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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ
CENTRO DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOGRAFIA
MESTRADO ACADÊMICO EM GEOGRAFIA
FILIPE MACIEL DE MOURA
ANÁLISE GEOESPACIAL DE DADOS MULTIESPECTRAIS NO ESTUDO
TEMPORAL DA LINHA DE COSTA DA PRAIA DE PARAJURU, CEARÁ-
NORDESTE DO BRASIL
FORTALEZA-CEARÁ
2018
FILIPE MACIEL DE MOURA
ANÁLISE GEOESPACIAL DE DADOS MULTIESPECTRAIS NO ESTUDO TEMPORAL
DA LINHA DE COSTA DA PRAIA DE PARAJURU, CEARÁ-NORDESTE DO BRASIL
Dissertação de Mestrado apresentada ao curso de
Mestrado Acadêmico em Geografia do Programa de
Pós-Graduação em Geografia do Centro de Ciências
e Tecnologia da Universidade Estadual do Ceará,
como requisito parcial à obtenção do título de mestre
em Geografia. Área de Concentração: Análise
Geoambiental e Ordenação do Território nas
Regiões Semiáridas e Litorâneas.
Orientador: Prof. Dr. Fábio Perdigão Vasconcelos
Coorientadora: Profª. Dra. Adryane Gorayeb
FORTALEZA-CEARÁ
2018
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação
Universidade Estadual do Ceará
Sistema de Bibliotecas
Moura, Filipe Maciel de.
Análise geoespacial de dados multiespectrais no
estudo temporal da linha de costa da praia de
Parajuru, Ceará-Nordeste do Brasil [recurso
eletrônico] / Filipe Maciel de Moura. - 2017.
1 CD-ROM: il.; 4 ¾ pol.
CD-ROM contendo o arquivo no formato PDF do
trabalho acadêmico com 178 folhas, acondicionado em
caixa de DVD Slim (19 x 14 cm x 7 mm).
Dissertação (mestrado acadêmico) - Universidade
Estadual do Ceará, Centro de Ciências e Tecnologia,
Programa de Pós-Graduação em Geografia, Fortaleza,
2017.
Área de concentração: Geografia.
Orientação: Prof. Dr. Fábio Perdigão Vasconcelos.
Coorientação: Prof.ª Ph.D. Adryane Gorayeb.
1. Sensoriamento Remoto. 2. Digital Shoreline
Analysis System. 3. Método do Polígono de Mudança. 4.
Linha de Costa. 5. Spit Arenoso. I. Título.
AGRADECIMENTOS
Agradeço à Ciência, por me proporcionar o contanto com a imensidão de teorias e
conceituações que a compõem, e, acima disso, demonstrar que ser intelectual não é apenas se
julgar superior, mas reconhecer que ainda se tem muito a aprender e que a caminhada em
busca do conhecimento é longa e espinhosa, sendo o ser coletivo muito mais importante que o
individual, e, acima de tudo isso, por ensinar a reprimir o meu eu preconceituoso.
Á minha família, por todo amor e apoio para comigo.
Agradeço, especialmente, à Gabriela, minha esposa, companheira, amor e amiga, que esteve e
está sempre ao meu lado, apoiando-me e auxiliando nas decisões tomadas.
Agradeço a meu irmão, Maciel de Moura, pelo incessante auxílio durante todo o
desenvolvimento deste trabalho, sem o qual este sonho não seria possível.
A meu orientador, professor Fábio Perdigão, por me receber tão bem no laboratório,
auxiliando-me assiduamente no desenvolvimento desta investigação.
Gostaria de agradecer imensamente à minha coorientadora, professora Dra. Adryane Gorayeb,
pela orientação, apoio e incentivo, não só durante a realização desta pesquisa, mas no dia a dia
acadêmico, como coordenadora do Laboratório de Geoprocessamento da Universidade
Federal do Ceará (Labocart - UFC). A você, professora, toda minha gratidão pela amizade,
confiança, paciência e pelo incentivo.
Tenho gratidão especial e imensurável à professora Claudia Maria Magalhães Grangeiro, que
me acolheu e me conduziu, abrindo horizontes e perspectivas ao longo do desenvolvimento
deste trabalho, sempre me aconselhando com dedicação e uma educação que jamais verei
outra vez, sem desmerecer os demais profissionais. A dor de sua partida será sentida para
sempre, mas, acima disso, o sentimento de gratidão pela sua generosidade e respeito para com
os outros será sempre lembrado, querida professora Claudia.
Aos meus amigos, que, apesar da distância, estão sempre no meu pensamento.
Ao CNPq, pelo financiamento desta pesquisa.
Aos demais familiares, amigos e pessoas que conheci e convivi e que me ajudaram, direta ou
indiretamente, na realização deste trabalho.
.
“...os comunistas não se rebaixam a ocultar suas
opiniões e os seus propósitos. Declaram abertamente
que os seus objetivos só poderão ser alcançados pela
derrubada violenta de toda ordem social existente.
Que as classes dominantes tremam à idéia de uma
revolução comunista. Nela, os proletários nada tem a
perder a não ser suas prisões, tem um mundo a
ganhar. Proletários de todos os países, uni-vos!...”
(Karl Marx)
“...nada melhor seria, supostamente, se cada um, ao
praticar uma legítima especialização, cultivar
laboriosamente seu jardim, se esforçar o quanto
menos em seguir a obra do vizinho. Mas os muros
são tão altos que tapam a vista. Todavia, quantas
sugestões preciosas sobre métodos e interpretações
dos fatos, quantas aquisições culturais, quanto
progresso na intuição nasceriam em diversos grupos,
de intercâmbios intelectuais mais frequentes! O
porvir da história .... é a esse preço, e também a justa
inteligência dos fatos que a manhã serão história.
Pretendemos nos levantar contra estas terríveis
cismas...”
(Lucien Paul Victor Febvre)
RESUMO
Os estudos quali-quantitativos das variações morfológicas da linha de costa são parâmetros
largamente adotados na determinação de ciclos erosivos ou progradacionais, constituindo-se
um dado essencial na gestão, mitigação e prevenção de riscos na zona costeira. A aplicação
da análise geoespacial em dados multiespectrais, vislumbrando o conhecimento dessas
variações morfológicas, tem sido intensamente aplicada, uma vez que essa possibilita a
adoção de uma escala temporal passada, presente e a projeção de cenários futuros. Com base
nessas premissas, o objetivo desta dissertação é realizar a análise da evolução da linha de
costa de um sistema costeiro arenoso, a partir da aplicação dos métodos Change Polygon
(Polígono de mudança) e Digital Shoreline Analysis System (DSAS). Os materiais e métodos
consistiram na utilização de dados da série Landsat 2, 5 e 8, delimitados temporalmente entre
1979 e 2016, compreendendo um horizonte de dados de 38 anos. Esses dados foram
submetidos a técnicas de sensoriamento remoto no software ArcGis® versão 10.0, para
determinação da evolução da linha de costa. A área de estudo está localizada na região de
Parajuru, no município de Beberibe, estado do Ceará, Nordeste do Brasil. Trata-se de um
sistema costeiro arenoso que compreende três diferentes subsistemas: spit arenoso, praia
arenosa abrigada e praia arenosa exposta. Foram identificados trechos de erosão e acresção
sedimentar para os diferentes períodos analisados. Para o setor 1 de face praial exposta, que
compreende o spit arenoso, com o DSAS constatou-se, para o período chuvoso, uma taxa de
variação média de -11,59 (m/ano). Para o período seco, a taxa de variação média foi da ordem
de -9,22 (m/ano). Com o método polígono de mudança, no período chuvoso, obteve-se uma
taxa de variação média da ordem de 0,01 m e, no período seco, 0,02 m. Para o setor 2 de face
praial abrigada, com o DSAS constatou-se, no período chuvoso, uma taxa de variação média
de -4,24 (m/ano). Para o período seco, a taxa de variação média foi da ordem de -2,90
(m/ano). Com o método polígono de mudança, no período chuvoso, obteve-se uma taxa de
variação média da ordem de 0,0010 m e, no período seco, 0,015 m. Por fim, para o setor 3 de
face praial exposta, com o DSAS constatou-se, para o período chuvoso, uma taxa de variação
média de -0,68 (m/ano). Para o período seco, a taxa de variação média foi da ordem de -5,59
(m/ano). Com o método polígono de mudança, no período chuvoso, obteve-se uma taxa de
variação média da ordem de 0,0012 m e, no período seco, 0,027m. Constatou-se a
predominância das tendências erosivas, as quais provavelmente estão relacionadas a
intervenções antrópicas, como barragens e estruturas físicas para carcinicultura ao longo do
leito fluvial do rio Pirangi, diminuindo o aporte de sedimentação continental, além de eventos
naturais, como as ondas de alta energia.
Palavras-chave: Sensoriamento Remoto. Digital Shoreline Analysis System. Método do
Polígono de Mudança. Linha de Costa. Spit Arenoso.
ABSTRACT
Qualitative studies from the morphological variations of the coastline are widely adopted in
the determination of erosive or progradational cycles, constituting an essential element in the
management, mitigation, and prevention of risks in the coastal zone. The application of the
geospatial analysis in multispectral data, glimpsing the knowledge of these morphological
variations, has been intensely applied since it allows an adoption of a past, present, and future
scenario’s scale. Based on these premises, this dissertation’s aim is to perform an analysis on
the coastline development of a sandy coastal system stemming from the application of the
change polygon method and the Digital Shoreline Analysis System (DSAS). The materials
and methods consist on the use of Landsat 2.5 and 8 data, delimited temporally between 1979
and 2016, comprising a data horizon of 38 years. These data were submitted to remote sensing
techniques, without ArcGis® software version 10.0, to determine the evolution of the
coastline. The study area is located in the region of Parajuru, in the city of Beberibe, state of
Ceará, Northeast from Brazil. It is a sandy coastal system that comprises three different
subsystems: sandy spit, sheltered sandy beach, and exposed sandy beach. Erosion and
sediment accretion sections were identified into the different analyzed periods. To the sector 1
of exposed beach face, which includes the sandy spit with the DSAS, a change average rate of
-11.59 (m/ year) was observed for the rainy season. To the dry period the change average rate
was from the order of -9.22 (m / year). With the change polygon method, in the rainy season,
it was obtained a variation average rate from the order of 0.01 m, and in the dry period 0.02
m. To sector 2 of the sheltered coastal area with the DSAS, a change average rate of -4.24 (m
/ year) was observed in the rainy season. To the dry period the change average rate was from
the order of -2.90 (m / year). With the change polygon method in the rainy season, it was
obtained a change average rate from the order of 0.0010 m, and in the dry period 0.015 m.
Finally, the area 3 of the beach face, exposed with the DSAS, the change average rate was of -
0.68 (m / year) to the rainy season. To the dry period the change average rate was from the
order of -5, 59 (m/ year). With the change polygon method in the rainy season, it was
obtained a change average rate from the order of 0.0012 m, and in the dry period 0.027m. It
was verified the predominance of erosive tendencies, which are probably related to anthropic
interventions, such as dams and physical structures for shrimp farming along the river bed of
the Pirangi River, reducing the contribution of continental sedimentation, as well as natural
events such as high waves energy.
Keywords: Coastline. Change Polygon Method. Digital Shoreline Analysis System. Remote
Sensing. Sandy Spit.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Componentes primários da morfodinâmica........................................... 27
Figura 2 - Representação do fenômeno de refração de ondas................................ 29
Figura 3 - Representação do fenômeno de difração de ondas................................ 29
Figura 4 - Correntes longitudinais e correntes de retorno..................................... 31
Figura 5 - Disposição perpendicular e comportamento sazonal de um perfil
praial.......................................................................................................... 34
Figura 6 - Delimitação da linha de costa (em vermelho)......................................... 37
Figura 7 - Divisão das escalas temporal e espacial na evolução costeira............... 38
Figura 8 - Ciclos de evolução costeira a partir da relação entre demanda e
oferta de sedimento................................................................................... 39
Figura 9 - Fatores atuantes na variação temporal da linha de costa..................... 40
Figura 10 - Reprodução esquemática de uma célula sedimentar............................. 41
Figura 11 - Setor de face praial abrigada na área da praia de Parajuru................ 42
Figura 12 - Setor de face praial exposta na área do spit arenoso............................. 43
Figura 13 - Setor de face praial exposta na área da praia de Parajuru.................. 43
Figura 14 - Variação da linha de costa a partir do End Point Rate......................... 51
Figura 15 - Variação da linha de costa a partir do Shoreline Change Envelope.... 52
Figura 16 - Variação da linha de costa a partir do Net Shoreline Movement........ 52
Figura 17 - Etapas do método Change Polygon......................................................... 55
Figura 18 - Representação espacial da TVLC........................................................... 56
Figura 19 - Diagrama de fluxo das etapas de análise dos dados matriciais............ 64
Figura 20 - Zonas morfológicas da faixa de praia..................................................... 85
Figura 21 - Afloramento de paleomangue na zona de estirâncio da face praial
abrigada..................................................................................................... 86
Figura 22 - Afloramento de paleomangue na zona de estirâncio da face praial
exposta....................................................................................................... 86
Figura 23 - Ciclos morfodinâmicos associados ao spit arenoso................................ 88
Figura 24 - Dunas fixas presentes na praia de Parajuru.......................................... 89
Figura 25 - Dunas móveis presentes na praia de Parajuru....................................... 89
Figura 26 - Disposição dos corredores de deflação eólica e rebdous na praia de
Parajuru..................................................................................................... 90
Figura 27 - Disposição da planície flúviomarinha do rio Pirangi............................ 91
Figura 28 - Disposição das dunas móveis na margem direita da planície
flúviomarinha do rio Pirangi................................................................... 91
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Dados descritivos dos setores de determinação da evolução costeira.. 21
Tabela 2 - Ondas quanto à tipologia de arrebentação............................................. 28
Tabela 3 - Trabalhos aplicados à linha de costa no contexto da região Nordeste. 49
Tabela 4 - Dados de entrada para teste da TVLC................................................... 56
Tabela 5 - Dados multiespectrais aplicados na análise multitemporal.................. 59
Tabela 6 - Principais produções bibliográficas que tratam da área de estudo..... 62
Tabela 7 - Valores médios mensais e anuais da estação Jaguaruana..................... 68
Tabela 8 - Balanço hidroclimatológico normal....................................................... 71
Tabela 9 - Estatística das precipitações (níveis mensal e anual)............................. 73
Tabela 10 - Chave de classificação numérica dos totais precipitados...................... 77
Tabela 11 - Anos padrões para o posto Aracati (1960 – 2016)................................. 79
Tabela 12 - Dados de entrada para análise da linha de costa no DSAS – Setor 1.. 100
Tabela 13 - Balanço estatístico interdecadal - Setor 1............................................... 101
Tabela 14 - Resumo estatístico interdecadal para o Setor 1 – período chuvoso..... 102
Tabela 15 - Estatísticas do DSAS no período chuvoso para o Setor 1 (1979 –
2016)........................................................................................................... 103
Tabela 16 - Resumo estatístico interdecadal para o Setor 1 – período seco............ 109
Tabela 17 - Estatísticas do DSAS no período seco para o Setor 1 (1979 – 2016).... 110
Tabela 18 - Dados de entrada para análise da linha de costa no DSAS – Setor 2.. 115
Tabela 19 - Balanço estatístico interdecadal - Setor 2............................................... 116
Tabela 20 - Resumo estatístico interdecadal para o setor 2 – período chuvoso...... 117
Tabela 21 - Estatísticas do DSAS no período chuvoso para o Setor 2 (1979 –
2016)........................................................................................................... 119
Tabela 22 - Resumo estatístico interdecadal para o setor 2 – período seco............. 125
Tabela 23 - Estatísticas do DSAS no período seco para o Setor 2 (1979 – 2016).... 126
Tabela 24 - Dados de entrada para análise da linha de costa no DSAS - Setor 3... 132
Tabela 25 - Balanço estatístico interdecadal - Setor 3............................................... 134
Tabela 26 - Resumo estatístico interdecadal para o Setor 3 – período chuvoso..... 135
Tabela 27 - Estatísticas do DSAS no período chuvoso para o Setor 3 (1979 –
2016)........................................................................................................... 136
Tabela 28 - Resumo estatístico interdecadal para o Setor 3 – período seco............ 143
Tabela 29 - Estatísticas do DSAS no período seco para o Setor 3 (1979 – 2016).... 144
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1 - Distribuição da série pluviométrica na escala mensal (1988 - 2016).... 61
Gráfico 2 - Distribuição dos valores máximos, médios e mínimos da série
pluviométrica (1988 - 2016)...................................................................... 61
Gráfico 3 - Variação anual de temperatura média, máxima e mínima da estação
Jaguaruana................................................................................................ 68
Gráfico 4 - Relação dos valores médios, mínimos e máximos das variáveis
precipitação e temperatura...................................................................... 69
Gráfico 5 - Relação dos valores médios das variáveis evaporação e precipitação. 70
Gráfico 6 - Relação dos valores médios das variáveis umidade relativa e
temperatura............................................................................................... 70
Gráfico 7 - Extrato do balanço hídrico mensal......................................................... 72
Gráfico 8 - Balanço hidroclimatológico normal....................................................... 72
Gráfico 9 - Deficiência, excedente, retirada e reposição hídrica ao longo do ano.. 73
Gráfico 10 - Precipitações médias mensais - posto Aracati - (1960 - 2016)............... 74
Gráfico 11 - Precipitações totais anuais em relação à média da série 1960 - 2016... 75
Gráfico 12 - Distribuição pluviométrica e representatividade percentual da
quadra chuvosa - posto Aracati - (1960 - 2016)..................................... 76
Gráfico 13 - Estatística descritiva da normal climatológica (1960 - 2016)................ 78
Gráfico 14 - Classificação dos anos padrões (1960 - 2016)......................................... 78
Gráfico 15 - Variação espacial do comprimento da linha de costa - Setor 1............ 102
Gráfico 16 - Distribuição da taxa de variação interdecadal (m/ano) no período
chuvoso para o Setor 1 – EPR................................................................. 104
Gráfico 17 - Taxa de regressão linear interdecadal da linha de costa (m/ano) no
período chuvoso para o Setor 1 – LRR................................................... 105
Gráfico 18 - Distribuição do Recuo (-) e Avanço (+) interdecadal da linha de
costa (m) no período chuvoso para o Setor 1 – NSM............................. 106
Gráfico 19 - Movimentação interdecadal da linha de costa (m) no período
chuvoso para o Setor 1 – SCE.................................................................. 106
Gráfico 20 - Distribuição da taxa de variação interdecadal (m/ano) no período
seco para o Setor 1 – EPR........................................................................ 111
Gráfico 21 - Taxa de regressão linear interdecadal da linha de costa (m/ano) no
período seco para o Setor 1 – LRR.......................................................... 111
Gráfico 22 - Distribuição do Recuo (-) e Avanço (+) interdecadal da linha de
costa (m) no período seco para o Setor 1 – NSM................................... 113
Gráfico 23 - Movimentação interdecadal da linha de costa (m) no período seco
para o Setor 1 – SCE................................................................................ 113
Gráfico 24 - Variação espacial do comprimento da linha de costa - Setor 2............ 117
Gráfico 25 - Distribuição da taxa de variação interdecadal (m/ano) no período
chuvoso para o Setor 2 – EPR................................................................. 120
Gráfico 26 - Taxa de regressão linear interdecadal da linha de costa (m/ano) no
período chuvoso para o Setor 2 – LRR................................................... 121
Gráfico 27 - Distribuição do Recuo (-) e Avanço (+) interdecadal da linha de
costa (m) no período chuvoso para o Setor 2 – NSM............................. 123
Gráfico 28 - Movimentação interdecadal da linha de costa (m) no período
chuvoso para o Setor 2 – SCE.................................................................. 123
Gráfico 29 - Distribuição da taxa de variação interdecadal (m/ano) no período
seco para o Setor 2 – EPR........................................................................ 127
Gráfico 30 - Taxa de regressão linear interdecadal da linha de costa (m/ano) no
período seco para o Setor 2 – LRR.......................................................... 128
Gráfico 31 - Distribuição do Recuo (-) e Avanço (+) interdecadal da linha de
costa (m) no período seco para o Setor 2 – NSM................................... 130
Gráfico 32 - Movimentação interdecadal da linha de costa (m) no período seco
para o Setor 2 – SCE................................................................................ 130
Gráfico 33- Variação espacial do comprimento da linha de costa - Setor 3............ 135
Gráfico 34 - Distribuição da taxa de variação interdecadal (m/ano) no período
chuvoso para o Setor 3 – EPR................................................................. 138
Gráfico 35 - Taxa de regressão linear interdecadal da linha de costa (m/ano) no
período chuvoso para o Setor 3 – LRR................................................... 140
Gráfico 36 - Distribuição do Recuo (-) e Avanço (+) interdecadal da linha de
costa (m) no período chuvoso para o Setor 3 – NSM............................. 141
Gráfico 37 - Movimentação interdecadal da linha de costa (m) no período
chuvoso para o Setor 3 – SCE.................................................................. 141
Gráfico 38 - Distribuição da taxa de variação interdecadal (m/ano) no período
chuvoso para o Setor 3 – EPR................................................................. 146
Gráfico 39 - Taxa de regressão linear interdecadal da linha de costa (m/ano) no
período chuvoso para o Setor 3 – LRR................................................... 146
Gráfico 40 - Distribuição do Recuo (-) e Avanço (+) interdecadal da linha de
costa (m) no período seco para o Setor 3 – NSM................................... 148
Gráfico 41 - Movimentação interdecadal da linha de costa (m) no período seco
para o Setor 3 – SCE................................................................................ 148
Gráfico 42 - Relação acresção e erosão (m²) no período chuvoso para o Setor 1..... 150
Gráfico 43 - Taxa de variação da linha de costa (m) no período chuvoso para o
Setor 1........................................................................................................ 151
Gráfico 44 - Relação acresção e erosão (m²) no período seco para o Setor 1............ 153
Gráfico 45 - Taxa de variação da linha de costa (m) no período seco para o Setor
1.................................................................................................................. 154
Gráfico 46 - Relação acresção e erosão (m²) no período chuvoso para o Setor 2..... 156
Gráfico 47 - Taxa de variação da linha de costa (m) no período chuvoso para o
Setor 2........................................................................................................ 157
Gráfico 48 - Relação acresção e erosão (m²) no período seco para o Setor 2............ 159
Gráfico 49 - Taxa de variação da linha de costa (m) no período seco para o Setor
2.................................................................................................................. 160
Gráfico 50 - Relação acresção e erosão (m²) no período chuvoso para o Setor 3..... 162
Gráfico 51 - Taxa de variação da linha de costa (m) no período chuvoso para o
Setor 3........................................................................................................ 163
Gráfico 52 - Relação acresção e erosão (m²) no período seco para o Setor 3............ 165
Gráfico 53 - Taxa de variação da linha de costa (m) no período seco para o Setor
3.................................................................................................................. 166
LISTA DE MAPAS
Mapa 1 - Localização da área de estudo................................................................. 21
Mapa 2 - Carta-imagem dos setores de determinação da evolução costeira....... 22
Mapa 3 - Sistemas locais de regulação dos processos morfogenéticos................. 26
Mapa 4 - Caracterização hidrológica da região da praia de Parajuru................ 81
Mapa 5 - Unidades litoestratigráficas..................................................................... 83
Mapa 6 - Unidades geomorfológicas........................................................................ 84
Mapa 7 - Elevações do terreno na região de Parajuru.......................................... 93
Mapa 8 - Declividades do terreno na região de Parajuru..................................... 94
Mapa 9 - Processo de difração de ondas característico na praia de Parajuru.... 98
Mapa 10 - Disposição espacial dos transectos de aplicação do DSAS para o
Setor 1........................................................................................................ 101
Mapa 11 - Variação da linha de costa (m/ano) – no período chuvoso para o
Setor 1........................................................................................................ 106
Mapa 12 - Variação total da linha de costa (m) – no período chuvoso para o
Setor 1........................................................................................................ 108
Mapa 13 - Variação da linha de costa (m/ano) – no período seco para o Setor 1. 112
Mapa 14 - Variação total da linha de costa (m) – no período seco para o Setor
1.................................................................................................................. 142
Mapa 15 - Disposição espacial dos transectos de aplicação do DSAS para o
Setor 2........................................................................................................ 116
Mapa 16 - Variação da linha de costa (m/ano) – no período chuvoso para o
Setor 2........................................................................................................ 122
Mapa 17 - Variação total da linha de costa (m) – no período chuvoso para o
Setor 2........................................................................................................ 124
Mapa 18 - Variação da linha de costa (m/ano) – no período seco para o Setor 2. 129
Mapa 19 - Variação total da linha de costa (m) – no período seco para o Setor
2.................................................................................................................. 131
Mapa 20 - Disposição espacial dos transectos de aplicação do DSAS para o
Setor 3........................................................................................................ 133
Mapa 21 - Variação da linha de costa (m/ano) – no período chuvoso para o
Setor 3........................................................................................................ 140
Mapa 22 - Variação total da linha de costa (m) – no período chuvoso para o
Setor 3........................................................................................................ 142
Mapa 23 - Variação da linha de costa (m/ano) – no período chuvoso para o
Setor 3........................................................................................................ 147
Mapa 24 - Variação total da linha de costa (m) – no período seco para o Setor
3.................................................................................................................. 149
Mapa 25 - Variação da linha de costa (m) – no período chuvoso para o Setor
1.................................................................................................................. 152
Mapa 26 - Variação da linha de costa (m) – no período seco para o Setor
1.................................................................................................................. 155
Mapa 27 - D Variação da linha de costa (m) – no período chuvoso para o Setor
2.................................................................................................................. 158
Mapa 28 - Variação da linha de costa (m) – no período seco para o Setor 2......... 161
Mapa 29 - Variação da linha de costa (m) – no período chuvoso para o Setor 3.. 164
Mapa 30 - Variação da linha de costa (m) – no período seco para o Setor 3......... 167
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ANA Agência Nacional das Águas
COGERH Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos
CPRM Serviço Geológico do Brasil
CPTEC Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos
DNIT Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes
ERTS Earth Resources Technology Satellite
ETM Enhanced Thematic Mapper Plus
FUNCEME Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos
IBAMA Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
INMET Instituto Nacional de Meteorologia
INPE Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais
IPECE Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará
MDT Modelo Digital de Terreno
SEMACE Superintendência Estadual do Meio Ambiente do Ceará
SR Sensoriamento Remoto
TM Thematic Mapper
TST Temperatura de Superfície Terrestre
UECE Universidade Estadual do Ceará
UFC Universidade Federal do Ceará
USGS U.S. Geological Survey
UTM Universal Transversa de Mercator
VCAN Vórtice Ciclônico de Altos Níveis
ZCIT Zona de Convergência Intertropical
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO............................................................................................. 19
1.1 LOCALIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO................................................... 24
1.2 OBJETIVOS.................................................................................................... 24
1.2.1 Geral............................................................................................................... 24
1.2.2 Específicos...................................................................................................... 24
1.3 ORGANIZAÇÃO DOS CAPÍTULOS............................................................
24
2 BASES CONCEITUAIS NO ESCOPO DAS ANÁLISES DOS
AMBIENTES COSTEIROS......................................................................... 25
2.1 DINÂMICA DO LITORAL E PROCESSOS ATUANTES........................... 25
2.1.1 Ondas.............................................................................................................. 27
2.1.2 Marés.............................................................................................................. 29
2.1.3 Correntes litorâneas...................................................................................... 30
2.1.4 Ventos............................................................................................................. 31
2.2 PLANÍCIE LITORÂNEA E MORFOLOGIA DO AMBIENTE PRAIAL.... 32
2.3 LINHA DE COSTA........................................................................................ 34
2.4 CICLOS RETROGRADANTES E PROGRADANTES DA LINHA DE
COSTA............................................................................................................ 37
2.5 CLASSIFICAÇÃO DAS FACES PRAIAIS A PARTIR DO GRAU DE
EXPOSIÇÃO À AÇÃO DAS ONDAS........................................................... 42
2.6 MORFOLOGIAS ASSOCIADAS ÀS BARREIRAS COSTEIRAS.............. 44
2.6.1 Spits arenosos................................................................................................. 44
2.6.2 Ilhas barreira................................................................................................. 46
2.7 MÉTODOS DE ANÁLISES DA VARIAÇÃO DA LINHA DE COSTA...... 47
2.7.1 Digital Shoreline Analysis System (DSAS).................................................. 49
2.7.2 Change Polygon (polígono de mudança)..................................................... 54
3 PROCEDIMENTOS TÉCNICO-OPERACIONAIS................................. 57
3.1 DADOS GEOCARTOGRÁFICOS................................................................. 57
3.1.1 Dados vetoriais............................................................................................... 57
3.1.2 Dados matriciais............................................................................................ 58
3.1.3 Dados alfanuméricos..................................................................................... 60
3.2 DADOS BIBLIOGRÁFICOS......................................................................... 61
3.3 SOFTWARES UTILIZADOS......................................................................... 62
3.4 METODOLOGIAS PARA ANÁLISE DA VARIAÇÃO TEMPORAL DA
LINHA DE COSTA........................................................................................ 63
3.4.1 Análise de dados matriciais.......................................................................... 63
3.4.2 Compartimentação da área monitorada e delimitação da linha de
costa................................................................................................................ 65
3.4.3 Digital Shoreline Analysis System (DSAS).................................................. 65
3.4.4 Change Polygon (Polígono de mudança)..................................................... 66
4 ASPECTOS FISIOGRÁFICOS DA ÁREA DE ESTUDO........................ 66
4.1 ASPECTOS HIDROCLIMÁTICOS E HIDROLÓGICOS............................. 66
4.1.1 Variáveis climáticas....................................................................................... 67
4.1.2 Balanço hídrico.............................................................................................. 70
4.1.3 Comportamento pluviométrico.................................................................... 73
4.1.4 Hidrologia....................................................................................................... 80
4.2 QUADRO GEOLÓGICO-GEOMORFOLÓGICO......................................... 82
5 DINÂMICA COSTEIRA ASSOCIADA ÀS VARIAÇÕES
MORFOLÓGICAS DA LINHA DE COSTA DA PRAIA DE
PARAJURU................................................................................................... 95
6 APLICAÇÃO DO MÉTODO DIGITAL SHORELINE ANALYSIS
SYSTEM (DSAS) NA ANÁLISE MULTITEMPORAL EM ESCALA
INTERDECADAL DA LINHA DE COSTA (1979 - 2016)....................... 99
6.1 VARIAÇÕES MORFOLÓGICAS EM ESCALA INTERDECADAL DA
FACE PRAIAL EXPOSTA (SETOR 1 - TRECHO SPIT ARENOSO)......... 100
6.1.1 Escala Interdecadal - Período Chuvoso (1979 - 2016) - Setor 1................ 102
6.1.2 Escala Interdecadal - Período Seco (1979 – 2016) – Setor 1...................... 109
6.2 VARIAÇÕES MORFOLÓGICAS EM ESCALA INTERDECADAL DA
FACE PRAIAL ABRIGADA (SETOR 2 - TRECHO PRAIA DE
PARAJURU)................................................................................................... 115
6.2.1 Escala Interdecadal - Período Chuvoso (1979 – 2016) – Setor 2............... 117
6.2.2 Escala Interdecadal - Período Seco (1979 – 2016) – Setor 2...................... 125
6.3 VARIAÇÕES MORFOLÓGICAS EM ESCALA INTERDECADAL DA
FACE PRAIAL EXPOSTA (SETOR 3 - TRECHO PRAIA DE
PARAJURU)................................................................................................... 132
6.3.1 Escala Interdecadal - Período Chuvoso (1979 – 2016) – Setor 3............... 135
6.3.2 Escala Interdecadal - Período Seco (1979 – 2016) – Setor 3...................... 143
7 APLICAÇÃO DO METODO DO POLÍGONO DE MUDANÇA
(CHANGE POLYGON) NA ANÁLISE MULTITEMPORAL EM
ESCALA INTERDECADAL DA LINHA DE COSTA (1979 –
2016)................................................................................................................ 150
7.1 VARIAÇÕES MORFOLÓGICAS EM ESCALA INTERDECADAL DA
FACE PRAIAL EXPOSTA (SETOR 1 - TRECHO SPIT ARENOSO)......... 150
7.2 VARIAÇÕES MORFOLÓGICAS EM ESCALA INTERDECADAL DA
FACE PRAIAL ABRIGADA (SETOR 2 - TRECHO PRAIA DE
PARAJURU)................................................................................................... 156
7.3 VARIAÇÕES MORFOLÓGICAS EM ESCALA INTERDECADAL DA
FACE PRAIAL EXPOSTA (SETOR 3 - TRECHO PRAIA DE
PARAJURU)................................................................................................... 162
8 CONSIDERAÇÕES FINAIS....................................................................... 168
REFERÊNCIAS........................................................................................... 171
19
1 INTRODUÇÃO
Os ambientes litorâneos e as alterações morfológicas a eles associados vêm sendo
investigados pelas ciências da terra com diferentes objetivos, dentre os quais se destacam o
conhecimento e a mensuração do comportamento morfológico do ponto de vista espacial e
temporal. Cabe ressaltar que a maioria desses estudos está vinculada a ações direcionadas à
gestão, visando à mitigação e à prevenção de riscos costeiros.
Nas áreas costeiras onde há forte urbanização, ou nas que estão em processo de franca
expansão, o entendimento da dinâmica litorânea se apresenta como fundamental, uma vez
que, nas últimas décadas, inúmeros processos ligados a eventos de alta energia, como as
ressacas do mar, associadas a ondas do tipo swell, têm causado variações bruscas nas
morfologias costeiras e também a destruição de ambientes naturais e estruturas construídas na
orla, conforme Paula e Dias (2015). Além dos prejuízos ambientais e econômicos, há fortes
impactos sociais ocasionados em função dessas bruscas alterações na morfologia de áreas
costeiras, principalmente das comunidades tradicionais ligadas à pesca e/ou que estão
estabelecidas no litoral. As discussões acerca dessa temática vêm se intensificando tanto no
cenário nacional (PAULA et al., 2013; 2016; MUEHE, 2005; 2006), como no cenário
internacional (MATIAS et al., 2009; 2010).
Desse modo, torna-se urgente a necessidade do melhor conhecimento do
comportamento morfológico/sedimentar do ambiente costeiro, incluindo a variação desse
comportamento no espaço e no tempo. Esse conhecimento permite o entendimento qualitativo
e quantitativo da evolução dos ambientes costeiros, sendo possível melhor compreender seu
funcionamento, além de possibilitar a projeção de cenários futuros, indispensáveis a uma
melhor gestão do litoral.
No que diz respeito à analise dos estágios passado, atual e futuro, vários métodos
podem ser utilizados, tais como: datação de amostras sedimentares e a correlação espacial de
sua disposição ao longo do litoral, realização de perfis topográficos transversais à linha de
costa, entre outros. Além desses, a análise temporal da linha de costa, através das técnicas da
análise geoespacial, vem sendo amplamente debatida na literatura científica por inúmeros
autores, como Mclaughlin et al., (2002) e Tessler e Goya (2005), e tem sido cada vez mais
utilizada nos estudos acerca da dinâmica e evolução costeira e das variações morfológicas
associadas.
A dinâmica costeira é condicionada pelo balanço entre os processos de erosão e
deposição, resultantes da ação diferenciada de inúmeros fatores de ordem natural (ondas,
20
marés, correntes e regime de ventos), além dos fatores de ordem antropogênica, que atuam de
forma direta ou indireta, acentuando tais processos, como no caso da erosão costeira.
A movimentação da linha de costa está relacionada a diversos fatores, destacando-se a
atuação das ondas e das correntes marinhas. No caso da atuação das ondas, a movimentação
ocorre principalmente pela incidência frontal no perfil praial, originando o transporte
transversal. A ação combinada de ondas e marés pode potencializar os episódios erosivos
ocorridos na linha de costa, conforme Tessler & Goya (2005), originando eventos extremos,
por exemplo, através da sobreelevação de ondas com maior poder destrutivo.
Na atuação das correntes marinhas longitudinais ou de deriva litorânea, que no Ceará
tem orientação geral de leste para oeste, há o transporte longitudinal de sedimentos ao longo
do perfil praial. A partir dessa dinâmica, há a formação e o remodelamento de uma série de
feições geomorfológicas, cujas características podem fornecer importantes registros da
evolução do litoral.
O litoral cearense apresenta, em sua vasta extensão, os traços dessa dinâmica
evolutiva, seja nas unidades morfológicas atuais (praias, dunas, corredores de deflação eólica,
falésias), seja nos paleoambientes (paleomangues, paleodunas, terraços fluviais e marinhos).
Considerando-se, portanto, a importância dos estudos acerca da evolução costeira e
das variações morfológicas associadas e com o intuito de aplicar as ferramentas inseridas nas
geotecnologias para dimensionar as variações da linha de costa, tomou-se como área de
estudo o setor costeiro situado na localidade de Parajuru, no município de Beberibe, Litoral
Leste do Estado do Ceará.
A escolha da área de estudo foi fundamentada em três fatores principais. O primeiro
baseia-se na existência de um sistema de spit arenoso bem desenvolvido, que está associado à
linha de costa e desembocadura fluvial, e cuja localização influencia diretamente a dinâmica
deposicional costeira. O segundo baseia-se na intensificação de eventos de alta energia, como
o overwash, que tem acentuado a ação dos processos erosivos. E, por fim, a carência de
estudos específicos acerca da análise geoespacial no estudo temporal da linha de costa nesse
trecho do litoral cearense.
1.1 LOCALIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO
A praia de Parajuru está situada na margem direita da desembocadura do rio Pirangi.
Esse curso fluvial tem sua nascente localizada no município de Quixadá, estado do Ceará. De
21
acordo com COGERH (2001), a bacia desse leito fluvial apresenta uma área de 4374,1 km² e
perímetro de 360 km, com largura média variando de 35 km, no alto e médio curso, a 55 km,
no baixo curso. O acesso à área de estudo, a partir da capital do estado, é feito através da CE-
040 (Mapa 1).
Foram definidos três setores para aplicação dos métodos de determinação da evolução
costeira, com base em critérios geomorfológicos, (11.922,90 m²). O primeiro setor
corresponde à área do spit (3.886,98 m²), localizado na desembocadura do rio Pirangi. O
segundo setor corresponde ao trecho abrigado da linha de costa, à retaguarda do referido spit,
(1.494,39 m²), enquanto que o terceiro setor corresponde ao trecho exposto da linha de costa,
situado a oeste do referido spit, (6.541,53 m²), conforme apresentado na Tabela 1 e nos Mapas
1 e 2.
Tabela 1 - Dados descritivos dos setores de determinação da evolução costeira
Discretização dos Setores de Análise da Linha de Costa
Setor Face Trecho Vértices
Coordenadas (SIRGAS - 2000)
Área (m²)
Latitude Longitude
1 Exposta
Spit
Arenoso
1.1 4° 22' 50.341" S 37° 50' 57.154" W
3.886,98
1.2 4° 22' 31.291" S 37° 50' 43.021" W
1.3 4° 23' 52.658" S 37° 48' 16.876" W
1.4 4° 24' 14.286" S 37° 48' 28.856" W
2 Abrigada
Praia de
Parajuru
2.1 4° 22' 59.658" S 37° 51' 4.177" W
1.494,39
2.2 4° 22' 50.341" S 37° 50' 57.154" W
2.3 4° 23' 58.172" S 37° 48' 58.106" W
2.4 4° 24' 8.036" S 37° 49' 3.712" W
3 Exposta
3.1 4° 20' 38.272" S 37° 54' 35.029" W
6.541,53
3.2 4° 20' 16.512" S 37° 54' 19.245" W
3.3 4° 22' 43.426" S 37° 50' 51.942" W
3.4 4° 23' 5.158" S 37° 51' 8.322" W
Fonte: Elaborado pelo autor.
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!.
ARACATI
BEBERIBE
FORTIM
Pontal
do Maceió
Praia de Parajuru
Paripueira
Barra
Guajiru
Rio
Pirangi
Rio
Jaguaribe
La. dos
Cavalos
La.
Negra
La. do
Umari La. Xarabiçu
La. do
Tapuio
La. Olho
D'Água
La.
Arataca
La. do
Campestre
Riacho das
Umburanas
Riacho
do Lôlo
Córrego do
Campestre
Córrego
do Camará
Córrego da
Amarela
Córrego
do Félix
Córrego da
Floresta
Córrego
Ezequiel
37°46'0"W
37°46'0"W
37°50'15"W
37°50'15"W
37°54'30"W
37°54'30"W
37°58'45"W
37°58'45"W
38°3'0"W
38°3'0"W
4°21'45"S
4°21'45"S
4°26'0"S
4°26'0"S
Oceano
Atlântico /
Legenda
Limites Municipais
Área de Estudo
!. Localidades Costeiras
!A Parque Eólico
Recursos Hídricos
Corpos D'água
Rio
Riacho
Córrego
Mapa 1 - Localização da área de estudo
0 2 4 6 81
km
Sistema de Projeção Universal Transversa de Mercator Sistemas de
Coordenadas Geográficas
Datum Horizontal: SIRGAS 2000
Meridiano de Referência: 36° 45' W. Gr.
Paralelo de Referência: -6°
PI
CE
RN
37°0'0"W
38°0'0"W
38°0'0"W
39°0'0"W
39°0'0"W
40°0'0"W
40°0'0"W
41°0'0"W
41°0'0"W
3°0'0"S
4°0'0"S5°0'0"S
±Oceano
Atlêntico
0 5025
km
Oeste Fortaleza Leste
Praia de
Parajuru
Bases Cartográficas
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (2010) - 1:250.000
COGERH - Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos do Ceará (2008) - 1:100.000
Demais Municipios BeberibeAmérica do Sul
Região
Nordeste
Ceará
Demais
Estados
47°24'0"W
47°24'0"W
69°30'0"W
69°30'0"W
1°36'0"S
1°36'0"S
23°42'0"S
23°42'0"S
±Oceano
Atlântico
OceanoPacífico
0 750 1,500375 km
AQUIRAZ
ARACATI
CASCAVEL
CHOROZINHO
FORTIM
HORIZONTE
ITAIÇABA
MORADA
NOVA
OCARA
PACAJUS
PALHANO
PINDORETAMA
RUSSAS
BEBERIBE
37°51'40"W
37°51'40"W
38°6'0"W
38°6'0"W
38°20'20"W
38°20'20"W
4°14'20"S
4°14'20"S
4°28'40"S
4°28'40"S
0 10 205
km
±Oceano
Atlântico
22
Fonte: Elaborado pelo autor, com base em dados Landsat (2016), IBGE (2010) e COGERH (2008).
#
#
# #
##2
1
3 4
56
37°48'45"W
37°48'45"W
37°50'50"W
37°50'50"W
37°52'55"W
37°52'55"W
37°55'0"W
4°20'25"S
4°24'35"S
37°55'0"W
4°22'30"S
4°22'30"S4°20'25"S
4°24'35"S
/
Setor 3 - Face Praial Exposta/ Trecho
Praia de Parajuru
Setor 1 - Face Praial Exposta/ Trecho
Spit Arenoso
Setor 2 - Face Praial Abrigada/ Trecho
Praia de Parajuru0 1 2 30.5
km
321
4 5 6
Latitude Longitude
4° 21' 38.181" S 37° 52' 52.492" W
Latitude Longitude
4° 22' 0.878" S 37° 52' 20.529" W
Latitude Longitude
4° 23' 15.164" S 37° 50' 22.825" W
Latitude Longitude
4° 23' 16.540" S 37° 49' 52.739" W
Sistema de Projeção Universal Transversa de Mercator
Sistemas de Coordenadas Geográficas
Datum Horizontal: SIRGAS 2000
Meridiano de Referência: 36° 45' W. Gr.
Paralelo de Referência: -6°
Latitude Longitude
4° 23' 4.077" S 37° 50' 44.813" W
Latitude Longitude
4° 22' 46.747" S 37° 50' 46.241" W
Mapa 2 - Carta-imagem dos setores de determinação da evolução costeira 23
Fonte: Elaborado pelo autor, com base em dados Landsat (2016) e fotos de arquivo pessoal
24
1.2 OBJETIVOS
1.2.1 Geral
Compreender a evolução da linha de costa da praia de Parajuru, em
Beberibe/Ceará – Nordeste do Brasil, utilizando técnicas de análise geoespacial, através das
ferramentas Digital Shoreline Analysis System (DSAS) e Change Polygon (Polígono de
Mudança), baseadas no sensoriamento remoto.
1.2.2 Específicos
 Estabelecer a evolução da linha de costa dos três setores individualizados para a área
de estudo, no intervalo temporal compreendido entre 1979 e 2016;
 Elaborar mapas espaço-temporais da variação da linha de costa e spit arenoso na
escala interdecadal para os períodos chuvosos e secos nos anos elencados.
 Analisar as respostas numéricas da variação morfológica derivadas das ferramentas
Digital Shoreline Analysis System – DSAS e Change Polygon (Polígono de Mudança);
 Indicar as tendências de erosão e progradação da linha de costa.
1.3 ORGANIZAÇÃO DOS CAPÍTULOS
A dissertação está organizada em 08 capítulos.
No primeiro capítulo é apresentada a introdução, tratando da organização da
dissertação e breve apresentação do enquadramento do tema, localização da área de estudo e
objetivos.
No segundo capítulo é abordado o referencial teórico que fundamentou este
trabalho, sendo apresentados os agentes da dinâmica costeira, compartimentação do ambiente
praial, a partir de critérios morfológicos, definição e classificação de barreiras costeiras e os
conceitos operacionais e estatísticos dos métodos de análise da evolução espaçotemporal do
litoral.
No terceiro capítulo são apresentados os procedimentos técnicos operacionais
ligados à aquisição, manipulação e obtenção de resultados.
No quarto capítulo são apresentados os aspectos fisiográficos da área de estudo.
25
Nos capítulos cinco, seis e sete são apresentados os resultados alcançados. No
oitavo capítulo são apresentadas as considerações finais do trabalho.
2 BASES CONCEITUAIS NO ESCOPO DAS ANÁLISES DOS AMBIENTES
COSTEIROS
Visando alcançar os objetivos propostos, faz-se necessária a apresentação de
modelos conceituais que englobem os temas abordados e das ferramentas utilizadas. No que
concerne aos processos responsáveis pela formação e modelação de diversas morfologias
costeira na área em questão, os processos oceanográficos são mais efetivos, contudo os
agentes fluviais e eólicos também desempenham importante papel como área fonte dos
processos de retroalimentação. Esses agentes e suas formas de atuação serão descritos nos
itens a seguir. Referente às ferramentas e às metodologias, foram empregadas técnicas de
ampla utilização no meio científico.
2.1 DINÂMICA DO LITORAL E PROCESSOS ATUANTES
O ambiente costeiro caracteriza-se pelo grande dinamismo, tanto espacial quanto
temporal, que resulta em grande variedade de feições geomorfológicas e geológicas.
Conforme Rossetti (2008), essa grande variação nas feições advém da complexa
interação de processos deposicionais e erosivos, relacionados com a ação de ondas (tanto
normais, quanto de tempestades tropicais ou tsunamis), marés, correntes litorâneas e ação dos
ventos.
Na região da praia de Parajuru, foi possível identificar três sistemas
reguladores dos processos morfogenéticos, sendo o primeiro sistema representado pelo rio
Pirangi, onde concentram-se os fluxos controlados pelas descargas fluviais. Esse sistema se
enquadra geograficamente no limite final da região de influência das marés e a principal fonte
de material sedimentar é originada pelos processos de desgaste e erosão da Formação
Barreiras, esculpida na forma de tabuleiro costeiro.
O segundo sistema é o flúviomarinho, regulado pelos processos de transporte
fluvial e ações de maré diárias. Como destaca Meireles et al, (2002), nesse sistema, “os
processos morfogênicos interagem com os materiais transportados pela deriva litorânea e
migração de dunas, bem como os sedimentos de fundo de canal e em suspensão”.
26
O terceiro, e mais efetivo na modelagem das formas presentes, está ligado ao
sistema marinho. Nesses sistemas, os processos reguladores são de origem oceanográfica,
dentre eles os fluxos originados pela ação das marés, ondas e deriva litorânea (Mapa 3).
Mapa 3 - Sistemas locais de regulação dos processos morfogenéticos
Fonte: Elaborado pelo autor, com base em USGS (2013) e IBGE (2010).
27
Vinculada aos processos reguladores, dá-se a morfodinâmica da planície litorânea e do
ambiente praial, que está vinculada aos processos compensação entre os fluxos de matéria e
energia. De acordo com Cowell e Thom (1994), “o mecanismo de conexão deflagrador dessa
compensação é o próprio transporte sedimentar através da dinâmica de fluídos responsável
pela erosão-deposição ao longo do tempo” (Figura 1).
Figura 1 - Componentes primários da morfodinâmica
Fonte: Adaptado de (Cowell e Thom, 1994) .
Incluídos nesses componentes primários estão uma série de agentes geradores e
reguladores da morfodinâmica. Optou-se, porém, por detalhar os agentes de cunho
oceanográfico e atmosférico, uma vez que são mais efetivos na área de estudo.
2.1.1 Ondas
Do ponto de vista da dinâmica sedimentar, as ondas desempenham o papel de
importantes agentes de energia, constituindo-se na principal causa de erosão e gerando
diversos tipos de correntes e diferentes padrões de transporte de areia. Desse modo, como
aponta Wright e Short (1984), a dinâmica praial é resultante da “interação das ondas
incidentes, permanentes e aperiódicas e dos fluxos gerados por ondas e marés”.
Conceitualmente, as ondas representam o resultado da transmissão de energia na
superfície aquosa do oceano pela ação dos ventos (KINSMAN, 1984). As ondas passam a
atuar efetivamente na remobilização de material sedimentar nas faces mais rasas, esse
transporte inicia quando a onda se instabiliza e quebra na zona de surfe (THORNBURY,
1979).
Como aponta Young (1999), as ondas podem ser de dois tipos, wind-sea (Sea) e
swell:
 Wind-sea (Sea): originadas a partir da ação dos ventos locais. São muito
irregulares, com diversos períodos (seis a nove segundos) e várias direções;
28
 Swell: se propagam a partir de outras regiões, sendo mais uniformes, com
grandes comprimentos de onda e pequenas amplitudes. Todo conjunto de ondas com períodos
a partir de 10 segundos são consideradas swell.
Após a arrebentação, as ondas transpassam a zona de surf até a face praial, dando
início ao processo denominado espraiamento (swash) e, em seguida, retornam à zona de surf,
processo denominado refluxo (backwah). Visando a classificação tipológica da arrebentação,
Galvin (1968) agrupou as ondas em 4 tipos (Tabela 2).
Tabela 2 - Ondas quanto à tipologia de arrebentação
Fonte: Adaptado de Galvin (1968).
Associados aos efeitos de fundo marinho, três processos passam a atuar sobre as
ondas, sendo esses empinamento, refração e difração (HOEFEL, 1998). O empinamento
representa a modificação na altura da onda, objetivando a conservação do fluxo de energia, no
qual, quando há uma retração na velocidade das ondas, devido aos efeitos de redução da
profundidade, a energia aumenta representada na altura da onda (NIELSEN, 2009). A
refração esboça a alteração na direção de propagação das ondas, a partir de deformações
originadas por mudanças na velocidade, a partir das modificações de fundo (NIELSEN,
2009). Desse modo, temos que na incidência oblíqua, em uma profundidade irregular, as
ondas deparam-se com variações de profundidade, dando origem ao fato de que ondas que se
propagam em ambientes mais rasos tendem a apresentar velocidades reduzidas, quando em
comparação com áreas mais profundas, como exposto na Figura 2 (KOMAR, 2000).
Formas de arrebentação Descrição
Progressiva ou Deslizante (Spilling
Breaker)
São formadas quando a camada superior da crista se move mais
rápidos do que a onda como o todo. É característica de praias
com baixa declividade, a onda desliza sobre o perfil praial e tem
a energia dissipada através de uma larga faixa.
Mergulhante (Plunging Breaker)
São ondas de característica violentas e podem ser observadas em
praias com declividade que varia de moderada a alta. Tendem a
carrear uma maior carga sedimentar que as deslizantes,
remobilizando a carga da praia para o largo até o limite exterior
da linha de quebra. São frequentemente associadas a ondas
longas ou swells.
Ascendente (Surging Breaker)
Tem a se evidenciar em praias com declividade alta, onde a onda
praticamente não quebra, ela ascende sobre a face de praia,
interagindo com o refluxo das ondas anteriores.
Frontal (Collapsing Breaker)
Similares as mergulhantes, porém diferenciando-se pelo fato de
que sua crista ao invés de enrolar, desaba, ocorrendo ocorrem em
praias de mergulho moderado em condições de vento regulares.
29
Figura 2 - Representação do fenômeno de refração de ondas
Fonte: Adaptado de Segar (1998).
A difração consiste na transmissão lateral e na energia da onda ao longo da crista
(Figura 3). A difração se manifesta em setores de propagação de ondas em setores restritos,
ou, nos casos de interceptação das ondas, é interceptada por um obstáculo (SUGUIO, 1992).
Figura 3 - Representação do fenômeno de difração de ondas
Fonte: Adaptado de Segar (1998).
2.1.2 Marés
No domínio costeiro, as variações na amplitude das marés podem ser causadoras
de profundas modificações no processo de sedimentação do litoral, acumulando ou erodindo a
30
costa (GARRISON, 2010).
As marés são resultado da ação conjunta de atração gravitacional entre a Terra, a
Lua e o Sol, e por forças centrífugas, originadas pelos movimentos de rotação em torno do
centro de massa do sistema Sol-Terra-Lua, que se localiza no interior da terra (SILVA et al.,
2004). Do ponto de vista da amplitude, as marés foram classificadas em três tipos, de acordo
com Davis (1985), micro (<2m), meso (2 – 4m) e macro (>4m).
Outro fator que pode ser usado para classificar as marés é o seu período de
influência, podendo ser diurna, apresentando uma preamar e uma baixa-mar em um dia. Outro
tipo são as semidiurnas, que apresentam duas preamares e duas baixa-mares em um dia. E,
por último, maré mista, que se assemelha às semidiurnas por apresentar duas preamares e
duas baixa-mares, no entanto são evidenciadas diferenças na altura e duração do ciclo
(MORAIS, 1996).
Por fim, associadas ao alinhamento dos astros, podem ocorrer as marés de sizígia,
que representam os maiores alcances e variações. As marés de sizígia são originadas a partir
do alinhamento da Terra, Lua e Sol, originando as luas nova e cheia. Já na ocorrência das luas
crescente e minguante, há uma divisão das forças, condicionando as marés de quadratura
(MIGUES, 1996).
2.1.3 Correntes litorâneas
As ondas incidentes na zona surf dissipam uma fração da energia, dando origem
às correntes longitudinais e/ou transversais à costa (GUILCHER, 1957). As correntes
litorâneas incluem fluxos unidirecionais, desenvolvidos ao longo da costa, e correntes de
retorno, como exposto na Figura 4 (SHEPARD e INMAN, 1950).
As correntes longitudinais desenvolvem-se entre a praia e a zona de arrebentação.
Essas correntes condicionam o transporte de material sedimentar paralelo à linha de costa,
também conhecida como deriva litorânea, resultante da incidência oblíqua das ondas
(GUILCHER, 1957).
Garrison (2010) aponta que o mecanismo é simples: na superfície da praia, as
partículas de areia, transportadas pela água que chega, descrevem um movimento de
‘ziguezague’ na mesma direção da corrente de deriva litorânea, de tal modo que cada onda as
movimenta em um pequeno trecho ao longo da praia. Na água, ocorre o mesmo: as ondas
podem levantar os grãos de areia e a corrente de deriva litorânea imprime a esses grãos um
31
movimento de ‘ziguezague’. Como consequência, a areia é movimentada pela ação da
corrente.
Figura 4 - Correntes longitudinais e correntes de retorno
Fonte: Silva, et al., (2004).
As correntes transversais representam o fluxo de retorno da carga hidráulica ao
mar, por meio da ação das correntes de retorno, sendo característica dessas correntes a ação
em espaços estreitos, velocidade com que desencadeiam os processos. Os fluxos das correntes
de retorno sofrem retroalimentação das correntes longitudinais, sendo extintas ao
transpassarem o limite da zona de surf. Essas correntes são determinantes no carreamento de
carga sedimentar para a zona offshores (GUILCHER, 1957).
2.1.4 Ventos
Os ventos são um dos maiores responsáveis pela dinâmica costeira, tendo um
papel importante na sedimentação costeira, nas formações de ondas e na geração das correntes
litorâneas (MAIA, 1998).
No contexto da costa cearense, está presente a atuação constante dos ventos
alísios, em conjunto com as brisas marinhas, a velocidade média dos ventos incidentes nesse
litoral são de 6 m/s (PINHEIRO, 2003). A respeito da direção, estas seguem a sazonalidade
dos períodos de precipitação, nos meses de março e abril, nos quais há a concentração das
maiores pluviometrias, os ventos têm direção predominante SE, durante o dia, e SSES,
32
durante a noite. Já entre maio e agosto, há uma efetivação da alternância da ação das brisas
marinhas-terrestres, predominando ventos ENE-E, durante o dia, e E-SE, durante a noite. Por
fim, entre agosto e dezembro, predominam dos ventos alísios de E (PINHEIRO, 2003).
Para o litoral do Ceará, nos meses de março e abril, ápices do período chuvoso,
predominam ventos de SE (120°- 150°), ao longo do dia, passando a SSES (150°- 180°),
durante a noite. O período entre maio e agosto é de transição, no qual o ciclo térmico diurno
terra-oceano passa a alternar brisas marinhas e terrestres, resultando em ventos de ENE-E
(60°- 90°), durante o dia, e E-SE (90°- 150°), durante a noite. Entre agosto e dezembro, a
direção predominante varia de E a SE, com predomínio dos ventos alísios de E (PINHEIRO,
2003. MORAIS 1996).
2.2 PLANÍCIE LITORÂNEA E MORFOLOGIA DO AMBIENTE PRAIAL
A planície litorânea caracteriza-se por ser um ambiente recente no contexto da
acumulação e remodelação de material sedimentar, sob constante ação de agentes de origem
continental, oceanográfica e climática. Como destaca Suguio (2003, p. 11-12), “as planícies
costeiras são superfícies geomorfológicas deposicionais de baixo gradiente, formada por
sedimentação predominantemente subaquosa, como o mar e composta por sedimentos em
geral de idade quaternária”.
Quando se trata da aplicação de terminologias para divisão da planície litorânea
em feições morfológicas similares, a literatura de base é liderada por pesquisadores de língua
inglesa, tais como Shepard (1954), Short (1999), Davis (1985), Pethinck (1984), King (1972),
dentre outros. Contudo, destacam-se as iniciativas de autores brasileiros na busca de
adequarem e classificarem a planície litorânea brasileira de acordo com essa literatura base.
Dentre as iniciativas, destacam-se Angulo et al. (1996), Hoefel (1998), Suguio (1998) e
Muehe (1994).
Ao longo das obras desses autores, fica evidente a complexidade de adequação da
similaridade dos termos para feições locais presentes no litoral brasileiro. Dessa forma, as
classificações que mais se aproximam de uma similaridade, tanto dos termos como das
feições relacionadas, são as de Suguio (1998) e Muehe (1994), a exemplo do limite
geográfico e da tradução de backshore (pós-praia), que são definidos do mesmo modo pelos
autores. Já no caso da antepraia, existe uma série de divergências quanto ao limite, subdivisão
e qualificação. Suguio (1998) considera esta como foreshore situada entre o limite superior da
33
preamar e a linha de baixamar. Muehe (1994), por sua vez, adota o termo shoreface limitada
geograficamente pelo prisma praial submerso. Baseando-se em Niedoroda et al. (1985), essa
divergência foi contornada, dividindo-se a antepraia em superior (foreshore) e inferior
(shoreface). No meio científico brasileiro, como aponta Christofoletti (1980), a partir de uma
adaptação, adota-se a divisão do sistema praial da seguinte forma: backshore (pós-praia),
foreshore (estirâncio) e shoreface (antepraia).
O sistema praial surge, então, a partir de uma complexa rede de interações. O
ambiente praial, de acordo com Hoefel (1998), é
(...) um depósito de sedimentos não coesivos e inconsolidados sobre a zona costeira,
dominado primariamente por ondas e limitado internamente pelos níveis máximos
de ação de ondas de tempestade ou pelo início da ocorrência de dunas fixadas ou de
qualquer outra alteração fisiográfica brusca, caso existam; e externamente pela
profundidade de fechamento de interna.
De posse dessa conceituação, no presente estudo, considera-se praia como um
ambiente sedimentar, onde se apresentam fácies consolidadas (plataforma de abrasão) e não
consolidados (areias, cascalhos e outros), sob constante modificação a partir da ação de
forçantes oceanográficas (ondas, marés e correntes), climáticas (ventos e precipitações) e
antropogênicas. Iniciando-se na após o limite máximo da maré baixa até a zona de pós-praia.
Para se dividir ambiente praial, consideraram-se as proposições de Morais (1996). O autor
considera a divisão desse sistema em dois grupos. O primeiro a partir da influência das ondas,
o qual é dividido em três zonas (Figura 5): Zona de Arrebentação, delimitada pela área onde
as ondas iniciam o estado de instabilidade e quebram, gerando as zonas de surfe e
espraiamento; Zona de Surfe, setor de onde incidem as ondas resultantes da quebra na zona
de arrebentação e Zona de Espraiamento, área de ocorrência da subida e descida da água.
O segundo grupo corresponde aos setores influenciados pelas marés, estando
dividido também em três grupos: Pós-praia corresponde à área que se encontra fora da
influência da maré, contundo é alcançada por marés excepcionais, ressacas ou ondas de
tempestade; Estirâncio, área sujeita às variações de subida e descida das marés e Antepraia,
área submersa constantemente, porém pode ter trechos expostos em eventos de marés
excepcionais.
34
Figura 5 - Disposição perpendicular e comportamento sazonal de um perfil praial
Fonte: Adaptado de Morais (1996).
Conhecer essas definições e ter o entendimento de que a interação entre agentes e
a planície litorânea gera situações de risco, uma vez que pequenas modificações podem
representar a intensificação de processos naturais, como a erosão costeira, é de suma
importância. Nesse sentido, destacam-se os estudos de Bird (2008), Muehue (2006), Meireles
(2008), Morais (1996), Tessler et al. (2005), dentre outros.
2.3 LINHA DE COSTA
A linha de costa representa um limite em constante variação espacial e temporal,
condicionada principalmente pelas forçantes oceanográficas. Essas variações podem
ocasionar respostas quase imperceptíveis, ou podem gerar situações de risco costeiro,
associado a eventos de alta energia (WHITE, 2007; CAMARGO et al, 2010). Essas situações
de risco tendem a acentuarem-se nesse ambiente específico, em função das muitas atividades
nela praticadas – pesca artesanal, turismo, recreação, infraestrutura portuária –, bem como por
concentrar, em muitas regiões, os maiores contingentes populacionais.
O conceito de linha de costa é imbuído de uma extrema complexidade, tendo em
vista que perpassa vários critérios de classificação e identificação. De forma simples, ela pode
ser classificada como a representação da interface entre a terra e a água (BOAK E TURNER,
2005, p. 688). Entretanto, quando se correlaciona a interação da linha de costa com os agentes
condicionantes de fluxo de matéria energia imbuídos de intensa dinâmica espacial e temporal,
35
essa simples definição não supre o embasamento necessário para explicar os fenômenos
resultantes, como avanço ou recuo da linha de costa. Desse modo, como aponta Oertel (2005),
deve-se considerar a linha de costa como um indicador unidimensional, sem espessura e
diâmetro, servindo como indicador de posição da praia ao longo do tempo.
Temos, então, que a linha de costa representa um limite, o qual pode ser detectado
a partir de uma série de indicadores (OERTEL, 2005). Desse modo, autores como Pilkey e
Dixon (1996), Silvester e Hsu (1997) e Oertel (2005), sugerem que a linha de costa é o limite
entre as áreas secas e molhadas da praia. Contudo, os autores recomendam a consideração da
influência das marés na variação e na alteração dessas áreas.
Já Crowell (1991) afirma que a linha de costa corresponde simplesmente à linha
de interface entre a terra e a água. Logo, esse conceito deve ser entendido como um perímetro
flutuante, isto é, que possui um posicionamento geográfico variável na escala espaço-
temporal.
De maneira diferente, Horn (2005) adota linha de costa como sendo o
“posicionamento onde o nível médio da superfície da água atinge a primeira porção semi-
emersa da praia, denominada de face da praia”.
Temos, assim, que a complexidade em definir a linha de costa reside na infinidade
de indicadores que podem ser utilizados para sua identificação. Os indicadores são resultantes
da interação de vários agentes, podendo ser tomados como base os originados pela ação dos
agentes físicos, como as feições geomorfológicas resultantes da dinâmica praial, além de
estruturas antropogênicas (BOAK E TURNER, 2005, p. 690). Visando agrupar esses
indicadores de maneira mais usual e prática, os mesmos autores os dividiram em dois grupos:
1° Grupo - Indicadores relacionados ao nível de água: consideram a interação
entre o perfil praial e a interação com a maré e o espraiamento das ondas;
2° Grupo - Indicadores relacionados a feições costeiras discerníveis visualmente:
i. Indicadores alinhados em estruturas construídas pelo homem
(enrocamentos, molhes, muros, calçadas, referenciais de nível topográfico);
ii. Feições morfológicas indicadoras (escarpa, berma superior);
iii. Indicadores referentes à posição da linha d’água (linha seca-molhada,
espraiamento).
É de fundamental importância que o pesquisador, ao definir o indicador que
tomará como base para identificar a linha de costa, represente a realidade da área estudada.
Além disso, o indicador deve estar de acordo com os dados disponíveis e com as respectivas
escalas aplicadas (BOAK e TURNER, 2005). Nesse contexto, como apontam Stockdon et al.
36
(2002), a identificação da linha de costa divide-se em duas etapas: a primeira refere-se à
seleção e a definição do indicador, a segunda inclui o processo de detecção do indicador.
Kraus e Rosati (1997), destacam que os principais indicadores utilizados para
definir a linha de costa são:
a) Linha Média da Preamar de Sizígia: definida a partir de um datum maregráfico ou pelo
“run –up” da onda;
b) Linha de Preamar: baseada em critérios geomorfológicos: linha de berma, crista da praia,
base de dunas ou de falésias;
c) Divisa seco/molhado: critério que tem dependência direta de fatores, como a própria praia,
nível do mar, ondas, regime de ventos, entre outros. Para definição da linha, tendo como base
este critério, toma-se como base a diferença entre as tonalidades derivadas dos sedimentos
secos ou molhados;
d) Linha d’água: representada pela linha de contato direto entre os sedimentos da praia e a
água. Tem relação direta com as fases das marés e a ação das ondas, apresenta-se como
fronteira móvel.
Cabe ressaltar que a adoção de produtos de sensoriamento requer todo um
tratamento prévio dos dados, tais como registro, correção atmosférica e outros, a não adoção
dessas etapas irá coincidir em falhas na análise da variação de linha de costa.
Deste modo, o presente estudo adotou a definição de linha de costa de Crowell
(1991, p. 841), apresentada como sendo a
definição comumente adotada para caracterizar a posição da linha de costa em áreas
costeiras arenosas, tem incidido na utilização da ‘linha’ que marca o limite atingido
durante a preamar de sizígia, caracterizando-se por uma mudança nítida de
tonalidade nas areias da praia facilmente identificável nas fotografias aéreas e
imagens de sensoriamento remoto.
Como indicador, utilizou-se a divisa seco/molhado, a qual se baseia na diferença
entre as tonalidades derivadas dos sedimentos secos ou molhados, ou seja, o limite final do
sedimento molhado e início do seco foi considerado linha de costa (Figura 6).
37
Figura 6 - Delimitação da Linha de costa (em vermelho)
Fonte: O autor, com base em dados Quickbird (2016) - (Esri Basedata).
2.4 CICLOS RETROGRADANTES E PROGRADANTES DA LINHA DE COSTA
As discussões relativas à erosão costeira são abordadas, algumas vezes, de
maneira precipitada, pois focalizam no imediatismo dos efeitos evidenciados no litoral, sem
antes levantar evidencias históricas desses processos. Esse fato tem sido abordado por autores
como Beets (2000, p.4) e Nicholls (1989, p.202): “esses efeitos são muitas vezes tratados
como irreversíveis, pois desconsideram o fator temporal que é preponderante nas análises
desses processos”.
Os autores debatem, nesse sentido, o desconhecimento das escalas dos eventos,
como é o caso das erosões episódicas associadas a ondas de tempestades, ou ainda, a ciclos
erosivos constantes e evolutivos no tempo, associados aos processos naturais, os quais, muitas
vezes, representam uma regressão da linha de costa de poucos centímetros, numa
representação mensal, sazonal e anual. Outros fatos desconsiderados são as intermitências dos
ciclos naturais do ambiente costeiro, ou seja, passa um período retrogradando e outros
progradando. Dessa forma, as variações morfodinâmicas foram subdivididas em uma escala
considerando as variáveis tempo e espaço (Figura 7).
38
Figura 7 - Divisão das escalas temporal e espacial na evolução costeira
Fonte: Adaptado de Cowel e Thom (1994).
De acordo com a divisão de Cowell e Thom (1994), a escala instantânea
representa a ocorrência de ciclos de alterações morfológicas primárias, como a migração de
um banco intermaré. A escala de eventos envolve a sequência recorrente de um determinado
processo (variação sazonal), exemplificado pelo fechamento sazonal de estuários. A escala
histórica, por sua vez, compreende a variação de anos a séculos resultante da combinação de
vários eventos, como a migração de canais de maré ao longo da costa. Por último, a escala
geológica, sendo a escala temporal atuante em décadas e milênios, como o preenchimento de
estuários (WOODROFFE, 2002).
Nesse sentido, é de suma importância, ao se analisar o ambiente costeiro, incluir
todos os processos envolvidos na interação da evolução costeira, nos quesitos espacial e
temporal. Na relação espacial, esses ambientes são controlados pela demanda e pela oferta de
sedimentos que, segundo Nicholls (1989, p.205), podem ser conceitualmente assim
apresentadas:
A demanda de sedimentos de uma costa é determinada pela taxa de aumento
relativo do nível do mar e pela morfologia da planície costeira. O abastecimento de
sedimento é determinado pela disponibilidade de sedimentos e pela capacidade de
transporte de vento e água.
Ainda com base em Nicholls (1989) e em suas exposições, torna-se evidente que
estado de equilíbrio entre demanda e oferta de carga sedimentar são fatores de cunho
desencadeador da evolução da costa. Na busca de apresentar de maneira esquemática e de
0 0 1 1 10 100
Milênios
Séculos
Décadas
Anos
Estações
Dias
Horas
Segundos
Comprimento (km)
Geológica
Histórica
Eventos
Instantânea
39
promover melhor entendimento para os envolvidos com as questões ligadas ao litoral, o autor
desenvolveu uma diagramação, como exposta na Figura 8. No diagrama são apresentados os
três estágios possíveis, a partir da relação entre demanda e oferta de material sedimentar.
No caso 1, evidenciam-se os casos de ciclos progradantes, nos quais a demanda é
menor do que a oferta. O caso 2 apresenta o estado de equilíbrio, no qual demanda e oferta
são praticamente iguais. Por fim, no caso 3, demonstram-se os casos de recuo da linha de
costa, ocasionados pela ineficiência da oferta em suprir a demanda sedimentar para
estabilização ou progradação.
Figura 8 - Ciclos de evolução costeira a partir da relação entre demanda e oferta de
sedimentos
Fonte: Nicholls (1989).
A identificação dos ciclos e estágios que o ambiente costeiro apresentou e apresenta
pode ser evidenciada através das análises de vários aspectos, como perfil de equilíbrios,
alterações da tipologia sedimentar da face praias e outros. Contudo, a análise da variação
temporal da linha de costa vem se sobressaindo nas últimas décadas.
O posicionamento da linha de costa, no decorrer do tempo, apresentou inúmeras
variações, avançando ou recuando por sobre o mar. Esses ciclos são ocasionados a partir da
ação da uma série de agentes atuantes de modo constante. De acordo com GTL (2014), “estes
fatores são o forçamento oceanográfico, os sedimentos, o contexto geomorfológico e a
intervenção humana”. Entende-se, nesse caso, como forçamento oceanográfico as interações
geradas pela ação conjunta de ondas, marés, correntes e variações nível do mar.
O fator sedimento inclue a natureza do material e sua disponibilidade para atuar
1
2
3
40
nos processos de retroalimentação dos sistemas deposicionais. O contexto geomorfológico se
refere às formas e suas predisposições genéticas à acumulação ou à erosão. As intervenções
antropogênicas englobam todas as formas de barramento dos fluxos naturais de matéria e
energia (verificar Figura 9).
Figura 9 - Fatores atuantes na variação temporal da linha de costa
Fonte: GTL (2014).
Outro fato importante é que o recuo da linha de costa não está associado apenas
aos processos erosivos, mas a fatores como a elevação do nível mar. Porém, com os processos
de recarga sedimentar em equilíbrio, mesmo com o avanço do nível do mar, o litoral pode se
apresentar estável (VALETIN, 1989).
Nesse contexto, outro aspecto fundamental relativo aos ciclos retrogradantes e
progradantes da linha de costa são as células sedimentares, ambientes pelos quais todos os
fluxos de ganho e perda de material sedimentar são controlados. De acordo com Van Rijn
(2010), essas células são definidas como
[...] uma unidade relativamente autônoma dentro da qual o sedimento circula. Uma
célula contém um ciclo completo de sedimentação, incluindo fontes, caminhos de
transporte e sumidouros. Seus limites separam as partes da costa que são
interdependentes daqueles que são independentes em termos de processos físicos.
A utilização dessa terminologia avança no sentido da delimitação de um balanço
sedimentar, expondo as relações de entrada através dos fluxos fluviais, subterrâneos, eólicos e
marinhos e das relações de saída de carga no sistema praial, representada pelos fluxos da
deriva litorânea, marés e ondas representadas pelas trocas com a plataforma. Esse processo de
perda, na maioria dos casos, segue o sentido direcional das correntes de deriva. No trecho
41
costeiro de Parajuru, esse fluxo está alinhado no sentido Leste-Oeste. A Figura 10 esboça a
diagramação do modelo de celular sedimentar de Van Rijn (2010).
Figura 10 - Reprodução esquemática de uma célula sedimentar
Fonte: Van Rijn (2010).
No contexto da costa cearense, destaca-se a forte pressão que essa vem
passando nas últimas décadas, a partir da inserção de estruturas (hotéis, resorts, barramentos
fluviais e outros) e atividades (carcinicultura, hotelaria de grande porte, pesca predatória,
agropecuária de porte industrial). Umas das principais problemáticas que se evidenciam nesse
setor são as intensificações dos processos erosivos, como destacam Pinheiro (2000); Carvalho
et al. (1994); Maia et al. (1997); Martins et al., (2004); Moura et al. (2007); Sousa (2007);
Muehe (2001 e 2005), dentre outros. De acordo com Suguio (1998, p.275), “o processo em
geral é de origem natural, que pode atuar tanto em costa rasa quanto escarpada. Por outro
lado, a erosão costeira, principalmente a praial, pode ser induzida pelo homem”.
Para Morais (1996, p. 213), há erosão costeira em dois tipos: erosão natural e
erosão antrópica. A erosão natural é resultado da sazonalidade dos regimes de ondas e da
morfodinâmica das feições fisiográficas costeiras, constituindo um processo normal no
equilíbrio sedimentológico e dinâmico do sistema costeiro, enquanto que a erosão antrópica é
resultante da interferência do homem nesse sistema dinâmico, nas diversas formas de
intervenção.
42
2.5 CLASSIFICAÇÃO DAS FACES PRAIAIS A PARTIR DO GRAU DE EXPOSIÇÃO À
AÇÃO DAS ONDAS
Os ambientes praiais apresentam inúmeras classificações a partir de características
morfológicos, porém outros critérios, como o grau de exposição e a ação das ondas, têm sido
amplamente aplicados (MUEHE, 2004). Autores como Hus e Evans (1989) e Short (1999)
ressaltam que o grau de exposição a ondas tem papel importante no condicionamento das
correntes costeiras e, consequentemente, no transporte sedimentar associado. Desse modo, a
partir dos diferentes graus de exposição às ondas, as praias podem ser expostas, semi-
abrigadas e abrigadas.
Para Short (1999), a exposição pode condicionar o ambiente praial a um
comportamento cíclico de retrogradação, transporte e progradação, a partir das variações
sazonais de incidência de ondas. Esse comportamento pode se apresentar numa escala
temporal de caráter semanal, mensal ou decadal, sem, entretanto, apresentar incremento ou
decréscimo líquido de sedimentos no sistema (KLEIN et al, 2005). Esse conceito vem sendo
aplicado no litoral brasileiro por Muehe (2001). Segundo Muehe (2001, p 41), “são
caracterizadas por ambientes resguardados da ação direta das ondas”. Na área de estudo,
delimitou-se um trecho costeiro com essas características. Em específico, essa face praial é
protegida da ação direta das ondas pela proteção de um spit arenoso, situado ao norte dessa
área (Figura 11).
Figura 11 - Setor de face praial abrigada na área da praia de Parajuru
Fonte: Elaborado pelo autor, com base em imagens Quickbird R3G2B1 2016 (Esri Basedata).
As faces praias expostas, de acordo com Muehe (2001, p 41), “são ambientes
expostos a ação direta da energia das ondas”. Na área de estudo, delimitaram-se dois trechos
43
costeiros com essas características, em específico, o trecho do spit arenoso e o trecho da praia
de Parajuru, situada imediatamente a Oeste (Figuras 12 e13).
Figura 12 - Setor de face praial exposta na área do spit arenoso
Fonte: Elaborado pelo autor, com base em imagens Quickbird R3G2B1 2016 (Esri Basedata).
Figura 13 - Setor de face praial exposta na área da praia de Parajuru
Fonte: Elaborado pelo autor, com base em imagens Quickbird R3G2B1 2016 (Esri Basedata).
Por fim, as faces praias semi-abrigadas representam estágios intermediários entre
os dois anteriores. Para a área de estudo, não se aplicou essa terminologia.
44
2.6 MORFOLOGIAS ASSOCIADAS ÀS BARREIRAS COSTEIRAS
2.6.1 Spits arenosos
Com base na literatura (HAYES, 1979; DAVIS, 1994; BIRD, 2000; SALES et al
2003), as barreiras representam extensões de areias sempre emersas que se alongam de forma
paralela à faixa de praia, das quais são separadas por extensões aquáticas ou anfíbias, como
lagunas, canais de marés, braços de mar ou segmentos fluviais abandonados.
Ainda segundo os autores, essas feições, em sua grande maioria, têm dimensões
superiores a 1 km, que resultam da acumulação de sedimentos na zona infralitorânea em
resposta à ação das ondas e correntes litorâneas (em particular as correntes longitudinais e de
marés), representando formas naturais de proteção das praias em relação à ação abrasiva do
mar (e.g. DAVIS, 1990; BIRD, 1996). Como ocorre em outros ramos das ciências, os estudos
das barreiras arenosas geram um debate complexo.
Segundo a proposta de Beaumont (1885), as barreiras resultam da emersão e
migração de barras arenosas (sand bars) em direção à praia, sendo formadas a níveis pouco
profundos da zona infralitorânea.
Em contraponto, Gilbert (1885) considerou que as barreiras (e, em particular, as
ilhas-barreiras ou barrier islands, que representam cordões litorâneos completamente
desconectados da praia nas duas extremidades) evoluiriam pela ação de correntes
longitudinais (a deriva litorânea), tendo como ponto de partida a formação de flechas
litorâneas (“esporões”, barrier spits, correspondendo a cordões litorâneos, apresentando uma
extremidade conectada com a faixa de praia ou continente).
Sales et al., (2003) destacam que, apesar desta controvérsia, esses conceitos
preliminares deram base para uma evolução conceitual tipológica acerca das barreiras
arenosas, como é o caso proposto por Johnson (1919), que considerou as hipóteses de
emersão de barras arenosas e formação de flechas litorâneas pela ação de correntes litorâneas.
Além desse, cabe destacar o trabalho de Hoyt (1967), que demostrou outro contexto evolutivo
associado ao afogamento de cordões litorâneos pré-existentes.
Segundo Sales et al., (2003), atualmente esses três pressupostos continuam sendo
aceitos de forma relativamente antagônica. Considerando, no entanto, que uma grande parte
da controvérsia foi alimentada por ausência de estudos estratigráficos susceptíveis de
subsidiar os cenários evolutivos propostos, a maior disponibilidade de tais estudos nos dos
últimos decênios vem permitindo criar certo consenso acerca de algumas das condições
45
primárias que determinam a evolução de barreiras.
No que tange aos processos necessários para a formação das barreiras, Roy et al,
(1984) elencaram três fatores condicionantes:
1) Abundância de sedimentos na zona litorânea;
2) Morfologia plana e de pouca profundidade na zona infralitorânea;
3) Presença de espaços de acomodação morfológica.
Quanto à dinâmica, Suguio (2007) afirma que o processo de construção de uma
barra arenosa está relacionado à dinâmica exercida pelas desembocaduras fluviais, através do
bloqueio do transporte longitudinal de sedimentos. Desse modo, o fluxo de água bloqueia o
transporte de areia, de modo semelhante a um espigão artificial, contribuindo para a
acumulação sedimentar que dá origem às barras arenosas.
Suguio (2007) propôs a existência de três fases relacionadas ao surgimento e ao
desenvolvimento das barreiras arenosas:
1) Primeira Fase: denominada fase de enchente, há o bloqueio do transporte
litorâneo (deriva litorânea) pelo fluxo fluvial na área da desembocadura do rio, ou seja, esse
fluxo atua como uma espécie de espigão hidráulico. Há, dessa forma, a progradação de areia
marinha à barlamar do fluxo fluvial e retrogradação dos sedimentos fluviais à sotamar
(SUGUIO et al., 1985).
2) Segunda Fase: na fase seguinte (fase de vazante), o obstáculo exercido pelo
fluxo fluvial tende a desaparecer. O principal efeito disso é a erosão parcial dos depósitos
marinhos por meio da ação das correntes longitudinais, sendo construído, a partir de então, a
barra arenosa. Essa, por sua vez, tende a obstruir a desembocadura fluvial.
3) Terceira Fase: trata-se da fase de crescimento da barra arenosa. Isso ocorre
desde que a fase de vazante seja longa o suficiente, o que determinará o crescimento da barra
e a fará resistir às condições subsequentes de alta energia hidrodinâmica.
Com base nos processos atuantes, Dingle e Clifton (1994) propuseram que as
barreiras arenosas podem ser classificadas em:
1) Litorais dominados por ondas onde as barreiras seriam estáveis (wave-
dominated barriers);
2) Litoral dominado pela ação conjunta da energia das ondas e marés, formando
barras de energia mista (mixed energy barriers oudrumsticks barriers);
3) Litorais com aporte sedimentar realizado por corrente longitudinal, induzindo à
formação de flechas litorâneas (attached barriers, barriers spits);
4) Litorais com presença de participação dos fluxos fluviais na modelagem dos
46
depósitos, formando flecha litorânea ou flechas litorâneas duplas (double spits).
Spits (barreiras dominadas por ondas):
Barreiras do tipo spit evoluem, sobretudo, onde ocorrem inflexões da linha de
costa e um abundante suprimento de areia. As inflexões produzem acentuado ângulo de
incidência das ondas e, assim, uma significativa ação das correntes longitudinais (deriva
litorânea). Em função do elevado suprimento de areias, processa-se elevado transporte de
sedimentos de forma paralela à praia (Davis e Duncan, 2004).
Spits duplos (barreiras dominadas por fluxos fluviais e energia das ondas)
O surgimento e evolução de spits duplos ocorrem na desembocadura de pequenos
rios (DINGLER e CLIFTON, 1994). A morfologia dessas barreiras depende da combinação
entre fluxos fluviais e clima de ondas, sendo os sedimentos fornecidos sobretudo pelos rios.
Os períodos de estiagem permitem uma ação considerável das ondas, o que propicia a
deposição de sedimentos ao longo da desembocadura do rio e a formação de correntes
longitudinais que dispersam os sedimentos. Tal contexto é responsável pela criação de spits
em ambas as laterais do curso fluvial (DINGLER e CLIFTON, 1994).
Com frequência, em função da maior ou menor energia das ondas, um dos spits
duplos apresenta-se mais desenvolvido que o outro, situação que tende a barrar a
desembocadura dos rios (CLAUDINO SALES, 2002)
Barreiras de energia mista
São aquelas barreiras nas quais, além da energia das ondas, há também
participação da energia das marés (DAVIS, 1994). Devido à menor influência das ondas,
ocorre transporte de sedimentos para offshore através do inlet, que separa o ambiente anfíbio
criado pelas barreiras do ambiente marinho, fato responsável pela edificação de deltas de
jusante bem desenvolvidos (DAVIS e HAYES, 1984).
Esses corpos sedimentares formam uma morfologia arqueada em direção ao
mar que impacta a incidência das ondas, que são refratadas no entorno do delta de jusante,
provocando uma reversão local da direção da corrente longitudinal no segmento à sotamar
(DAVIS, 1994). Em consequência, parte considerável do aporte sedimentar é aprisionado
nesse segmento à sotamar, permitindo a construção da barreira.
2.6.2 Ilhas barreira
As ilhas barreira são corpos sedimentares emergentes que ocorrem paralelamente
à linha de costa, possuindo as duas extremidades livres, ou seja, sem nenhuma conexão direta
47
com o continente. Elas são encontradas em diversas costas do mundo e, conforme Davidson-
Arnott (2010), podem formar cadeias de ilhas separadas do continente por canais de maré,
lagunas ou baías.
De acordo com Otvos (2012), elas são um dos tipos de barreiras costeiras mais
recorrentes, cuja presença no sistema costeiro é extremamente importante, por serem fontes
supridoras de sedimentos para o litoral adjacente e, principalmente, por funcionarem como
uma primeira barreira de proteção da costa contra a ação de ondas de tempestades e eventos
de alta energia, da mesma forma que os spits arenosos.
2.7 MÉTODOS DE ANÁLISES DA VARIAÇÃO DA LINHA DE COSTA
Os estudos voltados ao conhecimento das variáveis ambientais representam,
sem dúvida, uma eficaz ferramenta para os gestores do meio físico. Para tanto, é necessária a
aplicação de metodologias que venham, de certo modo, sintetizar as análises e produzir
resultados na maioria dos casos expressos como mapas e gráficos. No caso das ambientes
praias, Silva et al. (2005) ressaltam que, por exemplo, a indicação da sensibilidade da costa a
processos erosivos é de suma importância, não apenas para geoconservação dos elementos
naturais, mas, acima disso, é fundamental na prevenção de riscos às comunidades locais.
Nessa perspectiva, o emprego de técnicas voltadas ao estudo das taxas de
variação da linha de costa (retrogradação e/ou progradação) surge como uma importante
ferramenta, de excelente grau de confiabilidade. Cabe salientar que os valores expressos nas
taxas médias da variação da linha de costa, por exemplo, representam o estado comparativo
de duas situações temporais, representando, assim, uma tendência a determinado
comportamento morfossedimentar do ambiente (DIAS et al, 1994). Nesse contexto, Dias et
al, (2004) colocam que algumas considerações devem ser adotadas ao aplicar taxas nos
estudos costeiros, tais como:
 Período Analisado: os ciclos retrogradantes presentes no ambiente
praial não representam um fenômeno que ocorre num ritmo constante e continuado.
Logo, temos um caráter cíclico, no qual os ciclos progradantes e retrogradantes se
alternam sem apresentar uma periodicidade predefinida. Contudo, as taxas médias
podem sofrer processos de super ou subvalorizarão em relação às anuais, quando
associadas a situações excepcionais.
48
 Sazonalidade Anual: as variações morfossedimentares do ambiente
praial estão associadas a estações do ano, ou seja, no inverno os ciclos retrogradantes
tendem a ser mais efetivos. Em contrapartida, os progradacionais tendem a prevalecer
no verão. Na comparação dos dados para esses dois períodos, as taxas médias podem
sofrer leves distorções de super ou subvalorizarão, essas distorções estão associadas,
na maioria dos casos, a eventos extremos.
 Método e Indicadores: no que concerne à identificação e à
determinação das taxas de variação da linha de costa, uma diversidade de ferramentas
pode ser utilizada, tais como perfis topográficos ou sensoriamento remoto. Referente
aos indicadores da linha de costa, os mais utilizados são a linha de berma e o limite
seco/molhada na face praial. Entretanto, podem ocorrer leves distorções, quando se
comparam os dados de perfis transversais e sensoriamento remoto, para uma mesma
área, em um mesmo período.
 Amplitude Temporal: ao adotar uma amplitude temporal muito longa,
as taxas tendem a apresentar menores valores de dispersão, porém representam valores
menos significativos, uma vez que não consideram períodos intermediários entre o ano
inicial e final, o que acarreta a não apresentação de leves mudanças. Por exemplo, ao
adotar o ano inicial 1970 e final 2000, sem inserir anos intermediários, será
desconsiderada uma série de dados de 30 anos (1971 a 1999).
 Escala: a escala adotada deve seguir parâmetros de exatidão
cartográfica, a partir dos produtos tomados como base, a exemplo de imagens
satélitais e fotografias aéreas, sendo de extrema importância a aplicação de escalas
grandes, tanto na produção das linhas de costa como na representação e diagramação
final.
As taxas de variação de linha de costa, apesar dessas questões, representam um
dos melhores indicadores das tendências evolutivas do ambiente praial, quando se seguem as
ressalvas apresentadas. Dentre elas, destacam-se a adoção de amplitudes temporais com anos
intermediários entre o inicial e o final, além da utilização de escalas compatíveis com os
produtos aplicados, as tendências evolutivas serão expressas com alto grau de confiabilidade,
identificando, com precisão, as variações sedimentares da linha de costa (DIAS et al, 1994;
THIELLER e DANFORT, 1994).
Acerca dos métodos e técnicas que se baseiam na aplicação de dados
multiespectrais em períodos predeterminados, destacam-se o Digital Shoreline Analysis
System (DSAS), desenvolvido por Thieler et al. (2009), e o Change polygon (Polígono de
49
Mudança), desenvolvido por Smith e Cromley (2012). A tabela 3 destaca os principais e mais
atuais trabalhos direcionados na aplicação desses métodos, a nível da região Nordeste do
Brasil.
Tabela 3 – Trabalhos aplicados à linha de costa no contexto da região Nordeste
Autor Ano Trabalho Técnica
Farias, E. G. G; Maia,
L.P.
2010
Uso de técnicas de geoprocessamento para a
análise da evolução da linha de costa em
ambientes litorâneos do Estado do Ceará,
Brasil. Revista de Gestão Integrada da Zona
Costeira, v. 10, n. 4, p. 521-544, 2010.
Digital Shoreline
Analysis System
(DSAS)
MARINO, M. T. R. D.;
FREIRE, G. S. S.
2013
Análise da evolução da linha de costa entre as
praias do Futuro e Porto das Dunas, região
metropolitana de Fortaleza (RMF), estado do
Ceará, Brasil. Revista de Gestão Costeira
Integrada, v.13, n.1, p.113-129, 2013.
SOUZA, W. F.; LEITE,
N. S.; MEIRELES, A. J.
A.; SILVA, E. V.
2016
O uso de SIG na análise da evolução de linha
de costa controlada por promontório: trecho
entre as praias de Ponta Grossa e Retiro
Grande, Icapuí-Ceará. Revista da Casa da
Geografia de Sobral, v. Especial, p. 20-35,
SOUTO, M.V.S, 2004
Análise multitemporal dos elementos
geoambientais da planície estuarina de região
de Ponta do Tubarão, área de influência dos
campos petrolíferos de Macau e Serra,
município de Macau, RN. Dissertação de
Mestrado. Natal: UFRN. Programa de Pós-
Graduação em Geodinâmica e Geofisica .
Change polygon
(Polígono de
Mudança)
Fonte:Elaborado pelo Autor
2.7.1 Digital Shoreline Analysis System (DSAS)
O Digital Shoreline Analysis System (DSAS) é uma das principais metodologias
empregadas nos estudos direcionados à evolução da linha de costa, devido à qualidade das
estatísticas geradas e ao fato de ser gratuito. O DSAS foi desenvolvido por Thieler et al,
(2009), através da parceria entre United States Geological Survey (USGS) e Innovate Inc,
sendo distribuído através do link <https://woodshole.er.usgs.gov/project-
ANÁLISE GEOESPACIAL DE DADOS MULTIESPECTRAIS NO ESTUDO TEMPORAL DA LINHA DE COSTA DA PRAIA DE PARAJURU, CEARÁ-NORDESTE DO BRASIL
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  • 1. UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOGRAFIA MESTRADO ACADÊMICO EM GEOGRAFIA FILIPE MACIEL DE MOURA ANÁLISE GEOESPACIAL DE DADOS MULTIESPECTRAIS NO ESTUDO TEMPORAL DA LINHA DE COSTA DA PRAIA DE PARAJURU, CEARÁ- NORDESTE DO BRASIL FORTALEZA-CEARÁ 2018
  • 2. FILIPE MACIEL DE MOURA ANÁLISE GEOESPACIAL DE DADOS MULTIESPECTRAIS NO ESTUDO TEMPORAL DA LINHA DE COSTA DA PRAIA DE PARAJURU, CEARÁ-NORDESTE DO BRASIL Dissertação de Mestrado apresentada ao curso de Mestrado Acadêmico em Geografia do Programa de Pós-Graduação em Geografia do Centro de Ciências e Tecnologia da Universidade Estadual do Ceará, como requisito parcial à obtenção do título de mestre em Geografia. Área de Concentração: Análise Geoambiental e Ordenação do Território nas Regiões Semiáridas e Litorâneas. Orientador: Prof. Dr. Fábio Perdigão Vasconcelos Coorientadora: Profª. Dra. Adryane Gorayeb FORTALEZA-CEARÁ 2018
  • 3. Dados Internacionais de Catalogação na Publicação Universidade Estadual do Ceará Sistema de Bibliotecas Moura, Filipe Maciel de. Análise geoespacial de dados multiespectrais no estudo temporal da linha de costa da praia de Parajuru, Ceará-Nordeste do Brasil [recurso eletrônico] / Filipe Maciel de Moura. - 2017. 1 CD-ROM: il.; 4 ¾ pol. CD-ROM contendo o arquivo no formato PDF do trabalho acadêmico com 178 folhas, acondicionado em caixa de DVD Slim (19 x 14 cm x 7 mm). Dissertação (mestrado acadêmico) - Universidade Estadual do Ceará, Centro de Ciências e Tecnologia, Programa de Pós-Graduação em Geografia, Fortaleza, 2017. Área de concentração: Geografia. Orientação: Prof. Dr. Fábio Perdigão Vasconcelos. Coorientação: Prof.ª Ph.D. Adryane Gorayeb. 1. Sensoriamento Remoto. 2. Digital Shoreline Analysis System. 3. Método do Polígono de Mudança. 4. Linha de Costa. 5. Spit Arenoso. I. Título.
  • 4.
  • 5. AGRADECIMENTOS Agradeço à Ciência, por me proporcionar o contanto com a imensidão de teorias e conceituações que a compõem, e, acima disso, demonstrar que ser intelectual não é apenas se julgar superior, mas reconhecer que ainda se tem muito a aprender e que a caminhada em busca do conhecimento é longa e espinhosa, sendo o ser coletivo muito mais importante que o individual, e, acima de tudo isso, por ensinar a reprimir o meu eu preconceituoso. Á minha família, por todo amor e apoio para comigo. Agradeço, especialmente, à Gabriela, minha esposa, companheira, amor e amiga, que esteve e está sempre ao meu lado, apoiando-me e auxiliando nas decisões tomadas. Agradeço a meu irmão, Maciel de Moura, pelo incessante auxílio durante todo o desenvolvimento deste trabalho, sem o qual este sonho não seria possível. A meu orientador, professor Fábio Perdigão, por me receber tão bem no laboratório, auxiliando-me assiduamente no desenvolvimento desta investigação. Gostaria de agradecer imensamente à minha coorientadora, professora Dra. Adryane Gorayeb, pela orientação, apoio e incentivo, não só durante a realização desta pesquisa, mas no dia a dia acadêmico, como coordenadora do Laboratório de Geoprocessamento da Universidade Federal do Ceará (Labocart - UFC). A você, professora, toda minha gratidão pela amizade, confiança, paciência e pelo incentivo. Tenho gratidão especial e imensurável à professora Claudia Maria Magalhães Grangeiro, que me acolheu e me conduziu, abrindo horizontes e perspectivas ao longo do desenvolvimento deste trabalho, sempre me aconselhando com dedicação e uma educação que jamais verei outra vez, sem desmerecer os demais profissionais. A dor de sua partida será sentida para sempre, mas, acima disso, o sentimento de gratidão pela sua generosidade e respeito para com os outros será sempre lembrado, querida professora Claudia. Aos meus amigos, que, apesar da distância, estão sempre no meu pensamento. Ao CNPq, pelo financiamento desta pesquisa. Aos demais familiares, amigos e pessoas que conheci e convivi e que me ajudaram, direta ou indiretamente, na realização deste trabalho. .
  • 6. “...os comunistas não se rebaixam a ocultar suas opiniões e os seus propósitos. Declaram abertamente que os seus objetivos só poderão ser alcançados pela derrubada violenta de toda ordem social existente. Que as classes dominantes tremam à idéia de uma revolução comunista. Nela, os proletários nada tem a perder a não ser suas prisões, tem um mundo a ganhar. Proletários de todos os países, uni-vos!...” (Karl Marx) “...nada melhor seria, supostamente, se cada um, ao praticar uma legítima especialização, cultivar laboriosamente seu jardim, se esforçar o quanto menos em seguir a obra do vizinho. Mas os muros são tão altos que tapam a vista. Todavia, quantas sugestões preciosas sobre métodos e interpretações dos fatos, quantas aquisições culturais, quanto progresso na intuição nasceriam em diversos grupos, de intercâmbios intelectuais mais frequentes! O porvir da história .... é a esse preço, e também a justa inteligência dos fatos que a manhã serão história. Pretendemos nos levantar contra estas terríveis cismas...” (Lucien Paul Victor Febvre)
  • 7. RESUMO Os estudos quali-quantitativos das variações morfológicas da linha de costa são parâmetros largamente adotados na determinação de ciclos erosivos ou progradacionais, constituindo-se um dado essencial na gestão, mitigação e prevenção de riscos na zona costeira. A aplicação da análise geoespacial em dados multiespectrais, vislumbrando o conhecimento dessas variações morfológicas, tem sido intensamente aplicada, uma vez que essa possibilita a adoção de uma escala temporal passada, presente e a projeção de cenários futuros. Com base nessas premissas, o objetivo desta dissertação é realizar a análise da evolução da linha de costa de um sistema costeiro arenoso, a partir da aplicação dos métodos Change Polygon (Polígono de mudança) e Digital Shoreline Analysis System (DSAS). Os materiais e métodos consistiram na utilização de dados da série Landsat 2, 5 e 8, delimitados temporalmente entre 1979 e 2016, compreendendo um horizonte de dados de 38 anos. Esses dados foram submetidos a técnicas de sensoriamento remoto no software ArcGis® versão 10.0, para determinação da evolução da linha de costa. A área de estudo está localizada na região de Parajuru, no município de Beberibe, estado do Ceará, Nordeste do Brasil. Trata-se de um sistema costeiro arenoso que compreende três diferentes subsistemas: spit arenoso, praia arenosa abrigada e praia arenosa exposta. Foram identificados trechos de erosão e acresção sedimentar para os diferentes períodos analisados. Para o setor 1 de face praial exposta, que compreende o spit arenoso, com o DSAS constatou-se, para o período chuvoso, uma taxa de variação média de -11,59 (m/ano). Para o período seco, a taxa de variação média foi da ordem de -9,22 (m/ano). Com o método polígono de mudança, no período chuvoso, obteve-se uma taxa de variação média da ordem de 0,01 m e, no período seco, 0,02 m. Para o setor 2 de face praial abrigada, com o DSAS constatou-se, no período chuvoso, uma taxa de variação média de -4,24 (m/ano). Para o período seco, a taxa de variação média foi da ordem de -2,90 (m/ano). Com o método polígono de mudança, no período chuvoso, obteve-se uma taxa de variação média da ordem de 0,0010 m e, no período seco, 0,015 m. Por fim, para o setor 3 de face praial exposta, com o DSAS constatou-se, para o período chuvoso, uma taxa de variação média de -0,68 (m/ano). Para o período seco, a taxa de variação média foi da ordem de -5,59 (m/ano). Com o método polígono de mudança, no período chuvoso, obteve-se uma taxa de variação média da ordem de 0,0012 m e, no período seco, 0,027m. Constatou-se a predominância das tendências erosivas, as quais provavelmente estão relacionadas a intervenções antrópicas, como barragens e estruturas físicas para carcinicultura ao longo do leito fluvial do rio Pirangi, diminuindo o aporte de sedimentação continental, além de eventos naturais, como as ondas de alta energia. Palavras-chave: Sensoriamento Remoto. Digital Shoreline Analysis System. Método do Polígono de Mudança. Linha de Costa. Spit Arenoso.
  • 8. ABSTRACT Qualitative studies from the morphological variations of the coastline are widely adopted in the determination of erosive or progradational cycles, constituting an essential element in the management, mitigation, and prevention of risks in the coastal zone. The application of the geospatial analysis in multispectral data, glimpsing the knowledge of these morphological variations, has been intensely applied since it allows an adoption of a past, present, and future scenario’s scale. Based on these premises, this dissertation’s aim is to perform an analysis on the coastline development of a sandy coastal system stemming from the application of the change polygon method and the Digital Shoreline Analysis System (DSAS). The materials and methods consist on the use of Landsat 2.5 and 8 data, delimited temporally between 1979 and 2016, comprising a data horizon of 38 years. These data were submitted to remote sensing techniques, without ArcGis® software version 10.0, to determine the evolution of the coastline. The study area is located in the region of Parajuru, in the city of Beberibe, state of Ceará, Northeast from Brazil. It is a sandy coastal system that comprises three different subsystems: sandy spit, sheltered sandy beach, and exposed sandy beach. Erosion and sediment accretion sections were identified into the different analyzed periods. To the sector 1 of exposed beach face, which includes the sandy spit with the DSAS, a change average rate of -11.59 (m/ year) was observed for the rainy season. To the dry period the change average rate was from the order of -9.22 (m / year). With the change polygon method, in the rainy season, it was obtained a variation average rate from the order of 0.01 m, and in the dry period 0.02 m. To sector 2 of the sheltered coastal area with the DSAS, a change average rate of -4.24 (m / year) was observed in the rainy season. To the dry period the change average rate was from the order of -2.90 (m / year). With the change polygon method in the rainy season, it was obtained a change average rate from the order of 0.0010 m, and in the dry period 0.015 m. Finally, the area 3 of the beach face, exposed with the DSAS, the change average rate was of - 0.68 (m / year) to the rainy season. To the dry period the change average rate was from the order of -5, 59 (m/ year). With the change polygon method in the rainy season, it was obtained a change average rate from the order of 0.0012 m, and in the dry period 0.027m. It was verified the predominance of erosive tendencies, which are probably related to anthropic interventions, such as dams and physical structures for shrimp farming along the river bed of the Pirangi River, reducing the contribution of continental sedimentation, as well as natural events such as high waves energy. Keywords: Coastline. Change Polygon Method. Digital Shoreline Analysis System. Remote Sensing. Sandy Spit.
  • 9. LISTA DE FIGURAS Figura 1 - Componentes primários da morfodinâmica........................................... 27 Figura 2 - Representação do fenômeno de refração de ondas................................ 29 Figura 3 - Representação do fenômeno de difração de ondas................................ 29 Figura 4 - Correntes longitudinais e correntes de retorno..................................... 31 Figura 5 - Disposição perpendicular e comportamento sazonal de um perfil praial.......................................................................................................... 34 Figura 6 - Delimitação da linha de costa (em vermelho)......................................... 37 Figura 7 - Divisão das escalas temporal e espacial na evolução costeira............... 38 Figura 8 - Ciclos de evolução costeira a partir da relação entre demanda e oferta de sedimento................................................................................... 39 Figura 9 - Fatores atuantes na variação temporal da linha de costa..................... 40 Figura 10 - Reprodução esquemática de uma célula sedimentar............................. 41 Figura 11 - Setor de face praial abrigada na área da praia de Parajuru................ 42 Figura 12 - Setor de face praial exposta na área do spit arenoso............................. 43 Figura 13 - Setor de face praial exposta na área da praia de Parajuru.................. 43 Figura 14 - Variação da linha de costa a partir do End Point Rate......................... 51 Figura 15 - Variação da linha de costa a partir do Shoreline Change Envelope.... 52 Figura 16 - Variação da linha de costa a partir do Net Shoreline Movement........ 52 Figura 17 - Etapas do método Change Polygon......................................................... 55 Figura 18 - Representação espacial da TVLC........................................................... 56 Figura 19 - Diagrama de fluxo das etapas de análise dos dados matriciais............ 64 Figura 20 - Zonas morfológicas da faixa de praia..................................................... 85 Figura 21 - Afloramento de paleomangue na zona de estirâncio da face praial abrigada..................................................................................................... 86 Figura 22 - Afloramento de paleomangue na zona de estirâncio da face praial exposta....................................................................................................... 86 Figura 23 - Ciclos morfodinâmicos associados ao spit arenoso................................ 88 Figura 24 - Dunas fixas presentes na praia de Parajuru.......................................... 89 Figura 25 - Dunas móveis presentes na praia de Parajuru....................................... 89 Figura 26 - Disposição dos corredores de deflação eólica e rebdous na praia de Parajuru..................................................................................................... 90 Figura 27 - Disposição da planície flúviomarinha do rio Pirangi............................ 91
  • 10. Figura 28 - Disposição das dunas móveis na margem direita da planície flúviomarinha do rio Pirangi................................................................... 91
  • 11. LISTA DE TABELAS Tabela 1 - Dados descritivos dos setores de determinação da evolução costeira.. 21 Tabela 2 - Ondas quanto à tipologia de arrebentação............................................. 28 Tabela 3 - Trabalhos aplicados à linha de costa no contexto da região Nordeste. 49 Tabela 4 - Dados de entrada para teste da TVLC................................................... 56 Tabela 5 - Dados multiespectrais aplicados na análise multitemporal.................. 59 Tabela 6 - Principais produções bibliográficas que tratam da área de estudo..... 62 Tabela 7 - Valores médios mensais e anuais da estação Jaguaruana..................... 68 Tabela 8 - Balanço hidroclimatológico normal....................................................... 71 Tabela 9 - Estatística das precipitações (níveis mensal e anual)............................. 73 Tabela 10 - Chave de classificação numérica dos totais precipitados...................... 77 Tabela 11 - Anos padrões para o posto Aracati (1960 – 2016)................................. 79 Tabela 12 - Dados de entrada para análise da linha de costa no DSAS – Setor 1.. 100 Tabela 13 - Balanço estatístico interdecadal - Setor 1............................................... 101 Tabela 14 - Resumo estatístico interdecadal para o Setor 1 – período chuvoso..... 102 Tabela 15 - Estatísticas do DSAS no período chuvoso para o Setor 1 (1979 – 2016)........................................................................................................... 103 Tabela 16 - Resumo estatístico interdecadal para o Setor 1 – período seco............ 109 Tabela 17 - Estatísticas do DSAS no período seco para o Setor 1 (1979 – 2016).... 110 Tabela 18 - Dados de entrada para análise da linha de costa no DSAS – Setor 2.. 115 Tabela 19 - Balanço estatístico interdecadal - Setor 2............................................... 116 Tabela 20 - Resumo estatístico interdecadal para o setor 2 – período chuvoso...... 117 Tabela 21 - Estatísticas do DSAS no período chuvoso para o Setor 2 (1979 – 2016)........................................................................................................... 119 Tabela 22 - Resumo estatístico interdecadal para o setor 2 – período seco............. 125 Tabela 23 - Estatísticas do DSAS no período seco para o Setor 2 (1979 – 2016).... 126 Tabela 24 - Dados de entrada para análise da linha de costa no DSAS - Setor 3... 132 Tabela 25 - Balanço estatístico interdecadal - Setor 3............................................... 134 Tabela 26 - Resumo estatístico interdecadal para o Setor 3 – período chuvoso..... 135 Tabela 27 - Estatísticas do DSAS no período chuvoso para o Setor 3 (1979 – 2016)........................................................................................................... 136 Tabela 28 - Resumo estatístico interdecadal para o Setor 3 – período seco............ 143 Tabela 29 - Estatísticas do DSAS no período seco para o Setor 3 (1979 – 2016).... 144
  • 12. LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 1 - Distribuição da série pluviométrica na escala mensal (1988 - 2016).... 61 Gráfico 2 - Distribuição dos valores máximos, médios e mínimos da série pluviométrica (1988 - 2016)...................................................................... 61 Gráfico 3 - Variação anual de temperatura média, máxima e mínima da estação Jaguaruana................................................................................................ 68 Gráfico 4 - Relação dos valores médios, mínimos e máximos das variáveis precipitação e temperatura...................................................................... 69 Gráfico 5 - Relação dos valores médios das variáveis evaporação e precipitação. 70 Gráfico 6 - Relação dos valores médios das variáveis umidade relativa e temperatura............................................................................................... 70 Gráfico 7 - Extrato do balanço hídrico mensal......................................................... 72 Gráfico 8 - Balanço hidroclimatológico normal....................................................... 72 Gráfico 9 - Deficiência, excedente, retirada e reposição hídrica ao longo do ano.. 73 Gráfico 10 - Precipitações médias mensais - posto Aracati - (1960 - 2016)............... 74 Gráfico 11 - Precipitações totais anuais em relação à média da série 1960 - 2016... 75 Gráfico 12 - Distribuição pluviométrica e representatividade percentual da quadra chuvosa - posto Aracati - (1960 - 2016)..................................... 76 Gráfico 13 - Estatística descritiva da normal climatológica (1960 - 2016)................ 78 Gráfico 14 - Classificação dos anos padrões (1960 - 2016)......................................... 78 Gráfico 15 - Variação espacial do comprimento da linha de costa - Setor 1............ 102 Gráfico 16 - Distribuição da taxa de variação interdecadal (m/ano) no período chuvoso para o Setor 1 – EPR................................................................. 104 Gráfico 17 - Taxa de regressão linear interdecadal da linha de costa (m/ano) no período chuvoso para o Setor 1 – LRR................................................... 105 Gráfico 18 - Distribuição do Recuo (-) e Avanço (+) interdecadal da linha de costa (m) no período chuvoso para o Setor 1 – NSM............................. 106 Gráfico 19 - Movimentação interdecadal da linha de costa (m) no período chuvoso para o Setor 1 – SCE.................................................................. 106 Gráfico 20 - Distribuição da taxa de variação interdecadal (m/ano) no período seco para o Setor 1 – EPR........................................................................ 111 Gráfico 21 - Taxa de regressão linear interdecadal da linha de costa (m/ano) no período seco para o Setor 1 – LRR.......................................................... 111
  • 13. Gráfico 22 - Distribuição do Recuo (-) e Avanço (+) interdecadal da linha de costa (m) no período seco para o Setor 1 – NSM................................... 113 Gráfico 23 - Movimentação interdecadal da linha de costa (m) no período seco para o Setor 1 – SCE................................................................................ 113 Gráfico 24 - Variação espacial do comprimento da linha de costa - Setor 2............ 117 Gráfico 25 - Distribuição da taxa de variação interdecadal (m/ano) no período chuvoso para o Setor 2 – EPR................................................................. 120 Gráfico 26 - Taxa de regressão linear interdecadal da linha de costa (m/ano) no período chuvoso para o Setor 2 – LRR................................................... 121 Gráfico 27 - Distribuição do Recuo (-) e Avanço (+) interdecadal da linha de costa (m) no período chuvoso para o Setor 2 – NSM............................. 123 Gráfico 28 - Movimentação interdecadal da linha de costa (m) no período chuvoso para o Setor 2 – SCE.................................................................. 123 Gráfico 29 - Distribuição da taxa de variação interdecadal (m/ano) no período seco para o Setor 2 – EPR........................................................................ 127 Gráfico 30 - Taxa de regressão linear interdecadal da linha de costa (m/ano) no período seco para o Setor 2 – LRR.......................................................... 128 Gráfico 31 - Distribuição do Recuo (-) e Avanço (+) interdecadal da linha de costa (m) no período seco para o Setor 2 – NSM................................... 130 Gráfico 32 - Movimentação interdecadal da linha de costa (m) no período seco para o Setor 2 – SCE................................................................................ 130 Gráfico 33- Variação espacial do comprimento da linha de costa - Setor 3............ 135 Gráfico 34 - Distribuição da taxa de variação interdecadal (m/ano) no período chuvoso para o Setor 3 – EPR................................................................. 138 Gráfico 35 - Taxa de regressão linear interdecadal da linha de costa (m/ano) no período chuvoso para o Setor 3 – LRR................................................... 140 Gráfico 36 - Distribuição do Recuo (-) e Avanço (+) interdecadal da linha de costa (m) no período chuvoso para o Setor 3 – NSM............................. 141 Gráfico 37 - Movimentação interdecadal da linha de costa (m) no período chuvoso para o Setor 3 – SCE.................................................................. 141 Gráfico 38 - Distribuição da taxa de variação interdecadal (m/ano) no período chuvoso para o Setor 3 – EPR................................................................. 146 Gráfico 39 - Taxa de regressão linear interdecadal da linha de costa (m/ano) no
  • 14. período chuvoso para o Setor 3 – LRR................................................... 146 Gráfico 40 - Distribuição do Recuo (-) e Avanço (+) interdecadal da linha de costa (m) no período seco para o Setor 3 – NSM................................... 148 Gráfico 41 - Movimentação interdecadal da linha de costa (m) no período seco para o Setor 3 – SCE................................................................................ 148 Gráfico 42 - Relação acresção e erosão (m²) no período chuvoso para o Setor 1..... 150 Gráfico 43 - Taxa de variação da linha de costa (m) no período chuvoso para o Setor 1........................................................................................................ 151 Gráfico 44 - Relação acresção e erosão (m²) no período seco para o Setor 1............ 153 Gráfico 45 - Taxa de variação da linha de costa (m) no período seco para o Setor 1.................................................................................................................. 154 Gráfico 46 - Relação acresção e erosão (m²) no período chuvoso para o Setor 2..... 156 Gráfico 47 - Taxa de variação da linha de costa (m) no período chuvoso para o Setor 2........................................................................................................ 157 Gráfico 48 - Relação acresção e erosão (m²) no período seco para o Setor 2............ 159 Gráfico 49 - Taxa de variação da linha de costa (m) no período seco para o Setor 2.................................................................................................................. 160 Gráfico 50 - Relação acresção e erosão (m²) no período chuvoso para o Setor 3..... 162 Gráfico 51 - Taxa de variação da linha de costa (m) no período chuvoso para o Setor 3........................................................................................................ 163 Gráfico 52 - Relação acresção e erosão (m²) no período seco para o Setor 3............ 165 Gráfico 53 - Taxa de variação da linha de costa (m) no período seco para o Setor 3.................................................................................................................. 166
  • 15. LISTA DE MAPAS Mapa 1 - Localização da área de estudo................................................................. 21 Mapa 2 - Carta-imagem dos setores de determinação da evolução costeira....... 22 Mapa 3 - Sistemas locais de regulação dos processos morfogenéticos................. 26 Mapa 4 - Caracterização hidrológica da região da praia de Parajuru................ 81 Mapa 5 - Unidades litoestratigráficas..................................................................... 83 Mapa 6 - Unidades geomorfológicas........................................................................ 84 Mapa 7 - Elevações do terreno na região de Parajuru.......................................... 93 Mapa 8 - Declividades do terreno na região de Parajuru..................................... 94 Mapa 9 - Processo de difração de ondas característico na praia de Parajuru.... 98 Mapa 10 - Disposição espacial dos transectos de aplicação do DSAS para o Setor 1........................................................................................................ 101 Mapa 11 - Variação da linha de costa (m/ano) – no período chuvoso para o Setor 1........................................................................................................ 106 Mapa 12 - Variação total da linha de costa (m) – no período chuvoso para o Setor 1........................................................................................................ 108 Mapa 13 - Variação da linha de costa (m/ano) – no período seco para o Setor 1. 112 Mapa 14 - Variação total da linha de costa (m) – no período seco para o Setor 1.................................................................................................................. 142 Mapa 15 - Disposição espacial dos transectos de aplicação do DSAS para o Setor 2........................................................................................................ 116 Mapa 16 - Variação da linha de costa (m/ano) – no período chuvoso para o Setor 2........................................................................................................ 122 Mapa 17 - Variação total da linha de costa (m) – no período chuvoso para o Setor 2........................................................................................................ 124 Mapa 18 - Variação da linha de costa (m/ano) – no período seco para o Setor 2. 129 Mapa 19 - Variação total da linha de costa (m) – no período seco para o Setor 2.................................................................................................................. 131 Mapa 20 - Disposição espacial dos transectos de aplicação do DSAS para o Setor 3........................................................................................................ 133 Mapa 21 - Variação da linha de costa (m/ano) – no período chuvoso para o Setor 3........................................................................................................ 140 Mapa 22 - Variação total da linha de costa (m) – no período chuvoso para o
  • 16. Setor 3........................................................................................................ 142 Mapa 23 - Variação da linha de costa (m/ano) – no período chuvoso para o Setor 3........................................................................................................ 147 Mapa 24 - Variação total da linha de costa (m) – no período seco para o Setor 3.................................................................................................................. 149 Mapa 25 - Variação da linha de costa (m) – no período chuvoso para o Setor 1.................................................................................................................. 152 Mapa 26 - Variação da linha de costa (m) – no período seco para o Setor 1.................................................................................................................. 155 Mapa 27 - D Variação da linha de costa (m) – no período chuvoso para o Setor 2.................................................................................................................. 158 Mapa 28 - Variação da linha de costa (m) – no período seco para o Setor 2......... 161 Mapa 29 - Variação da linha de costa (m) – no período chuvoso para o Setor 3.. 164 Mapa 30 - Variação da linha de costa (m) – no período seco para o Setor 3......... 167
  • 17. LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ANA Agência Nacional das Águas COGERH Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos CPRM Serviço Geológico do Brasil CPTEC Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos DNIT Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes ERTS Earth Resources Technology Satellite ETM Enhanced Thematic Mapper Plus FUNCEME Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos IBAMA Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística INMET Instituto Nacional de Meteorologia INPE Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais IPECE Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará MDT Modelo Digital de Terreno SEMACE Superintendência Estadual do Meio Ambiente do Ceará SR Sensoriamento Remoto TM Thematic Mapper TST Temperatura de Superfície Terrestre UECE Universidade Estadual do Ceará UFC Universidade Federal do Ceará USGS U.S. Geological Survey UTM Universal Transversa de Mercator VCAN Vórtice Ciclônico de Altos Níveis ZCIT Zona de Convergência Intertropical
  • 18. SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO............................................................................................. 19 1.1 LOCALIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO................................................... 24 1.2 OBJETIVOS.................................................................................................... 24 1.2.1 Geral............................................................................................................... 24 1.2.2 Específicos...................................................................................................... 24 1.3 ORGANIZAÇÃO DOS CAPÍTULOS............................................................ 24 2 BASES CONCEITUAIS NO ESCOPO DAS ANÁLISES DOS AMBIENTES COSTEIROS......................................................................... 25 2.1 DINÂMICA DO LITORAL E PROCESSOS ATUANTES........................... 25 2.1.1 Ondas.............................................................................................................. 27 2.1.2 Marés.............................................................................................................. 29 2.1.3 Correntes litorâneas...................................................................................... 30 2.1.4 Ventos............................................................................................................. 31 2.2 PLANÍCIE LITORÂNEA E MORFOLOGIA DO AMBIENTE PRAIAL.... 32 2.3 LINHA DE COSTA........................................................................................ 34 2.4 CICLOS RETROGRADANTES E PROGRADANTES DA LINHA DE COSTA............................................................................................................ 37 2.5 CLASSIFICAÇÃO DAS FACES PRAIAIS A PARTIR DO GRAU DE EXPOSIÇÃO À AÇÃO DAS ONDAS........................................................... 42 2.6 MORFOLOGIAS ASSOCIADAS ÀS BARREIRAS COSTEIRAS.............. 44 2.6.1 Spits arenosos................................................................................................. 44 2.6.2 Ilhas barreira................................................................................................. 46 2.7 MÉTODOS DE ANÁLISES DA VARIAÇÃO DA LINHA DE COSTA...... 47 2.7.1 Digital Shoreline Analysis System (DSAS).................................................. 49 2.7.2 Change Polygon (polígono de mudança)..................................................... 54 3 PROCEDIMENTOS TÉCNICO-OPERACIONAIS................................. 57 3.1 DADOS GEOCARTOGRÁFICOS................................................................. 57 3.1.1 Dados vetoriais............................................................................................... 57 3.1.2 Dados matriciais............................................................................................ 58 3.1.3 Dados alfanuméricos..................................................................................... 60 3.2 DADOS BIBLIOGRÁFICOS......................................................................... 61 3.3 SOFTWARES UTILIZADOS......................................................................... 62 3.4 METODOLOGIAS PARA ANÁLISE DA VARIAÇÃO TEMPORAL DA LINHA DE COSTA........................................................................................ 63 3.4.1 Análise de dados matriciais.......................................................................... 63 3.4.2 Compartimentação da área monitorada e delimitação da linha de costa................................................................................................................ 65 3.4.3 Digital Shoreline Analysis System (DSAS).................................................. 65 3.4.4 Change Polygon (Polígono de mudança)..................................................... 66 4 ASPECTOS FISIOGRÁFICOS DA ÁREA DE ESTUDO........................ 66 4.1 ASPECTOS HIDROCLIMÁTICOS E HIDROLÓGICOS............................. 66 4.1.1 Variáveis climáticas....................................................................................... 67 4.1.2 Balanço hídrico.............................................................................................. 70 4.1.3 Comportamento pluviométrico.................................................................... 73
  • 19. 4.1.4 Hidrologia....................................................................................................... 80 4.2 QUADRO GEOLÓGICO-GEOMORFOLÓGICO......................................... 82 5 DINÂMICA COSTEIRA ASSOCIADA ÀS VARIAÇÕES MORFOLÓGICAS DA LINHA DE COSTA DA PRAIA DE PARAJURU................................................................................................... 95 6 APLICAÇÃO DO MÉTODO DIGITAL SHORELINE ANALYSIS SYSTEM (DSAS) NA ANÁLISE MULTITEMPORAL EM ESCALA INTERDECADAL DA LINHA DE COSTA (1979 - 2016)....................... 99 6.1 VARIAÇÕES MORFOLÓGICAS EM ESCALA INTERDECADAL DA FACE PRAIAL EXPOSTA (SETOR 1 - TRECHO SPIT ARENOSO)......... 100 6.1.1 Escala Interdecadal - Período Chuvoso (1979 - 2016) - Setor 1................ 102 6.1.2 Escala Interdecadal - Período Seco (1979 – 2016) – Setor 1...................... 109 6.2 VARIAÇÕES MORFOLÓGICAS EM ESCALA INTERDECADAL DA FACE PRAIAL ABRIGADA (SETOR 2 - TRECHO PRAIA DE PARAJURU)................................................................................................... 115 6.2.1 Escala Interdecadal - Período Chuvoso (1979 – 2016) – Setor 2............... 117 6.2.2 Escala Interdecadal - Período Seco (1979 – 2016) – Setor 2...................... 125 6.3 VARIAÇÕES MORFOLÓGICAS EM ESCALA INTERDECADAL DA FACE PRAIAL EXPOSTA (SETOR 3 - TRECHO PRAIA DE PARAJURU)................................................................................................... 132 6.3.1 Escala Interdecadal - Período Chuvoso (1979 – 2016) – Setor 3............... 135 6.3.2 Escala Interdecadal - Período Seco (1979 – 2016) – Setor 3...................... 143 7 APLICAÇÃO DO METODO DO POLÍGONO DE MUDANÇA (CHANGE POLYGON) NA ANÁLISE MULTITEMPORAL EM ESCALA INTERDECADAL DA LINHA DE COSTA (1979 – 2016)................................................................................................................ 150 7.1 VARIAÇÕES MORFOLÓGICAS EM ESCALA INTERDECADAL DA FACE PRAIAL EXPOSTA (SETOR 1 - TRECHO SPIT ARENOSO)......... 150 7.2 VARIAÇÕES MORFOLÓGICAS EM ESCALA INTERDECADAL DA FACE PRAIAL ABRIGADA (SETOR 2 - TRECHO PRAIA DE PARAJURU)................................................................................................... 156 7.3 VARIAÇÕES MORFOLÓGICAS EM ESCALA INTERDECADAL DA FACE PRAIAL EXPOSTA (SETOR 3 - TRECHO PRAIA DE PARAJURU)................................................................................................... 162 8 CONSIDERAÇÕES FINAIS....................................................................... 168 REFERÊNCIAS........................................................................................... 171
  • 20. 19 1 INTRODUÇÃO Os ambientes litorâneos e as alterações morfológicas a eles associados vêm sendo investigados pelas ciências da terra com diferentes objetivos, dentre os quais se destacam o conhecimento e a mensuração do comportamento morfológico do ponto de vista espacial e temporal. Cabe ressaltar que a maioria desses estudos está vinculada a ações direcionadas à gestão, visando à mitigação e à prevenção de riscos costeiros. Nas áreas costeiras onde há forte urbanização, ou nas que estão em processo de franca expansão, o entendimento da dinâmica litorânea se apresenta como fundamental, uma vez que, nas últimas décadas, inúmeros processos ligados a eventos de alta energia, como as ressacas do mar, associadas a ondas do tipo swell, têm causado variações bruscas nas morfologias costeiras e também a destruição de ambientes naturais e estruturas construídas na orla, conforme Paula e Dias (2015). Além dos prejuízos ambientais e econômicos, há fortes impactos sociais ocasionados em função dessas bruscas alterações na morfologia de áreas costeiras, principalmente das comunidades tradicionais ligadas à pesca e/ou que estão estabelecidas no litoral. As discussões acerca dessa temática vêm se intensificando tanto no cenário nacional (PAULA et al., 2013; 2016; MUEHE, 2005; 2006), como no cenário internacional (MATIAS et al., 2009; 2010). Desse modo, torna-se urgente a necessidade do melhor conhecimento do comportamento morfológico/sedimentar do ambiente costeiro, incluindo a variação desse comportamento no espaço e no tempo. Esse conhecimento permite o entendimento qualitativo e quantitativo da evolução dos ambientes costeiros, sendo possível melhor compreender seu funcionamento, além de possibilitar a projeção de cenários futuros, indispensáveis a uma melhor gestão do litoral. No que diz respeito à analise dos estágios passado, atual e futuro, vários métodos podem ser utilizados, tais como: datação de amostras sedimentares e a correlação espacial de sua disposição ao longo do litoral, realização de perfis topográficos transversais à linha de costa, entre outros. Além desses, a análise temporal da linha de costa, através das técnicas da análise geoespacial, vem sendo amplamente debatida na literatura científica por inúmeros autores, como Mclaughlin et al., (2002) e Tessler e Goya (2005), e tem sido cada vez mais utilizada nos estudos acerca da dinâmica e evolução costeira e das variações morfológicas associadas. A dinâmica costeira é condicionada pelo balanço entre os processos de erosão e deposição, resultantes da ação diferenciada de inúmeros fatores de ordem natural (ondas,
  • 21. 20 marés, correntes e regime de ventos), além dos fatores de ordem antropogênica, que atuam de forma direta ou indireta, acentuando tais processos, como no caso da erosão costeira. A movimentação da linha de costa está relacionada a diversos fatores, destacando-se a atuação das ondas e das correntes marinhas. No caso da atuação das ondas, a movimentação ocorre principalmente pela incidência frontal no perfil praial, originando o transporte transversal. A ação combinada de ondas e marés pode potencializar os episódios erosivos ocorridos na linha de costa, conforme Tessler & Goya (2005), originando eventos extremos, por exemplo, através da sobreelevação de ondas com maior poder destrutivo. Na atuação das correntes marinhas longitudinais ou de deriva litorânea, que no Ceará tem orientação geral de leste para oeste, há o transporte longitudinal de sedimentos ao longo do perfil praial. A partir dessa dinâmica, há a formação e o remodelamento de uma série de feições geomorfológicas, cujas características podem fornecer importantes registros da evolução do litoral. O litoral cearense apresenta, em sua vasta extensão, os traços dessa dinâmica evolutiva, seja nas unidades morfológicas atuais (praias, dunas, corredores de deflação eólica, falésias), seja nos paleoambientes (paleomangues, paleodunas, terraços fluviais e marinhos). Considerando-se, portanto, a importância dos estudos acerca da evolução costeira e das variações morfológicas associadas e com o intuito de aplicar as ferramentas inseridas nas geotecnologias para dimensionar as variações da linha de costa, tomou-se como área de estudo o setor costeiro situado na localidade de Parajuru, no município de Beberibe, Litoral Leste do Estado do Ceará. A escolha da área de estudo foi fundamentada em três fatores principais. O primeiro baseia-se na existência de um sistema de spit arenoso bem desenvolvido, que está associado à linha de costa e desembocadura fluvial, e cuja localização influencia diretamente a dinâmica deposicional costeira. O segundo baseia-se na intensificação de eventos de alta energia, como o overwash, que tem acentuado a ação dos processos erosivos. E, por fim, a carência de estudos específicos acerca da análise geoespacial no estudo temporal da linha de costa nesse trecho do litoral cearense. 1.1 LOCALIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO A praia de Parajuru está situada na margem direita da desembocadura do rio Pirangi. Esse curso fluvial tem sua nascente localizada no município de Quixadá, estado do Ceará. De
  • 22. 21 acordo com COGERH (2001), a bacia desse leito fluvial apresenta uma área de 4374,1 km² e perímetro de 360 km, com largura média variando de 35 km, no alto e médio curso, a 55 km, no baixo curso. O acesso à área de estudo, a partir da capital do estado, é feito através da CE- 040 (Mapa 1). Foram definidos três setores para aplicação dos métodos de determinação da evolução costeira, com base em critérios geomorfológicos, (11.922,90 m²). O primeiro setor corresponde à área do spit (3.886,98 m²), localizado na desembocadura do rio Pirangi. O segundo setor corresponde ao trecho abrigado da linha de costa, à retaguarda do referido spit, (1.494,39 m²), enquanto que o terceiro setor corresponde ao trecho exposto da linha de costa, situado a oeste do referido spit, (6.541,53 m²), conforme apresentado na Tabela 1 e nos Mapas 1 e 2. Tabela 1 - Dados descritivos dos setores de determinação da evolução costeira Discretização dos Setores de Análise da Linha de Costa Setor Face Trecho Vértices Coordenadas (SIRGAS - 2000) Área (m²) Latitude Longitude 1 Exposta Spit Arenoso 1.1 4° 22' 50.341" S 37° 50' 57.154" W 3.886,98 1.2 4° 22' 31.291" S 37° 50' 43.021" W 1.3 4° 23' 52.658" S 37° 48' 16.876" W 1.4 4° 24' 14.286" S 37° 48' 28.856" W 2 Abrigada Praia de Parajuru 2.1 4° 22' 59.658" S 37° 51' 4.177" W 1.494,39 2.2 4° 22' 50.341" S 37° 50' 57.154" W 2.3 4° 23' 58.172" S 37° 48' 58.106" W 2.4 4° 24' 8.036" S 37° 49' 3.712" W 3 Exposta 3.1 4° 20' 38.272" S 37° 54' 35.029" W 6.541,53 3.2 4° 20' 16.512" S 37° 54' 19.245" W 3.3 4° 22' 43.426" S 37° 50' 51.942" W 3.4 4° 23' 5.158" S 37° 51' 8.322" W Fonte: Elaborado pelo autor.
  • 23. !A!A!A!A!A!A !A !A !A !A !A !A !A !A !A !A !A !A !A !. !. !. !. !. !. ARACATI BEBERIBE FORTIM Pontal do Maceió Praia de Parajuru Paripueira Barra Guajiru Rio Pirangi Rio Jaguaribe La. dos Cavalos La. Negra La. do Umari La. Xarabiçu La. do Tapuio La. Olho D'Água La. Arataca La. do Campestre Riacho das Umburanas Riacho do Lôlo Córrego do Campestre Córrego do Camará Córrego da Amarela Córrego do Félix Córrego da Floresta Córrego Ezequiel 37°46'0"W 37°46'0"W 37°50'15"W 37°50'15"W 37°54'30"W 37°54'30"W 37°58'45"W 37°58'45"W 38°3'0"W 38°3'0"W 4°21'45"S 4°21'45"S 4°26'0"S 4°26'0"S Oceano Atlântico / Legenda Limites Municipais Área de Estudo !. Localidades Costeiras !A Parque Eólico Recursos Hídricos Corpos D'água Rio Riacho Córrego Mapa 1 - Localização da área de estudo 0 2 4 6 81 km Sistema de Projeção Universal Transversa de Mercator Sistemas de Coordenadas Geográficas Datum Horizontal: SIRGAS 2000 Meridiano de Referência: 36° 45' W. Gr. Paralelo de Referência: -6° PI CE RN 37°0'0"W 38°0'0"W 38°0'0"W 39°0'0"W 39°0'0"W 40°0'0"W 40°0'0"W 41°0'0"W 41°0'0"W 3°0'0"S 4°0'0"S5°0'0"S ±Oceano Atlêntico 0 5025 km Oeste Fortaleza Leste Praia de Parajuru Bases Cartográficas IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (2010) - 1:250.000 COGERH - Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos do Ceará (2008) - 1:100.000 Demais Municipios BeberibeAmérica do Sul Região Nordeste Ceará Demais Estados 47°24'0"W 47°24'0"W 69°30'0"W 69°30'0"W 1°36'0"S 1°36'0"S 23°42'0"S 23°42'0"S ±Oceano Atlântico OceanoPacífico 0 750 1,500375 km AQUIRAZ ARACATI CASCAVEL CHOROZINHO FORTIM HORIZONTE ITAIÇABA MORADA NOVA OCARA PACAJUS PALHANO PINDORETAMA RUSSAS BEBERIBE 37°51'40"W 37°51'40"W 38°6'0"W 38°6'0"W 38°20'20"W 38°20'20"W 4°14'20"S 4°14'20"S 4°28'40"S 4°28'40"S 0 10 205 km ±Oceano Atlântico 22 Fonte: Elaborado pelo autor, com base em dados Landsat (2016), IBGE (2010) e COGERH (2008).
  • 24. # # # # ##2 1 3 4 56 37°48'45"W 37°48'45"W 37°50'50"W 37°50'50"W 37°52'55"W 37°52'55"W 37°55'0"W 4°20'25"S 4°24'35"S 37°55'0"W 4°22'30"S 4°22'30"S4°20'25"S 4°24'35"S / Setor 3 - Face Praial Exposta/ Trecho Praia de Parajuru Setor 1 - Face Praial Exposta/ Trecho Spit Arenoso Setor 2 - Face Praial Abrigada/ Trecho Praia de Parajuru0 1 2 30.5 km 321 4 5 6 Latitude Longitude 4° 21' 38.181" S 37° 52' 52.492" W Latitude Longitude 4° 22' 0.878" S 37° 52' 20.529" W Latitude Longitude 4° 23' 15.164" S 37° 50' 22.825" W Latitude Longitude 4° 23' 16.540" S 37° 49' 52.739" W Sistema de Projeção Universal Transversa de Mercator Sistemas de Coordenadas Geográficas Datum Horizontal: SIRGAS 2000 Meridiano de Referência: 36° 45' W. Gr. Paralelo de Referência: -6° Latitude Longitude 4° 23' 4.077" S 37° 50' 44.813" W Latitude Longitude 4° 22' 46.747" S 37° 50' 46.241" W Mapa 2 - Carta-imagem dos setores de determinação da evolução costeira 23 Fonte: Elaborado pelo autor, com base em dados Landsat (2016) e fotos de arquivo pessoal
  • 25. 24 1.2 OBJETIVOS 1.2.1 Geral Compreender a evolução da linha de costa da praia de Parajuru, em Beberibe/Ceará – Nordeste do Brasil, utilizando técnicas de análise geoespacial, através das ferramentas Digital Shoreline Analysis System (DSAS) e Change Polygon (Polígono de Mudança), baseadas no sensoriamento remoto. 1.2.2 Específicos  Estabelecer a evolução da linha de costa dos três setores individualizados para a área de estudo, no intervalo temporal compreendido entre 1979 e 2016;  Elaborar mapas espaço-temporais da variação da linha de costa e spit arenoso na escala interdecadal para os períodos chuvosos e secos nos anos elencados.  Analisar as respostas numéricas da variação morfológica derivadas das ferramentas Digital Shoreline Analysis System – DSAS e Change Polygon (Polígono de Mudança);  Indicar as tendências de erosão e progradação da linha de costa. 1.3 ORGANIZAÇÃO DOS CAPÍTULOS A dissertação está organizada em 08 capítulos. No primeiro capítulo é apresentada a introdução, tratando da organização da dissertação e breve apresentação do enquadramento do tema, localização da área de estudo e objetivos. No segundo capítulo é abordado o referencial teórico que fundamentou este trabalho, sendo apresentados os agentes da dinâmica costeira, compartimentação do ambiente praial, a partir de critérios morfológicos, definição e classificação de barreiras costeiras e os conceitos operacionais e estatísticos dos métodos de análise da evolução espaçotemporal do litoral. No terceiro capítulo são apresentados os procedimentos técnicos operacionais ligados à aquisição, manipulação e obtenção de resultados. No quarto capítulo são apresentados os aspectos fisiográficos da área de estudo.
  • 26. 25 Nos capítulos cinco, seis e sete são apresentados os resultados alcançados. No oitavo capítulo são apresentadas as considerações finais do trabalho. 2 BASES CONCEITUAIS NO ESCOPO DAS ANÁLISES DOS AMBIENTES COSTEIROS Visando alcançar os objetivos propostos, faz-se necessária a apresentação de modelos conceituais que englobem os temas abordados e das ferramentas utilizadas. No que concerne aos processos responsáveis pela formação e modelação de diversas morfologias costeira na área em questão, os processos oceanográficos são mais efetivos, contudo os agentes fluviais e eólicos também desempenham importante papel como área fonte dos processos de retroalimentação. Esses agentes e suas formas de atuação serão descritos nos itens a seguir. Referente às ferramentas e às metodologias, foram empregadas técnicas de ampla utilização no meio científico. 2.1 DINÂMICA DO LITORAL E PROCESSOS ATUANTES O ambiente costeiro caracteriza-se pelo grande dinamismo, tanto espacial quanto temporal, que resulta em grande variedade de feições geomorfológicas e geológicas. Conforme Rossetti (2008), essa grande variação nas feições advém da complexa interação de processos deposicionais e erosivos, relacionados com a ação de ondas (tanto normais, quanto de tempestades tropicais ou tsunamis), marés, correntes litorâneas e ação dos ventos. Na região da praia de Parajuru, foi possível identificar três sistemas reguladores dos processos morfogenéticos, sendo o primeiro sistema representado pelo rio Pirangi, onde concentram-se os fluxos controlados pelas descargas fluviais. Esse sistema se enquadra geograficamente no limite final da região de influência das marés e a principal fonte de material sedimentar é originada pelos processos de desgaste e erosão da Formação Barreiras, esculpida na forma de tabuleiro costeiro. O segundo sistema é o flúviomarinho, regulado pelos processos de transporte fluvial e ações de maré diárias. Como destaca Meireles et al, (2002), nesse sistema, “os processos morfogênicos interagem com os materiais transportados pela deriva litorânea e migração de dunas, bem como os sedimentos de fundo de canal e em suspensão”.
  • 27. 26 O terceiro, e mais efetivo na modelagem das formas presentes, está ligado ao sistema marinho. Nesses sistemas, os processos reguladores são de origem oceanográfica, dentre eles os fluxos originados pela ação das marés, ondas e deriva litorânea (Mapa 3). Mapa 3 - Sistemas locais de regulação dos processos morfogenéticos Fonte: Elaborado pelo autor, com base em USGS (2013) e IBGE (2010).
  • 28. 27 Vinculada aos processos reguladores, dá-se a morfodinâmica da planície litorânea e do ambiente praial, que está vinculada aos processos compensação entre os fluxos de matéria e energia. De acordo com Cowell e Thom (1994), “o mecanismo de conexão deflagrador dessa compensação é o próprio transporte sedimentar através da dinâmica de fluídos responsável pela erosão-deposição ao longo do tempo” (Figura 1). Figura 1 - Componentes primários da morfodinâmica Fonte: Adaptado de (Cowell e Thom, 1994) . Incluídos nesses componentes primários estão uma série de agentes geradores e reguladores da morfodinâmica. Optou-se, porém, por detalhar os agentes de cunho oceanográfico e atmosférico, uma vez que são mais efetivos na área de estudo. 2.1.1 Ondas Do ponto de vista da dinâmica sedimentar, as ondas desempenham o papel de importantes agentes de energia, constituindo-se na principal causa de erosão e gerando diversos tipos de correntes e diferentes padrões de transporte de areia. Desse modo, como aponta Wright e Short (1984), a dinâmica praial é resultante da “interação das ondas incidentes, permanentes e aperiódicas e dos fluxos gerados por ondas e marés”. Conceitualmente, as ondas representam o resultado da transmissão de energia na superfície aquosa do oceano pela ação dos ventos (KINSMAN, 1984). As ondas passam a atuar efetivamente na remobilização de material sedimentar nas faces mais rasas, esse transporte inicia quando a onda se instabiliza e quebra na zona de surfe (THORNBURY, 1979). Como aponta Young (1999), as ondas podem ser de dois tipos, wind-sea (Sea) e swell:  Wind-sea (Sea): originadas a partir da ação dos ventos locais. São muito irregulares, com diversos períodos (seis a nove segundos) e várias direções;
  • 29. 28  Swell: se propagam a partir de outras regiões, sendo mais uniformes, com grandes comprimentos de onda e pequenas amplitudes. Todo conjunto de ondas com períodos a partir de 10 segundos são consideradas swell. Após a arrebentação, as ondas transpassam a zona de surf até a face praial, dando início ao processo denominado espraiamento (swash) e, em seguida, retornam à zona de surf, processo denominado refluxo (backwah). Visando a classificação tipológica da arrebentação, Galvin (1968) agrupou as ondas em 4 tipos (Tabela 2). Tabela 2 - Ondas quanto à tipologia de arrebentação Fonte: Adaptado de Galvin (1968). Associados aos efeitos de fundo marinho, três processos passam a atuar sobre as ondas, sendo esses empinamento, refração e difração (HOEFEL, 1998). O empinamento representa a modificação na altura da onda, objetivando a conservação do fluxo de energia, no qual, quando há uma retração na velocidade das ondas, devido aos efeitos de redução da profundidade, a energia aumenta representada na altura da onda (NIELSEN, 2009). A refração esboça a alteração na direção de propagação das ondas, a partir de deformações originadas por mudanças na velocidade, a partir das modificações de fundo (NIELSEN, 2009). Desse modo, temos que na incidência oblíqua, em uma profundidade irregular, as ondas deparam-se com variações de profundidade, dando origem ao fato de que ondas que se propagam em ambientes mais rasos tendem a apresentar velocidades reduzidas, quando em comparação com áreas mais profundas, como exposto na Figura 2 (KOMAR, 2000). Formas de arrebentação Descrição Progressiva ou Deslizante (Spilling Breaker) São formadas quando a camada superior da crista se move mais rápidos do que a onda como o todo. É característica de praias com baixa declividade, a onda desliza sobre o perfil praial e tem a energia dissipada através de uma larga faixa. Mergulhante (Plunging Breaker) São ondas de característica violentas e podem ser observadas em praias com declividade que varia de moderada a alta. Tendem a carrear uma maior carga sedimentar que as deslizantes, remobilizando a carga da praia para o largo até o limite exterior da linha de quebra. São frequentemente associadas a ondas longas ou swells. Ascendente (Surging Breaker) Tem a se evidenciar em praias com declividade alta, onde a onda praticamente não quebra, ela ascende sobre a face de praia, interagindo com o refluxo das ondas anteriores. Frontal (Collapsing Breaker) Similares as mergulhantes, porém diferenciando-se pelo fato de que sua crista ao invés de enrolar, desaba, ocorrendo ocorrem em praias de mergulho moderado em condições de vento regulares.
  • 30. 29 Figura 2 - Representação do fenômeno de refração de ondas Fonte: Adaptado de Segar (1998). A difração consiste na transmissão lateral e na energia da onda ao longo da crista (Figura 3). A difração se manifesta em setores de propagação de ondas em setores restritos, ou, nos casos de interceptação das ondas, é interceptada por um obstáculo (SUGUIO, 1992). Figura 3 - Representação do fenômeno de difração de ondas Fonte: Adaptado de Segar (1998). 2.1.2 Marés No domínio costeiro, as variações na amplitude das marés podem ser causadoras de profundas modificações no processo de sedimentação do litoral, acumulando ou erodindo a
  • 31. 30 costa (GARRISON, 2010). As marés são resultado da ação conjunta de atração gravitacional entre a Terra, a Lua e o Sol, e por forças centrífugas, originadas pelos movimentos de rotação em torno do centro de massa do sistema Sol-Terra-Lua, que se localiza no interior da terra (SILVA et al., 2004). Do ponto de vista da amplitude, as marés foram classificadas em três tipos, de acordo com Davis (1985), micro (<2m), meso (2 – 4m) e macro (>4m). Outro fator que pode ser usado para classificar as marés é o seu período de influência, podendo ser diurna, apresentando uma preamar e uma baixa-mar em um dia. Outro tipo são as semidiurnas, que apresentam duas preamares e duas baixa-mares em um dia. E, por último, maré mista, que se assemelha às semidiurnas por apresentar duas preamares e duas baixa-mares, no entanto são evidenciadas diferenças na altura e duração do ciclo (MORAIS, 1996). Por fim, associadas ao alinhamento dos astros, podem ocorrer as marés de sizígia, que representam os maiores alcances e variações. As marés de sizígia são originadas a partir do alinhamento da Terra, Lua e Sol, originando as luas nova e cheia. Já na ocorrência das luas crescente e minguante, há uma divisão das forças, condicionando as marés de quadratura (MIGUES, 1996). 2.1.3 Correntes litorâneas As ondas incidentes na zona surf dissipam uma fração da energia, dando origem às correntes longitudinais e/ou transversais à costa (GUILCHER, 1957). As correntes litorâneas incluem fluxos unidirecionais, desenvolvidos ao longo da costa, e correntes de retorno, como exposto na Figura 4 (SHEPARD e INMAN, 1950). As correntes longitudinais desenvolvem-se entre a praia e a zona de arrebentação. Essas correntes condicionam o transporte de material sedimentar paralelo à linha de costa, também conhecida como deriva litorânea, resultante da incidência oblíqua das ondas (GUILCHER, 1957). Garrison (2010) aponta que o mecanismo é simples: na superfície da praia, as partículas de areia, transportadas pela água que chega, descrevem um movimento de ‘ziguezague’ na mesma direção da corrente de deriva litorânea, de tal modo que cada onda as movimenta em um pequeno trecho ao longo da praia. Na água, ocorre o mesmo: as ondas podem levantar os grãos de areia e a corrente de deriva litorânea imprime a esses grãos um
  • 32. 31 movimento de ‘ziguezague’. Como consequência, a areia é movimentada pela ação da corrente. Figura 4 - Correntes longitudinais e correntes de retorno Fonte: Silva, et al., (2004). As correntes transversais representam o fluxo de retorno da carga hidráulica ao mar, por meio da ação das correntes de retorno, sendo característica dessas correntes a ação em espaços estreitos, velocidade com que desencadeiam os processos. Os fluxos das correntes de retorno sofrem retroalimentação das correntes longitudinais, sendo extintas ao transpassarem o limite da zona de surf. Essas correntes são determinantes no carreamento de carga sedimentar para a zona offshores (GUILCHER, 1957). 2.1.4 Ventos Os ventos são um dos maiores responsáveis pela dinâmica costeira, tendo um papel importante na sedimentação costeira, nas formações de ondas e na geração das correntes litorâneas (MAIA, 1998). No contexto da costa cearense, está presente a atuação constante dos ventos alísios, em conjunto com as brisas marinhas, a velocidade média dos ventos incidentes nesse litoral são de 6 m/s (PINHEIRO, 2003). A respeito da direção, estas seguem a sazonalidade dos períodos de precipitação, nos meses de março e abril, nos quais há a concentração das maiores pluviometrias, os ventos têm direção predominante SE, durante o dia, e SSES,
  • 33. 32 durante a noite. Já entre maio e agosto, há uma efetivação da alternância da ação das brisas marinhas-terrestres, predominando ventos ENE-E, durante o dia, e E-SE, durante a noite. Por fim, entre agosto e dezembro, predominam dos ventos alísios de E (PINHEIRO, 2003). Para o litoral do Ceará, nos meses de março e abril, ápices do período chuvoso, predominam ventos de SE (120°- 150°), ao longo do dia, passando a SSES (150°- 180°), durante a noite. O período entre maio e agosto é de transição, no qual o ciclo térmico diurno terra-oceano passa a alternar brisas marinhas e terrestres, resultando em ventos de ENE-E (60°- 90°), durante o dia, e E-SE (90°- 150°), durante a noite. Entre agosto e dezembro, a direção predominante varia de E a SE, com predomínio dos ventos alísios de E (PINHEIRO, 2003. MORAIS 1996). 2.2 PLANÍCIE LITORÂNEA E MORFOLOGIA DO AMBIENTE PRAIAL A planície litorânea caracteriza-se por ser um ambiente recente no contexto da acumulação e remodelação de material sedimentar, sob constante ação de agentes de origem continental, oceanográfica e climática. Como destaca Suguio (2003, p. 11-12), “as planícies costeiras são superfícies geomorfológicas deposicionais de baixo gradiente, formada por sedimentação predominantemente subaquosa, como o mar e composta por sedimentos em geral de idade quaternária”. Quando se trata da aplicação de terminologias para divisão da planície litorânea em feições morfológicas similares, a literatura de base é liderada por pesquisadores de língua inglesa, tais como Shepard (1954), Short (1999), Davis (1985), Pethinck (1984), King (1972), dentre outros. Contudo, destacam-se as iniciativas de autores brasileiros na busca de adequarem e classificarem a planície litorânea brasileira de acordo com essa literatura base. Dentre as iniciativas, destacam-se Angulo et al. (1996), Hoefel (1998), Suguio (1998) e Muehe (1994). Ao longo das obras desses autores, fica evidente a complexidade de adequação da similaridade dos termos para feições locais presentes no litoral brasileiro. Dessa forma, as classificações que mais se aproximam de uma similaridade, tanto dos termos como das feições relacionadas, são as de Suguio (1998) e Muehe (1994), a exemplo do limite geográfico e da tradução de backshore (pós-praia), que são definidos do mesmo modo pelos autores. Já no caso da antepraia, existe uma série de divergências quanto ao limite, subdivisão e qualificação. Suguio (1998) considera esta como foreshore situada entre o limite superior da
  • 34. 33 preamar e a linha de baixamar. Muehe (1994), por sua vez, adota o termo shoreface limitada geograficamente pelo prisma praial submerso. Baseando-se em Niedoroda et al. (1985), essa divergência foi contornada, dividindo-se a antepraia em superior (foreshore) e inferior (shoreface). No meio científico brasileiro, como aponta Christofoletti (1980), a partir de uma adaptação, adota-se a divisão do sistema praial da seguinte forma: backshore (pós-praia), foreshore (estirâncio) e shoreface (antepraia). O sistema praial surge, então, a partir de uma complexa rede de interações. O ambiente praial, de acordo com Hoefel (1998), é (...) um depósito de sedimentos não coesivos e inconsolidados sobre a zona costeira, dominado primariamente por ondas e limitado internamente pelos níveis máximos de ação de ondas de tempestade ou pelo início da ocorrência de dunas fixadas ou de qualquer outra alteração fisiográfica brusca, caso existam; e externamente pela profundidade de fechamento de interna. De posse dessa conceituação, no presente estudo, considera-se praia como um ambiente sedimentar, onde se apresentam fácies consolidadas (plataforma de abrasão) e não consolidados (areias, cascalhos e outros), sob constante modificação a partir da ação de forçantes oceanográficas (ondas, marés e correntes), climáticas (ventos e precipitações) e antropogênicas. Iniciando-se na após o limite máximo da maré baixa até a zona de pós-praia. Para se dividir ambiente praial, consideraram-se as proposições de Morais (1996). O autor considera a divisão desse sistema em dois grupos. O primeiro a partir da influência das ondas, o qual é dividido em três zonas (Figura 5): Zona de Arrebentação, delimitada pela área onde as ondas iniciam o estado de instabilidade e quebram, gerando as zonas de surfe e espraiamento; Zona de Surfe, setor de onde incidem as ondas resultantes da quebra na zona de arrebentação e Zona de Espraiamento, área de ocorrência da subida e descida da água. O segundo grupo corresponde aos setores influenciados pelas marés, estando dividido também em três grupos: Pós-praia corresponde à área que se encontra fora da influência da maré, contundo é alcançada por marés excepcionais, ressacas ou ondas de tempestade; Estirâncio, área sujeita às variações de subida e descida das marés e Antepraia, área submersa constantemente, porém pode ter trechos expostos em eventos de marés excepcionais.
  • 35. 34 Figura 5 - Disposição perpendicular e comportamento sazonal de um perfil praial Fonte: Adaptado de Morais (1996). Conhecer essas definições e ter o entendimento de que a interação entre agentes e a planície litorânea gera situações de risco, uma vez que pequenas modificações podem representar a intensificação de processos naturais, como a erosão costeira, é de suma importância. Nesse sentido, destacam-se os estudos de Bird (2008), Muehue (2006), Meireles (2008), Morais (1996), Tessler et al. (2005), dentre outros. 2.3 LINHA DE COSTA A linha de costa representa um limite em constante variação espacial e temporal, condicionada principalmente pelas forçantes oceanográficas. Essas variações podem ocasionar respostas quase imperceptíveis, ou podem gerar situações de risco costeiro, associado a eventos de alta energia (WHITE, 2007; CAMARGO et al, 2010). Essas situações de risco tendem a acentuarem-se nesse ambiente específico, em função das muitas atividades nela praticadas – pesca artesanal, turismo, recreação, infraestrutura portuária –, bem como por concentrar, em muitas regiões, os maiores contingentes populacionais. O conceito de linha de costa é imbuído de uma extrema complexidade, tendo em vista que perpassa vários critérios de classificação e identificação. De forma simples, ela pode ser classificada como a representação da interface entre a terra e a água (BOAK E TURNER, 2005, p. 688). Entretanto, quando se correlaciona a interação da linha de costa com os agentes condicionantes de fluxo de matéria energia imbuídos de intensa dinâmica espacial e temporal,
  • 36. 35 essa simples definição não supre o embasamento necessário para explicar os fenômenos resultantes, como avanço ou recuo da linha de costa. Desse modo, como aponta Oertel (2005), deve-se considerar a linha de costa como um indicador unidimensional, sem espessura e diâmetro, servindo como indicador de posição da praia ao longo do tempo. Temos, então, que a linha de costa representa um limite, o qual pode ser detectado a partir de uma série de indicadores (OERTEL, 2005). Desse modo, autores como Pilkey e Dixon (1996), Silvester e Hsu (1997) e Oertel (2005), sugerem que a linha de costa é o limite entre as áreas secas e molhadas da praia. Contudo, os autores recomendam a consideração da influência das marés na variação e na alteração dessas áreas. Já Crowell (1991) afirma que a linha de costa corresponde simplesmente à linha de interface entre a terra e a água. Logo, esse conceito deve ser entendido como um perímetro flutuante, isto é, que possui um posicionamento geográfico variável na escala espaço- temporal. De maneira diferente, Horn (2005) adota linha de costa como sendo o “posicionamento onde o nível médio da superfície da água atinge a primeira porção semi- emersa da praia, denominada de face da praia”. Temos, assim, que a complexidade em definir a linha de costa reside na infinidade de indicadores que podem ser utilizados para sua identificação. Os indicadores são resultantes da interação de vários agentes, podendo ser tomados como base os originados pela ação dos agentes físicos, como as feições geomorfológicas resultantes da dinâmica praial, além de estruturas antropogênicas (BOAK E TURNER, 2005, p. 690). Visando agrupar esses indicadores de maneira mais usual e prática, os mesmos autores os dividiram em dois grupos: 1° Grupo - Indicadores relacionados ao nível de água: consideram a interação entre o perfil praial e a interação com a maré e o espraiamento das ondas; 2° Grupo - Indicadores relacionados a feições costeiras discerníveis visualmente: i. Indicadores alinhados em estruturas construídas pelo homem (enrocamentos, molhes, muros, calçadas, referenciais de nível topográfico); ii. Feições morfológicas indicadoras (escarpa, berma superior); iii. Indicadores referentes à posição da linha d’água (linha seca-molhada, espraiamento). É de fundamental importância que o pesquisador, ao definir o indicador que tomará como base para identificar a linha de costa, represente a realidade da área estudada. Além disso, o indicador deve estar de acordo com os dados disponíveis e com as respectivas escalas aplicadas (BOAK e TURNER, 2005). Nesse contexto, como apontam Stockdon et al.
  • 37. 36 (2002), a identificação da linha de costa divide-se em duas etapas: a primeira refere-se à seleção e a definição do indicador, a segunda inclui o processo de detecção do indicador. Kraus e Rosati (1997), destacam que os principais indicadores utilizados para definir a linha de costa são: a) Linha Média da Preamar de Sizígia: definida a partir de um datum maregráfico ou pelo “run –up” da onda; b) Linha de Preamar: baseada em critérios geomorfológicos: linha de berma, crista da praia, base de dunas ou de falésias; c) Divisa seco/molhado: critério que tem dependência direta de fatores, como a própria praia, nível do mar, ondas, regime de ventos, entre outros. Para definição da linha, tendo como base este critério, toma-se como base a diferença entre as tonalidades derivadas dos sedimentos secos ou molhados; d) Linha d’água: representada pela linha de contato direto entre os sedimentos da praia e a água. Tem relação direta com as fases das marés e a ação das ondas, apresenta-se como fronteira móvel. Cabe ressaltar que a adoção de produtos de sensoriamento requer todo um tratamento prévio dos dados, tais como registro, correção atmosférica e outros, a não adoção dessas etapas irá coincidir em falhas na análise da variação de linha de costa. Deste modo, o presente estudo adotou a definição de linha de costa de Crowell (1991, p. 841), apresentada como sendo a definição comumente adotada para caracterizar a posição da linha de costa em áreas costeiras arenosas, tem incidido na utilização da ‘linha’ que marca o limite atingido durante a preamar de sizígia, caracterizando-se por uma mudança nítida de tonalidade nas areias da praia facilmente identificável nas fotografias aéreas e imagens de sensoriamento remoto. Como indicador, utilizou-se a divisa seco/molhado, a qual se baseia na diferença entre as tonalidades derivadas dos sedimentos secos ou molhados, ou seja, o limite final do sedimento molhado e início do seco foi considerado linha de costa (Figura 6).
  • 38. 37 Figura 6 - Delimitação da Linha de costa (em vermelho) Fonte: O autor, com base em dados Quickbird (2016) - (Esri Basedata). 2.4 CICLOS RETROGRADANTES E PROGRADANTES DA LINHA DE COSTA As discussões relativas à erosão costeira são abordadas, algumas vezes, de maneira precipitada, pois focalizam no imediatismo dos efeitos evidenciados no litoral, sem antes levantar evidencias históricas desses processos. Esse fato tem sido abordado por autores como Beets (2000, p.4) e Nicholls (1989, p.202): “esses efeitos são muitas vezes tratados como irreversíveis, pois desconsideram o fator temporal que é preponderante nas análises desses processos”. Os autores debatem, nesse sentido, o desconhecimento das escalas dos eventos, como é o caso das erosões episódicas associadas a ondas de tempestades, ou ainda, a ciclos erosivos constantes e evolutivos no tempo, associados aos processos naturais, os quais, muitas vezes, representam uma regressão da linha de costa de poucos centímetros, numa representação mensal, sazonal e anual. Outros fatos desconsiderados são as intermitências dos ciclos naturais do ambiente costeiro, ou seja, passa um período retrogradando e outros progradando. Dessa forma, as variações morfodinâmicas foram subdivididas em uma escala considerando as variáveis tempo e espaço (Figura 7).
  • 39. 38 Figura 7 - Divisão das escalas temporal e espacial na evolução costeira Fonte: Adaptado de Cowel e Thom (1994). De acordo com a divisão de Cowell e Thom (1994), a escala instantânea representa a ocorrência de ciclos de alterações morfológicas primárias, como a migração de um banco intermaré. A escala de eventos envolve a sequência recorrente de um determinado processo (variação sazonal), exemplificado pelo fechamento sazonal de estuários. A escala histórica, por sua vez, compreende a variação de anos a séculos resultante da combinação de vários eventos, como a migração de canais de maré ao longo da costa. Por último, a escala geológica, sendo a escala temporal atuante em décadas e milênios, como o preenchimento de estuários (WOODROFFE, 2002). Nesse sentido, é de suma importância, ao se analisar o ambiente costeiro, incluir todos os processos envolvidos na interação da evolução costeira, nos quesitos espacial e temporal. Na relação espacial, esses ambientes são controlados pela demanda e pela oferta de sedimentos que, segundo Nicholls (1989, p.205), podem ser conceitualmente assim apresentadas: A demanda de sedimentos de uma costa é determinada pela taxa de aumento relativo do nível do mar e pela morfologia da planície costeira. O abastecimento de sedimento é determinado pela disponibilidade de sedimentos e pela capacidade de transporte de vento e água. Ainda com base em Nicholls (1989) e em suas exposições, torna-se evidente que estado de equilíbrio entre demanda e oferta de carga sedimentar são fatores de cunho desencadeador da evolução da costa. Na busca de apresentar de maneira esquemática e de 0 0 1 1 10 100 Milênios Séculos Décadas Anos Estações Dias Horas Segundos Comprimento (km) Geológica Histórica Eventos Instantânea
  • 40. 39 promover melhor entendimento para os envolvidos com as questões ligadas ao litoral, o autor desenvolveu uma diagramação, como exposta na Figura 8. No diagrama são apresentados os três estágios possíveis, a partir da relação entre demanda e oferta de material sedimentar. No caso 1, evidenciam-se os casos de ciclos progradantes, nos quais a demanda é menor do que a oferta. O caso 2 apresenta o estado de equilíbrio, no qual demanda e oferta são praticamente iguais. Por fim, no caso 3, demonstram-se os casos de recuo da linha de costa, ocasionados pela ineficiência da oferta em suprir a demanda sedimentar para estabilização ou progradação. Figura 8 - Ciclos de evolução costeira a partir da relação entre demanda e oferta de sedimentos Fonte: Nicholls (1989). A identificação dos ciclos e estágios que o ambiente costeiro apresentou e apresenta pode ser evidenciada através das análises de vários aspectos, como perfil de equilíbrios, alterações da tipologia sedimentar da face praias e outros. Contudo, a análise da variação temporal da linha de costa vem se sobressaindo nas últimas décadas. O posicionamento da linha de costa, no decorrer do tempo, apresentou inúmeras variações, avançando ou recuando por sobre o mar. Esses ciclos são ocasionados a partir da ação da uma série de agentes atuantes de modo constante. De acordo com GTL (2014), “estes fatores são o forçamento oceanográfico, os sedimentos, o contexto geomorfológico e a intervenção humana”. Entende-se, nesse caso, como forçamento oceanográfico as interações geradas pela ação conjunta de ondas, marés, correntes e variações nível do mar. O fator sedimento inclue a natureza do material e sua disponibilidade para atuar 1 2 3
  • 41. 40 nos processos de retroalimentação dos sistemas deposicionais. O contexto geomorfológico se refere às formas e suas predisposições genéticas à acumulação ou à erosão. As intervenções antropogênicas englobam todas as formas de barramento dos fluxos naturais de matéria e energia (verificar Figura 9). Figura 9 - Fatores atuantes na variação temporal da linha de costa Fonte: GTL (2014). Outro fato importante é que o recuo da linha de costa não está associado apenas aos processos erosivos, mas a fatores como a elevação do nível mar. Porém, com os processos de recarga sedimentar em equilíbrio, mesmo com o avanço do nível do mar, o litoral pode se apresentar estável (VALETIN, 1989). Nesse contexto, outro aspecto fundamental relativo aos ciclos retrogradantes e progradantes da linha de costa são as células sedimentares, ambientes pelos quais todos os fluxos de ganho e perda de material sedimentar são controlados. De acordo com Van Rijn (2010), essas células são definidas como [...] uma unidade relativamente autônoma dentro da qual o sedimento circula. Uma célula contém um ciclo completo de sedimentação, incluindo fontes, caminhos de transporte e sumidouros. Seus limites separam as partes da costa que são interdependentes daqueles que são independentes em termos de processos físicos. A utilização dessa terminologia avança no sentido da delimitação de um balanço sedimentar, expondo as relações de entrada através dos fluxos fluviais, subterrâneos, eólicos e marinhos e das relações de saída de carga no sistema praial, representada pelos fluxos da deriva litorânea, marés e ondas representadas pelas trocas com a plataforma. Esse processo de perda, na maioria dos casos, segue o sentido direcional das correntes de deriva. No trecho
  • 42. 41 costeiro de Parajuru, esse fluxo está alinhado no sentido Leste-Oeste. A Figura 10 esboça a diagramação do modelo de celular sedimentar de Van Rijn (2010). Figura 10 - Reprodução esquemática de uma célula sedimentar Fonte: Van Rijn (2010). No contexto da costa cearense, destaca-se a forte pressão que essa vem passando nas últimas décadas, a partir da inserção de estruturas (hotéis, resorts, barramentos fluviais e outros) e atividades (carcinicultura, hotelaria de grande porte, pesca predatória, agropecuária de porte industrial). Umas das principais problemáticas que se evidenciam nesse setor são as intensificações dos processos erosivos, como destacam Pinheiro (2000); Carvalho et al. (1994); Maia et al. (1997); Martins et al., (2004); Moura et al. (2007); Sousa (2007); Muehe (2001 e 2005), dentre outros. De acordo com Suguio (1998, p.275), “o processo em geral é de origem natural, que pode atuar tanto em costa rasa quanto escarpada. Por outro lado, a erosão costeira, principalmente a praial, pode ser induzida pelo homem”. Para Morais (1996, p. 213), há erosão costeira em dois tipos: erosão natural e erosão antrópica. A erosão natural é resultado da sazonalidade dos regimes de ondas e da morfodinâmica das feições fisiográficas costeiras, constituindo um processo normal no equilíbrio sedimentológico e dinâmico do sistema costeiro, enquanto que a erosão antrópica é resultante da interferência do homem nesse sistema dinâmico, nas diversas formas de intervenção.
  • 43. 42 2.5 CLASSIFICAÇÃO DAS FACES PRAIAIS A PARTIR DO GRAU DE EXPOSIÇÃO À AÇÃO DAS ONDAS Os ambientes praiais apresentam inúmeras classificações a partir de características morfológicos, porém outros critérios, como o grau de exposição e a ação das ondas, têm sido amplamente aplicados (MUEHE, 2004). Autores como Hus e Evans (1989) e Short (1999) ressaltam que o grau de exposição a ondas tem papel importante no condicionamento das correntes costeiras e, consequentemente, no transporte sedimentar associado. Desse modo, a partir dos diferentes graus de exposição às ondas, as praias podem ser expostas, semi- abrigadas e abrigadas. Para Short (1999), a exposição pode condicionar o ambiente praial a um comportamento cíclico de retrogradação, transporte e progradação, a partir das variações sazonais de incidência de ondas. Esse comportamento pode se apresentar numa escala temporal de caráter semanal, mensal ou decadal, sem, entretanto, apresentar incremento ou decréscimo líquido de sedimentos no sistema (KLEIN et al, 2005). Esse conceito vem sendo aplicado no litoral brasileiro por Muehe (2001). Segundo Muehe (2001, p 41), “são caracterizadas por ambientes resguardados da ação direta das ondas”. Na área de estudo, delimitou-se um trecho costeiro com essas características. Em específico, essa face praial é protegida da ação direta das ondas pela proteção de um spit arenoso, situado ao norte dessa área (Figura 11). Figura 11 - Setor de face praial abrigada na área da praia de Parajuru Fonte: Elaborado pelo autor, com base em imagens Quickbird R3G2B1 2016 (Esri Basedata). As faces praias expostas, de acordo com Muehe (2001, p 41), “são ambientes expostos a ação direta da energia das ondas”. Na área de estudo, delimitaram-se dois trechos
  • 44. 43 costeiros com essas características, em específico, o trecho do spit arenoso e o trecho da praia de Parajuru, situada imediatamente a Oeste (Figuras 12 e13). Figura 12 - Setor de face praial exposta na área do spit arenoso Fonte: Elaborado pelo autor, com base em imagens Quickbird R3G2B1 2016 (Esri Basedata). Figura 13 - Setor de face praial exposta na área da praia de Parajuru Fonte: Elaborado pelo autor, com base em imagens Quickbird R3G2B1 2016 (Esri Basedata). Por fim, as faces praias semi-abrigadas representam estágios intermediários entre os dois anteriores. Para a área de estudo, não se aplicou essa terminologia.
  • 45. 44 2.6 MORFOLOGIAS ASSOCIADAS ÀS BARREIRAS COSTEIRAS 2.6.1 Spits arenosos Com base na literatura (HAYES, 1979; DAVIS, 1994; BIRD, 2000; SALES et al 2003), as barreiras representam extensões de areias sempre emersas que se alongam de forma paralela à faixa de praia, das quais são separadas por extensões aquáticas ou anfíbias, como lagunas, canais de marés, braços de mar ou segmentos fluviais abandonados. Ainda segundo os autores, essas feições, em sua grande maioria, têm dimensões superiores a 1 km, que resultam da acumulação de sedimentos na zona infralitorânea em resposta à ação das ondas e correntes litorâneas (em particular as correntes longitudinais e de marés), representando formas naturais de proteção das praias em relação à ação abrasiva do mar (e.g. DAVIS, 1990; BIRD, 1996). Como ocorre em outros ramos das ciências, os estudos das barreiras arenosas geram um debate complexo. Segundo a proposta de Beaumont (1885), as barreiras resultam da emersão e migração de barras arenosas (sand bars) em direção à praia, sendo formadas a níveis pouco profundos da zona infralitorânea. Em contraponto, Gilbert (1885) considerou que as barreiras (e, em particular, as ilhas-barreiras ou barrier islands, que representam cordões litorâneos completamente desconectados da praia nas duas extremidades) evoluiriam pela ação de correntes longitudinais (a deriva litorânea), tendo como ponto de partida a formação de flechas litorâneas (“esporões”, barrier spits, correspondendo a cordões litorâneos, apresentando uma extremidade conectada com a faixa de praia ou continente). Sales et al., (2003) destacam que, apesar desta controvérsia, esses conceitos preliminares deram base para uma evolução conceitual tipológica acerca das barreiras arenosas, como é o caso proposto por Johnson (1919), que considerou as hipóteses de emersão de barras arenosas e formação de flechas litorâneas pela ação de correntes litorâneas. Além desse, cabe destacar o trabalho de Hoyt (1967), que demostrou outro contexto evolutivo associado ao afogamento de cordões litorâneos pré-existentes. Segundo Sales et al., (2003), atualmente esses três pressupostos continuam sendo aceitos de forma relativamente antagônica. Considerando, no entanto, que uma grande parte da controvérsia foi alimentada por ausência de estudos estratigráficos susceptíveis de subsidiar os cenários evolutivos propostos, a maior disponibilidade de tais estudos nos dos últimos decênios vem permitindo criar certo consenso acerca de algumas das condições
  • 46. 45 primárias que determinam a evolução de barreiras. No que tange aos processos necessários para a formação das barreiras, Roy et al, (1984) elencaram três fatores condicionantes: 1) Abundância de sedimentos na zona litorânea; 2) Morfologia plana e de pouca profundidade na zona infralitorânea; 3) Presença de espaços de acomodação morfológica. Quanto à dinâmica, Suguio (2007) afirma que o processo de construção de uma barra arenosa está relacionado à dinâmica exercida pelas desembocaduras fluviais, através do bloqueio do transporte longitudinal de sedimentos. Desse modo, o fluxo de água bloqueia o transporte de areia, de modo semelhante a um espigão artificial, contribuindo para a acumulação sedimentar que dá origem às barras arenosas. Suguio (2007) propôs a existência de três fases relacionadas ao surgimento e ao desenvolvimento das barreiras arenosas: 1) Primeira Fase: denominada fase de enchente, há o bloqueio do transporte litorâneo (deriva litorânea) pelo fluxo fluvial na área da desembocadura do rio, ou seja, esse fluxo atua como uma espécie de espigão hidráulico. Há, dessa forma, a progradação de areia marinha à barlamar do fluxo fluvial e retrogradação dos sedimentos fluviais à sotamar (SUGUIO et al., 1985). 2) Segunda Fase: na fase seguinte (fase de vazante), o obstáculo exercido pelo fluxo fluvial tende a desaparecer. O principal efeito disso é a erosão parcial dos depósitos marinhos por meio da ação das correntes longitudinais, sendo construído, a partir de então, a barra arenosa. Essa, por sua vez, tende a obstruir a desembocadura fluvial. 3) Terceira Fase: trata-se da fase de crescimento da barra arenosa. Isso ocorre desde que a fase de vazante seja longa o suficiente, o que determinará o crescimento da barra e a fará resistir às condições subsequentes de alta energia hidrodinâmica. Com base nos processos atuantes, Dingle e Clifton (1994) propuseram que as barreiras arenosas podem ser classificadas em: 1) Litorais dominados por ondas onde as barreiras seriam estáveis (wave- dominated barriers); 2) Litoral dominado pela ação conjunta da energia das ondas e marés, formando barras de energia mista (mixed energy barriers oudrumsticks barriers); 3) Litorais com aporte sedimentar realizado por corrente longitudinal, induzindo à formação de flechas litorâneas (attached barriers, barriers spits); 4) Litorais com presença de participação dos fluxos fluviais na modelagem dos
  • 47. 46 depósitos, formando flecha litorânea ou flechas litorâneas duplas (double spits). Spits (barreiras dominadas por ondas): Barreiras do tipo spit evoluem, sobretudo, onde ocorrem inflexões da linha de costa e um abundante suprimento de areia. As inflexões produzem acentuado ângulo de incidência das ondas e, assim, uma significativa ação das correntes longitudinais (deriva litorânea). Em função do elevado suprimento de areias, processa-se elevado transporte de sedimentos de forma paralela à praia (Davis e Duncan, 2004). Spits duplos (barreiras dominadas por fluxos fluviais e energia das ondas) O surgimento e evolução de spits duplos ocorrem na desembocadura de pequenos rios (DINGLER e CLIFTON, 1994). A morfologia dessas barreiras depende da combinação entre fluxos fluviais e clima de ondas, sendo os sedimentos fornecidos sobretudo pelos rios. Os períodos de estiagem permitem uma ação considerável das ondas, o que propicia a deposição de sedimentos ao longo da desembocadura do rio e a formação de correntes longitudinais que dispersam os sedimentos. Tal contexto é responsável pela criação de spits em ambas as laterais do curso fluvial (DINGLER e CLIFTON, 1994). Com frequência, em função da maior ou menor energia das ondas, um dos spits duplos apresenta-se mais desenvolvido que o outro, situação que tende a barrar a desembocadura dos rios (CLAUDINO SALES, 2002) Barreiras de energia mista São aquelas barreiras nas quais, além da energia das ondas, há também participação da energia das marés (DAVIS, 1994). Devido à menor influência das ondas, ocorre transporte de sedimentos para offshore através do inlet, que separa o ambiente anfíbio criado pelas barreiras do ambiente marinho, fato responsável pela edificação de deltas de jusante bem desenvolvidos (DAVIS e HAYES, 1984). Esses corpos sedimentares formam uma morfologia arqueada em direção ao mar que impacta a incidência das ondas, que são refratadas no entorno do delta de jusante, provocando uma reversão local da direção da corrente longitudinal no segmento à sotamar (DAVIS, 1994). Em consequência, parte considerável do aporte sedimentar é aprisionado nesse segmento à sotamar, permitindo a construção da barreira. 2.6.2 Ilhas barreira As ilhas barreira são corpos sedimentares emergentes que ocorrem paralelamente à linha de costa, possuindo as duas extremidades livres, ou seja, sem nenhuma conexão direta
  • 48. 47 com o continente. Elas são encontradas em diversas costas do mundo e, conforme Davidson- Arnott (2010), podem formar cadeias de ilhas separadas do continente por canais de maré, lagunas ou baías. De acordo com Otvos (2012), elas são um dos tipos de barreiras costeiras mais recorrentes, cuja presença no sistema costeiro é extremamente importante, por serem fontes supridoras de sedimentos para o litoral adjacente e, principalmente, por funcionarem como uma primeira barreira de proteção da costa contra a ação de ondas de tempestades e eventos de alta energia, da mesma forma que os spits arenosos. 2.7 MÉTODOS DE ANÁLISES DA VARIAÇÃO DA LINHA DE COSTA Os estudos voltados ao conhecimento das variáveis ambientais representam, sem dúvida, uma eficaz ferramenta para os gestores do meio físico. Para tanto, é necessária a aplicação de metodologias que venham, de certo modo, sintetizar as análises e produzir resultados na maioria dos casos expressos como mapas e gráficos. No caso das ambientes praias, Silva et al. (2005) ressaltam que, por exemplo, a indicação da sensibilidade da costa a processos erosivos é de suma importância, não apenas para geoconservação dos elementos naturais, mas, acima disso, é fundamental na prevenção de riscos às comunidades locais. Nessa perspectiva, o emprego de técnicas voltadas ao estudo das taxas de variação da linha de costa (retrogradação e/ou progradação) surge como uma importante ferramenta, de excelente grau de confiabilidade. Cabe salientar que os valores expressos nas taxas médias da variação da linha de costa, por exemplo, representam o estado comparativo de duas situações temporais, representando, assim, uma tendência a determinado comportamento morfossedimentar do ambiente (DIAS et al, 1994). Nesse contexto, Dias et al, (2004) colocam que algumas considerações devem ser adotadas ao aplicar taxas nos estudos costeiros, tais como:  Período Analisado: os ciclos retrogradantes presentes no ambiente praial não representam um fenômeno que ocorre num ritmo constante e continuado. Logo, temos um caráter cíclico, no qual os ciclos progradantes e retrogradantes se alternam sem apresentar uma periodicidade predefinida. Contudo, as taxas médias podem sofrer processos de super ou subvalorizarão em relação às anuais, quando associadas a situações excepcionais.
  • 49. 48  Sazonalidade Anual: as variações morfossedimentares do ambiente praial estão associadas a estações do ano, ou seja, no inverno os ciclos retrogradantes tendem a ser mais efetivos. Em contrapartida, os progradacionais tendem a prevalecer no verão. Na comparação dos dados para esses dois períodos, as taxas médias podem sofrer leves distorções de super ou subvalorizarão, essas distorções estão associadas, na maioria dos casos, a eventos extremos.  Método e Indicadores: no que concerne à identificação e à determinação das taxas de variação da linha de costa, uma diversidade de ferramentas pode ser utilizada, tais como perfis topográficos ou sensoriamento remoto. Referente aos indicadores da linha de costa, os mais utilizados são a linha de berma e o limite seco/molhada na face praial. Entretanto, podem ocorrer leves distorções, quando se comparam os dados de perfis transversais e sensoriamento remoto, para uma mesma área, em um mesmo período.  Amplitude Temporal: ao adotar uma amplitude temporal muito longa, as taxas tendem a apresentar menores valores de dispersão, porém representam valores menos significativos, uma vez que não consideram períodos intermediários entre o ano inicial e final, o que acarreta a não apresentação de leves mudanças. Por exemplo, ao adotar o ano inicial 1970 e final 2000, sem inserir anos intermediários, será desconsiderada uma série de dados de 30 anos (1971 a 1999).  Escala: a escala adotada deve seguir parâmetros de exatidão cartográfica, a partir dos produtos tomados como base, a exemplo de imagens satélitais e fotografias aéreas, sendo de extrema importância a aplicação de escalas grandes, tanto na produção das linhas de costa como na representação e diagramação final. As taxas de variação de linha de costa, apesar dessas questões, representam um dos melhores indicadores das tendências evolutivas do ambiente praial, quando se seguem as ressalvas apresentadas. Dentre elas, destacam-se a adoção de amplitudes temporais com anos intermediários entre o inicial e o final, além da utilização de escalas compatíveis com os produtos aplicados, as tendências evolutivas serão expressas com alto grau de confiabilidade, identificando, com precisão, as variações sedimentares da linha de costa (DIAS et al, 1994; THIELLER e DANFORT, 1994). Acerca dos métodos e técnicas que se baseiam na aplicação de dados multiespectrais em períodos predeterminados, destacam-se o Digital Shoreline Analysis System (DSAS), desenvolvido por Thieler et al. (2009), e o Change polygon (Polígono de
  • 50. 49 Mudança), desenvolvido por Smith e Cromley (2012). A tabela 3 destaca os principais e mais atuais trabalhos direcionados na aplicação desses métodos, a nível da região Nordeste do Brasil. Tabela 3 – Trabalhos aplicados à linha de costa no contexto da região Nordeste Autor Ano Trabalho Técnica Farias, E. G. G; Maia, L.P. 2010 Uso de técnicas de geoprocessamento para a análise da evolução da linha de costa em ambientes litorâneos do Estado do Ceará, Brasil. Revista de Gestão Integrada da Zona Costeira, v. 10, n. 4, p. 521-544, 2010. Digital Shoreline Analysis System (DSAS) MARINO, M. T. R. D.; FREIRE, G. S. S. 2013 Análise da evolução da linha de costa entre as praias do Futuro e Porto das Dunas, região metropolitana de Fortaleza (RMF), estado do Ceará, Brasil. Revista de Gestão Costeira Integrada, v.13, n.1, p.113-129, 2013. SOUZA, W. F.; LEITE, N. S.; MEIRELES, A. J. A.; SILVA, E. V. 2016 O uso de SIG na análise da evolução de linha de costa controlada por promontório: trecho entre as praias de Ponta Grossa e Retiro Grande, Icapuí-Ceará. Revista da Casa da Geografia de Sobral, v. Especial, p. 20-35, SOUTO, M.V.S, 2004 Análise multitemporal dos elementos geoambientais da planície estuarina de região de Ponta do Tubarão, área de influência dos campos petrolíferos de Macau e Serra, município de Macau, RN. Dissertação de Mestrado. Natal: UFRN. Programa de Pós- Graduação em Geodinâmica e Geofisica . Change polygon (Polígono de Mudança) Fonte:Elaborado pelo Autor 2.7.1 Digital Shoreline Analysis System (DSAS) O Digital Shoreline Analysis System (DSAS) é uma das principais metodologias empregadas nos estudos direcionados à evolução da linha de costa, devido à qualidade das estatísticas geradas e ao fato de ser gratuito. O DSAS foi desenvolvido por Thieler et al, (2009), através da parceria entre United States Geological Survey (USGS) e Innovate Inc, sendo distribuído através do link <https://woodshole.er.usgs.gov/project-