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Uma promessa do novo
Mineirão era a volta do
feijão tropeiro, prato tí-
pico da comida mineira
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gante da Pampulha.
Quem acreditou nisso
se deu mal. O torcedor
passou fome, e vários,
quando a bola já rolava
no gramado, andavam
de um lado para o outro
na tentativa de conse-
guir água e comida.
Com a maior parte dos
bareserestaurantesfecha-
dos,segundoa MinasAre-
napor faltade licença,en-
contrar algo para comer e
matar a sede se transfor-
mounumaverdadeira ba-
talha. Sanduíche a R$ 8 e
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as poucas opções. Mas a
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BrunoMoreno
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O caos nos bares e res-
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tos vendidos neles, frus-
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dores que foram ontem
ao Mineirão. Mas a coi-
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pe da Vigilância Sanitá-
ria da Regional Pampu-
lha percorreu o estádio
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talações estavam in-
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Apesar disso, uma lim-
peza rápida em alguns
dos estabelecimentos
garantiu que poucos
abrissemsuas portas pa-
ra comercializar comi-
das e bebidas, mas sem
capacidade para aten-
der ao grande número
de torcedores que com-
pareceram ao jogo.
O gerente da Vigilân-
cia Sanitária da Regio-
nal Pampulha, Eduardo
Lobo, não quis se pro-
nunciarontem,masafir-
mou que hoje ou ama-
nhã irá divulgar um ba-
lanço da operação.
Durante a vistoria, foi
cogitado que os alimen-
tos fossem apreendidos
por causa da falta de
condições de higiene,
mas isso não ocorreu.
Além disso, alguns dos
bares não funcionaram
porque não havia liga-
ção de água ou energia
elétrica. Pior ainda, al-
guns apresentavam go-
teiras,aindafrutodafor-
te chuva de ontem.
FUTURO
Na quarta-feira, quando
o Cruzeiro enfrenta o
América de Teófilo Oto-
ni, em jogo adiado da
primeira rodada do
Campeonato Mineiro,
às22h,oestádio nãode-
ve receber um público
do tamanho do clássico
de ontem.
Mesmo assim, a equi-
pe da Vigilância Sanitá-
ria irá retornar ao está-
dio para avaliar se os
problemas foram resol-
vidos. Entretanto, en-
tre os técnicos que vis-
toriaram o Mineirão há
a desconfiança de que
isso não deva ocorrer
com tanta rapidez. Por-
tanto, o torcedor cru-
zeirense pode se prepa-
rar para sofrer de novo
em sua casa.
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Sanduíche a R$ 8 e
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passava de uma
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artigo raro.
> VigilânciaSanitáriacogitou,inclusive,apreendertodaacomidaqueseriavendidanosestabelecimentos
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  • 1. AlbertoRibeiro aralves@hojeemdia.com.br FelipeTorres ftorres@hojeemdia.com.br GláucioCastro gsoares@hojeemdia.com.br Uma promessa do novo Mineirão era a volta do feijão tropeiro, prato tí- pico da comida mineira e uma das marcas do Gi- gante da Pampulha. Quem acreditou nisso se deu mal. O torcedor passou fome, e vários, quando a bola já rolava no gramado, andavam de um lado para o outro na tentativa de conse- guir água e comida. Com a maior parte dos bareserestaurantesfecha- dos,segundoa MinasAre- napor faltade licença,en- contrar algo para comer e matar a sede se transfor- mounumaverdadeira ba- talha. Sanduíche a R$ 8 e refrigerante a R$ 6 eram as poucas opções. Mas a espera na fila passava de uma hora. Até água era artigo raro. “Estou com meus dois filhos com fome e sede. É um absurdo. Uma vergo- nha. Preocuparam ape- nas com a beleza do está- dioeesqueceramostorce- dores,quefazemoespetá- culoficarmaisbonito”,de- sabafouacruzeirenseSan- dra Rocha, 44. Gilberto Cabral, 53, to- mou café da manhã por volta das 8h e deixou Ipa- tinga, no Vale do Aço, pa- ra acompanhar a Raposa. Até poucos minutos antes de o jogo começar, ele não tinha conseguido co- mer nada. Outro indignado era o médico atleticano Lean- dro Pena, de 27 anos. Ele saiu do plantão dire- to para a Pampulha: “Es- tou sem almoçar até ago- ra (16h45). E ainda que- rem fazer a Copa. Uma vergonha o que estão fa- zendo com a gente. De- cepcionante”, reclamou. OalvinegroFelipeBiten- court, 31, pagou R$ 130 noingressoenãoseconfor- mava. “É o preço de um show internacional, mas o tratamentoestásendopés- simo. Tudo fechado, nada paracomerebeber.Vergo- nha”, disparou. Na prometida volta do tropeiro, torcedor passa fome no Mineirão “ BrunoMoreno bmoreno@hojeemdia.com.br O caos nos bares e res- taurantes, somado ao preçoabusivodosprodu- tos vendidos neles, frus- trou e revoltou os torce- dores que foram ontem ao Mineirão. Mas a coi- sa poderia ter sido pior. Por volta das 14h, horário de abertura da arena para a entrada do público, uma equi- pe da Vigilância Sanitá- ria da Regional Pampu- lha percorreu o estádio e constatou que as ins- talações estavam in- compatíveis com as normas vigentes. Os fiscais ficaram es- pantados também com a sujeira nos banheiros. Apesar disso, uma lim- peza rápida em alguns dos estabelecimentos garantiu que poucos abrissemsuas portas pa- ra comercializar comi- das e bebidas, mas sem capacidade para aten- der ao grande número de torcedores que com- pareceram ao jogo. O gerente da Vigilân- cia Sanitária da Regio- nal Pampulha, Eduardo Lobo, não quis se pro- nunciarontem,masafir- mou que hoje ou ama- nhã irá divulgar um ba- lanço da operação. Durante a vistoria, foi cogitado que os alimen- tos fossem apreendidos por causa da falta de condições de higiene, mas isso não ocorreu. Além disso, alguns dos bares não funcionaram porque não havia liga- ção de água ou energia elétrica. Pior ainda, al- guns apresentavam go- teiras,aindafrutodafor- te chuva de ontem. FUTURO Na quarta-feira, quando o Cruzeiro enfrenta o América de Teófilo Oto- ni, em jogo adiado da primeira rodada do Campeonato Mineiro, às22h,oestádio nãode- ve receber um público do tamanho do clássico de ontem. Mesmo assim, a equi- pe da Vigilância Sanitá- ria irá retornar ao está- dio para avaliar se os problemas foram resol- vidos. Entretanto, en- tre os técnicos que vis- toriaram o Mineirão há a desconfiança de que isso não deva ocorrer com tanta rapidez. Por- tanto, o torcedor cru- zeirense pode se prepa- rar para sofrer de novo em sua casa. “ Estousem almoçaraté agora (16h45).E ainda querem fazera Copa.Uma vergonhao queestão fazendo comagente. Decepcio- nante” Leandro Pena, atleticano PACIÊNCIA–Nosbaresemquehaviacomidaebebida,foramformadasfilasgigantescaspelostorcedores, quechegaramalevarumahoraparaconseguiratendimentonosbaresdonovoMineirão “Estoucom meusdois filhoscom fomeesede. Éum absurdo. Uma vergonha. Preocupa- ramcoma belezado estádioe esqueceram os torcedores, quefazemo espetáculo”, Sandra Rocha, cruzeirense CADÊO TROPEI- RO?–Bar queseria destinadoà vendado tradicional prato recebea limpezajá comos torcedores nos corredores doMineirão > Fiscaisficaramimpressionadosaindacomasujeiranosbanheirosqueforamusadospelostorcedores Falta de higiene nos bares Sanduíche a R$ 8 e refrigerante a R$ 6 eram as poucas opções. Mas a espera na fila passava de uma hora. Até água era artigo raro. > VigilânciaSanitáriacogitou,inclusive,apreendertodaacomidaqueseriavendidanosestabelecimentos FOTOS SAMUEL COSTA hojeemdia.com.br 05BeloHorizonte,segunda-feira,4.2.2013 HOJEEMDIAEsportes