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ISSN: 2525-8761
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Brazilian Journal of Health Review, Curitiba, v. 4, n. 1, p. 791-805. jan./feb. 2021
Fibroadenoma versus Tumor Phyllodes: como diferenciá-los?
Fibroadenoma versus Tumor Phylodes: how to differentiate them?
DOI:10.34119/bjhrv4n1-069
Recebimento dos originais: 10/11/2020
Aceitação para publicação: 10/01/2021
Ismael Gomes da Rocha
Doutorando no Programa de Pós-Graduação em Bioquímica e Fisiologia
Universidade Federal de Pernambuco
Av. Prof. Moraes Rego, s/nº - Cidade Universitária
Recife, Pernambuco-Brasil
50.670-901
E-mail: ismaelroch@gmail.com
Vanessa Lino dos Santos Silva
Mestre pelo Programa de Pós-Graduação em Patologia
Universidade Federal de Pernambuco
Av. Prof. Moraes Rego, s/nº - Cidade Universitária
Recife, Pernambuco-Brasil
50.670-901
E-mail: vlinoss@gmail.com
Eduardo Isidoro Carneiro Beltrão
Pós-Doutor em Imunologia de Tumores
Departamento de Bioquímica, Centro de Biociências
Universidade Federal de Pernambuco
Av. Prof. Moraes Rego, s/nº - Cidade Universitária
Recife, Pernambuco-Brasil
50.670-901
E-mail: ebeltrao@hotmail.com
Carlos Daniel Passos Lobos
Doutorando no Programa de Pós-Graduação em Inovação Terapêutica
Universidade Federal de Pernambuco,
Av. Prof. Moraes Rego, s/nº - Cidade Universitária
Recife, Pernambuco-Brasil
50.670-901
E-mail: daniel.passos@hotmail.com
Jacinto Costa da Silva Neto
Pós Doutor pela McGill University
Departamento de Histologia e Embriologia, Centro de Biociências,
Universidade Federal de Pernambuco,
Av. Prof. Moraes Rego, s/nº - Cidade Universitária
Recife, Pernambuco-Brasil
50.670-901
E-mail: jacintocosta@hotmail.com
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RESUMO
Objetivo: Avaliar evidências científicas que explanem sobre os critérios diagnósticos que podem ser
utilizados para diferenciação entre Tumor Phyllodes e Fibroadenoma. Métodos: A revisão consistiu da
busca de artigos disponíveis nas principais bases de dados e foram adotadas as seguintes palavras-
chaves: “Fibroadenoma” e “Tumor Phyllodes”. Foram utilizados os seguintes critérios para a seleção:
estudos realizados no período de 2008 a 2018, que explanassem sobre as características para um
diagnóstico de diferenciação desses Tumores. Foram selecionados 15 artigos que contemplaram os
critérios. Resultados: Observou-se que vários estudos utilizaram a deposição de colágeno como um
possível marcador de diferenciação, bem como expressão de marcadores moleculares que auxiliam na
distinção e servem para observação da progressão da neoplasia. Os exames de imagens podem ser
utilizados, mas sofrem variáveis. Enquanto em nível citopatológico e histológico há muita problemática
diagnóstica porque os dois tumores têm características semelhantes. Conclusão: As evidências
analisadas para uma melhor diferenciação do Tumor Phyllodes e Fibroadenoma, se mostram
promissoras, principalmente a nível molecular. Por outro lado, a dificuldade de diferenciação cito e
histopatológica, muitas vezes nos exames de imagens, ainda continua presente nos diagnósticos.
Palavras-chave: Diagnóstico, Fibroadenoma, Tumor Phyllodes
ABSTRACT
Objective: To evaluate scientific evidence that explains the diagnoses that can be used to differentiate
between Tumor Phyllodes and Fibroadenoma. Methods: The review consisted of searching for articles
available in the main databases, and the following keywords were adopted: “Fibroadenoma” and
“Phyllodes Tumor”. The following selection criteria were used: studies carried out from 2008 to 2018,
which explained the characteristics for a diagnosis of differentiation of these Tumors. 15 articles were
selected that met the criteria. Results: It was observed that several studies used collagen deposition as
a possible marker of differentiation, as well as expression of molecular markers that help in the
distinction and serve to observe the progression of the neoplasm. Imaging exams can be used, but they
suffer from variables. While at the cytopathological and histological level there is a lot of diagnostic
problems because the two tumors have similar characteristics. Conclusion: The evidence analyzed for
better differentiation of Tumor Phyllodes and Fibroadenoma, show promise, especially at the molecular
level. On the other hand, the difficulty of differentiating between cytopathological and
histopathological and often in imaging tests is still present in diagnoses.
Keywords: Diagnosis, Fibroadenoma, Phyllodes Tumor.
1 INTRODUÇÃO
O câncer de mama é uma neoplasia que representa a principal causa de morte por câncer em
mulheres no Brasil, onde estimam-se que 66.280 casos novos de câncer de mama, para cada ano do
triênio 2020-2022. Esse valor corresponde a um risco estimado de 61,61 casos novos a cada 100 mil
mulheres¹. Dentre os tipos de tumores que acometem a mama, estão os Fibroadenoma e Tumor
Phyllodes (TP) que são caracterizados por serem lesões fibroepiteliais bifásicas, formadas por
componente epitelial e componente estromal².
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Os Fibroadenomas são tumores benignos mais comum na mama feminina, sem risco de
recorrência ou metástases, já o TP enquadra-se no espectro que varia de benigno, lesões limítrofes
(boderline) e malignos, com ocorrência de metástases à distância e ocasionalmente, podendo levar a
morte do paciente. Tanto o Fibroadenoma como o TP de modo geral são mais prevalentes em mulheres
em idade fértil, especialmente na faixa etária de 30-40 anos. Eles possuem uma epidemiologia que
difere entre os países, o TP soma cerca de 0,3 a 1% de todos os tumores primários da mama nos países
ocidentais e ocorre geralmente em mulheres de meia-idade, por volta de 40-50 anos. Nos países
asiáticos, o Tumor Phyllodes acomete mulheres mais jovens, com cerca de 25-30 anos³.
Como método de diagnóstico para essas e outras neoplasias mamárias, a Punção Aspirativa por
Agulha Fina (PAAF) é bastante utilizada para obtenção de material de análise citopatológica, por ser
bastante acessível tanto para a paciente como para o médico. Sua maior limitação é a elevada taxa de
variáveis sobre material insuficiente, que podem estar relacionadas desde a falta de
experiência/treinamento do examinador na hora da coleta, ou problemas de interpretação do
citopatologista⁴.
No caso da citologia do Fibroadenoma por intermédio da PAAF, evidencia-se proliferação
fibroepitelial com fragmentos epiteliais coesos, com alongamentos e pontes em forma ramificada.
Pode-se ver sobreposição nuclear, porém os núcleos são uniformes, com cromatina amoldável e
granular. Observa-se células mioepiteliais associadas, que segundo a literatura estão ligadas a um
padrão benigno5
.
Quando se trata de diagnóstico pela citologia apenas poucos autores mostram que pode ser feito
a diferenciação dos dois tumores por este método. Pois assim como o Fibroadenoma, o TP tem padrão
bifásico, epitelial e estromal, e a diferenciação pode ser feita através de conglomerados de estroma
mixóide hipercelulares ou de aspecto foliáceo e uma maior quantidade do componente estromal no TP
quando comparado com o epitelial. A figura 1 representa os componentes estromal e celular do
fibroadenoma.
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[C
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tu
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a
at
en
Figura 1. Fibroadenoma: o estroma apresenta-se fibroso com representação celular moderada, enquanto que os
agrupamentos de células ductais estão dispostos em planos ramificados sobrepostos por células mioepiteliais.
Considera-se também a consistência mais densa em número de fibroblastos no TP. Entretanto,
estes aspectos tornam-se dependentes da interpretação do citopatologista, por não haver padrão
quantitativo estipulado6
. No campo da histologia para o diagnóstico, o TP é análogo ao Fibroadenoma,
sendo constituídos por feixes epiteliais com dupla camada (epitelial e estromal) e proliferação estromal
com arquitetura lembrando folhas. A depender das alterações histológicas do componente estromal do
TP ele pode ser comparado a um Fibroadenoma ou a um Sarcoma. Algumas vezes a distinção entre
Fibroadenoma e Tumor Phyllodes é difícil por conta de características citológicas e histológicas
comuns a ambos, sendo o diagnóstico realizado na maioria das vezes pela peça cirúrgica7
. Aa figura 2,
representa um aspirado por agulha fina de Tumor Phyllodes.
Estas lesões apresentam caraterísticas clínicas, imagiológicas, citológicas e histológicas que se
podem sobrepor31
. Dado o diferente comportamento clínico e prognóstico associado a estas, e
consequentemente, diferentes abordagens terapêuticas, é muito importante o seu diagnóstico
diferencial30
.
Figura 2. Aspirado de agulha fina evidenciando proliferação de células fusiformes, alongadas, sem atipias significativas
de Tumor Phyllodes, dispostas em feixes multidirecionais. Estroma com hipercelularidade e raras células mioepiteliais (A).
A imagem em B, amplificação da imagem A (1000x), demonstrando a citologia branda da lesão de Tumor Phyllodes. HE.
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Entrelaçado a esta problemática da diferenciação destes tumores, somam-se fatores como os
exames de diagnósticos e o tratamento disponibilizado pelo Sistema Único de Saúde (SUS), o que
ocasiona demora, a qual associada a esta difícil diferenciação citológica e histológica destes dois tipos
de tumores mamários, resultando em diagnóstico tardio, podendo produzir consequências as pacientes,
tais como, ansiedade, depressão, evolução para um quadro de malignidade e em alguns casos,
metástases a distância8
.
Tendo em vista essas várias vertentes expostas, este trabalho realizou-se com o intuito de
adquirir uma visão mais clara de como é realizado o diagnóstico diferencial entre Fibroadenoma e
Tumor Phyllodes, bem como, destacar as caraterísticas diferenciais mais relevantes, além de abordar
outras metodologias estudadas, ainda não utilizadas no diagnóstico.
2 MATERIAL E MÉTODOS
Uma revisão sistemática que consistiu na busca retrospectiva de artigos científicos, a qual foi
realizada no período entre abril e maio de 2019. Durante este período, realizaram-se buscas de
diferentes estudos disponíveis nas bases de dados: Centro Latino-Americano e do Caribe de
Informação em Ciências da Saúde (BIREME), US National Library of Medicine National Institutes of
Health (PUBMED), Science Direct e Cochrane Library.
A busca foi realizada de modo independente pelos pesquisadores, utilizando-se das
terminologias cadastradas no vocabulário do DeCS - Descritores em Ciências da Saúde, para fins da
revisão foram adotadas as seguintes palavras-chaves: “Fibroadenoma” e “Phyllodes Tumor”,
utilizando de filtros para refinar a busca dos estudos para o diagnóstico.
A busca bibliográfica resultou em 2.046 artigos, como critérios foram selecionados estudos
realizados no período de 2008 a 2018 (disponíveis na íntegra em inglês ou português) que explanassem
sobre as características para um diagnóstico de diferenciação dos Tumores Phyllodes e Fibroadenoma.
Após consulta das bases de dados e a aplicação de estratégias de buscas, foram identificados 67
artigos em duplicidade nas bases. Os títulos e resumos foram lidos para determinar a elegibilidade
conforme os critérios pré-estabelecidos, sendo suprimidos os que versassem sobre outra problemática;
revisões literárias; estudos publicados em outras línguas/ou que não estavam disponíveis em sua
totalidade.
Um resumo de cada etapa do processo de seleção dos artigos que compuseram esta revisão
sistemática foram organizados segundo o Fluxograma na Figura 3.
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Figura 3. Fluxograma da seleção dos artigos para a revisão sistemática.
3 RESULTADOS
Observou-se que alguns estudos utilizaram a deposição de colágeno como um possível
marcador de diferenciação, bem como expressão de marcadores moleculares que auxiliam na distinção
e servem para observação da progressão da neoplasia. Os exames de imagens podem ser utilizados,
mas sofrem algumas variáveis. Na imunohistoquímica, estudos foram feitos de forma a avaliar a
utilidade de alguns marcadores no diagnóstico diferencial destas entidades, sendo que não foi
encontrado nenhum marcador que realmente permita realizar um diagnóstico diferencial em todos os
Artigos identificados a partir das buscas nas bases de dados:
BIREME: 562; COCHRANE LIBRARY: 04; PUBMED:
492.; SCIENCE DIRECT: 988.
(n= 2.046)
Utilização de filtros para selecionar:
:
BIREME (Filtros: Textos na íntegra; Tumor
Filoide. Fibroadenoma; Diagnóstico. Prognóstico;
Feminino;
2008 a 2018).
COCHRANE (Filtros: Textos na íntegra; 2008 a
2018).
PUBMED (Filtros: Textos na íntegra; humanos;
10 anos).
SCIENCE DIRECT (Filtros: Artigos de
Pesquisa; 2008 a 2018).
BIREME: 62; COCHRANE LIBRARY: 04; PUBMED: 50;
SCIENCE DIRECT: 227.
(n= 343)
Removidos os artigos em
duplicata:n= 67
Artigos elegíveis após leitura dos resumos:
BIREME = 08
COCHRANE = 0
PUBMED = 07
SCIENCE = 0
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casos33
. Enquanto em nível citopatológico e histológico há muita problemática diagnóstica porque os dois tumores têm características semelhantes
e algumas se sobrepõe. No quadro 1, estão relacionados os artigos selecionados e suas análises na diferenciação do TF e fibroadenoma.
Quadro 1: Artigos selecionados na pesquisa.
Referências, ano. Título Local Análise da Diferenciação do Tumor Filoide e
Fibroadenoma.
HUANG KT. et al., 201010
DNA Methylation Profiling of Phyllodes and
Fibroadenoma Tumours of the Breast Sidney
A forte metilação dos genes RASSF1A e
TWIST1 podem ser úteis clinicamente para
distinguir os TP de Fibroadenomas.
GATTA G. et al., 201011
Differential Diagnosis Between Fi
broadenoma, Giant Fibroadenoma and
Phyllodes Tumour: Sonographic Features
and Core Needle Biopsy
Itália
Os achados radiográficos da ultrassonografia e
mamografia para distinguir os dois tumores não
são suficientes.
IMAD A. EL HAG. Et al., 201012
Cytological Clues in the Distinction Between
Phyllodes Tumor and Fibroadenoma Arábia Saudita
Não houve diferença significativa quanto as
características epiteliais entre TP e
Fibroadenomas. A presença de número apreciável
de células fusiformes de natureza fibroblástica
entre as dispersas populações de células,
pavimentos fibroblásticos e núcleos de fusos no
estroma fibromixóide foi diagnóstico de TP e teve
uma sensibilidade de 100% com boa
reprodutibilidade. A aspiração por agulha não só
foi confiável no diagnóstico de TP, mas também
pôde prever o grau de TP de forma confiável.
ADAMIETZ BR. et al., 201113
Differentiation Between Phyllodes Tumor
and Fibroadenoma Using Real-Time
Elastography.
Alemanha
No grupo do estudo, os TP apresentaram
características que possam vim a ver utilizadas
como diferenciação para o Fibroadenoma pela
Elastografia.
MAITY PP. et al., 201314
Finding an Optimum Immuno-histochemical
Feature Set to Distinguish Benign Phyllodes
from Fibroadenoma Índia
Uso de colágeno e de CD105 no painel
imunohistoquímico ajudam na distinção do TP e
Fibroadenoma, com aumento de deposição do
colágeno nos casos de TP maligno.
KAMITANI T. et al., 201415
Differentiation Between Benign Phyllodes
Tumors and Fibroadenomas of the Breast on
MR Imaging. Japão
A presença de um componente cístico, forte
lobulação e heterogeneidade em T1WI com
contraste de fase retardada sugere TP, embora TP
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e Fibroadenoma possam produzir achados
semelhantes de RM.
SYAIR S. et al., 201416
Significant Histologic Features
Differentiating Cellular Fibroadenoma from
Phyllodes Tumor on Core Needle Biopsy
Specimens.
Estados Unidos
O achado de atividade mitótica proeminente é, por
si só, adequado para favorecer diagnóstico de TP
sobre Fibroadenoma. Por outro lado, se não houver
atividade mitótica estromal, a constelação de
outras (pelo menos três) características
histológicas (supercrescimento estromal,
celularidade estromal aumentada, fragmentação
estromal, infiltração em gordura, heterogeneidade
estromal, condensação estromal subepitelial e
pleomorfismo nuclear estromal) em um espécime
da biópsia com agulha são mais preditivos do TP
que do Fibroadenoma.
VILELA MHT. et al., 201417
Ki-67, CD10, CD34, p53, CD117, and Mast
Cells in Differential Diagnosis of Cellular
Fibroadenomas and in the Classification of
Phyllodes Tumors
Brasil
O aumento da expressão estromal
de Ki-67, CD10 e p53 e diminuição da expressão
de CD34 foi significativo na classificação do TP
benigno. Além disso, foi observado que a
expressão epitelial do CD117 foi estaticamente
significativo correlacionado com o número de
mastócitos na diferenciação de TP e
Fibroadenoma.
WIRATKAPUN C. et al., 201418
Fibroadenoma versus Phyllodes Tumor:
Distinguishing Factors in
Patients Diagnosed with Fibroepithelial
Lesions After a Core Needle Biopsy
Turquia
Após a análise de fatores para diferenciar TP e
Fibroadenoma, incluindo idade, sintomatologia,
além de achados radiográficos e histológico em
pacientes com diagnóstico histológico de lesão
fibroepitelial. Concluiu-se que não há 100% de
certeza, devendo ser necessário a discussão da
equipe profissional para decisão da melhor
conduta.
LAWTON TJ. et al., 201419
Interobserver Variability by Pathologists in
the Distinction Between Cellular
Fibroadenomas and Phyllodes Tumors
Estados Unidos
Na maioria das vezes o diagnóstico é fácil e rápido,
porém nos casos de discordância, deve-se
diagnosticar como lesão fibroepitelial e discutir
com família e cirurgião, visto que o tratamento dos
dois é diferente.
MISHIMA C. et al., 201520
Mutational Analysis of MED12 in
Fibroadenomas and Phyllodes Tumors of the
Japão
A frequência de tumores mutantes MED12 é
significativamente maior em TP do que em
Fibroadenoma, sugerindo que a mutação MED12
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Breast by Means of Targeted Next-generation
Sequencing
está implicada na patogênese de ambos e que uma
determinada percentagem de Fibroadenoma com a
mutação MED12 pode progredir para TP.
JIN TAN W. et al., 201521
Second Harmonic Generation Microscopy is
a Novel Technique for Differential Diagnosis
of Breast Fibroepithelial Lesions
Singapura
Microscópio de Segunda Geração Harmônica foi
desenvolvido e pode ajudar na diferenciação entre
TP e Fibroadenoma, pela mensuração da
quantidade de colágeno. Segundo os testes
realizados, o Fibroadenoma possui uma maior
quantidade que o Tumor Phyllodes.
WAI JIN TAN. Et al.,2016 32
A five-gene reverse transcription-PCR assay
for pre-operative classification of breast
fibroepithelial lesions
Singapura
desenvolveram um teste molecular utilizando um
conjunto de transcritos de cinco genes (ABCA8,
APOD, CCL19, FN1 e PRAME), de modo a
auxiliar no diagnóstico diferencial entre
fibroadenomas e tumores filoides.
YIHONG WANG MD. et al.,
201622
Collagen Type III Alpha1 as a Useful
Diagnostic Immunohistochemical Marker
for Fibroepithelial Lesions of the Breast
Japão
Existe um acúmulo do colágeno periductal nos TP
que não se mostra no Fibroadenoma, sugerindo o
Col3A como um potencial marcador adjunto tanto
para diferenciar Fibroadenoma como TP e avaliar
potencial maligno em TP.
MARITZ RM; MICHELOW P.,
201723
Cytological Criteria to Distinguish
Phyllodes Tumour of the Breast from
Fibroadenoma
África do Sul
Os Fibroadenomas têm um maior número de
fragmentos epiteliais, menor número de
fragmentos estromais e menor relação estromal-
epitelial quando comparado ao TP. O estroma
tende a ser menos celular e menos atípico e a
população celular de fundo contém menos células
fusiformes quando comparado ao TP.
Apesar dos mais variados estudos, isto é, empregando técnicas diferentes, o consenso para cada tipo de achado, é que necessita de mais
pesquisas e meta-análises visando validar estatisticamente o que pode ser realmente os fatores diferenciadores do TP e Fibroadenoma. Abaixo no
quadro 2, encontram-se as principais características diferenciadoras entre TP e Fibroadenomas em consonância com o estudo realizado.
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Quadro 2: Características diferenciadoras do Tumor Phyllodes em relação ao Fibroadenoma.
Característica/Tumor Tumor Phyllodes Fibroadenoma
Características Clínicas Arredondados ou lobulados,
circunscritos e formam massas
móveis.
Arredondados ou lobulados,
circunscritos e formam massas
móveis.
Remoção cirúrgica Necessária Não
Ressonância Magnética RM-Componente cístico e
lobulação mais frequente. Mais
heterogêneos T1W1 sob contraste.
RM-Componente cístico e
lobulação menos frequente.
Mais heterogêneos T1W1 sob
contraste.
Ultrassonografia e
mamografia
Sem características de
diferenciação
Sem características de
diferenciação
Elastografia “Sinal de anel” “Sinal de anel” pouco frequente
Citologia Mais fragmentos estromais
Estroma mais denso e atípico
Menos fragmentos epiteliais
Maior relação estroma/epitelial
Menos fragmentos estromais
Estroma menos denso e normal
Mais fragmentos epiteliais
Menor relação estroma/epitelial
Imunohistoquímica Mais atividade mitótica
CD105, colágeno
Menos atividade mitótica
Baixa reatividade
Molecular Níveis maiores de metilação nos
genes RASSF1A
Metilação do gene TWIST1 (TP
limítrofe e maligno)
Maior mutação do gene MED12
Expressão Estromal de:
Ki-67 aumentada
P53 aumentada
CD34 diminuída
CD10 aumentada
CD117 (maior expressão)
Níveis menores de metilação nos
genes RASSF1A
Ausente
Menor mutação do gene MED12
Expressão Estromal de:
Ki-67 diminuída
P53 diminuída
CD34 aumentada
CD10 diminuída
CD117 (menor expressão)
4 DISCUSSÃO
Tumores Phyllodes e Fibroadenomas possuem muitas características clínicas e histológicas
comuns. Ambos arredondados ou lobulados, circunscritos, massas móveis e compostos de um elemento
epitelial cercado de quantidades variáveis estromais25
.
No entanto os TP tendem a ter um crescimento mais rápido e recidivar quando a excisão é
incompleta. Além disso, os TP limítrofes e malignos podem promover metástase24
. Já os
Fibroadenomas não precisam ser removidos e quando necessário, a enucleação é suficiente25
. Por
razões comportamentais quanto a sua evolução é importante um diagnóstico preciso visando à conduta
necessária em cada situação.
Na busca de meios para diferenciar os TP do Fibroadenoma, Kamitani et al.15
realizaram uma
pesquisa no Japão analisando achados na ressonância magnética em busca de solução para otimizar o
diagnóstico destes tumores e perceberam a presença de componentes císticos como achados
característicos em uma maior frequência (63%) em grupos de TP não excluindo a presença dos mesmos
em um pequeno percentual (24%) de Fibroadenomas, assim como também os TP apresentaram uma
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forte lobulação (74%) quando comparados aos Fibroadenomas (39%). Sendo em fase tardia do T1WI,
sob contraste, os TP, se mostraram mais heterogêneo (69%) que os Fibroadenomas (41%).
Corroborando com o estudo anterior, Gatta et al11
, utilizou imagens de ultrassonografia e
mamografia visando identificar diferenças marcantes entre os dois tumores e concluiu que apesar da
presença de características sugestivas dos dois tipos histológicos, a acurácia diagnóstica é limitada em
ambos exames, não permitindo discriminação entre o TP e o Fibroadenoma.
Ainda na tentativa de diferenciar as duas entidades através de exames de imagem, Adamietiz et
al13
, fizeram uso da Elastografia, método pelo qual se detecta por pressão a formação dos nódulos, duro
ou mole. No estudo eles observaram que os pacientes com TP apresentaram em todas as lesões uma
margem inelástica- chamado “sinal de anel”, e havia uma relação de maior largura de anel em TP
maligno, mas essa percepção foi limitada por haver apenas dois casos de TP maligno no estudo
referido.
Cates et al23
, em seu estudo realizado na África do Sul verificou através da análise de material
aspirado por agulha fina, que os Fibroadenomas têm um maior número de fragmentos epiteliais, menor
número de fragmentos estromais e menor relação estromal-epitelial quando comparado ao TP. Yasir
et al16
concluíram que o achado de maior atividade mitótica por exame imunohistoquímico seria
suficiente e por si só, adequado para favorecer diagnóstico de TP sobre Fibroadenoma.
Dois trabalhos fazem referência sobre a presença de colágeno em ambos tumores. Yihong et
al22
, mostrou que existe um acúmulo do colágeno periductal nos TP o qual não foi observado no
Fibroadenoma. Jin et al21
, concluiu através de análise microscópica que o Fibroadenoma possui uma
maior quantidade de colágeno em relação ao TP.
Maity et al14
, utilizando imunohistoquímica, estudou as expressões de p63 e -SMA em células
mioepiteliais e colágeno I, III e CD105 no estroma de tumores. Nesse estudo foi observado que as
deposições aumentadas de colágeno aumentaram satisfatoriamente a rigidez da matriz em TP
contribuindo para sua potencialidade maligna como demonstrado pelo aumento significativo de
vasculatura tumorigênica e depleção em expressões p63 e -SMA em células mioepiteliais.
Ambas as patologias apresentam um padrão bifásico com componentes epiteliais e estromais12
,
porém, as principais diferenças citológicas assentam essencialmente no estroma. No entanto, as
caraterísticas citológicas, por ser sobreponíveis, podem não ser suficientes para diferenciar um
fibroadenoma de um tumor filóide. As limitações da PAAF18
, a subjetividade dos patologistas durante
o diagnóstico citológico e a limitação da amostra, apenas permite obter e avaliar uma pequena porção
de lesão, no qual irá levar à necessidade de recorrer à avaliação destas lesões, através da core biopsy e
dos estudos moleculares19
.
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Com o avanço tecnológico, a utilização da biologia molecular como forma de diagnóstico,
tornou-se mais usual e por vezes uma importante forma de especificidade diagnóstica. Pensando nisso,
Huang e et. al10
, utilizaram um perfil de promotores para observar a metilação do DNA dos TP e
Fibroadenoma. Neste estudo eles notaram que os genes RASSF1A e TWIST1, podem ser utilizados na
diferenciação entre TP e Fibroadenoma. O RASSF1A apresenta níveis maiores de metilação no TP do
que no Fibroadenoma e a metilação do gene TWIST1 só foi encontrado no TP. Não houve correlação
significativa do nível de metilação do RASSF1A e malignidade do TP, já o TWIST1 apresentou maior
metilação em TP limítrofes e maligno e nenhuma metilação em TP benigno e Fibroadenoma, fazendo
com o que possa ser utilizado posteriormente como indicador de progressão do TP.
Ainda em nível molecular, Vilela et al17
, utilizando imunohistoquimica, observaram que a
expressão estromal de Ki-67, CD10, CD34, p53 e CD117 foi relevante para a classificação de TP
benigno, onde os três primeiros mostraram significância na distinção de TP benigno e limítrofe, assim
como TP benigno e maligno. O p53 foi relevante apenas para a discriminação entre TP benigno e
maligno. Nenhum dos marcadores mostrou significância distinção entre TP limítrofe e maligno. Além
disso, foi observado que a expressão epitelial do CD117 foi estaticamente significativo correlacionado
com o número de mastócitos na diferenciação de TP e Fibroadenoma, onde o CD117 tem maior
imunorreatividade no Fibroadenoma.
No estudo de Mishima et al.20
foi observado a mutação do MED12 e se havia diferenciação
entre TP e Fibroadenoma. Foram analisados 58 tumores de Fibroadenoma e 27 TP, eles demonstraram
mediante o estudo que a frequência de mutação do MED12 foi significantemente maior no TP do que
no Fibroadenoma. Em ambos os tumores a patogênese está ligada a esta mutação, mas nos
Fibroadenomas com a mutação do MED12 existe uma probabilidade destes progredirem para TP.
Tal et al.32
desenvolveram um teste molecular prático que utiliza um conjunto de transcritos de
cinco genes (ABCA8, APOD, CCL19, FN1 e PRAME), de modo a auxiliar no diagnóstico diferencial
entre fibroadenomas e TP, em amostras de tecido incluídas em parafina e fixadas em formol. Esta
pesquisa classificou com precisão 92,6% das lesões fibroepiteliais em 230 biópsias pré-operatórias
como fibroadenomas ou TP e apresentou sensibilidade de 82,9% e especificidade de 94,7%, podendo
futuramente ser utilizado como mais uma ferramenta na diferenciação desses tumores.
5 CONCLUSÃO
As evidências científicas analisadas sobre as diferentes formas utilizadas para uma melhor
diferenciação dos tumores mamários: Tumor Phyllodes e Fibroadenoma se mostram promissoras nas
áreas correlacionadas, principalmente a nível molecular, podendo ser utilizados como informações
úteis sobre a progressão da doença e melhorar o prognóstico do paciente. Por outro lado, os estudos
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ainda trazem a problemática da dificuldade de diferenciação citopatológica e muitas vezes nos exames
de imagens, sendo estes dependentes de fatores como acurácia e experiência profissional, evitando
erros na execução das análises. Além se propor uma ampliação de mais parâmetros diagnósticos,
principalmente os moleculares.
AGRADECIMENTOS
O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível
Superior – Brasil (CAPES) e do Laboratório de Pesquisas Citológicas e Moleculares (LPCM – UFPE).
REFERÊNCIAS
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  • 1. Brazilian Journal Health Review ISSN: 2525-8761 791 Brazilian Journal of Health Review, Curitiba, v. 4, n. 1, p. 791-805. jan./feb. 2021 Fibroadenoma versus Tumor Phyllodes: como diferenciá-los? Fibroadenoma versus Tumor Phylodes: how to differentiate them? DOI:10.34119/bjhrv4n1-069 Recebimento dos originais: 10/11/2020 Aceitação para publicação: 10/01/2021 Ismael Gomes da Rocha Doutorando no Programa de Pós-Graduação em Bioquímica e Fisiologia Universidade Federal de Pernambuco Av. Prof. Moraes Rego, s/nº - Cidade Universitária Recife, Pernambuco-Brasil 50.670-901 E-mail: ismaelroch@gmail.com Vanessa Lino dos Santos Silva Mestre pelo Programa de Pós-Graduação em Patologia Universidade Federal de Pernambuco Av. Prof. Moraes Rego, s/nº - Cidade Universitária Recife, Pernambuco-Brasil 50.670-901 E-mail: vlinoss@gmail.com Eduardo Isidoro Carneiro Beltrão Pós-Doutor em Imunologia de Tumores Departamento de Bioquímica, Centro de Biociências Universidade Federal de Pernambuco Av. Prof. Moraes Rego, s/nº - Cidade Universitária Recife, Pernambuco-Brasil 50.670-901 E-mail: ebeltrao@hotmail.com Carlos Daniel Passos Lobos Doutorando no Programa de Pós-Graduação em Inovação Terapêutica Universidade Federal de Pernambuco, Av. Prof. Moraes Rego, s/nº - Cidade Universitária Recife, Pernambuco-Brasil 50.670-901 E-mail: daniel.passos@hotmail.com Jacinto Costa da Silva Neto Pós Doutor pela McGill University Departamento de Histologia e Embriologia, Centro de Biociências, Universidade Federal de Pernambuco, Av. Prof. Moraes Rego, s/nº - Cidade Universitária Recife, Pernambuco-Brasil 50.670-901 E-mail: jacintocosta@hotmail.com
  • 2. Brazilian Journal Health Review ISSN: 2525-8761 792 Brazilian Journal of Health Review, Curitiba, v. 4, n. 1, p. 791-805. jan./feb. 2021 RESUMO Objetivo: Avaliar evidências científicas que explanem sobre os critérios diagnósticos que podem ser utilizados para diferenciação entre Tumor Phyllodes e Fibroadenoma. Métodos: A revisão consistiu da busca de artigos disponíveis nas principais bases de dados e foram adotadas as seguintes palavras- chaves: “Fibroadenoma” e “Tumor Phyllodes”. Foram utilizados os seguintes critérios para a seleção: estudos realizados no período de 2008 a 2018, que explanassem sobre as características para um diagnóstico de diferenciação desses Tumores. Foram selecionados 15 artigos que contemplaram os critérios. Resultados: Observou-se que vários estudos utilizaram a deposição de colágeno como um possível marcador de diferenciação, bem como expressão de marcadores moleculares que auxiliam na distinção e servem para observação da progressão da neoplasia. Os exames de imagens podem ser utilizados, mas sofrem variáveis. Enquanto em nível citopatológico e histológico há muita problemática diagnóstica porque os dois tumores têm características semelhantes. Conclusão: As evidências analisadas para uma melhor diferenciação do Tumor Phyllodes e Fibroadenoma, se mostram promissoras, principalmente a nível molecular. Por outro lado, a dificuldade de diferenciação cito e histopatológica, muitas vezes nos exames de imagens, ainda continua presente nos diagnósticos. Palavras-chave: Diagnóstico, Fibroadenoma, Tumor Phyllodes ABSTRACT Objective: To evaluate scientific evidence that explains the diagnoses that can be used to differentiate between Tumor Phyllodes and Fibroadenoma. Methods: The review consisted of searching for articles available in the main databases, and the following keywords were adopted: “Fibroadenoma” and “Phyllodes Tumor”. The following selection criteria were used: studies carried out from 2008 to 2018, which explained the characteristics for a diagnosis of differentiation of these Tumors. 15 articles were selected that met the criteria. Results: It was observed that several studies used collagen deposition as a possible marker of differentiation, as well as expression of molecular markers that help in the distinction and serve to observe the progression of the neoplasm. Imaging exams can be used, but they suffer from variables. While at the cytopathological and histological level there is a lot of diagnostic problems because the two tumors have similar characteristics. Conclusion: The evidence analyzed for better differentiation of Tumor Phyllodes and Fibroadenoma, show promise, especially at the molecular level. On the other hand, the difficulty of differentiating between cytopathological and histopathological and often in imaging tests is still present in diagnoses. Keywords: Diagnosis, Fibroadenoma, Phyllodes Tumor. 1 INTRODUÇÃO O câncer de mama é uma neoplasia que representa a principal causa de morte por câncer em mulheres no Brasil, onde estimam-se que 66.280 casos novos de câncer de mama, para cada ano do triênio 2020-2022. Esse valor corresponde a um risco estimado de 61,61 casos novos a cada 100 mil mulheres¹. Dentre os tipos de tumores que acometem a mama, estão os Fibroadenoma e Tumor Phyllodes (TP) que são caracterizados por serem lesões fibroepiteliais bifásicas, formadas por componente epitelial e componente estromal².
  • 3. Brazilian Journal Health Review ISSN: 2525-8761 793 Brazilian Journal of Health Review, Curitiba, v. 4, n. 1, p. 791-805. jan./feb. 2021 Os Fibroadenomas são tumores benignos mais comum na mama feminina, sem risco de recorrência ou metástases, já o TP enquadra-se no espectro que varia de benigno, lesões limítrofes (boderline) e malignos, com ocorrência de metástases à distância e ocasionalmente, podendo levar a morte do paciente. Tanto o Fibroadenoma como o TP de modo geral são mais prevalentes em mulheres em idade fértil, especialmente na faixa etária de 30-40 anos. Eles possuem uma epidemiologia que difere entre os países, o TP soma cerca de 0,3 a 1% de todos os tumores primários da mama nos países ocidentais e ocorre geralmente em mulheres de meia-idade, por volta de 40-50 anos. Nos países asiáticos, o Tumor Phyllodes acomete mulheres mais jovens, com cerca de 25-30 anos³. Como método de diagnóstico para essas e outras neoplasias mamárias, a Punção Aspirativa por Agulha Fina (PAAF) é bastante utilizada para obtenção de material de análise citopatológica, por ser bastante acessível tanto para a paciente como para o médico. Sua maior limitação é a elevada taxa de variáveis sobre material insuficiente, que podem estar relacionadas desde a falta de experiência/treinamento do examinador na hora da coleta, ou problemas de interpretação do citopatologista⁴. No caso da citologia do Fibroadenoma por intermédio da PAAF, evidencia-se proliferação fibroepitelial com fragmentos epiteliais coesos, com alongamentos e pontes em forma ramificada. Pode-se ver sobreposição nuclear, porém os núcleos são uniformes, com cromatina amoldável e granular. Observa-se células mioepiteliais associadas, que segundo a literatura estão ligadas a um padrão benigno5 . Quando se trata de diagnóstico pela citologia apenas poucos autores mostram que pode ser feito a diferenciação dos dois tumores por este método. Pois assim como o Fibroadenoma, o TP tem padrão bifásico, epitelial e estromal, e a diferenciação pode ser feita através de conglomerados de estroma mixóide hipercelulares ou de aspecto foliáceo e uma maior quantidade do componente estromal no TP quando comparado com o epitelial. A figura 1 representa os componentes estromal e celular do fibroadenoma.
  • 4. Brazilian Journal Health Review ISSN: 2525-8761 794 Brazilian Journal of Health Review, Curitiba, v. 4, n. 1, p. 791-805. jan./feb. 2021 [C ap tu re a at en Figura 1. Fibroadenoma: o estroma apresenta-se fibroso com representação celular moderada, enquanto que os agrupamentos de células ductais estão dispostos em planos ramificados sobrepostos por células mioepiteliais. Considera-se também a consistência mais densa em número de fibroblastos no TP. Entretanto, estes aspectos tornam-se dependentes da interpretação do citopatologista, por não haver padrão quantitativo estipulado6 . No campo da histologia para o diagnóstico, o TP é análogo ao Fibroadenoma, sendo constituídos por feixes epiteliais com dupla camada (epitelial e estromal) e proliferação estromal com arquitetura lembrando folhas. A depender das alterações histológicas do componente estromal do TP ele pode ser comparado a um Fibroadenoma ou a um Sarcoma. Algumas vezes a distinção entre Fibroadenoma e Tumor Phyllodes é difícil por conta de características citológicas e histológicas comuns a ambos, sendo o diagnóstico realizado na maioria das vezes pela peça cirúrgica7 . Aa figura 2, representa um aspirado por agulha fina de Tumor Phyllodes. Estas lesões apresentam caraterísticas clínicas, imagiológicas, citológicas e histológicas que se podem sobrepor31 . Dado o diferente comportamento clínico e prognóstico associado a estas, e consequentemente, diferentes abordagens terapêuticas, é muito importante o seu diagnóstico diferencial30 . Figura 2. Aspirado de agulha fina evidenciando proliferação de células fusiformes, alongadas, sem atipias significativas de Tumor Phyllodes, dispostas em feixes multidirecionais. Estroma com hipercelularidade e raras células mioepiteliais (A). A imagem em B, amplificação da imagem A (1000x), demonstrando a citologia branda da lesão de Tumor Phyllodes. HE.
  • 5. Brazilian Journal Health Review ISSN: 2525-8761 795 Brazilian Journal of Health Review, Curitiba, v. 4, n. 1, p. 791-805. jan./feb. 2021 Entrelaçado a esta problemática da diferenciação destes tumores, somam-se fatores como os exames de diagnósticos e o tratamento disponibilizado pelo Sistema Único de Saúde (SUS), o que ocasiona demora, a qual associada a esta difícil diferenciação citológica e histológica destes dois tipos de tumores mamários, resultando em diagnóstico tardio, podendo produzir consequências as pacientes, tais como, ansiedade, depressão, evolução para um quadro de malignidade e em alguns casos, metástases a distância8 . Tendo em vista essas várias vertentes expostas, este trabalho realizou-se com o intuito de adquirir uma visão mais clara de como é realizado o diagnóstico diferencial entre Fibroadenoma e Tumor Phyllodes, bem como, destacar as caraterísticas diferenciais mais relevantes, além de abordar outras metodologias estudadas, ainda não utilizadas no diagnóstico. 2 MATERIAL E MÉTODOS Uma revisão sistemática que consistiu na busca retrospectiva de artigos científicos, a qual foi realizada no período entre abril e maio de 2019. Durante este período, realizaram-se buscas de diferentes estudos disponíveis nas bases de dados: Centro Latino-Americano e do Caribe de Informação em Ciências da Saúde (BIREME), US National Library of Medicine National Institutes of Health (PUBMED), Science Direct e Cochrane Library. A busca foi realizada de modo independente pelos pesquisadores, utilizando-se das terminologias cadastradas no vocabulário do DeCS - Descritores em Ciências da Saúde, para fins da revisão foram adotadas as seguintes palavras-chaves: “Fibroadenoma” e “Phyllodes Tumor”, utilizando de filtros para refinar a busca dos estudos para o diagnóstico. A busca bibliográfica resultou em 2.046 artigos, como critérios foram selecionados estudos realizados no período de 2008 a 2018 (disponíveis na íntegra em inglês ou português) que explanassem sobre as características para um diagnóstico de diferenciação dos Tumores Phyllodes e Fibroadenoma. Após consulta das bases de dados e a aplicação de estratégias de buscas, foram identificados 67 artigos em duplicidade nas bases. Os títulos e resumos foram lidos para determinar a elegibilidade conforme os critérios pré-estabelecidos, sendo suprimidos os que versassem sobre outra problemática; revisões literárias; estudos publicados em outras línguas/ou que não estavam disponíveis em sua totalidade. Um resumo de cada etapa do processo de seleção dos artigos que compuseram esta revisão sistemática foram organizados segundo o Fluxograma na Figura 3.
  • 6. Brazilian Journal Health Review ISSN: 2525-8761 796 Brazilian Journal of Health Review, Curitiba, v. 4, n. 1, p. 791-805. jan./feb. 2021 Figura 3. Fluxograma da seleção dos artigos para a revisão sistemática. 3 RESULTADOS Observou-se que alguns estudos utilizaram a deposição de colágeno como um possível marcador de diferenciação, bem como expressão de marcadores moleculares que auxiliam na distinção e servem para observação da progressão da neoplasia. Os exames de imagens podem ser utilizados, mas sofrem algumas variáveis. Na imunohistoquímica, estudos foram feitos de forma a avaliar a utilidade de alguns marcadores no diagnóstico diferencial destas entidades, sendo que não foi encontrado nenhum marcador que realmente permita realizar um diagnóstico diferencial em todos os Artigos identificados a partir das buscas nas bases de dados: BIREME: 562; COCHRANE LIBRARY: 04; PUBMED: 492.; SCIENCE DIRECT: 988. (n= 2.046) Utilização de filtros para selecionar: : BIREME (Filtros: Textos na íntegra; Tumor Filoide. Fibroadenoma; Diagnóstico. Prognóstico; Feminino; 2008 a 2018). COCHRANE (Filtros: Textos na íntegra; 2008 a 2018). PUBMED (Filtros: Textos na íntegra; humanos; 10 anos). SCIENCE DIRECT (Filtros: Artigos de Pesquisa; 2008 a 2018). BIREME: 62; COCHRANE LIBRARY: 04; PUBMED: 50; SCIENCE DIRECT: 227. (n= 343) Removidos os artigos em duplicata:n= 67 Artigos elegíveis após leitura dos resumos: BIREME = 08 COCHRANE = 0 PUBMED = 07 SCIENCE = 0
  • 7. Brazilian Journal Health Review ISSN: 2525-8761 797 Brazilian Journal of Health Review, Curitiba, v. 4, n. 1, p. 791-805. jan./feb. 2021 casos33 . Enquanto em nível citopatológico e histológico há muita problemática diagnóstica porque os dois tumores têm características semelhantes e algumas se sobrepõe. No quadro 1, estão relacionados os artigos selecionados e suas análises na diferenciação do TF e fibroadenoma. Quadro 1: Artigos selecionados na pesquisa. Referências, ano. Título Local Análise da Diferenciação do Tumor Filoide e Fibroadenoma. HUANG KT. et al., 201010 DNA Methylation Profiling of Phyllodes and Fibroadenoma Tumours of the Breast Sidney A forte metilação dos genes RASSF1A e TWIST1 podem ser úteis clinicamente para distinguir os TP de Fibroadenomas. GATTA G. et al., 201011 Differential Diagnosis Between Fi broadenoma, Giant Fibroadenoma and Phyllodes Tumour: Sonographic Features and Core Needle Biopsy Itália Os achados radiográficos da ultrassonografia e mamografia para distinguir os dois tumores não são suficientes. IMAD A. EL HAG. Et al., 201012 Cytological Clues in the Distinction Between Phyllodes Tumor and Fibroadenoma Arábia Saudita Não houve diferença significativa quanto as características epiteliais entre TP e Fibroadenomas. A presença de número apreciável de células fusiformes de natureza fibroblástica entre as dispersas populações de células, pavimentos fibroblásticos e núcleos de fusos no estroma fibromixóide foi diagnóstico de TP e teve uma sensibilidade de 100% com boa reprodutibilidade. A aspiração por agulha não só foi confiável no diagnóstico de TP, mas também pôde prever o grau de TP de forma confiável. ADAMIETZ BR. et al., 201113 Differentiation Between Phyllodes Tumor and Fibroadenoma Using Real-Time Elastography. Alemanha No grupo do estudo, os TP apresentaram características que possam vim a ver utilizadas como diferenciação para o Fibroadenoma pela Elastografia. MAITY PP. et al., 201314 Finding an Optimum Immuno-histochemical Feature Set to Distinguish Benign Phyllodes from Fibroadenoma Índia Uso de colágeno e de CD105 no painel imunohistoquímico ajudam na distinção do TP e Fibroadenoma, com aumento de deposição do colágeno nos casos de TP maligno. KAMITANI T. et al., 201415 Differentiation Between Benign Phyllodes Tumors and Fibroadenomas of the Breast on MR Imaging. Japão A presença de um componente cístico, forte lobulação e heterogeneidade em T1WI com contraste de fase retardada sugere TP, embora TP
  • 8. Brazilian Journal Health Review ISSN: 2525-8761 798 Brazilian Journal of Health Review, Curitiba, v. 4, n. 1, p. 791-805. jan./feb. 2021 e Fibroadenoma possam produzir achados semelhantes de RM. SYAIR S. et al., 201416 Significant Histologic Features Differentiating Cellular Fibroadenoma from Phyllodes Tumor on Core Needle Biopsy Specimens. Estados Unidos O achado de atividade mitótica proeminente é, por si só, adequado para favorecer diagnóstico de TP sobre Fibroadenoma. Por outro lado, se não houver atividade mitótica estromal, a constelação de outras (pelo menos três) características histológicas (supercrescimento estromal, celularidade estromal aumentada, fragmentação estromal, infiltração em gordura, heterogeneidade estromal, condensação estromal subepitelial e pleomorfismo nuclear estromal) em um espécime da biópsia com agulha são mais preditivos do TP que do Fibroadenoma. VILELA MHT. et al., 201417 Ki-67, CD10, CD34, p53, CD117, and Mast Cells in Differential Diagnosis of Cellular Fibroadenomas and in the Classification of Phyllodes Tumors Brasil O aumento da expressão estromal de Ki-67, CD10 e p53 e diminuição da expressão de CD34 foi significativo na classificação do TP benigno. Além disso, foi observado que a expressão epitelial do CD117 foi estaticamente significativo correlacionado com o número de mastócitos na diferenciação de TP e Fibroadenoma. WIRATKAPUN C. et al., 201418 Fibroadenoma versus Phyllodes Tumor: Distinguishing Factors in Patients Diagnosed with Fibroepithelial Lesions After a Core Needle Biopsy Turquia Após a análise de fatores para diferenciar TP e Fibroadenoma, incluindo idade, sintomatologia, além de achados radiográficos e histológico em pacientes com diagnóstico histológico de lesão fibroepitelial. Concluiu-se que não há 100% de certeza, devendo ser necessário a discussão da equipe profissional para decisão da melhor conduta. LAWTON TJ. et al., 201419 Interobserver Variability by Pathologists in the Distinction Between Cellular Fibroadenomas and Phyllodes Tumors Estados Unidos Na maioria das vezes o diagnóstico é fácil e rápido, porém nos casos de discordância, deve-se diagnosticar como lesão fibroepitelial e discutir com família e cirurgião, visto que o tratamento dos dois é diferente. MISHIMA C. et al., 201520 Mutational Analysis of MED12 in Fibroadenomas and Phyllodes Tumors of the Japão A frequência de tumores mutantes MED12 é significativamente maior em TP do que em Fibroadenoma, sugerindo que a mutação MED12
  • 9. Brazilian Journal Health Review ISSN: 2525-8761 799 Brazilian Journal of Health Review, Curitiba, v. 4, n. 1, p. 791-805. jan./feb. 2021 Breast by Means of Targeted Next-generation Sequencing está implicada na patogênese de ambos e que uma determinada percentagem de Fibroadenoma com a mutação MED12 pode progredir para TP. JIN TAN W. et al., 201521 Second Harmonic Generation Microscopy is a Novel Technique for Differential Diagnosis of Breast Fibroepithelial Lesions Singapura Microscópio de Segunda Geração Harmônica foi desenvolvido e pode ajudar na diferenciação entre TP e Fibroadenoma, pela mensuração da quantidade de colágeno. Segundo os testes realizados, o Fibroadenoma possui uma maior quantidade que o Tumor Phyllodes. WAI JIN TAN. Et al.,2016 32 A five-gene reverse transcription-PCR assay for pre-operative classification of breast fibroepithelial lesions Singapura desenvolveram um teste molecular utilizando um conjunto de transcritos de cinco genes (ABCA8, APOD, CCL19, FN1 e PRAME), de modo a auxiliar no diagnóstico diferencial entre fibroadenomas e tumores filoides. YIHONG WANG MD. et al., 201622 Collagen Type III Alpha1 as a Useful Diagnostic Immunohistochemical Marker for Fibroepithelial Lesions of the Breast Japão Existe um acúmulo do colágeno periductal nos TP que não se mostra no Fibroadenoma, sugerindo o Col3A como um potencial marcador adjunto tanto para diferenciar Fibroadenoma como TP e avaliar potencial maligno em TP. MARITZ RM; MICHELOW P., 201723 Cytological Criteria to Distinguish Phyllodes Tumour of the Breast from Fibroadenoma África do Sul Os Fibroadenomas têm um maior número de fragmentos epiteliais, menor número de fragmentos estromais e menor relação estromal- epitelial quando comparado ao TP. O estroma tende a ser menos celular e menos atípico e a população celular de fundo contém menos células fusiformes quando comparado ao TP. Apesar dos mais variados estudos, isto é, empregando técnicas diferentes, o consenso para cada tipo de achado, é que necessita de mais pesquisas e meta-análises visando validar estatisticamente o que pode ser realmente os fatores diferenciadores do TP e Fibroadenoma. Abaixo no quadro 2, encontram-se as principais características diferenciadoras entre TP e Fibroadenomas em consonância com o estudo realizado.
  • 10. Brazilian Journal Health Review ISSN: 2525-8761 800 Brazilian Journal of Health Review, Curitiba, v. 4, n. 1, p. 791-805. jan./feb. 2021 Quadro 2: Características diferenciadoras do Tumor Phyllodes em relação ao Fibroadenoma. Característica/Tumor Tumor Phyllodes Fibroadenoma Características Clínicas Arredondados ou lobulados, circunscritos e formam massas móveis. Arredondados ou lobulados, circunscritos e formam massas móveis. Remoção cirúrgica Necessária Não Ressonância Magnética RM-Componente cístico e lobulação mais frequente. Mais heterogêneos T1W1 sob contraste. RM-Componente cístico e lobulação menos frequente. Mais heterogêneos T1W1 sob contraste. Ultrassonografia e mamografia Sem características de diferenciação Sem características de diferenciação Elastografia “Sinal de anel” “Sinal de anel” pouco frequente Citologia Mais fragmentos estromais Estroma mais denso e atípico Menos fragmentos epiteliais Maior relação estroma/epitelial Menos fragmentos estromais Estroma menos denso e normal Mais fragmentos epiteliais Menor relação estroma/epitelial Imunohistoquímica Mais atividade mitótica CD105, colágeno Menos atividade mitótica Baixa reatividade Molecular Níveis maiores de metilação nos genes RASSF1A Metilação do gene TWIST1 (TP limítrofe e maligno) Maior mutação do gene MED12 Expressão Estromal de: Ki-67 aumentada P53 aumentada CD34 diminuída CD10 aumentada CD117 (maior expressão) Níveis menores de metilação nos genes RASSF1A Ausente Menor mutação do gene MED12 Expressão Estromal de: Ki-67 diminuída P53 diminuída CD34 aumentada CD10 diminuída CD117 (menor expressão) 4 DISCUSSÃO Tumores Phyllodes e Fibroadenomas possuem muitas características clínicas e histológicas comuns. Ambos arredondados ou lobulados, circunscritos, massas móveis e compostos de um elemento epitelial cercado de quantidades variáveis estromais25 . No entanto os TP tendem a ter um crescimento mais rápido e recidivar quando a excisão é incompleta. Além disso, os TP limítrofes e malignos podem promover metástase24 . Já os Fibroadenomas não precisam ser removidos e quando necessário, a enucleação é suficiente25 . Por razões comportamentais quanto a sua evolução é importante um diagnóstico preciso visando à conduta necessária em cada situação. Na busca de meios para diferenciar os TP do Fibroadenoma, Kamitani et al.15 realizaram uma pesquisa no Japão analisando achados na ressonância magnética em busca de solução para otimizar o diagnóstico destes tumores e perceberam a presença de componentes císticos como achados característicos em uma maior frequência (63%) em grupos de TP não excluindo a presença dos mesmos em um pequeno percentual (24%) de Fibroadenomas, assim como também os TP apresentaram uma
  • 11. Brazilian Journal Health Review ISSN: 2525-8761 801 Brazilian Journal of Health Review, Curitiba, v. 4, n. 1, p. 791-805. jan./feb. 2021 forte lobulação (74%) quando comparados aos Fibroadenomas (39%). Sendo em fase tardia do T1WI, sob contraste, os TP, se mostraram mais heterogêneo (69%) que os Fibroadenomas (41%). Corroborando com o estudo anterior, Gatta et al11 , utilizou imagens de ultrassonografia e mamografia visando identificar diferenças marcantes entre os dois tumores e concluiu que apesar da presença de características sugestivas dos dois tipos histológicos, a acurácia diagnóstica é limitada em ambos exames, não permitindo discriminação entre o TP e o Fibroadenoma. Ainda na tentativa de diferenciar as duas entidades através de exames de imagem, Adamietiz et al13 , fizeram uso da Elastografia, método pelo qual se detecta por pressão a formação dos nódulos, duro ou mole. No estudo eles observaram que os pacientes com TP apresentaram em todas as lesões uma margem inelástica- chamado “sinal de anel”, e havia uma relação de maior largura de anel em TP maligno, mas essa percepção foi limitada por haver apenas dois casos de TP maligno no estudo referido. Cates et al23 , em seu estudo realizado na África do Sul verificou através da análise de material aspirado por agulha fina, que os Fibroadenomas têm um maior número de fragmentos epiteliais, menor número de fragmentos estromais e menor relação estromal-epitelial quando comparado ao TP. Yasir et al16 concluíram que o achado de maior atividade mitótica por exame imunohistoquímico seria suficiente e por si só, adequado para favorecer diagnóstico de TP sobre Fibroadenoma. Dois trabalhos fazem referência sobre a presença de colágeno em ambos tumores. Yihong et al22 , mostrou que existe um acúmulo do colágeno periductal nos TP o qual não foi observado no Fibroadenoma. Jin et al21 , concluiu através de análise microscópica que o Fibroadenoma possui uma maior quantidade de colágeno em relação ao TP. Maity et al14 , utilizando imunohistoquímica, estudou as expressões de p63 e -SMA em células mioepiteliais e colágeno I, III e CD105 no estroma de tumores. Nesse estudo foi observado que as deposições aumentadas de colágeno aumentaram satisfatoriamente a rigidez da matriz em TP contribuindo para sua potencialidade maligna como demonstrado pelo aumento significativo de vasculatura tumorigênica e depleção em expressões p63 e -SMA em células mioepiteliais. Ambas as patologias apresentam um padrão bifásico com componentes epiteliais e estromais12 , porém, as principais diferenças citológicas assentam essencialmente no estroma. No entanto, as caraterísticas citológicas, por ser sobreponíveis, podem não ser suficientes para diferenciar um fibroadenoma de um tumor filóide. As limitações da PAAF18 , a subjetividade dos patologistas durante o diagnóstico citológico e a limitação da amostra, apenas permite obter e avaliar uma pequena porção de lesão, no qual irá levar à necessidade de recorrer à avaliação destas lesões, através da core biopsy e dos estudos moleculares19 .
  • 12. Brazilian Journal Health Review ISSN: 2525-8761 802 Brazilian Journal of Health Review, Curitiba, v. 4, n. 1, p. 791-805. jan./feb. 2021 Com o avanço tecnológico, a utilização da biologia molecular como forma de diagnóstico, tornou-se mais usual e por vezes uma importante forma de especificidade diagnóstica. Pensando nisso, Huang e et. al10 , utilizaram um perfil de promotores para observar a metilação do DNA dos TP e Fibroadenoma. Neste estudo eles notaram que os genes RASSF1A e TWIST1, podem ser utilizados na diferenciação entre TP e Fibroadenoma. O RASSF1A apresenta níveis maiores de metilação no TP do que no Fibroadenoma e a metilação do gene TWIST1 só foi encontrado no TP. Não houve correlação significativa do nível de metilação do RASSF1A e malignidade do TP, já o TWIST1 apresentou maior metilação em TP limítrofes e maligno e nenhuma metilação em TP benigno e Fibroadenoma, fazendo com o que possa ser utilizado posteriormente como indicador de progressão do TP. Ainda em nível molecular, Vilela et al17 , utilizando imunohistoquimica, observaram que a expressão estromal de Ki-67, CD10, CD34, p53 e CD117 foi relevante para a classificação de TP benigno, onde os três primeiros mostraram significância na distinção de TP benigno e limítrofe, assim como TP benigno e maligno. O p53 foi relevante apenas para a discriminação entre TP benigno e maligno. Nenhum dos marcadores mostrou significância distinção entre TP limítrofe e maligno. Além disso, foi observado que a expressão epitelial do CD117 foi estaticamente significativo correlacionado com o número de mastócitos na diferenciação de TP e Fibroadenoma, onde o CD117 tem maior imunorreatividade no Fibroadenoma. No estudo de Mishima et al.20 foi observado a mutação do MED12 e se havia diferenciação entre TP e Fibroadenoma. Foram analisados 58 tumores de Fibroadenoma e 27 TP, eles demonstraram mediante o estudo que a frequência de mutação do MED12 foi significantemente maior no TP do que no Fibroadenoma. Em ambos os tumores a patogênese está ligada a esta mutação, mas nos Fibroadenomas com a mutação do MED12 existe uma probabilidade destes progredirem para TP. Tal et al.32 desenvolveram um teste molecular prático que utiliza um conjunto de transcritos de cinco genes (ABCA8, APOD, CCL19, FN1 e PRAME), de modo a auxiliar no diagnóstico diferencial entre fibroadenomas e TP, em amostras de tecido incluídas em parafina e fixadas em formol. Esta pesquisa classificou com precisão 92,6% das lesões fibroepiteliais em 230 biópsias pré-operatórias como fibroadenomas ou TP e apresentou sensibilidade de 82,9% e especificidade de 94,7%, podendo futuramente ser utilizado como mais uma ferramenta na diferenciação desses tumores. 5 CONCLUSÃO As evidências científicas analisadas sobre as diferentes formas utilizadas para uma melhor diferenciação dos tumores mamários: Tumor Phyllodes e Fibroadenoma se mostram promissoras nas áreas correlacionadas, principalmente a nível molecular, podendo ser utilizados como informações úteis sobre a progressão da doença e melhorar o prognóstico do paciente. Por outro lado, os estudos
  • 13. Brazilian Journal Health Review ISSN: 2525-8761 803 Brazilian Journal of Health Review, Curitiba, v. 4, n. 1, p. 791-805. jan./feb. 2021 ainda trazem a problemática da dificuldade de diferenciação citopatológica e muitas vezes nos exames de imagens, sendo estes dependentes de fatores como acurácia e experiência profissional, evitando erros na execução das análises. Além se propor uma ampliação de mais parâmetros diagnósticos, principalmente os moleculares. AGRADECIMENTOS O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – Brasil (CAPES) e do Laboratório de Pesquisas Citológicas e Moleculares (LPCM – UFPE). REFERÊNCIAS 1. Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva. Estimativa 2020: incidência de câncer no Brasil / Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva. – Rio de Janeiro: INCA, 2019. 2. ACS|American Cancer Society [Internet]. [cited 2020 Nov 20]. Available from: https://www.cancer.org/cancer/breast-cancer/non-cancerous-breast-conditions/phyllodes-tumors-of- the-breast.html 3. WHO| 9789241505840_eng.pdf [Internet]. [cited 2016 Aug 3]. Available from: http://apps.who.int/iris/bitstream/10665/85343/1/9789241505840_eng.pdf 4. McCredie MR, Sharples KJ, Paul C, Baranyai J, Medley G, Jones RW, Skegg DC: Natural history of cervical neoplasia and risk of invasive cancer in women with cervical intraepithelial neoplasia 3: a retrospective cohort study. Lancet Oncol 2008, 9(5):425-434. 5. Munoz N, Castellsague X, de Gonzalez AB, Gissmann L: Chapter 1: HPV in the etiology of human cancer. Vaccine 2006, 24 Suppl 3: S3/1-10. 6. WHO. Laboratory diagnosis of sexually transmitted infections, including human immunodeficiency vírus. Printed by the WHO Document Production Services, Geneva, Switzerland. 2013. Accessed on Sep 5, 2019. 7. Persson M, Elfstrom KM, BrismarWendel S, Weiderpass E, Andersson S: Triage of HR-HPV positive women with minor cytological abnormalities: a comparison of mRNA testing, HPV DNA testing, and repeat cytology using a 4-year follow-up of a population-based study. PLoS One 2014, 9(2):e90023. 8. Carpagnano GE, Koutelou A, Natalicchio MI, Martinelli D, Ruggieri C, Taranto AD, Antonetti R, Carpagnano F, MP Foschino-Barbaro. HPV in exhaled breath condensate of lung cancer patients. British Journal of Cancer. 2011 (105): 1183 – 1190. 9. Evans M, Newcombe R, Fiander A, Powell J, Rolles M, Thavaraj S, Robinson M, Powell N: Human Papillomavirus-associated oropharyngeal cancer: an observational study of diagnosis, prevalence and prognosis in a UK population. BMC Cancer 2013, 13:220.
  • 14. Brazilian Journal Health Review ISSN: 2525-8761 804 Brazilian Journal of Health Review, Curitiba, v. 4, n. 1, p. 791-805. jan./feb. 2021 10. Sigaroodi A, Nadji SA, Naghshvar F, Nategh R, Emami H, Velayati AA. Human papillomavirus is associated with breast cancer in the north part of Iran. Sci. World J. [Internet]. 2012 [cited 2016 Sep 5]; 2012. Available from: http://www.hindawi.com/journals/tswj/2012/837191/abs/ 11. Colon-Lopez V, Ortiz AP, Del Toro-Mejias L, Clatts MC, Palefsky JM: Epidemiology of anal HPV infection in high-risk men attending a sexually transmitted infection clinic in Puerto Rico. PLoS One 2014, 9(1):e83209. 12. Bandyopadhyay R, Nag D, Mondal SK, Mukhopadhyay S, Roy S, Sinha SK. Distinction of phyllodes tumor from fibroadenoma: Cytologists’ perspective. J Cytol [Internet]. 2010 Apr [cited 2019 Jun 18];27(2):59–62. Available from: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/21157551 13. INCA. Vacina contra o HPV começa a ser aplicada na Rede Pública. Accessed on Sep 5, 2018: http://www2.inca.gov.br/vacina_hpv_10_marco. 14. NIH - Accessed on Sep 5, 2016: http://www.cancer.gov/about-cancer/causes- prevention/risk/infectious-agents/hpv-vaccine-fact-sheet#q6 15. Estados@ [Internet]. [cited 2016 Aug 3]. Available from: http://www.ibge.gov.br/estadosat/temas.php?sigla=pe&tema=censodemog2010_snig 16. Gottvall M, Larsson M, Höglund AT, Tydén T. High HPV vaccine acceptance despite low awareness among Swedish upper secondary school students. Eur. J. Contracept. Reprod. Health Care. 2009; 14:399–405. 17. Shuang-yang T, Zhi-hua L, Le L, Hengling C, Yan-ping W. Awareness and knowledge about human papillomavirus among high school students in China. J Reprod. Med. 2014; 59(1-2): 44-50. 18. DeMay M. Practical Principles of Cytopathology. Revised Ed. Chicago: American Society for Clinical Pathology; 2007. 19. Tan BY, Tan PH. A Diagnostic Approach to Fibroepithelial Breast Lesions. Surg Pathol Clin [Internet]. 2018 Mar [cited 2019 Oct 19];11(1):17–42. Available from: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/29413655 20. Pelucchi C, Esposito S, Galeone C, Semino M, Sabatini C, Picciolli I, Consolo S, Milani G, Principi N. Knowledge of human papillomavirus infection and its prevention among adolescents and parents in the greater Milan area, Northern Italy. BMC Public Health. 2010; 10: 378. 21. Vogtmann E, Harlow SD, Valdez AC, Valdez JC, Ponce EL: HPV knowledge in Mexican college students: implications for intervention programmes. Health Soc Care Community 2011, 19(2):148- 157. 22. Katz ML, Krieger JL, Roberto AJ: Human papillomavirus (HPV): college male's knowledge,perceived risk, sources of information, vaccine barriers and communication. J Mens Health 2011, 8(3):175-184. 23. Cates JR, Brewer NT, Fazekas KI, Mitchell CE, Smith JS. Racial differences in HPV knowledge, HPV vaccine acceptability, and related beliefs among rural, southern women. J. Rural Health. 2009; 25:93–7. 24. Gelman A, Nikolajski C, Schwarz EB, Borrero S: Racial disparities in awareness of the human papillomavirus. J Womens Health (Larchmt) 2011, 20(8):1165-1173.
  • 15. Brazilian Journal Health Review ISSN: 2525-8761 805 Brazilian Journal of Health Review, Curitiba, v. 4, n. 1, p. 791-805. jan./feb. 2021 25. Li J, Li LK, Wei LH, Niyaz M, Li CQ, Xu AD, Wang JB, Liang H, Belinson J, Qiao YL. Knowledge and atitudes about human papillomavirus (HPV) and HPV vaccine among women living in metropolitan and rural regions of China. Vaccine. 2009; 27(8): 1210-1215. 26. Borsatto AZ, Vidal MLB, Rocha RCNP. Vacina contra o HPV e a Prevenção do Câncer do Colo do Útero: Subsídios para a Prática. Rev. bras. cancerol. 2011; 57(1) 67–74. 27. Baldez da Silva MFPT, Guimarães V, Silva MAR, Medeiros do Amaral CM, Beçak W, Stocco RC, et al. Frequency of human papillomavirus types 16, 18, 31, and 33 and sites of cervical lesions in gynecological patients from Recife, Brazil. Genet. Mol. Res. 2012; 11:462–6. 28. Chagas BS, Batista MV, Crovella S, Gurgel AP, Silva NetoJda C, Serra IG, Amaral CM, Balbino VQ, Muniz MT, Freitas AC: Novel E6 and E7 oncogenes variants of human papillomavirus type 31 in Brazilian women with abnormal cervical cytology. Infect Genet Evol 2013, 16:13-18. 29. Smith JS, Lindsay L, Hoots B, Keys J, Franceschi S, Winer R, Clifford GM: Human papillomavirus type distribution in invasive cervical cancer and high-grade cervical lesions: a meta-analysis update. Int J Cancer 2007, 121(3):621-632. 30. Choi J, Koo JS. Comparative study of histological features between core needle biopsy and surgical excision in phyllodes tumor. Pathol Int. 2012 Feb;62(2):120–6 31. Krings G, Bean GR, Chen Y-Y. Fibroepithelial lesions; The WHO spectrum. Semin Diagn Pathol [Internet]. 2017 Sep [cited 2020 Nov 20];34(5):438–52. Available from: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/28688536 32. Tan WJ, Cima I, Choudhury Y, Wei X, Lim JCT, Thike AA, et al. A five-gene reverse transcription- PCR assay for pre-operative classification of breast fibroepithelial lesions. Breast Cancer Res. 2016 Mar;18(1). 33. Vilela MHT, De Almeida FM, De Paula GM, Ribeiro NB, Cirqueira MB, Silva ALP, et al. Utility of Ki-67, CD10, CD34, p53, CD117, and mast cell content in the differential diagnosis of cellular fibroadenomas and in the classification of phyllodes tumors of the breast. Int J Surg Pathol. 2014;22(6):485–91.