- de mais justa. Mas queremos fazer esse balanço junto à categoria, ou- vindo a maioria dos atores da Psi- cologia brasileira, e por isso amplia- mos os nossos canais de comuni- cação”, avalia Braghini. Fotos:Ascom/CFP Além de articulações em torno de temas de interesse direto da categoria, participação em audiências públicas em defesa da agenda de promoção dos direitos humanos
  • 4. 4 Conselho Federal de Psicologia Jornal do Federal - agosto 2015 Comissões do CFP A Psicologia e sua atuação fundamental nas emergências e desastres Com a frequência de situações de emergências e desastres registradas em nossa sociedade, a categoria investe, cada vez mais, em capacitação para uma ação qualificada nessa área A realização do Seminário Na- cional de Psicologia das Emergên- cias e dos Desastres, em 2006, foi um grande passo para reafirmar a importância da atuação dos psi- cólogos (as) na área de emergên- cias e desastres. A partir daque- le momento, a categoria se mobi- lizou para investir, cada vez mais, numa discussão com vistas a am- pliar o conhecimento sobre as pos- sibilidades de atuação dos profis- sionais da Psicologia nessa área. São esses os esforços e desafios da Comissão Nacional de Psicolo- gia nas Emergências e Desastres do Conselho Federal de Psicologia (CFP), criada para ampliar as dis- Comissão mapeia municípios onde serão formados grupos técnicos para nortear atuação da categoria cussões sobre o tema. Os desastres são eventos adversos, em grande parte de origem climática, que mui- tas vezes geram situações em que a ação da Psicologia pode ser funda- mental, envolvendo danos pesso- ais, materiais, ambientais e huma- nos. Em sintonia com as normas e resoluções da Psicologia, é impor- tante que, nesse exercício profis- sional, o (a) psicólogo(a) respeite o protagonismo social das pesso- as afetadas, direta ou indiretamen- te, sem promover sua vitimização ou patologização, evidenciando, em primeiro lugar, a garantia de direitos. As situações de desastres e emergências são cada vez mais frequentes em nossa sociedade e, por isso, a necessidade de os pro- fissionais da Psicologia se prepara- rem para a atuação nesses eventos também é crescente. Para a coor- denadora da Comissão Nacional de Psicologia de Emergências e De- sastres do CFP, Eliana Torga, o tra- balho do profissional da Psicologia em emergências e desastres con- siste em dar a assistência necessá- ria para o restabelecimento da saú- de mental das pessoas atendidas, pelo tempo que for necessário. “O rompimento do estado de normalidade, de segurança, em uma situação de emergência e de- sastre, pode levar ao rompimento do tecido social da comunidade, quanto mais frágil e precária de re- cursos for esta comunidade. A di- versidade de reações a eventos de desastre e catástrofes é tão dife- rente como a diversidade humana. Caso precise, cada indivíduo tem o direito de receber a assistência ne- cessária para a manutenção e/ou a recuperação de sua saúde men- tal, pelo tempo que for necessário. Nem todas as pessoas afetadas por emergências e desastres precisam de intervenção do profissional psi- cólogo, mas precisamos garantir que elas saibam que poderão rece- ber essa assistência, e ao tê-la serão bem acolhidas por um profissional com os conhecimentos necessários a esta prática’, aponta a psicóloga. A Comissão do CFP também busca desenvolver e programar um Foto:Ascom/CFP
  • 5. 5 Conselho Federal de Psicologia Jornal do Federal - agosto 2015 e desastres e sensibilização das equipes da defesa civil e resgate sobre o papel do psicólogo. A Comissão Além da coordenação da psicó- loga Eliana Torga, a Comissão do CFP também é coordenada pela psicóloga Ionara Rabelo e conta com representantes convidados das regiões Centro-Oeste, Sul, Su- deste, Norte e Nordeste. Integram a Comissão Conceição Pereira – PE (Nordeste), Debora Da Silva Noal – GO (Centro-oeste), Maria Helena Franco – SP (Sudeste), José Mário Britto – PA (Norte), Roberta Bor- guetti Alves – RS (Sul), além de Luiz Felipe Doles da Gerência de Rela- ções Institucionais do Conselho Fe- deral de Psicologia. Já a comissão ampliada é formada por Ana Ceci- lia Andrade De Moraes Weintraub (SP), Andreia Batista (MG), Fatima Cristina Monteiro dos Santos (RJ), Leticia Nolasco (SP), Lucelia Eliza- beth Paiva (SP), Pitagoras Jose Bin- dé (RN), Samira Younes (RJ) e Ân- gela Coelho (PB). projeto político que atenda às ne- cessidades da categoria em vários aspectos, como o da legitimação, do reconhecimento, das condições de trabalho e da formação, além da inserção nas políticas públicas na área de emergências e desas- tres. A Comissão busca contemplar toda essa diversidade do trabalho, em estados e municípios brasilei- ros, conduzindo a Política Nacional de Emergências e Desastres no âm- bito do Conselho Federal de Psico- logia, procurando estar em sintonia com as políticas públicas da defesa civil, saúde, assistência social e edu- cação. A Política Nacional, Estadu- al e Municipal de Proteção e Defe- sa Civil é a legislação específica que rege as ações nessa área e está vi- gente desde 2012, por meio da Lei nº 12.608 de 10 de abril de 2012. A Lei institui a Política Nacional de Proteção e Defesa Civil (PNPDEC) e dispõe sobre o Sistema Nacional de Proteção e Defesa Civil (SINPDEC), e o Conselho Nacional de Prote- ção e Defesa Civil (CONPDEC), au- torizando a criação de sistema de informações e monitoramento de desastres. Para subsidiar e respal- dar a ação da categoria em emer- gências e desastres, a autarquia pu- blicou, em maio de 2013, uma nota técnica sobre o tema. O documento aponta que a grande frequência de acontecimentos classificados como de emergência e desastres incenti- vou o Sistema Conselhos de Psicolo- gia a esclarecer diversos questiona- mentos que surgiram nessa área. A nota técnica também reforça a im- portância de que os profissionais te- nham a clareza de que, tanto agin- do como profissional contratado ou voluntário, todos estão submetidos às determinações e exigências do Código de Ética e outras regula- mentações normativas da catego- ria. A nota técnica pode ser lida no site do CFP, no item Legislação. Os integrantes da Comissão tam- bém participaram ativamente das reuniões preparatórias e das etapas da 2ª Conferência Nacional de Pro- teção e Defesa Civil, realizada em 2014. Eles destacaram que debater a Psicologia das Emergências e Desas- Eliana Torga, coordenadora da Comissão de emergências e desastres, conduz a discussão sobre o tema tres pode auxiliar tanto na preven- ção como na atenção ao desastre. Eliana Torga lembra que o pro- fissional da Psicologia é o único que está habilitado a utilizar práti- cas de intervenção psicológica em situações em que é necessário um diagnóstico de risco a um grupo de pessoas que possam sofrer agra- vos à saúde mental. “Para isso, faz-se necessário es- tar treinado para a atuação, agir em consonância com as políticas pú- blicas e com o código de ética pro- fissional. Além disso, podemos sa- lientar que o respeito às diversida- des culturais, o reconhecimento da necessidade de se trabalhar com profissionais com diferentes sabe- res no atendimento aos indivíduos, conhecer as necessidades de apli- cação de diferentes métodos e téc- nicas de acordo com as fases das emergências e desastres, e sempre acreditar na capacidade das comu- nidades e indivíduos para a supera- ção das adversidades”, lembra ela. Oficinas A Comissão de Emergências e Desastres do Conselho Federal de Psicologia tem uma agenda exten- sa de capacitação para os próxi- mos meses. A Comissão está pla- nejando a realização de oficinas em diversas regiões do Brasil. A primeira delas foi marcada para o dia 25 de agosto, aproveitando que no mês de agosto se celebra o dia do psicólogo, no dia 27. A Ofi- cina “Gestão Integral de Riscos e de Desastres: da prevenção a recu- peração”, realizada em Goiás, tem como objetivos a capacitação de psicólogas/psicólogos para atua- ção nos contextos de emergências A diversidade de reações a eventos de desastre e catástrofes é tão diferente como a diversidade humana.” Foto:Ascom/CFP
  • 6. 6 Conselho Federal de Psicologia Jornal do Federal - agosto 2015 Psicologia na Política Quem são os (as) psicólogos (as) da política brasileira? Reportagem do Jornal do Federal fez um levantamento de parlamentares federais e estaduais que têm a Psicologia como formação Para que serve um deputado? Não é um questionamento qualquer, muito menos o programa eleitoral do deputado federal Tiririca (PR/SP). A pergunta é séria e pertinente. O parlamento tem três funções precí- puas para a democracia: representar o povo brasileiro, legislar sobre os as- suntos de interesse nacional e fiscali- zaraaplicaçãodosrecursospúblicos. Pelo voto secreto, direto, univer- sal e periódico, elegem-se nossos representantes (vereadores, prefei- tos, deputados estaduais/distritais, governadores, deputados federais, senadores e presidente da Repúbli- ca) para a gestão e fiscalização do país. Parlamentares estaduais e fe- derais são os representantes de di- versossetoresdasociedade,emque a própria Psicologia está inserida. Destaforma,areportagemdoJor- nal do Federal fez um levantamento de quantos e quem são os (as) de- putados (as) federais e estaduais que têm a Psicologia como forma- ção, e a importância para a catego- ria em conhecê-los e cobrá-los efeti- vamente por demandas que são de interesse dos (as) profissionais, bem como da sociedade como um todo. Dados Nas últimas eleições gerais, em 2014, dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) apontam que 82 psi- cólogos (as) se candidataram a car- gos eletivos. Assim como na profis- são, em que mais de 80% das pro- fissionais são do sexo feminino, a maioria das candidatas foram mu- lheres (71), bem como o número de senadoras e deputadas federais/ estaduais psicólogas eleitas (12). Segundo levantamento, atual- mente o Congresso Nacional é in- tegrado pelas seguintes deputadas psicólogas por formação: Marinha Raupp (PMDB-RO), Erika Kokay (PT-DF), Mara Gabrilli (PSDB-SP), Sheridan de Anchieta (PSDB-RR) e Josi Nunes (PMDB-TO). No Se- nado Federal, a representante é a senadora Marta Suplicy (sem par- tido)*. Além delas, o deputado fe- deral João Marcelo Souza (PMDB- MA) é único congressista psicólogo do sexo masculino – o que reflete a preponderância feminina da profis- são também no parlamento. Nas Assembleias Legislativas (in- cluindo a Câmara Legislativa do Dis- trito Federal), há sete parlamentares, no Rio Grande do Sul, São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Paraíba, Ceará e Mato Grosso do Sul. Além desses, consta que o deputado Ta- deu Veneri (PT-PR) é graduando em Psicologia (confira o mapa ao lado). Articulação O Conselho Federal de Psicolo- gia (CFP) tem monitorado e busca- do parcerias com os parlamentares federais psicólogos (as) na discus- são de proposições e demandas de interesse da categoria, como os projetos de lei 769/2015 (30 horas), 1015/2015 (Piso Salarial) e 3688/2000 (prestação de serviços de Psicologia e Serviço Social nas redes públicas de Educação Básica). Para a presidente do CFP, Mariza Monteiro Borges, conhecer e buscar esses parlamentares é fundamental para o fortalecimento da profissão perante a sociedade, além de colo- car os parlamentares/psicólogos (as) como parceiros da categoria no Con- gresso Nacional. “É importante que os (as) psicólogos (as) saibam quem são os representantes, tanto no Con- gresso Nacional como nas Assem- bleias Legislativas ou Câmaras Muni- cipais, justamente para estarmos sin- tonizados uns com os outros com as demandas da categoria, bem como da própria sociedade”, ressaltou. Foto:RodolfoStuckert Dos (as) 513 deputados (as) e 81 senadores (as), a Psicologia está representada com 8 congressistas psicólogos (as) É importante que os (as) psicólogos (as) saibam quem são os nossos representantes, para estarmos sintonizados uns com os outros com as demandas da categoria, bem como da própria sociedade”
  • 7. 7 Conselho Federal de Psicologia Jornal do Federal - agosto 2015 Psicólogos (as) candidatos (as) nas últimas eleições Mapa dos estados dos (as) psicólogos (as)/parlamentares Paraná » Tadeu Veneri (PT) - superior de Psicologia incompleto deputado estadual Rondônia » Marinha Raupp (PMDB) deputada federal Tocantins » Josi Nunes (PMDB) deputada federal » Kátia Abreu (PMDB) senadora* Mato Grosso do Sul » Pedro Kemp (PT) deputado estadual Distrito Federal » Erika Kokay (PT) deputada federal Rio Grande do Sul » Miriam Marroni (PT) deputada estadual São Paulo » Beth Sahão (PT) deputada estadual » Mara Gabrilli (PSDB) deputada federal » Marta Suplicy (sem partido) senadora Ceará » Rachel Ximenes Marques (PT) deputada estadual Maranhão » João Marcelo Souza (PMDB) deputado federal Roraima » Sheridan de Anchieta (PSDB) deputada federal Rio de Janeiro » Rosângela Zeidan (PT) deputada estadual Minas Gerais » Marília Aparecida Campos (PT) deputada estadual Paraíba » Hervázio Bezerra (PSB) deputado estadual Fonte: Tribunal Superior Eleitoral mulheres 88,75% homens 11,25% *A senadora Kátia Abreu está licenciada, pois atualmente exerce cargo de ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento Psicólogos (as) Deputados (as) federais, estaduais e senadores (as) 12mulheres 4homens +
  • 8. 8 Conselho Federal de Psicologia Jornal do Federal - agosto 2015 Artigo Desafios e questões relacionadas ao mundo do trabalho dos(as) psicólogos(as) Modo como o trabalho está organizado nos contextos laborais representa hoje importante fonte de sofrimento trabalhadores (as) “Este trabalho está me deixando louco”, “Estou estressada com este trabalho”, “Não aguento mais”, entre outras expressões semelhantes, não são estranhas às conversas cotidia- nas, aos espaços de escuta dos (as) psicólogos (as) nos diferentes espa- ços do seu trabalho e à vivência des- ses profissionais enquanto trabalha- dores (as). Estatísticas de órgãos de saúde e previdenciários confirmam essa tendência. A Organização Mun- dial de Saúde (OMS) registra a pre- sença de 30% de trabalhadores com transtornos mentais leves e 5% a 10% com transtornos mentais graves. As estatísticas do Instituto Nacional de Previdência Social no Brasil apon- tam que os chamados “transtor- nos mentais e do comportamen- to” representam a terceira causa para o afastamento do trabalho. O que isso significa? Conside- rando que o trabalho enquanto ati- vidade de transformação entre o homem e a natureza, portadora de significado e constitutiva da subjeti- vidade e que se expressa na identi- dade na analogia entre o que eu sou e o que eu faço, sua expressividade se reporta ao seu aspecto negativo de sofrimento e castigo, e não à sua potencialidade como fator de inser- ção e integração ao mundo social. A literatura aponta o quanto al- guns fatores, como a exposição a agentes tóxicos, têm os aspectos psicológicos como as primeiras evi- dências de transtorno mental, e a exposição a agrotóxicos é a evidên- cia mais significativa para explicar o elevado número de diagnósticos de depressão entre agricultores. Mas não é só isso: o modo como o tra- balho está organizado nos contextos laborais representa hoje importan- te fonte de sofrimento entre os (as) trabalhadores (as). Palavras como “guerra”, “sobrevivência”, “comba- te” e “luta” são comuns nos contex- tos de trabalho e todos nós sabemos quais as repercussões desses signi- ficantes no nosso psiquismo. Ainda, outro exemplo, são as repercussões psíquicas dos acidentes e doenças relacionadas ao trabalho, associa- das à autoimagem quando de mu- tilações, à dependência em relação a outros para as tarefas cotidianas, à subordinação aos serviços de saúde e aos serviços previdenciários, entre outras fontes de sofrimento. Todas essas questões não são estranhas ao mundo do trabalho dos(as) psicólogos(as). Ao contrário. São parte do seu cotidiano enquan- to trabalhadores(as) e com algumas especificidades enquanto uma ca- tegoria majoritariamente feminina e voltada preferencialmente a ati- vidades relacionadas ao cuidar de outros. Atividades ligadas ao cuidar, conforme a literatura, estão associa- das à chamada Síndrome de Burn -out, prevalente entre profissionais da educação e da saúde. Pesquisa realizada com psicólogos (as) bra- sileiros revelou que, em sua maio- ria, apesar da exaustão emocional relatada, a realização pessoal com o trabalho realizado se apresenta- va como importante recurso para o alívio do sofrimento oriundo tanto das condições precárias de traba- lho a que muitas vezes está exposto, comoaosmodosdesuaorganização em que “guerra”, “luta” e o assédio moral não lhe são desconhecidos. No entanto, quer na sua ativida- de profissional, quer na avaliação de seu sofrimento psicológico, nem sempre a categoria trabalho é consi- derada na compreensão deste sofri- mento, haja vista a tradição de des- consideração da categoria trabalho na etiologia do sofrimento psíquico. São muitas as explicações para tan- to, desde a hegemonia de concep- ções teóricas que privilegiam carac- terísticas individuais (como genética e/ou relações da primeira infância), perspectivas reducionistas na com- preensão do processo saúde/doen- ça mental, fragmentação do campo psicológico (em que, por exemplo, o campo da Saúde Mental não dialo- ga com o campo da Saúde do Traba- lhador), entre outros. Para compreender os desafios e questões relacionadas ao mundo do trabalho dos (as) psicólogos(as), é necessário compreender a trama complexa que se traduz na trajetória decadatrabalhador(a),oqueexplica porque nem todos expostos a situa- ções semelhantes adoecem ou ma- nifestam o mesmo grau de desgaste. Esse é o desafio a todos nós psicólo- gos (as) enquanto trabalhadores(as). Maria da Graça Corrêa Jacques é conselheira Secretária do XVI Plenário do CFP, professora e pesquisadora na área da Psicologia do Trabalho, em especial no tema da Saúde do Trabalhador Por Maria da Graça Corrêa Jacques Foto:RenaudCamus/Flickr
  • 9. 9 Conselho Federal de Psicologia Jornal do Federal - agosto 2015 CFP lança portal interativo da Psicologia brasileira O portal interativo OrientaPsi já pode ser acessado em sua versão beta por psicólogos (as) cadastrados (as) no Sistema Conselhos, desde o início de agosto Aperfeiçoar o diálogo e a comu- nicação do Conselho Federal de Psi- cologia (CFP) junto à categoria, bem como entre os profissionais, e con- solidar uma plataforma interativa em um dos principais espaços para psicólogas e psicólogos debaterem a Psicologia. Esta é a missão do Orien- taPsi, portal interativo lançado pelo CFP no início deste mês de agosto. Pesquisas, estatísticas, publica- ções, grupos de discussão, cursos online e uma rede social própria para profissionais da Psicologia es- tão entre as funcionalidades ofere- cidas pelo OrientaPsi, que já pode ser acessado em sua versão beta por psicólogos (as) cadastrados (as) no Sistema Conselhos. Entre os cursos já oferecidos es- tão os de Avaliação Psicológica, que aborda o universo em torno da ava- liação e seus instrumentos; Cadastro de Sites, sobre o sistema de cadas- tro de sites para serviços de Psicolo- gia; e Ética Profissional do Psicólogo, abordando os conhecimentos que auxiliam os profissionais na tomada de decisão em sua práxis diária. Construído a partir da proposta de estimular a interatividade, tendo “o diálogo como método”, segundo a diretoria do Conselho, as próxi- mas etapas de desenvolvimento do OrientaPsi serão construídas com a participação da categoria. Nes- te momento inicial, por exemplo, o CFP também disponibilizará aos profissionais uma rede social exclu- siva, grupos de debate e um centro consultivo e de orientação de traba- lho e estudo, tendo como princípios a referência técnica, a ética e os Di- reitos Humanos. O OrientaPsi faz parte de um projeto de modernização de todas as plataformas de comunicação do CFP, em que também foi incluída a criação de novos canais de diálo- go para pautarem o Sistema Con- selhos, como a RádioPsi. Com uma programação musical diversificada, a rádio online transmite diariamen- te informações sobre o dia a dia da profissão pelo país por meio de no- tícias, boletins, dicas e entrevistas sobre ações, eventos, dicas de lei- turas e muito mais. Segundo o conselheiro vice-pre- sidente do CFP, Rogério Oliveira, o OrientaPsi é a principal iniciativa de comunicação do projeto ético-po- litico da atual gestão, nascendo a partir de uma constatação da ne- cessidade de estimular a categoria ao diálogo sobre os modos de tra- balho. “A plataforma tem recebi- do cada vez mais acessos diários. Como a categoria ainda está to- mando conhecimento das funcio- nalidades, a interação segue o seu curso até ganhar mais familiaridade entre usuários. Os resultados já têm sido exitosos”, ressaltou Oliveira. OrientaPsi Funcionalidades Rede social O OrientaPsi contará com uma rede social para os profissionais da Psico- logia. O usuário terá um perfil próprio, em que poderá gerenciar sua participação em grupos de discussão e mensagens internas, além de visuali- zar os laços e ações de conhecidos e de pessoas a quem segue. Em seu perfil, o (a) psicólogo (a) poderá inserir foto, área de atuação e endereço de correspondência profissional, bem como inte- ragir com outros atores da categoria. Centro consultivo e de orientação de trabalho A ferramenta contará com uma área de apoio profissional e de pesquisa aos psi- cólogos (as) cadastrados (as), disponibilizando do- cumentos de referência da Psicologia, tais como resoluções, orientações técnicas, manuais, arti- gos e vídeos. A proposta é que os arquivos tenham acesso facilitado, como um guia eletrônico de bolso, em que os profissionais poderão tirar dúvi- das online de forma simplificada onde estiverem. CFP quer saber Por meio desta área, o CFP pretende aprimorar a escuta aos psicólogos (as) para pautar a sua atuação política. A autar- quia buscou as melhores referências tecnológicas na realização de pesquisas, enquetes e votações, cuidando, além da qualidade da abrangência das pesquisas, da certificação e da segurança. Cursos A promoção de cursos para os (as) psicólogos (as) é outra grande novidade do OrientaPsi. Por meio de metodologia e-learning, o CFP e parceiros oferecerão cursos diversifi- cados de Psicologia com módulos multimídia. Nos cursos, os (as) profissionais psicólogos (as) poderão interagir com outros colegas que estão cursando o mesmo módulo ou a mesma aula, por exemplo, e trocar informações. a psicologia se encontra aqui
  • 10. 10 Conselho Federal de Psicologia Jornal do Federal - agosto 2015 Fala, Psicólog@! O espaço “Fala, Psicólog@” desta edição contempla a experi- ência de uma profissional da re- gião Centro-Oeste, Patrícia Ma- rinho Gramacho. Ela contou ao Jornal do Federal sobre sua atu- ação em Psico-oncologia Pediá- trica em Goiânia (GO). No próximo número, será apresentada a realidade de tra- balho de um profissional do Sul do país. Para participar, envie um e-mail para jornaldofederal@cfp. org.br sinalizando seu interesse ou mande uma mensagem para a página do CFP no Facebook. Confira a entrevista. Patrícia, qual é sua área de atua- ção na Psicologia? Atualmente desenvolvo tra- balho dentro das áreas Clínica, Hospitalar (Pediatria Oncológi- ca) e Educacional (Supervisora de estágio dentro da Área Hospi- talar tanto da graduação quanto da especialização). São três áreas que se complementam e que me possibilitam manter o dinamismo e amor pelo que faço. No atendimento clínico em con- sultório, me permito descansar um pouco da demanda exaustiva do ambiente hospitalar, visto que atendo clientes com conflitos dife- renciados, não apenas relaciona- dos ao enfrentamento de um tra- tamento oncológico. Obviamente possuo um setting mais estabele- cido quando atendo em consultó- rio, podendo exercitar uma escuta ativa fundamentada na atenção flutuante e no bom estudo da psi- canálise. Ao mesmo tempo, a pro- ximidade com os fatores orgânicos vivenciados no ambiente hospita- lar me ensinaram a ser cada vez mais assertiva no psicodiagnós- tico clínico, valorizando cada vez mais a integração mente–corpo. Já a realidade do atendimen- to em Psico-oncologia Pediátrica envolve a compreensão do que é uma Pediatria Oncológica e como desenvolvo esta psicanálise mais afastada da situação de onde ela tradicionalmente opera, ou seja, afastada do divã, porém invadi- da por um real desorganizador de des-subjetivação e principalmen- te corporificado por uma preca- riedade de recursos simbólicos, visto que se lida com uma doen- ça física ainda a ser representa- da no universo da criança e dos pais que a acompanham. São construções de significado feitas paulatinamente, desde a compre- ensão do que é o universo hospi- talar até o entendimento do que seja um câncer e de que forma ele pode ser vivido. Sendo assim, compreende-se que esta psica- nálise aplicada às instituições é tão exigente quanto aquela que se processa no espaço privado dos consultórios particulares, e exige do analista a superação da pró- pria interioridade e da sua supos- ta especialidade porque só assim ele poderá vir a estar disponível para o uso que se fizer dele. O trabalho de maior enrique- cimento humano é no Serviço de Oncologia Pediátrica do Hospital Araújo Jorge, em Goiânia. Pela escassez de escritos e pesquisas dentro da área, busquei a cons- trução de técnicas de interven- ção que não destoassem da abor- dagem escolhida por mim como referencial teórico, ou seja, a psi- canálise aplicada. Sabe-se que a psicanálise apli- cada caracteriza-se principalmen- te pelo uso de um setting estendi- do, no qual nem sempre o psica- nalista é o único a corporificar a transferência do paciente. Ela se faz com a instituição, com outros funcionários e nos mais diversos espaços hospitalares. O trabalho é extenso e contínuo levando muitas vezes o analista a arranjar-se com meios-limites na tentativa de res- significar aquilo que lhe aparece. Como é sua rotina de trabalho? A Pediatria do Hospital Araú- jo Jorge atende uma demanda do Norte,NordesteeCentro-Oestedo Brasil, sendo o segundo maior cen- tro de referência de atendimento SUS especializado no tratamento Transformando o sofrimento pela palavra Patrícia Marinho Gramacho apresenta seu cotidiano no trabalho em Psico-oncologia em Goiânia (GO) Pela escassez de escritos e pesquisas dentro da área, busquei a cons­trução de técnicas de interven­ção que não destoassem da abordagem escolhida por mim como referencial teórico, ou seja, a psi­canálise aplicada.” Fotos:arq.pessoal
  • 11. 11 Conselho Federal de Psicologia Jornal do Federal - agosto 2015 do Câncer infantil. Trata-se de uma proposta multidisciplinar de tra- tamento, que chega à quantidade de 600 a 700 atendimentos-mês. É conjuntamente com uma equipe multidisciplinar (médicos, enfermeiros, musicoterapeutas, fisioterapeutas, nutricionistas, voluntariado, etc.) que se desen- volve um trabalho enquanto psi- canalista, tendo a proposta de ampliação desta escuta analíti- ca ao sofrimento que está ine- rente ao processo de doença e hospitalização. O trabalho diário se divide em acompanhamento psicológi- co a crianças e adolescentes e seus respectivos acompanhan- tes. Quando internados, desen- volve-se um trabalho de escuta ativa, seja no leito ou em grupos de atividades, em que se possi- bilita um espaço para expressão de conteúdos e possível cons- trução de suas representações pelo uso de diversos materiais plásticos (massinha, lápis de cor, recorte e colagem, conta- ção e criação de histórias). Po- de-se, assim, observar a relação da díade mãe-filho ou de qual- quer outro acompanhante que esteja desenvolvendo esta fun- ção de cuidador. Ao mesmo tem- po, se possibilita um espaço de ressignificação da rotina hospi- A possibilidade de transformar o sofrimento pela palavra, ressig- nificando as dificuldades. Sabe- se que é um trabalho difícil, pois lidamos com um grupo hetero- gêneo, rotativo, com crianças e adolescentes de diferentes ida- des, diferentes fases do proces- so de tratamento, de diferentes regiões do país e até do mundo. Ao mesmo tempo, é enriquecedor quando chegamos com um saco de fantoches e espontaneamente uma criança passa a falar de sua “cirurgia no ombro”, ressignifican- do sua experiência com o grupo ou simplesmente com um outro e se posicionando com relação às intempéries da vida. Quais as limitações que você en- contra no seu cotidiano de tra- balho? Limitações próprias de um Sis- tema de Saúde ainda deficitário que cria situações inimagináveis para qualquer paciente, fato que dificulta mais ainda a possibilidade de representação tanto pelo pa- ciente quanto pela equipe. Como fazer pensar uma criança oprimi- da por tantas limitações sociais e de saúde? Falta muita coisa. Daí a importância da manutenção do estudo frequente e da análise pes- soal como forma de lidar com as próprias frustrações. Sabe-se que a partir do instan- te em que a criança vai perceben- do o psicólogo-analista como este que permite instituir um lugar para a falta, ela vai requisitando ir para este lugar que o representa e que está emoldurado como sala de psicologia, onde então a angústia passa a ter representações cada vez mais personalizadas. Não é um falar por falar, ou um brincar por brincar. Ainda que a criança verba- lize que este é o lugar dela se diver- tir, um “quero brincar com tu”, mos- tra-se como uma construção mui- to mais elaborada e ativa. É uma maneira de a criança usar de for- ma singular a montagem institu- cional, ou seja, ela tem o direito de usufruir de um espaço diferencia- do e passa a requisitar o uso dele. Patrícia nos vários momentos de auação no hospital onde trabalha, em Goiânia É enriquecedor quando chegamos com um saco de fantoches e espontaneamente uma criança passa a falar de sua “cirurgia no ombro”, ressignifican­ do sua experiência.” talar, marcada por punções ve- nosas, cirurgias, sondas, exames de sangue, uma série de proce- dimentos que invadem o univer- so corporal da criança ou ado- lescente. Paralelamente faz-se todo um trabalho de mediação e amparo à família, facilitando sua comunicação com a equipe e, ao mesmo tempo, auxiliando a equi- pe a lidar com este núcleo fami- liar tão fragilizado pela recepção de um diagnóstico de câncer e tudo o que vem associado a ele. Também se desenvolve sem- pre que possível um trabalho em Sala de Espera – aqui designada com letra maiúscula - pois cada vez mais me surpreendo com sua vida própria. Ela respira e trans- pira todas as preocupações, ale- grias, tristezas, adequações e ina- dequações de seus transeuntes. Para um bom psicólogo, torna-se o lugar ideal para exercitar a ca- pacidade de observação e poste- riormente traçar seu instrumen- tal de ajuda. Digo ajuda, pois não estou falando de qualquer Sala de Espera, mas especificamente da Sala de Espera de uma pediatria oncológica normalmente carre- gada de muitos questionamen- tos do tipo “Meu cabelo vai cair?”; “Vou ter que tirar a perna”?; “Só fica aqui (se referindo ao hospital) quem tem câncer?”; “Apareceu um carocinho nela e eu trouxe pra cá, será que eu deveria ter ido para o Hospital da Criança?”; “Eu vou morrer?”; “Se Deus quiser, não vai ser nada”; “Me falaram que leuce- mia é muito grave, que não tem cura”; “Falei pra ele (se referindo ao filho) que tô chorando por cau- sa de dinheiro, mas não é não”. Es- sas são algumas verbalizações de pacientes e acompanhantes en- quanto aguardam na Sala de Es- pera pela primeira consulta e que parecem ilustrar as dúvidas e te- mores de estar pela primeira vez numa pediatria oncológica. A partir do trabalho conjunto com diversas estagiárias de Psi- cologia que passaram pelo Ser- viço, foi possível desenvolver um trabalho que com certeza tam- bém as auxiliou a confiarem mais na capacidade de observação e escuta de cada uma e, principal- mente, a acreditar no quanto a escuta ativa já funciona por si só como instrumento terapêutico, exercitando a capacidade de es- tabelecimento do comportamen- to empático, ou seja, a capacida- de de “estar com”, ensinando-as a não serem invasivas, a abrirem o espaço para o outro comparecer e se dispor a falar. O que você considera mais posi- tivo em relação ao seu cotidiano de trabalho?
  • 12. 12 Conselho Federal de Psicologia Jornal do Federal - agosto 2015 Voto online Pesquisa sobre voto pela Internet apontou que 97,15% da categoria prefere o sistema Entre os que optaram pelo “sim” na consulta pública online realizada pelo CFP, 4.569 profissionais da Psicologia acreditam que este modelo “gera maior participação da categoria” O Conselho Federal de Psicologia (CFP) tem promovido consultas on- line no intuito de ampliar a participa- ção da categoria nas decisões da au- tarquia e, na última realizada, os pro- fissionais da Psicologia decidiram pela manutenção do voto pela Inter- net para as eleições do Sistema Con- selhos. A enquete acabou reforçan- do a decisão tomada pela Assem- bleiadePolíticas,daAdministraçãoe das Finanças (Apaf), no fim de maio, em manter o sistema para o próxi- mo pleito, que acontece em 2016. A consulta online aconteceu en- tre os meses de abril e junho e contou com a participação de 5.518 psicólo- gas e psicólogos com cadastros ativos no CFP. Os resultados apontaram que 97,15%dosvotantesoptaramporman- teravotaçãopelaInternet.Emumtotal Você é a favor da manutenção do voto pela Internet? justificativas sim 97,15% não 2,85% Gera comodidade e maior participação da categoria Economia em material impresso e profissionais Outros 4.569 791 1 5.361 votos a favor 157 votos contra Não confiam em serviços online Não costumam utilizar Internet 150 7 de5.518,votaramafavordamanuten- ção5.361,enquanto157foramcontra. A decisão de implantar o siste- ma de eleições com votos online, sem, no entanto, extinguir a vota- ção por cédula, foi tomada pelo Sis- tema Conselhos na Assembleia de Políticas, da Administração e das Fi- nanças (APAF) de maio de 2012. Na época, o desafio colocado apresen- tado foi: “como fazer uso adequado da tecnologia para produzir partici- pação e ampliação da cidadania?”. Eleição 2013 em números De acordo com os dados da úl- tima eleição, 84.643 profissionais da Psicologia participaram do plei- to, divididos da seguinte maneira: 18.524 votaram por correspondên- cia ou nos postos instalados pelo Brasil e 66.119 deram seu voto, pela primeira vez, de forma online. A possibilidade do uso pela In- ternet culminou em um aumento de 13,26% no número total de vo- tantes em relação ao pleito ante- rior. Em 2010, a participação foi de 74.730 psicólogas e psicólogos com cadastros ativos no CFP. Próximas eleições O próximo processo eleitoral para o Sistema Conselhos está pre- visto para o dia 27 de agosto de 2016. Para votar, o profissional da Psicolo- gia precisa estar em dia com a anui- dade do Conselho Regional de Psico- logia correspondente e os dados ca- dastrais precisam estar atualizados. O recadastramento pode ser fei- to em: http://cadastro.cfp.org.br/cfp/. Com a atualização dos dados, serão enviados para o novo endereço do profissionalacartavoto,paravotação por cédula, e o código para emissão de uma senha para o processo eleito- ral online, se mantida a modalidade. Apaf 2015 Na última Assembleia de Políti- cas, da Administração e das Finan- ças (Apaf) do Sistema Conselhos, re- alizada no fim de maio deste ano, a maioria dos conselhos regionais vo- tou pela proposta de manter o envio de cédulas para todas as psicólogas e todos psicólogos com cadastros ativos. Desta forma, foi rejeitada a proposição da atual gestão do CFP, visando gerar economia ao Sistema Conselhos com produção e envio dosdocumentos-encaminhando-os apenas para quem requisitasse par- ticipar da eleição por este processo. A íntegra da reunião pode ser assistida pelo canal do CFP no Youtube: www.youtube.com/con- federalpsicologia
  • 13. 13 Conselho Federal de Psicologia Jornal do Federal - agosto 2015 AgendaPsi Toda semana, a RádioP- SI informa à categoria sobre eventos, congressos, feiras, cursos, seminários, entre outras atividades de interesse d@s profissionais da Psicologia em todo o país por meio do programa AgendaPsi. BalaioCulturalAquioouvinteencon- trará, além de dicas sobre programações culturais e entretenimento, discussões sobre o universo cultural. Dicas de turis- mo nacional, curiosidades das regiões, comidas típicas e eventos voltados para a Psicologia também fazem parte desta faixa na RádioPSI.  Espaço Formação Informações pa- ra a formação da (o) psicóloga (o), abordando assuntos que fazem parte do dia a dia da profissão, bem como as diferentes áreas de atuação e confli- tos existentes no exercício profissional. Confira as inserções diárias às 11h, 15h e 17h. Viver Bem A coluna “Viver Bem” é para quem deseja estar de bem com a vida em casa, no trabalho ou na escola. Dia- riamente, às 11h20, você ouve na Rá- dioPSI dicas de saúde e bem estar para o seu dia a dia. CFP NEWS Espaço dedicado exclusiva- mente a notícias do Conselho Federal de Psicologia. Congressos, resoluções, divulgação de pesquisas, entrevistas curtas, entre outras ações do CFP es- tarão nessa coluna, com inserções a cada duas horas, entre 8h e 22h. Dicas de Leitura No espaço, profis- sionais contam o que estão lendo ou já leram, sugerindo bibliografias dentro das diversas áreas de atuação da Psi- cologia para profissionais e estudantes. A coluna vai ao ar às 13h e tem duas inserções inéditas por semana. RádioPSI: a Psicologia sintonizada Na rede desde o dia 18 de junho, a RádioPSI é o mais novo canal de comunicação do CFP com a categoria Uma psicóloga de São Paulo es- creve um e-mail para a equipe da RádioPSI, que está em Brasília. Quer contar sobre sua felicidade ao saber queaPsicologiaagoratemumarádio online como ferramenta de comuni- caçãocom oConselhoeentreacate- goria. Fabiana conta, também, que é deficiente visual e que, com a rádio, será mais fácil acompanhar o que acontecenodiaadiadesuaprofissão. Unindo a técnica de um dos meios de comunicação mais anti- gos e, até hoje, um dos mais utili- zados pela população brasileira, à velocidade e à praticidade da Inter- net, desde o dia 18 de junho o CFP disponibiliza em seu site uma rádio online com informações relativas à atividade dos psicólogos e psicólo- gas em todo o Brasil. Notícias, bo- letins e entrevistas sobre as ações, eventos e a participação dos profis- sionais de diversas áreas de atua- ção da categoria integram a progra- mação - que também conta com uma grade musical variada. Assim como o e-mail da Fabia- na, de São Paulo, a RádioPSI já re- cebeu, nesses quase dois meses em que está no ar, a colaboração de di- versos profissionais que estão co- nectados na programação e enviam sugestões e dicas, seja pelas redes sociais ou pelo e-mail de contato da rádio. Até aqui já foram mais de dez mil acessos, de todas as regiões do país, de pessoas entre 18 e 54 anos. A programação está dividida, atualmente, em seis programas diá- rios, e até o final de sua implantação serão 10 programas - com discus- sões, conteúdo formativo e posicio- namentos que pautam e pautarão a atuação dos profissionais da Psicolo- gia. Para o CFP, a ideia de investir em mais conteúdos via web está relacio- nada à necessidade de expansão de seus canais com a categoria e com o conjunto da sociedade, conferindo mais agilidade e reduzindo custos di- ários com a impressão de materiais. E ainda tem mais novidade che- gando. Em breve, estarão disponíveis Podcasts (arquivos de áudio digital) com os conteúdos que vão ao ar nos programas de informação. Dessa for- ma, se você perdeu alguma notícia ouquerouvi-ladenovo,bastaráaces- saroconteúdoqueserá armazenado napáginadoCFP.Tambémserãodis- ponibilizados aplicativos para celula- res com tecnologias ANDROID e IOS. A programação vai das 7h à 0h, todos os dias. Para acessar a Rá- dioPSI, basta clicar no ícone da rá- dio localizado na parte superior do site do CFP, ou pela página do Con- selho no Facebook. Para continuar ajudando a construir a programa- ção, envie suas sugestões para o e-mail radiopsi@cfp.org.br. RádioPsi » Grade de programação » Confira os programas da RádioPSI
  • 14. 14 Conselho Federal de Psicologia Jornal do Federal - agosto 2015 Entrevista Valter da Mata, integrante da Comissão de Direitos Humanos do CFP,falaaoJornaldoFederalsobre osimpactosdoracismonavidapsí- quicadosindivíduoseosdesafiosda Psicologia para enfrentar o tema. Para ele, que é mestre em Psi- cologia Social pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), é preci- so investir mais na formação de psicólogos (as) negros (as), além de assegurar a abordagem do as- sunto nas grades curriculares. Confira a íntegra da entrevista. Quais são as repercussões psí- quicas específicas resultantes da violência racial observadas na clínica de pacientes negros (as)? Em se tratando de saúde men- tal, duas dimensões são atacadas diretamente: a identidade e a auto- estima. Não possuindo referenciais identitários valorizados na nos- sa sociedade (heróis, pessoas bo- nitas, inteligentes) resta ao grupo subalterno se identificar com a sua “inferioridade natural” ou reivindi- car para si um ideal de ego branco. Instala-se a baixa autoestima, va- lorizando-se pouco e acreditando que é inferior. Como consequên- cias somáticas temos a depres- são, o alcoolismo, a ansiedade, a autodepreciação, síndrome do pâ- nico. O quadro é complexo e requer certa experiência para se diagnos- ticar que essas manifestações po- dem advir da discriminação racial. Em sua opinião, os (as) psicólogos estão preparados (as) para lidar com as questões raciais nos con- sultórios, ambulatórios e atendi- mentos de saúde em geral? Eu acredito que os (as) psicó- logos (as) estão, em sua maioria, completamente despreparados (as) para lidar com essas ques- tões. Diversos motivos conspi- ram para esse lamentável qua- dro. Destaco o histórico distan- ciamento da categoria com a po- pulação de baixa renda. As teorias utilizadas pela maioria dos profis- sionais de Psicologia são oriundas de países europeus ou dos Esta- dos Unidos, propõem uma univer- salização do desenvolvimento hu- mano e excluem completamente o legado cultural dos povos asiáti- cos, africanos e indígenas. Assim, as formas de subjetivação da po- pulação de baixa renda do Brasil, que tem forte influência das po- pulações africanas e indígenas, podem ser vistas como patoló- gicas, e as expressividades dos comportamentos também po- dem ser vistas como inadequa- das. É preciso que os (as) psicó- logos (as) saibam que o racismo existe em nossa sociedade e afe- ta de forma decisiva a nossa for- ma de compreender o mundo. O racismo existente em nosso país atinge de forma distinta as pesso- as a partir da sua cor de pele. As- sim sendo, é fundamental para o profissional entender como o ra- cismo atravessa a sua compreen- são de mundo, assim como o ra- cismo atravessa a subjetividade da pessoa atendida. O que vemos na maioria dos casos é uma com- pleta ignorância em reconhecer o racismo enquanto vetor de pro- moção de sofrimento e, por con- seguinte, a expulsão do tema ra- cismo das consultas psicológicas. A temática das relações raciais está presente na formação do (a) psicólogo (a)? Além de psicólogo sou profes- sor de Psicologia e posso afirmar que, em raros casos, essa temáti- ca é abordada nas grades curricu- lares. Apesar de existirem as Leis 10.639/2003 e 11.645/2008, que garantem a discussão das rela- ções raciais em todos os níveis de educação, o que vejo é a completa ausência do tema nas instituições O racismo é, sim, promotor de sofrimento psíquico Confira a entrevista com Valter da Mata, integrante da Comissão de Direitos Humanos do CFP Pintura retratando o Massacre de Sharpeville, em 1960, quando a polícia sul-africana matou 69 pessoas Foto:GodfreyRubens(painterandphotographer)
  • 15. 15 Conselho Federal de Psicologia Jornal do Federal - agosto 2015 de ensino superior - somando-se ao quadro a resistência dos alunos em discutir essas questões. As te- orias que estudamos não trazem, na sua matriz, o reconhecimento da discriminação racial enquan- to vetor, sendo então necessária uma releitura das mesmas para que o fenômeno venha a ser anali- sado de maneira adequada. Como a temática das relações ra- ciaisestásendotratadanopanora- ma de grupos de estudos e pesqui- sas das universidades brasileiras?  Somente a partir do século XXI vemos maior preocupação da Psicologia brasileira com o tema das relações raciais. O livro “Psi- cologia Social do Racismo”, orga- nizado por Cida Bento e Iray Ca- rone, é quase um marco divisor nessa questão. Há um maior in- teresse no tema da Psicologia e Relações Raciais, os programas de pós-graduação de Psicolo- gia da UFBA e da USP têm regu- larmente oferecido estudos que discorrem sobre essa problemá- tica. Entretanto, na graduação, a resistência por parte dos profes- sores é muito grande. É comum a pergunta, “como é que vou tratar esse assunto em minha discipli- na?”, eu geralmente respondo que o racismo atravessa todas as di- mensões da nossa existência, ele se materializa desde as relações afetivas, que norteiam nossas preferencias; até a noção pes- soal e institucional de “boa apa- rência”, portanto é algo que não é distante da nossa realidade. O racismo nos atravessa em menor ou maior grau, temos que refletir o quanto ele nos afeta. Qual o papel do Sistema Conse- lhosnabatalhapelaigualdadera- cial e também na conscientização da categoria para o atendimen- to adequado a essa população? O Sistema Conselhos de Psi- cologia tem uma função impor- tantíssima nessa questão. Primei- ramente porque nosso Código de Ética é fundamentado na Declara- ção Universal dos Direitos Huma- nos e o racismo é uma das formas mais odiosas de violação de direi- tos. Lembro que a Comissão de Di- reitos Humanos do Conselho Fe- deral de Psicologia (CFP) foi criada em 7 de agosto de 1997, e as Co- missões de Direitos Humanos dos Conselhos Regionais (CRPs) a par- tir de 1998. Dentro dos objetivos e atribuições dessas comissões, es- tão incentivar a reflexão e o deba- te sobre os direitos humanos ine- rentes à formação, à prática pro- fissional e à pesquisa em Psicolo- gia, e estudar os múltiplos proces- sos de exclusão enquanto fonte de produção de sofrimento mental. A atual gestão do CFP elegeu o combate ao racismo enquanto um dos eixos temáticos a serem tra- balhados. Com a denominação de “Enfrentamento das violências as- sociados ao racismo e a precon- ceitos étnicos”, esse eixo vem sen- do trabalhado com grande afinco. Fale um pouco sobre a inserção do (a)psicólogo(a)negro(a)nomerca- do.Esses(as)profissionaistambém são atingidos pelo preconceito? Falarei um pouco da minha ex- periência pessoal enquanto psicó- logo e homem negro. Foi muito co- mum ouvir a frase “Você não tem cara de psicólogo”, e eu sempre retrucava com a questão: “Qual é a cara do psicólogo?”. As respos- tas eram invariavelmente vazias. Esse tipo de pergunta vai à dire- ção de que um (a) negro (a) não é o protótipo idealizado de um pro- fissional de Psicologia. Ainda na pós-graduação, tive de ouvir de um (a) professor (a): “Não espera- va nada de você”. Imagine você ouvir isso enquanto faz um mes- trado. O que quero dizer com esse rápido depoimento é que, indepen- dentemente do seu diploma, você é negro e será discriminado. A so- ciedade é racista e essas práticas estão no nosso cotidiano. Práti- cas racistas podem vir de onde menos se espera, de outro negro, por exemplo - porque assim ele foi socializado e o racismo ainda ecoa fortemente em nosso imagi- nário. Para mim, os desafios maio- res são formar mais psicólogos (as) negros (as), o que começaria a desmontar o protótipo e incenti- var a denúncia e o combate coti- diano contra as práticas racistas. A educação é transformadora. Qual é a importância da Política NacionaldeSaúdeIntegraldaPo- pulação Negra? Ela foi efetivada? A Política Nacional de Saúde Integral da População Negra, em tese, deve garantir o atendimento psicológico a esta população. En- tretanto, o que vemos é uma situ- ação lastimável. É evidente o des- caso dos gestores para efetivar qualificadamente essa política. E no quadro operacional, a resis- tência é gigantesca. O discurso de que não existe o racismo no Bra- Para mim, os desafios maiores são formar mais psicólogos (as) negros (as), o que começaria a desmontar o protótipo e incentivar a denúncia e o combate cotidiano contra as práticas racistas.” Psicologia Social do racismo, Maria Aparecida Silva Bento e Iray Carone. Editora Vozes Pele negra, máscaras brancas, Frantz Fanon. Editora EDUFBA Afro-descendente: identidade em construção, Ricardo Franklin Ferreira. Editora Pallas Tornar-se Negro, Neusa Santos Souza. Editora Graal Ninguém atravessa o arco-íris: um estudo sobre negros, José Tiago Reis Filho. Editora Selo Universidade Um defeito de cor, Ana Maria Gonçalves. Editora Recor O Sortilégio da Cor, Elisa Larkin Nascimento. Editora Selo Negro Valter da Mata sil, aliado à crença da democra- cia racial, tem se constituído em obstáculos quase intransponíveis. Participo de algumas capacita- ções para funcionários dos sis- temas de saúde e da assistência e nunca vi nada diferente da sen- sibilização. Grande parte acredita também que, como a política de saúde é universalista, não have- ria necessidade de se criar uma especial para a população negra. Grosso modo, a Política Nacional de Saúde Integral da População Negra vem sendo sistematica- mente sabotada pelos gestores e profissionais da saúde. Os orça- mentos destinados a essa política são pífios, e o quadro de pessoas para implementação, idem. DICAS DE LEITURA Foto:arq.pessoal
  • 16. 16 Conselho Federal de Psicologia Jornal do Federal - agosto 2015 Despatologização trans, por um mundo não binário Conselho faz campanha pela despatologização do atendimento a transexuais e travestis. A ação conta com site especial, vídeos e debates online Superar as visões, discursos e práticas patologizadoras das identi- dades transexuais e travestis e ques- tionar a visão binária de gênero e se- xualidade são os objetivos do Conse- lho Federal de Psicologia (CFP) com a campanha “Despatologização das Identidades Trans e Travestis”. Idea- lizada pelo eixo “Direitos e enfrenta- mento às violências de gênero e se- xuais” de sua Comissão de Direitos Humanos (CDH), a ação apresenta o debate à luz dos Direitos Humanos e aborda o panorama dos embates políticos em torno da luta no Brasil e no mundo, com a participação de profissionais da Psicologia, pesqui- sadores e pesquisadoras, ativistas, pessoas transexuais e travestis. Com a campanha, o Conselho Direitos Humanos abre um espaço de debate demo- crático e de visibilidade para o tema e publicização de conceitos utili- zados há décadas pela população, movimentos sociais e a academia sobre a despatologização das identi- dades e, ainda, coloca em discussão o papel e a atuação da Psicologia no campo – desde a formação até os atendimentos nos sistemas de saú- de, ambulatórios e consultórios. Para o CFP, o binarismo de gê- nero predominante nas relações da sociedade (masculino e feminino) produz consequências graves de violação dos direitos humanos. “As pessoas que se arriscam na aven- tura de polemizar as normas hege- mônicas, culturais e científicas so- bre os gêneros sofrem violência de rais, políticas e subjetivas de gênero e sexualidade, e explorado o papel da Psicologia em relação ao tema. “Ainstalaçãodeumdebatesobre despatologização das experiências transexuais e travestis se faz urgen- te desde que as ciências têm produ- zido um conjunto de mecanismos e práticas classificatórias e discrimi- natórias sobre esses corpos e suas sociabilidades”, diz o psicólogo. Para o Conselho, “a transexualida- de e a travestilidade não constituem condição psicopatológica, ainda que não reproduzam a concepção normativa de que deve haver uma coerência entre sexo biológico/gê- nero/desejo sexual”, como expressa a Nota Técnica da autarquia divulga- da em setembro de 2013. Dessa ma- todas as formas”, explica Marco Pra- do, doutor em Psicologia Social (PU- C-SP) e membro da CDH/CFP. Dessa maneira, a campanha, por meio de ações de comunicação e debates, tem dado visibilidade às diversas vo- zes acerca das experiências cultu- Positivamente, o CFP vem dando mais atenção às necessidades das questões trans de forma que faça mais parte do contexto do que tem sido estudado, praticado e demandado” Trechos do vídeo “A despatologização das transexualidades e travestilidades pelo olhar da Psicologia”
  • 17. 17 Conselho Federal de Psicologia Jornal do Federal - agosto 2015 neira, o atendimento psicológico às pessoas transexuais e travestis não pode se orientar por modelos pato- logizadores ou corretivos. Mesmo com todo o esforço, o CFP entende que a categoria ain- da deve aprimorar a reflexão sobre o atendimento psicológico a esta população. Dessa maneira, com a campanha, pretende ampliar o de- bate acerca da Portaria nº 2.803, de 19 de novembro de 2013 - que de- fine o processo transexualizador e possibilita o atendimento de tran- sexualização pelo Sistema Único de Saúde - e da Resolução CFP 09/2013, que, ainda que considerada como referência nacional, não se posicio- na acerca da compulsoriedade do atendimento de psicoterapia. É o que também afirma o ativis- ta Leonardo Tenório, em debate rea- lizado pela campanha no último no- vembro: “Positivamente, o CFP vem dando mais atenção às necessidades das questões trans de forma que faça mais parte do contexto do que tem sido estudado, praticado e demanda- do pela população e pelo movimento social. Só que não se coloca um po- sicionamento a respeito da compul- soriedade da psicoterapia, e vejo isso como algo problemático. O vínculo da pessoa que está sendo atendida com o profissional deve ser volun- tário e não compulsório. São regras como estas que acabam se impon- do a nós”, aponta. De acordo com o representante do CFP, a nota técni- ca necessita de revisão e avanço em alguns pontos, resguardando a sua adesão fundamental à luta pela des- patologização trans. “Ela é resultado de um consenso temporário e essa revisão deve tocar nos pontos da compulsoriedade e refletir sobre as consequências dos ideais normati- vos sobre os gêneros que, a cada dia, se impõem pelos discursos psicoló- gicos e psicodiagnósticos”, explica Marco Prado. Para ele, deve-se, ain- da, reavaliar a questão dos diagnósti- cos e a produção de laudos “pensan- do a avaliação psicológica de outro lugar, para que não seja diagnóstica, jurídica e prescritiva sobre a vida e a experiências das pessoas”. Prado destaca, ainda, que existem traba- lhos alternativos realizados por psicó- logos (as) que não passam necessa- riamente pela construção de laudos. De acordo com Lúcio Flávio Gonzaga, representante do Con- selho Federal de Medicina (CFM), a autarquia realizará, ainda em 2015, a revisão da Resolução nº 1.955/2010, que dispõe sobre a ci- rurgia para transexuais. “Compro- meto-me para que todos possam contribuir para a revisão da resolu- ção e trabalhar para que os atores interessados estejam lá discutindo. Considero que se trata de uma situ- ação e não de uma patologia”, afir- mou, durante debate realizado pelo CFP em dezembro do ano passado. Já foram realizados dois debates pela campanha: “Despatologização das Identidades Trans e Travestis”, e “Psicologias e os enfrentamentos aos preconceitos: 17 de maio – Dia Internacional de Luta Contra a Ho- mofobia”, que abordou as formas de sofrimento relacionado à orien- tação sexual e identidade de gêne- ro e contou com representantes de entidades gays, lésbicas, transexuais, travestis e bisexuais. A campanha lançou também o vídeo “A despato- logização das transexualidades e tra- vestilidades pelo olhar da Psicologia – Parte I”, que reúne psicólogos (as), professores (as) e universitários (as) em reflexão sobre o papel da Psicolo- gia em relação às questões de iden- tidade de gênero e de sexualidade. A produção de vídeo faz parte de um projeto que envolverá mais duas pe- çasaudiovisuais–comapresençade ativistas nacionais e internacionais do movimento transexual e travestis, além de representantes do Estado. Todas as notícias e informações relacionadas à campanha podem ser acessadas no site “Despatologiza- çãodasIdentidadesTranseTravestis” (http://despatologizacao.cfp.org.br/), lançado em maio. Além das informa- çõessobreaaçãodoCFP,ositefoicria- do para reunir vídeos, links para legis- laçãorelacionada(nacionaleinterna- cional), indicações de blogs/sites de trans que contam suas experiências de vida e transformações, endereços deentidades,associações,empresas, fundações amigas da questão da des- patologização das identidades trans e exemplos de atuação alternativa de psicólogos e psicólogas nos am- bulatórios e equipes do SUS. A pági- na estará em constante construção e sugestões são muito bem-vindas. A transexualidade e a travestilidade são maneiras como as pessoas se sentem, se entendem e se apresentam para si e para os demais, como masculino e/ou feminino ou ainda de forma não binária, independente dos genitais ou da orientação sexual. A construção social das identidades de gênero sempre se dá pelas relações sociais, pelas identificações processuais e através da várias tecnologias e biotecnologias da cultura e do tempo histórico. Algumas experiências de travestilidades utilizam das tecnologias e biotecnologias para modificações corporais, ou apenas vestimentas, adereços e aquisições hormonais, por exemplo. As tecnologias biomédicas para as transições são oferecidas pelo SUS. Página da campanha do CFP na Internet
  • 18. 18 Conselho Federal de Psicologia Jornal do Federal - agosto 2015 A prática antes da regulamentação Dos anos 1940 à Lei 4.119/62 (parte 2) segundo, na Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PU- C-RS). Outros dois cursos foram cria- dos em instituições católicas antes da regulamentação da profissão: em 1959, na Pontifícia Universidade Ca- tólica de Minas Gerais (PUCMinas) e, em 1961, na Universidade Católica de Pernambuco (Unicap). Já em 1957 surgiu, na Universidade de São Paulo (USP), o primeiro curso em universi- dade pública e laica. No ano seguin- te, em Curitiba-PR, foi realizado o I Congresso Brasileiro de Psicologia. Pouco tempo antes, em 1953, a Associação Brasileira de Psicotéc- nica já entregava ao Ministério da Educação um memorial acompa- nhado de um esboço para um an- teprojeto de lei relativo à formação de psicologistas e à regulamenta- ção da profissão. E, neste mesmo ano, o Poder Executivo encaminha- va ao Congresso Nacional a Mensa- gem nº 47, tratando do anteprojeto de formação de Psicologia e da re- gulamentação respectiva. Com o projeto ainda em trami- tação três anos depois, as comis- sões da Associação Brasileira de Psicologia Aplicada, da Sociedade de Psicologia de São Paulo e da As- sociação Brasileira de Psicólogos reúnem-se para examinar um novo projeto sobre formação de psicólo- gos, substituindo a proposição que estava na Câmara dos Deputados. Após muitas discussões entre as- sociações, entidades da psicologia, governo federal e parlamentares, em 1962, no dia 27 de agosto, é sancio- nada pelo presidente João Goulart a Lei 4.119, que “dispõe sobre os cursos de formação em Psicologia e regula- menta a profissão de psicólogo”. A lei foi publicada no dia 5 de setembro. Apesar da publicação da referi- da lei, a profissão ainda enfrentaria muitos percalços, como vem en- frentando até hoje. No próximo ca- pítulo, abordaremos os processos e discussões para regulamentação da referida norma, bem como as arti- culações para a publicação da Lei Federal que criaria, em 20 de de- zembro de 1971, o Conselho Federal de Psicologia (CFP) e os Conselhos Regionais de Psicologia (CRPs). Convite dos formandos da PUC Rio, colocando Elisa Velloso, primeira diretora do COJ, como homenageada pelos alunos Helena Antipoff , fundadora do COJ Memórias da Psicologia Durval Marcondes, fundador do COI sociações e os primeiros periódicos da categoria. A Sociedade de Psico- logia de São Paulo (atualmente As- sociação de Psicologia de São Pau- lo) foi fundada em 1945 e seu perió- dico, o Boletim de Psicologia, surge em setembro de 1949. Já a Associa- ção Brasileira de Psicotécnica (hoje Associação Brasileira de Psicologia Aplicada) é criada por técnicos e fre- quentadores das atividades do ISOP em setembro de 1949, quando lan- çam o primeiro número da revista Arquivos Brasileiros de Psicotécnica, alterado para Arquivos Brasileiros de Psicologia Aplicada e, atualmente, Arquivos Brasileiros de Psicologia. Institucionalizaçãoecaminhos para a regulamentação O primeiro curso de Psicologia foi criado na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ), em 1953, e, no ano seguinte, surgiu o Nesta segunda parte do capítulo sobre a prática da Psicologia antes da regulamentação, abordaremos o histórico da orientação psicopeda- gógica, do surgimento de associa- ções e dos cursos universitários até a sanção da Lei 4.119/62, que regu- lamentou a profissão de psicólogo. A orientação psicopedagógi- ca nas escolas, principalmente nas experimentais, inicia-se a partir de psicodiagnósticos infanto-juvenis, orientações de pais e também vital, por meio de clínicas. Destacam-se neste período a Clínica de Orienta- ção Infantil, criada por Durval Mar- condes, em São Paulo, e a Clínica de Orientação Juvenil, criada por Hele- na Antipoff, no Rio de Janeiro. Tam- bém há registro da avaliação psico- lógica de menores abandonados ou considerados “perigosos”, conforme a terminologia da época, internados no Serviço de Assistência ao Menor, o SAM, antecessor da Fundação de Assistência ao Menor (Funabem). Em todos esses campos, os testes psicológicos destacavam-se como a ferramenta privilegiada para a atua- ção do novo profissional. No entanto, ainda neste perío- do da década 1940, se por um lado a Psicologia ainda estava se consti- tuindo enquanto disciplina científi- ca e prática profissional autônoma, por outro, surgiam as primeiras as-
  • 19. 19 Conselho Federal de Psicologia Jornal do Federal - agosto 2015 Orientação e ética Processos éticos PROCESSO ÉTICO-PROFISSIONAL CFP Nº 1966/2014 - ORIGEM: CRP-06 (031/2011): EMENTA – Irregularidade em avaliação psicológica para obtenção de CNH. DECISÃO CRP: Censura pública DECISÃO CFP: Censura pública DATA DO JULGAMENTO: 27/03/2015 PRESIDENTE DA SESSÃO: Mariza Monteiro Borges RELATOR: Madge Porto Cruz PROCESSO ÉTICO-PROFISSIONAL CFP Nº 2064/2014 - ORIGEM: CRP-16 (001/2006): EMENTA – Irregularidade em avaliação psicológica em concurso público. DECISÃO CRP: Advertência e multa (5 anuidades) DECISÃO CFP: Advertência e multa (5 anuidades) DATA DO JULGAMENTO: 27/03/2015 PRESIDENTE DA SESSÃO: Mariza Monteiro Borges RELATOR: Meire Viana PROCESSO ÉTICO-PROFISSIONAL CFP Nº 2196/2014 - ORIGEM CRP-08 (018/2013): EMENTA – Laudo mal elaborado. DECISÃO CRP: Arquivamento DECISÃO CFP: Instauração de Processo Ético Disciplinar DATADOJULGAMENTO: 27/03/2015 PRESIDENTE DA SESSÃO: Mariza Monteiro Borges RELATOR: Maria da Graça Jacques PROCESSO ÉTICO-PROFISSIONAL CFP Nº 2184/2014 - ORIGEM CRP-03 (003/2013): EMENTA – Quebra de sigilo em laudo psicológico DECISÃO CRP: Advertência DECISÃO CFP: Advertência DATA DO JULGAMENTO: 27/03/2015 PRESIDENTE DA SESSÃO: Mariza Monteiro Borges RELATOR: Rogério de Oliveira PROCESSO ÉTICO-PROFISSIONAL CFP Nº 2211/2014 - ORIGEM CRP-06 (022/2011): EMENTA – Laudo mal elaborado DECISÃO CRP: Advertência; DECISÃO CFP: Advertência DATA DO JULGAMENTO: 27/03/2015 PRESIDENTE DA SESSÃO: Mariza Monteiro Borges RELATOR: Vera Morselli PROCESSO ÉTICO-PROFISSIONAL CFP Nº 1965/2014 - ORIGEM CRP-05 (021/2011): EMENTA – O psicólogo teria ofendido o paciente durante o atendimento. DECISÃO CRP: Arquivamento DECISÃO CFP: Arquivamento DATA DO JULGAMENTO: 27/03/2015 PRESIDENTE DA SESSÃO: Mariza Monteiro Borges RELATOR: Vera Morselli PROCESSO ÉTICO-PROFISSIONAL CFP Nº 2607/2014 - ORIGEM CRP-07 (012/2010): EMENTA – Laudo psicológico sem fundamentação técnica e científica. DECISÃO CRP: Advertência DECISÃO CFP: Advertência DATA DO JULGAMENTO: 24/04/2015 PRESIDENTE DA SESSÃO: Mariza Monteiro Borges RELATOR: Roberto Cruz PROCESSO ÉTICO-PROFISSIONAL CFP Nº 2424/2014 - ORIGEM CRP-06 (039/2011): EMENTA – A psicóloga, na condição de diretora de fundação que atende crianças e adolescentes, teria sido conivente com maus tratos e tratamento degradante aos menores atendidos. DECISÃO CRP: Cassação DECISÃO CFP: Arquivamento DATA DO JULGAMENTO: 24/04/2015 PRESIDENTE DA SESSÃO: Mariza Monteiro Borges RELATOR: João Alchieri PROCESSO ÉTICO-PROFISSIONAL CFP Nº 2374/2014 - ORIGEM CRP-07 (012/2013): EMENTA – Laudo psicológico parcial e tendencioso. DECISÃO CRP: Arquivamento DECISÃO CFP: Instauração de Processo Ético Disciplinar DATA DO JULGAMENTO: 24/04/2015 PRESIDENTE DA SESSÃO: Mariza Monteiro Borges RELATOR: Meire Viana PROCESSO ÉTICO-PROFISSIONAL CFP Nº 2550/2014 - ORIGEM CRP-04 (014/2009): EMENTA – Laudo psicológico parcial, tendencioso e prejudicial. DECISÃO CRP: Censura Pública DECISÃO CFP: Censura Pública DATA DO JULGAMENTO: 24/04/2015 PRESIDENTE DA SESSÃO: Mariza Monteiro Borges RELATOR: João Baptista PROCESSO ÉTICO-PROFISSIONAL CFP Nº 2245/2014 - ORIGEM CRP-06 (028/2011): EMENTA – A psicóloga teria retido laudo psicológico da criança atendida. DECISÃO CRP: Advertência DECISÃO CFP: Arquivamento DATA DO JULGAMENTO: 24/04/2015 PRESIDENTE DA SESSÃO: Mariza Monteiro Borges RELATOR: João Baptista PROCESSO ÉTICO-PROFISSIONAL CFP Nº 126/2015 - ORIGEM CRP-12 (359/2013): EMENTA – O psicólogo teria facilitado exercício ilegal da profissão. DECISÃO CRP: Advertência DECISÃO CFP: Arquivamento DATA DO JULGAMENTO: 24/04/2015 PRESIDENTE DA SESSÃO: Mariza Monteiro Borges RELATOR: Vera Morselli PROCESSO ÉTICO-PROFISSIONAL CFP Nº 66/2015 - ORIGEM CRP-06 (57/2012): EMENTA – Laudo psicológico sem fundamentação técnica e científica. DECISÃO CRP: Censura Pública DECISÃO CFP: Censura Pública DATA DO JULGAMENTO: 22/05/2015 PRESIDENTE DA SESSÃO: Mariza Monteiro Borges RELATOR: Maria da Graça Jacques PROCESSO ÉTICO-PROFISSIONAL CFP Nº 64/2015 - ORIGEM CRP-11 (86/2012): EMENTA – A psicóloga teria perturbado a ordem dos trabalhos na organização em que era empregada, prejudicando terceiros. DECISÃO CRP: Advertência DECISÃO CFP: Advertência DATA DO JULGAMENTO: 22/05/2015 PRESIDENTE DA SESSÃO: Mariza Monteiro Borges RELATOR: Dorotéa de Cristo PROCESSO ÉTICO-PROFISSIONAL CFP Nº 173/2015 - ORIGEM CRP-03 (05/2013): EMENTA – Laudo psicológico tendencioso inviabilizando a adoção de criança pelo casal paciente. DECISÃO CRP: Advertência DECISÃO CFP: Advertência DATA DO JULGAMENTO: 22/05/2015 PRESIDENTE DA SESSÃO: Mariza Monteiro Borges RELATOR: Rogério de Oliveira PROCESSO ÉTICO-PROFISSIONAL CFP Nº 152/2015 - ORIGEM CRP-08 (015/2013): EMENTA – Laudo psicológico parcial. DECISÃO CRP: Arquivamento DECISÃO CFP: Arquivamento DATA DO JULGAMENTO: 22/05/2015 PRESIDENTE DA SESSÃO: Mariza Monteiro Borges RELATOR: Maria da Graça Jacques PROCESSO ÉTICO-PROFISSIONAL CFP Nº 160/2015 - ORIGEM CRP-06 (083/2012): EMENTA – Laudo psicológico inverídico. DECISÃO CRP: Arquivamento DECISÃO CFP: Arquivamento DATA DO JULGAMENTO: 22/05/2015 PRESIDENTE DA SESSÃO: Mariza Monteiro Borges RELATOR: Eliandro Rômulo Araújo PROCESSO ÉTICO-PROFISSIONAL CFP Nº 1522/2014 - ORIGEM CRP-08 (028/2011): EMENTA – A psicóloga teria afirmado pela internet que atua como psicóloga cristã e que, nesta condição, presta atendimentos psicológicos a homossexuais que querem assumir a sua heterossexualidade. DECISÃO CRP: Cassação DECISÃO CFP: Censura pública DATA DO JULGAMENTO: 22/05/2015 PRESIDENTE DA SESSÃO: Mariza Monteiro Borges RELATOR: Roberto Cruz