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O casamento da Fogaça de Palmela com o Moscatel de Setúbal
Texto e ilustrações: Carla Susana Costa
Dedicado: Ao grupo de Trabalho das Bibliotecas Escolares do Concelho de Palmela
E a todos os que apreciam um bom doce regional e um vinho moscatel com qualidade.
Palmela não é somente terra de bom queijo e vinho, mas também de festas, romarias e do nascimento de um doce regional com
sabor q.b. a canela e uma boa dose de erva-doce. Não sabemos se foi inspirado pelos ares cimeiros da vila, lá para as para as
bandas do castelo, ou pelo vislumbre do rio Sado e cordilheira da Arrábida por um lado, e pelas planícies envolventes ao
cansado Tejo, por outro.
Há quem diga que nasceu em janeiro, que foi concebida
num ato de sabedoria de combinação de sabores, no
primeiro mês do calendário, sob a proteção de Santo
Amaro, uniram-se os ovos ao pão em massa,
adicionando-se o sumo e raspa das laranjas, a banha, o
açúcar, a canela, a erva-doce, a aguardente e a farinha.
Após momentos de levedação moldaram-se formas,
mesclando-se o amor à terra, trabalho árduo,
imaginação com uma pitada de tradição. Daí resultou
um aroma guloso transportado num tabuleiro untado
em forno moderado que sacia a fome ou gulodice de
quem o prova.
Deram-lhe o nome de fogaça, por ser um bolo cozinhado
no fogo, em cima das cinzas quentes do forno a lenha.
Familiares tem alguns, dos quais destacam-
se as famosas fogaças de Santa Maria da
Feira e Alcochete, mas que se diferenciam
dela, por serem uma espécie de pão doce ou
pastel e também pelo aspeto. A forma da
fogaça de Palmela correspondia a
promessas formuladas a Santo Amaro,
evocando-se habitualmente proteção na
saúde, colheitas e gado. Dessas aflições
resultavam diversos motivos: animais, partes
do corpo, frutos ou plantas.
É benzida, anualmente, na igreja paroquial numa
cerimónia aberta à comunidade que convida à
participação de todos.
A verba apurada revertia a favor do culto do seu santo
padroeiro.
Tal senhora tão bem conceituada, um dia foi
apresentada a um vinho generoso da região, com
alguma antiguidade, há muito apreciado por reis e
pelo povo. Foi atraída pela sua celebridade, cor,
maturidade, frescura e elegância.
Conheceram-se num final de tarde, na época das
festas das vindimas, na Casa Mãe dos Vinhos. De fora
ecoava uma melodia produzida pelas gentes das
bandas filarmónicas da região, convidando a um pé de
dança.
Foi entre esses e tortas de
Azeitão, biscoitos diversos e
frascos de mel da Arrábida
que o Sr. Moscatel descobriu
a distinta D. Fogaça, com o
seu ar delicioso e
ligeiramente tostado. Foi
amor ao primeiro pingo, ou
devo dizer, amor à primeira
migalha, pois o sentimento
de atração foi reciproco.
D. Fogaça já há muito o admirava pelas suas qualidades, mas por ser introvertida, não se atrevia a olhá-lo de soslaio mais do
que alguns segundos.
O Sr. Moscatel, curioso, resolveu aproximar-se e deu-se a conhecer. Conversaram até de madrugada, perto dos azulejos que
ilustram o labor das vindimas. Ambos tinham tanto para contar e partilhar. Licores, compotas e queijos cochichavam baixinho
sobre o sucedido.
Uma noite estrelada de final de semana, Sr. Moscatel convidou D. Fogaça para um encontro no Espaço Fortuna. No bar,
escutavam-se canções resultantes de flauta, guitarra e bateria num ambiente simpático, tranquilo e acolhedor alumiado pela
luz ténue de velas. Inspirado, já no espaço exterior, Sr. Moscatel entoou uma serenata apaixonada. Fogaça sorriu com um rubor
nas faces, estava feliz.
Mais tarde, já de mãos
dadas, visitaram a olaria
e as peças ai criadas.
Tinha-se iniciado um
eterno e harmonioso
romance.
Desde ai são quase inseparáveis, deixando-se avistar
nas ruas e vielas estreitas do centro histórico da vila e
Cineteatro S. João. A pousada e esplanada do castelo,
moinhos de vento, igreja, miradouro, adegas e salões
de chá da zona continuam a ser locais que também
testemunham esta união e dedicação mutua.
Celebrou-se então, o
casamento entre a Fogaça
de Palmela e o Moscatel de
Setúbal, combinação entre o
doce, o álcool, a qualidade e
frescura, num equilíbrio de
prazer.
E é por isso, que quem visita Palmela não deve jamais perder
a oportunidade de cometer o pecado de provar este doce
regional acompanhado pela famosa e deliciosa bebida de vinho moscatel típica desta zona tão afortunada pelos deuses
gastronómicos, nem deixar de conhecer os restantes tesouros da região.
Fogaca

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  • 1. O casamento da Fogaça de Palmela com o Moscatel de Setúbal Texto e ilustrações: Carla Susana Costa
  • 2. Dedicado: Ao grupo de Trabalho das Bibliotecas Escolares do Concelho de Palmela E a todos os que apreciam um bom doce regional e um vinho moscatel com qualidade.
  • 3. Palmela não é somente terra de bom queijo e vinho, mas também de festas, romarias e do nascimento de um doce regional com sabor q.b. a canela e uma boa dose de erva-doce. Não sabemos se foi inspirado pelos ares cimeiros da vila, lá para as para as bandas do castelo, ou pelo vislumbre do rio Sado e cordilheira da Arrábida por um lado, e pelas planícies envolventes ao cansado Tejo, por outro.
  • 4. Há quem diga que nasceu em janeiro, que foi concebida num ato de sabedoria de combinação de sabores, no primeiro mês do calendário, sob a proteção de Santo Amaro, uniram-se os ovos ao pão em massa, adicionando-se o sumo e raspa das laranjas, a banha, o açúcar, a canela, a erva-doce, a aguardente e a farinha. Após momentos de levedação moldaram-se formas, mesclando-se o amor à terra, trabalho árduo, imaginação com uma pitada de tradição. Daí resultou um aroma guloso transportado num tabuleiro untado em forno moderado que sacia a fome ou gulodice de quem o prova. Deram-lhe o nome de fogaça, por ser um bolo cozinhado no fogo, em cima das cinzas quentes do forno a lenha.
  • 5. Familiares tem alguns, dos quais destacam- se as famosas fogaças de Santa Maria da Feira e Alcochete, mas que se diferenciam dela, por serem uma espécie de pão doce ou pastel e também pelo aspeto. A forma da fogaça de Palmela correspondia a promessas formuladas a Santo Amaro, evocando-se habitualmente proteção na saúde, colheitas e gado. Dessas aflições resultavam diversos motivos: animais, partes do corpo, frutos ou plantas.
  • 6. É benzida, anualmente, na igreja paroquial numa cerimónia aberta à comunidade que convida à participação de todos. A verba apurada revertia a favor do culto do seu santo padroeiro. Tal senhora tão bem conceituada, um dia foi apresentada a um vinho generoso da região, com alguma antiguidade, há muito apreciado por reis e pelo povo. Foi atraída pela sua celebridade, cor, maturidade, frescura e elegância. Conheceram-se num final de tarde, na época das festas das vindimas, na Casa Mãe dos Vinhos. De fora ecoava uma melodia produzida pelas gentes das bandas filarmónicas da região, convidando a um pé de dança.
  • 7. Foi entre esses e tortas de Azeitão, biscoitos diversos e frascos de mel da Arrábida que o Sr. Moscatel descobriu a distinta D. Fogaça, com o seu ar delicioso e ligeiramente tostado. Foi amor ao primeiro pingo, ou devo dizer, amor à primeira migalha, pois o sentimento de atração foi reciproco. D. Fogaça já há muito o admirava pelas suas qualidades, mas por ser introvertida, não se atrevia a olhá-lo de soslaio mais do que alguns segundos. O Sr. Moscatel, curioso, resolveu aproximar-se e deu-se a conhecer. Conversaram até de madrugada, perto dos azulejos que ilustram o labor das vindimas. Ambos tinham tanto para contar e partilhar. Licores, compotas e queijos cochichavam baixinho sobre o sucedido.
  • 8. Uma noite estrelada de final de semana, Sr. Moscatel convidou D. Fogaça para um encontro no Espaço Fortuna. No bar, escutavam-se canções resultantes de flauta, guitarra e bateria num ambiente simpático, tranquilo e acolhedor alumiado pela luz ténue de velas. Inspirado, já no espaço exterior, Sr. Moscatel entoou uma serenata apaixonada. Fogaça sorriu com um rubor nas faces, estava feliz.
  • 9. Mais tarde, já de mãos dadas, visitaram a olaria e as peças ai criadas. Tinha-se iniciado um eterno e harmonioso romance.
  • 10. Desde ai são quase inseparáveis, deixando-se avistar nas ruas e vielas estreitas do centro histórico da vila e Cineteatro S. João. A pousada e esplanada do castelo, moinhos de vento, igreja, miradouro, adegas e salões de chá da zona continuam a ser locais que também testemunham esta união e dedicação mutua.
  • 11. Celebrou-se então, o casamento entre a Fogaça de Palmela e o Moscatel de Setúbal, combinação entre o doce, o álcool, a qualidade e frescura, num equilíbrio de prazer.
  • 12. E é por isso, que quem visita Palmela não deve jamais perder a oportunidade de cometer o pecado de provar este doce
  • 13. regional acompanhado pela famosa e deliciosa bebida de vinho moscatel típica desta zona tão afortunada pelos deuses gastronómicos, nem deixar de conhecer os restantes tesouros da região.