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Atividade teórico-prática – Escolha de habitat
Cupins são insetos sociais com uma cutícula extremamente fina, algo raro entre os insetos. Isso
provoca a economia de muitos recursos na constituição do corpo, tornando-os menos
dependentes da alimentação. No entanto, eles também se tornam mais sensíveis ao ambiente
onde estão. Insetos em geral são muito exigentes quanto à temperatura e umidade do
ambiente, devido à sua pele delgada, os cupins serão ainda mais exigentes de ambientes frescos
e úmidos, o que em geral está relacionado com ambientes também mais escuros.
No entanto, cupins são animais totalmente cegos. Devido ao seu habitat subterrâneo e aos
hábitos noturnos de atividade, a visão nunca foi um sentido importante entre os cupins, daí a
perda total dos olhos. Intrigado com isso, um ex-aluno meu decidiu investigar escolha de habitat
em cupins. Para isso ele colocava cupins em placas de Petri divididas ao meio. No primeiro teste
uma metade da placa permanecia com iluminação normal enquanto a outra metade era
totalmente escura. No segundo teste metade era escura e metade coberta de vermelho. No
último teste metade era coberto de vermelho e metade recebia iluminação normal. Observe
abaixo os dados numéricos observados.
A partir dos dados acima, o que você concluiria a partir desses dados?
Em ciência, compreende-se que todo dado pode ter uma origem casual. Isso significa que o
cientista evita afirmar que os cupins preferem escuro caso suas observações sejam fruto do puro
acaso. Para isso existem ferramentas estatísticas. Elas dirão ao cientista qual a chance das suas
observações serem fruto do acaso. Existe um teste estatístico que compara frequências
observadas com esperadas por acaso, é o chamado teste do qui-quadrado (χ²). Por acaso, qual
seria a frequência esperada de observações dos cupins do lado claro e escuro da placa?
O teste do qui-quadrado é feito com a seguinte fórmula. 𝑋2
= ∑
(𝑂−𝐸)²
𝐸²
Aplique a fórmula aos
valores em questão. Valores abaixo de 0,016 significam 90% de chance da escolha ser por acaso,
valores abaixo de 2,706 indicam 10%; 3,841 indica 5% e 6,635 indica 1% de chance da escolha
ser por acaso. Reveja suas conclusões a respeito da preferência de habitat pelos cupins.
Essa aceitação de tirar conclusões a partir de um dado que foi gerado por acaso é chamada pelos
cientistas de tolerância ao erro do tipo 1 (alternativamente, podemos não tirar conclusões a
partir de dados não gerados pelo acaso, o erro do tipo 2). Um erro grosseiro do tipo 1 poderia
ser acreditar que a fosfoetanolamina cura o câncer quando na verdade ela não cura, os
resultados obtidos foram fruto do acaso. Para um estudo científico, quanto você acha que
deveria ser a tolerância ao erro do tipo 1? Lembre-se que reduzir o erro do tipo 1 significa
sempre aumentar o erro do tipo 2.
Teste 1 Teste 2 Teste 3
Claro 558 Vermelho 715 Claro 1484
Escuro 2442 Escuro 2285 Vermelho 1516
Universidade de Brasília
Ciências Naturais Prof. Bessa – Zoologia

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Protocolo escolha de habitat

  • 1. Atividade teórico-prática – Escolha de habitat Cupins são insetos sociais com uma cutícula extremamente fina, algo raro entre os insetos. Isso provoca a economia de muitos recursos na constituição do corpo, tornando-os menos dependentes da alimentação. No entanto, eles também se tornam mais sensíveis ao ambiente onde estão. Insetos em geral são muito exigentes quanto à temperatura e umidade do ambiente, devido à sua pele delgada, os cupins serão ainda mais exigentes de ambientes frescos e úmidos, o que em geral está relacionado com ambientes também mais escuros. No entanto, cupins são animais totalmente cegos. Devido ao seu habitat subterrâneo e aos hábitos noturnos de atividade, a visão nunca foi um sentido importante entre os cupins, daí a perda total dos olhos. Intrigado com isso, um ex-aluno meu decidiu investigar escolha de habitat em cupins. Para isso ele colocava cupins em placas de Petri divididas ao meio. No primeiro teste uma metade da placa permanecia com iluminação normal enquanto a outra metade era totalmente escura. No segundo teste metade era escura e metade coberta de vermelho. No último teste metade era coberto de vermelho e metade recebia iluminação normal. Observe abaixo os dados numéricos observados. A partir dos dados acima, o que você concluiria a partir desses dados? Em ciência, compreende-se que todo dado pode ter uma origem casual. Isso significa que o cientista evita afirmar que os cupins preferem escuro caso suas observações sejam fruto do puro acaso. Para isso existem ferramentas estatísticas. Elas dirão ao cientista qual a chance das suas observações serem fruto do acaso. Existe um teste estatístico que compara frequências observadas com esperadas por acaso, é o chamado teste do qui-quadrado (χ²). Por acaso, qual seria a frequência esperada de observações dos cupins do lado claro e escuro da placa? O teste do qui-quadrado é feito com a seguinte fórmula. 𝑋2 = ∑ (𝑂−𝐸)² 𝐸² Aplique a fórmula aos valores em questão. Valores abaixo de 0,016 significam 90% de chance da escolha ser por acaso, valores abaixo de 2,706 indicam 10%; 3,841 indica 5% e 6,635 indica 1% de chance da escolha ser por acaso. Reveja suas conclusões a respeito da preferência de habitat pelos cupins. Essa aceitação de tirar conclusões a partir de um dado que foi gerado por acaso é chamada pelos cientistas de tolerância ao erro do tipo 1 (alternativamente, podemos não tirar conclusões a partir de dados não gerados pelo acaso, o erro do tipo 2). Um erro grosseiro do tipo 1 poderia ser acreditar que a fosfoetanolamina cura o câncer quando na verdade ela não cura, os resultados obtidos foram fruto do acaso. Para um estudo científico, quanto você acha que deveria ser a tolerância ao erro do tipo 1? Lembre-se que reduzir o erro do tipo 1 significa sempre aumentar o erro do tipo 2. Teste 1 Teste 2 Teste 3 Claro 558 Vermelho 715 Claro 1484 Escuro 2442 Escuro 2285 Vermelho 1516 Universidade de Brasília Ciências Naturais Prof. Bessa – Zoologia