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CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA – PAULA SOUZA
ETEC DE ARTES
ANA LUIZA M. FIGUEIREDO
ANA PAULA RODRIGUES
HARRISON RODRIGUES
JÚLIA MATIAS SILVA
JULIANA SCHNEIDER
STEFANIE BERTHOLINI
DANÇA/IMPROVISAÇÃO, DANÇA/JOGO:
Análise do espetáculo “Não Aperte o Botão”
Orientadora: Peticia Carvalho
SÃO PAULO
2013
2
Ana Luiza M. Figueiredo
Ana Paula Rodrigues
Harrison Rodrigues
Júlia Matias Silva
Juliana Schneider
Stefanie Bertholini
Orientadora: Peticia Carvalho
3
RESUMO
Propõe-se no presente artigo analisar os aspectos da improvisação-jogo-dança presente
no espetáculo “Não aperte o botão” da turma 3A Dança do primeiro semestre de 2013
da ETEC de Artes. Apresentou-se necessária a consideração da vivência prática do
processo do espetáculo. O estudo embasa-se primariamente no livro “Homo Ludens” do
filósofo Johan Huizinga (2012) e em outros intelectuais dos quais a coerência da leitura
foi colocado em discussão no âmbito prático, ou seja, questionava-se e analisava-se não
só ‘intelectualmente’ mas ‘corporalmente’. Nestes questionamentos constatou-se uma
interligação entre os aspectos abordados (Individualidade; Consciente e Inconsciente;
Relação durante o improvisar; Improvisação e Jogo) onde o quesito principal para o
improviso-jogo-dança é o estar no momento presente e presente em si próprio.
PALAVRAS-CHAVE: Jogo; Improviso; Relação; Individualidade; Dança.
INTRODUÇÃO
O artigo apresentado relatará aspectos da criação e da vivência focando no improviso-
jogo-dança do espetáculo “Não aperte o botão”, da turma 3AD do primeiro semestre de
2013 da ETEC de Artes, permeando caminhos práticos e teóricos, que inseparáveis se
embasam em teóricos da dança, filosofia e teatro. Neste caminho se desenvolveram
reflexões sobre: a individualidade dos sujeitos; o consciente e o inconsciente do sujeito
e sobre as relações no momento do improviso. Busca-se relacionar, a partir das
analogias feitas pelo sujeito, como a dança se dá no jogo e como o jogo se dá na dança
no momento da improvisação. O artigo se dá a partir de duas colunas, nestas,
apresentamos visões que se encontram, falando de experiências e pensamentos
desenvolvidos durante o estudo. Em uma coluna falamos sobre nossa vivência e o que
ela traz e transforma, na outra generalizamos essas experiências de improviso-jogo-
dança.
4
INDIVIDUALIDADE
(Lepeti)
Segundo Gaiarsa1
(1986) a divisão entre
corpo e alma não existe. Sentimos,
pensamos, agimos e nos emocionamos
sendo um corpo. Não flutuante, este
corpo completo está inserido num
contexto sociocultural onde não é
passivo, estabelecendo relações e
modificações a seu ambiente. Esses
aspectos nos interessam, assim como
para Ostrower2
(1978), no sentido de
que “(...) a cultura serve de referência a
tudo que o indivíduo é, faz, comunica, à
elaboração de novas atitudes e novos
comportamentos e, naturalmente, a toda
possível criação”. Se nossos corpos
somos nós (que por si só já nos dá a
dimensão de individualidade física –
referente à aparência e a estrutura – e
psíquica-emocional) e se a cultura e
ambientação nos afetam de formas
diferentes (de acordo com o modo
1
José A. Gaiarsa (1920-2012) foi formado em
medicina pela USP com especialização em
psiquiatria. Possui mais de 35 livros publicados.
Suas produções na área da psicoterapia
desenvolvem-se principalmente em temas
sobre família, sexualidade e relacionamentos
amorosos.
2
Fayga Ostrower (1920-2001) foi artista
plástica, professora e teórica polonesa. Foi
presidente da Associação Brasileira de Artes
Plásticas entre 1963 e 1966. De 1978 a 1982,
presidiu a comissão brasileira da International
Society of Education through Art (traduzido
livremente como Sociedade Internacional de
Educação pela Arte), INSEA, da UNESO.
INDIVIDUALIDADE
(Lecolá)
Numa sala com dezenove indivíduos,
possuímos dezenove trajetórias de vida,
de corpo, diferentes. Cada um mora em
um bairro e se relaciona com esse bairro
de uma maneira. Cada um tem uma
relação e envolvimento familiar único.
Cada um tem uma formação acadêmica
distinta. Além de aspectos externos,
somam-se a eles as particularidades
natas (porém alteráveis) do individuo:
psicoemocional e físico estrutural.
“O corpo faz parte e é elemento
primeiro para a realização das
possibilidades de conhecimento,
percepção, interação e até mesmo de
transformação dos brinquedos, jogos e
brincadeiras que fazem parte de nossas
vivências culturais lúdicas”
(MARQUES, Ano:154). Sendo o corpo
o agente das atividades e cada corpo
sendo único, podemos dizer que o
espetáculo “Não Aperte o Botão” possui
dezenove caminhos de improvisar
diferentes, mesmo que contendo igual
direcionamento. Como veremos mais a
frente, esse direcionamento não nos
padroniza (página 14). O grupo como
um todo (consequentemente o
espetáculo) possui características
agregadas dos dezenove membros, que
emergem nos próprio de compreensão e
5
de estabelecimento de relações)
podemos concluir que cada corpo cria,
estabelece relação com um objeto
artístico, dança, improvisa e joga de
forma única.
Nossos corpos, isso sim,
atuam de formas diferentes
diante de brinquedos, jogos
e brincadeiras por serem
únicos, diferentes entre si.
Cada corpo estabelece e
cria relações diferentes e
diferenciadas diante dos
mesmos brinquedos, jogos
e brincadeiras. Isso se dá
basicamente pelo fato de
não ‘termos’, mas sim de
‘sermos’ um corpo, pelo
fato de sermos nossos
corpos. Nossos corpos são
o que somos. Somos o que
nossos corpos são.
MARQUES, Ano:155.
Nessa abordagem, o corpo não é meio,
canal ou instrumento, mas sim protagonista
dos jogos e brincadeiras. Aquilo que
sabemos, conhecemos, sentimos,
entendemos, construímos em nossos corpos
nos leva a estabelecer ou não múltiplas
relações com os espaços e vivências lúdicas
existentes em nossa sociedade.
jogos/danças. Essas características junto
com o modo de relacionar do grupo
formam a individualidade do grupo
(essência).
6
CONSCIENTE / INCONSCIENTE
(“Quem bebeu morreu”)
“O ato criador abrange,
portanto, a capacidade de
compreender; e esta por sua
vez, a de relacionar,
ordenar, configurar,
significar.”
(OSTROWER, 1978:9)
O sujeito torna-se consciente em sua
existência e atuação devido a sua
cultura que, segundo Ostrower (1978)
“orienta o ser sensível ao mesmo tempo
em que orienta o ser consciente”.
Nomeamos ser sensível quando o
sujeito é reconhecido por sua percepção
e não por sensibilidade no sentido literal
da palavra. O sujeito consciente é
aquele que produz um ato
intencionalmente, ou seja, tem
autoridade de si e de sua criação (não
necessariamente no ato da dança).
“Os valores culturais
vigentes constituem o clima
mental para o seu agir.
Criam referências,
discriminam as propostas,
pois [...] neles se elaboram
possibilidades culturais.
Representando a
individualidade subjetiva de
cada um, a consciência
CONSCIENTE / INCONSCIENTE
(“O culpado não fui eu” )
Consideramos aqui, em primeira
instância, as atitudes conscientes no
espetáculo, os direcionamentos das
cenas. Considera-se o processo de
relacionar-se e de disponibilizar-se
como ações conscientes. Os intérpretes
já sabem o roteiro de jogos do
espetáculo e suas propostas, a prática do
ensaio nos torna mais conscientes na
atuação e nos modos com que
estabelecemos relações.
“Na improvisação
considera-se a estrutura, a
ordem, o espaço, o tempo,
os materiais, o ‘tom’, e
deve-se praticar
diariamente para tomar as
decisões de modo rápido,
consciente e controlado.”
(KRISCHIKE e SOUZA,
2004:17)
O inconsciente age no caminho e
velocidade de organização de
informações (no cérebro) e na
racionalização de percepções e
sensações com embasamento
(inevitável) em julgamentos
socioculturais. Também são parte do
inconsciente os vícios posturais e as
7
representa a sua cultura.”
(Ostrower, 1978:página)
A criatividade do indivíduo se dá a
partir de sua individualidade, como
vimos anteriormente (página 4) e esta
individualidade se qualifica a partir da
própria sensibilidade do ser, orientada
de cultura. Portanto, entendemos que o
improviso está diretamente ligado á
criatividade e consequentemente a todos
os aspectos citados, além de, se tornar a
própria sensibilidade do sujeito naquele
momento, já que no sensível podemos
destacar o consciente e o inconsciente,
como fatores essenciais no improviso.
Uma vez que acreditamos que o
improviso “é um processo complexo de
resposta aos impulsos provenientes dos
estímulos criativos” e tratamos
‘estímulos criativos’ como parte de
nosso interior e exterior que se referem,
respectivamente, ao consciente e ao
inconsciente.
estéticas anteriormente trabalhadas em
cada corpo. Ressaltamos novamente a
pluralidade da sala. Procurando uma
mobilidade consciente e inconsciente,
percebermo-nos, e nos percebemos em
relação ao outro, ao ambiente, perceber
o que é intrínseco à nossos movimentos
e como isso pode acrescentar ao
espetáculo e ao momento de
jogo/improvisação, à movimentação do
outro.
8
RELAÇÃO DURANTE O
IMPROVISAR
(Impar)
A relação no momento da
improvisação/jogo é construída de
diversas situações e fatores que atua e
modifica o bailarino na cena. Essas que
podem ser: a divisão espaço e tempo, os
participantes, objetos, sonoridades etc.
Habita na órbita da Ação Cultural3
(SCHMIDT, 2011), na qual o bailarino
é influenciado por tudo o que viveu/ é/
está vivendo naquele momento,
interferindo diretamente ou
indiretamente no seu processo de
relacionamento.
O ser humano possui um corpo que é
presente no espaço e que detém um
centro, esse mesmo corpo vive em uma
esfera por Rudof Laban(1879-1958)
chamado de cinesfera4
(LOBO e
NAVAS:2003). Esse detém limites, que
são definidos pelo alcance dos
membros, em sua amplitude e diversas
3
Ação Cultural segundo Suzana Schmidt é
qualquer ação, no campo da cultura, capaz de
suspender e alterar o fluxo cotidiano dos
hábitos e valores dos requerimentos e da
indústria cultural, permitindo que linhas de
fuga criem novos comandos, novas
possibilidades de viver, de sentir e de habitar
melhor o mundo.
4
cinesfera segundo Rudof Laban é a esfera
espacial à volta do corpo, onde acontece o
movimento.
RELAÇÃO DURANTE O
IMPROVISAR
(Par)
Durante o processo de criação
vivenciamos jogos-brincadeiras que
estimularam nosso espírito de jogo
(jogos da tribo indígena Kalapalo, jogos
teatrais, brincadeiras infantis, jogos
corporais, jogos de tabuleiro etc.),
assistimos um documentário sobre o
primeiro Video Game (disponível em:
www.youtube.com) e paralelamente
líamos o livro “Homo Ludens” de
Huizinga. A partir da presença e
sensações estabelecidas por eles foram
criados os jogos/cenas. Durante os jogos
buscamos, por meio das
regras/direcionamentos, estabelecer
relações com o que acontece e com
quem o faz acontecer.
Segundo Huizinga (2010) todo
jogo possui regras, os jogos em nosso
espetáculo por sua vez também
possuem regras, essas que quando
quebradas ocasionam o rompimento
com o lúdico. Ele prossegue: “O
jogador que desrespeita ou ignora as
regras é um “desmancha-prazeres”.
Este, porém, difere do jogador
desonesto, do batoteiro, já que o ultimo
finge jogar seriamente o jogo e aparenta
9
direções. A cinesfera não pode ser
tirada do homem, ele é a cinesfera. É
como se fosse uma redoma que está
sempre presente onde quer que ele
esteja ou vá. Seus movimentos são
definidos de forma individual,
implicados por estímulos internos sua
disposição procede no espaço externo.
O bailarino em toda sua
amplitude ou estreiteza dispõe de um
corpo com membros, articulações,
músculos etc. Este não é restringido em
seus movimentos pela limitação de seu
corpo, ele é capaz de projetar
movimentos no espaço, Gil5
diz que
“Há um infinito próprio do gesto
dançado que só o espaço do corpo pode
engendrar.” (2004:53). O movimento
do corpo se faz como uso externo,
aquilo que é possível de vermos a olho
nu, o ato; seja ele do bailarino criador
do movimento no espaço, suas relações
interpessoais e o ambiente em um todo
(giros, saltos, troca de toques,
iluminação, objetos etc.). Existem os
estímulos internos, que permeiam o lado
subjetivo e o interior do corpo humano:
como o olhar, sensações, neurônios
(LAKOFF & JOHNSON:1999). Gaiarsa
prossegue: “Nossa incrível capacidade
de movimento é dirigida, de regra, pelos
5
José Gil (Muecate, 1939) é professor
universitário português, filósofo, ensaísta e
ficcionista.
reconhecer o circulo mágico.”
(2012:14). Portanto, as regras precisam
estar evidentes para os jogadores e o
público, pois, o rompimento pode
ocasionar confusão.
A relação no momento da
improvisação pode definir muitas
coisas, se não estivermos atentos e
prontos para o jogo, podemos deixar a
cena morrer ou até mesmo quebrar
regras do jogo. Como no jogo das
bolinhas coloridas, se não estivermos
atentos com a sequência e tempo das
bolinhas, desmanchamos a
cena/brincadeira; no momento em que
corremos pelo espaço a procura de uma
nova posição é preciso uma atenção a
cinesfera, tanto particular quanto a do
outro jogador, pois podemos invadir a
outra cinesfera e não acabarmos com a
beleza estética do jogo, porém pode-se
também invadir a cinesfera do outro
jogador de forma que o impossibilite de
cumprir a sequência de movimentos
estabelecida no jogo.
O respeito ao espaço (interno e
externo) é de extrema importância para
o jogo/cena. É importante se adaptar as
novas situações que podem ocorrer nas
apresentações; por exemplo, no jogo das
bolinhas de gude, no qual é preciso estar
atento a si e ao outro, pois ao mesmo
tempo em que estamos
10
nossos olhos. Vendo o mundo, as
pessoas e os objetos, são eles que vão
nos mostrando o caminho e as ações
que vão se fazendo necessárias,
convenientes ou oportunas”.(1994:65)
A cinesfera ao interagir com
outras cinesferas se modifica num
processo mutante no qual o espaço e
tempo se transformam continuamente; o
ambiente social interfere de forma a ser
um propagador de mudança na
qualidade desse fenômeno, numa
transição entre o macro e o micro de
forma a modificar a cinestesis do
interprete e do observador. Exemplo: no
palco, quanto mais bailarinos menor o
espaço, as cinesferas são reduzidas ou
invadidas.
A capacidade de
elasticidade da
cinesfera permite
ao agente
interagir com o
espaço e outras
cinesferas. Por
exemplo, a
cinesfera encolhe-
se no espaço
público do
elevador, cheio de
gente, garantindo
o movimento e
expande-se numa
praia deserta ou
rua com pouca
gente em volta.
(SERRA, apud
RENGEL,
2005:33)
dançando/jogando temos que estar á
espera da possibilidade do público
participar apertando o botão a qualquer
momento, assim modificando a cena.
A plateia é a quinta
musculatura do ator. É
comum ver atores em
cena ‘fazendo força’ para
prender a atenção, na
ilusão de que a plateia é
algo fora dele. [...] A 5ª
musculatura fala de
sincronia, comunicação,
do outro, aquilo que está
fora de nós, mas passa a
ser um desmembramento
nosso quando existe o elo
da comunicação. [...] O
chão que pisamos é nossa
quinta musculatura,
assim como a roupa que
vestimos. Outra pessoa
passa a ser parte de nós
quando existe uma troca
entre dois ‘Eus’ que se
afinam e reconhecem no
outro os mesmos
sentimentos que existem
no próprio ‘Eu’.
(PIA,1992:17)
O jogo depende da presença verdadeira
do jogador/bailarino para constituir as
relações interpessoais e intrapessoais.
Viola Spolin diz: “O próprio ato de
procurar o momento, de estar aberto aos
parceiros de jogo, produz uma força de
vida, um fluxo, uma regeneração para
todos os participantes.” (2010, 17).
11
Porém as relações a serem estabelecidas
em cena
Segundo Barrow6
(1952) o espaço e o
tempo não são conceitos distintos, na
verdade é um bloco, que ele nomeia
espaço-tempo. Esse pode ser divido em
infinitas maneiras diferentes, na qual
cada divisão é distinta e cada
interpretação de um singular desse
detém um olhar diferente dos
interpretes, esses que já obtém sua
individualidade. Esta qualidade do
bloco espaço-tempo pressupõe que o
futuro já está aí. Isto é, esse evento na
dança propõe um conhecimento
diferenciado por cada sujeito; e que vive
“à espera” em seu jogo, não pelo futuro
distante, mas por esse que “já está aí”.
“Estar à espera é permitir que o
desconhecido – o novo, o inesperado,
talvez o momento de arte (vida) se
aproxime.”, diz Spolin7
(2010:18) ao
referir-se ao jogo e o papel cabível de
presença ao jogador. Quando estamos
em estado de jogo não devemos
“esperar por” que é diferente de “estar à
espera”, pois a cena morre/para e já não
6
John David Barrow (1952) é um Inglês
cosmólogo , teórico físico e matemático .
Atualmente é Professor de Pesquisa de Ciências
Matemáticas na Universidade de Cambridge .
7
Viola Spolin (1906-1994) foi autora e diretora
de teatro. Sistematizou os Jogos Teatrais
(Theater Games), metodologia de atuação e
conhecimento da prática teatral...
se tem o estado de
prazer/competição/conquista.
não se sustentam apenas nas relações
dos dançarinos. Em nosso espetáculo
procuramos evidenciar o papel do
público como público-participante, já
que ele pode acrescentar
jogos/interações a qualquer momento e
consequentemente pausar a
apresentação criando assim, uma nova
cena (a de interação com o público).
A atenção com o tempo do
outro, seu tempo interno e externo
trazem uma sensibilidade ao que está
acontecendo e ao que vai acontecer,
sendo assim uma união de fluxos e
conexões estabelecidas naquele instante,
que fazem a cena única, onde se
aprende a lidar com o inesperado,
adaptando-se as possíveis situações de
superação e cooperação.
A essência do jogo consiste
em relacionar-se com o
outro, testando as próprias
competências, numa
interação em que se
aprende a lida com as
relações de competição e
cooperação, e a incluir
diferentes pontos de vista
referentes a uma mesma
realidade. (KLISUS,
2012:26)
12
Assis8
e Correia9
dizem que “O lúdico
é capaz de infiltrar-se em vários espaços
e transformá-los profundamente,
impregnando-os com suas fantasias.”
(2006:123), isso é, o espaço interno e
externo do jogador é modificado
conforme joga. O indivíduo em sua
improvisação utiliza-se do lúdico, trata-
se da vontade de cada um, é uma
vivência individual que habita a camada
do imaginário, que pode, e acontece, de
ter interpretações e imagens diferentes
no momento do jogo.
Para que as relações na
improvisação/jogo/dança/brincadeira
sejam bem sucedidas é necessário um
atentamento para o ambiente e para si
mesmo, se disponibilizar, se desprender
de valores anteriores e se ligar ao
momento. Permitir relacionar-se.
“A experiência, a
possibilidade de
que algo nos
aconteça ou nos
toque, requer um
gesto de
interrupção, um
gesto que é quase
impossível nos
tempos que
correm: requer
8
Dra. Monique Assis Docente do Centro
Universitário Augusto Motta (Unisuam), é
Doutora em Educação Física.
9
Ms. Adriana M. Correia Docente da Unisuam e
Universidade Gama Filho (UGF).
13
parar para pensar,
parar para olhar,
parar para escutar,
pensar mais
devagar, olhar
mais devagar, e
escutar mais
devagar; parar
para sentir, sentir
mais devagar,
demorar-se nos
detalhes,
suspender a
opinião,
suspender o juízo,
suspender a
vontade,
suspender o
automatismo da
ação, cultivar a
atenção e a
delicadeza, abrir
os olhos e os
ouvidos, falar
sobre o que nos
acontece,
aprender a
lentidão, escutar
aos outros,
cultivar a arte do
encontro, calar
muito, ter
paciência e dar-se
tempo e espaço.“
(BONDIA,,2002:
24)
14
IMPROVISAÇÃO E JOGO
(Mão no Azul)
Segundo o dicionário Houaiss da
língua portuguesa publicado pela
editora Moderna, 2008, Improvisação é
tida com diversas definições, entre elas:
“Improvisar às presas; compor sem
prévio preparo; desempenhar papel ou
função para que não se está habituado;
oposto ao planejado.” (p.411)
Em dança, tratando
especificamente de improviso de
movimentos, algumas dessas definições
não se aplicam. Até mesmo nas
improvisações sem acordo prévio existe
um preparo específico, seja corporal,
mental ou estético (GUERRERO,
2007). Sem exatidão de sequências e
caminhos, mas sempre rondada de um
preparo.
Ao tratar-se da improvisação com
acordos prévios, é realizada,
antecipadamente, uma organização que
direciona o improviso para o
desenvolvimento da cena. Não é
necessariamente feito às pressas, no
sentido rápido da palavra, mas sim,
pensado às pressas, no sentido rápido
das percepções corporais, seja de
tempo, espaço, peso ou fluência, pois o
improviso é feito no instante agora e
nele encerra-se.
IMPROVISAÇÃO E JOGO
(Pé no Vermelho)
Votação, escolha de tema:
“Homo Ludens: o jogo como elemento
da cultura”, dança e jogo, improviso,
experimentações.
De início, a dança/jogo de todos
os bailarinos não estava sendo
claramente utilizada, se aproximando da
representação ensaiada, sem
expectativas ou espaços de
improvisação. Apresentavam falta de
esclarecimentos das regras e objetivo da
cena. Aproximava-se facilmente da
interpretação de uma brincadeira, sem o
desejo de jogar, de competir.
Só foram constatadas tais falhas
após apresentar para um pequeno
público, juntamente com a banca
examinadora.
“... No jogo existe alguma
coisa ‘em jogo’ que
transcende as necessidades
imediatas da vida e confere
um sentido à ação. Todo
jogo significa alguma coisa.
Não se explica nada
chamando ‘instinto’ ao
princípio ativo que constitui
a essência do jogo; chamar-
lhe ‘espírito’ ou ‘vontade’
seria dizer demasiado”.
(HUIZINGA, 03; 2012)
15
“Improvisação ‘é uma palavra
escorregadia’, muito genérica, exigindo um
trabalho, classificação e detalhamento.
Classificações auxiliam nas observações,
análises e entendimentos, pois cada decisão,
recorte ou interesse direcionam para alguns
modos de uso, delimitados pelas restrições
implicadas em suas propostas e
desenvolvimentos”. (GUERERO, 1; 2007)
A improvisação com acordos se
aproxima relevantemente das
características descritos por Huizinga,
em Homo Ludens, pois tanto o
improviso quanto o jogo:
1. São livres, dentro do
improviso são
inúmeras as
possibilidades de
experimentação, seja
de ideia ou de
movimento.
São diferentes da vida real, vida
corrente, uma evasão para uma esfera
temporária de atividade com orientação
própria. Na vivência do improviso, o
bailarino estabelece uma relação
apurada com ele mesmo, sua estrutura
corporal, seus limites, sensações e até
mesmo com outro bailarino. A
criatividade ganha vida, levando o
dançante
A sensação interna de cada
bailarino era de falta de diversão,
empolgação e vontade de jogo.
Na busca desse espírito do jogo,
a orientadora de TCC, Peticia Carvalho,
propôs uma coleta de brincadeiras e
jogos com os alunos trazendo jogos de
sua escolha, que gostavam e/ou ainda
gostem de jogar desde a infância até a
atualidade.
Todos os intérpretes jogaram
desde jogos de tabuleiros, pega-pega,
corrida até jogos de uma tribo indígena,
Kapalo.
Após várias semanas brincando,
surgiu um relato que transformou o
processo. Através da descrição de um
vídeo, visto por Adriana Bandão (uma
das bailarinas), onde uma pessoa,
cidadão do dia-a-dia, passa em uma
praça pública comum, na qual se
encontrava um botão e uma placa, na
placa continha a seguinte mensagem
“Não aperte o botão!”, a pessoa, no ato
de sua curiosidade, aperta o botão. No
mesmo momento o botão aciona um
alarme e faz com que todas as pessoas
da praça gritem e caiam no chão. A
pessoa que acabara de apertar o botão
fica perplexa.
Esta cena faz parte de uma
vídeo-pegadinha, como aquelas
que são vistas em programas de
auditório, no
16
do concreto até o mundo
imaginário, no qual as sensações
são transmitidas partindo de
imagens do presente ou
memórias do passado, até
mesmo desenhar no ar, como é
vista nas características do
método desenvolvido por
William Forsythe.
2. São capazes de
absorver inteiramente
o jogador, "vividos
até ao fim" dentro de
certos limites de
tempo e de espaço.
Limitação,
isolamento, regras.
Todo improviso deve
possuir regras, seja
de direcionamento,
seja pelo tempo,
espaço, caminho. As
regras não são
opostas à
flexibilidade, pois
ambas caminham
juntas, com certa
fluidez que depende
da atmosfera de cada
intérprete.
“Existem muitas maneiras e formas
do improvisar. Alguns acreditam que é
fazer qualquer coisa ou se 'virar'. Que tudo
caso desta, foi elaborada por uma
emissora de TV americana.
Ao refletir sobre a semelhança
entre botão e jogo, a turma pensou em
vários jogos como: videogame, futebol
de botão e até o botão de rosa e de
roupa foi citado, mesmo não fazendo
parte de palavras que remetiam a jogo.
Partindo da ideia
de videogame, foi pesquisado sobre sua
origem e descoberto que ele foi
desenvolvido a partir de um instrumento
científico de guerra10
, o que relaciona
facilmente sua história ao jogo-batalha.
Apertar botões ganhou outro
sentido. Aperte e comece a brincadeira,
pois será adicionada a diversão imediata
de um jogo-dança ou uma dança-jogo.
Saltar, dançar, despertar, olhar, seguir,
disputar, correr, gritar, soltar, ganhar,
mexer, remexer, chamar, girar, rolar,
articular, contar, tocar, passar, cair,
desviar, lembrar, repetir... Brincar.
Estas são algumas das ações que no
decorrer do espetáculo “Não aperte o
botão” são improviso-jogadas de acordo
10
No vídeo científico, “A Era do Vídeo Game”,
transmitido pelo canal Discovery Channel,
mostrava que a Guerra Fria evoluía rapidamente
entre os superpoderes dos Estados Unidos e da
União Soviética, onde a tecnologia era utilizada
para criar simulações de mísseis e prever os
resultados de uma guerra nuclear. Essa mesma
tecnologia da computação foi utilizada para
desenvolver o primeiro jogo de computador em
1958. Steve Russell, Nolan Bushnell, Ralph
Baer e Toru Iwatani são alguns dos principais
nomes da história dos videogames apresentados
no vídeo.
17
pode ou tudo é possível, que é uma imensa
liberdade sem bordas, mas aquilo que não
tem limites não se contém, escoa, perde-
se”. (QUITO, 2012).
3. Possuem um caminho
e um sentido
próprios. As
possibilidades dentro
da regra são infinitas
e com ela a
objetividade fica
esclarecida, existe
uma borda em torno
do improviso vivido
e apresentado. Todo
jogo tem suas regras.
Todo Improviso tem
suas regras. Ao ter
regra cria-se a ordem.
Não regra imposta,
mas sim aquelas que
seguem de guias, que
norteiam o convívio
(social). Sem regra, o
caos se instala com
facilidade, assim
como a comodidade,
sem jogo, sem vida.
com certas regras, seja para acabar em
determinado número ou até mesmo
ressignificar movimentos através de
bolinhas de gude.
No decorrer dos ensaios,
percebeu-se que a cena das bolinhas de
gude é a que contém maior
características de improviso e jogo em
todos os seus aspectos. Nela deve
sempre conter uma ligação ente os
intérpretes, podendo “copiar”,
transformar e experimentar o
movimento do outro, brincar com o som
das bolinhas de gude, jogando-as e
pegando antes que escapem para plateia.
Essa interação resultará em
movimentos que poderão ser dançados e
ressignificados pelos intérpretes, dentre
eles as ações de rolar, girar, realizar
gestos ondulados etc.; preparando-os e
ampliando sua relação criativa com o
mundo, contribuindo para o
desenvolvimento da percepção da
potencialidade de cada um, tanto na
dança, quanto na vida.
Jogo sempre supõe
escolhas. É um espaço por
excelência de tomada de
decisões: Se
movimentamos tal ou qual
peça, se damos um lance
aqui ou ali, se passamos a
vez ou encaramos a partida
com as cartas que temos na
mão. (KLISYS, 26; 2010).
18
Em Homo Ludens (2012) é possível
notar que o jogo desempenha um grande
papel na amplitude da cultura. É no jogo
que a civilização surge e se desenvolve,
sendo um fenômeno cultural que
antecede a própria cultura, possuindo
uma realidade autônoma. Sua essência é
feita de um elemento não material, esta
essência pode ser tida como “espírito”
ou “vontade”, espírito de jogo.
O jogar é tão amplo que
ultrapassa o lógico, passando pelas
criança e adulto até chegar aos animais;
se notarmos, eles também brincam,
fazendo parte deste fenômeno. O jogo e
a brincadeira em sua plenitude
transcendem o racional, pois o jogo é
irracional (HUIZINGA, 2012). A
brincadeira é a base da pesquisa, do
criar. Tratando-se especificamente de
improviso, a regra, assim como no jogo,
é o agente que ordena. Até mesmo
quando brincamos de “faz de conta”
existe regra, pois, se sou um peixe eu
jamais vou me comportar como um
policial, a regra é sub-feita através do
consciente e inconsciente da criança ou
adulto.
Quando os adultos se dispõem a
entrar no mundo da brincadeira é
estabelecido um estado de liberdade,
fora do cotidiano, opondo-se facilmente
Durante o instante da cena, o intérprete
não deve estar inteiramente só, senão o
grupo se transformará em solos
distintos, perdendo sua relação com a
cena.
Sem a escuta, tanto o produto
quanto o processo, sofrem falhas em seu
desenrolar e na sua fluência. Podendo se
tornar somente um jogo individual, não
sendo esteticamente um corpo que
dança em um espetáculo de dança-jogo,
como ocorria no início do processo.
Para que a improvisação-jogo seja
possível, é preciso uma disposição ao
lúdico, um bocado de imaginação, pois
sem ela a brincadeira não acontece
plenamente. É preciso mergulhar neste
mundo onde um pedaço de pano se
transforma em uma capa de
invisibilidade, em um vestido ou até
mesmo em uma cabana.
O improviso exige uma
dedicação de atenções, escuta. Escutar é
ter sempre no corpo um mapa, um mapa
das percepções, explorando o
movimento com um foco centralizado e
integrando a vivência de cada um no
instante do espetáculo.
19
a ideia de seriedade, entrando em um
lugar onde não existe separação de
quem é criança e quem é adulto. O
importante é ser super-herói, mago,
rainha, bruxa e até monstro. A criança
no ato do brincar cria, para si, um
mundo que se difere do mundo adulto.
“A criança vive o poder
mágico das imagens. Quem
precisa estetizar o mundo
somos nós, que decaímos
desse poder mágico das
imagens. Porque se a gente
conta uma história de terror
para uma criança, o medo
que ela vive é real. Nós
podemos até acordar esse
medo em nós com uma
história bem contada, mas o
que a criança experimenta é
inteiro. Por isso, ela vive o
poder mágico das imagens,
ela não decaiu. Quando a
gente decai [...], a gente
precisa da poesia, a gente
precisa da filosofia, a gente
precisa da arte para que a
gente possa restaurar essa
magia da imagem em nosso
ser. Imagem como algo
dinâmico e não fixo”.
(PIORSKKY, 4; 2012)
20
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Perante as análises feitas percebe-se que todos os aspectos abordados se ligam. Afinal, a
individualidade esta intrínseca no inconsciente e no consciente, que por sua vez dão
dimensão para o estabelecimento de relações que é balanceada por influências internas e
externas e todas as influências estimulam o ato de improvisar. No espetáculo “Não
aperte o botão” trata-se do jogo como uma dança-improviso que mobiliza não só o
sujeito dançante como àqueles que assistem e participam (estando na ação de cena ou
não). Foi ressaltado aqui que as regras dos jogos/improvisações não fecham nenhum
aspecto analisado. Pois como sentiu-se na prática, as regras direcionavam a ação, ou
seja, focava em uma abordagem específica para que a partir dela nos desenvolvêssemos
amplamente.
Reitera-se que o estudo não é suficiente para analisar todos os aspectos presentes na
improvisação-jogo-dança do espetáculo, principalmente quanto aos aspectos individuais
de cada interprete.
21
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ASSIS, Monique; CORREIA, Adriana M. Entre o jogo estético e o impulso lúdico:
Um ensaio de dança. Rio de Janeiro, 2005.
BARROW, John D. The book of nothing. Londres: Vintage, 2001.
BONDIA, Jorge Larrosa. Notas sobre a experiência e o saber de experiência. São
Paulo. Revista Brasileira de Educação, 2002.
GAIARSA, A. José . O que é Corpo?. 6ª Edição– Editora Brasiliense, 1994. São Paulo,
SP.
GIL, José. Movimento Total: o corpo e a dança. São Paulo. Iluminuras, 2004.
GUERRERO, Mara Francischini. Formas de improviso. Universidade Federal da
Bahia. Salvador-BA, 2007.
HUIZINGA, Johan. Homo Ludens - O jogo como elemento da cultura. Editora
Perspectiva, 7° edição. São Paulo-SP, 2012.
KLISYS, Adriana. Quer Jogar? Edições SESC SP. São Paulo-SP, 2010.
LAKOFF, G. e JOHNSON, M. 1999. Philosophy in the flesh: the embodied mind
and its challenge to western thought. New York. Basic Books.
LOBO, Leonora e NAVAS, Cassia. Teatro do Movimento: um método para um
interprete criador. Brasilia: LGE Editora, 2003.
MARQUES, Isabel. O lúdico na pratica pedagógica.
NAVAS, C. e LOBO, L. Teatro do movimento: um método para o interprete
criador. 2a edição. Brasilia: LGE, 2003
OSTROWER, Fayga. Criatividade e Processos de Criação. 27ª Edição – Editora
Vozes, 2012. Petrópolis, RJ.
22
PIA, Maria. ‘O Tao do Corpo’. In: Cadernos de teatro, n.131 (4° triênio de 1992), 14-
18.
QUITO, Cristiane Paoli. Improvisação, um olhar. III Forinho: o Brincar, a
Improvisação, a Dança. São Paulo – SP, 2012.
RENGEL, Lenira. Dicionário Laban. 2 ed. São Paulo: Annablume, 2005.
SCHMIDT, Suzana. A ação cultural e a dimensão criadora. São Paulo, 2011.
SERRA, S. M. A. Apostilas e anotações de aulas: curso de atualização em dinâmica
do movimento expressivo. São Paulo, 1933.
SPOLIN, Viola. O Jogo Teatral no Livro do Diretor. São Paulo: Perspectiva, 1999.

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  • 1. CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA – PAULA SOUZA ETEC DE ARTES ANA LUIZA M. FIGUEIREDO ANA PAULA RODRIGUES HARRISON RODRIGUES JÚLIA MATIAS SILVA JULIANA SCHNEIDER STEFANIE BERTHOLINI DANÇA/IMPROVISAÇÃO, DANÇA/JOGO: Análise do espetáculo “Não Aperte o Botão” Orientadora: Peticia Carvalho SÃO PAULO 2013
  • 2. 2 Ana Luiza M. Figueiredo Ana Paula Rodrigues Harrison Rodrigues Júlia Matias Silva Juliana Schneider Stefanie Bertholini Orientadora: Peticia Carvalho
  • 3. 3 RESUMO Propõe-se no presente artigo analisar os aspectos da improvisação-jogo-dança presente no espetáculo “Não aperte o botão” da turma 3A Dança do primeiro semestre de 2013 da ETEC de Artes. Apresentou-se necessária a consideração da vivência prática do processo do espetáculo. O estudo embasa-se primariamente no livro “Homo Ludens” do filósofo Johan Huizinga (2012) e em outros intelectuais dos quais a coerência da leitura foi colocado em discussão no âmbito prático, ou seja, questionava-se e analisava-se não só ‘intelectualmente’ mas ‘corporalmente’. Nestes questionamentos constatou-se uma interligação entre os aspectos abordados (Individualidade; Consciente e Inconsciente; Relação durante o improvisar; Improvisação e Jogo) onde o quesito principal para o improviso-jogo-dança é o estar no momento presente e presente em si próprio. PALAVRAS-CHAVE: Jogo; Improviso; Relação; Individualidade; Dança. INTRODUÇÃO O artigo apresentado relatará aspectos da criação e da vivência focando no improviso- jogo-dança do espetáculo “Não aperte o botão”, da turma 3AD do primeiro semestre de 2013 da ETEC de Artes, permeando caminhos práticos e teóricos, que inseparáveis se embasam em teóricos da dança, filosofia e teatro. Neste caminho se desenvolveram reflexões sobre: a individualidade dos sujeitos; o consciente e o inconsciente do sujeito e sobre as relações no momento do improviso. Busca-se relacionar, a partir das analogias feitas pelo sujeito, como a dança se dá no jogo e como o jogo se dá na dança no momento da improvisação. O artigo se dá a partir de duas colunas, nestas, apresentamos visões que se encontram, falando de experiências e pensamentos desenvolvidos durante o estudo. Em uma coluna falamos sobre nossa vivência e o que ela traz e transforma, na outra generalizamos essas experiências de improviso-jogo- dança.
  • 4. 4 INDIVIDUALIDADE (Lepeti) Segundo Gaiarsa1 (1986) a divisão entre corpo e alma não existe. Sentimos, pensamos, agimos e nos emocionamos sendo um corpo. Não flutuante, este corpo completo está inserido num contexto sociocultural onde não é passivo, estabelecendo relações e modificações a seu ambiente. Esses aspectos nos interessam, assim como para Ostrower2 (1978), no sentido de que “(...) a cultura serve de referência a tudo que o indivíduo é, faz, comunica, à elaboração de novas atitudes e novos comportamentos e, naturalmente, a toda possível criação”. Se nossos corpos somos nós (que por si só já nos dá a dimensão de individualidade física – referente à aparência e a estrutura – e psíquica-emocional) e se a cultura e ambientação nos afetam de formas diferentes (de acordo com o modo 1 José A. Gaiarsa (1920-2012) foi formado em medicina pela USP com especialização em psiquiatria. Possui mais de 35 livros publicados. Suas produções na área da psicoterapia desenvolvem-se principalmente em temas sobre família, sexualidade e relacionamentos amorosos. 2 Fayga Ostrower (1920-2001) foi artista plástica, professora e teórica polonesa. Foi presidente da Associação Brasileira de Artes Plásticas entre 1963 e 1966. De 1978 a 1982, presidiu a comissão brasileira da International Society of Education through Art (traduzido livremente como Sociedade Internacional de Educação pela Arte), INSEA, da UNESO. INDIVIDUALIDADE (Lecolá) Numa sala com dezenove indivíduos, possuímos dezenove trajetórias de vida, de corpo, diferentes. Cada um mora em um bairro e se relaciona com esse bairro de uma maneira. Cada um tem uma relação e envolvimento familiar único. Cada um tem uma formação acadêmica distinta. Além de aspectos externos, somam-se a eles as particularidades natas (porém alteráveis) do individuo: psicoemocional e físico estrutural. “O corpo faz parte e é elemento primeiro para a realização das possibilidades de conhecimento, percepção, interação e até mesmo de transformação dos brinquedos, jogos e brincadeiras que fazem parte de nossas vivências culturais lúdicas” (MARQUES, Ano:154). Sendo o corpo o agente das atividades e cada corpo sendo único, podemos dizer que o espetáculo “Não Aperte o Botão” possui dezenove caminhos de improvisar diferentes, mesmo que contendo igual direcionamento. Como veremos mais a frente, esse direcionamento não nos padroniza (página 14). O grupo como um todo (consequentemente o espetáculo) possui características agregadas dos dezenove membros, que emergem nos próprio de compreensão e
  • 5. 5 de estabelecimento de relações) podemos concluir que cada corpo cria, estabelece relação com um objeto artístico, dança, improvisa e joga de forma única. Nossos corpos, isso sim, atuam de formas diferentes diante de brinquedos, jogos e brincadeiras por serem únicos, diferentes entre si. Cada corpo estabelece e cria relações diferentes e diferenciadas diante dos mesmos brinquedos, jogos e brincadeiras. Isso se dá basicamente pelo fato de não ‘termos’, mas sim de ‘sermos’ um corpo, pelo fato de sermos nossos corpos. Nossos corpos são o que somos. Somos o que nossos corpos são. MARQUES, Ano:155. Nessa abordagem, o corpo não é meio, canal ou instrumento, mas sim protagonista dos jogos e brincadeiras. Aquilo que sabemos, conhecemos, sentimos, entendemos, construímos em nossos corpos nos leva a estabelecer ou não múltiplas relações com os espaços e vivências lúdicas existentes em nossa sociedade. jogos/danças. Essas características junto com o modo de relacionar do grupo formam a individualidade do grupo (essência).
  • 6. 6 CONSCIENTE / INCONSCIENTE (“Quem bebeu morreu”) “O ato criador abrange, portanto, a capacidade de compreender; e esta por sua vez, a de relacionar, ordenar, configurar, significar.” (OSTROWER, 1978:9) O sujeito torna-se consciente em sua existência e atuação devido a sua cultura que, segundo Ostrower (1978) “orienta o ser sensível ao mesmo tempo em que orienta o ser consciente”. Nomeamos ser sensível quando o sujeito é reconhecido por sua percepção e não por sensibilidade no sentido literal da palavra. O sujeito consciente é aquele que produz um ato intencionalmente, ou seja, tem autoridade de si e de sua criação (não necessariamente no ato da dança). “Os valores culturais vigentes constituem o clima mental para o seu agir. Criam referências, discriminam as propostas, pois [...] neles se elaboram possibilidades culturais. Representando a individualidade subjetiva de cada um, a consciência CONSCIENTE / INCONSCIENTE (“O culpado não fui eu” ) Consideramos aqui, em primeira instância, as atitudes conscientes no espetáculo, os direcionamentos das cenas. Considera-se o processo de relacionar-se e de disponibilizar-se como ações conscientes. Os intérpretes já sabem o roteiro de jogos do espetáculo e suas propostas, a prática do ensaio nos torna mais conscientes na atuação e nos modos com que estabelecemos relações. “Na improvisação considera-se a estrutura, a ordem, o espaço, o tempo, os materiais, o ‘tom’, e deve-se praticar diariamente para tomar as decisões de modo rápido, consciente e controlado.” (KRISCHIKE e SOUZA, 2004:17) O inconsciente age no caminho e velocidade de organização de informações (no cérebro) e na racionalização de percepções e sensações com embasamento (inevitável) em julgamentos socioculturais. Também são parte do inconsciente os vícios posturais e as
  • 7. 7 representa a sua cultura.” (Ostrower, 1978:página) A criatividade do indivíduo se dá a partir de sua individualidade, como vimos anteriormente (página 4) e esta individualidade se qualifica a partir da própria sensibilidade do ser, orientada de cultura. Portanto, entendemos que o improviso está diretamente ligado á criatividade e consequentemente a todos os aspectos citados, além de, se tornar a própria sensibilidade do sujeito naquele momento, já que no sensível podemos destacar o consciente e o inconsciente, como fatores essenciais no improviso. Uma vez que acreditamos que o improviso “é um processo complexo de resposta aos impulsos provenientes dos estímulos criativos” e tratamos ‘estímulos criativos’ como parte de nosso interior e exterior que se referem, respectivamente, ao consciente e ao inconsciente. estéticas anteriormente trabalhadas em cada corpo. Ressaltamos novamente a pluralidade da sala. Procurando uma mobilidade consciente e inconsciente, percebermo-nos, e nos percebemos em relação ao outro, ao ambiente, perceber o que é intrínseco à nossos movimentos e como isso pode acrescentar ao espetáculo e ao momento de jogo/improvisação, à movimentação do outro.
  • 8. 8 RELAÇÃO DURANTE O IMPROVISAR (Impar) A relação no momento da improvisação/jogo é construída de diversas situações e fatores que atua e modifica o bailarino na cena. Essas que podem ser: a divisão espaço e tempo, os participantes, objetos, sonoridades etc. Habita na órbita da Ação Cultural3 (SCHMIDT, 2011), na qual o bailarino é influenciado por tudo o que viveu/ é/ está vivendo naquele momento, interferindo diretamente ou indiretamente no seu processo de relacionamento. O ser humano possui um corpo que é presente no espaço e que detém um centro, esse mesmo corpo vive em uma esfera por Rudof Laban(1879-1958) chamado de cinesfera4 (LOBO e NAVAS:2003). Esse detém limites, que são definidos pelo alcance dos membros, em sua amplitude e diversas 3 Ação Cultural segundo Suzana Schmidt é qualquer ação, no campo da cultura, capaz de suspender e alterar o fluxo cotidiano dos hábitos e valores dos requerimentos e da indústria cultural, permitindo que linhas de fuga criem novos comandos, novas possibilidades de viver, de sentir e de habitar melhor o mundo. 4 cinesfera segundo Rudof Laban é a esfera espacial à volta do corpo, onde acontece o movimento. RELAÇÃO DURANTE O IMPROVISAR (Par) Durante o processo de criação vivenciamos jogos-brincadeiras que estimularam nosso espírito de jogo (jogos da tribo indígena Kalapalo, jogos teatrais, brincadeiras infantis, jogos corporais, jogos de tabuleiro etc.), assistimos um documentário sobre o primeiro Video Game (disponível em: www.youtube.com) e paralelamente líamos o livro “Homo Ludens” de Huizinga. A partir da presença e sensações estabelecidas por eles foram criados os jogos/cenas. Durante os jogos buscamos, por meio das regras/direcionamentos, estabelecer relações com o que acontece e com quem o faz acontecer. Segundo Huizinga (2010) todo jogo possui regras, os jogos em nosso espetáculo por sua vez também possuem regras, essas que quando quebradas ocasionam o rompimento com o lúdico. Ele prossegue: “O jogador que desrespeita ou ignora as regras é um “desmancha-prazeres”. Este, porém, difere do jogador desonesto, do batoteiro, já que o ultimo finge jogar seriamente o jogo e aparenta
  • 9. 9 direções. A cinesfera não pode ser tirada do homem, ele é a cinesfera. É como se fosse uma redoma que está sempre presente onde quer que ele esteja ou vá. Seus movimentos são definidos de forma individual, implicados por estímulos internos sua disposição procede no espaço externo. O bailarino em toda sua amplitude ou estreiteza dispõe de um corpo com membros, articulações, músculos etc. Este não é restringido em seus movimentos pela limitação de seu corpo, ele é capaz de projetar movimentos no espaço, Gil5 diz que “Há um infinito próprio do gesto dançado que só o espaço do corpo pode engendrar.” (2004:53). O movimento do corpo se faz como uso externo, aquilo que é possível de vermos a olho nu, o ato; seja ele do bailarino criador do movimento no espaço, suas relações interpessoais e o ambiente em um todo (giros, saltos, troca de toques, iluminação, objetos etc.). Existem os estímulos internos, que permeiam o lado subjetivo e o interior do corpo humano: como o olhar, sensações, neurônios (LAKOFF & JOHNSON:1999). Gaiarsa prossegue: “Nossa incrível capacidade de movimento é dirigida, de regra, pelos 5 José Gil (Muecate, 1939) é professor universitário português, filósofo, ensaísta e ficcionista. reconhecer o circulo mágico.” (2012:14). Portanto, as regras precisam estar evidentes para os jogadores e o público, pois, o rompimento pode ocasionar confusão. A relação no momento da improvisação pode definir muitas coisas, se não estivermos atentos e prontos para o jogo, podemos deixar a cena morrer ou até mesmo quebrar regras do jogo. Como no jogo das bolinhas coloridas, se não estivermos atentos com a sequência e tempo das bolinhas, desmanchamos a cena/brincadeira; no momento em que corremos pelo espaço a procura de uma nova posição é preciso uma atenção a cinesfera, tanto particular quanto a do outro jogador, pois podemos invadir a outra cinesfera e não acabarmos com a beleza estética do jogo, porém pode-se também invadir a cinesfera do outro jogador de forma que o impossibilite de cumprir a sequência de movimentos estabelecida no jogo. O respeito ao espaço (interno e externo) é de extrema importância para o jogo/cena. É importante se adaptar as novas situações que podem ocorrer nas apresentações; por exemplo, no jogo das bolinhas de gude, no qual é preciso estar atento a si e ao outro, pois ao mesmo tempo em que estamos
  • 10. 10 nossos olhos. Vendo o mundo, as pessoas e os objetos, são eles que vão nos mostrando o caminho e as ações que vão se fazendo necessárias, convenientes ou oportunas”.(1994:65) A cinesfera ao interagir com outras cinesferas se modifica num processo mutante no qual o espaço e tempo se transformam continuamente; o ambiente social interfere de forma a ser um propagador de mudança na qualidade desse fenômeno, numa transição entre o macro e o micro de forma a modificar a cinestesis do interprete e do observador. Exemplo: no palco, quanto mais bailarinos menor o espaço, as cinesferas são reduzidas ou invadidas. A capacidade de elasticidade da cinesfera permite ao agente interagir com o espaço e outras cinesferas. Por exemplo, a cinesfera encolhe- se no espaço público do elevador, cheio de gente, garantindo o movimento e expande-se numa praia deserta ou rua com pouca gente em volta. (SERRA, apud RENGEL, 2005:33) dançando/jogando temos que estar á espera da possibilidade do público participar apertando o botão a qualquer momento, assim modificando a cena. A plateia é a quinta musculatura do ator. É comum ver atores em cena ‘fazendo força’ para prender a atenção, na ilusão de que a plateia é algo fora dele. [...] A 5ª musculatura fala de sincronia, comunicação, do outro, aquilo que está fora de nós, mas passa a ser um desmembramento nosso quando existe o elo da comunicação. [...] O chão que pisamos é nossa quinta musculatura, assim como a roupa que vestimos. Outra pessoa passa a ser parte de nós quando existe uma troca entre dois ‘Eus’ que se afinam e reconhecem no outro os mesmos sentimentos que existem no próprio ‘Eu’. (PIA,1992:17) O jogo depende da presença verdadeira do jogador/bailarino para constituir as relações interpessoais e intrapessoais. Viola Spolin diz: “O próprio ato de procurar o momento, de estar aberto aos parceiros de jogo, produz uma força de vida, um fluxo, uma regeneração para todos os participantes.” (2010, 17).
  • 11. 11 Porém as relações a serem estabelecidas em cena Segundo Barrow6 (1952) o espaço e o tempo não são conceitos distintos, na verdade é um bloco, que ele nomeia espaço-tempo. Esse pode ser divido em infinitas maneiras diferentes, na qual cada divisão é distinta e cada interpretação de um singular desse detém um olhar diferente dos interpretes, esses que já obtém sua individualidade. Esta qualidade do bloco espaço-tempo pressupõe que o futuro já está aí. Isto é, esse evento na dança propõe um conhecimento diferenciado por cada sujeito; e que vive “à espera” em seu jogo, não pelo futuro distante, mas por esse que “já está aí”. “Estar à espera é permitir que o desconhecido – o novo, o inesperado, talvez o momento de arte (vida) se aproxime.”, diz Spolin7 (2010:18) ao referir-se ao jogo e o papel cabível de presença ao jogador. Quando estamos em estado de jogo não devemos “esperar por” que é diferente de “estar à espera”, pois a cena morre/para e já não 6 John David Barrow (1952) é um Inglês cosmólogo , teórico físico e matemático . Atualmente é Professor de Pesquisa de Ciências Matemáticas na Universidade de Cambridge . 7 Viola Spolin (1906-1994) foi autora e diretora de teatro. Sistematizou os Jogos Teatrais (Theater Games), metodologia de atuação e conhecimento da prática teatral... se tem o estado de prazer/competição/conquista. não se sustentam apenas nas relações dos dançarinos. Em nosso espetáculo procuramos evidenciar o papel do público como público-participante, já que ele pode acrescentar jogos/interações a qualquer momento e consequentemente pausar a apresentação criando assim, uma nova cena (a de interação com o público). A atenção com o tempo do outro, seu tempo interno e externo trazem uma sensibilidade ao que está acontecendo e ao que vai acontecer, sendo assim uma união de fluxos e conexões estabelecidas naquele instante, que fazem a cena única, onde se aprende a lidar com o inesperado, adaptando-se as possíveis situações de superação e cooperação. A essência do jogo consiste em relacionar-se com o outro, testando as próprias competências, numa interação em que se aprende a lida com as relações de competição e cooperação, e a incluir diferentes pontos de vista referentes a uma mesma realidade. (KLISUS, 2012:26)
  • 12. 12 Assis8 e Correia9 dizem que “O lúdico é capaz de infiltrar-se em vários espaços e transformá-los profundamente, impregnando-os com suas fantasias.” (2006:123), isso é, o espaço interno e externo do jogador é modificado conforme joga. O indivíduo em sua improvisação utiliza-se do lúdico, trata- se da vontade de cada um, é uma vivência individual que habita a camada do imaginário, que pode, e acontece, de ter interpretações e imagens diferentes no momento do jogo. Para que as relações na improvisação/jogo/dança/brincadeira sejam bem sucedidas é necessário um atentamento para o ambiente e para si mesmo, se disponibilizar, se desprender de valores anteriores e se ligar ao momento. Permitir relacionar-se. “A experiência, a possibilidade de que algo nos aconteça ou nos toque, requer um gesto de interrupção, um gesto que é quase impossível nos tempos que correm: requer 8 Dra. Monique Assis Docente do Centro Universitário Augusto Motta (Unisuam), é Doutora em Educação Física. 9 Ms. Adriana M. Correia Docente da Unisuam e Universidade Gama Filho (UGF).
  • 13. 13 parar para pensar, parar para olhar, parar para escutar, pensar mais devagar, olhar mais devagar, e escutar mais devagar; parar para sentir, sentir mais devagar, demorar-se nos detalhes, suspender a opinião, suspender o juízo, suspender a vontade, suspender o automatismo da ação, cultivar a atenção e a delicadeza, abrir os olhos e os ouvidos, falar sobre o que nos acontece, aprender a lentidão, escutar aos outros, cultivar a arte do encontro, calar muito, ter paciência e dar-se tempo e espaço.“ (BONDIA,,2002: 24)
  • 14. 14 IMPROVISAÇÃO E JOGO (Mão no Azul) Segundo o dicionário Houaiss da língua portuguesa publicado pela editora Moderna, 2008, Improvisação é tida com diversas definições, entre elas: “Improvisar às presas; compor sem prévio preparo; desempenhar papel ou função para que não se está habituado; oposto ao planejado.” (p.411) Em dança, tratando especificamente de improviso de movimentos, algumas dessas definições não se aplicam. Até mesmo nas improvisações sem acordo prévio existe um preparo específico, seja corporal, mental ou estético (GUERRERO, 2007). Sem exatidão de sequências e caminhos, mas sempre rondada de um preparo. Ao tratar-se da improvisação com acordos prévios, é realizada, antecipadamente, uma organização que direciona o improviso para o desenvolvimento da cena. Não é necessariamente feito às pressas, no sentido rápido da palavra, mas sim, pensado às pressas, no sentido rápido das percepções corporais, seja de tempo, espaço, peso ou fluência, pois o improviso é feito no instante agora e nele encerra-se. IMPROVISAÇÃO E JOGO (Pé no Vermelho) Votação, escolha de tema: “Homo Ludens: o jogo como elemento da cultura”, dança e jogo, improviso, experimentações. De início, a dança/jogo de todos os bailarinos não estava sendo claramente utilizada, se aproximando da representação ensaiada, sem expectativas ou espaços de improvisação. Apresentavam falta de esclarecimentos das regras e objetivo da cena. Aproximava-se facilmente da interpretação de uma brincadeira, sem o desejo de jogar, de competir. Só foram constatadas tais falhas após apresentar para um pequeno público, juntamente com a banca examinadora. “... No jogo existe alguma coisa ‘em jogo’ que transcende as necessidades imediatas da vida e confere um sentido à ação. Todo jogo significa alguma coisa. Não se explica nada chamando ‘instinto’ ao princípio ativo que constitui a essência do jogo; chamar- lhe ‘espírito’ ou ‘vontade’ seria dizer demasiado”. (HUIZINGA, 03; 2012)
  • 15. 15 “Improvisação ‘é uma palavra escorregadia’, muito genérica, exigindo um trabalho, classificação e detalhamento. Classificações auxiliam nas observações, análises e entendimentos, pois cada decisão, recorte ou interesse direcionam para alguns modos de uso, delimitados pelas restrições implicadas em suas propostas e desenvolvimentos”. (GUERERO, 1; 2007) A improvisação com acordos se aproxima relevantemente das características descritos por Huizinga, em Homo Ludens, pois tanto o improviso quanto o jogo: 1. São livres, dentro do improviso são inúmeras as possibilidades de experimentação, seja de ideia ou de movimento. São diferentes da vida real, vida corrente, uma evasão para uma esfera temporária de atividade com orientação própria. Na vivência do improviso, o bailarino estabelece uma relação apurada com ele mesmo, sua estrutura corporal, seus limites, sensações e até mesmo com outro bailarino. A criatividade ganha vida, levando o dançante A sensação interna de cada bailarino era de falta de diversão, empolgação e vontade de jogo. Na busca desse espírito do jogo, a orientadora de TCC, Peticia Carvalho, propôs uma coleta de brincadeiras e jogos com os alunos trazendo jogos de sua escolha, que gostavam e/ou ainda gostem de jogar desde a infância até a atualidade. Todos os intérpretes jogaram desde jogos de tabuleiros, pega-pega, corrida até jogos de uma tribo indígena, Kapalo. Após várias semanas brincando, surgiu um relato que transformou o processo. Através da descrição de um vídeo, visto por Adriana Bandão (uma das bailarinas), onde uma pessoa, cidadão do dia-a-dia, passa em uma praça pública comum, na qual se encontrava um botão e uma placa, na placa continha a seguinte mensagem “Não aperte o botão!”, a pessoa, no ato de sua curiosidade, aperta o botão. No mesmo momento o botão aciona um alarme e faz com que todas as pessoas da praça gritem e caiam no chão. A pessoa que acabara de apertar o botão fica perplexa. Esta cena faz parte de uma vídeo-pegadinha, como aquelas que são vistas em programas de auditório, no
  • 16. 16 do concreto até o mundo imaginário, no qual as sensações são transmitidas partindo de imagens do presente ou memórias do passado, até mesmo desenhar no ar, como é vista nas características do método desenvolvido por William Forsythe. 2. São capazes de absorver inteiramente o jogador, "vividos até ao fim" dentro de certos limites de tempo e de espaço. Limitação, isolamento, regras. Todo improviso deve possuir regras, seja de direcionamento, seja pelo tempo, espaço, caminho. As regras não são opostas à flexibilidade, pois ambas caminham juntas, com certa fluidez que depende da atmosfera de cada intérprete. “Existem muitas maneiras e formas do improvisar. Alguns acreditam que é fazer qualquer coisa ou se 'virar'. Que tudo caso desta, foi elaborada por uma emissora de TV americana. Ao refletir sobre a semelhança entre botão e jogo, a turma pensou em vários jogos como: videogame, futebol de botão e até o botão de rosa e de roupa foi citado, mesmo não fazendo parte de palavras que remetiam a jogo. Partindo da ideia de videogame, foi pesquisado sobre sua origem e descoberto que ele foi desenvolvido a partir de um instrumento científico de guerra10 , o que relaciona facilmente sua história ao jogo-batalha. Apertar botões ganhou outro sentido. Aperte e comece a brincadeira, pois será adicionada a diversão imediata de um jogo-dança ou uma dança-jogo. Saltar, dançar, despertar, olhar, seguir, disputar, correr, gritar, soltar, ganhar, mexer, remexer, chamar, girar, rolar, articular, contar, tocar, passar, cair, desviar, lembrar, repetir... Brincar. Estas são algumas das ações que no decorrer do espetáculo “Não aperte o botão” são improviso-jogadas de acordo 10 No vídeo científico, “A Era do Vídeo Game”, transmitido pelo canal Discovery Channel, mostrava que a Guerra Fria evoluía rapidamente entre os superpoderes dos Estados Unidos e da União Soviética, onde a tecnologia era utilizada para criar simulações de mísseis e prever os resultados de uma guerra nuclear. Essa mesma tecnologia da computação foi utilizada para desenvolver o primeiro jogo de computador em 1958. Steve Russell, Nolan Bushnell, Ralph Baer e Toru Iwatani são alguns dos principais nomes da história dos videogames apresentados no vídeo.
  • 17. 17 pode ou tudo é possível, que é uma imensa liberdade sem bordas, mas aquilo que não tem limites não se contém, escoa, perde- se”. (QUITO, 2012). 3. Possuem um caminho e um sentido próprios. As possibilidades dentro da regra são infinitas e com ela a objetividade fica esclarecida, existe uma borda em torno do improviso vivido e apresentado. Todo jogo tem suas regras. Todo Improviso tem suas regras. Ao ter regra cria-se a ordem. Não regra imposta, mas sim aquelas que seguem de guias, que norteiam o convívio (social). Sem regra, o caos se instala com facilidade, assim como a comodidade, sem jogo, sem vida. com certas regras, seja para acabar em determinado número ou até mesmo ressignificar movimentos através de bolinhas de gude. No decorrer dos ensaios, percebeu-se que a cena das bolinhas de gude é a que contém maior características de improviso e jogo em todos os seus aspectos. Nela deve sempre conter uma ligação ente os intérpretes, podendo “copiar”, transformar e experimentar o movimento do outro, brincar com o som das bolinhas de gude, jogando-as e pegando antes que escapem para plateia. Essa interação resultará em movimentos que poderão ser dançados e ressignificados pelos intérpretes, dentre eles as ações de rolar, girar, realizar gestos ondulados etc.; preparando-os e ampliando sua relação criativa com o mundo, contribuindo para o desenvolvimento da percepção da potencialidade de cada um, tanto na dança, quanto na vida. Jogo sempre supõe escolhas. É um espaço por excelência de tomada de decisões: Se movimentamos tal ou qual peça, se damos um lance aqui ou ali, se passamos a vez ou encaramos a partida com as cartas que temos na mão. (KLISYS, 26; 2010).
  • 18. 18 Em Homo Ludens (2012) é possível notar que o jogo desempenha um grande papel na amplitude da cultura. É no jogo que a civilização surge e se desenvolve, sendo um fenômeno cultural que antecede a própria cultura, possuindo uma realidade autônoma. Sua essência é feita de um elemento não material, esta essência pode ser tida como “espírito” ou “vontade”, espírito de jogo. O jogar é tão amplo que ultrapassa o lógico, passando pelas criança e adulto até chegar aos animais; se notarmos, eles também brincam, fazendo parte deste fenômeno. O jogo e a brincadeira em sua plenitude transcendem o racional, pois o jogo é irracional (HUIZINGA, 2012). A brincadeira é a base da pesquisa, do criar. Tratando-se especificamente de improviso, a regra, assim como no jogo, é o agente que ordena. Até mesmo quando brincamos de “faz de conta” existe regra, pois, se sou um peixe eu jamais vou me comportar como um policial, a regra é sub-feita através do consciente e inconsciente da criança ou adulto. Quando os adultos se dispõem a entrar no mundo da brincadeira é estabelecido um estado de liberdade, fora do cotidiano, opondo-se facilmente Durante o instante da cena, o intérprete não deve estar inteiramente só, senão o grupo se transformará em solos distintos, perdendo sua relação com a cena. Sem a escuta, tanto o produto quanto o processo, sofrem falhas em seu desenrolar e na sua fluência. Podendo se tornar somente um jogo individual, não sendo esteticamente um corpo que dança em um espetáculo de dança-jogo, como ocorria no início do processo. Para que a improvisação-jogo seja possível, é preciso uma disposição ao lúdico, um bocado de imaginação, pois sem ela a brincadeira não acontece plenamente. É preciso mergulhar neste mundo onde um pedaço de pano se transforma em uma capa de invisibilidade, em um vestido ou até mesmo em uma cabana. O improviso exige uma dedicação de atenções, escuta. Escutar é ter sempre no corpo um mapa, um mapa das percepções, explorando o movimento com um foco centralizado e integrando a vivência de cada um no instante do espetáculo.
  • 19. 19 a ideia de seriedade, entrando em um lugar onde não existe separação de quem é criança e quem é adulto. O importante é ser super-herói, mago, rainha, bruxa e até monstro. A criança no ato do brincar cria, para si, um mundo que se difere do mundo adulto. “A criança vive o poder mágico das imagens. Quem precisa estetizar o mundo somos nós, que decaímos desse poder mágico das imagens. Porque se a gente conta uma história de terror para uma criança, o medo que ela vive é real. Nós podemos até acordar esse medo em nós com uma história bem contada, mas o que a criança experimenta é inteiro. Por isso, ela vive o poder mágico das imagens, ela não decaiu. Quando a gente decai [...], a gente precisa da poesia, a gente precisa da filosofia, a gente precisa da arte para que a gente possa restaurar essa magia da imagem em nosso ser. Imagem como algo dinâmico e não fixo”. (PIORSKKY, 4; 2012)
  • 20. 20 CONSIDERAÇÕES FINAIS Perante as análises feitas percebe-se que todos os aspectos abordados se ligam. Afinal, a individualidade esta intrínseca no inconsciente e no consciente, que por sua vez dão dimensão para o estabelecimento de relações que é balanceada por influências internas e externas e todas as influências estimulam o ato de improvisar. No espetáculo “Não aperte o botão” trata-se do jogo como uma dança-improviso que mobiliza não só o sujeito dançante como àqueles que assistem e participam (estando na ação de cena ou não). Foi ressaltado aqui que as regras dos jogos/improvisações não fecham nenhum aspecto analisado. Pois como sentiu-se na prática, as regras direcionavam a ação, ou seja, focava em uma abordagem específica para que a partir dela nos desenvolvêssemos amplamente. Reitera-se que o estudo não é suficiente para analisar todos os aspectos presentes na improvisação-jogo-dança do espetáculo, principalmente quanto aos aspectos individuais de cada interprete.
  • 21. 21 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ASSIS, Monique; CORREIA, Adriana M. Entre o jogo estético e o impulso lúdico: Um ensaio de dança. Rio de Janeiro, 2005. BARROW, John D. The book of nothing. Londres: Vintage, 2001. BONDIA, Jorge Larrosa. Notas sobre a experiência e o saber de experiência. São Paulo. Revista Brasileira de Educação, 2002. GAIARSA, A. José . O que é Corpo?. 6ª Edição– Editora Brasiliense, 1994. São Paulo, SP. GIL, José. Movimento Total: o corpo e a dança. São Paulo. Iluminuras, 2004. GUERRERO, Mara Francischini. Formas de improviso. Universidade Federal da Bahia. Salvador-BA, 2007. HUIZINGA, Johan. Homo Ludens - O jogo como elemento da cultura. Editora Perspectiva, 7° edição. São Paulo-SP, 2012. KLISYS, Adriana. Quer Jogar? Edições SESC SP. São Paulo-SP, 2010. LAKOFF, G. e JOHNSON, M. 1999. Philosophy in the flesh: the embodied mind and its challenge to western thought. New York. Basic Books. LOBO, Leonora e NAVAS, Cassia. Teatro do Movimento: um método para um interprete criador. Brasilia: LGE Editora, 2003. MARQUES, Isabel. O lúdico na pratica pedagógica. NAVAS, C. e LOBO, L. Teatro do movimento: um método para o interprete criador. 2a edição. Brasilia: LGE, 2003 OSTROWER, Fayga. Criatividade e Processos de Criação. 27ª Edição – Editora Vozes, 2012. Petrópolis, RJ.
  • 22. 22 PIA, Maria. ‘O Tao do Corpo’. In: Cadernos de teatro, n.131 (4° triênio de 1992), 14- 18. QUITO, Cristiane Paoli. Improvisação, um olhar. III Forinho: o Brincar, a Improvisação, a Dança. São Paulo – SP, 2012. RENGEL, Lenira. Dicionário Laban. 2 ed. São Paulo: Annablume, 2005. SCHMIDT, Suzana. A ação cultural e a dimensão criadora. São Paulo, 2011. SERRA, S. M. A. Apostilas e anotações de aulas: curso de atualização em dinâmica do movimento expressivo. São Paulo, 1933. SPOLIN, Viola. O Jogo Teatral no Livro do Diretor. São Paulo: Perspectiva, 1999.