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OORIENTAÇÃORIENTAÇÃO PORPOR MMAPAAPA EE BBÚSSOLAÚSSOLA
22ªª EEDIÇÃODIÇÃO
Autor
Líder Master Avançado Dr. Leandro Dias Cezar
Distrital de Desbravadores da ARJ no Distrito de Botafogo, Rio de Janeiro.
ASSOCIAÇÃO RIO DE JANEIRO – IGREJA ADVENTISTA DO SÉTIMO DIA
APRESENTAÇÃO DA 1A
EDIÇÃO
Querido leitor:
É com alegria que aceitamos o desafio da Associação Sul Riograndense da IASD para elaborar este Manual de
Orientação. Não que fosse uma tarefa fácil, principalmente pelo pouco material de estudo disponível, mas pela
importância deste assunto e a necessidade de um guia adequado às necessidades dos desbravadores. Através de
muita oração e exaustiva pesquisa elaboramos este material.
Neste manual, visamos a introduzir os conhecimentos da arte de orientação e navegação de forma prática e
adequada às atividades dos desbravadores. Procuramos reunir um material que pudesse ser útil tanto aos
iniciantes na arte de orientação, como também, aos mais experientes.
Não pretendemos, com este guia, esgotar o assunto. Objetivamos, sim, apresentá-lo de forma a levar o jovem a
se dedicar à pesquisa e ao aprimoramento das diversas técnicas desta área.
Lembramos aos leitores que, com grande prazer, estaremos abertos a críticas e sugestões referentes a este
compêndio. Nosso objetivo é produzir materiais cada vez melhores e mais adequados às necessidades dos
desbravadores. Sugestões de novos cursos e manuais também serão bem-vindos.
APRESENTAÇÃO DA 2A
EDIÇÃO
Querido Desbravador:
Com entusiasmo que reeditamos este manual de orientação este ano, almejando disponibilizar tal curso aos
líderes da ARJ e publicar no Clube de Líderes On-line. Procuramos trazer, nesta edição, algumas informações
complementares ao entendimento desta ciência, baseadas na experiência que tivemos desde a publicação da 1a
edição, ensinando no “1o
Curso de Orientação da ASR” e ministrando aulas de orientação nos cursos de
liderança e líder master da ASR.
Esperamos que este manual continue a despertar no jovem a vontade de se dedicar à pesquisa e ao
aprimoramento das diversas técnicas da vida ao ar livre.
Reiteramos aos leitores que, com grande prazer, continuaremos abertos a críticas e sugestões referentes a este
compêndio. Nosso objetivo continua sendo o de produzir materiais cada vez melhores e mais adequados às
necessidades dos desbravadores. Sugestões de novos cursos e manuais também serão bem-vindos.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO..........................................................................................................6
2 EQUIPAMENTOS.....................................................................................................7
2.1 EQUIPAMENTO BÁSICO...............................................................................................7
2.2 EQUIPAMENTO ESPECIALIZADO....................................................................................7
2.3 EQUIPAMENTO ACESSÓRIO......................................................................................... 7
3 MAPA TOPOGRÁFICO...........................................................................................8
3.1 ÁREA DE REPRESENTAÇÃO......................................................................................... 8
3.2 ARTICULAÇÃO DA FOLHA...........................................................................................8
3.3 REVISÕES.................................................................................................................8
3.4 ESCALA...................................................................................................................8
3.4.1 Escalímetro.....................................................................................................................................8
3.5 CURVAS DE NÍVEL....................................................................................................9
3.6 COORDENADAS GEOGRÁFICAS.....................................................................................9
3.6.1 Longitude & Latitude ...................................................................................................................10
3.6.2 Projeção Universal Transversa de Mercator (UTM)...................................................................10
3.7 DECLINAÇÃO MAGNÉTICA........................................................................................10
3.8 CUIDADOS COM O MAPA TOPOGRÁFICO;.................................................................... 11
3.9 DOBRANDO O MAPA TOPOGRÁFICO...........................................................................11
3.10 ORIENTAÇÃO “MAPA-TERRENO”............................................................................ 11
3.10.1 Encontrando sua localização no mapa...................................................................................... 11
3.10.2 Estimando distâncias..................................................................................................................12
3.10.3 Curvímetro..................................................................................................................................12
4 BÚSSOLA................................................................................................................. 13
4.1 AS ESTRELAS COMO BÚSSOLA..................................................................................13
4.2 UMA SOMBRA COMO BÚSSOLA................................................................................. 13
4.3 UM RELÓGIO COMO BÚSSOLA.................................................................................. 14
4.4 COMO CONSTRUIR SUA PRÓPRIA BÚSSOLA...................................................................14
4.5 CARACTERÍSTICAS DE UMA BÚSSOLA......................................................................... 14
4.6 BÚSSOLA BÁSICA....................................................................................................15
4.7 BÚSSOLA AVANÇADA..............................................................................................15
4.8 BÚSSOLA PARA GPS...............................................................................................15
4.9 CUIDADOS COM A BÚSSOLA......................................................................................16
4.10 NAVEGAÇÃO “BÚSSOLA-TERRENO”........................................................................ 16
4.10.1 Determinando o azimute no campo............................................................................................16
4.10.2 Caminhando em linha reta......................................................................................................... 16
4.10.3 Tirando o contra-azimute........................................................................................................... 16
4.10.4 Caminhando sem marcas de terreno..........................................................................................17
4.10.5 Contornando obstáculos.............................................................................................................17
4.11 AFERIÇÃO DO PASSO.............................................................................................18
5 NAVEGAÇÃO..........................................................................................................19
5.1 NAVEGAÇÃO PRIMITIVA...........................................................................................19
5.2 NAVEGAÇÃO MODERNA...........................................................................................19
5.3 NAVEGAÇÃO “MAPA-BÚSSOLA”...............................................................................19
5.3.1 A unidade de navegação...............................................................................................................19
5.3.2 Ajustando a bússola à declinação magnética do mapa................................................................20
5.3.3 Determinando o azimute no mapa................................................................................................20
5.3.4 Encontrando sua posição no mapa com o auxílio da bússola..................................................... 21
5.4 NAVEGAÇÃO COM GPS...........................................................................................21
5.4.1 Global Positioning System (GPS).................................................................................................22
5.5 BINÓCULO............................................................................................................. 22
5.6 ALTÍMETRO............................................................................................................22
5.7 ESBOÇO PANORÂMICO............................................................................................. 23
6 SAINDO EM EXPEDIÇÃO....................................................................................24
5.8 PREPARAÇÃO DE UMA EXPEDIÇÃO............................................................................. 24
5.9 QUALIFICANDO A EQUIPE.........................................................................................24
5.10 COLETANDO INFORMAÇÕES.....................................................................................24
5.11 DEFININDO O PERCURSO........................................................................................ 25
5.12 DEFININDO ROTAS DE ESCAPE................................................................................25
5.13 AVALIANDO SITUAÇÕES DE PERIGO......................................................................... 26
5.14 ESCOLHENDO O EQUIPAMENTO................................................................................27
7 CORRIDA DE ORIENTAÇÃO..............................................................................28
7.1 MONTAGEM DO PERCURSO........................................................................................29
7.1.1 Nível técnico................................................................................................................................. 29
7.1.2 Duração e distância......................................................................................................................29
7.1.3 Erros a evitar................................................................................................................................29
7.1.4 Seleção dos postos de controle e colocação dos prismas............................................................ 30
7.1.5 Opções de rotas............................................................................................................................ 30
7.1.6 Conclusão..................................................................................................................................... 30
7 ESPECIALIDADE...................................................................................................31
8.1 ORIENTAÇÃO..........................................................................................................31
7 BIBLIOGRAFIA......................................................................................................32
5
1 INTRODUÇÃO
Toda vez que nos deslocamos de um lugar para outro e procuramos um endereço, estamos fazendo uso das
ciências de orientação e navegação.
Gosto de utilizar as seguintes definições:
Orientação é a ciência de determinar a exata posição na terra.
Navegação é a ciência de determinar a localização do objetivo e manter-se em sua direção.
Desbravar é a arte de escolher e seguir a melhor rota, de acordo com as habilidades e equipamentos da
equipe.
Quando estamos navegando em um ambiente agreste, nossas habilidades naturais nem sempre são suficientes.
Para superar as dificuldades existem equipamentos e técnicas que nos auxiliam a nos orientarmos e a
navegarmos. O domínio das técnicas descritas a seguir, dará ao desbravador as condições de enfrentar a maioria
das situações próprias de nossa atividade.
A arte de desbravar, no entanto, só será adquirida com experiência e treinamento. Este é o desafio imposto a
cada um de nós, e que somente os mais comprometidos e hábeis alcançarão sucesso.
2 EQUIPAMENTOS
Existem vários equipamentos que nos auxiliam na orientação, desde uma simples agulha, até um sofisticado GPS
(Global Positioning System). Descreveremos estes equipamentos, dividindo-os em três grupos: básico,
especializado e acessório. Mais detalhes serão dados nos capítulos seguintes.
2.1 Equipamento Básico
Carta Topográfica: apresenta o relevo do local através de curvas de nível que representam elevações constantes
em relação ao nível do mar. É imprescindível, quando em atividades com o clube, que se tenha pelo menos um
mapa do local onde se vai realizar a atividade.
Bússola: equipamento dotado de uma agulha imantada que se direciona de acordo com o campo magnético
terrestre, apontando sempre o “norte magnético”. Existem vários modelos e preços. É importante que cada
desbravador tenha sua própria bússola, escolhendo o modelo, de acordo com seu uso e poder aquisitivo.
2.2 Equipamento Especializado
Altímetro: equipamento digital ou analógico que mostra a variação de altitude em relação ao nível do mar,
levando em conta a pressão atmosférica. Também pode ser útil como barômetro, mostrando alterações
climáticas. Por ser de custo mais elevado, só é recomendado para os desbravadores em expedições de montanha.
Global Positioning System: equipamento eletrônico que, através de satélites, informa sua posição, azimute,
direção de viagem, velocidade, entre outros recursos. É um equipamento de grande utilidade. Representa um
excelente auxílio no planejamento de uma campanha, e é excepcional na monitorização da execução da mesma.
Apesar de estar se popularizando seu uso, devido a queda dos preços, ainda apresenta um custo elevado para a
maioria dos desbravadores.
2.3 Equipamento Acessório
Transferidor: pode auxiliar na leitura dos azimutes1
e direção de viagem no mapa. Não é necessário caso se usa
uma bússola de base retangular.
Curvímetro: auxilia na medição de distâncias curvas, retas ou quebradas no mapa.
Escalímetro: auxilia na leitura de distâncias retas no mapa.
Binóculo: auxilia na visualização do objetivo a uma distância maior, auxiliando na tomada de azimute, como
também pode auxiliar (alguns modelos) a estimar distâncias de objetos ou tamanho destes a distância. Apesar de
estar listado nos equipamentos acesórios, é de extrema importância em caminhadas longas, em terrenos que não
forneçam muitos pontos de referência. Também auxiliam na busca e resgate de alguém ferido ou perdido.
1
Azimute é a direção, em graus, de um ponto até outro.
3 MAPA TOPOGRÁFICO
O mapa topográfico, como já citado, é aquele que, de forma gráfica, nos mostra a topografia do terreno. Estes
mapas topográficos apresentam as seguintes características:
• Área de representação • Mapas adjacentes
• Escala • Revisões
• Curvas de Nível • Longitude e Latitude
• Sistema Universal Transverso de Mercator • Declinação magnética
3.1 Área de Representação
Indica a área de abrangência do mapa e seus limites. Encontra-se na margem superior. Indica o nome do mapa.
Nas extremidades das bordas, indica a latitude e a longitude extremas do mapa.
3.2 Articulação da Folha
Mostra o mapa atual e os que fazem fronteira a ele. Situa-se no canto inferior direito do mapa.
3.3 Revisões
Situadas no canto inferior direito do mapa, mostram a data do levantamento fotográfico e suas atualizações.
Normalmente, os mapas topográficos não são atualizados com freqüência, e as rodovias, cidades, e outras
construções no mapa podem ter mudado, ou até mesmo, nem existirem mais, dependendo de quando este mapa
foi produzido.
3.4 Escala
A escala do mapa representa a relação entre cada unidade do mapa e o tamanho real. A escala mais comum
encontrada nas cartas topográficas do Brasil é a de 1:50.000. que significa que cada 1 cm do mapa eqüivale a
50.000 cm (500 m) da realidade. Outras escalas que se encontram nos mapas são: 1:15.000; 1:24.000; 1:25.000;
1:62.500; 1:250.000. As escalas são classificadas em:
• Pequena – igual ou inferior a 1:500.000
• Média – maior que 1:500.000 e menor que 1:50.000
• Grande – igual ou superior a 1:50.000
3.4.1 Escalímetro
O escalímetro é uma régua graduada em diferentes escalas,
facilitando a leitura de distâncias no mapa. Apresenta as
distâncias diretamente na escala real, evitando assim a
necessidade de cálculos. O escalímetro de seção triangular é o
mais utilizado e facilmente encontrado. Caso a régua não possua a
escala em que se está trabalhando, utiliza-se uma escala
proporcional. Por exemplo, usa-se a escala de 1:25 e multiplica os
valores por 10 para encontrar a escala de 1:250.
3.5 Curvas de Nível
As curvas de nível conectam pontos de mesma elevação. Representam a topografia da região. As curvas de nível
são eqüidistantes e representam altitudes específicas, de acordo com a representação de cada mapa.
Curvas de nível mais próximas representam acidentes geográficos mais bruscos, como um penhasco. Curvas de
nível mais distantes representam variações graduais e leves de altitude, como uma encosta pouco acentuada de
uma colina.
Note que podem ocorrer enganos ao comparar o mapa topográfico ao real. Um acidente geográfico pode não ser
representado pelo mapa topográfico, desde que sua altura seja menor que a eqüidistância das curvas de nível, ou
seja, desde que esteja compreendido entre duas curvas de nível.
3.6 Coordenadas Geográficas
Para localizar um ponto, é necessário conhecer a distância deste, em relação a dois outros pontos conhecidos. Em
cartografia, usa-se o equador como o eixo ‘X’ do plano cartesiano e os meridianos (meridiano de Greenwich –
meridiano zero - ou meridianos de referência do UTM) como o eixo ‘y’ do plano cartesiano.
As coordenadas da Pedra do Sino no Parque Nacional da Serra dos Órgãos, seriam, dessa forma:
Em Longitude e Latitude:
W 43º 01' 50"; S 22º 27' 42”
(Lê-se: 43 graus, 1 minuto, 50 segundos oeste; 22 graus e 27 minutos, 42 segundos sul)
Na Projeção Universal Transversa de Mercator:
23K; 702.634 m E; 7.514.713 m N.
(Lê-se: Zona 23K de Mercator a 702.634 metros eastings, 7.514.713m northings)
9
3.6.1 Longitude & Latitude
Este é o sistema mais utilizado pelos cartógrafos em torno do
mundo. Qualquer mapa produzido, em geral, apresenta-o como
o principal sistema de coordenadas.
Longitude é a distância, em graus, em relação à linha do
primeiro meridiano, ou meridiano zero, que passa pela cidade
de Greenwich, Inglaterra. Existem longitude leste e longitude
oeste (ex. W 43º 01' 50").
Latitude é a distância em graus em relação ao equador.
Podemos ter latitude norte e latitude sul. (Ex. S 22º 27' 42”).
3.6.2 Projeção Universal Transversa de Mercator (UTM)
Este é o sistema de coordenadas utilizado nas cartas topográficas em nosso país. É de fácil utilização, porque
mede as distâncias em metros.
Mercator dividiu a terra em 60 zonas verticais de 6º. Posteriormente, cada zona de Mercator foi subdivida em
outras 20 zonas (MGRS) horizontais de 8º cada.
Eastings (E), longitudinalmente a partir de 500.000m E, no meridiano central de cada zona, aumentando em
direção leste e diminuindo em direção oeste.
Nortings (N), latitudinalmente, a partir de 10.000.000m N, no equador, aumentando em direção norte e
diminuindo em direção sul.
Normalmente, as informações referentes à identificação do sistema de coordenadas são encontradas no centro
inferior do mapa.
3.7 Declinação Magnética
As bússolas são orientadas ao ‘norte
magnético’ (campo magnético da terra),
enquanto os mapas são orientados para
um ponto distinto, o ‘norte geográfico’
(norte verdadeiro, eixo de rotação da
terra)1
. A diferença entre ambos é
chamada de ‘declinação magnética’.
Esta declinação magnética varia
conforme a sua localização no globo e
cada mapa tem sua própria declinação
magnética, que é representada próximo
a sua margem inferior. A linha com a
estrela na ponta (NG) representa o norte
geográfico e a linha com a seta na ponta
1
Bem, na verdade, as cartas topográficas são orientadas ao norte da quadrícula. Porém, a diferença entre o norte da quadrícula e o norte geográfico
normalmente é muito pequena, não produzindo alterações significativas para nossa atividade; podendo ser considerados, ambos, como norte geográfi-
10
(NM) representa o norte magnético. Quando o NM está à esquerda do NG,
dizemos que a declinação é oeste. Se o NM está à direita do NG, dizemos que a
declinação magnética é leste.
Note que a declinação magnética varia a cada ano e talvez seja necessário
calcular a atual declinação do mapa. Por exemplo, considerando a declinação
magnética de um mapa em 2001=13º52' e que a declinação magnética cresce
9,5' ao ano. Então, de 2001 até 2006 são 4 anos. Logo, a variação do período é
38' (4X9,5'). Para somar a variação da declinação ao valor de 2001, temos de
lembrar que só podemos somar valores de mesma unidade. Comece pela menor
unidade, os minutos: 52'+38'=90'. Sendo 1o
=60', então 90'=1o
30'. Somemos
agora os graus: 13o
+1o
=14o
. Desta forma, a declinação magnética de 2006 é
14o
30'.
Na internet existem alguns sites que estimam a declinação magnética, basta digitar o local e a data de sua expedi-
ção. Uma opção é o National Geophysical Data Center (NGDC):
http://www.ngdc.noaa.gov/seg/geomag/jsp/Declination.jsp
3.8 Cuidados com o Mapa Topográfico;
É muito importante a preservação do mapa, pois não é muito agradável buscar auxílio nele e ver que a rota de
volta para casa está transformada em uma mancha marrom-esverdeada. A maneira mais simples de proteger seu
mapa é coloca-lo dentro de uma embalagem a prova d’água, como estes sacos para freezer. Pode-se ainda cobrir
o mapa com contact transparente ou cobri-lo com spray ou tinta a prova d’água.
Uma alternativa para preservar seu mapa é digitalizá-lo e imprimir a área onde irá percorrer e depois planstificá-
lo. Mas tenha cuidado para que a impressão tenha a mesma escala da original (mesmo tamanho), e que as bordas
contenham as referências do sistema de coordenadas.
3.9 Dobrando o Mapa Topográfico
Não existe uma forma padrão para dobrar o mapa. O importante é que permita
praticidade no uso. Ao lado está uma sugestão que, para nós, se demonstrou ser
prática e eficiente.
3.10 Orientação “Mapa-Terreno”
O mapa nos traz informações úteis para a prática da orientação e navegação. Pode
nos mostrar onde estamos e o caminho a seguir. É também eficiente para nos
mostrar a distância a percorrer (ou percorrida) e é uma das ferramentas mais úteis
no planejamento de expedições.
Entretanto, não basta dominar o uso do mapa, bússola ou GPS. Deverá saber
colocar em prática as informações fornecidas por eles para saber escolher a melhor
rota a seguir. Isso você só adquirirá com muita prática.
3.10.1 Encontrando sua localização no mapa
Um mapa topográfico não terá muito utilidade a não ser que saibamos onde
exatamente estamos localizados. Para se localizar no mapa, utilize um dos
métodos a seguir.
• Encontre marcas do terreno facilmente identificáveis no mapa (ex. rio, lago,
encosta).
• Localize-se sobre uma linha-base (um rio ou uma linha entre dois cumes)
• Caminhe sobre esta linha-base até que possa identificar outra linha-base que
interseccione a primeira. Assim, poderá localizar-se com grande precisão no
mapa.
co. Se necessário, o cálculo é semelhante ao exposto em relação ao norte magnético.
11
Normalmente as marcas de terreno não são tão
grandes (ou evidentes) e acessíveis. Nesse caso:
• Encontre três marcas confiáveis,
preferencialmente uma à frente, uma à
direita e outra à esquerda, para definir sua
posição.
• Gire o mapa até coincidir com a primeira
marca de terreno visualizada.1
• Desenhe uma linha em direção a esta
marca.
• Repita a operação para as outras duas.
• A intersecção entre as três linhas mostra
sua posição com uma precisão razoável,
dependendo de suas habilidades.
3.10.2 Estimando distâncias
Use seu mapa topográfico para estimar a distância de viagem, e os acidentes geográficos no caminho, para
assegurar que se poderá terminar a viagem em um período seguro de tempo.
Crie um arquivo da trilha.2
Ele o ajudará no planejamento de sua jornada e servirá como guia para outros que,
porventura, se aventurarem pelo mesmo percurso. Neste arquivo, desenhe um gráfico para marcar a distância e a
altitude a serem percorridas. Utilize o curvímetro para desenhar a trilha no mapa e transcreva as informações
obtidas para o gráfico. Assim, terá uma boa forma de acompanhar seu desempenho no trajeto e anotar
informações úteis para próximas expedições.
3.10.3 Curvímetro
Existem dois tipos de curvímetro: um graduado em
milímetros e outro graduado nas escalas mais
comuns. Este último apresenta a mesma característica
do escalímetro na leitura de distâncias no mapa, com
a vantagem de se poder medir linha quebrada e em
curva.
Para medir distâncias com o curvímetro, basta girar a
roda dentada até o ponteiro coincidir com a origem da
graduação e depois deslocar o curvímetro sobre o
mapa, lendo no mostrador a distância percorrida.
Um ótimo substituto para o curvímetro é um arame
flexível. Pinte-o conforme a escala do mapa, linhas
vermelhas circundando o arame para as marcas de
500m e linhas azuis, para as marcas de 1000m.
Coloque-o sobre o mapa, modelando-o sobre a trilha.
Depois é só ler as distâncias.
Estes métodos não são muito precisos mas sempre estimam distâncias menores do que as reais, pois, não levam
em conta as subidas e descidas do percurso (medem só o deslocamento horizontal).
1
Se possuir uma bússola, tire seu azimute em relação a cada marca de terreno escolhida, e trace uma linha baseado neste azimute. Terás sua posição
com muito mais precisão.
2
Veja exemplo no Manual de Excursionismo Pedestre e Excursionismo Pedestre com Mochila do mesmo autor.
12
4 BÚSSOLA
Como dito anteriormente, a bússola nos aponta o ‘norte magnético’. Porém, existem várias maneiras, além da
bússola propriamente dita, de localizarmos o norte e usa-lo como referencial para nossa jornada: estrelas, som-
bra, relógio, bússola caseira. Antes de se aprender a utilizar uma bússola, é importante dominar estes métodos
mais intuitivos.
4.1 As Estrelas como Bússola
No hemisfério norte, existe a estrela Polar (North Star) que
está fixa sobre o norte geográfico1
. Aqui no hemisfério sul,
não é tão simples encontrar o sul geográfico, mas também é
possível localizá-lo através da constelação do Cruzeiro do Sul.
O Cruzeiro do Sul é composto de 4 estrelas mais brilhantes
que formam uma cruz e uma não tão brilhante quase ao centro
desta cruz. Prolongando o braço mais longo da cruz, por
quatro vezes e meia, teremos o ponto onde estaria a estrela do
sul se ela existisse; aproximadamente sobre o sul geográfico.
4.2 Uma Sombra como Bússola
Para localizarmos o norte através de uma sombra, primeiramente
temos de ter um sol brilhante e uma estaca suficientemente comprida
para dar uma boa sombra. Existem vários métodos que utilizam a
sombra do sol: alguns que levam todo um dia, outros, alguns minutos.
Exemplificamos, aqui, o segundo:
• Fixa-se uma estaca sobre o solo, o mais vertical possível, e
marca-se o final da sombra. Após 30 minutos, marca-se o novo
final da sombra.
• Desenha-se uma linha reta entre as duas marcas. Esta é
aproximadamente a linha leste-oeste. O oeste se situa do lado da
primeira marca e o leste do lado da segunda marca.
• O norte e o sul serão facilmente encontrados traçando uma linha
perpendicular a primeira.
Todos estes métodos, porém, apresentam um erro intrínseco ao
procedimento. Para se ter segurança na utilização dos diversos
métodos que utilizam a sombra do sol, é aconselhável um bom treino,
em um lugar onde já se conhece a localização dos pontos cardeais.
1
Este ponto é chamado de norte celeste. Situa-se, aproximadamente, acima do norte geográfico.
4.3 Um Relógio como Bússola
O método de usar um relógio como bússola é extremamente simples para
quem tem um relógio analógico.
• Direcione a marca de 12 horas em direção ao sol.
• Identifique o menor ângulo formado entre a direção do sol (marca de
12 horas) e o ponteiro das horas.
• Determine sua bissetriz dividindo o ângulo citado ao meio.
• Esta linha indicará o norte geográfico, sendo que o norte está à frente
do observador (do mesmo lado do sol), e o sul às costas.1
4.4 Como construir sua própria Bússola
Quando não se pode utilizar nenhum dos métodos citados anteriormente, pode-se, de modo simples, construir
uma bússola. Basta ter em mãos uma agulha.
• Esfregue a agulha em um pedaço de tecido, sempre no mesmo
sentido.
• Após algum tempo, a agulha estará magnetizada.
• Coloque-a sobre uma folha (ou pedaço de cortiça).
• Ponha esta folha sobre a água, para que fique livre para se
movimentar.
• A agulha que foi magnetizada, movimentará a folha até apontar para o norte magnético.
Note que será necessário magnetizar a agulha toda vez que for usá-la. Este é um bom processo para emergências.
Há uma forma mais elaborada de magnetizar uma agulha e que produz um magnetismo que pode durar mais
tempo que o anterior. É boa para quem não pode comprar uma bússola e realiza apenas expedições curtas.
Necessita-se de uma bateria (CC) de pelo menos 6 volts.
• Ligue uma lâmpada à bateria e enrole um dos cabos em forma
espiral em torno da agulha.
• Deixe a lâmpada ligada, pelo menos por uma hora.
• Ao terminar, coloque a agulha sobre uma cortiça e esta sobre a
água.
• A ponta da agulha que estava mais próxima do polo N (negativo
ou norte) da bateria, forçará a cortiça a girar até que esteja posicionada em direção ao norte magnético.
4.5 Características de uma Bússola
Básicas Opcionais
• Agulha magnética livre; • Espelho;
• Limbo móvel graduado de 0º a 360º • Régua;
• (no sentido horário), com divisões de 1º ou 2º; • Mira;
• Linhas de índice; • Escalímetro;
• Base retangular transparente; • Seta de declinação magnética;
• Suporte rotatório cheio de fluido (óleo); • Clinômetro;
• Seta ou linha de direção de viagem; • Lente de aumento.
• Linhas meridionais;
1
Vale lembrar que este método só funciona no hemisfério sul. Para o hemisfério norte deve-se apontar o ponteiro das horas para o sol e determinar a
bissetriz do maior ângulo entre o ponteiro das horas e a marca de 12 horas para determinar o norte.
14
4.6 Bússola Básica
De baixo custo, é útil a qualquer participante de atividades
campestres. É de fácil utilização e de grande auxílio em qualquer
tipo de atividade. Suas principais características são:
Agulha magnética livre: indica o norte magnético.
Suporte cheio de fluido (óleo): o fluido proporciona estabilidade a
agulha permitindo leituras da agulha mais rápidas e precisas.
Limbo móvel, graduado de 0º a 360º (no sentido horário), com
divisões de 1º ou 2º: usado para navegação, na determinação do azimute.
Seta ou linha de direção de viagem: indica a direção de viagem; mostra o lugar aonde se quer ir.
Linha de índice: na base da bússola, onde se lê o azimute.
Linhas meridionais: usadas para alinhar a bússola com o mapa na leitura do azimute.
Base retangular transparente: facilita a utilização da bússola sobre o mapa.
Seta de orientação da agulha: determina a posição exata da agulha magnética, para ser possível tomar o
azimute ou direção de viagem com maior precisão.
4.7 Bússola Avançada
De custo mais elevado, é recomendada somente àqueles que desejam se
aprofundar nas técnicas de orientação e navegação. Entretanto, em
expedições mais longas em terreno inóspito, é recomendado que cada
unidade possua pelo menos uma. Possui todas as características da bússola
básica, mais as seguintes:
Seta de declinação magnética: evita que a cada tomada de azimute seja
necessário calcular a declinação magnética.
Espelho: incorporado em uma capa protetora que se fecha sobre a bússola,
permite ter uma visão simultânea da bússola, do azimute e do objetivo
através da mira, aumentando a precisão na hora de determinar a direção de viagem.
Alça de Mira: como nas armas, utilizada para visualizar o objetivo com maior precisão.
Régua: auxilia na leitura de distâncias no mapa.
Escalímetro: permite medir a distância diretamente na escala do mapa, sem necessidade de nenhum cálculo.
Clinômetro: útil para quem pratica esportes de inverno. Usado para medir a inclinação do terreno para avaliar o
risco de avalanche. Para os que não praticam este tipo de esporte, o máximo que o clinômetro pode ajudar é dizer
a inclinação de um aclive, para que, posteriormente, se possa vangloriar-se dizendo: “Subi um trecho de
inclinação de 45o
”, por exemplo.
Lente de aumento: auxilia na leitura do mapa.
4.8 Bússola para GPS
A bússola para GPS é uma bússola intermediária entre as bússolas básica e
avançada. Apresenta uma característica que a faz específica para o GPS;
que são orifícios correspondentes a 200 m de diâmetro (erro máximo do
GPS), proporcionais a cada escala, que permitem plotar com maior
precisão os dados provenientes do GPS no mapa topográfico.
No entanto, com a maior precisão dos sistemas atuais de posicionamento
global, que podem chegar a menos de 6 metros de diâmetro, esta bússola está caindo em desuso.
15
4.9 Cuidados com a Bússola
Nunca deixe sua bússola em temperaturas muito extremas como sobre uma rocha sob sol quente, no porta-luvas
ou sobre o painel do carro. Há o risco de o calor produzir extravasamento do fluido, inutilizando a bússola.
Mantenha a capa da bússola sempre fechada quando a bússola não estiver em uso. É recomendável que se
compre ou confeccione uma bolsa protetora para a bússola.
Quando usar repelente, nunca o deixe cair sobre a bússola e tenha o cuidado de limpar bem as mãos antes de
manuseá-la. Alguns repelentes afetam o plástico da bússola deixando-o opaco e até mesmo produzindo pequenas
rachaduras. Quando pendurada no pescoço, cuide para que ela não bata contra superfícies duras. É aconselhável
deixar a bússola por dentro da camisa quando não está em uso.
Mantenha sua bússola longe de campos magnéticos, como motores elétricos, ímãs, auto-falantes, pois estes
podem desorienta-la temporariamente ou desmagnetizar permanentemente a agulha. Algumas vezes, a agulha
parece agir estranhamente, tendendo à colar na parede da bússola. Isso pode ser devido a estática que se forma
sobre ela. Para solucionar o problema, basta derramar um pouco d’água sobre a bússola para desfazer a estática.
4.10 Navegação “Bússola-Terreno”
A bússola tem grande utilidade quando se quer ir de um ponto a outro, e o lugar de chegada não se encontra
visível o tempo todo. O melhor exemplo disso é quando se está sob neblina intensa. Nesta situação é
praticamente impossível de se locomover com segurança no meio campestre sem o uso da navegação com a
bússola.
4.10.1 Determinando o azimute no campo
A primeira coisa a se fazer é determinar o objetivo (ponto B).
• Aponte a seta ou linha de direção de viagem para o ponto
‘B’;
• Gire o limbo até que a seta de orientação se ajuste à agulha
magnética;
• Leia o azimute na linha índice;
Após tirado o azimute, é só segui-lo até o ponto ‘B’.
4.10.2 Caminhando em linha reta
Seguir um azimute não é tão simples assim. Mesmo caminhando
quilômetros na direção indicada pela bússola, ainda se pode
terminar fora do curso. Como? Por se desviar ligeiramente à
direita ou à esquerda enquanto se caminha. Um erro muito
freqüente.
Como garantir uma caminhada em linha reta, sem desvios? Após
ter determinado o azimute e a direção de viagem, procure marcas
intermediárias de terreno. Caminhe através delas, ponto-a-ponto
até chegar ao ponto ‘B’ num curso o mais reto possível.
4.10.3 Tirando o contra-azimute
Muitas vezes ao chegar ao seu objetivo, poderá ficar em dúvida se ele é o
correto. Para conferir se está na marca correta, basta tirar o contra-
azimute.
Para tirar o contra azimute, simplesmente vire de costas e alinhe a seta de
orientação ao reverso da agulha magnética. Se visualizar o ponto de
partida através do contra-azimute, estará no lugar certo.
16
4.10.4 Caminhando sem marcas de terreno
Muitas vezes, a visibilidade é tão pouca, por causa de um nevoeiro ou uma floresta densa, que as marcas do
terreno desaparecem ou são indistinguíveis. Manter seu curso nestas condições pode ser um desafio, mas não é
impossível. Se você está acompanhado, e assumindo que já tenha o azimute como mostrado anteriormente, basta
usar seu colega como a marca intermediária.
Coloque um companheiro à frente, enquanto tiverem contato visual. Direcione-o para direita ou esquerda para
posicioná-lo exatamente sobre a linha de direção de viagem e então siga até ele. Repetindo esta manobra até
chegar ao seu objetivo.
Uma maneira de tornar esta técnica mais precisa, é quem está a frente tomar o contra-azimute, verificando sua
posição em relação ao companheiro.
Caso esteja sozinho. Não se desespere. Será mais trabalhoso e demorado, mas ainda assim, possível.
Primeiro erga um monumento com pedras ou galhos para marcar sua posição. Então caminhe enquanto tiver
visão de sua marca. Pare e verifique sua posição através do contra-azimute. Construa então outro monumento e
repita a operação até alcançar o destino. Este processo é penoso, mas vai levá-lo aonde você quer ir.
4.10.5 Contornando obstáculos
O que fazer quando um obstáculo se coloca exatamente sobre seu curso ou azimute? A maneira mais fácil é tirar
o azimute e verificar um marco depois do obstáculo, dar a volta no obstáculo, chegar ao marco e tirar o contra-
azimute para ter certeza de estar no marco correto. Se o obstáculo é um maciço, e não se pode visualizar
nenhuma marca após ele, contorná-lo não será tão simples. Você terá de anotar todas as suas mudanças de curso
e tentar mantê-las o mais próximo possível de 90o
.
• Verifique seu azimute, some ou diminua 90o
, para
contornar o obstáculo pela direita ou esquerda,
respectivamente. Este será seu azimute de contorno.
• Caminhe sobre este novo azimute até que seja possível
contornar o obstáculo.
• Conte os passos para medir a distância percorrida.
• Retorne ao azimute inicial e continue na direção correta.
Note que você está na direção correta mas fora de curso.
• Após ultrapassar o obstáculo, utilize o contra-azimute do
azimute de contorno.
• Caminhe o mesmo número de passos que contou
anteriormente, e você estará de volta ao curso.
• É só seguir o seu azimute inicial e continuar na direção correta e na rota correta.
Este processo depende de grande precisão e experiência do desbravador, não só na mudança de azimutes, mas
também na contagem dos passos.
17
4.11 Aferição do Passo
A aferição do passo é necessária para que o desbravador possa contar as distâncias com mais precisão. Quanto
mais o desbravador afira seu passo, tanto mais correta será sua medida de distância em diferentes terrenos.
Determine um triângulo em um terreno, onde cada lado possua 100m de comprimento e características distintas
de relevo. Percorra o triângulo pelo menos 3 vezes, anotando quantas passos duplos (dois passos simpes) deu em
cada segmento. Após, divida o número de passos dados por quantas vezes percorreu cada lado do triângulo.
Assim, saberá quantos passos duplos correspondem a 100m.
Para não esquecer o número de passos que deu, podes fazer nós (ex. um para cada dez passos) em um cordelete,
usar um contador mecânico ou até mesmo um podômetro.
Uma alternativa mais trabalhosa à contagem de passos é esticar uma corda de tamanho conhecido e medir a
distância por ela. Realmente bem mais trabalhosa do que contar passos.
18
5 NAVEGAÇÃO
A navegação, como descrita neste manual, é a ciência de determinarmos nosso objetivo e nos mantermos em sua
direção. Toda vez que vamos ao trabalho, à escola, à igreja, estamos fazendo uso desta ciência.
5.1 Navegação Primitiva
A base deste tipo de navegação é a observação. Observamos os nomes de ruas, os referenciais das estradas e
tudo que está a nossa volta. A observação é uma das características mais importantes de qualquer um que se
aventure por lugares agrestes ou desconhecidos. Sempre fique atento aos referenciais que o terreno apresenta. A
observação atenta é a melhor forma de evitar que alguém se perca. E se tal fato acontecer, a observação é a
melhor garantia de que se poderá localizar mais facilmente o caminho de retorno à trilha ou ao grupo. Enquanto
caminha, olhe repetidas vezes para trás, para conhecer a paisagem do retorno. Não raras vezes, o acampante se
perde porque, ao tentar retornar pelo mesmo caminho, se depara com uma paisagem desconhecida. À noite, as
estrelas representam um bom referencial. Há séculos o homem as utiliza para orientação. Um estudo cuidadoso
destes astros é de grande auxílio para aquele que se aventura em lugares selvagens.
5.2 Navegação Moderna
A navegação moderna se baseia na navegação primitiva acrescida dos recursos tecnológicos disponíveis
atualmente: a navegação “mapa-terreno”, a navegação “bússola-terreno” e a navegação “mapa-bússola”. E, cada
vez mais difundida em nosso meio, de grande precisão (e com custo elevado), ainda existe a navegação que usa
GPS, DGPS, WAAS, computador, altímetro.
5.3 Navegação “Mapa-Bússola”
Este é o principal método de navegação utilizado atualmente. É o somatório dos métodos “navegação mapa-
terreno” e “navegação bússola-terreno”. O domínio das técnicas já descritas é imprescindível para o
entendimento das técnicas a seguir.
5.3.1 A unidade de navegação
A navegação “mapa-bússola” é feita por uma unidade de navegação. Esta unidade é composta por:
Homem-bússola: responsável por determinar e manter o azimute no campo. Responsável pela navegação
“bússsola-terreno”. Pode ser também o homem-mapa.
Homem-mapa: responsável por definir e acompanhar a posição do grupo no mapa e determinar o azimute no
mapa. Responsável pela navegação “mapa-terreno”. Pode ser também o homem-bússola.
Homem-ponto: vai a frente da unidade e baliza a direção dos sucessivos azimutes. Tem importância,
principalmente, quando não existem muitas marcas de terreno. Pode utilizar uma bússola para tirar o contra-
azimute e aumentar a precisão de cada tomada de azimute. A noite, deve-se utilizar de meios para marcar a exata
posição, como uma lanterna, dispositivos fosforecentes, uma corda (esticada entre o homem-bússola e o homem-
ponto).
Homens-passo: responsáveis por determinar as distâncias no terreno. A distância percorrida será a média das
distâncias medidas por cada homem-passo.
5.3.2 Ajustando a bússola à declinação magnética do mapa
Devido à declinação magnética (citada no capítulo 3), o azimute determinado
pela bússola nem sempre coincide com aquele determinado no mapa. Assim,
antes de usar o azimute, determinado no mapa, devemos adequá-lo à bússola.
Chamamos o azimute determinado pela bússola de ‘azimute magnético’ e o
determinado no mapa, de ‘azimute geográfico’.
Se você tem uma bússola com ‘seta de declinação magnética’ o ajuste é mais
fácil. Basta seguir as instruções de sua bússola para ajustar a seta de
declinação magnética conforme a declinação magnética do mapa. Assim, todo
o azimute determinado pela bússola corresponderá ao azimute geográfico.
Desta forma, só necessitará ajustar a bússola conforme o mapa a ser utilizado
em casa, no momento da preparação e planejamento, utilizando durante a
atividade, somente o azimute geográfico.
Quando não se possui este tipo de bússola, o ajuste deve ser feito a cada azimute tomado. Some ou diminua a
declinação magnética ao azimute para obter o outro correspondente, conforme a tabela abaixo.
Azimute geográfico Azimute magnético
Declinação
magnética oeste
Some para obter o azi-
mute magnético
Diminua para obter o
azimute geográfico
Declinação
magnética leste
Diminua para obter o
azimute magnético
Some para obter o azi-
mute geográfico
Por exemplo: Suponhamos que a declinação magnética do mapa seja 14o
oeste. Se encontramos no mapa o
azimute geográfico 45o
. O azimute magnético será 45o
+14o
=59o
. Se for determinado pela bússola o azimute
magnético 5o
. O azimute geográfico será 5o
-14o
=351o
.
Este ajuste é de extrema importância. Observe abaixo alguns erros de ajuste de declinação ou de tomada de
azimute e o quanto fora de curso este erro te levará.
Erro de ajuste
ou de azimute
Distância de
Caminhada
Distância fora
do Curso
1o
1 km 17 m
1o
5 km 87 m
1o
10 km 175 m
5o
1 km 87 m
5o
5 km 436 m
5o
10 km 872 m
10o
1 km 174 m
10o
5 km 868 m
10o
10 km 1.736 m
20o 1
1 km 342 m 1
20o
5 km 1.710 m
20o
10 km 3.420 m
5.3.3 Determinando o azimute no mapa
Para determinar o azimute no mapa com uma bússola, faça o seguinte:
• Risque uma linha entre o ponto A e o ponto B.
• Alinhe a base retangular da bússola sobre esta linha.
• Gire o limbo até que as linhas meridionais estejam alinhadas com as
linhas da quadrícula.
• Leia o azimute na linha de índice.
Se você está usando uma bússola que tenha a seta de declinação magnética,
este será o azimute que seguirá na viagem. Caso não, terá de ajustá-lo,
conforme explicado anteriormente.
1
Aproximadamente a declinação magnética do Parque nacional da Serra dos Órgãos em julho de 2006 quando fizemos a Travessia Petrópolis-Teresó -
polis citada no Manual de Excursionismo Pedestre, Excursionismo Pedestre com Mochila. Vejam o erro que poderíamos cometer andando apenas 1
km sem ajustar a declinação magnética na bússola ou ainda, em encontrar nossa posição no mapa com o auxílio da bússola.
20
5.3.4 Encontrando sua posição no mapa com o auxílio da bússola
A localização de sua posição com o auxílio de uma bússola e um mapa-topográfico, quando existem boas marcas
de terreno, demonstra-se extremamente simples.
• Procure uma marca de terreno ao seu redor (cume de uma montanha, curva de um rio, construção humana),
de fácil identificação no mapa.
• Determine o azimute desta marca. Ajuste-o, caso seja necessário, para utilizá-lo no mapa.
• Encontre esta marca no mapa.
• Risque no mapa o azimute a partir desta marca.
• Repita este processo com outra marca de terreno.
• A intersecção das duas linhas mostrará sua posição.
• Uma terceira linha lhe dará mais precisão e mostrará, a área onde você esta.
Este método pode ser utilizado para assinalar um ponto importante em uma rota. Se você estiver, por exemplo,
realizando uma caminhada e encontrar um excelente local para acampar, procure uma marca de terreno e
determine seu azimute. Descreva em seu caderno de anotações o local, a marca de terreno e seu azimute. Quando
for fazer de novo esta rota, ou explicá-la para outro, será fácil determinar o mesmo local junto à trilha (Ex.
Cascata muito bonita vista a 173º da Pedra do Mirante).
5.4 Navegação com GPS
O GPS tem se tornado, cada vez mais, acessível, e por isso, cada vez mais presente nas
atividades campestres. Representa um avanço nas técnicas de orientação e navegação, mas
que não obsoleta os demais métodos discutidos até aqui. Isso é verdade, principalmente
nas expedições a pé, pois, apesar do GPS mostrar a posição exata e a direção a seguir, nem
sempre reflete a verdadeira trilha que se irá percorrer. Levando, portanto, o caminhante a
utilizar as técnicas já citadas aqui para determinar o melhor caminho. É mais prudente, em
atividades a pé, utilizá-lo como um meio facilitador, do que propriamente como ferramenta
de navegação.1
Além disso, por ser eletrônico depende de energia elétrica (pilhas) e é mais
suscetível a defeitos por acidente ou uso inadequado.
1
Durante a expedição pela Travessia Petrópolis-Teresópolis, descrita no Manual de Excurcionismo Pedestre e Excurcionismo Pedestre com Mochila,
utilizamos o GPS apenas para confirmar nossa localização nos postos de controle e em algumas encruzilhadas. Andávamos com o mapa topográfico e
bússola em mãos, acompanhando nossa progressão. Em nenhum momento o GPS nos mostrou algo diferente do que a observação e o uso do mapa e
bússola nos mostravam, mas nos trouxe uma segurança a mais.
21
5.4.1 Global Positioning System (GPS)
O GPS é um receptor que interpreta sinais enviados por vários satélites
espalhados ao redor do globo terrestre. Os modelos mais comuns,
atualmente, são de 12 canais: ou seja, captam de 4 a 12 satélites
simultaneamente para calcular a sua localização.
Apesar dos diversos recursos do GPS, ele tem suas limitações. A primeira
delas é a precisão dos dados. Pode variar de um erro menor que 3m de
raio até 100m de raio. Na prática, as coordenadas dadas pelo GPS são o
ponto central de uma área circular determinada pelo GPS (que pode ter de 6
a 200m de diâmetro conforme o erro do momento), como sendo a área
provável de localização do aparelho (por isso as bússolas para GPS). Isso
não é muito significativo em nossas atividades, afinal, em uma carta
topográfica com escala 1:50.000, corresponde a menos de 4 mm.
Entretanto, esse erro também não pode ser desprezado. A determinação da
altitude, por sua vez, é desastrosa, podendo chegar a mais de 100m de erro
(mais de 5 curvas de nível na referida escala). O que torna inadequada a
utilização do GPS como altímetro. Alguns modelos mais modernos
possuem barômetro (altímetro) incorporado, corrigindo o erro produzido pelo
GPS. Estes erros são devidos a vários fatores: interferência da atmosfera
sobre o sinal enviado pelo satélite, obstáculos ao sinal, e à disponibilidade
seletiva (ou erro randômico, determinado pelo governo dos EUA, extinto
temporariamente desde 2000).
Outra limitação é ser um equipamento eletrônico, e por isso, frágil e dependente de energia elétrica. Tais
características, não raro, obrigam o usuário do GPS a retornar aos métodos anteriores. Devido a isso, este
equipamento deve ser adquirido e utilizado somente por aqueles que dominam as demais técnicas de orientação e
navegação.
Um excelente recurso que proporciona o GPS é a troca em tempo real de dados com um computador via cabo ou
via rádio. Permitindo, não só o planejamento e posterior registro das expedições realizadas, como também, o
acompanhamento simultâneo das mesmas.
Um manual exclusivo para utilização do GPS é necessário para o correto aprendizado dos recursos e funções do
modelo de GPS que for utilizar. Ao adquirir um GPS, leia atentamente seu manual e procure na internet
informações a respeito. Vários sites possuem dicas e o mais importante, bancos de dados com trilhas e
waypoints.
5.5 Binóculo
O binóculo é um instrumento útil na determinação dos azimutes, reconhecimento da área e até mesmo na
estimativa de distâncias. Deve ser resistente, pequeno e de preferência a prova d’água.
A estimativa das distâncias é possível com binóculos que possuam uma lente graduada em milésimos. Um
milésimo (1’’’) corresponde a 1 metro se o objeto estiver a 1 km de distância. Portanto, visualizando objetos de
dimensões conhecidas, pode-se, de forma segura, estimar a distância, do objeto com a aplicação da seguinte
fórmula:
D (km) = F (m) : N (milésimos)
D = distância do objeto
F = altura ou frente do objeto
N = ângulo da altura ou frente do objeto medido pelo binóculo.
5.6 Altímetro
A utilização do altímetro é de grande auxílio para a orientação e navegação. Quando
associada ao mapa topográfico ou GPS, aumenta enormemente a precisão da leitura.
Usando o método de localizar-se através de 3 referenciais, você terá uma precisão que pode ser inferior a 300m.
Somando a este método a leitura do altímetro, poderá aumentar a precisão a uma linha; basta encontrar a curva
de nível correspondente a altitude obtida no altímetro. No método onde se cruzam duas linhas de referência, uma
delas pode ser a própria curva de nível.
22
O altímetro é útil até mesmo quando estamos acampados. Como ele determina a altitude em função da pressão
atmosférica,1
a variação obtida em um mesmo local pode dar valiosas dicas sobre as condições do tempo e
associado a temperatura, ventos e núvens, auxiliar o observador treinado na previsão do tempo.
Barômetro Termômetro Tendência do Tempo Ventos
SUBINDO SUBINDO TEMPO BOM QUENTES E SECOS
SUBINDO ESTÁVEL TEMPO BOM LESTE E FRESCOS
SUBINDO CAINDO TEMPO BOM SUL A SUDESTE
ESTÁVEL SUBINDO TEMPO MUDANDO PARA BOM LESTE
ESTÁVEL ESTÁVEL TEMPO INSTÁVEL VARIÁVEIS
ESTÁVEL CAINDO CHUVA POSSÍVEL SUL A SUDESTE
CAINDO SUBINDO TEMPO INSTÁVEL APROXIMAÇÃO DE FRENTE
CAINDO ESTÁVEL CHUVA PROVÁVEL FRENTE QUENTE
CAINDO CAINDO CHUVAS SUL A SUDOESTE, FORTES
Vale lembrar que o altímetro também não é perfeito. Como ele estima a altitude em função da pressão
atmosférica, as variações da mesma em função do clima levará a alterações da leitura da altitude. Para diminuir
este problema, calibre seu altímetro toda vez que se encontrar em uma altitude conhecida. Se possível, acesse o
canal meteorológico (rádio aeronáutico ou internet) para verificar a pressão atmosférica medida ao nível do mar
no dia de sua expedição e utilize-a para calibrar o seu equipamento.
5.7 Esboço Panorâmico
O esboço panorâmico é a melhor forma de descrever a outros, detalhes da paisagem vista ou referências
geográficas de pontos de interesse. O processo usado para desenhar um esboço panorâmico é o seguinte:
• Determinar a informação a transmitir;
• Desenhar as linhas horizontais da paisagem;
• Assinalar os acidentes mais importantes do percurso;
• Não representar o primeiro plano;
• Indicar no esboço a situação da informação que se deseja transmitir;
• Escrever na parte superior do esboço algumas notas explicativas sobre os acidentes que nele figuram,
indicando com setas;
• Indicar o azimute do ponto principal do esboço, chamado de ponto de referência;
• Colocar o título no esboço, indicando quando foi feito, data e hora;
• Assinar o esboço.
1
A pressão atmosférica diminui nas altitudes mais elevadas e aumenta ao nível do mar. Em uma mesma altitude, a pressão diminui em temperaturas
mais elevadas e aumenta em temperaturas mais baixas.
23
6 SAINDO EM EXPEDIÇÃO
5.8 Preparação de uma Expedição1
Qualquer expedição inicia em casa. Nenhum desbravador bem treinado deve deixar que sua confiança o faça
esquecer de qualquer etapa do planejamento, pois do planejamento depende o sucesso de qualquer expedição.
Assim sendo, os líderes de desbravadores, conselheiros de unidade, capitães, não podem correr o risco de levar
seus liderados a uma expedição, sem que cada etapa do planejamento tenha sido exautivamente estudada e
revisada.
Das etapas do planejamento podemos destacar:
• Qualificar a equipe.
• Coletar todas as informações possíveis do local;
• Planejar a rota a ser cumprida;
• Avaliar as situações de perigo que se possa enfrentar;
• Planejar rotas de escape e rotinas de busca e salvamento em caso de problemas;
• Escolher o melhor equipamento.
É claro que esta divisão é didática. Na prática, todas estas etapas são feitas simultaneamente e estão interligadas
em uma relação de estreita dependência.
5.9 Qualificando a Equipe
A própria estrutura dos desbravadores se direciona a um planejamento adequado das expedições. Toda atividade
campestre deve ser realizada por unidade, e cada um de seus membros deve se especializar em alguma área.
Como por exemplo:
• Capitão de Falcassa • Capitão Navegador
• Capitão da Mata • Capitão Socorrista
• Capitão de Montanha • Capitão de Comunicação
• Capitão de Sobrevivência • Conselheiro de Unidade
5.10 Coletando Informações
Esta é uma fase essencial no planejamento de uma atividade. É, neste momento, que se produzem todas as
informações que nos auxiliarão nas demais fases. Algumas informações úteis são exemplificadas a seguir.
Vias de acesso, qualidade dos acessos, meios de transporte disponíveis: dessas informações vai depender a
velocidade e qualidade do transporte que nos conduzirá a nossa atividade, como também, nos resgatará em caso
de algum imprevisto.
1
Poderão encontrar um exemplo prático de planejamento e execução de uma expedição no Manual de Excurcionismo Pedestre e Excurcionismo Pe-
destre com Mochila deste mesmo autor, onde estão descreitas todas as etapas, desde o planejamento até a execução e posterior análise e ralatório da
Travessia Petrópolis-Teresópolis na Serra dos Órgãos.
Hospitais e Postos de Saúde mais próximos, atendimento oferecido por eles, tempo de chegada ao
atendimento médico: não se pode assumir a responsabilidade da vida de crianças, em uma atividade campestre
(naturalmente de risco), caso não se tenha planejado a forma de socorro disponível. Das informações coletadas,
dependerá o risco que poderemos assumir em nossas atividades.
Temperatura média do local, incidência de chuvas no período, animais selvagens da região, perigos
naturais do local: estas informações são mais bem coletadas entre os moradores (nativos) do local. Não só nos
auxiliam a planejar melhor nossas atividades, como também a prever possíveis contratempos no decorrer das
atividades.
5.11 Definindo o Percurso
Como toda expedição começa em casa, iniciamos nosso percurso defronte a uma mesa, debruçados sobre um
mapa topográfico e com um bloco de notas contendo todas as informações disponíveis sobre o local. Neste
momento, deve-se definir:
Rota principal: a rota a ser seguida pelo grupo. Deve ser conhecida e dominada por todo o grupo. Caso alguém
se distancie do grupo, terá, em sua mente, gravado o percurso planejado e poderá, caso tenha condições, se unir
novamente ao grupo.
Rotas alternativas: caso a rota principal não possa ser percorrida deve se ter outras rotas, ou variações da
principal. Tanto a rota principal, como as rotas alternativas, devem ser conhecidas por todos do grupo.
Rota de Escape: pela importância, será discutida separadamente a seguir.
Horário de saída, Horário de passagem em cada ponto da rota, Horário de chegada: Importante para que,
existindo um carro ou equipe de apoio, estes possam acompanhar a expedição e prevenirem-se caso ocorra
algum atraso. Importante também, para que se alcancem os objetivos em tempo e se avalie o sucesso da
expedição.
Locais de Parada, Locais de Pernoite, Ponto de Encontro: Tem o mesmo objetivo que o item anterior de
orientar a equipe de apoio, como também de orientar os membros do grupo que possam se separar dos demais.
Local de resgate: baseado na rota de escape, ou não, é o local mais próximo e de melhor acesso para se fazer o
socorro de indivíduo acidentado ou pessoa perdida.
Meio de resgate: toda a expedição ou atividade dos desbravadores deve ter um meio de transporte eficiente e
seguro para transportar qualquer que sofra injúria durante as atividades. É inadmissível que líderes de
desbravadores assumam o risco de sair com crianças e jovens para atividades campestres sem que possam
socorrê-las e transportá-las rapidamente em caso de acidente.
5.12 Definindo Rotas de Escape
A rota de escape é aquela baseada em um azimute que, tomado de qualquer ponto da região onde se desenvolve a
atividade, leva o desbravador a um local seguro e de fácil localização.
Após determinar a rota que será percorrida, deve-se procurar no mapa alguma estrada, rio, mar, chapadão, cume
de um morro próximo, ou qualquer outro acidente geográfico ou construção humana que possa ser facilmente
alcançada e identificada pelos participantes. Será melhor ainda se este ponto for de fácil identificação e alcance
pela equipe de busca resgate.
Verifica-se um azimute que leve a este local e que possa ser seguido por qualquer um dos participantes e de
qualquer ponto da área que está realizando o evento. Isto poderá ser a diferença entre um grupo “realmente
perdido”, ou simplesmente “afastado da rota original”.
Imagine que seu grupo de desbravadores está perdido no meio da Serra do Mar, a 5 km da praia. Seu mapa
topográfico molhou e está inútilizado, ou você não encontra nenhum local para escapar da mata densa e para
encontrar pontos de referência para se localizar. Seu GPS, em que você confiava tanto, caiu numa pedra (ou
simplesmente está sem pilhas) e não está funcionando. Só lhe resta a bússola, ou quem sabe, nem ela está
funcionando. O que fazer? Caso não tenha previsto esta possibilidade e não tenha definido uma rota de escape,
não resta muito o que fazer. Somente sentar, orar e esperar por resgate.
Porém, se realizou um planejamento correto, por certo definiu uma rota de escape que leve o grupo a um local
seguro e de fácil resgate. No exemplo acima, poderia ser o mar. Talvez estes 5 km fossem penosos, no meio de
uma mata densa, mas, basta se localizar pelo sol, ou pela agulha que sempre carrega no estojo de sobrevivência,
no canivete ou no estojo de manutenção, para poder chegar ao mar e esperar pelo socorro. Poderia ainda ser uma
25
colina, ou uma encosta, ou um rio, que poderia até mesmo ajudar a se localizar e quem sabe, retornar ao
acampamento.
Nunca menospreze o risco de acidentes ou perdidos. Tenha sempre uma rota de escape e uma rotina adequada,
predeterminada e conhecida por todos, no caso de ocorrer algum imprevisto.
5.13 Avaliando Situações de Perigo
Chamamos de acidente aquela situação situação indesejada que fere, ou produz risco à integridade de um
indivíduo e normalmente associamos esse conceito a algo imprevisível ou independente de nossa vontade.
Entretanto, afirmo a vocês que praticamente todo acidente pode ser evitado. Na maioria das vezes (ou pelo
menos, na maioria dos acidentes que pude analisar) as situações que levam a um acidentes podem ser previstas e
prevenidas.
O desbravador deve, exaustivamente, procurar prever todas as possíveis situações que possam colocar em risco a
integridade do grupo. Nenhuma atividade deve ser realizada até que tenham sido esgotadas, no planejamento,
todas as possibilidades de acidentes, a forma de prevenção e o correto manejo da situação, caso esta venha a
ocorrer.
É coerente pensar que, mesmo depois de excepcional preparo, possa ocorrer algum evento que não se tenha
previsto, ou não se tenha conseguido evitar. Porém, quanto mais preparados e experientes forem os participantes,
mais rápida será a resposta a estas situações inusitadas.
Podemos dividir os acidentes em 3 grupos:
Acidentes pessoais: incluem todo tipo de acidente que pode ocorrer com o desbravador. Uma correta conduta
de socorro deve ser elaborada para que se possa ministrar os primeiros auxílios e transportar o mais rapidamente
possível o desbravador a um centro de atendimento (hospital ou posto de saúde).
Por exemplo: em caso de picadura de animais peçonhentos:
• Fazer o correto manejo no local (primeiros socorros)
• Transportar o acidentado até o local de resgate, onde um veículo estará esperando.
• Conduzir o desbravador até o hospital que tenha soro antiofídico (previamente contatado, na fase de
planejamento, sobre a existência do soro).
Acidentes naturais: incluem enchentes, deslizamentos, temporais e todo acidente provocado por eventos
naturais. Em geral, envolvem todo o grupo. É necessário uma conduta de resgate, planejada e acertada
juntamente com uma equipe de apoio que não participa da excursão, mas acompanha sua progressão.
Por exemplo: em uma travessia por dentro do Canion Itaimbezinho.
• Pelas informações colhidas, em caso de chuva, pode-se ficar até 1 semana preso dentro do canion até que o
rio baixe. O planejamento é feito para realizar a travessia em 11h. A tarde do 1o
dia, um pernoite e a manhã
do 2o
dia, podendo terminar até a noite deste dia.
• Caso não chova, e não se estabeleça nenhuma comunicação por mais de 3 horas, um resgate deve ser
iniciado.
• Caso chova, deve-se monitorar os pontos de refúgio pré-determinados, tentar comunicação via rádio e se
não houver confirmação do estado da equipe, iniciar a busca assim que haja condições para tal.
A estratégia de resgate deve ser igualmente prevista antes de iniciar a expedição, para que os excursionistas
saibam como proceder, para serem encontrados e resgatados.
Perdidos: esta é uma situação a que estamos sujeitos em qualquer evento campestre. Qualquer indivíduo,
cansado, machucado, que se distancie de seu grupo pode, por mais treinado, ficar incapaz de encontrar seu
caminho. Uma conduta de busca, previamente estabelecida deve ser planejada e revisada por todos os
participantes. Ela, não só determina o procedimento da equipe de busca, como também, como deve agir o
perdido. Como exemplo, podemos repetir aquele descrito sob o título “5.10 Rotas de Escape”. Vale ressaltar os
sinais de pista, sinais terra-ar, sinais de fogueira, sinais de apito que deverão ser utilizados pelo perdido e qual
método de busca que será utilizado.
26
5.14 Escolhendo o Equipamento
Não existe uma regra para a escolha do equipamento utilizado1
. O bom senso e a experiência é que determinam
os melhores equipamentos para cada excursão. Estes vão depender:
• Do nível de treinamento da unidade;
• Do tipo de atividade a ser realizada;
• Da época do ano, clima e local em que será realizado o evento.
• Do poder aquisitivo de cada um.
Algumas regras devem ser seguidas:
• Selecionar todo o equipamento a ser levado em conjunto com a unidade;
• Distribuir os materiais, levando em conta seu volume e peso, principalmente distribuindo a carga
equilibradamente entre os participantes. Quer dizer, os maiores e mais condicionados levam mais que os
menores e menos preparados, para que todos levem a carga correspondente as suas capacidades.
• O estojo de primeiros socorros individual sempre deve ser carregado pelo desbravador, até mesmo em
pequenas incursões. Um estojo de primeiros socorros mais completo deve ser levado pelo conselheiro de
unidade ou Capitão socorrista.
1
Leia mais sobre equipamentos no Manual sobre Excursionismo Pedestre e Excursionismo Pedestre com Mochila do mesmo autor.
27
7 CORRIDA DE ORIENTAÇÃO
A corrida de orientação é uma atividade que visa a treinar e avaliar o desempenho do desbravador nas
habilidades de navegação com mapa e bússola. É uma corrida contra o relógio, onde o desbravador, servindo-se
do auxílio do mapa e da bússola, deve seguir um percurso determinado por postos de controle (PC) que o
participante deve encontrar seguindo uma ordem imposta, mas por caminhos de sua escolha.
Neste evento, é dado ao participante o azimute e distância da primeira perna do percurso1
. Ao chegar no ponto B,
ele encontrará o azimute e a distância para o próximo ponto. E assim consecutivamente até o ponto final.
A chegada do participante ao seu destino dependerá da:
• Correta tomada do azimute;
• Correta medição da distância, pela contagem dos passos.
• Correta escolha das rotas percorridas.
O participante deve ainda manter:
• Registro do azimute e da distância de cada perna do percurso;
• Registro do tempo gasto em cada uma delas;
• Registro das coordenadas de cada ponto do percurso;
• Croqui do percurso realizado.
Este é um excelente evento para incluirmos em nossos camporis, olimpíadas e até mesmo em nossos
acampamentos. Não só entretém o desbravador, como também proporciona um melhor desenvolvimento de suas
habilidades físicas e mentais, de seu espírito de equipe, organização e disciplina.
1
Perna do percurso é o termo utilizado para designar cada segmento da trilha situado entre dois marcos. Trecho entre dois pontos da trilha.
7.1 Montagem do percurso
Não existe nada mais frustrante para um desbravador que, após árduo preparo, ser submetido a um percurso mal
elaborado. Entende-se por percurso mal elaborado aquele que avalie mal as capacidades dos competidores e o
tempo gasto no percurso, que demonstre erro na escolha dos postos, das rotas e do local da competição.
O percurso é uma corrida balizada em acidentes de terreno existentes. Os postos de controle servem para
testemunhar que os participantes passaram por ali. Neles, também, se coloca as informações para o seguimento
do percurso (próximo azimute e distância).
7.1.1 Nível técnico
O nível técnico dos competidores é um dos problemas que mais atormentam o organizador. Se prepara rotas
muito fáceis, desestimula as equipes mais preparadas, fazendo com que elas não se preparem tanto para a
próxima competição. Por outro lado, se prepara rotas muito difíceis, corre o risco de ter somente uma ou duas
equipes terminando o percurso (o que não é raro acontecer). Bons atletas são perdidos porque não conseguem se
classificar em um percurso mal preparado e se desestimulam com o esporte.
A carta que se possui é um fator preponderante para o nível técnico do percurso. Nossos mapas topográficos são,
normalmente, pobres em detalhes, dificultando a montagem dos percursos e forçando o organizador a criar
percursos mais fáceis.
Na elaboração de um percurso, o fator “acaso” deve ser eliminado. Ele pode alterar o resultado do evento apesar
do nível técnico das equipes. Deve-se determinar os postos de forma que evitem trilhas que levem a eles e linhas
na carta que já não existam mais.
7.1.2 Duração e distância
Não existe uma distância padrão para os percursos, assim como para o nível técnico. Existe sim, uma faixa de
tempo onde, normalmente, se situam os vencedores.
Em geral as competições devem ser feitas em 2 etapas. A 1ª deve ser um pouco mais fácil que a 2ª, para que não
se perca o estímulo para esta última. Não existe nada mais estimulante que várias equipes em condições de
recuperarem os poucos minutos que os separam do 1º colocado. Porém, como nós desbravadores incentivamos a
vitória pessoal sobre nossos próprios limites e não sobre outros, não é apropriado incentivar a competição pelo 1º
lugar, e sim, incentivar a competição pelo nível do resultado. Sendo assim, devemos determinar qual seria o
tempo ideal de terminar o percurso, para que todos os que vencerem este tempo, alcancem a classificação “Nível
A” na competição.
7.1.3 Erros a evitar
Percurso de Corrida (“corridão”): aquele que segue por uma linha já existente no mapa ou terreno como:
cercas, linhas de alta tensão, etc. Devem-se colocar os postos de forma que evitem estas linhas ou no máximo,
cruzem por elas.
Ângulos agudos: aqueles postos que forçam o participante a chegar e sair pelo mesmo itinerário.
Postos com trilhas: aqueles que deixam a trilha marcada após a passagem de vários participantes, como os
situados dentro de charcos. Os participantes que percorrem por último o trajeto, levam vantagem.
Postos muito visíveis: que possam ser descobertos antecipadamente quando é percorrido o traçado.
Postos sem acesso: (em mata fechada, por exemplo), que induzam à confusão, postos escondidos, ou que só
possam ser achados com bússola a uma distância muito grande de qualquer acidente desenhado na carta.
Postos inúteis: Os postos colocados em acidentes por onde o participante já iria passar são desnecessários.
29
7.1.4 Seleção dos postos de controle e colocação dos prismas.
O elemento característico do posto de controle (acidente do terreno) deve ser descoberto antes do prisma1
. Isso
não significa que o prisma deva ser escondido ou dissimulado, mas sim, que deve ficar no lado oposto ao da
aproximação lógica dos corredores. É preferível deixá-lo visível a escondê-lo. O competidor deve chegar ao
local determinado visualizando o acidente geográfico e estando lá, e somente lá, visualizar com relativa
facilidade o prisma.
O montador experiente coloca postos que tirem alguns segundos dos atletas menos experientes nas paradas para
orientar-se, tirar o azimute e medir as distâncias, e ainda, obriga-os a optar por uma rota mais longa e mais
segura somando alguns minutos no percurso.
Deve-se tomar cuidado para não definir o resultado do percurso em um único posto de controle. Isso pode
ocorrer quando um posto é muito difícil de ser encontrado, ou é colocado em um marco de terreno muito
próximo a outro semelhante, ou ainda, colocado em um marco não desenhado na carta. Isso dá espaço ao acaso e
à astúcia do participante, e não à técnica.
A dificuldade dos postos deve seguir a ordem de passagem, para que o percurso flua. O 1o
e o 2o
postos são
sempre os mais fáceis, e os últimos os mais difíceis.
7.1.5 Opções de rotas
Um excelente percurso é aquele que dá mais de uma opção de rota:
• contorno versus atravessar o verde2
• contorno versus a subida e descida, banhado, lago ou obstáculo
• A rota mais segura versus a tecnicamente mais difícil.
Devem-se levar em conta as diferentes rotas e garantir que existam aquelas que, bem escolhidas, pouparão
alguns minutos aos participantes. Deve-se evitar que existam rotas que favoreça ao acaso. Podem se desenhar, na
carta, acidentes que auxiliem ou dificultem os participantes.
7.1.6 Conclusão
O percurso deve proporcionar a todos os participantes, condições de concluir a rota. Deve possibilitar que o mais
preparado, técnica e fisicamente, alcance o melhor resultado e o menos preparado, o pior resultado. Entretanto,
as diferenças dos tempos de cada participante devem ser pequenas, para que se reconheçam os melhores, mas
que se estimulem os piores a aprimorar seu treinamento sem desanimá-los.
Não premiem os desbravadores em 1º, 2º ou 3º lugar. Classifique-os em Classes: A/ouro, B/prata ou C/bronze de
forma que todos possam sair premiados de uma forma ou outra. Os desbravadores não devem se empenhar para
vencer outros. Devem sim, se empenhar para vencer seus próprios limites e alcançar os maiores padrões de
excelência. Se você compete com alguém medíocre e vence. Será apenas melhor que medíocre. Mas se
busca alcançar o mais alto padrão de excelência. Não importa com quem vá competir. Você será sempre
excelente e sempre sairá vencedor.
1
Placa ou suporte onde se coloca as coordenadas ou o azimute e a distância do próximo posto. Pode-se, ainda, colocar alguma dica ou charada.
2
Campo limpo, sem marcas de terreno.
30
7 ESPECIALIDADE
Agora mãos a obra. É sua vez de pesquisar e iniciar seu treinamento. Não esqueça de escrever seu relatório e res-
ponder as questões abaixo1
. Boa sorte e que Deus esteja com vocês.
8.1 Orientação
1. Explicar o que é um mapa topográfico, o que se pode encontrar nele e três utilidades para o mesmo.
2. Identificar pelo menos 20 sinais e símbolos usados em mapas topográficos
3. Apresentar a nomenclatura de uma bússola.
4. Conhecer e explicar os termos a seguir:
a. Elevação
b. Azimute
c. Curvas de Nível
d. Norte Magnético
e. Norte Verdadeiro
f. Declinação
g. Escala
h. Medida
i. Distância
j. Formato do terreno
k. Azimute dorsal
5. Demonstrar como tirar um azimute magnético.
6. Demonstrar como seguir um azimute magnético.
7. Conhecer dois métodos de correção para a declinação e quando esta correção é necessária.
8. Ser capaz de orientar-se usando um mapa e uma bússola.
9. Provar sua habilidade de usar mapas e bússolas, realizando uma caminha de 3 quilômetros pelo campo,
com pelo menos 5 leituras de bússola ou pontos de controle.
1
Nem todas as respostas às questões estão no manual. Se divirta enquanto pesquisa as respostas e aprimora o seu conhecimento. Se precisar, peça au-
xílio ao seu instrutor, ou me mande um e-mail: ldcezar@hotmail.com.
7 BIBLIOGRAFIA
FLEMING, June. Orientación: Todo sobre el mapa y la brújula. Desnível, Madrid.
GRAYDON, Don; HANSON, Kurt. Mountaineering: The Freedom of the Hills, 6th
ed. The Mountaineers,
Seatle, WA, USA, 1995.
HODGSON, Michael. Compass & Map Navigator: the complete guide to staying found. The Brunton Company,
Riverton, WY, USA, 1997.
LETHAM, Lawrence. GPS Made Easy: using glogal positioning systems in the outdoors. The Mountaineers, Se-
attle, WA, USA, 1995.
MCMANNERS, Hugh. Manual Completo de Supervivencia: Guía práctica para dominar las técnicas
necesarias para sobrevivir en cualquier situación. Blume, Barcelona, 1994.
Navegação: Topografia de campanha. Exército Brasileiro, 1995.
WISEMAN, John. Manual de Supervivencia: Cómo sobrevivir en el mar y la montaña, en la selva y el desierto,
superar los desastres naturales y prestar las primeras ayudas. Acanto, Barcelona, 1986.

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  • 1. OORIENTAÇÃORIENTAÇÃO PORPOR MMAPAAPA EE BBÚSSOLAÚSSOLA 22ªª EEDIÇÃODIÇÃO Autor Líder Master Avançado Dr. Leandro Dias Cezar Distrital de Desbravadores da ARJ no Distrito de Botafogo, Rio de Janeiro. ASSOCIAÇÃO RIO DE JANEIRO – IGREJA ADVENTISTA DO SÉTIMO DIA
  • 2. APRESENTAÇÃO DA 1A EDIÇÃO Querido leitor: É com alegria que aceitamos o desafio da Associação Sul Riograndense da IASD para elaborar este Manual de Orientação. Não que fosse uma tarefa fácil, principalmente pelo pouco material de estudo disponível, mas pela importância deste assunto e a necessidade de um guia adequado às necessidades dos desbravadores. Através de muita oração e exaustiva pesquisa elaboramos este material. Neste manual, visamos a introduzir os conhecimentos da arte de orientação e navegação de forma prática e adequada às atividades dos desbravadores. Procuramos reunir um material que pudesse ser útil tanto aos iniciantes na arte de orientação, como também, aos mais experientes. Não pretendemos, com este guia, esgotar o assunto. Objetivamos, sim, apresentá-lo de forma a levar o jovem a se dedicar à pesquisa e ao aprimoramento das diversas técnicas desta área. Lembramos aos leitores que, com grande prazer, estaremos abertos a críticas e sugestões referentes a este compêndio. Nosso objetivo é produzir materiais cada vez melhores e mais adequados às necessidades dos desbravadores. Sugestões de novos cursos e manuais também serão bem-vindos.
  • 3. APRESENTAÇÃO DA 2A EDIÇÃO Querido Desbravador: Com entusiasmo que reeditamos este manual de orientação este ano, almejando disponibilizar tal curso aos líderes da ARJ e publicar no Clube de Líderes On-line. Procuramos trazer, nesta edição, algumas informações complementares ao entendimento desta ciência, baseadas na experiência que tivemos desde a publicação da 1a edição, ensinando no “1o Curso de Orientação da ASR” e ministrando aulas de orientação nos cursos de liderança e líder master da ASR. Esperamos que este manual continue a despertar no jovem a vontade de se dedicar à pesquisa e ao aprimoramento das diversas técnicas da vida ao ar livre. Reiteramos aos leitores que, com grande prazer, continuaremos abertos a críticas e sugestões referentes a este compêndio. Nosso objetivo continua sendo o de produzir materiais cada vez melhores e mais adequados às necessidades dos desbravadores. Sugestões de novos cursos e manuais também serão bem-vindos.
  • 4. SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO..........................................................................................................6 2 EQUIPAMENTOS.....................................................................................................7 2.1 EQUIPAMENTO BÁSICO...............................................................................................7 2.2 EQUIPAMENTO ESPECIALIZADO....................................................................................7 2.3 EQUIPAMENTO ACESSÓRIO......................................................................................... 7 3 MAPA TOPOGRÁFICO...........................................................................................8 3.1 ÁREA DE REPRESENTAÇÃO......................................................................................... 8 3.2 ARTICULAÇÃO DA FOLHA...........................................................................................8 3.3 REVISÕES.................................................................................................................8 3.4 ESCALA...................................................................................................................8 3.4.1 Escalímetro.....................................................................................................................................8 3.5 CURVAS DE NÍVEL....................................................................................................9 3.6 COORDENADAS GEOGRÁFICAS.....................................................................................9 3.6.1 Longitude & Latitude ...................................................................................................................10 3.6.2 Projeção Universal Transversa de Mercator (UTM)...................................................................10 3.7 DECLINAÇÃO MAGNÉTICA........................................................................................10 3.8 CUIDADOS COM O MAPA TOPOGRÁFICO;.................................................................... 11 3.9 DOBRANDO O MAPA TOPOGRÁFICO...........................................................................11 3.10 ORIENTAÇÃO “MAPA-TERRENO”............................................................................ 11 3.10.1 Encontrando sua localização no mapa...................................................................................... 11 3.10.2 Estimando distâncias..................................................................................................................12 3.10.3 Curvímetro..................................................................................................................................12 4 BÚSSOLA................................................................................................................. 13 4.1 AS ESTRELAS COMO BÚSSOLA..................................................................................13 4.2 UMA SOMBRA COMO BÚSSOLA................................................................................. 13 4.3 UM RELÓGIO COMO BÚSSOLA.................................................................................. 14 4.4 COMO CONSTRUIR SUA PRÓPRIA BÚSSOLA...................................................................14 4.5 CARACTERÍSTICAS DE UMA BÚSSOLA......................................................................... 14 4.6 BÚSSOLA BÁSICA....................................................................................................15 4.7 BÚSSOLA AVANÇADA..............................................................................................15 4.8 BÚSSOLA PARA GPS...............................................................................................15 4.9 CUIDADOS COM A BÚSSOLA......................................................................................16 4.10 NAVEGAÇÃO “BÚSSOLA-TERRENO”........................................................................ 16 4.10.1 Determinando o azimute no campo............................................................................................16 4.10.2 Caminhando em linha reta......................................................................................................... 16 4.10.3 Tirando o contra-azimute........................................................................................................... 16 4.10.4 Caminhando sem marcas de terreno..........................................................................................17 4.10.5 Contornando obstáculos.............................................................................................................17
  • 5. 4.11 AFERIÇÃO DO PASSO.............................................................................................18 5 NAVEGAÇÃO..........................................................................................................19 5.1 NAVEGAÇÃO PRIMITIVA...........................................................................................19 5.2 NAVEGAÇÃO MODERNA...........................................................................................19 5.3 NAVEGAÇÃO “MAPA-BÚSSOLA”...............................................................................19 5.3.1 A unidade de navegação...............................................................................................................19 5.3.2 Ajustando a bússola à declinação magnética do mapa................................................................20 5.3.3 Determinando o azimute no mapa................................................................................................20 5.3.4 Encontrando sua posição no mapa com o auxílio da bússola..................................................... 21 5.4 NAVEGAÇÃO COM GPS...........................................................................................21 5.4.1 Global Positioning System (GPS).................................................................................................22 5.5 BINÓCULO............................................................................................................. 22 5.6 ALTÍMETRO............................................................................................................22 5.7 ESBOÇO PANORÂMICO............................................................................................. 23 6 SAINDO EM EXPEDIÇÃO....................................................................................24 5.8 PREPARAÇÃO DE UMA EXPEDIÇÃO............................................................................. 24 5.9 QUALIFICANDO A EQUIPE.........................................................................................24 5.10 COLETANDO INFORMAÇÕES.....................................................................................24 5.11 DEFININDO O PERCURSO........................................................................................ 25 5.12 DEFININDO ROTAS DE ESCAPE................................................................................25 5.13 AVALIANDO SITUAÇÕES DE PERIGO......................................................................... 26 5.14 ESCOLHENDO O EQUIPAMENTO................................................................................27 7 CORRIDA DE ORIENTAÇÃO..............................................................................28 7.1 MONTAGEM DO PERCURSO........................................................................................29 7.1.1 Nível técnico................................................................................................................................. 29 7.1.2 Duração e distância......................................................................................................................29 7.1.3 Erros a evitar................................................................................................................................29 7.1.4 Seleção dos postos de controle e colocação dos prismas............................................................ 30 7.1.5 Opções de rotas............................................................................................................................ 30 7.1.6 Conclusão..................................................................................................................................... 30 7 ESPECIALIDADE...................................................................................................31 8.1 ORIENTAÇÃO..........................................................................................................31 7 BIBLIOGRAFIA......................................................................................................32 5
  • 6. 1 INTRODUÇÃO Toda vez que nos deslocamos de um lugar para outro e procuramos um endereço, estamos fazendo uso das ciências de orientação e navegação. Gosto de utilizar as seguintes definições: Orientação é a ciência de determinar a exata posição na terra. Navegação é a ciência de determinar a localização do objetivo e manter-se em sua direção. Desbravar é a arte de escolher e seguir a melhor rota, de acordo com as habilidades e equipamentos da equipe. Quando estamos navegando em um ambiente agreste, nossas habilidades naturais nem sempre são suficientes. Para superar as dificuldades existem equipamentos e técnicas que nos auxiliam a nos orientarmos e a navegarmos. O domínio das técnicas descritas a seguir, dará ao desbravador as condições de enfrentar a maioria das situações próprias de nossa atividade. A arte de desbravar, no entanto, só será adquirida com experiência e treinamento. Este é o desafio imposto a cada um de nós, e que somente os mais comprometidos e hábeis alcançarão sucesso.
  • 7. 2 EQUIPAMENTOS Existem vários equipamentos que nos auxiliam na orientação, desde uma simples agulha, até um sofisticado GPS (Global Positioning System). Descreveremos estes equipamentos, dividindo-os em três grupos: básico, especializado e acessório. Mais detalhes serão dados nos capítulos seguintes. 2.1 Equipamento Básico Carta Topográfica: apresenta o relevo do local através de curvas de nível que representam elevações constantes em relação ao nível do mar. É imprescindível, quando em atividades com o clube, que se tenha pelo menos um mapa do local onde se vai realizar a atividade. Bússola: equipamento dotado de uma agulha imantada que se direciona de acordo com o campo magnético terrestre, apontando sempre o “norte magnético”. Existem vários modelos e preços. É importante que cada desbravador tenha sua própria bússola, escolhendo o modelo, de acordo com seu uso e poder aquisitivo. 2.2 Equipamento Especializado Altímetro: equipamento digital ou analógico que mostra a variação de altitude em relação ao nível do mar, levando em conta a pressão atmosférica. Também pode ser útil como barômetro, mostrando alterações climáticas. Por ser de custo mais elevado, só é recomendado para os desbravadores em expedições de montanha. Global Positioning System: equipamento eletrônico que, através de satélites, informa sua posição, azimute, direção de viagem, velocidade, entre outros recursos. É um equipamento de grande utilidade. Representa um excelente auxílio no planejamento de uma campanha, e é excepcional na monitorização da execução da mesma. Apesar de estar se popularizando seu uso, devido a queda dos preços, ainda apresenta um custo elevado para a maioria dos desbravadores. 2.3 Equipamento Acessório Transferidor: pode auxiliar na leitura dos azimutes1 e direção de viagem no mapa. Não é necessário caso se usa uma bússola de base retangular. Curvímetro: auxilia na medição de distâncias curvas, retas ou quebradas no mapa. Escalímetro: auxilia na leitura de distâncias retas no mapa. Binóculo: auxilia na visualização do objetivo a uma distância maior, auxiliando na tomada de azimute, como também pode auxiliar (alguns modelos) a estimar distâncias de objetos ou tamanho destes a distância. Apesar de estar listado nos equipamentos acesórios, é de extrema importância em caminhadas longas, em terrenos que não forneçam muitos pontos de referência. Também auxiliam na busca e resgate de alguém ferido ou perdido. 1 Azimute é a direção, em graus, de um ponto até outro.
  • 8. 3 MAPA TOPOGRÁFICO O mapa topográfico, como já citado, é aquele que, de forma gráfica, nos mostra a topografia do terreno. Estes mapas topográficos apresentam as seguintes características: • Área de representação • Mapas adjacentes • Escala • Revisões • Curvas de Nível • Longitude e Latitude • Sistema Universal Transverso de Mercator • Declinação magnética 3.1 Área de Representação Indica a área de abrangência do mapa e seus limites. Encontra-se na margem superior. Indica o nome do mapa. Nas extremidades das bordas, indica a latitude e a longitude extremas do mapa. 3.2 Articulação da Folha Mostra o mapa atual e os que fazem fronteira a ele. Situa-se no canto inferior direito do mapa. 3.3 Revisões Situadas no canto inferior direito do mapa, mostram a data do levantamento fotográfico e suas atualizações. Normalmente, os mapas topográficos não são atualizados com freqüência, e as rodovias, cidades, e outras construções no mapa podem ter mudado, ou até mesmo, nem existirem mais, dependendo de quando este mapa foi produzido. 3.4 Escala A escala do mapa representa a relação entre cada unidade do mapa e o tamanho real. A escala mais comum encontrada nas cartas topográficas do Brasil é a de 1:50.000. que significa que cada 1 cm do mapa eqüivale a 50.000 cm (500 m) da realidade. Outras escalas que se encontram nos mapas são: 1:15.000; 1:24.000; 1:25.000; 1:62.500; 1:250.000. As escalas são classificadas em: • Pequena – igual ou inferior a 1:500.000 • Média – maior que 1:500.000 e menor que 1:50.000 • Grande – igual ou superior a 1:50.000 3.4.1 Escalímetro O escalímetro é uma régua graduada em diferentes escalas, facilitando a leitura de distâncias no mapa. Apresenta as distâncias diretamente na escala real, evitando assim a necessidade de cálculos. O escalímetro de seção triangular é o mais utilizado e facilmente encontrado. Caso a régua não possua a escala em que se está trabalhando, utiliza-se uma escala proporcional. Por exemplo, usa-se a escala de 1:25 e multiplica os valores por 10 para encontrar a escala de 1:250.
  • 9. 3.5 Curvas de Nível As curvas de nível conectam pontos de mesma elevação. Representam a topografia da região. As curvas de nível são eqüidistantes e representam altitudes específicas, de acordo com a representação de cada mapa. Curvas de nível mais próximas representam acidentes geográficos mais bruscos, como um penhasco. Curvas de nível mais distantes representam variações graduais e leves de altitude, como uma encosta pouco acentuada de uma colina. Note que podem ocorrer enganos ao comparar o mapa topográfico ao real. Um acidente geográfico pode não ser representado pelo mapa topográfico, desde que sua altura seja menor que a eqüidistância das curvas de nível, ou seja, desde que esteja compreendido entre duas curvas de nível. 3.6 Coordenadas Geográficas Para localizar um ponto, é necessário conhecer a distância deste, em relação a dois outros pontos conhecidos. Em cartografia, usa-se o equador como o eixo ‘X’ do plano cartesiano e os meridianos (meridiano de Greenwich – meridiano zero - ou meridianos de referência do UTM) como o eixo ‘y’ do plano cartesiano. As coordenadas da Pedra do Sino no Parque Nacional da Serra dos Órgãos, seriam, dessa forma: Em Longitude e Latitude: W 43º 01' 50"; S 22º 27' 42” (Lê-se: 43 graus, 1 minuto, 50 segundos oeste; 22 graus e 27 minutos, 42 segundos sul) Na Projeção Universal Transversa de Mercator: 23K; 702.634 m E; 7.514.713 m N. (Lê-se: Zona 23K de Mercator a 702.634 metros eastings, 7.514.713m northings) 9
  • 10. 3.6.1 Longitude & Latitude Este é o sistema mais utilizado pelos cartógrafos em torno do mundo. Qualquer mapa produzido, em geral, apresenta-o como o principal sistema de coordenadas. Longitude é a distância, em graus, em relação à linha do primeiro meridiano, ou meridiano zero, que passa pela cidade de Greenwich, Inglaterra. Existem longitude leste e longitude oeste (ex. W 43º 01' 50"). Latitude é a distância em graus em relação ao equador. Podemos ter latitude norte e latitude sul. (Ex. S 22º 27' 42”). 3.6.2 Projeção Universal Transversa de Mercator (UTM) Este é o sistema de coordenadas utilizado nas cartas topográficas em nosso país. É de fácil utilização, porque mede as distâncias em metros. Mercator dividiu a terra em 60 zonas verticais de 6º. Posteriormente, cada zona de Mercator foi subdivida em outras 20 zonas (MGRS) horizontais de 8º cada. Eastings (E), longitudinalmente a partir de 500.000m E, no meridiano central de cada zona, aumentando em direção leste e diminuindo em direção oeste. Nortings (N), latitudinalmente, a partir de 10.000.000m N, no equador, aumentando em direção norte e diminuindo em direção sul. Normalmente, as informações referentes à identificação do sistema de coordenadas são encontradas no centro inferior do mapa. 3.7 Declinação Magnética As bússolas são orientadas ao ‘norte magnético’ (campo magnético da terra), enquanto os mapas são orientados para um ponto distinto, o ‘norte geográfico’ (norte verdadeiro, eixo de rotação da terra)1 . A diferença entre ambos é chamada de ‘declinação magnética’. Esta declinação magnética varia conforme a sua localização no globo e cada mapa tem sua própria declinação magnética, que é representada próximo a sua margem inferior. A linha com a estrela na ponta (NG) representa o norte geográfico e a linha com a seta na ponta 1 Bem, na verdade, as cartas topográficas são orientadas ao norte da quadrícula. Porém, a diferença entre o norte da quadrícula e o norte geográfico normalmente é muito pequena, não produzindo alterações significativas para nossa atividade; podendo ser considerados, ambos, como norte geográfi- 10
  • 11. (NM) representa o norte magnético. Quando o NM está à esquerda do NG, dizemos que a declinação é oeste. Se o NM está à direita do NG, dizemos que a declinação magnética é leste. Note que a declinação magnética varia a cada ano e talvez seja necessário calcular a atual declinação do mapa. Por exemplo, considerando a declinação magnética de um mapa em 2001=13º52' e que a declinação magnética cresce 9,5' ao ano. Então, de 2001 até 2006 são 4 anos. Logo, a variação do período é 38' (4X9,5'). Para somar a variação da declinação ao valor de 2001, temos de lembrar que só podemos somar valores de mesma unidade. Comece pela menor unidade, os minutos: 52'+38'=90'. Sendo 1o =60', então 90'=1o 30'. Somemos agora os graus: 13o +1o =14o . Desta forma, a declinação magnética de 2006 é 14o 30'. Na internet existem alguns sites que estimam a declinação magnética, basta digitar o local e a data de sua expedi- ção. Uma opção é o National Geophysical Data Center (NGDC): http://www.ngdc.noaa.gov/seg/geomag/jsp/Declination.jsp 3.8 Cuidados com o Mapa Topográfico; É muito importante a preservação do mapa, pois não é muito agradável buscar auxílio nele e ver que a rota de volta para casa está transformada em uma mancha marrom-esverdeada. A maneira mais simples de proteger seu mapa é coloca-lo dentro de uma embalagem a prova d’água, como estes sacos para freezer. Pode-se ainda cobrir o mapa com contact transparente ou cobri-lo com spray ou tinta a prova d’água. Uma alternativa para preservar seu mapa é digitalizá-lo e imprimir a área onde irá percorrer e depois planstificá- lo. Mas tenha cuidado para que a impressão tenha a mesma escala da original (mesmo tamanho), e que as bordas contenham as referências do sistema de coordenadas. 3.9 Dobrando o Mapa Topográfico Não existe uma forma padrão para dobrar o mapa. O importante é que permita praticidade no uso. Ao lado está uma sugestão que, para nós, se demonstrou ser prática e eficiente. 3.10 Orientação “Mapa-Terreno” O mapa nos traz informações úteis para a prática da orientação e navegação. Pode nos mostrar onde estamos e o caminho a seguir. É também eficiente para nos mostrar a distância a percorrer (ou percorrida) e é uma das ferramentas mais úteis no planejamento de expedições. Entretanto, não basta dominar o uso do mapa, bússola ou GPS. Deverá saber colocar em prática as informações fornecidas por eles para saber escolher a melhor rota a seguir. Isso você só adquirirá com muita prática. 3.10.1 Encontrando sua localização no mapa Um mapa topográfico não terá muito utilidade a não ser que saibamos onde exatamente estamos localizados. Para se localizar no mapa, utilize um dos métodos a seguir. • Encontre marcas do terreno facilmente identificáveis no mapa (ex. rio, lago, encosta). • Localize-se sobre uma linha-base (um rio ou uma linha entre dois cumes) • Caminhe sobre esta linha-base até que possa identificar outra linha-base que interseccione a primeira. Assim, poderá localizar-se com grande precisão no mapa. co. Se necessário, o cálculo é semelhante ao exposto em relação ao norte magnético. 11
  • 12. Normalmente as marcas de terreno não são tão grandes (ou evidentes) e acessíveis. Nesse caso: • Encontre três marcas confiáveis, preferencialmente uma à frente, uma à direita e outra à esquerda, para definir sua posição. • Gire o mapa até coincidir com a primeira marca de terreno visualizada.1 • Desenhe uma linha em direção a esta marca. • Repita a operação para as outras duas. • A intersecção entre as três linhas mostra sua posição com uma precisão razoável, dependendo de suas habilidades. 3.10.2 Estimando distâncias Use seu mapa topográfico para estimar a distância de viagem, e os acidentes geográficos no caminho, para assegurar que se poderá terminar a viagem em um período seguro de tempo. Crie um arquivo da trilha.2 Ele o ajudará no planejamento de sua jornada e servirá como guia para outros que, porventura, se aventurarem pelo mesmo percurso. Neste arquivo, desenhe um gráfico para marcar a distância e a altitude a serem percorridas. Utilize o curvímetro para desenhar a trilha no mapa e transcreva as informações obtidas para o gráfico. Assim, terá uma boa forma de acompanhar seu desempenho no trajeto e anotar informações úteis para próximas expedições. 3.10.3 Curvímetro Existem dois tipos de curvímetro: um graduado em milímetros e outro graduado nas escalas mais comuns. Este último apresenta a mesma característica do escalímetro na leitura de distâncias no mapa, com a vantagem de se poder medir linha quebrada e em curva. Para medir distâncias com o curvímetro, basta girar a roda dentada até o ponteiro coincidir com a origem da graduação e depois deslocar o curvímetro sobre o mapa, lendo no mostrador a distância percorrida. Um ótimo substituto para o curvímetro é um arame flexível. Pinte-o conforme a escala do mapa, linhas vermelhas circundando o arame para as marcas de 500m e linhas azuis, para as marcas de 1000m. Coloque-o sobre o mapa, modelando-o sobre a trilha. Depois é só ler as distâncias. Estes métodos não são muito precisos mas sempre estimam distâncias menores do que as reais, pois, não levam em conta as subidas e descidas do percurso (medem só o deslocamento horizontal). 1 Se possuir uma bússola, tire seu azimute em relação a cada marca de terreno escolhida, e trace uma linha baseado neste azimute. Terás sua posição com muito mais precisão. 2 Veja exemplo no Manual de Excursionismo Pedestre e Excursionismo Pedestre com Mochila do mesmo autor. 12
  • 13. 4 BÚSSOLA Como dito anteriormente, a bússola nos aponta o ‘norte magnético’. Porém, existem várias maneiras, além da bússola propriamente dita, de localizarmos o norte e usa-lo como referencial para nossa jornada: estrelas, som- bra, relógio, bússola caseira. Antes de se aprender a utilizar uma bússola, é importante dominar estes métodos mais intuitivos. 4.1 As Estrelas como Bússola No hemisfério norte, existe a estrela Polar (North Star) que está fixa sobre o norte geográfico1 . Aqui no hemisfério sul, não é tão simples encontrar o sul geográfico, mas também é possível localizá-lo através da constelação do Cruzeiro do Sul. O Cruzeiro do Sul é composto de 4 estrelas mais brilhantes que formam uma cruz e uma não tão brilhante quase ao centro desta cruz. Prolongando o braço mais longo da cruz, por quatro vezes e meia, teremos o ponto onde estaria a estrela do sul se ela existisse; aproximadamente sobre o sul geográfico. 4.2 Uma Sombra como Bússola Para localizarmos o norte através de uma sombra, primeiramente temos de ter um sol brilhante e uma estaca suficientemente comprida para dar uma boa sombra. Existem vários métodos que utilizam a sombra do sol: alguns que levam todo um dia, outros, alguns minutos. Exemplificamos, aqui, o segundo: • Fixa-se uma estaca sobre o solo, o mais vertical possível, e marca-se o final da sombra. Após 30 minutos, marca-se o novo final da sombra. • Desenha-se uma linha reta entre as duas marcas. Esta é aproximadamente a linha leste-oeste. O oeste se situa do lado da primeira marca e o leste do lado da segunda marca. • O norte e o sul serão facilmente encontrados traçando uma linha perpendicular a primeira. Todos estes métodos, porém, apresentam um erro intrínseco ao procedimento. Para se ter segurança na utilização dos diversos métodos que utilizam a sombra do sol, é aconselhável um bom treino, em um lugar onde já se conhece a localização dos pontos cardeais. 1 Este ponto é chamado de norte celeste. Situa-se, aproximadamente, acima do norte geográfico.
  • 14. 4.3 Um Relógio como Bússola O método de usar um relógio como bússola é extremamente simples para quem tem um relógio analógico. • Direcione a marca de 12 horas em direção ao sol. • Identifique o menor ângulo formado entre a direção do sol (marca de 12 horas) e o ponteiro das horas. • Determine sua bissetriz dividindo o ângulo citado ao meio. • Esta linha indicará o norte geográfico, sendo que o norte está à frente do observador (do mesmo lado do sol), e o sul às costas.1 4.4 Como construir sua própria Bússola Quando não se pode utilizar nenhum dos métodos citados anteriormente, pode-se, de modo simples, construir uma bússola. Basta ter em mãos uma agulha. • Esfregue a agulha em um pedaço de tecido, sempre no mesmo sentido. • Após algum tempo, a agulha estará magnetizada. • Coloque-a sobre uma folha (ou pedaço de cortiça). • Ponha esta folha sobre a água, para que fique livre para se movimentar. • A agulha que foi magnetizada, movimentará a folha até apontar para o norte magnético. Note que será necessário magnetizar a agulha toda vez que for usá-la. Este é um bom processo para emergências. Há uma forma mais elaborada de magnetizar uma agulha e que produz um magnetismo que pode durar mais tempo que o anterior. É boa para quem não pode comprar uma bússola e realiza apenas expedições curtas. Necessita-se de uma bateria (CC) de pelo menos 6 volts. • Ligue uma lâmpada à bateria e enrole um dos cabos em forma espiral em torno da agulha. • Deixe a lâmpada ligada, pelo menos por uma hora. • Ao terminar, coloque a agulha sobre uma cortiça e esta sobre a água. • A ponta da agulha que estava mais próxima do polo N (negativo ou norte) da bateria, forçará a cortiça a girar até que esteja posicionada em direção ao norte magnético. 4.5 Características de uma Bússola Básicas Opcionais • Agulha magnética livre; • Espelho; • Limbo móvel graduado de 0º a 360º • Régua; • (no sentido horário), com divisões de 1º ou 2º; • Mira; • Linhas de índice; • Escalímetro; • Base retangular transparente; • Seta de declinação magnética; • Suporte rotatório cheio de fluido (óleo); • Clinômetro; • Seta ou linha de direção de viagem; • Lente de aumento. • Linhas meridionais; 1 Vale lembrar que este método só funciona no hemisfério sul. Para o hemisfério norte deve-se apontar o ponteiro das horas para o sol e determinar a bissetriz do maior ângulo entre o ponteiro das horas e a marca de 12 horas para determinar o norte. 14
  • 15. 4.6 Bússola Básica De baixo custo, é útil a qualquer participante de atividades campestres. É de fácil utilização e de grande auxílio em qualquer tipo de atividade. Suas principais características são: Agulha magnética livre: indica o norte magnético. Suporte cheio de fluido (óleo): o fluido proporciona estabilidade a agulha permitindo leituras da agulha mais rápidas e precisas. Limbo móvel, graduado de 0º a 360º (no sentido horário), com divisões de 1º ou 2º: usado para navegação, na determinação do azimute. Seta ou linha de direção de viagem: indica a direção de viagem; mostra o lugar aonde se quer ir. Linha de índice: na base da bússola, onde se lê o azimute. Linhas meridionais: usadas para alinhar a bússola com o mapa na leitura do azimute. Base retangular transparente: facilita a utilização da bússola sobre o mapa. Seta de orientação da agulha: determina a posição exata da agulha magnética, para ser possível tomar o azimute ou direção de viagem com maior precisão. 4.7 Bússola Avançada De custo mais elevado, é recomendada somente àqueles que desejam se aprofundar nas técnicas de orientação e navegação. Entretanto, em expedições mais longas em terreno inóspito, é recomendado que cada unidade possua pelo menos uma. Possui todas as características da bússola básica, mais as seguintes: Seta de declinação magnética: evita que a cada tomada de azimute seja necessário calcular a declinação magnética. Espelho: incorporado em uma capa protetora que se fecha sobre a bússola, permite ter uma visão simultânea da bússola, do azimute e do objetivo através da mira, aumentando a precisão na hora de determinar a direção de viagem. Alça de Mira: como nas armas, utilizada para visualizar o objetivo com maior precisão. Régua: auxilia na leitura de distâncias no mapa. Escalímetro: permite medir a distância diretamente na escala do mapa, sem necessidade de nenhum cálculo. Clinômetro: útil para quem pratica esportes de inverno. Usado para medir a inclinação do terreno para avaliar o risco de avalanche. Para os que não praticam este tipo de esporte, o máximo que o clinômetro pode ajudar é dizer a inclinação de um aclive, para que, posteriormente, se possa vangloriar-se dizendo: “Subi um trecho de inclinação de 45o ”, por exemplo. Lente de aumento: auxilia na leitura do mapa. 4.8 Bússola para GPS A bússola para GPS é uma bússola intermediária entre as bússolas básica e avançada. Apresenta uma característica que a faz específica para o GPS; que são orifícios correspondentes a 200 m de diâmetro (erro máximo do GPS), proporcionais a cada escala, que permitem plotar com maior precisão os dados provenientes do GPS no mapa topográfico. No entanto, com a maior precisão dos sistemas atuais de posicionamento global, que podem chegar a menos de 6 metros de diâmetro, esta bússola está caindo em desuso. 15
  • 16. 4.9 Cuidados com a Bússola Nunca deixe sua bússola em temperaturas muito extremas como sobre uma rocha sob sol quente, no porta-luvas ou sobre o painel do carro. Há o risco de o calor produzir extravasamento do fluido, inutilizando a bússola. Mantenha a capa da bússola sempre fechada quando a bússola não estiver em uso. É recomendável que se compre ou confeccione uma bolsa protetora para a bússola. Quando usar repelente, nunca o deixe cair sobre a bússola e tenha o cuidado de limpar bem as mãos antes de manuseá-la. Alguns repelentes afetam o plástico da bússola deixando-o opaco e até mesmo produzindo pequenas rachaduras. Quando pendurada no pescoço, cuide para que ela não bata contra superfícies duras. É aconselhável deixar a bússola por dentro da camisa quando não está em uso. Mantenha sua bússola longe de campos magnéticos, como motores elétricos, ímãs, auto-falantes, pois estes podem desorienta-la temporariamente ou desmagnetizar permanentemente a agulha. Algumas vezes, a agulha parece agir estranhamente, tendendo à colar na parede da bússola. Isso pode ser devido a estática que se forma sobre ela. Para solucionar o problema, basta derramar um pouco d’água sobre a bússola para desfazer a estática. 4.10 Navegação “Bússola-Terreno” A bússola tem grande utilidade quando se quer ir de um ponto a outro, e o lugar de chegada não se encontra visível o tempo todo. O melhor exemplo disso é quando se está sob neblina intensa. Nesta situação é praticamente impossível de se locomover com segurança no meio campestre sem o uso da navegação com a bússola. 4.10.1 Determinando o azimute no campo A primeira coisa a se fazer é determinar o objetivo (ponto B). • Aponte a seta ou linha de direção de viagem para o ponto ‘B’; • Gire o limbo até que a seta de orientação se ajuste à agulha magnética; • Leia o azimute na linha índice; Após tirado o azimute, é só segui-lo até o ponto ‘B’. 4.10.2 Caminhando em linha reta Seguir um azimute não é tão simples assim. Mesmo caminhando quilômetros na direção indicada pela bússola, ainda se pode terminar fora do curso. Como? Por se desviar ligeiramente à direita ou à esquerda enquanto se caminha. Um erro muito freqüente. Como garantir uma caminhada em linha reta, sem desvios? Após ter determinado o azimute e a direção de viagem, procure marcas intermediárias de terreno. Caminhe através delas, ponto-a-ponto até chegar ao ponto ‘B’ num curso o mais reto possível. 4.10.3 Tirando o contra-azimute Muitas vezes ao chegar ao seu objetivo, poderá ficar em dúvida se ele é o correto. Para conferir se está na marca correta, basta tirar o contra- azimute. Para tirar o contra azimute, simplesmente vire de costas e alinhe a seta de orientação ao reverso da agulha magnética. Se visualizar o ponto de partida através do contra-azimute, estará no lugar certo. 16
  • 17. 4.10.4 Caminhando sem marcas de terreno Muitas vezes, a visibilidade é tão pouca, por causa de um nevoeiro ou uma floresta densa, que as marcas do terreno desaparecem ou são indistinguíveis. Manter seu curso nestas condições pode ser um desafio, mas não é impossível. Se você está acompanhado, e assumindo que já tenha o azimute como mostrado anteriormente, basta usar seu colega como a marca intermediária. Coloque um companheiro à frente, enquanto tiverem contato visual. Direcione-o para direita ou esquerda para posicioná-lo exatamente sobre a linha de direção de viagem e então siga até ele. Repetindo esta manobra até chegar ao seu objetivo. Uma maneira de tornar esta técnica mais precisa, é quem está a frente tomar o contra-azimute, verificando sua posição em relação ao companheiro. Caso esteja sozinho. Não se desespere. Será mais trabalhoso e demorado, mas ainda assim, possível. Primeiro erga um monumento com pedras ou galhos para marcar sua posição. Então caminhe enquanto tiver visão de sua marca. Pare e verifique sua posição através do contra-azimute. Construa então outro monumento e repita a operação até alcançar o destino. Este processo é penoso, mas vai levá-lo aonde você quer ir. 4.10.5 Contornando obstáculos O que fazer quando um obstáculo se coloca exatamente sobre seu curso ou azimute? A maneira mais fácil é tirar o azimute e verificar um marco depois do obstáculo, dar a volta no obstáculo, chegar ao marco e tirar o contra- azimute para ter certeza de estar no marco correto. Se o obstáculo é um maciço, e não se pode visualizar nenhuma marca após ele, contorná-lo não será tão simples. Você terá de anotar todas as suas mudanças de curso e tentar mantê-las o mais próximo possível de 90o . • Verifique seu azimute, some ou diminua 90o , para contornar o obstáculo pela direita ou esquerda, respectivamente. Este será seu azimute de contorno. • Caminhe sobre este novo azimute até que seja possível contornar o obstáculo. • Conte os passos para medir a distância percorrida. • Retorne ao azimute inicial e continue na direção correta. Note que você está na direção correta mas fora de curso. • Após ultrapassar o obstáculo, utilize o contra-azimute do azimute de contorno. • Caminhe o mesmo número de passos que contou anteriormente, e você estará de volta ao curso. • É só seguir o seu azimute inicial e continuar na direção correta e na rota correta. Este processo depende de grande precisão e experiência do desbravador, não só na mudança de azimutes, mas também na contagem dos passos. 17
  • 18. 4.11 Aferição do Passo A aferição do passo é necessária para que o desbravador possa contar as distâncias com mais precisão. Quanto mais o desbravador afira seu passo, tanto mais correta será sua medida de distância em diferentes terrenos. Determine um triângulo em um terreno, onde cada lado possua 100m de comprimento e características distintas de relevo. Percorra o triângulo pelo menos 3 vezes, anotando quantas passos duplos (dois passos simpes) deu em cada segmento. Após, divida o número de passos dados por quantas vezes percorreu cada lado do triângulo. Assim, saberá quantos passos duplos correspondem a 100m. Para não esquecer o número de passos que deu, podes fazer nós (ex. um para cada dez passos) em um cordelete, usar um contador mecânico ou até mesmo um podômetro. Uma alternativa mais trabalhosa à contagem de passos é esticar uma corda de tamanho conhecido e medir a distância por ela. Realmente bem mais trabalhosa do que contar passos. 18
  • 19. 5 NAVEGAÇÃO A navegação, como descrita neste manual, é a ciência de determinarmos nosso objetivo e nos mantermos em sua direção. Toda vez que vamos ao trabalho, à escola, à igreja, estamos fazendo uso desta ciência. 5.1 Navegação Primitiva A base deste tipo de navegação é a observação. Observamos os nomes de ruas, os referenciais das estradas e tudo que está a nossa volta. A observação é uma das características mais importantes de qualquer um que se aventure por lugares agrestes ou desconhecidos. Sempre fique atento aos referenciais que o terreno apresenta. A observação atenta é a melhor forma de evitar que alguém se perca. E se tal fato acontecer, a observação é a melhor garantia de que se poderá localizar mais facilmente o caminho de retorno à trilha ou ao grupo. Enquanto caminha, olhe repetidas vezes para trás, para conhecer a paisagem do retorno. Não raras vezes, o acampante se perde porque, ao tentar retornar pelo mesmo caminho, se depara com uma paisagem desconhecida. À noite, as estrelas representam um bom referencial. Há séculos o homem as utiliza para orientação. Um estudo cuidadoso destes astros é de grande auxílio para aquele que se aventura em lugares selvagens. 5.2 Navegação Moderna A navegação moderna se baseia na navegação primitiva acrescida dos recursos tecnológicos disponíveis atualmente: a navegação “mapa-terreno”, a navegação “bússola-terreno” e a navegação “mapa-bússola”. E, cada vez mais difundida em nosso meio, de grande precisão (e com custo elevado), ainda existe a navegação que usa GPS, DGPS, WAAS, computador, altímetro. 5.3 Navegação “Mapa-Bússola” Este é o principal método de navegação utilizado atualmente. É o somatório dos métodos “navegação mapa- terreno” e “navegação bússola-terreno”. O domínio das técnicas já descritas é imprescindível para o entendimento das técnicas a seguir. 5.3.1 A unidade de navegação A navegação “mapa-bússola” é feita por uma unidade de navegação. Esta unidade é composta por: Homem-bússola: responsável por determinar e manter o azimute no campo. Responsável pela navegação “bússsola-terreno”. Pode ser também o homem-mapa. Homem-mapa: responsável por definir e acompanhar a posição do grupo no mapa e determinar o azimute no mapa. Responsável pela navegação “mapa-terreno”. Pode ser também o homem-bússola. Homem-ponto: vai a frente da unidade e baliza a direção dos sucessivos azimutes. Tem importância, principalmente, quando não existem muitas marcas de terreno. Pode utilizar uma bússola para tirar o contra- azimute e aumentar a precisão de cada tomada de azimute. A noite, deve-se utilizar de meios para marcar a exata posição, como uma lanterna, dispositivos fosforecentes, uma corda (esticada entre o homem-bússola e o homem- ponto). Homens-passo: responsáveis por determinar as distâncias no terreno. A distância percorrida será a média das distâncias medidas por cada homem-passo.
  • 20. 5.3.2 Ajustando a bússola à declinação magnética do mapa Devido à declinação magnética (citada no capítulo 3), o azimute determinado pela bússola nem sempre coincide com aquele determinado no mapa. Assim, antes de usar o azimute, determinado no mapa, devemos adequá-lo à bússola. Chamamos o azimute determinado pela bússola de ‘azimute magnético’ e o determinado no mapa, de ‘azimute geográfico’. Se você tem uma bússola com ‘seta de declinação magnética’ o ajuste é mais fácil. Basta seguir as instruções de sua bússola para ajustar a seta de declinação magnética conforme a declinação magnética do mapa. Assim, todo o azimute determinado pela bússola corresponderá ao azimute geográfico. Desta forma, só necessitará ajustar a bússola conforme o mapa a ser utilizado em casa, no momento da preparação e planejamento, utilizando durante a atividade, somente o azimute geográfico. Quando não se possui este tipo de bússola, o ajuste deve ser feito a cada azimute tomado. Some ou diminua a declinação magnética ao azimute para obter o outro correspondente, conforme a tabela abaixo. Azimute geográfico Azimute magnético Declinação magnética oeste Some para obter o azi- mute magnético Diminua para obter o azimute geográfico Declinação magnética leste Diminua para obter o azimute magnético Some para obter o azi- mute geográfico Por exemplo: Suponhamos que a declinação magnética do mapa seja 14o oeste. Se encontramos no mapa o azimute geográfico 45o . O azimute magnético será 45o +14o =59o . Se for determinado pela bússola o azimute magnético 5o . O azimute geográfico será 5o -14o =351o . Este ajuste é de extrema importância. Observe abaixo alguns erros de ajuste de declinação ou de tomada de azimute e o quanto fora de curso este erro te levará. Erro de ajuste ou de azimute Distância de Caminhada Distância fora do Curso 1o 1 km 17 m 1o 5 km 87 m 1o 10 km 175 m 5o 1 km 87 m 5o 5 km 436 m 5o 10 km 872 m 10o 1 km 174 m 10o 5 km 868 m 10o 10 km 1.736 m 20o 1 1 km 342 m 1 20o 5 km 1.710 m 20o 10 km 3.420 m 5.3.3 Determinando o azimute no mapa Para determinar o azimute no mapa com uma bússola, faça o seguinte: • Risque uma linha entre o ponto A e o ponto B. • Alinhe a base retangular da bússola sobre esta linha. • Gire o limbo até que as linhas meridionais estejam alinhadas com as linhas da quadrícula. • Leia o azimute na linha de índice. Se você está usando uma bússola que tenha a seta de declinação magnética, este será o azimute que seguirá na viagem. Caso não, terá de ajustá-lo, conforme explicado anteriormente. 1 Aproximadamente a declinação magnética do Parque nacional da Serra dos Órgãos em julho de 2006 quando fizemos a Travessia Petrópolis-Teresó - polis citada no Manual de Excursionismo Pedestre, Excursionismo Pedestre com Mochila. Vejam o erro que poderíamos cometer andando apenas 1 km sem ajustar a declinação magnética na bússola ou ainda, em encontrar nossa posição no mapa com o auxílio da bússola. 20
  • 21. 5.3.4 Encontrando sua posição no mapa com o auxílio da bússola A localização de sua posição com o auxílio de uma bússola e um mapa-topográfico, quando existem boas marcas de terreno, demonstra-se extremamente simples. • Procure uma marca de terreno ao seu redor (cume de uma montanha, curva de um rio, construção humana), de fácil identificação no mapa. • Determine o azimute desta marca. Ajuste-o, caso seja necessário, para utilizá-lo no mapa. • Encontre esta marca no mapa. • Risque no mapa o azimute a partir desta marca. • Repita este processo com outra marca de terreno. • A intersecção das duas linhas mostrará sua posição. • Uma terceira linha lhe dará mais precisão e mostrará, a área onde você esta. Este método pode ser utilizado para assinalar um ponto importante em uma rota. Se você estiver, por exemplo, realizando uma caminhada e encontrar um excelente local para acampar, procure uma marca de terreno e determine seu azimute. Descreva em seu caderno de anotações o local, a marca de terreno e seu azimute. Quando for fazer de novo esta rota, ou explicá-la para outro, será fácil determinar o mesmo local junto à trilha (Ex. Cascata muito bonita vista a 173º da Pedra do Mirante). 5.4 Navegação com GPS O GPS tem se tornado, cada vez mais, acessível, e por isso, cada vez mais presente nas atividades campestres. Representa um avanço nas técnicas de orientação e navegação, mas que não obsoleta os demais métodos discutidos até aqui. Isso é verdade, principalmente nas expedições a pé, pois, apesar do GPS mostrar a posição exata e a direção a seguir, nem sempre reflete a verdadeira trilha que se irá percorrer. Levando, portanto, o caminhante a utilizar as técnicas já citadas aqui para determinar o melhor caminho. É mais prudente, em atividades a pé, utilizá-lo como um meio facilitador, do que propriamente como ferramenta de navegação.1 Além disso, por ser eletrônico depende de energia elétrica (pilhas) e é mais suscetível a defeitos por acidente ou uso inadequado. 1 Durante a expedição pela Travessia Petrópolis-Teresópolis, descrita no Manual de Excurcionismo Pedestre e Excurcionismo Pedestre com Mochila, utilizamos o GPS apenas para confirmar nossa localização nos postos de controle e em algumas encruzilhadas. Andávamos com o mapa topográfico e bússola em mãos, acompanhando nossa progressão. Em nenhum momento o GPS nos mostrou algo diferente do que a observação e o uso do mapa e bússola nos mostravam, mas nos trouxe uma segurança a mais. 21
  • 22. 5.4.1 Global Positioning System (GPS) O GPS é um receptor que interpreta sinais enviados por vários satélites espalhados ao redor do globo terrestre. Os modelos mais comuns, atualmente, são de 12 canais: ou seja, captam de 4 a 12 satélites simultaneamente para calcular a sua localização. Apesar dos diversos recursos do GPS, ele tem suas limitações. A primeira delas é a precisão dos dados. Pode variar de um erro menor que 3m de raio até 100m de raio. Na prática, as coordenadas dadas pelo GPS são o ponto central de uma área circular determinada pelo GPS (que pode ter de 6 a 200m de diâmetro conforme o erro do momento), como sendo a área provável de localização do aparelho (por isso as bússolas para GPS). Isso não é muito significativo em nossas atividades, afinal, em uma carta topográfica com escala 1:50.000, corresponde a menos de 4 mm. Entretanto, esse erro também não pode ser desprezado. A determinação da altitude, por sua vez, é desastrosa, podendo chegar a mais de 100m de erro (mais de 5 curvas de nível na referida escala). O que torna inadequada a utilização do GPS como altímetro. Alguns modelos mais modernos possuem barômetro (altímetro) incorporado, corrigindo o erro produzido pelo GPS. Estes erros são devidos a vários fatores: interferência da atmosfera sobre o sinal enviado pelo satélite, obstáculos ao sinal, e à disponibilidade seletiva (ou erro randômico, determinado pelo governo dos EUA, extinto temporariamente desde 2000). Outra limitação é ser um equipamento eletrônico, e por isso, frágil e dependente de energia elétrica. Tais características, não raro, obrigam o usuário do GPS a retornar aos métodos anteriores. Devido a isso, este equipamento deve ser adquirido e utilizado somente por aqueles que dominam as demais técnicas de orientação e navegação. Um excelente recurso que proporciona o GPS é a troca em tempo real de dados com um computador via cabo ou via rádio. Permitindo, não só o planejamento e posterior registro das expedições realizadas, como também, o acompanhamento simultâneo das mesmas. Um manual exclusivo para utilização do GPS é necessário para o correto aprendizado dos recursos e funções do modelo de GPS que for utilizar. Ao adquirir um GPS, leia atentamente seu manual e procure na internet informações a respeito. Vários sites possuem dicas e o mais importante, bancos de dados com trilhas e waypoints. 5.5 Binóculo O binóculo é um instrumento útil na determinação dos azimutes, reconhecimento da área e até mesmo na estimativa de distâncias. Deve ser resistente, pequeno e de preferência a prova d’água. A estimativa das distâncias é possível com binóculos que possuam uma lente graduada em milésimos. Um milésimo (1’’’) corresponde a 1 metro se o objeto estiver a 1 km de distância. Portanto, visualizando objetos de dimensões conhecidas, pode-se, de forma segura, estimar a distância, do objeto com a aplicação da seguinte fórmula: D (km) = F (m) : N (milésimos) D = distância do objeto F = altura ou frente do objeto N = ângulo da altura ou frente do objeto medido pelo binóculo. 5.6 Altímetro A utilização do altímetro é de grande auxílio para a orientação e navegação. Quando associada ao mapa topográfico ou GPS, aumenta enormemente a precisão da leitura. Usando o método de localizar-se através de 3 referenciais, você terá uma precisão que pode ser inferior a 300m. Somando a este método a leitura do altímetro, poderá aumentar a precisão a uma linha; basta encontrar a curva de nível correspondente a altitude obtida no altímetro. No método onde se cruzam duas linhas de referência, uma delas pode ser a própria curva de nível. 22
  • 23. O altímetro é útil até mesmo quando estamos acampados. Como ele determina a altitude em função da pressão atmosférica,1 a variação obtida em um mesmo local pode dar valiosas dicas sobre as condições do tempo e associado a temperatura, ventos e núvens, auxiliar o observador treinado na previsão do tempo. Barômetro Termômetro Tendência do Tempo Ventos SUBINDO SUBINDO TEMPO BOM QUENTES E SECOS SUBINDO ESTÁVEL TEMPO BOM LESTE E FRESCOS SUBINDO CAINDO TEMPO BOM SUL A SUDESTE ESTÁVEL SUBINDO TEMPO MUDANDO PARA BOM LESTE ESTÁVEL ESTÁVEL TEMPO INSTÁVEL VARIÁVEIS ESTÁVEL CAINDO CHUVA POSSÍVEL SUL A SUDESTE CAINDO SUBINDO TEMPO INSTÁVEL APROXIMAÇÃO DE FRENTE CAINDO ESTÁVEL CHUVA PROVÁVEL FRENTE QUENTE CAINDO CAINDO CHUVAS SUL A SUDOESTE, FORTES Vale lembrar que o altímetro também não é perfeito. Como ele estima a altitude em função da pressão atmosférica, as variações da mesma em função do clima levará a alterações da leitura da altitude. Para diminuir este problema, calibre seu altímetro toda vez que se encontrar em uma altitude conhecida. Se possível, acesse o canal meteorológico (rádio aeronáutico ou internet) para verificar a pressão atmosférica medida ao nível do mar no dia de sua expedição e utilize-a para calibrar o seu equipamento. 5.7 Esboço Panorâmico O esboço panorâmico é a melhor forma de descrever a outros, detalhes da paisagem vista ou referências geográficas de pontos de interesse. O processo usado para desenhar um esboço panorâmico é o seguinte: • Determinar a informação a transmitir; • Desenhar as linhas horizontais da paisagem; • Assinalar os acidentes mais importantes do percurso; • Não representar o primeiro plano; • Indicar no esboço a situação da informação que se deseja transmitir; • Escrever na parte superior do esboço algumas notas explicativas sobre os acidentes que nele figuram, indicando com setas; • Indicar o azimute do ponto principal do esboço, chamado de ponto de referência; • Colocar o título no esboço, indicando quando foi feito, data e hora; • Assinar o esboço. 1 A pressão atmosférica diminui nas altitudes mais elevadas e aumenta ao nível do mar. Em uma mesma altitude, a pressão diminui em temperaturas mais elevadas e aumenta em temperaturas mais baixas. 23
  • 24. 6 SAINDO EM EXPEDIÇÃO 5.8 Preparação de uma Expedição1 Qualquer expedição inicia em casa. Nenhum desbravador bem treinado deve deixar que sua confiança o faça esquecer de qualquer etapa do planejamento, pois do planejamento depende o sucesso de qualquer expedição. Assim sendo, os líderes de desbravadores, conselheiros de unidade, capitães, não podem correr o risco de levar seus liderados a uma expedição, sem que cada etapa do planejamento tenha sido exautivamente estudada e revisada. Das etapas do planejamento podemos destacar: • Qualificar a equipe. • Coletar todas as informações possíveis do local; • Planejar a rota a ser cumprida; • Avaliar as situações de perigo que se possa enfrentar; • Planejar rotas de escape e rotinas de busca e salvamento em caso de problemas; • Escolher o melhor equipamento. É claro que esta divisão é didática. Na prática, todas estas etapas são feitas simultaneamente e estão interligadas em uma relação de estreita dependência. 5.9 Qualificando a Equipe A própria estrutura dos desbravadores se direciona a um planejamento adequado das expedições. Toda atividade campestre deve ser realizada por unidade, e cada um de seus membros deve se especializar em alguma área. Como por exemplo: • Capitão de Falcassa • Capitão Navegador • Capitão da Mata • Capitão Socorrista • Capitão de Montanha • Capitão de Comunicação • Capitão de Sobrevivência • Conselheiro de Unidade 5.10 Coletando Informações Esta é uma fase essencial no planejamento de uma atividade. É, neste momento, que se produzem todas as informações que nos auxiliarão nas demais fases. Algumas informações úteis são exemplificadas a seguir. Vias de acesso, qualidade dos acessos, meios de transporte disponíveis: dessas informações vai depender a velocidade e qualidade do transporte que nos conduzirá a nossa atividade, como também, nos resgatará em caso de algum imprevisto. 1 Poderão encontrar um exemplo prático de planejamento e execução de uma expedição no Manual de Excurcionismo Pedestre e Excurcionismo Pe- destre com Mochila deste mesmo autor, onde estão descreitas todas as etapas, desde o planejamento até a execução e posterior análise e ralatório da Travessia Petrópolis-Teresópolis na Serra dos Órgãos.
  • 25. Hospitais e Postos de Saúde mais próximos, atendimento oferecido por eles, tempo de chegada ao atendimento médico: não se pode assumir a responsabilidade da vida de crianças, em uma atividade campestre (naturalmente de risco), caso não se tenha planejado a forma de socorro disponível. Das informações coletadas, dependerá o risco que poderemos assumir em nossas atividades. Temperatura média do local, incidência de chuvas no período, animais selvagens da região, perigos naturais do local: estas informações são mais bem coletadas entre os moradores (nativos) do local. Não só nos auxiliam a planejar melhor nossas atividades, como também a prever possíveis contratempos no decorrer das atividades. 5.11 Definindo o Percurso Como toda expedição começa em casa, iniciamos nosso percurso defronte a uma mesa, debruçados sobre um mapa topográfico e com um bloco de notas contendo todas as informações disponíveis sobre o local. Neste momento, deve-se definir: Rota principal: a rota a ser seguida pelo grupo. Deve ser conhecida e dominada por todo o grupo. Caso alguém se distancie do grupo, terá, em sua mente, gravado o percurso planejado e poderá, caso tenha condições, se unir novamente ao grupo. Rotas alternativas: caso a rota principal não possa ser percorrida deve se ter outras rotas, ou variações da principal. Tanto a rota principal, como as rotas alternativas, devem ser conhecidas por todos do grupo. Rota de Escape: pela importância, será discutida separadamente a seguir. Horário de saída, Horário de passagem em cada ponto da rota, Horário de chegada: Importante para que, existindo um carro ou equipe de apoio, estes possam acompanhar a expedição e prevenirem-se caso ocorra algum atraso. Importante também, para que se alcancem os objetivos em tempo e se avalie o sucesso da expedição. Locais de Parada, Locais de Pernoite, Ponto de Encontro: Tem o mesmo objetivo que o item anterior de orientar a equipe de apoio, como também de orientar os membros do grupo que possam se separar dos demais. Local de resgate: baseado na rota de escape, ou não, é o local mais próximo e de melhor acesso para se fazer o socorro de indivíduo acidentado ou pessoa perdida. Meio de resgate: toda a expedição ou atividade dos desbravadores deve ter um meio de transporte eficiente e seguro para transportar qualquer que sofra injúria durante as atividades. É inadmissível que líderes de desbravadores assumam o risco de sair com crianças e jovens para atividades campestres sem que possam socorrê-las e transportá-las rapidamente em caso de acidente. 5.12 Definindo Rotas de Escape A rota de escape é aquela baseada em um azimute que, tomado de qualquer ponto da região onde se desenvolve a atividade, leva o desbravador a um local seguro e de fácil localização. Após determinar a rota que será percorrida, deve-se procurar no mapa alguma estrada, rio, mar, chapadão, cume de um morro próximo, ou qualquer outro acidente geográfico ou construção humana que possa ser facilmente alcançada e identificada pelos participantes. Será melhor ainda se este ponto for de fácil identificação e alcance pela equipe de busca resgate. Verifica-se um azimute que leve a este local e que possa ser seguido por qualquer um dos participantes e de qualquer ponto da área que está realizando o evento. Isto poderá ser a diferença entre um grupo “realmente perdido”, ou simplesmente “afastado da rota original”. Imagine que seu grupo de desbravadores está perdido no meio da Serra do Mar, a 5 km da praia. Seu mapa topográfico molhou e está inútilizado, ou você não encontra nenhum local para escapar da mata densa e para encontrar pontos de referência para se localizar. Seu GPS, em que você confiava tanto, caiu numa pedra (ou simplesmente está sem pilhas) e não está funcionando. Só lhe resta a bússola, ou quem sabe, nem ela está funcionando. O que fazer? Caso não tenha previsto esta possibilidade e não tenha definido uma rota de escape, não resta muito o que fazer. Somente sentar, orar e esperar por resgate. Porém, se realizou um planejamento correto, por certo definiu uma rota de escape que leve o grupo a um local seguro e de fácil resgate. No exemplo acima, poderia ser o mar. Talvez estes 5 km fossem penosos, no meio de uma mata densa, mas, basta se localizar pelo sol, ou pela agulha que sempre carrega no estojo de sobrevivência, no canivete ou no estojo de manutenção, para poder chegar ao mar e esperar pelo socorro. Poderia ainda ser uma 25
  • 26. colina, ou uma encosta, ou um rio, que poderia até mesmo ajudar a se localizar e quem sabe, retornar ao acampamento. Nunca menospreze o risco de acidentes ou perdidos. Tenha sempre uma rota de escape e uma rotina adequada, predeterminada e conhecida por todos, no caso de ocorrer algum imprevisto. 5.13 Avaliando Situações de Perigo Chamamos de acidente aquela situação situação indesejada que fere, ou produz risco à integridade de um indivíduo e normalmente associamos esse conceito a algo imprevisível ou independente de nossa vontade. Entretanto, afirmo a vocês que praticamente todo acidente pode ser evitado. Na maioria das vezes (ou pelo menos, na maioria dos acidentes que pude analisar) as situações que levam a um acidentes podem ser previstas e prevenidas. O desbravador deve, exaustivamente, procurar prever todas as possíveis situações que possam colocar em risco a integridade do grupo. Nenhuma atividade deve ser realizada até que tenham sido esgotadas, no planejamento, todas as possibilidades de acidentes, a forma de prevenção e o correto manejo da situação, caso esta venha a ocorrer. É coerente pensar que, mesmo depois de excepcional preparo, possa ocorrer algum evento que não se tenha previsto, ou não se tenha conseguido evitar. Porém, quanto mais preparados e experientes forem os participantes, mais rápida será a resposta a estas situações inusitadas. Podemos dividir os acidentes em 3 grupos: Acidentes pessoais: incluem todo tipo de acidente que pode ocorrer com o desbravador. Uma correta conduta de socorro deve ser elaborada para que se possa ministrar os primeiros auxílios e transportar o mais rapidamente possível o desbravador a um centro de atendimento (hospital ou posto de saúde). Por exemplo: em caso de picadura de animais peçonhentos: • Fazer o correto manejo no local (primeiros socorros) • Transportar o acidentado até o local de resgate, onde um veículo estará esperando. • Conduzir o desbravador até o hospital que tenha soro antiofídico (previamente contatado, na fase de planejamento, sobre a existência do soro). Acidentes naturais: incluem enchentes, deslizamentos, temporais e todo acidente provocado por eventos naturais. Em geral, envolvem todo o grupo. É necessário uma conduta de resgate, planejada e acertada juntamente com uma equipe de apoio que não participa da excursão, mas acompanha sua progressão. Por exemplo: em uma travessia por dentro do Canion Itaimbezinho. • Pelas informações colhidas, em caso de chuva, pode-se ficar até 1 semana preso dentro do canion até que o rio baixe. O planejamento é feito para realizar a travessia em 11h. A tarde do 1o dia, um pernoite e a manhã do 2o dia, podendo terminar até a noite deste dia. • Caso não chova, e não se estabeleça nenhuma comunicação por mais de 3 horas, um resgate deve ser iniciado. • Caso chova, deve-se monitorar os pontos de refúgio pré-determinados, tentar comunicação via rádio e se não houver confirmação do estado da equipe, iniciar a busca assim que haja condições para tal. A estratégia de resgate deve ser igualmente prevista antes de iniciar a expedição, para que os excursionistas saibam como proceder, para serem encontrados e resgatados. Perdidos: esta é uma situação a que estamos sujeitos em qualquer evento campestre. Qualquer indivíduo, cansado, machucado, que se distancie de seu grupo pode, por mais treinado, ficar incapaz de encontrar seu caminho. Uma conduta de busca, previamente estabelecida deve ser planejada e revisada por todos os participantes. Ela, não só determina o procedimento da equipe de busca, como também, como deve agir o perdido. Como exemplo, podemos repetir aquele descrito sob o título “5.10 Rotas de Escape”. Vale ressaltar os sinais de pista, sinais terra-ar, sinais de fogueira, sinais de apito que deverão ser utilizados pelo perdido e qual método de busca que será utilizado. 26
  • 27. 5.14 Escolhendo o Equipamento Não existe uma regra para a escolha do equipamento utilizado1 . O bom senso e a experiência é que determinam os melhores equipamentos para cada excursão. Estes vão depender: • Do nível de treinamento da unidade; • Do tipo de atividade a ser realizada; • Da época do ano, clima e local em que será realizado o evento. • Do poder aquisitivo de cada um. Algumas regras devem ser seguidas: • Selecionar todo o equipamento a ser levado em conjunto com a unidade; • Distribuir os materiais, levando em conta seu volume e peso, principalmente distribuindo a carga equilibradamente entre os participantes. Quer dizer, os maiores e mais condicionados levam mais que os menores e menos preparados, para que todos levem a carga correspondente as suas capacidades. • O estojo de primeiros socorros individual sempre deve ser carregado pelo desbravador, até mesmo em pequenas incursões. Um estojo de primeiros socorros mais completo deve ser levado pelo conselheiro de unidade ou Capitão socorrista. 1 Leia mais sobre equipamentos no Manual sobre Excursionismo Pedestre e Excursionismo Pedestre com Mochila do mesmo autor. 27
  • 28. 7 CORRIDA DE ORIENTAÇÃO A corrida de orientação é uma atividade que visa a treinar e avaliar o desempenho do desbravador nas habilidades de navegação com mapa e bússola. É uma corrida contra o relógio, onde o desbravador, servindo-se do auxílio do mapa e da bússola, deve seguir um percurso determinado por postos de controle (PC) que o participante deve encontrar seguindo uma ordem imposta, mas por caminhos de sua escolha. Neste evento, é dado ao participante o azimute e distância da primeira perna do percurso1 . Ao chegar no ponto B, ele encontrará o azimute e a distância para o próximo ponto. E assim consecutivamente até o ponto final. A chegada do participante ao seu destino dependerá da: • Correta tomada do azimute; • Correta medição da distância, pela contagem dos passos. • Correta escolha das rotas percorridas. O participante deve ainda manter: • Registro do azimute e da distância de cada perna do percurso; • Registro do tempo gasto em cada uma delas; • Registro das coordenadas de cada ponto do percurso; • Croqui do percurso realizado. Este é um excelente evento para incluirmos em nossos camporis, olimpíadas e até mesmo em nossos acampamentos. Não só entretém o desbravador, como também proporciona um melhor desenvolvimento de suas habilidades físicas e mentais, de seu espírito de equipe, organização e disciplina. 1 Perna do percurso é o termo utilizado para designar cada segmento da trilha situado entre dois marcos. Trecho entre dois pontos da trilha.
  • 29. 7.1 Montagem do percurso Não existe nada mais frustrante para um desbravador que, após árduo preparo, ser submetido a um percurso mal elaborado. Entende-se por percurso mal elaborado aquele que avalie mal as capacidades dos competidores e o tempo gasto no percurso, que demonstre erro na escolha dos postos, das rotas e do local da competição. O percurso é uma corrida balizada em acidentes de terreno existentes. Os postos de controle servem para testemunhar que os participantes passaram por ali. Neles, também, se coloca as informações para o seguimento do percurso (próximo azimute e distância). 7.1.1 Nível técnico O nível técnico dos competidores é um dos problemas que mais atormentam o organizador. Se prepara rotas muito fáceis, desestimula as equipes mais preparadas, fazendo com que elas não se preparem tanto para a próxima competição. Por outro lado, se prepara rotas muito difíceis, corre o risco de ter somente uma ou duas equipes terminando o percurso (o que não é raro acontecer). Bons atletas são perdidos porque não conseguem se classificar em um percurso mal preparado e se desestimulam com o esporte. A carta que se possui é um fator preponderante para o nível técnico do percurso. Nossos mapas topográficos são, normalmente, pobres em detalhes, dificultando a montagem dos percursos e forçando o organizador a criar percursos mais fáceis. Na elaboração de um percurso, o fator “acaso” deve ser eliminado. Ele pode alterar o resultado do evento apesar do nível técnico das equipes. Deve-se determinar os postos de forma que evitem trilhas que levem a eles e linhas na carta que já não existam mais. 7.1.2 Duração e distância Não existe uma distância padrão para os percursos, assim como para o nível técnico. Existe sim, uma faixa de tempo onde, normalmente, se situam os vencedores. Em geral as competições devem ser feitas em 2 etapas. A 1ª deve ser um pouco mais fácil que a 2ª, para que não se perca o estímulo para esta última. Não existe nada mais estimulante que várias equipes em condições de recuperarem os poucos minutos que os separam do 1º colocado. Porém, como nós desbravadores incentivamos a vitória pessoal sobre nossos próprios limites e não sobre outros, não é apropriado incentivar a competição pelo 1º lugar, e sim, incentivar a competição pelo nível do resultado. Sendo assim, devemos determinar qual seria o tempo ideal de terminar o percurso, para que todos os que vencerem este tempo, alcancem a classificação “Nível A” na competição. 7.1.3 Erros a evitar Percurso de Corrida (“corridão”): aquele que segue por uma linha já existente no mapa ou terreno como: cercas, linhas de alta tensão, etc. Devem-se colocar os postos de forma que evitem estas linhas ou no máximo, cruzem por elas. Ângulos agudos: aqueles postos que forçam o participante a chegar e sair pelo mesmo itinerário. Postos com trilhas: aqueles que deixam a trilha marcada após a passagem de vários participantes, como os situados dentro de charcos. Os participantes que percorrem por último o trajeto, levam vantagem. Postos muito visíveis: que possam ser descobertos antecipadamente quando é percorrido o traçado. Postos sem acesso: (em mata fechada, por exemplo), que induzam à confusão, postos escondidos, ou que só possam ser achados com bússola a uma distância muito grande de qualquer acidente desenhado na carta. Postos inúteis: Os postos colocados em acidentes por onde o participante já iria passar são desnecessários. 29
  • 30. 7.1.4 Seleção dos postos de controle e colocação dos prismas. O elemento característico do posto de controle (acidente do terreno) deve ser descoberto antes do prisma1 . Isso não significa que o prisma deva ser escondido ou dissimulado, mas sim, que deve ficar no lado oposto ao da aproximação lógica dos corredores. É preferível deixá-lo visível a escondê-lo. O competidor deve chegar ao local determinado visualizando o acidente geográfico e estando lá, e somente lá, visualizar com relativa facilidade o prisma. O montador experiente coloca postos que tirem alguns segundos dos atletas menos experientes nas paradas para orientar-se, tirar o azimute e medir as distâncias, e ainda, obriga-os a optar por uma rota mais longa e mais segura somando alguns minutos no percurso. Deve-se tomar cuidado para não definir o resultado do percurso em um único posto de controle. Isso pode ocorrer quando um posto é muito difícil de ser encontrado, ou é colocado em um marco de terreno muito próximo a outro semelhante, ou ainda, colocado em um marco não desenhado na carta. Isso dá espaço ao acaso e à astúcia do participante, e não à técnica. A dificuldade dos postos deve seguir a ordem de passagem, para que o percurso flua. O 1o e o 2o postos são sempre os mais fáceis, e os últimos os mais difíceis. 7.1.5 Opções de rotas Um excelente percurso é aquele que dá mais de uma opção de rota: • contorno versus atravessar o verde2 • contorno versus a subida e descida, banhado, lago ou obstáculo • A rota mais segura versus a tecnicamente mais difícil. Devem-se levar em conta as diferentes rotas e garantir que existam aquelas que, bem escolhidas, pouparão alguns minutos aos participantes. Deve-se evitar que existam rotas que favoreça ao acaso. Podem se desenhar, na carta, acidentes que auxiliem ou dificultem os participantes. 7.1.6 Conclusão O percurso deve proporcionar a todos os participantes, condições de concluir a rota. Deve possibilitar que o mais preparado, técnica e fisicamente, alcance o melhor resultado e o menos preparado, o pior resultado. Entretanto, as diferenças dos tempos de cada participante devem ser pequenas, para que se reconheçam os melhores, mas que se estimulem os piores a aprimorar seu treinamento sem desanimá-los. Não premiem os desbravadores em 1º, 2º ou 3º lugar. Classifique-os em Classes: A/ouro, B/prata ou C/bronze de forma que todos possam sair premiados de uma forma ou outra. Os desbravadores não devem se empenhar para vencer outros. Devem sim, se empenhar para vencer seus próprios limites e alcançar os maiores padrões de excelência. Se você compete com alguém medíocre e vence. Será apenas melhor que medíocre. Mas se busca alcançar o mais alto padrão de excelência. Não importa com quem vá competir. Você será sempre excelente e sempre sairá vencedor. 1 Placa ou suporte onde se coloca as coordenadas ou o azimute e a distância do próximo posto. Pode-se, ainda, colocar alguma dica ou charada. 2 Campo limpo, sem marcas de terreno. 30
  • 31. 7 ESPECIALIDADE Agora mãos a obra. É sua vez de pesquisar e iniciar seu treinamento. Não esqueça de escrever seu relatório e res- ponder as questões abaixo1 . Boa sorte e que Deus esteja com vocês. 8.1 Orientação 1. Explicar o que é um mapa topográfico, o que se pode encontrar nele e três utilidades para o mesmo. 2. Identificar pelo menos 20 sinais e símbolos usados em mapas topográficos 3. Apresentar a nomenclatura de uma bússola. 4. Conhecer e explicar os termos a seguir: a. Elevação b. Azimute c. Curvas de Nível d. Norte Magnético e. Norte Verdadeiro f. Declinação g. Escala h. Medida i. Distância j. Formato do terreno k. Azimute dorsal 5. Demonstrar como tirar um azimute magnético. 6. Demonstrar como seguir um azimute magnético. 7. Conhecer dois métodos de correção para a declinação e quando esta correção é necessária. 8. Ser capaz de orientar-se usando um mapa e uma bússola. 9. Provar sua habilidade de usar mapas e bússolas, realizando uma caminha de 3 quilômetros pelo campo, com pelo menos 5 leituras de bússola ou pontos de controle. 1 Nem todas as respostas às questões estão no manual. Se divirta enquanto pesquisa as respostas e aprimora o seu conhecimento. Se precisar, peça au- xílio ao seu instrutor, ou me mande um e-mail: ldcezar@hotmail.com.
  • 32. 7 BIBLIOGRAFIA FLEMING, June. Orientación: Todo sobre el mapa y la brújula. Desnível, Madrid. GRAYDON, Don; HANSON, Kurt. Mountaineering: The Freedom of the Hills, 6th ed. The Mountaineers, Seatle, WA, USA, 1995. HODGSON, Michael. Compass & Map Navigator: the complete guide to staying found. The Brunton Company, Riverton, WY, USA, 1997. LETHAM, Lawrence. GPS Made Easy: using glogal positioning systems in the outdoors. The Mountaineers, Se- attle, WA, USA, 1995. MCMANNERS, Hugh. Manual Completo de Supervivencia: Guía práctica para dominar las técnicas necesarias para sobrevivir en cualquier situación. Blume, Barcelona, 1994. Navegação: Topografia de campanha. Exército Brasileiro, 1995. WISEMAN, John. Manual de Supervivencia: Cómo sobrevivir en el mar y la montaña, en la selva y el desierto, superar los desastres naturales y prestar las primeras ayudas. Acanto, Barcelona, 1986.