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A descoberta de que a Terra possui um
campo magnético próprio ocorreu em 1600 por um
cientista chamado William Gilbert. Ele chegou a
conclusão de que a Terra se comportava como um
grande imã. O estudo do campo magnético da Terra
(ou geomagnético) sempre foi de grande
importância histórica, tanto para a orientação nas
navegações quanto para um melhor conhecimento
sobre o planeta Terra. Nos dias atuais há muita
pesquisa sendo desenvolvida sobre
geomagnetismo. Alguns tópicos ainda estão em
plena discussão, como por exemplo, os processos
que originam este campo magnético e as suas
consequências para a Terra. Neste curso
discutiremos desde os tópicos fundamentais até as
questões mais complexas que atualmente estão
sendo estudadas.
Como o campo magnético é uma grandeza
vetorial, com intensidade e direção, podemos
medi-lo por seus componentes (Figura 1): norte
(X), leste (Y), vertical (Z) e por seus ângulos de
declinação magnética (D) e inclinação magnética
(I). A componente horizontal do campo é
representada por H e a intensidade total por F (ou
por B). A componente horizontal (H) aponta para o
norte magnético. A declinação magnética é o
ângulo entre o norte magnético e o geográfico.
A intensidade do campo magnético é
medida em uma unidade chamada Tesla. O campo
geomagnético é expresso em nano-tesla (nT) que é
igual a 10-9
tesla. A intensidade do campo na
superfície da Terra é da ordem de 70.000 nT
próximo aos pólos e cerca da metade deste valor
próximo ao equador (Figura 2). Mas há uma região
da Terra onde o campo é mais fraco e essa área é
chamada de Anomalia Magnética do Atlântico Sul
(AMAS). Grande parte da AMAS está localizada no
Brasil e será um tópico de importante discussão no
decorrer deste curso.
O campo magnético observado é resultado
da contribuição de diferentes fontes: o campo do
núcleo, o campo externo, campo induzido e o
campo crustal. Os campos do núcleo, crustal e
induzido serão abordados em detalhes no módulo
2, já o campo externo será descrito no módulo 3.
Entretanto, para uma visão geral do campo
geomagnético, explicamos as principais
características em seguida.
MÓDULO 1.1: A TERRA É MAGNÉTICA
Figura 1: Componentes do campo geomagnético: “X” é a
componente norte, “Y” é a componente leste e “Z” a vertical.
O ângulo “D” é a declinação magnética: desvio da bússola
em relação ao norte geográfico e a inclinação “I” é o ângulo
entre a componente horizontal (“H”) e o campo total (“F”).
Figura 2: Mapa do campo magnético em 2005 calculado
por um modelo internacional de referência do campo
geomagnético (IGRF).
AMAS
2
Campo do núcleo (ou campo principal): o campo
geomagnético gerado no núcleo possui uma
geometria aproximadamente dipolar. Este campo
corresponde a cerca de 90% do campo observado,
por isso o campo do núcleo também é chamado de
principal. Esse campo dipolar funciona como um
“escudo protetor” para as partículas que vêm do
Sol e de raios cósmicos que se propagam na
direção do nosso planeta.
O termo dipolar significa dois pólos, norte e
sul, como por exemplo, em um imã. As LINHAS DE
FORÇA DO CAMPO MAGNÉTICO em um imã saem
do pólo norte para o pólo sul (Figura 3).
Entretanto esta convenção do imã não é
adotada pelos geofísicos no caso da Terra. Note
que em nosso planeta atualmente as linhas de
força saem do sul geográfico para o norte
geográfico (Figura 4). Entretanto, os geofísicos
consideram os pólos magnéticos de acordo com os
pólos geográficos. Por isso, a configuração atual do
campo magnético indica que o pólo sul magnético
está próximo ao pólo sul geográfico e vice-versa
(Figura 4). Essa associação não é permanente, já
que devido às reversões do campo, os pólos
invertem o sentido.
Mas você imagina como é o interior da
Terra? O interior da Terra possui quatro camadas
principais: a crosta, o manto, o núcleo externo e o
núcleo interno (Figura 5). Cada camada possui
características específicas de composição, pressão e
temperatura.
Figura 3. Linhas de força do campo magnético de um
imã.
As LINHAS DE FORÇA DO CAMPO MAGNÉTICO
descrevem a estrutura do campo magnético. A
agulha da bússola aponta ao longo de uma
linha de campo. Quanto mais próximas as
linhas de campo, maior será a intensidade do
mesmo (como nos pólos magnéticos da Terra
ou de um imã). Já as linhas de campo afastadas
representam campos magnéticos mais fracos.
Figura 4: Representação atual do campo dipolar da Terra,
mostrando as linhas do campo magnético, os pólos
magnéticos e geográficos.
Figura 5: Principais camadas da Terra: crosta, manto e
núcleo (interno e externo).
3
A crosta possui espessuras diferentes nos
continentes e nos oceanos: poucas dezenas de
quilômetros nos continentes e menos do que dez
quilômetros nos oceanos. Abaixo da crosta, existe o
manto que atinge uma profundidade de
aproximadamente 2891 quilômetros. O núcleo
externo é a única camada liquida da Terra e atinge
uma profundidade de 5150 quilômetros. Já o
núcleo interno é sólido e se estende até 6371 km
(raio da Terra).
Mas como sabemos sobre a existência
destas camadas e das divisões entre elas? Para
responder esta pergunta consulte o:
Entretanto, na realidade, não há um imã no
núcleo terrestre. O que existe é fluido composto
principalmente de ferro (Fe) e níquel (Ni) com uma
alta CONDUTIVIDADE ELÉTRICA (σ = 5x105
S/m).
Este fluido está em constante movimento na
presença de um campo magnético pré-existente.
Consequentemente, o fluido induz correntes
elétricas que ampliam o campo magnético.
Campo Externo: é gerado pelo VENTO SOLAR ao
atingir a magnetosfera terrestre, que é a região em
volta da Terra onde o campo magnético está
confinado. A parte da magnetosfera voltada para o
Sol é comprimida pelo vento solar e atinge 10 Raios
da Terra (Re=6371km). Já a parte oposta ao Sol, fica
alongada e é chamada de cauda magnética,
atingindo 60 Re (Figura 6). Outra região onde o
campo externo é produzido é chamada de
ionosfera e estende-se de 60 km até 1500 km. A
ionosfera é dividida em camadas com espessuras e
ionizações diferentes.
Campo Crustal: é gerado pelas rochas magnéticas
que existem na camada mais superficial da Terra. A
primeira observação da existência do campo
magnético da Terra ocorreu devido à propriedade
de atração de uma rocha magnética, o imã natural.
O campo magnético antigo é registrado por rochas,
Figura 6: Esquema mostrando o efeito do vento solar no
campo magnético da Terra. A magnetosfera é a região de
existência do campo geomagnético.
Terra
Magnetosfera
A CONDUTIVIDADE ELÉTRICA mede a
capacidade de um material conduzir uma
corrente elétrica. É normalmente representado
pela letra grega sigma (σ) e sua unidade é
Siemens/metro (S/m). Metais, por exemplo,
possuem uma alta condutividade elétrica e por
isso são chamados de condutores. Alguns
exemplos da condutividade elétrica de
materiais encontram-se abaixo (para uma
temperatura de 20ºC):
SAIBA MAIS SOBRE SISMOLOGIA
O VENTO SOLAR é composto por partículas
energizadas e ionizadas, basicamente elétrons
e prótons que fluem do Sol para todas as
direções. O vento solar é originado na camada
mais externa do Sol, chamada corona. A sua
velocidade é de aproximadamente 400 km/s,
mas pode chegar até 800 km/s.
4
que contém minerais magnéticos. Estes minerais
funcionam como pequenos imãs e orientam-se de
acordo com o campo magnético natural naquela
época em que as rochas foram formadas. Este tipo
de magnetização é chamada de permanente.
Quando medimos o campo magnético em
um determinado local, a influência de todas as
fontes está contida no registro. A Figura 7 mostra a
localização dessas diferentes fontes. Não há uma
forma automática de se separar o campo do núcleo
do campo externo no momento em que estamos
fazendo medições. Isso é feito posteriormente
usando métodos matemáticos.
As primeiras observações do campo
geomagnético mostraram que o campo magnético
da Terra não é estático, mas varia no tempo em
uma ampla escala temporal: de milissegundos até
milhões de anos. A Figura 8 mostra um registro da
declinação magnética na China do ano de 720 até
1829.
De modo geral, podemos dividir a variação
temporal do campo geomagnético em duas faixas:
as variações mais longas, de milhões de anos a
dezenas de anos, são geradas pelo núcleo e as
variações de mais curto período, como as
tempestades magnéticas, são geradas pelo campo
externo.
São as rochas magnéticas que registram as
variações paleomagnéticas, na escala de milhões
de anos. Um fato bem conhecido é que o campo
magnético reverteu sua polaridade muitas vezes no
tempo geológico. No presente, o dipolo magnético
aponta do hemisfério sul para o hemisfério norte
(veja Figura 4), mas no passado essa direção já foi
invertida muitas vezes.
Já as mudanças do campo magnético na
escala de centenas de anos são chamadas de
variação secular. Desde o início das observações
contínuas do campo geomagnético, a cerca de 170
anos atrás, a intensidade do campo magnético
global vem decaindo em uma taxa de 6% em 100
anos. Entretanto, o decréscimo da intensidade do
campo não é igual em todas as regiões do globo;
especialmente na região da AMAS esta diminuição
está ocorrendo mais rapidamente. Outra
característica interessante da variação secular é o
deslocamento do campo para oeste. Assista o vídeo
BfS.mov e note que a AMAS estava na África por
volta de 1600 e se deslocou para a direção do
Brasil, onde encontra-se atualmente.
Existem outras variações temporais mais
curtas devido à atividade solar, que vão de dezenas
de anos até milissegundos. Por exemplo, há
Figura 8: Declinação magnética registrada na China.
Figura 7: Esquema mostrando as diferentes fontes do
campo magnético da Terra.
5
variações no decorrer de 1 dia (chamada variação
diurna). Quando a atividade solar não está muito
ativa, o dia é chamado de “dia geomagneticamente
calmo” ou Sq (do inglês: “Solar-quiet”). Já quando a
atividade solar encontra-se muito ativa, ocorrem
tempestades magnéticas, que duram horas.
Durante tempestades magnéticas, podem
ocorrer problemas em satélites, sistemas de
navegação e rádio-comunicação. Estes distúrbios
ocorrem mais frequentemente nas áreas onde a
intensidade do campo é mais fraca (AMAS), ou seja,
onde o “escudo protetor” da Terra (campo
principal) é mais fraco. Todos estes tópicos serão
abordados em detalhes nos próximos módulos do
curso.
Referências Bibliográficas
Merril, R. T.; McElhinny, M. W.; McFadden, P. L.
(1996). The Magnetic Field of the Earth-
Paleomagnetism, the core, and the deep mantle.
Academic Press.
Olsen, N; Hulot , G.; Sabaka, T.J. (2010). Measuring
the Earth’s Magnetic Field from Space: Concepts
of Past, Present and Future Missions. Space Sci
Rev. 155: 65–93, DOI 10.1007/s11214-010-9676-5.
Pawar, S. D.; Murugavel, P.; Lal, D. M. (2009). Effect
of relative humidity and sea level pressure on
electrical conductivity of air over Indian Ocean.
Journal of Geophysical Research 114: D02205.
Raymond Jeanloz (1990). The nature of the Earth´s
core. Annu. Rev. Earth Planet. Sci., 18:357-86.
Serway, Raymond A. (1998). Principles of Physics
(2nd ed.). Fort Worth, Texas; London: Saunders
College Pub. p. 602.
Fontes das Figuras
Figura 1: Modificado do livro “The Magnetic Field
of the Earth- Paleomagnetism, the core, and the
deep mantle” Merril, R. T. et. al. (1996)
Figura 3: Homepage da NASA sobre campos
magnéticos “Magnetic Fields”
http://helios.gsfc.nasa.gov/magfield.html
Figura 4: Homepage da Agência Espacial Européia.
Autor: Peter Reid (2003)
http://sci.esa.int/science-
e/www/object/index.cfm?fobjectid=41209
Figura 5: Homepage sobre as camadas da Terra
“Into the dephts of the Earth”
http://sprg.ssl.berkeley.edu/~ateste/AlexandraTest
e/Earth_layers.html
Figura 6: Homepage da NASA
http://sohowww.nascom.nasa.gov/gallery/images/
magfield.html
Figura 7: Artigo científico
N. Olsen · G. Hulot · T.J. Sabaka (2010).
Figura 8: Homepage sobre paleomagnetismo
Autora: Lisa Tauxe
http://magician.ucsd.edu/essentials/WebBookch14
.html#WebBookse89.html

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Estrutura e Dinâmica da Geosfera
 

O Campo Magnético da Terra: Origem e Características

  • 1. 1 A descoberta de que a Terra possui um campo magnético próprio ocorreu em 1600 por um cientista chamado William Gilbert. Ele chegou a conclusão de que a Terra se comportava como um grande imã. O estudo do campo magnético da Terra (ou geomagnético) sempre foi de grande importância histórica, tanto para a orientação nas navegações quanto para um melhor conhecimento sobre o planeta Terra. Nos dias atuais há muita pesquisa sendo desenvolvida sobre geomagnetismo. Alguns tópicos ainda estão em plena discussão, como por exemplo, os processos que originam este campo magnético e as suas consequências para a Terra. Neste curso discutiremos desde os tópicos fundamentais até as questões mais complexas que atualmente estão sendo estudadas. Como o campo magnético é uma grandeza vetorial, com intensidade e direção, podemos medi-lo por seus componentes (Figura 1): norte (X), leste (Y), vertical (Z) e por seus ângulos de declinação magnética (D) e inclinação magnética (I). A componente horizontal do campo é representada por H e a intensidade total por F (ou por B). A componente horizontal (H) aponta para o norte magnético. A declinação magnética é o ângulo entre o norte magnético e o geográfico. A intensidade do campo magnético é medida em uma unidade chamada Tesla. O campo geomagnético é expresso em nano-tesla (nT) que é igual a 10-9 tesla. A intensidade do campo na superfície da Terra é da ordem de 70.000 nT próximo aos pólos e cerca da metade deste valor próximo ao equador (Figura 2). Mas há uma região da Terra onde o campo é mais fraco e essa área é chamada de Anomalia Magnética do Atlântico Sul (AMAS). Grande parte da AMAS está localizada no Brasil e será um tópico de importante discussão no decorrer deste curso. O campo magnético observado é resultado da contribuição de diferentes fontes: o campo do núcleo, o campo externo, campo induzido e o campo crustal. Os campos do núcleo, crustal e induzido serão abordados em detalhes no módulo 2, já o campo externo será descrito no módulo 3. Entretanto, para uma visão geral do campo geomagnético, explicamos as principais características em seguida. MÓDULO 1.1: A TERRA É MAGNÉTICA Figura 1: Componentes do campo geomagnético: “X” é a componente norte, “Y” é a componente leste e “Z” a vertical. O ângulo “D” é a declinação magnética: desvio da bússola em relação ao norte geográfico e a inclinação “I” é o ângulo entre a componente horizontal (“H”) e o campo total (“F”). Figura 2: Mapa do campo magnético em 2005 calculado por um modelo internacional de referência do campo geomagnético (IGRF). AMAS
  • 2. 2 Campo do núcleo (ou campo principal): o campo geomagnético gerado no núcleo possui uma geometria aproximadamente dipolar. Este campo corresponde a cerca de 90% do campo observado, por isso o campo do núcleo também é chamado de principal. Esse campo dipolar funciona como um “escudo protetor” para as partículas que vêm do Sol e de raios cósmicos que se propagam na direção do nosso planeta. O termo dipolar significa dois pólos, norte e sul, como por exemplo, em um imã. As LINHAS DE FORÇA DO CAMPO MAGNÉTICO em um imã saem do pólo norte para o pólo sul (Figura 3). Entretanto esta convenção do imã não é adotada pelos geofísicos no caso da Terra. Note que em nosso planeta atualmente as linhas de força saem do sul geográfico para o norte geográfico (Figura 4). Entretanto, os geofísicos consideram os pólos magnéticos de acordo com os pólos geográficos. Por isso, a configuração atual do campo magnético indica que o pólo sul magnético está próximo ao pólo sul geográfico e vice-versa (Figura 4). Essa associação não é permanente, já que devido às reversões do campo, os pólos invertem o sentido. Mas você imagina como é o interior da Terra? O interior da Terra possui quatro camadas principais: a crosta, o manto, o núcleo externo e o núcleo interno (Figura 5). Cada camada possui características específicas de composição, pressão e temperatura. Figura 3. Linhas de força do campo magnético de um imã. As LINHAS DE FORÇA DO CAMPO MAGNÉTICO descrevem a estrutura do campo magnético. A agulha da bússola aponta ao longo de uma linha de campo. Quanto mais próximas as linhas de campo, maior será a intensidade do mesmo (como nos pólos magnéticos da Terra ou de um imã). Já as linhas de campo afastadas representam campos magnéticos mais fracos. Figura 4: Representação atual do campo dipolar da Terra, mostrando as linhas do campo magnético, os pólos magnéticos e geográficos. Figura 5: Principais camadas da Terra: crosta, manto e núcleo (interno e externo).
  • 3. 3 A crosta possui espessuras diferentes nos continentes e nos oceanos: poucas dezenas de quilômetros nos continentes e menos do que dez quilômetros nos oceanos. Abaixo da crosta, existe o manto que atinge uma profundidade de aproximadamente 2891 quilômetros. O núcleo externo é a única camada liquida da Terra e atinge uma profundidade de 5150 quilômetros. Já o núcleo interno é sólido e se estende até 6371 km (raio da Terra). Mas como sabemos sobre a existência destas camadas e das divisões entre elas? Para responder esta pergunta consulte o: Entretanto, na realidade, não há um imã no núcleo terrestre. O que existe é fluido composto principalmente de ferro (Fe) e níquel (Ni) com uma alta CONDUTIVIDADE ELÉTRICA (σ = 5x105 S/m). Este fluido está em constante movimento na presença de um campo magnético pré-existente. Consequentemente, o fluido induz correntes elétricas que ampliam o campo magnético. Campo Externo: é gerado pelo VENTO SOLAR ao atingir a magnetosfera terrestre, que é a região em volta da Terra onde o campo magnético está confinado. A parte da magnetosfera voltada para o Sol é comprimida pelo vento solar e atinge 10 Raios da Terra (Re=6371km). Já a parte oposta ao Sol, fica alongada e é chamada de cauda magnética, atingindo 60 Re (Figura 6). Outra região onde o campo externo é produzido é chamada de ionosfera e estende-se de 60 km até 1500 km. A ionosfera é dividida em camadas com espessuras e ionizações diferentes. Campo Crustal: é gerado pelas rochas magnéticas que existem na camada mais superficial da Terra. A primeira observação da existência do campo magnético da Terra ocorreu devido à propriedade de atração de uma rocha magnética, o imã natural. O campo magnético antigo é registrado por rochas, Figura 6: Esquema mostrando o efeito do vento solar no campo magnético da Terra. A magnetosfera é a região de existência do campo geomagnético. Terra Magnetosfera A CONDUTIVIDADE ELÉTRICA mede a capacidade de um material conduzir uma corrente elétrica. É normalmente representado pela letra grega sigma (σ) e sua unidade é Siemens/metro (S/m). Metais, por exemplo, possuem uma alta condutividade elétrica e por isso são chamados de condutores. Alguns exemplos da condutividade elétrica de materiais encontram-se abaixo (para uma temperatura de 20ºC): SAIBA MAIS SOBRE SISMOLOGIA O VENTO SOLAR é composto por partículas energizadas e ionizadas, basicamente elétrons e prótons que fluem do Sol para todas as direções. O vento solar é originado na camada mais externa do Sol, chamada corona. A sua velocidade é de aproximadamente 400 km/s, mas pode chegar até 800 km/s.
  • 4. 4 que contém minerais magnéticos. Estes minerais funcionam como pequenos imãs e orientam-se de acordo com o campo magnético natural naquela época em que as rochas foram formadas. Este tipo de magnetização é chamada de permanente. Quando medimos o campo magnético em um determinado local, a influência de todas as fontes está contida no registro. A Figura 7 mostra a localização dessas diferentes fontes. Não há uma forma automática de se separar o campo do núcleo do campo externo no momento em que estamos fazendo medições. Isso é feito posteriormente usando métodos matemáticos. As primeiras observações do campo geomagnético mostraram que o campo magnético da Terra não é estático, mas varia no tempo em uma ampla escala temporal: de milissegundos até milhões de anos. A Figura 8 mostra um registro da declinação magnética na China do ano de 720 até 1829. De modo geral, podemos dividir a variação temporal do campo geomagnético em duas faixas: as variações mais longas, de milhões de anos a dezenas de anos, são geradas pelo núcleo e as variações de mais curto período, como as tempestades magnéticas, são geradas pelo campo externo. São as rochas magnéticas que registram as variações paleomagnéticas, na escala de milhões de anos. Um fato bem conhecido é que o campo magnético reverteu sua polaridade muitas vezes no tempo geológico. No presente, o dipolo magnético aponta do hemisfério sul para o hemisfério norte (veja Figura 4), mas no passado essa direção já foi invertida muitas vezes. Já as mudanças do campo magnético na escala de centenas de anos são chamadas de variação secular. Desde o início das observações contínuas do campo geomagnético, a cerca de 170 anos atrás, a intensidade do campo magnético global vem decaindo em uma taxa de 6% em 100 anos. Entretanto, o decréscimo da intensidade do campo não é igual em todas as regiões do globo; especialmente na região da AMAS esta diminuição está ocorrendo mais rapidamente. Outra característica interessante da variação secular é o deslocamento do campo para oeste. Assista o vídeo BfS.mov e note que a AMAS estava na África por volta de 1600 e se deslocou para a direção do Brasil, onde encontra-se atualmente. Existem outras variações temporais mais curtas devido à atividade solar, que vão de dezenas de anos até milissegundos. Por exemplo, há Figura 8: Declinação magnética registrada na China. Figura 7: Esquema mostrando as diferentes fontes do campo magnético da Terra.
  • 5. 5 variações no decorrer de 1 dia (chamada variação diurna). Quando a atividade solar não está muito ativa, o dia é chamado de “dia geomagneticamente calmo” ou Sq (do inglês: “Solar-quiet”). Já quando a atividade solar encontra-se muito ativa, ocorrem tempestades magnéticas, que duram horas. Durante tempestades magnéticas, podem ocorrer problemas em satélites, sistemas de navegação e rádio-comunicação. Estes distúrbios ocorrem mais frequentemente nas áreas onde a intensidade do campo é mais fraca (AMAS), ou seja, onde o “escudo protetor” da Terra (campo principal) é mais fraco. Todos estes tópicos serão abordados em detalhes nos próximos módulos do curso. Referências Bibliográficas Merril, R. T.; McElhinny, M. W.; McFadden, P. L. (1996). The Magnetic Field of the Earth- Paleomagnetism, the core, and the deep mantle. Academic Press. Olsen, N; Hulot , G.; Sabaka, T.J. (2010). Measuring the Earth’s Magnetic Field from Space: Concepts of Past, Present and Future Missions. Space Sci Rev. 155: 65–93, DOI 10.1007/s11214-010-9676-5. Pawar, S. D.; Murugavel, P.; Lal, D. M. (2009). Effect of relative humidity and sea level pressure on electrical conductivity of air over Indian Ocean. Journal of Geophysical Research 114: D02205. Raymond Jeanloz (1990). The nature of the Earth´s core. Annu. Rev. Earth Planet. Sci., 18:357-86. Serway, Raymond A. (1998). Principles of Physics (2nd ed.). Fort Worth, Texas; London: Saunders College Pub. p. 602. Fontes das Figuras Figura 1: Modificado do livro “The Magnetic Field of the Earth- Paleomagnetism, the core, and the deep mantle” Merril, R. T. et. al. (1996) Figura 3: Homepage da NASA sobre campos magnéticos “Magnetic Fields” http://helios.gsfc.nasa.gov/magfield.html Figura 4: Homepage da Agência Espacial Européia. Autor: Peter Reid (2003) http://sci.esa.int/science- e/www/object/index.cfm?fobjectid=41209 Figura 5: Homepage sobre as camadas da Terra “Into the dephts of the Earth” http://sprg.ssl.berkeley.edu/~ateste/AlexandraTest e/Earth_layers.html Figura 6: Homepage da NASA http://sohowww.nascom.nasa.gov/gallery/images/ magfield.html Figura 7: Artigo científico N. Olsen · G. Hulot · T.J. Sabaka (2010). Figura 8: Homepage sobre paleomagnetismo Autora: Lisa Tauxe http://magician.ucsd.edu/essentials/WebBookch14 .html#WebBookse89.html