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Proibida a publicação no todo ou em parte; permitida a citação. A citação deve ser textual, com
indicação de fonte conforme abaixo.
FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS CENTRO DE PESQUISA E DOCUMENTAÇÃO DE
HISTÓRIA CONTEMPORÂNEA DO BRASIL (CPDOC)
Rio de Janeiro 2014
Nome do entrevistado: Paulo Isidoro de Jesus
Local da entrevista: Belo Horizonte - MG
Data da entrevista: 25 de outubro de 2012
Nome do projeto: Futebol, Memória e Patrimônio: Projeto de constituição de um acervo de
entrevistas em História Oral.
Entrevistadores: Bruna Gottardo (Museu do Futebol) e Bernardo Buarque (CPDOC/FGV)
Câmera:
Transcrição: Maria Izabel Cruz Bitar Data da transcrição: 14 de novembro de 2012
Conferência da transcrição : Maíra Poleto Mielli Data da conferência: 22 de novembro de 2012
**
O texto abaixo reproduz na íntegra a entrevista concedida por Paulo Isidoro de Jesus em
25/10/2012. As partes destacadas em vermelho correspondem aos trechos excluídos da edição
disponibilizada no portal CPDOC. A consulta à gravação integral da entrevista pode ser feita na sala
de consulta do CPDOC.
Bernardo Buarque – Bom dia. Belo Horizonte,
25 de outubro de 2012, depoimento de Paulo
Isidoro de Jesus, ex-jogador da Seleção
Brasileira, do Atlético e de grandes clubes do
Brasil. Esse depoimento faz parte do projeto
Futebol, Patrimônio e Memória1, que é uma
parceria entre a Fundação Getulio Vargas e o
Museu do Futebol. Participam desse
depoimento: Bruna Gottardo e Bernardo
Buarque. Paulo, bom dia. Queremos te agradecer
imensamente por nos receber aqui na sua
escolinha, aqui em Minas Gerais. Eu gostaria de
começar te perguntando, Paulo, onde e quando
você nasceu.
Bernardo Buarque –Buongiorno. Belo
Horizonte, 25 Ottobre 2012, dichiarazione di
Paulo Isidoro de Jesus, ex calciatore della
nazionale brasiliana, dell'Atletico e di altri
importanti club brasiliani. Queste dichiarazioni
fanno parte del progetto Futebol, Patrimonio e
Memorial, che è una collaborazione tra la
Fondaçao Getulio Vargas e il Museu do Futebol.
Partecipano a questa dichiarazione: Bruna
Gottardo e Bernardo Buarque. Paolo,
buongiorno. Vogliamo ringraziarti
immensamente per averci ricevuto qui nella tua
scuola a Minas Gerais. Mi piacerebbe iniziare
chiedendoti, Paulo, dove sei nato.
Paulo Isidoro – Bom dia. Muito obrigado pelo
convite. Para mim é uma satisfação muito
grande estar podendo participar do Museu e
poder, assim, também contar um pouco da
minha vida. Naturalmente, todo mundo sabe, a
gente vem com muita dificuldade, mas a minha
infância foi uma vida boa, foi tudo maravilhoso
e hoje eu quero dar continuidade àquilo que eu
aprendi na minha infância, passando para
Paulo Isidoro – Buongiorno. Vi ringrazio molto
per avermi invitato. Per me è una soddisfazione
molto grande poter partecipare al progetto e
raccontare un po' la mia vita. Come sanno credo
tutti, qui le cose non erano facili, ma la mia
infanzia è stata bella, meravigliosa e il mio
intento è di dare continuità a ciò che ho appreso
nella mia infanzia, e trasmetterlo a quelli che
oggi sono considerati adolescenti e bambini.
aqueles que hoje são considerados mirins e
infantis.
1 O entrevistado está se referindo ao projeto Futebol, Memória e Patrimônio.
B.B. – Em que cidade você nasceu, Paulo? B.B. – Dove sei nato, Paulo?
P.I. – Eu nasci em Matozinhos, que é uma
cidade a 30 quilômetros de Belo Horizonte. Eu
nasci no ano de... em 3 de agosto de 1953. E vim
para Belo Horizonte com 11 anos.
P.I. – Sono nato a Matozinhos, una città a circa
30 km da Belo Horizonte. Sono nato... il 3
agosto del 1953. E sono venuto a Belo
Horizonte a 11 anni.
B.B. – Conta um pouquinho dos seus pais, dos
seus avós, da sua família e que lembrança você
tem de Matozinhos.
B.B. – Raccontaci qualcosa dei tuoi genitori, dei
tuoi nonni, della tua famiglia. Che ricordi hai di
Matozinhos.
P.I. – A minha infância... São lembranças boas.
Apesar de ter nascido no interior, ser criado no
interior, mas eu posso ver que foi uma infância
com muita alegria. Tive uma infância de muito
apoio dos meus pais. Com muito trabalho, sim,
mas com uma certa regalia daquilo que eles
poderiam estar me oferecendo naquela época.
Tivemos uma vida difícil, mas é uma vida que,
na minha infância, me ensinou muito, para que
hoje eu pudesse estar transformando aquilo que
eu aprendi, hoje, naquilo que hoje eu estou
mexendo, que é com a escolinha.
P.I. – La mia infanzia... fu molto felice. Anche
se ero nato nell'interno, vi sono anche cresciuto,
posso dire che la mia infanzia è stata molto
felice. Durante la mia infanzia sono stato
accompagnato molto dai miei genitori.
Lavoravano molto, certo, ma erano anche molto
generosi, compatibilmente per l'epoca e per quel
che potevano. Abbiamo infatti avuto una vita
difficile, ma molto istruttiva, che mi ha reso in
grado di trasformare ciò che ho imparato in ciò
che oggi sto facendo, cioè una mia scuola.
B.B. – Em que seu pai trabalhava, Paulo? B.B. – Di che cosa si occupava tuo padre,
Paulo?
P.I. – Meu pai era mestre de obras. Ele foi para
Matozinhos no intuito de construir uma usina de
açúcar, foi para lá para construir essa usina, e lá,
então, começou e adquiriu a sua família, onde
nós fomos criados, em Matozinhos, onde
passamos uma boa parte, com uma boa
orientação dele, também.
P.I. – Mio padre era un capocantiere. Venne a
Matozinho per costruire uno zuccherificio, e là
iniziò a crearsi la sua famiglia. Siamo quindi
cresciuti a Matozinhos, dove poi abbiamo
passato un buon periodo, sotto la sua
supervisione.
B.B. – Os seus avós, você chegou a conhecer? B.B. – Hai conosciuto i tuoi nonni?
P.I. – Não, não conheci. Meus avós, quando
foram falecidos, pelo que minha mãe conta, eu
ainda não tinha nascido, o meu avô, mas a minha
avó, eu tive o prazer de ser carregado por ela.
Mas não lembro assim da minha avó, só tenho
mesmo as histórias que minha mãe conta da
minha avó.
P.I. – No, non li ho conosciuti. I miei nonni
morirono, in base a quanto mi ha raccontato mia
madre, quando io ancora non ero nato. O meglio
mio nonno, mentre mia nonna è riuscita a
tenermi tra le sue braccia. Ma non ricordo niente
di lei, solo i ricordi che mia madre mi racconta.
Bruna Gottardo – E vocês eram em quantos
irmãos?
Bruna Gottardo – Quanti fratelli hai?
P.I. – Eu tenho oito irmãos. Então, nós fomos
criados em oito. Porque o meu pai adotou uma
criança, e esse aí, então, foi para lá nos braços e
nós então consideramos como irmão mesmo,
então, até hoje a gente ainda tem esse contato e é
uma coisa maravilhosa. Então, foi um exemplo
de solidariedade que meus pais demonstraram:
de uma família que os pais foram falecidos, eles
adotaram essa criança. E foi, também, criado
P.I. – Siamo 8 fratelli. Siamo cresciuti in 8,
poiché mio padre adottò un bambino, lo prese
tra le braccia e da allora noi la consideriamo
come un fratello, e tuttora abbiamo questo
rapporto ed è una cosa meravigliosa. Fu un
esempio di solidarietà da parte dei miei genitori:
erano morti i genitori di questo bambino e i miei
lo adottarono. E venne allevato con lo stesso
affetto.
com muito carinho.
B.B. – E você teve oportunidade de estudar até
que série?
B.B. – Fino a che età hai potuto studiare?
P.I. – Eu estudei até a quinta série. No interior,
devido à dificuldade até para levar um estudo
mais longo. Porque as condições... muitas vezes,
não tinha como. Mas eu estudei até a quinta
série e depois não tive mais condições e nem
interesse de continuar meu estudo.
P.I. – Fino agli 11 anni. Nelle città dell'interno
era molto difficile studiare di più, le
condizioni... molte volte non c'era proprio modo
di farlo. Io ho studiato fino agli 11 anni poi non
ho più potuto e nemmeno ci tenevo a continuare
a studiare.
B.B. – E o futebol, como é que ele apareceu na
sua vida? Seu pai gostava de futebol? Conta um
pouquinho sobre a sua relação com o futebol.
B.B. – Come è comparso nella tua vita il calcio?
Tuo padre amava il calcio? Raccontaci un po'
del tuo rapporto con il calcio.
P.I. – Interior, você sabe como é que é, não é?
Você vai, faz a sua parte, o seu trabalho, e
depois, na parte da tarde, naturalmente, seus pais
liberam para você jogar uma peladinha. Então,
para mim, começou mesmo nas peladas. Eu me
lembro que em Matozinhos, quando o gado saía
do curral, a gente limpava, e nós íamos então
para jogar ali uma pelada, que era a chamada “o
empurra esterco para se jogar uma pelada”.
Então, era uma coisa maravilhosa! Então, surgiu
assim. Por que isso? Porque em Matozinhos
tinha um curral onde gado ficava preso para ser
embarcado no trem, e depois, à tarde, quando ele
era encarrilhado nos trens, a gente ia lá, limpava
e jogava a nossa peladinha. Então, foi assim que
começou minha vida. E depois... Além de jogar
nos times amadores lá da minha cidade.
P.I. – Città dell'interno, sai com'è no?
Esci, fai il tuo dovere, il tuo lavoro, e poi la sera,
naturalmente, ti lasciano libero per giocare a
piedi nudi a pallone. Per me è cominciato tutto
per strada. Ricordo che a Matozinhos, quando il
bestiame usciva dal suo recinto, noi andavamo a
pulire e poi a giocare a calcio a piedi nudi, lo
chiamavamo "spingi via lo sterco perché si
possa giocare a piedi nudi" . Era una cosa
meravigliosa! Ho iniziato così. Perché? Perché a
Matozinhos c'era un recinto nel quale il
bestiame veniva rinchiuso per venire poi
caricato sul treno. E la sera, quando era stato
caricato nei treni, noi andavamo là, pulivamo e
giocavamo a pallone a piedi nudi. E' così che è
iniziata la mia vita. E dopo... Iniziai a giocare
nelle squadre dilettantistiche della mia città.
B.B. – Você lembra o primeiro clube que você
foi jogar? E em que idade você começou a jogar
mais, vamos dizer assim, sem ser pelada,
começou a coisa a ficar séria, vamos dizer
assim?
B.B. – Ti ricordi del primo club dove hai
giocato? A che età hai cominciato a giocare,
diciamo così, non più a pallone tra amici, ma in
modo serio, per dirla così?
P.I. – Eu, na verdade, gostava muito de jogar
pelada, que a gente costumava falar que era o
ranca-toco [arranca toco]. Porque o ranca-toco
era o seguinte: você fazia ali a pelada e depois
começava uma coisa assim... sem ter arbitragem.
Não tinha falta, não. Então, aquele que
aguentasse ia até o final, e ali era mais ou menos
cada um para si. Mas eu, já com meus 11 anos,
de 8 a 11 anos, eu já comecei a jogar no
Cruzeirinho de Matozinhos. Porque tinha, na
época, o petiz, e eu fazia parte dessa equipe.
Então, no Cruzeiro de Matozinhos, eu jogava no
petiz e jogava um pouco no infantil. Aí, depois,
quando fui crescendo, tendo mais idade, eu já
fui... Com 11 anos, eu jogava no juvenil, na
época. Eu não tinha idade, mas tinha um futebol
que me qualificava para jogar no juvenil. Então,
P.I. – Per la verità a me piaceva molto giocare a
pallone, noi lo chiamavamo "colpisci la palla" .
Il "colpisci la palla" funzionava così: costruivi la
palla e dopo cominciavi a giocare... senza
nessun arbitro. Non c'erano nemmeno i falli. Chi
resisteva fino alla fine vinceva, ed ognuno per
sé, più o meno. Io, ad 11 anni, dagli 8 agli 11
anni, già avevo avuto modo di giocare per il
Cruzeirinho de Matozinhos. A quell'epoca ero
nella giovanile, facevo parte di quella squadra.
Giocavo un po' anche nell'infantile. Più tardi,
quando crebbi un po', con qualche anno in più,
già andai... A 11 anni giocavo già nella squadra
giovanile. Non avevo l'età giusta, ma giocavo a
calcio tanto bene che mi approvarono per la
squadra giovanile. E quando avevo 11 anni ci
trasferimmo a Belo Horizonte.
nos meus 11 anos, nós mudamos para Belo
Horizonte. Aí, sim, aí já comecei a fazer um
futebol assim mais direcionado para o futebol
amador, no qual, quando vim para Belo
Horizonte, joguei pelo Ideal, do Bairro da Graça,
que era uma equipe administrada... Quem era o
presidente era o Carlos César Pinguim, um
comentarista de uma rádio aqui de Belo
Horizonte. Aí, sim, aí nós começamos a levar o
futebol do lado amador para o lado profissional.
Então, assim que começou a minha carreira.
A quell'epoca iniziai a giocare a calcio con
maggiore perizia per giocare tra i dilettanti e,
quando venni qui a Belo Horizonte, giocai per
l'Ideal, di Bairro da Graça, che era uno club
amministrato... il suo presidente era Carlos
Cesar Pinquim, un cronista sportiva della radio
di Belo Horizonte. A quel punto cominciai a
crescere di livello e pian piano passai da un
calcio amatoriale ad uno professionale.
Ecco, è iniziata così la mia carriera.
B.B. – Esse Cruzeirinho lá de Matozinho era
uma referência ao Cruzeiro? Ou não tinha nada a
ver?
B.B. – Il nome Cruzeirinho de Matozinho era
un omaggio al Cruzeiro? O non aveva niente a
che vedere?
P.I. – Eu acredito que até o nome pode ter
surgido devido ao Cruzeiro. Porque na época, lá,
a maioria... todo mundo era cruzeirense, então,
“vamos montar o Cruzeirinho”. Aí se montou o
Cruzeirinho. E se fez uma equipe muito forte –
selecionou, do interior lá, muitos jogadores bons
e fez uma equipe. Então, ficou esse nome. Pode
ser que esse nome tenha alguma influência com
o Cruzeiro de Belo Horizonte.
P.I. – Credo che il nome possa essere dovuto al
Cruzeiro, sì. Perché all'epoca la maggior parte...
eravano tutti tifosi del Cruzeiro. Quindi
"creiamo la squadra Cruzeirinho" . E crearono il
Cruzeirinho. Ed era anche una squadra molto
forte - vennero selezionati molti giocatori
dell'interno molto bravi e si creò quella squadra.
E rimase quel nome. Può essere che questo
nome sia stato effettivamente un omaggio al
Cruzeiro di Belo Horizonte.
B.B. – Mas você, garoto, torcia para que time? B.B. – Ma tu da ragazzo per chi tifavi?
P.I. – Eu nasci atleticano, cara. [risos] Meu pai
costumava falar que, quando eu nasci, ele pegou
no bracinho e falou: “Esse é atleticano! Esse é
galo doido!” Então, aí ficou. E eu, mesmo
jogando no Cruzeirinho, com alguma resistência
para mudar, “aqui ele vai jogar mais, é
cruzeirense”, mas eu tive a felicidade e não
procurei trocar, não. Então, nasci atleticano e
estou até hoje aí procurando torcer e levar minha
força aí para que o Atlético seja uma equipe bem
fortalecida.
P.I. – Io sono nato per l'Atletico, accidenti [ride]
. Mio padre diceva sempre che, quando sono
nato, mi prese in braccio e disse "E' nato per
l'Atletico! E' un Gallo pazzo!" E così è stato.
Anche quando giocavo per il Cruzeirinho,
sentivo un po' di resistenza a cambiare tifoseria,
"Qui lui giocherà di più, è cruzeirense" , ma ebbi
la fortuna di non dover cambiare tifoseria. Sono
nato atleticano e ancora oggi tifo e sostengo con
tutto me stesso l'Atletico, sperando che possa
essere sempre più forte.
B.G. – E quando você mudou para Belo
Horizonte, você mudou com a sua família ou
você veio para jogar bola?
B.G. – E quando sei andato a Belo Horizonte,
sei venuto con la tua famiglia o sei venuto solo
per giocare a calcio?
P.I. – Não. Mudei com a minha família. Aí foi
aquele negócio: caminhão aberto, joga tudo para
cima da carroceria, põe o cachorro na traseira e
vamos morro acima. Então, minha família,
devido ao crescimento, porque nós já estávamos
crescendo, Matozinhos começou a ficar muito
pouco... Aí já precisava de todo mundo estar
trabalhando e meus pais, então, acharam melhor
nós mudarmos para Belo Horizonte. Na época
que ele tomou a decisão, para nós, acostumados
ao interior, foi um susto, “ah! vamos para Belo
Horizonte”. Nossa! Para nós foi o maior susto.
P.I. – No, venni con la mia famiglia. Andò più o
meno così: camion aperto, carica tutto dentro
all'auto, infila il cane nel baule e andiamo via.
La mia famiglia nel frattempo era cresciuta,
stavamo tutti crescendo, e Matozinhos iniziava a
starci stretta... Noi avevamo bisogno di lavorare
e così anche i miei genitori hanno preferito
trasferirsi a Belo Horizonte. A quell'epoca
quando fu deciso, per noi abituati all'interno fu
un vero shock "Ah, andiamo a Belo Horizonte" .
Signore! Per noi fu davvero un colpo.
Ci eravamo ben spaventati. Ma fu un'ottima
Viemos todo mundo retraído. Mas foi uma
experiência e uma troca boa. Então, meu pai foi
muito sábio, quando ele tomou essa decisão.
Viemos para Belo Horizonte. Graças a Deus, a
minha família, com compromisso com a
sociedade, com o trabalho, com a dignidade.
Todos nós tivemos uma formação muito boa.
esperienza e un cambiamento positivo. Mio
padre fu molto saggio a prendere quella
decisione. Siamo venuti a Belo Horizonte.
Grazie al cielo la mia famiglia era attiva in
società, con il lavoro, era molto dignitosa.
Siamo stati educati molto bene.
B.G. – E o Atlético? Quando você veio para cá,
você já queria jogar no Atlético?
B.G. – E l'Atletico? Quando sei venuto qui, già
volevi giocare per l'Atletico?
P.I. – Não, eu... P.I. – No, io...
B.G. – Como que era a relação com o futebol?
Quando você mudou para cá, você já começou a
jogar no juvenil, continuar?
B.G. – E il tuo rapporto col calcio? Quando sei
venuto qui, avevi già iniziato a giocare per la
squadra giovanile, continuavi?
P.I. – Eu continuei jogando no amador. Mas eu
nunca tinha aquele sonho, “ah, vou jogar num
time grande”. Eu gostava de jogar bola. E o
Ideal, na época, ele me proporcionou, porque eu
morava perto, de eu estar jogando lá. E como eu
tinha uma qualidade, ou condições muito boas,
eu era muito requisitado. Então, eu queria jogar.
Eu jogava ali no infantil, jogava no juvenil.
Então, para mim era a maior festa. Eu não
pensava que um dia eu ia jogar num time
profissional. Eu queria estar jogando bola.
Então, eu fazia aquilo ali com o maior prazer da
minha vida. Daí, então, começou a surgir os
convites: um chamar para jogar aqui, jogar ali.
Eu não queria saber aonde, eu queria era estar
jogando. Então, para mim era a maior... A maior
felicidade para mim era jogar bola.
P.I. – Continuai a giocare come dilettante. Ma
continuavo a sognare "Giocherò in un grande
club". Mi piaceva giocare a pallone. L'Ideal,
all'epoca, mi valorizzava, io vivevo lì vicino,
giocavo lì. E avendo una buona qualità, la mia
condizione era buona, venivo richiesto spesso.
Ed io volevo solo giocare. Giocavo nella
squadra infantile e in quella giovanile. Per me
era il massimo. Ancora non pensavo al giorno in
cui avrei potuto giocare come professionista. Io
volevo solo giocare a pallone. E giocavo con un
piacere immenso. Ad un certo punto iniziarono a
propormi di giocare qua e là. A me non
interessava dove, volevo solo continuare a
giocare. Per me era davvero il massimo. La
maggior felicità per me era giocare a pallone.
B.B. – Paulo, você então se muda para Belo
Horizonte com 11 anos – pelas nossas contas,
então, em 1964.
B.B. – Paulo, vi trasferite a Belo Horizonte
quando hai 11 anni - quindi nel 1964.
P.I. – Exatamente, em 1964. P.I. – Esattamente, nel 1964.
B.B. – Em 1965, é inaugurado o Mineirão. Você
tem lembrança de ter ido a algum jogo no
Mineirão, de frequentar o estádio? Que
lembranças você tem dessa época?
B.B. – Nel 1965 viene inaugurato i Mineirao.
Ricordi di essere stato a qualche partita di quel
campionato, di essere andato allo stadio? Hai
qualche ricordo di quel periodo?
P.I. – Olha, ficou mesmo só na lembrança.
Porque para a nossa família, que tinha mudado
há pouco tempo, para poder ir para o Mineirão
era meio complicado, porque tinha que pagar a
entrada, e a família da gente era muito sacrifício,
mas um sacrifício bom, porque a gente buscava
ali com o trabalho. Então, tinha muita
dificuldade. Então, muitas vezes, você não podia
estar disponibilizando dinheiro para você ir para
um estádio, para pagar um ingresso. Então, a
gente ficava mesmo era só no radinho, ouvindo,
torcendo ali. Eu me lembro que a primeira vez
que eu fui no Mineirão, foi a minha irmã que
P.I. – Guarda, ho alcuni ricordi. La nostra
famiglia si era trasferita da poco tempo, ed
andare allo stadio Mineirao era abbastanza
complicato, dovevi pagare l'ingresso e per la mia
famiglia era un bel sacrificio, un bel sacrificio
perché noi cercavamo ancora un lavoro. Era
molto difficile. Molto spesso non potevo avere
denaro per andare allo stadio, per pagarmi
l'ingresso. Per lo più quindi ascoltavamo la
radio, ascoltavamo e facevamo il tifo. Ricordo
che la prima volta che potei andare al Mineirao,
mia sorella disse: "Abbiamo un ingresso per
portarvi al Mineirao. Chi vuole andare?" . Mi
falou: “Nós estamos com um ingresso aqui para
levar vocês para o Mineirão. Quem quer ir?” E
eu era meio retraído. Eu sempre tive muito medo
de tumulto, muita gente, e me falavam que o
Mineirão era muito grande e eu ficava meio
retraído. Aí minha irmã falou: “Não, você vai,
sim. Você vai, porque você gosta muito de bola,
você tem que ir lá para você ver, para você
conhecer como é.” Então, acabei indo. E na hora
que eu cheguei na roleta para entrar, aí o rapaz
da roleta perguntou: “Você está acompanhado?”
Porque tinha que estar acompanhado, porque eu
era ainda de menor. Aí minha irmã... “Está
acompanhado.” Aí eu entrei, meio receoso. Mas,
para te falar a verdade, com toda a honestidade,
eu não fiquei à vontade dentro do Mineirão.
Então, a minha família... Eles achavam que eu ia
ficar empolgado. Eu acho que, pelo contrário, de
eu ver aquele mundo... Eu nem me lembro bem,
para te falar a verdade, como é que foi o jogo,
qual o jogo que foi. Eu acho que eu fiquei muito
assustado, em tão pouco tempo, ter vindo no
Mineirão. Daí a uns dois... acho que um ano e
meio [depois] que o Mineirão foi inaugurado, eu
fui, para poder conhecer o Mineirão, e não fiquei
empolgado. Acho que eu fiquei com mais medo
de estar ali... Porque o Mineirão enchia muito –
eram 90 a 100 mil pessoas ali dentro. Então,
para mim não foi uma experiência boa. Eu não
tenho aquilo como uma boa lembrança. Tenho
porque eu me
lembro que fui no Mineirão, mas não tirei
proveito daquilo porque eu fiquei muito
assustado. Então, acho que foi muito aquela
coisa de menino ainda do interior.
ero spaventato. Ho sempre avuto molto timore
del rumore, della folla, e mi avevano detto che il
Mineirao era molto grande e quindi mi ero
spaventato. Mia sorella aggiunse: "No, tu ci vai.
Tu ci vai perché adori giocare a calcio, devi
andarci per vedere, per sapere com'è" . E alla
fine ci andai. Quando ero al tornello per entrare
il ragazzo mi chiese: "Ti accompagna
qualcuno?" Perché dovevo essere
accompagnato, ero ancora minorenne. E mia
sorella... "Sì è accompagnato". E così entrai,
piuttosto spaventato. E a dirti la verità, in tutta
onestà, non mi sentii a mio agio dentro al
Mineirao. La mia famiglia... pensava che mi
sarei entusiasmato. E invece, fu il contrario,
penso che vedere quel mondo... Nemmeno mi
ricordo bene, a dirti la verità, com'è stata la
partita o quale fu la partita. Credo di essermi
spaventato molto, in pochissimo tempo, in quel
Mineirao. Dopo uno o due... penso un anno e
mezzo dopo che inaugurarono il Mineirao ci
andai e non ne rimasi per niente entusiasta.
Penso anzi che mi spaventai proprio molto. Il
Mineirao si riempiva parecchio, 90 o 100 mila
persone là dentro. Per me non fu una bella
esperienza. Non la ricordo come un bel
momento. Lo ricordo, ricordo appunto di essere
stato al Mineirao, ma non me la sono goduta, ero
troppo spaventato. Credo dipendesse molto dal
mio essere ancora un bambino dell'interno del
paese.
B.B. – E se então a experiência de torcedor num
estádio grande, com multidão, ela era
assustadora, depois, como jogador, tinha o
impacto da torcida e da pressão? Isso, quando
você passou para o outro lado, ou seja, para
dentro do campo, isso você sentiu também? Ou
você se acostumou, com o tempo?
B.B. – E se l'esperienza come tifoso in uno
stadio grande, in mezzo alla folla, ti aveva
spaventato, dopo, come giocatore, che impatto
aveva su di te la tifoseria e la stampa? Quando
sei passato dall'altra parte, ossia, quando eri
dentro al campo, come ti sentivi? Ti sei abituato
in qualche modo col tempo?
P.I. – No início, você dizer que você chega
dentro de um Mineirão com 90 a 100 mil
pessoas, você falar que você chega ali e já
domina, com aquele barulho, aquela vibração
toda? Não. Não é fácil, não. Dá uma tremedeira,
realmente. Apesar de que, antes de eu iniciar,
pelo Atlético, no Mineirão, eu fiquei um ano em
Manaus. Mas mesmo em Manaus, jogando pelo
Nacional, porque o campo lá no Vivaldo Lima
P.I. – All'inizio, entrare al Mineirao con 90 o
100 mila persone, sentirti a tuo agio, con tutto
quel casino, con quella vibrazione... No, non è
per niente facile. Dà un tale spavento, davvero.
Anche se io, prima di iniziare all'Atletico nel
Mineirao, rimasi un anno intero a Manaus.
Anche a Manaus, giocando nel Nacional, lo
stadio là a Vivaldo Lima si riempiva tutto,
quando entravamo in campo e vedevamo quello
também ficava muito cheio, na hora que a gente
entrava e via aquele estádio lotado, aquele
monte de gente, aquela gritalhada toda, te dá,
realmente, uma tremedeira no corpo todo. Mas
isso aí, com o tempo é que você vai dominando
essa ansiedade e essa preocupação. Não é fácil
você estar enfrentando ali 90 a 110 mil pessoas
gritando ali no seu ouvido. Então você tem que
ter um controle emocional muito grande para
você realmente sobressair. Não é fácil.
stadio pieno zeppo, tutta quella gente, urlante, ti
arrivava addosso una paura tremenda lungo tutto
il corpo. Ma questa sensazione la riesci a
controllare con il tempo, tutta l'ansia e la
preoccupazione. Non è facile affrontare 90 o 110
mila persone che gridano nelle tue orecchie.
Devi avere un controllo emozionale molto
grande per andare oltre. Non è facile.
B.B. – Paulo, ainda nesse tempo de garoto, de
aspirante, no início da adolescência, quais eram
as suas referências de ídolos? Você torcia para o
Atlético. Você tinha algum jogador em quem
você se inspirava, tinha algum modelo, seja na
sua posição, ou seja, como representante daquele
clube, que você mais admirava?
B.B. – Paulo, quando eri ancora ragazzo,
aspirante calciatore, all'inizio dell'adolescenza,
quali erano i tuoi idoli di riferimento? Tifavi per
l'Atletico. Avevi qualche giocatore al quale ti
ispiravi, un modello, anche nella tua futura
posizione, o un rappresentante di quella squadra,
c'era qualcuno che ammiravi di più?
P.I. – Olha, na época de eu começando e,
naturalmente, acompanhando até pelo rádio, o
nome – e acho que é de todos da minha época –,
o nome que mais vinha na sua cabeça era o Pelé.
Não tinha outra referência naquela época, não.
Principalmente na década de 1966, por aí, e
1968, principalmente quando houve um
Cruzeiro e Santos aqui no Mineirão, que foi uma
coisa maravilhosa – eu me lembro, acho que foi
de seis que o Cruzeiro ganhou –, se falava muito
no Tostão, também. Então, esses nomes aí
marcaram muito na minha infância: Dirceu
Lopes... E eu gostava muito de ouvir, porque eu
via que eram jogadores muito técnicos na época,
mas eu
nunca pensava assim, “ah, um dia eu vou ser
igualzinho a eles”. Eu tinha um futebol... uma
coisa que eu gostava. Então, um nome que me
chamava a atenção realmente era o Pelé: “Ah, o
Pelé, o Pelé”, para todo lado. E a gente ouvia
muito no rádio, porque naquela época, televisão,
a gente, muitas vezes, ia para a casa do vizinho
para ver – e, muitas vezes, você não ia, porque
ficava com um pouco de vergonha. Mas o nome
que mais chamava a atenção mesmo eram esses
nomes aí: o Pelé me chamou muito a atenção,
naturalmente, e acho que como de todo
brasileiro; o Tostão; o Dirceu Lopes; Zé Carlos.
Esses nomes, na época, marcaram muito. Mas o
que marcou mesmo era o Pelé.
P.I. – Guarda, ai tempi in cui ho cominciato, e
naturalmente, si seguiva con la radio, e il nome -
e penso che valga per tutti quelli dei miei tempi -
che si faceva più largo nella testa di tutti era
quello di Pelé. Non c'era altro referente a
quell'epoca. Principalmente nel 1966 o nel 1968,
anche quando ci furono il Cruzeiro e il Santos
qui nel Mineirao, che fu un evento meraviglioso
- ricordo, credo che il Cruzeiro vinse di 6 gol - si
parlava molto di Tostao, anche. Sono questi i
nomi che marcarono la mia infanzia: Dirceu
Lopez... Mi piaceva molto ascoltare, erano
giocatori molto tecnici per l'epoca. Non avevo
mai pensato: "Ah un giorno sarò proprio come
loro" . Io giocavo solamente a calcio, mi piaceva
moltissimo. Però un nome che davvero coglieva
la mia attenzione era quello di Pelé: "Ah, Pelé
Pelé" , da tutte le parti. Lo sentivamo spesso alla
radio, perché a quei tempi, la televisione noi
dovevamo andarla a vedere a casa di un vicino -
e molto spesso non ci andavamo perché
provavamo vergogna. I nomi che più
richiamavano la mia attenzione erano questi:
Pelé, di gran lunga il più famoso non solo per
me ma per tutti, Tostao, Dirceu Lopes, Ze
Carlos. Sono questi i nomi che marcarono la mia
infanzia. Ma quello più incisivo di sicuro fu
Pelé.
B.B. – De que Copa você tem a primeira
lembrança? Qual foi o torneio mundial que
primeiro você lembrou, das suas recordações?
B.B. – Di quale Mondiale hai i primi ricordi?
Qual è il primo Mondiale che è rimasto impresso
nei tuoi ricordi?
P.I. – Ah, Mundial que eu me lembro, que eu P.I. – Ricordo, anche se posso solo dire che lo
posso falar que eu me lembro... Não posso talvez
te contar detalhes, mas o que eu lembro é o de
1970, porque era uma época que eu tinha uma
idade que eu estava me interessando muito mais
e acompanhando mais o futebol. Então, o ano de
1970, na minha infância, me marcou muito. Eu
acho que, igual eu falei para vocês que na época
o Pelé marcou, então, nessa época aí, de
jogadores e pessoas da minha idade, a Copa de
1970 marcou demais.
ricordo... ma non ti posso raccontare dettagli, ho
solo vaghi ricordi, è quello del 1970. A quei
tempi ero già più grande ed ero più interessato al
calcio, lo seguivo di più. Quello del 1970 ha
lasciato un segno nella mia infanzia. Credo che,
così come Pelé ha lasciato un marchio in quel
periodo, anche quel Mondiale del 1970 ha
lasciato un segno nei calciatori e nelle persone
della mia età.
B.B. – [Das Copas] de 1966 e 1962, você lembra
alguma coisa?
B.B. – E di quelli del 1966 e 1963 non ricordi
nulla?
P.I. – Não. Aí eu já não lembro muito, não. Em
1962, por exemplo – eu nasci em 1953 –, eu
ainda estava até no interior, ainda estava muito
novo e ainda não estava com aquela... voltado
para acompanhar o futebol. Eu estava com o
futebol a nível de pelada, de jogar pelada, ir lá
para um ranca-toco, vamos dizer assim, mas não
estava envolvido, não. Mas a de 1970, eu já
comecei a me envolver mais, a me interessar
mais pelo futebol profissional. Então, aí foi...
Então, a de 1970, eu posso dizer que a gente
acompanhou mais.
P.I. – No, non ricordo quasi nulla. Nel 1962, per
esempio, essendo io nato nel 1953, ancora
abitavo all'interno, ero ancora molto piccolo e
non ero... non ero predisposto a seguire il calcio.
Giocavo a calcio inteso come pallone, giocavo a
palla, con l'idea del "colpisci la palla", diciamo
così, non ero interessato a quell'aspetto. Nel
1970 invece già ero più coinvolto, mi
interessavo anche al calcio professionale. Posso
dire che nel 1970 invece mi interessavo di più
alle partite.
B.G. – Quando que você se deu conta de que
você queria ser jogador, mesmo? Porque você
começou com pelada, depois você passou pelas
categorias de base, juniores, e quando que você
decidiu, que você falou “agora, é isso mesmo
que eu vou fazer”?
B.G. – Quando ti sei reso conto che volevi fare il
calciatore? Hai iniziato giocando a piedi nudi,
poi sei passato alle categorie dilettanti, juniores,
quando hai deciso, quando ti sei detto: "bene, è
questo che io voglio fare" ?
P.I. – Eu decidi, na verdade... Como é que foi?
Eu jogava pelo Ideal do Bairro das Graças e nós
tínhamos um presidente que era o Carlos César
Pinguim, e como eu falei para vocês, eu gostava
de ir para o amador para jogar – ali é campo de
terra, poeira, era gostoso, eu me sentia... Isso foi
no ano de 1970 até 1972, eu jogando no amador,
e eu jogava muito bem na época, no amador,
assim se dizia, então, começaram a dizer:
“Nossa Senhora! Você tem que ir para um
profissional, você tem que jogar em um time,
um clube grande. Você está jogando aqui, você
está desperdiçado.” Eu sempre ficava ouvindo
isso. Então, em 1972, por aí, eu disputando, pelo
Ideal, campeonatos amadores, ouvindo isso, aí
eu comecei... E eu acompanhava muito o futebol
pelo rádio e televisão, aí eu começava a ver
aquilo e eu falava: “Gente, eu acho que
realmente... Eu acho que eu tenho condições.”
Então... Aí já comecei a ficar naquela ansiedade:
“Nossa! Se um dia aparecesse para mim de ir
P.I. – Mi sono deciso... com'è andata? Giocavo
per l'Ideal di Bairro das Graças e all'epoca
avevamo un presidente chiamato Carlos Cesar
Pinguim, e come vi ho già detto, mi piaceva
giocare nei dilettanti, tutto pur di giocare - il
campo è di terra, polveroso, era bello, mi
sentivo... Tra il 1970 e il 1972, giocavo tra i
dilettanti, giocavo molto bene a quei tempi, tra i
dilettanti, così almeno dicevano, e cominciarono
a dirmi: "Signore" Devi assolutamente passare
tra i professionisti, devi giocare in un club, un
club importante. Giocando qui tu sei sprecato."
Me lo dicevano continuamente. Nel 1972, stavo
giocando con l'Ideal, al campionato dilettanti, e
me lo dicevano sempre, e così cominciai...
Seguivo molto il calcio tra radio e tv e iniziai a
dirmi: "Penso che in effetti... Credo di potercela
fare" . E così iniziai a sentirmi un po' in ansia:
"Signore! E se un giorno potessi davvero andare
a giocare per un club. Pensa se un giorno potessi
andare a fare una selezione?" . E dopo una
num clube jogar. Já pensou se um dia aparecesse
para mim eu poder ir num time fazer um teste?”
E sempre, depois dos jogos, porque [os jogos
do] amador eram sempre muito disputados...
Esse Carlos César Pinguim chegou um dia para
mim, que era o nosso presidente e trabalhava
numa rádio aqui em Belo Horizonte, ele falou
para mim assim: “Você não tem vontade de ir
fazer um teste, não?” Mas sempre vinha aquele
lado do medo. Ele falava comigo: “Eu vou levar
você aí num Atlético.” Aí eu começava a rir.
“Vou te levar no Cruzeiro.” Eu começava a rir.
Eu falava: “O que é isso, você está doido,
rapaz?! Vou jogar num time desses aí? Não, não.
Não quero mexer com isso, não.” E nisso,
jogando e disputando o amador, apareceu um
olheiro. Eu acho que foi até por convite dele. Ele
foi lá assistir a um jogo nosso, lá no nosso
campo, e eu não sabia. Ele foi lá assistir ao jogo.
E eu, como sempre, nas partidas no futebol de
várzea, eu sobressaía mesmo, eu era, vamos
dizer assim, aquele jogador que todo mundo
queria que ele jogasse nas equipes, ali no
amador. E quando terminou uma partida lá,
chegou um senhor lá e falou assim: “Ô, meu
filho, você não quer ir lá no Atlético fazer um
teste?” Aí eu abaixei a cabeça e comecei a rir.
Eu falei: “Ah! Esse cara está de sacanagem
comigo!” Aí o presidente Carlos César Pinguim
falou assim: “Olha, tem um olheiro aí que veio
lá do Atlético ver você jogar.” Eu falei: “Ah!
Você está de sacanagem! Para com isso! Que
brincadeira boba! Vai vir aqui, numa poeira
dessa aqui, uma pessoa lá do Atlético?” Aí essa
pessoa entrou, que era o Irineu, e falou: “Não,
sou eu mesmo. Eu sou o Irineu, eu trabalho lá no
Atlético, sou roupeiro, e eu vim aqui e me
falaram muito bem de você. Não só você. Têm
dois colegas seus aí que eu vou levar com você”,
que era o Dominguinhos e o
Rogério. “Nós vamos levar vocês três para fazer
um teste no Atlético.” Eu falei: “Tudo bem. Se o
senhor quiser levar... Mas eu não sei se eu vou
aguentar, não. Porque falam que o profissional,
lá, a gente tem que estar muito... porque é muito
forte, e eu não sei se eu vou conseguir passar,
não.” Ele falou: “Você quer? Eu vou marcar
para você.” “Ah, quero, quero ir, sim, quero ir.
Pode marcar que eu vou.” Aí, beleza, aí ele
marcou esse teste lá em Lourdes, no bairro de
Lourdes, porque o Atlético tinha um campo lá de
partita, una di quelle combattute... Carlos Cesar
Pinguim mi venne a parlare, era il nostro
presidente e lavorava in una radio qui a Belo
Horizonte, mi disse: "Ti piacerebbe andare a fare
una selezione?" . E la paura fece capolino. E lui
continuava: "Ti voglio portare all'Atletico" . A
quel punto iniziai a ridere. "Ti voglio portare al
Cruzeiro" . E io ridevo. "Che c'è ragazzo, sei
impazzito?" "Giocare in uno di quei club? No,
no. Non voglio immischiarmi in queste cose. "
Ma continuando a giocare e vincere nel torneo
dilettanti, si presentò un vero reclutatore. Credo
lo avesse chiamato lui. Venne a seguire una
nostra partita, al nostro campo. Non ne sapevo
nulla. Venne a guardare la partita.
Nelle partite di calcio su terra io mi esprimevo
sempre al meglio, ero, diciamo così, il giocatore
che volevano tutte le squadre dilettanti. E
quando finì la partita, mi raggiunse questo
signore e mi disse: "Caro mio, non vuoi andare
all'Atletico a fare una prova?" . Abbassai la testa
ed iniziai a ridere. E gli risposi: "Ah, questo tizio
vuol prendermi in giro!" A quel punto Carlos
Cesar Pinguim mi disse: "Senti, è un reclutatore
venuto dall'Atletico per vederti giocare" . Ed io:
"Ah! Continui a prendermi in giro, smettila! E'
uno scherzo stupido! Verrebbe in una baracca
come questa un reclutatore dell'Atletico?"
E questa persona entrò, era Irineu, e mi disse: "E
invece sì, sono Irineu, lavoro per l'Atletico, sono
un reclutatore, e sono venuto qui perché mi
hanno parlato molto bene di te. E non solo di te.
Ci sono altri 2 tuoi colleghi qui che porterò via
assieme a te" , erano Dominguinhos e Rogerio.
"Ti portiamo all'Atletico per fare una prova" .
Dissi: "Va bene, se il signore mi vuole portare...
Però non so se ce la faccio... Dicono che per
essere dei professionisti si debba essere molto...
molto forti, e non so se sono in grado di farcela"
E lui disse: "Ti va allora? Ti fisso un
appuntamento" . "Sì, voglio, voglio provare. Mi
dica quando e io ci vado". Che meraviglia, lui
mi ha fissato questa prova a Lourdes, nel
quartiere di Lourdes, l'Atletico aveva un campo
là per la selezione. Il giorno deciso perché noi
andassimo, presi le mie scarpette e con Bel e
Dominguinhos partimmo. Ci dicevamo:
"Signore! Andiamo all'Atletico?! Voi siete... Oh
no, voi pensate? Voi pensate che ce la faremo?"
"Sì". Forza, andiamo" . E siamo andati.
Abbiamo dato un'occhiata al campo di Lourdes,
avaliação. Aí, no dia que ele marcou para nós
irmos, peguei minha chuteirinha, eu, Bel e
Dominguinhos, e nós fomos. Aí falamos: “Nossa
Senhora! Nós vamos lá no Atlético?! Vocês
estão... Ah, não. O que vocês acham? Vocês
acham que dá?” “Dá.” “Então vamos.” Aí
fomos. Aí, chegou lá, quando nós olhamos o
campo de Lourdes, não era um campo, também,
muito gramado, não. Era um campo que tinha
uma deficiência de grama – principalmente no
meio, tinha terra. Aí nos animamos, batemos
palma: “Ah! Falou aí, gente! É igual ao nosso
campo lá. Não tem nada de diferente, não.”
[risos] Aí nos animamos, por ver o campo.
Porque quando falou o Atlético, nós falamos:
“Nossa! O negócio do gramado...” Aí nós
olhamos a chuteira... “Não, não, vai dar para ir.
Vamos embora. É igual ao nosso, mesmo.” Aí
nós fomos lá para trocar de roupa, ficamos lá no
cantinho do vestiário lá, e os jogadores do
Atlético, poxa, era cada... O Márcio, que era um
zagueiro, era um... Os caras, tudo forte. O
Antenor, um cara forte, grande. Aí nós falamos:
“Nossa! Será que nós vamos conseguir, gente?
Os caras... Não, esse problema aí, para nós, não
tem nada a ver, não. Pode pesar aí que...” E a
gente confiava muito em nós. Aí nós ficamos lá
no cantinho esperando o primeiro tempo, aí eu
virei para o Rogério e falei assim: “Rogério,
Nossa Senhora! Não vai ser muito difícil, não.
Você viu o zagueiro lá como é que ele entra na
jogada?” Esse Márcio, ele gostava muito de dar
pancada. E nós estudamos ele do lado de fora.
Falamos: “Vamos estudar esse cara aí.” Porque a
gente estava acostumado com o amador, e o
amador é assim, os caras... É pegado mesmo. Eu
falei... “Isso aí, para nós, aí no campo...” Então,
nós ficamos muito felizes, não de estar... muito
felizes de ver o campo. Aí entramos, para poder
trocar de roupa, trocamos, ficamos lá no
cantinho esperando, e teve o primeiro tempo. Aí
o Crispim, na época... E tinha o Barbatana2. Era
o Barbatana na época. Ele chamou: “Você vai
entrar lá no lugar do fulano; você vai entrar...”
Isso já na segunda parte do treino. Aí eu entrei
todo feliz, rapaz! Mas feliz... Nossa! Vocês
tinham que ver a satisfação que eu fiquei, por
causa do campo. Porque era um campo que era
mais ou menos parecido... Porque tinha muita
terra,
também, no campo, principalmente no meio. Aí
che non era molto verde. Era una campo con
poca erba e - sopratutto al centro - c'era la terra.
Vedendo questo ci animammo, ci battemmo le
mani. "Ah che fortuna, è come il nostro campo.
Non c'è differenza" [ride] . Ci esaltammo
davvero a vedere quel campo. Quando ci disse
"Atletico" ci dicemmo "Ci sarà di certo l'erba..."
. Invece ci guardammo le scarpette "No, vanno
benone queste. Andiamo. E' uguale al nostro,
preciso" Andammo quindi a cambiarci i vestiti,
rimanemmo nello spogliatoio con i giocatori
dell'Atletico, caspita...
C'era Marcio, un terzino enorme... erano tutti
forti. Antenor, era gigantesco, forte.
Ci dicemmo: "Signore, ma ce la faremo? Quei
tipi... Non è un problema questo, per noi, non
abbiamo niente da temere. Possiamo farcela..."
Avevamo molta fiducia in noi stessi.
Rimanemmo chiusi nello spogliatoio aspettando
il primo tempo, a quel punto mi voltai verso
Rogerio e gli dissi: "Rogerio, caspita. Non sarà
molto difficile. Hai visto com'è il terzino e come
gioca?" Marcio era solito dare delle spintarelle.
E noi lo stavamo studiando per bene. Dicemmo:
"Studiamolo per bene" . Eravamo abituati ai
dilettanti, tra i dilettanti si fa così, si guarda... Ci
si concentra. Così dissi "Eccoci qui, in campo..."
Eravamo molto felici, non solo per esserci ma di
vedere quel campo. Poi entrammo nello
spogliatoio per cambiarci, e rimanemmo là in un
angolo aspettando la fine del primo tempo. A
quel punto Crispim... C'era Barbatana2. Crispim
disse: "Tu entri al posto di tizio; tu entri..."
Questo nella seconda parte dell'allenamento.
Entrai tutto contento, ragazzi! Felicissimo...
Signore! Dovevate vedere quanto ero soddisfatto
a causa di quel terreno. Perché era davvero più o
meno identico al nostro... C'era molta terra sul
campo, sopratutto a centrocampo.
Entrai e mi dissi: "Signore, è il mio turno!"
E cominciammo a giocare.
In 20 minuti quel tipo mi chiamò e mi mandò
fuori. Ed io dissi: "Bel, quel tipo ci ha già
mandati fuori?! E' una stupidata così. Non avevo
fatto nemmeno 20 minuti di allenamento.
Non vi avevo detto che era meglio non venire
qui? Questo tizio ci tratta malamente"
E quel tipo mi disse: "Vieni qui" , mi chiamò.
Andai verso lo spogliatoio e lui mi disse:
"Ascoltami, le cose stanno così, domani mattina
torni qui, e chiedi al ragazzo di trovarti delle
eu entrei. Eu falei: “Nossa! É comigo mesmo!”
Aí nós começamos e tal. Aí, 20 minutos e o cara
chamou, tirou. Eu falei: “Ô Bel, o cara tirou a
gente?! Isso é sacanagem. Não tem nem 20
minutos de treino. Não falei para você que eu
não queria vir aqui nesse lugar? Esse cara aí
trata a gente com pouco caso.” Aí ele falou
assim: “Vem cá”, me chamou. Aí eu fui lá para
o vestiário e ele falou: “Olha, o caso é o
seguinte, você vai voltar aqui amanhã, você
passa ali para o rapaz arrumar uma chuteira para
você. Eu acho que, provavelmente, o Sinval vai
querer que vocês continuem.” Puxa vida! Aí eu
pulei de alegria, falei: “Nossa Senhora! Está
brincando, cara?!” Mas nós entramos... Eu acho
que a felicidade de eu ver o campo fez com que
eu jogasse com alegria, despreocupado, sem
medo de errar, se estava no Atlético ou não.
Então, o campo me deu essa satisfação. Então,
foi maravilhosa essa experiência para mim. Aí o
Sinval me chamou lá: “Amanhã você vai vir
para treinar.” E continuei. Eu acho que
praticamente com um treino eu fui aprovado
para jogar no Atlético.
scarpe. Credo che Sinval, molto probabilmente,
voglia tenervi". Caspita! Esplosi di felicità,
dissi: "Signore, sta scherzando?!" Ma venimmo
presi... Credo che la felicità di vedere quel
campo mi abbia fatto giocare con allegria,
tranquillo, senza paura di sbagliare, non tenevo
in conto di essere all'Atletico.
Vedere quel campo mi ha trasmesso un'enorme
soddisfazione.
Fu un'esperienza meravigliosa per me.
Sinval mi chiamò: "Domani ritorni qui per
l'allenamento" .
Continuavo.
Credo di aver superato la selezione per giocare
all'Atletico grazie a quell'allenamento.
2 João Lacerda Filho.
B.B. – Nesse momento, a sua posição já estava
definida? Você já sabia o seu lugar dentro de
campo? Ou isso mudou, quando entrou para o
Atlético?
B.B. – In quel momento la tua posizione già era
decisa? Già sapevi qual'era il tuo ruolo
all'interno del campo? O è cambiato, quando sei
entrato nell'Atletico.
P.I. – Não, não mudou, não. A minha posição
era uma: eu gostava de jogar de meia. Minha
posição era meia. Em qualquer lugar que eu
fosse jogar, em qualquer time que eu fosse, eu
sempre gostava de jogar com a camisa oito.
Então, se tinha a camisa oito... “Ah, você vai de
goleiro.” “Então, se eu vou de goleiro, eu vou
com a camisa oito.” Na época, o oito, para mim,
era o meia-direita. Então, era a posição que eu
adorava jogar. Porque na época se jogava com o
ponta-direita, jogava ali pelo lado direito, então
eu fazia a minha festa ali daquele lado. Então, eu
adorava muito fazer isso. Então, quando eu
cheguei lá no Atlético que eles me colocaram na
meia, então, para mim foi tudo completo.
P.I. – No, non è cambiato. La mia posizione era
sempre quella: a me piaceva giocare da
mediano. La mia posizione era quella.
Dovunque andassi a giocare, in qualunque
squadra io fossi, mi piaceva giocare col numero
8. Ma se avevo la camicia 8... "Ah, quindi sei un
portiere". "Beh se devo essere un portiere,
almeno potrò indossare la maglia numero 8" .
All'epoca per me invece l'8 era del mediano. Era
il ruolo che adoravo ricoprire. All'epoca si
giocava con la punta destra, e io giocavo sulla
fascia destra, quindi facevo bene da quel lato.
Adoravo giocare in quella posizione. Quando
entrai nell'Atletico e mi dissero di stare al
centrocampo, per me fu perfetto.
B.B. – E quais eram as características suas e da
posição que te atraíam? Você não queria ser nem
atacante nem defensor, mas uma espécie de elo
de ligação?
B.B. – Quali erano le tue caratteristiche e che
cosa ti attirava di quel ruolo? Non volevi essere
né attaccante né difensore, ma una specie di
anello di congiunzione?
P.I. – Exatamente isso aí. Porque era uma... Eu
tinha um lado de ser muito dedicado,
principalmente com as coisas que eu fazia, e
gostava muito de ser solidário, então era uma
posição que... Uma vez um treinador do amador
me perguntou, o camisa oito, o meia-direita, é
aquele homem que vem ajudar seus
companheiros no meio e na defesa e é aquele
homem que tem que chegar lá na frente para
estar servindo seus atacantes para fazer o gol.
Quer dizer, aquilo ali encaixou com a minha
maneira de ser. Então, como eu era uma pessoa
que eu gostava sempre de ser prestativo, gostava
muito de estar ajudando, gostava muito de estar
servindo, então encaixou. Então, aquilo ficou na
minha mente. Então foi uma posição que eu
encarei no início que encaixou muito com o meu
perfil. Então, não tive muita dificuldade nisso.
Eu gostava de estar ajudando o lateral, ajudando
o zagueiro, ajudando o meia ali, com o combate,
e gostava também de ir lá na frente. Não de estar
fazendo o gol. Eu gostava de estar servindo. Eu
ficava muito alegre, quando eu via ali o
centroavante saindo vibrando. Então aquilo, para
mim, não tinha coisa melhor. Então encaixou
legal.
P.I. – Esattamente. Perché era una mia... ho
sempre avuto questo modo di essere molto
dedicato, sopratutto nelle cose che facevo, mi
piaceva molto aiutare il prossimo, era una
posizione quindi che... Una volta un allenatore
nei dilettanti mi chiese, la camicia 8, il mediano,
è colui che arriva ad aiutare i suoi compagni a
metà campo e nella difesa, è colui che deve
arrivare davanti per servire i suoi attaccanti
perché facciano un gol?
Voglio dire, quel signore azzeccò esattamente il
mio modo di essere. Sono sempre stata una
persona a cui piaceva essere disponibile verso
gli altri, mi piaceva aiutare il prossimo, mi
piaceva dare una mano, mi aveva inquadrato
perfettamente. Rimase scolpito nella mia mente.
Per questo fu una posizione che io cercai fin
dall'inizio, perché si incastrava perfettamente
con la mia personalità. Non ho mai avuto
difficoltà in questo. Mi piaceva aiutare ai lati del
campo, il terzino, il mediano, l'attaccante. Mi
piaceva anche spingermi avanti. Non per far gol.
A me piaceva aiutare. Mi divertivo molto,
quando vedevo un'ala o un centroavanti correre
verso la rete. Per me era il momento migliore.
Mi rispecchiava perfettamente quel ruolo.
B.B. – E dentro do campo, você era falador, era
falante? Ou era mais quieto?
B.B. – All'interno del campo, eri uno che
parlava, eri per così dire, chiacchierone? O eri
più silenzioso?
P.I. – Nossa Senhora! Dentro de campo, eu era
um galo de briga. [risos] Eu não aceitava perder
de forma nenhuma. Respeitava todo adversário,
mas lá dentro, aí eu cobrava do meu
companheiro, eu cobrava de mim mesmo. Então,
eu sempre fui um jogador fogoso. Eu te
respeitava, mas eu cobrava de você. Nunca tratei
nenhum dos meus companheiros do lado com
cobrança agressiva; sempre com aquela
cobrança no intuito de empolgar e de
entusiasmar meu companheiro. Então, eu sempre
fui esse cara de... sempre gostei disso, de estar
participando jogando e de estar participando ali
na parte de orientação. Então, sempre fui dessa
maneira.
P.I. – Caspita! Dentro al campo ero un gallo da
combattimento [ride] . Non accettavo una
sconfitta in nessun modo. Rispettavo tutti gli
avversari, ma dentro al campo, io galvanizzavo i
miei compagni e me stesso. Sono sempre stato
un giocatore molto competitivo. Io ti rispettavo,
ma ti incitavo a fare meglio. Non ho mai
esagerato a pungolare nessuno dei miei
compagni, ho sempre tentare di stimolarli con
l'intento di farli entusiasmare. Sono sempre stato
un tipo così... mi è sempre piaciuto, partecipare
alla partita e riuscire ad orientare il gioco. Sono
sempre stato così.
B.B. – Quando você então se firmou no juvenil
do Atlético, foi emprestado para o Nacional de
Manaus. Como é que a família viu essa sua
mudança? E como é que foi a experiência de
jogar no futebol da Região Norte do Brasil?
B.B. – Dopo essere stato contrattato dalla
giovanile dell'Atletico, sei stato prestato alla
Nacional di Manaus. La tua famiglia come ha
reagito di fronte a questo cambio? E come è
stato per te andare a giocare nel nord del
Brasile?
P.I. – Mas aí, igual eu ia te falando, P.I. – Stavo proprio per parlarne, guarda.
complementando, quando eu fui para o Atlético
e fui aprovado, eu estava com dezenove anos e
seis meses. Na época, era o chamado juvenil.
Então, o juvenil se jogava com vinte anos e seis
meses. O Sinval chegou para mim e falou:
“Olha, você tem seis meses para você me
justificar por que é que eu te selecionei.” Eu
falei: “Deixa comigo. Se me der condições para
eu jogar, vou jogar.” Então, eu disputei o
campeonato juvenil de
1973, o campeonato de 1973, e eu falei: “Se eu
tiver condições, eu vou jogar.” E eu me lembro
que, na minha estreia, nós fomos jogar em João
Monlevade e eu fiz cinco gols; no segundo jogo,
eu fiz quatro. Porque eu estava empolgado. Eu
tinha que provar, entendeu? Então, como eu
tinha vindo de uma vida... a gente tinha sempre
muita cobrança e você tinha que dar resultado,
aquilo ali não me assustou em nada, não. Eu já
estava acostumado a conviver com esse tipo de
vida: você tem que fazer ali e dar o resultado
aqui. Então, eu fiz um campeonato maravilhoso,
nesses seis meses. E eu então fui treinar na Vila
Olímpica. Depois que eu estourei o juvenil e que
terminou o campeonato, o Telê falou: “Traz esse
menino para vir treinar aqui junto com o
profissional.” Aí eu já fui treinar na Vila
Olímpica. Aí eu já estava mais acostumado com
o gramado, com o campo. Aí eu fui treinar na
Vila Olímpica. Eu cheguei lá, fiz o treino... Aí
eu já estava num ambiente legal, tranquilo,
treinando já com os profissionais na época, que
era o Grapete3, o Lola4, tinha o Lacy5 lá
treinando. Mas só que eu treinei nas categorias
de baixo. Aí o Telê viu e falou: “Olha, esse
menino aí não vai me servir agora, não. Nós
temos que dar um jeito de emprestar esse
jogador aí.” Não só eu como mais alguns outros
jogadores do Atlético. Aí, o Atlético tinha uma
parceria com o Nacional de Manaus, e o Telê
falou com a diretoria, “vamos emprestar esse
jogador”; e os diretores do Nacional, que
estavam lá assistindo, falaram: “Nós vamos
levar esse menino e vamos levar o Ângelo6”,
porque foi também o Ângelo, na época, foi
comigo para lá. E nós então fomos emprestados
para o Nacional de Manaus, que foi o ponto
chave para o crescimento da minha carreira.
Quando andai all'Atletico e venni selezionato,
avevo 19 anni e 6 mesi. E mi avevano chiamato
per la giovanile, ma per la giovanile erano
necessari 20 anni e 6 mesi. Sinval mi disse:
"Senti, hai 6 mesi di tempo per confermare il
fatto che ti ho scelto" Gli risposi: "Non ti
preoccupare. Se mi date le condizioni per
giocare, io gioco" . E disputai il campionato
giovanile del 1973. E gli dissi: "Se avrò le
condizioni, giocherò al meglio" . Ricordo che
quando debuttai eravamo andati a giocare a Joao
Monlevade e segnai 5 gol. Nella seconda partita
ne segnai 4. Ero davvero molto carico. Dovevo
dimostrare qualcosa, capisci? E venendo da una
vita... noi avevamo sempre molte incombenze, e
il fatto che dovevo avere dei risultati non mi
spaventava per nulla. Ero ormai abituato a
questo tipo di vita: devi fare questo e ottenere il
tal risultato. Disputai un campionato
meraviglioso, in quei 6 mesi. E poi andai ad
allenarmi al Vila Olimpica.
Dopo aver fatto bene nella giovanile e una volta
terminato il campionato, Telé disse: "Porta quel
ragazzo ad allenarsi qui con i professionisti" . E
così andai ad allenarmi nel Vila Olimpica. Ed
ero già ormai abituato al campo da calcio con
l'erba. Andai ad allenarmi al Vila Olimpica.
Andai là, mi allenai... Era un ambiente molto
bello, tranquillo, mi allenavo con i professionisti
di quel periodo, Grapete3, Lola4 e Lacy5 .
Io però iniziai ad allenarmi con le categorie
minori. Tele mi vide e disse "Senti, quel ragazzo
non mi serve adesso. Dobbiamo trovare un
modo di prestarlo a qualche squadra". Non solo
io, anche altri giocatori dell'Atletico. A quei
tempi l'Atletico era collegato al Nacional di
Manaus, e Tele parlò con la direzione "Vi
prestiamo questo giocatore" ; e i dirigenti del
Nacional che ci stavano tenendo d'occhio,
dissero: "Ci prendiamo questo ragazzo e anche
Angelo6" .
E così nche Angelo venne con me.
Ci prestarono al Nacional di Manaus, e questo fu
un momento chiave per la crescita della mia
carriera.
B.G. – Você jogava como titular lá? Você já foi
para jogar como titular, no Nacional?
B.G. – Giocavi come titolare? Eri stato prestato
al Nacional come giocatore titolare?
P.I. – Na verdade, eu fui como jogador P.I. – In realtà io venni presentato come
emprestado do Atlético. Como titular, isso o
tempo lá é que ia dizer. Porque o Atlético
emprestava esses jogadores para times de
expressão que eles tinham uma parceria, para
time pequeno e médio, para exatamente adquirir
uma experiência. Mas quando eu cheguei lá, eu
tive muita dificuldade. Porque, poxa, eu nunca
tinha viajado de avião, eu nunca tinha saído do
estado – eu fui para Manaus –, e isso, para a
minha família, foi uma choradeira, foi um
choque – e para mim também, para sair, para
ficar longe de
casa. Mas como eu já estava interessado nessa
carreira, eu falei: “Não, eu tenho que ir. Nós
fomos emprestados, eu tenho que ir, eu tenho
que fechar os olhos aqui e entrar no avião.” O
avião, para mim foi um susto. Porque a primeira
vez... Você vem do interior, do Atlético, e apesar
de juvenil, já morando em Belo Horizonte, já
tendo conhecimentos com avião, com ônibus,
transporte e tudo. Mas pela primeira vez eu ia
entrar dentro de um avião. Na hora que eu
cheguei no aeroporto da Pampulha e que o
Ângelo, que tinha mais experiência do que eu,
ele me mostrou, eu falei: “Puxa vida, cara! Eu
tenho que encarar.” E eu falei: “Ângelo...” Isso
já no meio do caminho. Eu falei: “Ângelo, o que
é que eu faço, cara? Eu não sei se eu vou
conseguir entrar dentro do avião.” Ele falou:
“Não, não, é tranquilo. Eu já viajei, não tem
problema nenhum, não.” A minha mãe começou
a chorar, as minhas irmãs começaram a chorar,
também, eu também fiquei um pouco
desesperado, porque eu falei: “Minha Nossa
Senhora! E agora, eu vou buscar o meu objetivo,
eu estou indo buscar a minha carreira. Eu tenho
que deixar a minha família.” Nunca tinha ficado
longe. E as minhas irmãs chorando: “Não vai,
não. Não vai, não.” Eu fico até meio engasgado,
quando eu lembro dessa passagem, já no
aeroporto. E aquele correcorre. Comecei... tomei
água, aí chamou para embarcar. Eu falei:
“Minha Nossa Senhora! Eu tenho que ir.” Aí...
Eu sou muito devoto, sou católico, devoto de
São Judas, eu peguei minha... pus na mão e
falei: “Ah, seja o que Deus quiser!” E fui. Mas
foi barra, cara. Eu fico até meio emocionado, dá
vontade até de chorar, porque eu lembro que foi
um desespero. Parecia que tinha morrido gente
lá no aeroporto. E o pessoal chamava lá, e minha
mãe passando meio mal: “Não deixa meu filho
giocatore in prestito dall'Atletico. Il fatto di
divenire titolare sarebbe stato il tempo a dirlo.
L'Atletico prestava i suoi giocatori per club con i
quali avevano una collaborazione, erano club
piccoli o medi, perché i giocatori dovevano
acquisire esperienza. Quando arrivai là ebbi
diverse difficoltà. Cavoli, io non avevo mai
viaggiato in aereo, non ero mai nemmeno uscito
dallo stato - e ora andavo a Manaus - e questo,
per la mia famiglia fu una tragedia, fu un vero
shock - e per me anche, andarsene, allontanarsi
da casa...
Ma essendo già intenzionato a fare carriera dissi:
"No, devo proprio andare. Siamo stati prestati,
devo andare, devo chiudere gli occhi e salire su
quell'aereo" . E l'aereo per me fu un vero
spavento. Era la mia prima volta... Venivo
dall'interno, dall'Atletico, certo, giovanile, ma
già vivevo a Belo Horizonte, e già conoscevo gli
aerei, e gli autobus, i mezzi di trasporto... Ma
per la prima volta dovevo salire su un aereo.
Quando arrivai all'aeroporto di Pampuha,
Angelo, che aveva più esperienza di me, me li
mostrò e io dissi: "Cavolo! Devo proprio farmi
coraggio" . "Angelo..." Questo mentre eravamo
già pronti ad imbarcarci. "Angelo e adesso come
faccio? Non so se riesco a salire sull'aereo" E
lui: "Non ti preoccupare. Ci sono già stato, non
c'è nessun problema" . Mia madre iniziò a
piangere, le mie sorelle iniziarono a piangere, e
anch'io inizia un po' a sentirmi disperato, tant'è
che dissi: "Madonna mia! Devo riuscire nel mio
obiettivo, sto andando laggiù per imbastire una
carriera. Devo lasciare la mia famiglia" . Non li
avevo mai lasciati prima. Le mie sorelle
continuavano a piangere: "Non andare, non
andare" . Ancora oggi mi manca l'aria
ripensando a quel viaggio, all'aeroporto. Tutto
quel corri-corri. Bevvi un po' d'acqua e ci
chiamarono per l'imbarco. "Madonna mia! E' ora
di andare" . Sono molto devoto, sono cattolico, e
devoto a San Giuda, e presi la mia... e me la misi
in mano e dissi: "Sarà quel che Dio vorrà!". E
andai.
Fu una mazzata, davvero. Ancora oggi mi
emoziono, mi viene quasi da piangere, al ricordo
di tanta disperazione. Sembrava fosse morto
qualcuno in aeroporto.
E il personale ci chiamava, mia madre stava
davvero male: "Non entrare in quel coso, non
andare. Figlio mio non andare. Non andare" .
entrar nisso aí, não. Meu filho não pode ir. Não
vai, não.” Sabe? Aí eu... Eu fui. Eu falei: “Eu
tenho que ir. Eu tenho que ir.” E o Ângelo, meu
parceirão, falou: “Vamos, Isidoro. Não tem
perigo, não.” E fui. Entrei dentro do avião, mas
eu vou te falar, que viagem custosa! Nossa
Senhora! Eu nunca tive uma viagem tão ruim.
Não pela aviação, é porque eu não tinha
conhecimento. Então, foi longa, poxa! Eu saí de
Belo Horizonte... Parece que foi 1h10... Nem
lembro. Parece que foi 1h10 até Brasília, ou
1h30, não sei, e depois pegamos mais 2h15 para
Manaus. Para uma pessoa que nunca tinha
entrado dentro de um avião... Nossa! Eu cheguei
lá, eu falei: “Agora eu vou ficar aqui. Agora eu
não quero voltar, não, cara”, falei com o Ângelo.
“Agora eu vou ficar aqui em Manaus, porque eu
não vou entrar no avião mais, não. Deus o
livre!” [risos] Ele falou comigo: “Agora, Isidoro,
não tem jeito, porque na hora que nós formos
sair aqui para jogar, só se sai de avião. Você vai
ter que se virar, cara.” Aí, Deus me ajudou e tal,
me pegando na fé, pedindo muito a Deus e tal, e
consegui passar essa barreira. Foi
uma barreira mais difícil para mim do que jogar
bola ou ir para o profissional. Mas Deus me
abençoou, me ajudou muito e eu consegui.
E invece io andai... Andai! E le dissi: "Devo
andare. Devo proprio andare". E Angelo, il mio
compagno, disse: "Andiamo Isidoro. Non c'è
nessun pericolo". Andai. Salii sull'aereo, ma ti
dirò, che viaggio difficile! Madonna mia! Non
ho mai fatto un viaggio così brutto.
Non tanto per l'aereo, ma perché non avevo
nessuna cognizione. Fu interminabile, cavolo!
Lasciai Belo Horizonte... mi pare durò circa
1h10... Non ricordo. Mi pare che fosse 1h10 fino
a Brasilia, o forse 1h30, non so, e poi
prendemmo un altro volo di più di 2h15 per
Manaus. Per una persona che non aveva mai
viaggiato in aereo... Caspita! Quando arrivammo
dissi: "Io ora resto qui. Non voglio mai più
risalire su un aereo!" , così dissi ad Angelo.
"Adesso io resterò qui a Manaus, perché non ho
nessuna intenzione di rimettere piede su un
aereo. Dio mi liberi!" [ride] .
E lui mi rispose: "Adesso, Isidoro, non c'è altro
da fare, perché una volta che dovremo andarcene
da qui sarà necessario prendere un aereo. Dovrai
abituarti, caro mio". Dio mi aiutò, mi aggrappai
alla fede, chiesi aiuto a Dio e riuscii a superare
quell'ostacolo. Fu un ostacolo molto più difficile
per me che giocare al pallone o passare al
professionismo. Dio mi ha benedetto, mi ha
aiutato molto e ci riuscii.
3 José Borges de Couto.
4 Raimundo José Correia.
5 Lacy Gomes Guimarães.
6 Angélio Paulino de Souza.
B.B. – Nessa época, o Nacional já disputava o
Campeonato Brasileiro?
B.B. – A quei tempi il Nacional già disputava il
campionato brasiliano?
P.I. – Disputava, o Nacional. Nós fomos. Porque
a primeira temporada, disputava o campeonato
regional. E o treinador que foi para lá – na
época, era um treinador que era do Atlético –,
que foi o Cento e Nove, me deu muita força,
muita orientação. Porque eu tinha saído do
juvenil, a pri, o meira vez longe de casa. E o
Antenor7, o Ângelo Luiz Florêncio8, e não só
eles, mas o Reis e os jogadores de lá também me
deram muita força. Porque, realmente, eu
cheguei lá muito baleado, por causa da viagem.
Quando eu olhava para cima, assim, eu olhava
um avião, eu falava: “Gente, como é que pode
um negócio desses ficar ali no alto?” E eu fiquei
ali dentro... Entendeu? Na época... Então, isso
me marcou muito. Eu falei: “Nossa Senhora!”
Então, essa... Aí o Ângelo falou: “Você bateu
P.I. – Sì, già era nel campionato brasiliano. Noi
partecipammo. La prima stagione disputava il
campionato regionale. L'allenatore - era un
allenatore dell'Atletico - , Cento e Nove, mi
trasmise molta forza, molte indicazioni. Ero
appena arrivato dalla giovanile, per la prima
volta ero lontano da casa. Antenor, Angelo Luiz
Florensio e non solo loro, anche Reis ed altri
giocatori di là, mi diedero molta forza. Arrivai là
davvero molto provato, a causa del viaggio.
Quando guardavo in cielo, e vedevo un aereo
dicevo: "Ma com'è possibile che un affare del
genere resti lassù in cima?" E io vi ero stato
dentro... Capisci? A quei tempi... Mi aveva
shockato molto. Dicevo sempre: "Madonna
mia!" E Angelo: "Sei riuscito a superare
quell'ostacolo, vedrai che ora che sei qui giù sarà
essa barreira aí, então, para você, agora, aqui
embaixo vai ser calmo.” Aí eu fui, tive uma
adaptação, porque saímos daqui de um clima
ameno, Belo Horizonte, e fomos lá para Manaus.
Então, em Manaus foi uma barra, também,
porque aí começamos os treinamentos e a gente
não aguentava muito, porque era muito calor.
Um calor de 42 graus lá e os caras riam da
gente, “mas isso aqui está normal, é legal”. E eu
ficava muito suado, e sem camisa, desidratei um
pouco, porque tinha que tomar muita água e eu
não tinha o costume. Perdi lá uns três ou quatro
quilos, assim, sem... Mas aí, depois fui
recuperando e aí, graças a Deus, fui entrando no
esquema e consegui... Aí, disputando posição,
comecei a ser titular. Fiz um campeonato muito
bom no Nacional. Fomos campeões. Aí tive
muitos elogios. Então, isso aí me ajudou muito.
Aí o Atlético já começou a olhar a gente com
outros olhos, porque vinham as informações
boas, não só como jogador, mas como
profissional. Então, aquele lado que eu falei para
vocês: eu gostava muito de grupo, eu gostava de
chegar e dar força. Eu me lembro, uma vez lá,
um cara falou: “Puxa vida! Você, aqui no banco,
rapaz, você torce mais.” Eu falei: “É porque na
hora que eu estiver lá, eu tenho certeza que você
vai me ajudar também. Então, vamos dar força
para os nossos colegas lá dentro”, eu, no banco e
tal. Então, foi bacana demais, meu início lá. E aí,
depois disputamos o nacional e veio o regional,
que na época era Copa do Brasil. Aí, sim, aí
começou as viagens de avião. E me desgastava
muito, as viagens. Desgastava muito, muito
mesmo. Teve viagem lá que, muitas vezes, eu
não viajava, porque eu ficava muito nervoso e aí
falava com o treinador, “eu acho que não vou
conseguir”. Mas aí, depois, aos poucos, eu fui
me adaptando com a aviação. Viajava com
receio, com medo, mas ia numa boa. E no início,
antes de eu fazer a viagem de Manaus... Em
Manaus, para você sair, o lugar mais perto que
tinha era Belém, mas as outras viagens era tudo
viagem longa. Então me desgastava muito. Mas
aí, Deus ajudou e eu consegui bater essa
barreira. Comecei a fazer um campeonato muito
bom e aí comecei a ter proposta do Fluminense,
proposta do Corinthians, querendo a minha
contratação, jogando no Nacional. Mas era um
jogador emprestado, tinha que falar com o
Atlético. Aí o Atlético já não tinha o interesse,
tutto più facile" . Mi dovetti adattare molto,
perché ce ne andammo da qui, da Belo
Horizonte, con un clima piacevole, e arrivammo
là a Manaus. E a Manaus c'era un altro ostacolo,
perché quando cominciammo gli allenamenti
non riuscivamo a resistere molto, c'era troppo
caldo. C'erano 42°C, e gli altri ridevano "E'
normale, qui è normale" . Io sudavo moltissimo,
senza maglia, mi disidratai anche, perché avrei
dovuto bere molta acqua ma non ero abituato.
Persi 3 o 4 kg così... Poi li recuperai e grazie a
Dio mi adeguai, riuscii ad abituarmi... E così ho
potuto aggiudicarmi il ruolo, cominciarono a
scegliermi come titolare. Il campionato andò
molto bene nel Nacional. Divenimmo anche
campioni. Ricevetti molti elogi. Mi aiutò molto.
A quel punto l'Atletico ci guardava con occhi
diversi, perché venivano informati
positivamente, non solo eravamo diventati
giocatori ma come professionisti.
E parlando di quell'aspetto che ho già detto: a
me piaceva molto il gruppo, mi piaceva
incoraggiare gli altri. Ricordo che una volta un
compagno mi disse: "Caspita! Tu qui in
panchina tifi parecchio" . E gli risposi: "Perché
so che se fossi io in campo, ne sono certo, mi
aiutereste allo stesso modo. Quindi diamo forza
ai nostri colleghi dentro al campo" , io ero in
panchina.
Andò molto bene il mio inizio laggiù. Dopo
disputammo anche il nazionale e il regionale,
che all'epoca era poi la Coppa do Brasil.
E iniziarono i viaggi in aereo. Io stavo molto
male ogni volta. Stavo davvero molto male,
molto. A volte per delle trasferte, non riuscivo a
viaggiare, perché ero davvero troppo nervoso.
Ne avevo parlato con l'allenatore, "penso di non
riuscire a farcela" . Poi poco a poco mi sono
abituato agli aerei. Viaggiavo con la paura, con
una fifa blu, ma andavo. Ma prima di fare quel
viaggio per Manaus...
Del resto da Manaus il posto più vicino dove
andare era Belem, gli altri posti erano tutti più
lontani. Mi sentivo veramente malissimo.
Dio però mi ha aiutato e sono riuscito a superare
quel limite. Iniziai a giocare molto bene nel
campionato e iniziai anche a ricevere proposte
dal Fluminense, dal Corinthians, mi volevano
contrattare, vedendomi giocare al Nacional. Ma
io ero un giocatore in prestito, dovevano
parlarne con l'Atletico. E l'Atletico non era
porque falava: “Não. Ele vai voltar para cá.” E o
Telê foi um treinador que sempre gostou muito
de mim, e eles me falavam que o Telê estava me
acompanhando, eu jogando no Nacional. Então,
aquilo sempre me dava força. Eu falava: “Na
hora que eu voltar, eu vou ficar numa boa.” Se o
treinador está te olhando, naturalmente, ele vai
te olhar com bons olhos, vai te orientar bem. E
eu, então, com aquele negócio de ser atleticano,
também, eu tinha vontade de sair do Nacional...
Era a minha vontade. Eu falava assim: “Eu tenho
que ir. É o meu time. Vou jogar no meu time.
Vou fazer muito no meu time.” Mas não deixava
de ser profissional, jogando pelo Nacional.
Então, foi um início de carreira muito bom,
maravilhoso mesmo.
interessato, rispondeva: "No, lui tornerà qui".
Tele era un allenatore a cui piacevo molto, e mi
dicevano che Tele mi teneva d'occhio, mentre
giocavo nel Nacional. Questo fatto mi ha sempre
dato forza. Dicevo: "Arriverà il momento di
tornare, e quindi lavoriamo bene qui" . Se
l'allenatore ti sta osservando, naturalmente, ti sta
osservando con occhi buoni, ti darà qualche
indicazione giusta. E il fatto che mi sentivo
atleticano dentro, mi faceva sperare di
andarmene dal Nacional... Era ciò che volevo.
Dicevo sempre: "Devo andarmene. E' quella la
mia squadra. Giocherò nella mia squadra. E farò
grandi cose nella mia squadra". Ma ero sempre
un professionista, anche giocando nel Nacional.
Fu un inizio di carriera molto positivo,
meraviglioso.
7 Antenor Machado Filho.
8 Luis Florêncio do Carmo.
B.B. – Então você, a partir de 1975, passa a
atuar como profissional do Atlético Mineiro e
fica até 1979, na década em que o Atlético
reverte um pouco aquela hegemonia que tinha
do Cruzeiro dos anos 60; Dadá Maravilha;
Reinaldo desponta; o Telê como técnico. Que
lembranças você tem desse momento no Atlético
Mineiro em que você se afirma como
profissional conhecido nacionalmente?
B.B. – Quindi a partire dal 1975 passi alla
categoria professionisti dell'Atletico Mineiro e
vi resti fino al 1979. Una decade nella quale
l'Atletico ribalta l'egemonia che il Cruzeiro
aveva dimostrato negli anni '60. Il tecnico era
Tele. Che ricordi hai di quel periodo in cui
all''Atletico Mineiro ti affermi come calciatore
professionista riconosciuto in tutto lo stato?
P.I. – Esse é um momento, para mim, muito
maravilhoso. Foi gracioso, esse momento para
mim. Porque eu voltei de Manaus muito bem,
[inaudível], dando condições boas para a minha
família, eles dando muito apoio, e eu voltando
para o time que eu... Eu nasci gostando desse
time, que era o Atlético. Quando eu cheguei na
Vila e me apresentei e que aí eles falaram “você
vai ficar no grupo, você não vai ser emprestado
novamente”, eu falei: “Agora, Deus vai me
ajudar, só Deus para me derrubar. Eu vou dar
tudo que eu posso de mim, não só em prol
de... pensando no Atlético, mas pensando em
mim também”. Com toda a honestidade,
pensando em mim: “Aqui, eu quero fazer a
minha independência, e eu estou com tudo aqui
para eu ser uma pessoa que vai dar um retorno
muito bom, pelo apoio que eu tenho da minha
família.” Então, voltando para o Atlético,
começando os treinamentos... E eu treinava
demais, eu me cuidava muito. Pus na cabeça que
eu ia ser um grande operário para o Atlético, que
esse operário ia ter um retorno muito bom. “Eu
P.I. – Quello è stato un momento meraviglioso
per me. Fu davvero bello quel periodo. Tornai
da Manaus al meglio, [inudibile] , potevo aiutare
la mia famiglia, come del resto loro mi avevano
aiutato molto, e stavo tornando a quella squadra
che io... Io ero nato atleticano!
Quando tornai al Vila, mi presentai al team e mi
dissero: "Ora resterai qui da noi, non verrai più
prestato altrove" , così mi dissi: "Adesso Dio mi
aiuterà di certo, e solo Dio potrà fermarmi. Darò
tutto quello che posso, non solo per la squadra...
per l'Atletico certo ma anche per me stesso" .
Con tutta franchezza, pensavo anche a me
stesso. "Ora io voglio rendermi indipendente, ho
tutte le condizioni per poter rendere bene, la mia
famiglia mi sostiene" . Quando sono tornato
all'Atletico, cominciai ad allenarmi... Mi
allenavo moltissimo, ero molto scrupoloso. Ero
assolutamente convinto di voler essere un ottimo
calciatore per l'Atletico, e in quanto tale sarei
stato valorizzato adeguatamente. "Mi
concentrerò tutto il tempo che starò qui
nell'Atletico" . Ero completamente focalizzato
vou me dedicar, nesse tempo meu aqui no
Atlético.” Então eu me pus todo para o Atlético.
Não só pensando no Atlético; pensando também
em mim, em fazer o meu patrimônio, fazer a
minha família ter uma vida boa. Então, quem
tem hoje, na família, essas condições sou eu.
Então eu peguei mesmo. Eu treinava de manhã,
treinava à tarde e fazia uma corridinha à noite.
Eu treinava. O Cerezo9 também. Eu me lembro
que o Cerezo também. A gente trocava muita
ideia: “Nós vamos treinar.” Chegava primeiro lá
para treinar. Antes de todo mundo chegar, eu já
tinha treinado pelo menos 20 a 25 minutos. E eu
treinava, eu ia lá, tomava um café, voltava e
treinava normal, tanta era a vontade que eu tinha
de vencer. Eu me entreguei. Eu me lembro que
eu falava para a minha mãe assim: “Mãe,
namorada agora, não tenho tempo, não. Vou dar
um tempo, vou me dedicar mesmo aqui à minha
carreira, à minha profissão.” Então, fui
batalhando e tal e começando... Peguei meu
espaço dentro do Atlético, comecei a jogar, e eu
me lembro que eu fiz a minha estreia... Depois
de o Atlético ter pegado esses jogadores que
vieram para se integrar no grupo, nós fizemos
uma turnê no interior de São Paulo. Nós fomos
para São Paulo fazer amistosos. Aí eu fui na
reserva e aí eu ficava contando a hora que eu ia
entrar. Eu falei: “Na hora que eu entrar aqui,
ninguém vai me segurar, não.” Sabe aquela
vontade que você tem de vencer? E quando eu
cheguei no Atlético, eu... Contrato, eu nem me
preocupava com o contrato. “E aí, e o seu
contrato?” “Ah, não, eu acho que eu já assinei
meu contrato.” Para vocês terem uma ideia,
quando eu fui para Manaus, quando eu voltei,
era uma coisa que eu não entendia na época, eu
tinha um contrato assinado. Eu falei: “Mas como
que eu tenho um contrato?! Não tenho contrato
nada.” Era o chamado contrato de gaveta. Eu
não queria nem saber disso, não. “Ah, então está
aí? Beleza!” Então eu fui. Fomos para São
Paulo, fizemos amistosos lá, fiz jogos bons lá,
quando eu entrava, jogando bem mesmo, para
buscar o meu espaço. Quando eu voltei e
cheguei na Vila Olímpica, eu, o Cerezo, o
Ângelo, porque a gente era considerado... A
gente tinha, na época... tinha o Campos – nós
tínhamos jogadores bons demais –, tinha o
Vanderlei10, o Grapete, o Vantuir11, tinha o
Lacy... Tinha jogadores bons. Mas eram
sull'Atletico. Non pensavo solo all'Atletico,
anche a me, chiaramente, per potermi creare un
gruzzolo, per consentire alla mia famiglia di
vivere bene. Chi allora poteva avere una
possibilità di tal genere ero solo io.
E quindi mi dedicai moltissimo. Mi allenavo la
mattina, il pomeriggio e poi correvo anche la
sera. Mi allenavo. Anche Cerezo9 ricordo che
faceva lo stesso. Parlavamo spesso: "Andiamo
ad allenarci" . Arrivavo per primo
all'allenamento. Arrivavo prima di tutti gli altri,
ero là almeno da 20 o 25 minuti prima.
Mi allenavo, poi mi fermavo per un caffè e
tornavo ad allenarmi, tanta era la mia voglia di
vincere. Mi dedicai completamente.
Ricordo che a mia madre dicevo: "Mamma, non
ho tempo adesso per avere una fidanzata" . Ci
sarà tempo, ora voglio dedicarmi solo alla mia
carriera, alla mia professione" . All'inizio ho
dovuto sforzarmi molto... Ma poi trovai il mio
spazio all'interno della squadra, cominciai a
giocare, e ricordo che la mia prima partita...
Ricordo che l'Atletico aveva ingaggiato dei
giocatori nuovi che dovevano inserirsi nel
gruppo, ed eravamo andati all'interno di Sao
Paulo. Erano delle partite amichevoli. Ero
rimasto tra le riserve e contavo i minuti sperando
di poter entrare. "Una volta che entro in campo,
non mi ferma nessuno" . Hai presente quella
voglia di vincere irrefrenabile? Quando ero
all'Atletico io... Non mi interessava nemmeno il
contratto."E dov'è il tuo contratto?" "Ah no,
penso di averlo già firmato". Per farti capire,
quando andai e poi tornai da Manaus, era una
cosa che a quei tempi non capivo, avevo firmato
un contratto. "Che significa che ho firmato un
contratto?! Non ho nessun contratto" Era
chiamato contratto gavetta. Non ne volevo
sapere niente di tutto ciò. "Ah quindi eccolo,
fantastico" . E a quel modo andammo a Sao
Paulo per quelle partite amichevoli, giocai bene.
Quando entravo in campo, giocavo bene, volevo
crearmi un mio spazio. Quando tornammo al
Vila Olimpica, io Cerezo e Angelo... Avevamo
grandi compagni di squadra a quei tempi, c'era
Campos - erano veramente ottimi giocatori -
Vanderlei10, Grapete, Vantuir11, Lacy... Tutti
giocatori fantastici. Ma erano giocatori che
avevano già dato molto all'Atletico, giocatori
ancora in grado di dare molto ovviamente, ma
che erano comunque di una certa età, erano in
jogadores que já tinham dado muito ao Atlético,
tinham muito a dar ainda, mas estavam já
naquele tempo de estar com mais idade, já para
parar ou para sair do clube, e nós estávamos
vindo com aquela juventude toda e muita
vontade. E a gente respeitava eles, mas sempre
pensando: “Nós vamos buscar o nosso espaço.
Aqui, agora, é uma briga boa.” Eu me lembro do
Lola, um excelente meia. A gente ficava
olhando, via eles jogarem. Então, eu sempre
acreditava que eu poderia fazer aquilo ali
também. Eu acreditava. Por quê? Porque eu
queria buscar o meu espaço. E busquei, dentro
do Atlético. E quando eu entrei no Mineirão que
eu fui fazer a minha estreia, eu falei: “Agora
ninguém me segura.” Mas aí eu já tinha aquele
domínio de Mineirão lotado, como eu ia chegar
ali e enfrentar aquelas feras. Porque eu
costumava falar: “As feras estão lá em cima de
olho. Então, para a gente corresponder, nós
temos que nos dedicar aqui embaixo.” Eu
brincava muito, eu falava: “Senão as feras pulam
lá de cima. E a cobrança delas é muito grande.”
Eu costumava muito brincar e falar isso. Então,
a gente entrava ligado. Então foi maravilhoso, o
começo da minha carreira.
età per lasciare la squadra e smettere, mentre noi
eravamo giovani e con molta buona volontà.
Noi li rispettavamo moltissimo, ma pensavamo
anche: "Dobbiamo trovare il nostro spazio. Qui e
ora, è una lotta giusta" .
Ricordo che Lola era un mediano eccellente.
Noi li osservavamo giocare.
Ho sempre creduto di poterli eguagliare. Ci
credevo. Perché?
Perché io volevo farmi spazio.
E l'ho trovato all'interno dell'Atletico.
E quando ho debuttato al Mineirao, quando sono
entrato in campo: "Adesso nessuno può
fermarmi" . A quel punto io avevo già superato
quella paura del Mineirao pieno zeppo, ero già
riuscito a superare tutta quella paura, tutte quelle
"bestie" . Dicevo dentro di me: "Quelle bestie
stanno là in cima. E noi, per rispondere loro
dobbiamo impegnarci molto qui in basso" .
Ci scherzavo molto su questo:
"Altrimenti quelle bestie saltano giù. E ce la
faranno pagare molto cara" .
Ci scherzavo sempre, facevo battute.
Noi eravamo però molto concentrati. E fu
meraviglioso come inizio della mia carriera.
9 Antonio Carlos Cerezo.
B.B. – Os anos 1970 foi o momento da
formação dos campeonatos nacionais até com 90
times, inclusive incorporando os clubes da
Amazônia. E em 1977, o Atlético Mineiro é
vicecampeão brasileiro, e você faz parte já desse
time. Então, em 1977, você já começa a
vislumbrar a Seleção Brasileira, a Copa de
1978? Ou ainda não estava no horizonte, uma
convocação?
B.B. – Negli anni '70 si formarono dei
campionati nazionali con addirittura 90 squadre,
tenendo conto anche dei club dell'Amazzonia.
Nel 1977 l'Atletico Mineiro diventa
vicecampione brasiliano, e tu fai parte di quella
squadra. Già nel 1977 quindi vieni tenuto
d'occhio dalla Nazionale Brasiliana per i
Mondiali del 1978? Oppure era ancora presto
per una convocazione?
P.I. – Olha, como você falou, na década... De
1975 para frente, quando nós começamos a
integrar... a ser titular mesmo no Atlético, o
Cruzeiro tinha um time excelente, eram
jogadores excelentes demais, mas que estavam
parando, e a gente, realmente, dentro do
Mineirão, a gente estava atropelando tudo que
passava na frente. Aí você buscava mesmo. Em
1975 e 1976, eu, com o Cerezo, porque nós
conversávamos muito, o sonho era jogar na
Seleção. A gente buscava isso. A nossa equipe
era muito boa. A gente respeitava os adversários
que iam no Mineirão, mas a gente sempre
buscava... “Vamos passar por cima. Tem que
respeitar. Então, o respeito que nós vamos ter ao
P.I. – Come hai già detto... Dal 1975 in avanti,
quando abbiamo iniziato ad inserirci... a divenire
titolari nell'Atletico, il Cruzeiro aveva una
squadra eccellente, con giocatori bravissimi, ma
erano tutti prossimi a fermarsi, e noi, davvero,
noi stavamo letteralmente asfaltando tutto ciò
che ci si parava di fronte, nel nostro stadio
Mineirao. Ci riuscivamo davvero. Nel 1975 e
nel 1976, io e Cerezo parlavamo molto,
sognavamo entrambi di entrare in Nazionale.
Noi cercavamo questo. E la nostra squadra era
davvero buona. Rispettavamo gli avversari che
incontravamo al Mineirao, ma cercavamo
sempre... "Dobbiamo vincere. Con rispetto.
Dobbiamo rispettare l'avversario dentro di noi" .
adversário é desdobrando aqui dentro.” Então o
adversário passava apertado com a gente, dentro
do Mineirão. A gente ganhava de chocolate. O
Campeonato Brasileiro era muito longo, tinha
muitas equipes, e muitas equipes, muitas vezes,
chegavam na época, apesar de acharem que
estavam muito bem preparados... Porque o
Mineirão era muito traiçoeiro para as equipes
que vinham de longe. Ele era muito grande. E a
gente gostava muito quando eles, no Mineirão,
deixavam a grama um pouco mais alta. E isso
dificultava para o time adversário que vinha. E
como na Vila Olímpica a grama era a mesma
coisa, também lá ficava, a gente chegava no
Mineirão e corria com muito mais facilidade. A
gente via que os times, no segundo tempo, não
aguentavam. Então a gente deslizava dentro de
campo. Tinha o Reinaldo numa fase muito boa,
o Cerezo, o Ângelo, o Marcelo12. Então, a nossa
equipe era muito dedicada e corria muito. Tinha
muitos talentos. E, naturalmente, de 1975 para
frente, eu comecei a me deslumbrar com ir à
Seleção Brasileira. Eu queria ir. “Eu quero ir a
essa Seleção Brasileira.” E eu me lembro que,
muitas vezes, a gente conversava com os colegas
e a gente ficava trocando ideia e eu falava
mesmo: “Eu vou chegar à Seleção. Eu vou
brigar por Bola de Prata.” Eu sempre pensava
alto. Mas isso tudo o que é? É devido a um
início de carreira e um início também de vida
que eu sempre... Minha família sempre me
ensinou a ir buscar. Você tem que ir buscar. Eu
vou amanhã almoçar... Graças a Deus, na minha
casa, desde Matozinhos, nós tínhamos fartura.
Meu pai falava: “Nós não somos pobres, não.
Nós temos tudo aqui. Nós temos que aprender a
ir buscar. E o buscar está ali. Então, você vai ali
no rio, você vai buscar um peixe para você
comer; vai ali e cata um espeto que você vai
fazer dinheiro.” Então eu tive uma infância
maravilhosa. Então eu aprendi: eu vou ali no
bananal e vou buscar a banana para eu comer.
Então eu aprendi a buscar. Então, por isso que
eu tive uma infância rica. “Ah, você era...” Meu
pai não gostava que falasse... “Ah, eu sou...”
“Que sou pobre nada! Nós somos ricos. Somos
ricos de tudo, de ir buscar.” Então, quando eu
comecei a ir no profissional, então, com esse
aprendizado dos meus pais, eu chegava nos
clubes lá e eu sempre ia buscar. Você que está
jogando e eu sou o reserva? Eu vou buscar o seu
L'avversario era rispettato da noi, all'interno del
Mineirao. Noi vincevamo ma con rispetto.
Il Campionato Brasiliano era molto lungo,
c'erano tante squadra, tantissime, e spesso una
volta al Mineirao... anche se erano molto ben
preparate... Il Mineirao è sempre stato traditore
per le squadre che venivano da fuori. Era molto
grande. E noi lo preferivamo quando gli addetti
al campo lasciavano l'erba un po' più alta.
E questo fatto metteva in difficoltà gli avversari.
Al Vila Olimpica il prato aveva la stessa altezza
del Mineirao, quindi quando andavamo al
Mineirao per noi era molto più facile rispetto
agli avversari. Notavamo che invece gli
avversari già al secondo tempo non ce la
facevano più. E volavamo liberi sul campo.
Reinaldo era in un'ottima fase, Cerezo, Angelo e
anche Marcelo12. Eravamo molto concentrati e
avevamo fiato. Avevamo molti campioni.
Dal 1975 in avanti, ho iniziato a guardarmi in
giro per poter andare in Nazionale. Volevo
andarci. "Voglio assolutamente andare in
Nazionale" . Ricordo che, molte volte, tra
colleghi si parlava di questo e molti cambiavano
idea, ma io dicevo sempre: "Io voglio arrivare in
Nazionale. Voglio vincere Il pallone d'argento" .
Miravo sempre in alto. E questo perché? Credo
sia dovuto all'inizio della mia carriera, alla mia
infanzia... La mia famiglia mi ha sempre
insegnato ad impegnarmi per ottenere quello che
volevo. Devi trovare un modo. Domani cosa
mangerò... Grazie a Dio, la mia casa ha sempre
avuto, fin da Matozinhos, una certa ricchezza.
Mio padre diceva sempre: "Noi non siamo
poveri. Noi abbiamo tutto. Dobbiamo solo
imparare come trovarlo. Devi sapere come
trovare le cose. Vai sul fiume e prenditi il pesce
per mangiare; prendi uno spiedino e farai soldi" .
Ho avuto un'infanzia meravigliosa. Perché ho
imparato tante cose: per poter mangiare una
banana devo trovare un banano.
Ho imparato a prendere quel che volevo. In
questo modo ho avuto un'infanzia ricca. "Ah
quindi eri..." . A mio padre non piaceva che si
dicesse così "Ah quindi ero..." . "Sono povero un
accidenti! Siamo ricchi, possiamo ottenere
qualunque cosa" . Quando ho iniziato nei
professionisti, questo insegnamento dei miei
genitori me lo portavo sempre dentro, nei vari
club dove andavo. Tu stai giocando e io sono
riserva? Io prenderò il tuo posto! Se mi dai
espaço. Se você me der um espaço, eu vou
buscar. Então eu falei: “Eu vou buscar a Seleção
Brasileira, sim. Eu vou buscar a Bola de Prata.
Eu vou buscar a Bola de Ouro.” Porque na época
tinha o Placar, e na concentração tinha e a gente
acompanhava, olhava. Eu falava: “Nossa! Eu
estou a tantos décimos de tal, então eu vou
buscar hoje, nesse jogo aqui.” E eu cobrava dos
meus companheiros: “Não, gente, vamos lá
buscar. Nós temos condição.” Então eu sempre
fui uma pessoa que eu sempre acreditei muito no
meu ideal. Então, isso foi maravilhoso. E em
1977, como você disse aí, nós tivemos uma... É
uma coisa que eu não me esqueço, porque o
Barbatana, na época, ele [inaudível] muito de
nós perdermos o título em 1977. E que, para
mim, foi um dos grandes culpados de nós
perdermos, porque a nossa equipe estava muito
bem montada. Tivemos um problema, sim,
porque o Reinaldo não ia poder jogar e nem o
Serginho Chulapa ia poder jogar. E era simples:
tirava o Reinaldo, pegava um centroavante e
colocava. Mas só que ele quis fazer uma
mudança que atrapalhou o time, provavelmente.
Então, eu lembro que na época eu até discuti
com ele um pouco. Eu falei para ele: “O título
aí, você é que perdeu. Você jogou fora.” Acho
que foi a única vez, que eu me lembre, que eu
desrespeitei um treinador. Talvez não foi, mas
que eu senti vontade de falar com ele naquela
hora. “Você entregou o time para o São Paulo.”
E eu me lembro que ele até falou: “Olha, deixa
de ser moleque! Você não fala assim comigo!”
Eu abaixei a cabeça e saí. Então, o buscar, eu
acho que é importante. Então, em 1977, é essa
equipe maravilhosa que nós tínhamos, mas não
conseguimos buscar esse título, que seria
importante para nós.
un'opportunità io la coglierò.
"Io voglio entrare nella Nazionale Brasiliana. Io
voglio prendermi il Pallone d'argento. Io voglio
il Pallone d'oro" . A quei tempi c'era Placar, nei
ritiri lo accompagnavamo, lo guardavamo. E io
dicevo: "Signore, sto a tanto così, devo farcela,
oggi, in questa partita" . Mi rivolgevo a due miei
compagni: "Ragazzi, oggi ce la facciamo.
Giochiamo bene" . Sono sempre stato molto
convinto delle mie idee. Ed era meraviglioso.
Nel 1977, come già hai detto, abbiamo avuto
una... E' una cosa di cui non mi dimentico,
perché Barbatana, a quei tempi, lui [inudibile] e
noi finimmo col perdere il titolo nel 1977.
E per me, fu lui il vero colpevole di quella
sconfitta, perché la nostra squadra era davvero
ben costruita. Avevamo avuto qualche difficoltà,
sì, perché Reinaldo non poteva giocare e
nemmeno Serginho Chulapa. Ma era facile:
toglieva Reinaldo, metteva un altro centroavanti
al posto suo. Ma lui preferì fare un cambio
diverso che ci mise in enorme difficoltà.
Ricordo che arrivai anche a litigare con lui.
Gli dissi: "Questo titolo l'hai perso tu. Lo hai
buttato al vento". Credo sia stata l'unica volta,
che io ricordi, che mancai di rispetto ad un
allenatore. Forse non era vero, ma non potei
impedirmi di parlare a quel modo con lui.
"Tu ci hai consegnato di fatto nelle mani del Sao
Paulo" . Ricordo che lui mi rispose: "Smettila di
fare il bambino! Tu non puoi parlarmi in questo
modo!"
Abbassai la testa e me ne andai. Io penso che
lottare per ciò che si è vuole è sempre
importante. Nel 1977 avevamo una squadra
meravigliosa, ma non siamo riusciti a vincere
quel titolo, sarebbe stato importante per noi.
10 Vanderlei Paiva.
11 Vantuir Galdino Ramos.
12 Marcelo de Oliveira Santos.
B.B. – E aproveitando essa expressão de busca,
em que momento, no Atlético, você achou que já
tinha dado e que era o momento de buscar outros
horizontes, outros clubes? Como foi a sua
transferência para o Grêmio, em 1980?
B.B. – E sempre per utilizzare questo spirito di
ricerca, in che momento, hai capito che il tuo
tempo all'Atletico era finito e che dovevi cercare
nuovi orizzonti, nuovi club? Come è andato il
tuo passaggio al Gremio, nel 1980?
P.I. – Porque quando... Em 1975 ou 1976, por aí,
aí já vem a namoradinha, a noiva e tal, aí você
vai levando aquela... Aí já é uma vida... E em
1977, 1978 e 1979, eu já estava, no Atlético, já
estava... na ponta, e eu então pensei em buscar
P.I. – Nel 1975 o 1976 più o meno, mi ero fatto
la fidanzata, e quindi inizi a cambiare... vita,
diciamo... Nel 1977, 1978 e nel 1979 io ero
ancora nell'Atletico... però in bilico, e iniziai a
cercare nuovi orizzonti.
outros horizontes. Já comecei a sentir vontade de
jogar em outra equipe, sentir também como é
que é jogar. Eu tive uma proposta, em 1976, de
ir para o México: o América... o Monterrey fez
uma proposta, na época, de US$ 6 milhões, que
era muito dinheiro na época, e eu recusei.
Porque eu não tinha vontade e não tinha
condições de deixar a minha família. Naquele
momento, para mim, eu ficar longe da minha
família era muito desgostoso. E eu gostava de
jogar ali no Atlético. Eu me sentia, dentro do
Atlético... minha sala, minha cozinha, minha
cama. Eu não tinha essa vontade. Então, essa
vontade de sair veio em 1977, aí com essa perda
do título por causa do treinador. Aí, em 1979, eu
falei: “Vou fazer um bom campeonato, Cerezo,
porque eu acho que eu estou querendo sair do
Atlético. Mas a minha cabeça está aqui.” Aí eu
ouvi noticiado que o Grêmio tinha um interesse;
o Fluminense tinha um interesse... Tinham uns
três clubes, na época. E eu conversei com o
Eduardo Lage, que foi uma pessoa que me
orientou muito, me ajudou bastante, depois de
minha família, e eu falei: “Eduardo, estou com
vontade de sair, e têm alguns times aí.” E eu não
gostava muito de ficar lendo o noticiário, não.
Porque notícia é o seguinte, tem um lado bom,
que você... e tem um lado ruim que são as
críticas, então, você tem que se prender. Então,
era melhor eu ficar [inaudível]. Ele falou: “Olha,
têm três clubes aí. Vê um aí, para onde você
quer ir.” Eu falei: “Eu quero ir para o frio, quero
ir lá para o Sul. Porque o Sul, o futebol é
pegado, e eu gosto desse futebol.” Ele falou:
“Então está [certo]. Vou ajeitar então.” Aí, como
o Grêmio estava noticiando, surgiu então a
possibilidade de o Éder vir para o Atlético e eu
ir para o Grêmio. Eu falei: “Eduardo, encaixa
essa para mim aí. Pode encaixar essa aí que vai
ser maravilhoso. Eu quero ir lá para o Sul, eu
quero ir lá sentir esse futebol que dizem que é
pegado, que no Sul é isso e tal.” E eu
conversando com alguns colegas meus, eles
falaram assim: “Mas você vai para o Sul, rapaz?!
Vai para o Sul, não. No Sul é cidade só de
brancão só, dependendo da época, um racismo
danado.” E como eu falo para vocês, eu sempre
gostei de ir buscar. Eu falei: “Vou lá buscar.
Esse é o desafio. Vou lá. Quero ir para o Sul.”
Falei com... Cismei. “Eu quero ir para o Sul.”
“Ah, mas tem o Santos que está interessado em
Iniziavo a sentire la necessità di andare in
un'altra squadra, di sentire com'è giocare altrove.
Ricevetti una proposta nel 1976 per andare in
Messico... l'America... Il Monterrey mi fece una
proposta di 6 milioni di dollari, che per l'epoca
era davvero un capitale ma io mi rifiutai.
Non avevo proprio voglia a quel tempo, non
volevo proprio abbandonare la mia famiglia. A
quei tempi, l'idea di andare lontano dalla mia
famiglia era molto dolorosa. E poi mi piaceva
giocare nell'Atletico. Io mi sentivo dentro un
atleticano... la mia sala, la mia cucina, la mia
camera. Non avevo proprio nessuna voglia di
cambiare. La voglia invece cominciò a venirmi
nel 1977, dopo quella sconfitta causata
dall'allenatore.
Nel 1979 dissi a Cerezo: "Farò un buon
campionato, perché credo proprio di volermene
andare dall'Atletico. Ma finché resto qui
giocherò bene." .
E lessi un articolo in cui si diceva che il Gremio
era interessato a me; e così anche il
Fluminense... Erano circa 3 club, direi. Ne parlai
con Eduardo Lage, una persona che mi aiutò
molto, davvero molto, assieme alla mia famiglia,
e gli dissi: "Eduardo, desidero andarmene, ci
sono alcuni team interessati" . Non mi piaceva
molto leggere gli articoli sportivi, per la verità.
Perché c'è sempre un lato buono, che ti fa
piacere, e un lato negativo, con critiche, che ti
tocca sopportare. Preferivo restarmene
[inudibile] . Lui mi disse: "Senti, ci sono 3 club
interessati. Scegli tu dove vuoi andare" . E gli
dissi: "Voglio andare al freddo, preferisco
andare verso Sul. Perché a Sul il calcio è più
duro, e io lo preferisco" . Mi rispose: "Ok allora.
Sistemo la cosa" . E proprio quando stavamo
informando il Gremio, è uscita questa notizia
che Eder poteva venire all'Atletico, mentre io
andavo al Gremio. Dissi: "Eduardo, incastra
questa cosa per me. Se riusciamo a combinare
questa cosa sarà meraviglioso. Io voglio andare
a Sul, voglio provare questo calcio che
definiscono tanto pesante, dicono questo e
quell'altro..." E quando ne parlai con alcuni
colleghi, mi dissero: "Ma davvero vuoi andare a
Rio Grande do Sul, ragazzo?! Non andare a Sul.
Quella zona è solo per i bianchi, c'è ancora un
razzismo terrificante". Ma come ti ho detto, a me
piacciono queste sfide. E quindi "Io ci vado.
Questa è una sfida. Vado. Voglio andare a Sul" .
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Memórias de infância e início no futebol de Paulo Isidoro

  • 1. Proibida a publicação no todo ou em parte; permitida a citação. A citação deve ser textual, com indicação de fonte conforme abaixo. FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS CENTRO DE PESQUISA E DOCUMENTAÇÃO DE HISTÓRIA CONTEMPORÂNEA DO BRASIL (CPDOC) Rio de Janeiro 2014 Nome do entrevistado: Paulo Isidoro de Jesus Local da entrevista: Belo Horizonte - MG Data da entrevista: 25 de outubro de 2012 Nome do projeto: Futebol, Memória e Patrimônio: Projeto de constituição de um acervo de entrevistas em História Oral. Entrevistadores: Bruna Gottardo (Museu do Futebol) e Bernardo Buarque (CPDOC/FGV) Câmera: Transcrição: Maria Izabel Cruz Bitar Data da transcrição: 14 de novembro de 2012 Conferência da transcrição : Maíra Poleto Mielli Data da conferência: 22 de novembro de 2012 ** O texto abaixo reproduz na íntegra a entrevista concedida por Paulo Isidoro de Jesus em 25/10/2012. As partes destacadas em vermelho correspondem aos trechos excluídos da edição disponibilizada no portal CPDOC. A consulta à gravação integral da entrevista pode ser feita na sala de consulta do CPDOC. Bernardo Buarque – Bom dia. Belo Horizonte, 25 de outubro de 2012, depoimento de Paulo Isidoro de Jesus, ex-jogador da Seleção Brasileira, do Atlético e de grandes clubes do Brasil. Esse depoimento faz parte do projeto Futebol, Patrimônio e Memória1, que é uma parceria entre a Fundação Getulio Vargas e o Museu do Futebol. Participam desse depoimento: Bruna Gottardo e Bernardo Buarque. Paulo, bom dia. Queremos te agradecer imensamente por nos receber aqui na sua escolinha, aqui em Minas Gerais. Eu gostaria de começar te perguntando, Paulo, onde e quando você nasceu. Bernardo Buarque –Buongiorno. Belo Horizonte, 25 Ottobre 2012, dichiarazione di Paulo Isidoro de Jesus, ex calciatore della nazionale brasiliana, dell'Atletico e di altri importanti club brasiliani. Queste dichiarazioni fanno parte del progetto Futebol, Patrimonio e Memorial, che è una collaborazione tra la Fondaçao Getulio Vargas e il Museu do Futebol. Partecipano a questa dichiarazione: Bruna Gottardo e Bernardo Buarque. Paolo, buongiorno. Vogliamo ringraziarti immensamente per averci ricevuto qui nella tua scuola a Minas Gerais. Mi piacerebbe iniziare chiedendoti, Paulo, dove sei nato. Paulo Isidoro – Bom dia. Muito obrigado pelo convite. Para mim é uma satisfação muito grande estar podendo participar do Museu e poder, assim, também contar um pouco da minha vida. Naturalmente, todo mundo sabe, a gente vem com muita dificuldade, mas a minha infância foi uma vida boa, foi tudo maravilhoso e hoje eu quero dar continuidade àquilo que eu aprendi na minha infância, passando para Paulo Isidoro – Buongiorno. Vi ringrazio molto per avermi invitato. Per me è una soddisfazione molto grande poter partecipare al progetto e raccontare un po' la mia vita. Come sanno credo tutti, qui le cose non erano facili, ma la mia infanzia è stata bella, meravigliosa e il mio intento è di dare continuità a ciò che ho appreso nella mia infanzia, e trasmetterlo a quelli che oggi sono considerati adolescenti e bambini.
  • 2. aqueles que hoje são considerados mirins e infantis. 1 O entrevistado está se referindo ao projeto Futebol, Memória e Patrimônio. B.B. – Em que cidade você nasceu, Paulo? B.B. – Dove sei nato, Paulo? P.I. – Eu nasci em Matozinhos, que é uma cidade a 30 quilômetros de Belo Horizonte. Eu nasci no ano de... em 3 de agosto de 1953. E vim para Belo Horizonte com 11 anos. P.I. – Sono nato a Matozinhos, una città a circa 30 km da Belo Horizonte. Sono nato... il 3 agosto del 1953. E sono venuto a Belo Horizonte a 11 anni. B.B. – Conta um pouquinho dos seus pais, dos seus avós, da sua família e que lembrança você tem de Matozinhos. B.B. – Raccontaci qualcosa dei tuoi genitori, dei tuoi nonni, della tua famiglia. Che ricordi hai di Matozinhos. P.I. – A minha infância... São lembranças boas. Apesar de ter nascido no interior, ser criado no interior, mas eu posso ver que foi uma infância com muita alegria. Tive uma infância de muito apoio dos meus pais. Com muito trabalho, sim, mas com uma certa regalia daquilo que eles poderiam estar me oferecendo naquela época. Tivemos uma vida difícil, mas é uma vida que, na minha infância, me ensinou muito, para que hoje eu pudesse estar transformando aquilo que eu aprendi, hoje, naquilo que hoje eu estou mexendo, que é com a escolinha. P.I. – La mia infanzia... fu molto felice. Anche se ero nato nell'interno, vi sono anche cresciuto, posso dire che la mia infanzia è stata molto felice. Durante la mia infanzia sono stato accompagnato molto dai miei genitori. Lavoravano molto, certo, ma erano anche molto generosi, compatibilmente per l'epoca e per quel che potevano. Abbiamo infatti avuto una vita difficile, ma molto istruttiva, che mi ha reso in grado di trasformare ciò che ho imparato in ciò che oggi sto facendo, cioè una mia scuola. B.B. – Em que seu pai trabalhava, Paulo? B.B. – Di che cosa si occupava tuo padre, Paulo? P.I. – Meu pai era mestre de obras. Ele foi para Matozinhos no intuito de construir uma usina de açúcar, foi para lá para construir essa usina, e lá, então, começou e adquiriu a sua família, onde nós fomos criados, em Matozinhos, onde passamos uma boa parte, com uma boa orientação dele, também. P.I. – Mio padre era un capocantiere. Venne a Matozinho per costruire uno zuccherificio, e là iniziò a crearsi la sua famiglia. Siamo quindi cresciuti a Matozinhos, dove poi abbiamo passato un buon periodo, sotto la sua supervisione. B.B. – Os seus avós, você chegou a conhecer? B.B. – Hai conosciuto i tuoi nonni? P.I. – Não, não conheci. Meus avós, quando foram falecidos, pelo que minha mãe conta, eu ainda não tinha nascido, o meu avô, mas a minha avó, eu tive o prazer de ser carregado por ela. Mas não lembro assim da minha avó, só tenho mesmo as histórias que minha mãe conta da minha avó. P.I. – No, non li ho conosciuti. I miei nonni morirono, in base a quanto mi ha raccontato mia madre, quando io ancora non ero nato. O meglio mio nonno, mentre mia nonna è riuscita a tenermi tra le sue braccia. Ma non ricordo niente di lei, solo i ricordi che mia madre mi racconta. Bruna Gottardo – E vocês eram em quantos irmãos? Bruna Gottardo – Quanti fratelli hai? P.I. – Eu tenho oito irmãos. Então, nós fomos criados em oito. Porque o meu pai adotou uma criança, e esse aí, então, foi para lá nos braços e nós então consideramos como irmão mesmo, então, até hoje a gente ainda tem esse contato e é uma coisa maravilhosa. Então, foi um exemplo de solidariedade que meus pais demonstraram: de uma família que os pais foram falecidos, eles adotaram essa criança. E foi, também, criado P.I. – Siamo 8 fratelli. Siamo cresciuti in 8, poiché mio padre adottò un bambino, lo prese tra le braccia e da allora noi la consideriamo come un fratello, e tuttora abbiamo questo rapporto ed è una cosa meravigliosa. Fu un esempio di solidarietà da parte dei miei genitori: erano morti i genitori di questo bambino e i miei lo adottarono. E venne allevato con lo stesso affetto.
  • 3. com muito carinho. B.B. – E você teve oportunidade de estudar até que série? B.B. – Fino a che età hai potuto studiare? P.I. – Eu estudei até a quinta série. No interior, devido à dificuldade até para levar um estudo mais longo. Porque as condições... muitas vezes, não tinha como. Mas eu estudei até a quinta série e depois não tive mais condições e nem interesse de continuar meu estudo. P.I. – Fino agli 11 anni. Nelle città dell'interno era molto difficile studiare di più, le condizioni... molte volte non c'era proprio modo di farlo. Io ho studiato fino agli 11 anni poi non ho più potuto e nemmeno ci tenevo a continuare a studiare. B.B. – E o futebol, como é que ele apareceu na sua vida? Seu pai gostava de futebol? Conta um pouquinho sobre a sua relação com o futebol. B.B. – Come è comparso nella tua vita il calcio? Tuo padre amava il calcio? Raccontaci un po' del tuo rapporto con il calcio. P.I. – Interior, você sabe como é que é, não é? Você vai, faz a sua parte, o seu trabalho, e depois, na parte da tarde, naturalmente, seus pais liberam para você jogar uma peladinha. Então, para mim, começou mesmo nas peladas. Eu me lembro que em Matozinhos, quando o gado saía do curral, a gente limpava, e nós íamos então para jogar ali uma pelada, que era a chamada “o empurra esterco para se jogar uma pelada”. Então, era uma coisa maravilhosa! Então, surgiu assim. Por que isso? Porque em Matozinhos tinha um curral onde gado ficava preso para ser embarcado no trem, e depois, à tarde, quando ele era encarrilhado nos trens, a gente ia lá, limpava e jogava a nossa peladinha. Então, foi assim que começou minha vida. E depois... Além de jogar nos times amadores lá da minha cidade. P.I. – Città dell'interno, sai com'è no? Esci, fai il tuo dovere, il tuo lavoro, e poi la sera, naturalmente, ti lasciano libero per giocare a piedi nudi a pallone. Per me è cominciato tutto per strada. Ricordo che a Matozinhos, quando il bestiame usciva dal suo recinto, noi andavamo a pulire e poi a giocare a calcio a piedi nudi, lo chiamavamo "spingi via lo sterco perché si possa giocare a piedi nudi" . Era una cosa meravigliosa! Ho iniziato così. Perché? Perché a Matozinhos c'era un recinto nel quale il bestiame veniva rinchiuso per venire poi caricato sul treno. E la sera, quando era stato caricato nei treni, noi andavamo là, pulivamo e giocavamo a pallone a piedi nudi. E' così che è iniziata la mia vita. E dopo... Iniziai a giocare nelle squadre dilettantistiche della mia città. B.B. – Você lembra o primeiro clube que você foi jogar? E em que idade você começou a jogar mais, vamos dizer assim, sem ser pelada, começou a coisa a ficar séria, vamos dizer assim? B.B. – Ti ricordi del primo club dove hai giocato? A che età hai cominciato a giocare, diciamo così, non più a pallone tra amici, ma in modo serio, per dirla così? P.I. – Eu, na verdade, gostava muito de jogar pelada, que a gente costumava falar que era o ranca-toco [arranca toco]. Porque o ranca-toco era o seguinte: você fazia ali a pelada e depois começava uma coisa assim... sem ter arbitragem. Não tinha falta, não. Então, aquele que aguentasse ia até o final, e ali era mais ou menos cada um para si. Mas eu, já com meus 11 anos, de 8 a 11 anos, eu já comecei a jogar no Cruzeirinho de Matozinhos. Porque tinha, na época, o petiz, e eu fazia parte dessa equipe. Então, no Cruzeiro de Matozinhos, eu jogava no petiz e jogava um pouco no infantil. Aí, depois, quando fui crescendo, tendo mais idade, eu já fui... Com 11 anos, eu jogava no juvenil, na época. Eu não tinha idade, mas tinha um futebol que me qualificava para jogar no juvenil. Então, P.I. – Per la verità a me piaceva molto giocare a pallone, noi lo chiamavamo "colpisci la palla" . Il "colpisci la palla" funzionava così: costruivi la palla e dopo cominciavi a giocare... senza nessun arbitro. Non c'erano nemmeno i falli. Chi resisteva fino alla fine vinceva, ed ognuno per sé, più o meno. Io, ad 11 anni, dagli 8 agli 11 anni, già avevo avuto modo di giocare per il Cruzeirinho de Matozinhos. A quell'epoca ero nella giovanile, facevo parte di quella squadra. Giocavo un po' anche nell'infantile. Più tardi, quando crebbi un po', con qualche anno in più, già andai... A 11 anni giocavo già nella squadra giovanile. Non avevo l'età giusta, ma giocavo a calcio tanto bene che mi approvarono per la squadra giovanile. E quando avevo 11 anni ci trasferimmo a Belo Horizonte.
  • 4. nos meus 11 anos, nós mudamos para Belo Horizonte. Aí, sim, aí já comecei a fazer um futebol assim mais direcionado para o futebol amador, no qual, quando vim para Belo Horizonte, joguei pelo Ideal, do Bairro da Graça, que era uma equipe administrada... Quem era o presidente era o Carlos César Pinguim, um comentarista de uma rádio aqui de Belo Horizonte. Aí, sim, aí nós começamos a levar o futebol do lado amador para o lado profissional. Então, assim que começou a minha carreira. A quell'epoca iniziai a giocare a calcio con maggiore perizia per giocare tra i dilettanti e, quando venni qui a Belo Horizonte, giocai per l'Ideal, di Bairro da Graça, che era uno club amministrato... il suo presidente era Carlos Cesar Pinquim, un cronista sportiva della radio di Belo Horizonte. A quel punto cominciai a crescere di livello e pian piano passai da un calcio amatoriale ad uno professionale. Ecco, è iniziata così la mia carriera. B.B. – Esse Cruzeirinho lá de Matozinho era uma referência ao Cruzeiro? Ou não tinha nada a ver? B.B. – Il nome Cruzeirinho de Matozinho era un omaggio al Cruzeiro? O non aveva niente a che vedere? P.I. – Eu acredito que até o nome pode ter surgido devido ao Cruzeiro. Porque na época, lá, a maioria... todo mundo era cruzeirense, então, “vamos montar o Cruzeirinho”. Aí se montou o Cruzeirinho. E se fez uma equipe muito forte – selecionou, do interior lá, muitos jogadores bons e fez uma equipe. Então, ficou esse nome. Pode ser que esse nome tenha alguma influência com o Cruzeiro de Belo Horizonte. P.I. – Credo che il nome possa essere dovuto al Cruzeiro, sì. Perché all'epoca la maggior parte... eravano tutti tifosi del Cruzeiro. Quindi "creiamo la squadra Cruzeirinho" . E crearono il Cruzeirinho. Ed era anche una squadra molto forte - vennero selezionati molti giocatori dell'interno molto bravi e si creò quella squadra. E rimase quel nome. Può essere che questo nome sia stato effettivamente un omaggio al Cruzeiro di Belo Horizonte. B.B. – Mas você, garoto, torcia para que time? B.B. – Ma tu da ragazzo per chi tifavi? P.I. – Eu nasci atleticano, cara. [risos] Meu pai costumava falar que, quando eu nasci, ele pegou no bracinho e falou: “Esse é atleticano! Esse é galo doido!” Então, aí ficou. E eu, mesmo jogando no Cruzeirinho, com alguma resistência para mudar, “aqui ele vai jogar mais, é cruzeirense”, mas eu tive a felicidade e não procurei trocar, não. Então, nasci atleticano e estou até hoje aí procurando torcer e levar minha força aí para que o Atlético seja uma equipe bem fortalecida. P.I. – Io sono nato per l'Atletico, accidenti [ride] . Mio padre diceva sempre che, quando sono nato, mi prese in braccio e disse "E' nato per l'Atletico! E' un Gallo pazzo!" E così è stato. Anche quando giocavo per il Cruzeirinho, sentivo un po' di resistenza a cambiare tifoseria, "Qui lui giocherà di più, è cruzeirense" , ma ebbi la fortuna di non dover cambiare tifoseria. Sono nato atleticano e ancora oggi tifo e sostengo con tutto me stesso l'Atletico, sperando che possa essere sempre più forte. B.G. – E quando você mudou para Belo Horizonte, você mudou com a sua família ou você veio para jogar bola? B.G. – E quando sei andato a Belo Horizonte, sei venuto con la tua famiglia o sei venuto solo per giocare a calcio? P.I. – Não. Mudei com a minha família. Aí foi aquele negócio: caminhão aberto, joga tudo para cima da carroceria, põe o cachorro na traseira e vamos morro acima. Então, minha família, devido ao crescimento, porque nós já estávamos crescendo, Matozinhos começou a ficar muito pouco... Aí já precisava de todo mundo estar trabalhando e meus pais, então, acharam melhor nós mudarmos para Belo Horizonte. Na época que ele tomou a decisão, para nós, acostumados ao interior, foi um susto, “ah! vamos para Belo Horizonte”. Nossa! Para nós foi o maior susto. P.I. – No, venni con la mia famiglia. Andò più o meno così: camion aperto, carica tutto dentro all'auto, infila il cane nel baule e andiamo via. La mia famiglia nel frattempo era cresciuta, stavamo tutti crescendo, e Matozinhos iniziava a starci stretta... Noi avevamo bisogno di lavorare e così anche i miei genitori hanno preferito trasferirsi a Belo Horizonte. A quell'epoca quando fu deciso, per noi abituati all'interno fu un vero shock "Ah, andiamo a Belo Horizonte" . Signore! Per noi fu davvero un colpo. Ci eravamo ben spaventati. Ma fu un'ottima
  • 5. Viemos todo mundo retraído. Mas foi uma experiência e uma troca boa. Então, meu pai foi muito sábio, quando ele tomou essa decisão. Viemos para Belo Horizonte. Graças a Deus, a minha família, com compromisso com a sociedade, com o trabalho, com a dignidade. Todos nós tivemos uma formação muito boa. esperienza e un cambiamento positivo. Mio padre fu molto saggio a prendere quella decisione. Siamo venuti a Belo Horizonte. Grazie al cielo la mia famiglia era attiva in società, con il lavoro, era molto dignitosa. Siamo stati educati molto bene. B.G. – E o Atlético? Quando você veio para cá, você já queria jogar no Atlético? B.G. – E l'Atletico? Quando sei venuto qui, già volevi giocare per l'Atletico? P.I. – Não, eu... P.I. – No, io... B.G. – Como que era a relação com o futebol? Quando você mudou para cá, você já começou a jogar no juvenil, continuar? B.G. – E il tuo rapporto col calcio? Quando sei venuto qui, avevi già iniziato a giocare per la squadra giovanile, continuavi? P.I. – Eu continuei jogando no amador. Mas eu nunca tinha aquele sonho, “ah, vou jogar num time grande”. Eu gostava de jogar bola. E o Ideal, na época, ele me proporcionou, porque eu morava perto, de eu estar jogando lá. E como eu tinha uma qualidade, ou condições muito boas, eu era muito requisitado. Então, eu queria jogar. Eu jogava ali no infantil, jogava no juvenil. Então, para mim era a maior festa. Eu não pensava que um dia eu ia jogar num time profissional. Eu queria estar jogando bola. Então, eu fazia aquilo ali com o maior prazer da minha vida. Daí, então, começou a surgir os convites: um chamar para jogar aqui, jogar ali. Eu não queria saber aonde, eu queria era estar jogando. Então, para mim era a maior... A maior felicidade para mim era jogar bola. P.I. – Continuai a giocare come dilettante. Ma continuavo a sognare "Giocherò in un grande club". Mi piaceva giocare a pallone. L'Ideal, all'epoca, mi valorizzava, io vivevo lì vicino, giocavo lì. E avendo una buona qualità, la mia condizione era buona, venivo richiesto spesso. Ed io volevo solo giocare. Giocavo nella squadra infantile e in quella giovanile. Per me era il massimo. Ancora non pensavo al giorno in cui avrei potuto giocare come professionista. Io volevo solo giocare a pallone. E giocavo con un piacere immenso. Ad un certo punto iniziarono a propormi di giocare qua e là. A me non interessava dove, volevo solo continuare a giocare. Per me era davvero il massimo. La maggior felicità per me era giocare a pallone. B.B. – Paulo, você então se muda para Belo Horizonte com 11 anos – pelas nossas contas, então, em 1964. B.B. – Paulo, vi trasferite a Belo Horizonte quando hai 11 anni - quindi nel 1964. P.I. – Exatamente, em 1964. P.I. – Esattamente, nel 1964. B.B. – Em 1965, é inaugurado o Mineirão. Você tem lembrança de ter ido a algum jogo no Mineirão, de frequentar o estádio? Que lembranças você tem dessa época? B.B. – Nel 1965 viene inaugurato i Mineirao. Ricordi di essere stato a qualche partita di quel campionato, di essere andato allo stadio? Hai qualche ricordo di quel periodo? P.I. – Olha, ficou mesmo só na lembrança. Porque para a nossa família, que tinha mudado há pouco tempo, para poder ir para o Mineirão era meio complicado, porque tinha que pagar a entrada, e a família da gente era muito sacrifício, mas um sacrifício bom, porque a gente buscava ali com o trabalho. Então, tinha muita dificuldade. Então, muitas vezes, você não podia estar disponibilizando dinheiro para você ir para um estádio, para pagar um ingresso. Então, a gente ficava mesmo era só no radinho, ouvindo, torcendo ali. Eu me lembro que a primeira vez que eu fui no Mineirão, foi a minha irmã que P.I. – Guarda, ho alcuni ricordi. La nostra famiglia si era trasferita da poco tempo, ed andare allo stadio Mineirao era abbastanza complicato, dovevi pagare l'ingresso e per la mia famiglia era un bel sacrificio, un bel sacrificio perché noi cercavamo ancora un lavoro. Era molto difficile. Molto spesso non potevo avere denaro per andare allo stadio, per pagarmi l'ingresso. Per lo più quindi ascoltavamo la radio, ascoltavamo e facevamo il tifo. Ricordo che la prima volta che potei andare al Mineirao, mia sorella disse: "Abbiamo un ingresso per portarvi al Mineirao. Chi vuole andare?" . Mi
  • 6. falou: “Nós estamos com um ingresso aqui para levar vocês para o Mineirão. Quem quer ir?” E eu era meio retraído. Eu sempre tive muito medo de tumulto, muita gente, e me falavam que o Mineirão era muito grande e eu ficava meio retraído. Aí minha irmã falou: “Não, você vai, sim. Você vai, porque você gosta muito de bola, você tem que ir lá para você ver, para você conhecer como é.” Então, acabei indo. E na hora que eu cheguei na roleta para entrar, aí o rapaz da roleta perguntou: “Você está acompanhado?” Porque tinha que estar acompanhado, porque eu era ainda de menor. Aí minha irmã... “Está acompanhado.” Aí eu entrei, meio receoso. Mas, para te falar a verdade, com toda a honestidade, eu não fiquei à vontade dentro do Mineirão. Então, a minha família... Eles achavam que eu ia ficar empolgado. Eu acho que, pelo contrário, de eu ver aquele mundo... Eu nem me lembro bem, para te falar a verdade, como é que foi o jogo, qual o jogo que foi. Eu acho que eu fiquei muito assustado, em tão pouco tempo, ter vindo no Mineirão. Daí a uns dois... acho que um ano e meio [depois] que o Mineirão foi inaugurado, eu fui, para poder conhecer o Mineirão, e não fiquei empolgado. Acho que eu fiquei com mais medo de estar ali... Porque o Mineirão enchia muito – eram 90 a 100 mil pessoas ali dentro. Então, para mim não foi uma experiência boa. Eu não tenho aquilo como uma boa lembrança. Tenho porque eu me lembro que fui no Mineirão, mas não tirei proveito daquilo porque eu fiquei muito assustado. Então, acho que foi muito aquela coisa de menino ainda do interior. ero spaventato. Ho sempre avuto molto timore del rumore, della folla, e mi avevano detto che il Mineirao era molto grande e quindi mi ero spaventato. Mia sorella aggiunse: "No, tu ci vai. Tu ci vai perché adori giocare a calcio, devi andarci per vedere, per sapere com'è" . E alla fine ci andai. Quando ero al tornello per entrare il ragazzo mi chiese: "Ti accompagna qualcuno?" Perché dovevo essere accompagnato, ero ancora minorenne. E mia sorella... "Sì è accompagnato". E così entrai, piuttosto spaventato. E a dirti la verità, in tutta onestà, non mi sentii a mio agio dentro al Mineirao. La mia famiglia... pensava che mi sarei entusiasmato. E invece, fu il contrario, penso che vedere quel mondo... Nemmeno mi ricordo bene, a dirti la verità, com'è stata la partita o quale fu la partita. Credo di essermi spaventato molto, in pochissimo tempo, in quel Mineirao. Dopo uno o due... penso un anno e mezzo dopo che inaugurarono il Mineirao ci andai e non ne rimasi per niente entusiasta. Penso anzi che mi spaventai proprio molto. Il Mineirao si riempiva parecchio, 90 o 100 mila persone là dentro. Per me non fu una bella esperienza. Non la ricordo come un bel momento. Lo ricordo, ricordo appunto di essere stato al Mineirao, ma non me la sono goduta, ero troppo spaventato. Credo dipendesse molto dal mio essere ancora un bambino dell'interno del paese. B.B. – E se então a experiência de torcedor num estádio grande, com multidão, ela era assustadora, depois, como jogador, tinha o impacto da torcida e da pressão? Isso, quando você passou para o outro lado, ou seja, para dentro do campo, isso você sentiu também? Ou você se acostumou, com o tempo? B.B. – E se l'esperienza come tifoso in uno stadio grande, in mezzo alla folla, ti aveva spaventato, dopo, come giocatore, che impatto aveva su di te la tifoseria e la stampa? Quando sei passato dall'altra parte, ossia, quando eri dentro al campo, come ti sentivi? Ti sei abituato in qualche modo col tempo? P.I. – No início, você dizer que você chega dentro de um Mineirão com 90 a 100 mil pessoas, você falar que você chega ali e já domina, com aquele barulho, aquela vibração toda? Não. Não é fácil, não. Dá uma tremedeira, realmente. Apesar de que, antes de eu iniciar, pelo Atlético, no Mineirão, eu fiquei um ano em Manaus. Mas mesmo em Manaus, jogando pelo Nacional, porque o campo lá no Vivaldo Lima P.I. – All'inizio, entrare al Mineirao con 90 o 100 mila persone, sentirti a tuo agio, con tutto quel casino, con quella vibrazione... No, non è per niente facile. Dà un tale spavento, davvero. Anche se io, prima di iniziare all'Atletico nel Mineirao, rimasi un anno intero a Manaus. Anche a Manaus, giocando nel Nacional, lo stadio là a Vivaldo Lima si riempiva tutto, quando entravamo in campo e vedevamo quello
  • 7. também ficava muito cheio, na hora que a gente entrava e via aquele estádio lotado, aquele monte de gente, aquela gritalhada toda, te dá, realmente, uma tremedeira no corpo todo. Mas isso aí, com o tempo é que você vai dominando essa ansiedade e essa preocupação. Não é fácil você estar enfrentando ali 90 a 110 mil pessoas gritando ali no seu ouvido. Então você tem que ter um controle emocional muito grande para você realmente sobressair. Não é fácil. stadio pieno zeppo, tutta quella gente, urlante, ti arrivava addosso una paura tremenda lungo tutto il corpo. Ma questa sensazione la riesci a controllare con il tempo, tutta l'ansia e la preoccupazione. Non è facile affrontare 90 o 110 mila persone che gridano nelle tue orecchie. Devi avere un controllo emozionale molto grande per andare oltre. Non è facile. B.B. – Paulo, ainda nesse tempo de garoto, de aspirante, no início da adolescência, quais eram as suas referências de ídolos? Você torcia para o Atlético. Você tinha algum jogador em quem você se inspirava, tinha algum modelo, seja na sua posição, ou seja, como representante daquele clube, que você mais admirava? B.B. – Paulo, quando eri ancora ragazzo, aspirante calciatore, all'inizio dell'adolescenza, quali erano i tuoi idoli di riferimento? Tifavi per l'Atletico. Avevi qualche giocatore al quale ti ispiravi, un modello, anche nella tua futura posizione, o un rappresentante di quella squadra, c'era qualcuno che ammiravi di più? P.I. – Olha, na época de eu começando e, naturalmente, acompanhando até pelo rádio, o nome – e acho que é de todos da minha época –, o nome que mais vinha na sua cabeça era o Pelé. Não tinha outra referência naquela época, não. Principalmente na década de 1966, por aí, e 1968, principalmente quando houve um Cruzeiro e Santos aqui no Mineirão, que foi uma coisa maravilhosa – eu me lembro, acho que foi de seis que o Cruzeiro ganhou –, se falava muito no Tostão, também. Então, esses nomes aí marcaram muito na minha infância: Dirceu Lopes... E eu gostava muito de ouvir, porque eu via que eram jogadores muito técnicos na época, mas eu nunca pensava assim, “ah, um dia eu vou ser igualzinho a eles”. Eu tinha um futebol... uma coisa que eu gostava. Então, um nome que me chamava a atenção realmente era o Pelé: “Ah, o Pelé, o Pelé”, para todo lado. E a gente ouvia muito no rádio, porque naquela época, televisão, a gente, muitas vezes, ia para a casa do vizinho para ver – e, muitas vezes, você não ia, porque ficava com um pouco de vergonha. Mas o nome que mais chamava a atenção mesmo eram esses nomes aí: o Pelé me chamou muito a atenção, naturalmente, e acho que como de todo brasileiro; o Tostão; o Dirceu Lopes; Zé Carlos. Esses nomes, na época, marcaram muito. Mas o que marcou mesmo era o Pelé. P.I. – Guarda, ai tempi in cui ho cominciato, e naturalmente, si seguiva con la radio, e il nome - e penso che valga per tutti quelli dei miei tempi - che si faceva più largo nella testa di tutti era quello di Pelé. Non c'era altro referente a quell'epoca. Principalmente nel 1966 o nel 1968, anche quando ci furono il Cruzeiro e il Santos qui nel Mineirao, che fu un evento meraviglioso - ricordo, credo che il Cruzeiro vinse di 6 gol - si parlava molto di Tostao, anche. Sono questi i nomi che marcarono la mia infanzia: Dirceu Lopez... Mi piaceva molto ascoltare, erano giocatori molto tecnici per l'epoca. Non avevo mai pensato: "Ah un giorno sarò proprio come loro" . Io giocavo solamente a calcio, mi piaceva moltissimo. Però un nome che davvero coglieva la mia attenzione era quello di Pelé: "Ah, Pelé Pelé" , da tutte le parti. Lo sentivamo spesso alla radio, perché a quei tempi, la televisione noi dovevamo andarla a vedere a casa di un vicino - e molto spesso non ci andavamo perché provavamo vergogna. I nomi che più richiamavano la mia attenzione erano questi: Pelé, di gran lunga il più famoso non solo per me ma per tutti, Tostao, Dirceu Lopes, Ze Carlos. Sono questi i nomi che marcarono la mia infanzia. Ma quello più incisivo di sicuro fu Pelé. B.B. – De que Copa você tem a primeira lembrança? Qual foi o torneio mundial que primeiro você lembrou, das suas recordações? B.B. – Di quale Mondiale hai i primi ricordi? Qual è il primo Mondiale che è rimasto impresso nei tuoi ricordi? P.I. – Ah, Mundial que eu me lembro, que eu P.I. – Ricordo, anche se posso solo dire che lo
  • 8. posso falar que eu me lembro... Não posso talvez te contar detalhes, mas o que eu lembro é o de 1970, porque era uma época que eu tinha uma idade que eu estava me interessando muito mais e acompanhando mais o futebol. Então, o ano de 1970, na minha infância, me marcou muito. Eu acho que, igual eu falei para vocês que na época o Pelé marcou, então, nessa época aí, de jogadores e pessoas da minha idade, a Copa de 1970 marcou demais. ricordo... ma non ti posso raccontare dettagli, ho solo vaghi ricordi, è quello del 1970. A quei tempi ero già più grande ed ero più interessato al calcio, lo seguivo di più. Quello del 1970 ha lasciato un segno nella mia infanzia. Credo che, così come Pelé ha lasciato un marchio in quel periodo, anche quel Mondiale del 1970 ha lasciato un segno nei calciatori e nelle persone della mia età. B.B. – [Das Copas] de 1966 e 1962, você lembra alguma coisa? B.B. – E di quelli del 1966 e 1963 non ricordi nulla? P.I. – Não. Aí eu já não lembro muito, não. Em 1962, por exemplo – eu nasci em 1953 –, eu ainda estava até no interior, ainda estava muito novo e ainda não estava com aquela... voltado para acompanhar o futebol. Eu estava com o futebol a nível de pelada, de jogar pelada, ir lá para um ranca-toco, vamos dizer assim, mas não estava envolvido, não. Mas a de 1970, eu já comecei a me envolver mais, a me interessar mais pelo futebol profissional. Então, aí foi... Então, a de 1970, eu posso dizer que a gente acompanhou mais. P.I. – No, non ricordo quasi nulla. Nel 1962, per esempio, essendo io nato nel 1953, ancora abitavo all'interno, ero ancora molto piccolo e non ero... non ero predisposto a seguire il calcio. Giocavo a calcio inteso come pallone, giocavo a palla, con l'idea del "colpisci la palla", diciamo così, non ero interessato a quell'aspetto. Nel 1970 invece già ero più coinvolto, mi interessavo anche al calcio professionale. Posso dire che nel 1970 invece mi interessavo di più alle partite. B.G. – Quando que você se deu conta de que você queria ser jogador, mesmo? Porque você começou com pelada, depois você passou pelas categorias de base, juniores, e quando que você decidiu, que você falou “agora, é isso mesmo que eu vou fazer”? B.G. – Quando ti sei reso conto che volevi fare il calciatore? Hai iniziato giocando a piedi nudi, poi sei passato alle categorie dilettanti, juniores, quando hai deciso, quando ti sei detto: "bene, è questo che io voglio fare" ? P.I. – Eu decidi, na verdade... Como é que foi? Eu jogava pelo Ideal do Bairro das Graças e nós tínhamos um presidente que era o Carlos César Pinguim, e como eu falei para vocês, eu gostava de ir para o amador para jogar – ali é campo de terra, poeira, era gostoso, eu me sentia... Isso foi no ano de 1970 até 1972, eu jogando no amador, e eu jogava muito bem na época, no amador, assim se dizia, então, começaram a dizer: “Nossa Senhora! Você tem que ir para um profissional, você tem que jogar em um time, um clube grande. Você está jogando aqui, você está desperdiçado.” Eu sempre ficava ouvindo isso. Então, em 1972, por aí, eu disputando, pelo Ideal, campeonatos amadores, ouvindo isso, aí eu comecei... E eu acompanhava muito o futebol pelo rádio e televisão, aí eu começava a ver aquilo e eu falava: “Gente, eu acho que realmente... Eu acho que eu tenho condições.” Então... Aí já comecei a ficar naquela ansiedade: “Nossa! Se um dia aparecesse para mim de ir P.I. – Mi sono deciso... com'è andata? Giocavo per l'Ideal di Bairro das Graças e all'epoca avevamo un presidente chiamato Carlos Cesar Pinguim, e come vi ho già detto, mi piaceva giocare nei dilettanti, tutto pur di giocare - il campo è di terra, polveroso, era bello, mi sentivo... Tra il 1970 e il 1972, giocavo tra i dilettanti, giocavo molto bene a quei tempi, tra i dilettanti, così almeno dicevano, e cominciarono a dirmi: "Signore" Devi assolutamente passare tra i professionisti, devi giocare in un club, un club importante. Giocando qui tu sei sprecato." Me lo dicevano continuamente. Nel 1972, stavo giocando con l'Ideal, al campionato dilettanti, e me lo dicevano sempre, e così cominciai... Seguivo molto il calcio tra radio e tv e iniziai a dirmi: "Penso che in effetti... Credo di potercela fare" . E così iniziai a sentirmi un po' in ansia: "Signore! E se un giorno potessi davvero andare a giocare per un club. Pensa se un giorno potessi andare a fare una selezione?" . E dopo una
  • 9. num clube jogar. Já pensou se um dia aparecesse para mim eu poder ir num time fazer um teste?” E sempre, depois dos jogos, porque [os jogos do] amador eram sempre muito disputados... Esse Carlos César Pinguim chegou um dia para mim, que era o nosso presidente e trabalhava numa rádio aqui em Belo Horizonte, ele falou para mim assim: “Você não tem vontade de ir fazer um teste, não?” Mas sempre vinha aquele lado do medo. Ele falava comigo: “Eu vou levar você aí num Atlético.” Aí eu começava a rir. “Vou te levar no Cruzeiro.” Eu começava a rir. Eu falava: “O que é isso, você está doido, rapaz?! Vou jogar num time desses aí? Não, não. Não quero mexer com isso, não.” E nisso, jogando e disputando o amador, apareceu um olheiro. Eu acho que foi até por convite dele. Ele foi lá assistir a um jogo nosso, lá no nosso campo, e eu não sabia. Ele foi lá assistir ao jogo. E eu, como sempre, nas partidas no futebol de várzea, eu sobressaía mesmo, eu era, vamos dizer assim, aquele jogador que todo mundo queria que ele jogasse nas equipes, ali no amador. E quando terminou uma partida lá, chegou um senhor lá e falou assim: “Ô, meu filho, você não quer ir lá no Atlético fazer um teste?” Aí eu abaixei a cabeça e comecei a rir. Eu falei: “Ah! Esse cara está de sacanagem comigo!” Aí o presidente Carlos César Pinguim falou assim: “Olha, tem um olheiro aí que veio lá do Atlético ver você jogar.” Eu falei: “Ah! Você está de sacanagem! Para com isso! Que brincadeira boba! Vai vir aqui, numa poeira dessa aqui, uma pessoa lá do Atlético?” Aí essa pessoa entrou, que era o Irineu, e falou: “Não, sou eu mesmo. Eu sou o Irineu, eu trabalho lá no Atlético, sou roupeiro, e eu vim aqui e me falaram muito bem de você. Não só você. Têm dois colegas seus aí que eu vou levar com você”, que era o Dominguinhos e o Rogério. “Nós vamos levar vocês três para fazer um teste no Atlético.” Eu falei: “Tudo bem. Se o senhor quiser levar... Mas eu não sei se eu vou aguentar, não. Porque falam que o profissional, lá, a gente tem que estar muito... porque é muito forte, e eu não sei se eu vou conseguir passar, não.” Ele falou: “Você quer? Eu vou marcar para você.” “Ah, quero, quero ir, sim, quero ir. Pode marcar que eu vou.” Aí, beleza, aí ele marcou esse teste lá em Lourdes, no bairro de Lourdes, porque o Atlético tinha um campo lá de partita, una di quelle combattute... Carlos Cesar Pinguim mi venne a parlare, era il nostro presidente e lavorava in una radio qui a Belo Horizonte, mi disse: "Ti piacerebbe andare a fare una selezione?" . E la paura fece capolino. E lui continuava: "Ti voglio portare all'Atletico" . A quel punto iniziai a ridere. "Ti voglio portare al Cruzeiro" . E io ridevo. "Che c'è ragazzo, sei impazzito?" "Giocare in uno di quei club? No, no. Non voglio immischiarmi in queste cose. " Ma continuando a giocare e vincere nel torneo dilettanti, si presentò un vero reclutatore. Credo lo avesse chiamato lui. Venne a seguire una nostra partita, al nostro campo. Non ne sapevo nulla. Venne a guardare la partita. Nelle partite di calcio su terra io mi esprimevo sempre al meglio, ero, diciamo così, il giocatore che volevano tutte le squadre dilettanti. E quando finì la partita, mi raggiunse questo signore e mi disse: "Caro mio, non vuoi andare all'Atletico a fare una prova?" . Abbassai la testa ed iniziai a ridere. E gli risposi: "Ah, questo tizio vuol prendermi in giro!" A quel punto Carlos Cesar Pinguim mi disse: "Senti, è un reclutatore venuto dall'Atletico per vederti giocare" . Ed io: "Ah! Continui a prendermi in giro, smettila! E' uno scherzo stupido! Verrebbe in una baracca come questa un reclutatore dell'Atletico?" E questa persona entrò, era Irineu, e mi disse: "E invece sì, sono Irineu, lavoro per l'Atletico, sono un reclutatore, e sono venuto qui perché mi hanno parlato molto bene di te. E non solo di te. Ci sono altri 2 tuoi colleghi qui che porterò via assieme a te" , erano Dominguinhos e Rogerio. "Ti portiamo all'Atletico per fare una prova" . Dissi: "Va bene, se il signore mi vuole portare... Però non so se ce la faccio... Dicono che per essere dei professionisti si debba essere molto... molto forti, e non so se sono in grado di farcela" E lui disse: "Ti va allora? Ti fisso un appuntamento" . "Sì, voglio, voglio provare. Mi dica quando e io ci vado". Che meraviglia, lui mi ha fissato questa prova a Lourdes, nel quartiere di Lourdes, l'Atletico aveva un campo là per la selezione. Il giorno deciso perché noi andassimo, presi le mie scarpette e con Bel e Dominguinhos partimmo. Ci dicevamo: "Signore! Andiamo all'Atletico?! Voi siete... Oh no, voi pensate? Voi pensate che ce la faremo?" "Sì". Forza, andiamo" . E siamo andati. Abbiamo dato un'occhiata al campo di Lourdes,
  • 10. avaliação. Aí, no dia que ele marcou para nós irmos, peguei minha chuteirinha, eu, Bel e Dominguinhos, e nós fomos. Aí falamos: “Nossa Senhora! Nós vamos lá no Atlético?! Vocês estão... Ah, não. O que vocês acham? Vocês acham que dá?” “Dá.” “Então vamos.” Aí fomos. Aí, chegou lá, quando nós olhamos o campo de Lourdes, não era um campo, também, muito gramado, não. Era um campo que tinha uma deficiência de grama – principalmente no meio, tinha terra. Aí nos animamos, batemos palma: “Ah! Falou aí, gente! É igual ao nosso campo lá. Não tem nada de diferente, não.” [risos] Aí nos animamos, por ver o campo. Porque quando falou o Atlético, nós falamos: “Nossa! O negócio do gramado...” Aí nós olhamos a chuteira... “Não, não, vai dar para ir. Vamos embora. É igual ao nosso, mesmo.” Aí nós fomos lá para trocar de roupa, ficamos lá no cantinho do vestiário lá, e os jogadores do Atlético, poxa, era cada... O Márcio, que era um zagueiro, era um... Os caras, tudo forte. O Antenor, um cara forte, grande. Aí nós falamos: “Nossa! Será que nós vamos conseguir, gente? Os caras... Não, esse problema aí, para nós, não tem nada a ver, não. Pode pesar aí que...” E a gente confiava muito em nós. Aí nós ficamos lá no cantinho esperando o primeiro tempo, aí eu virei para o Rogério e falei assim: “Rogério, Nossa Senhora! Não vai ser muito difícil, não. Você viu o zagueiro lá como é que ele entra na jogada?” Esse Márcio, ele gostava muito de dar pancada. E nós estudamos ele do lado de fora. Falamos: “Vamos estudar esse cara aí.” Porque a gente estava acostumado com o amador, e o amador é assim, os caras... É pegado mesmo. Eu falei... “Isso aí, para nós, aí no campo...” Então, nós ficamos muito felizes, não de estar... muito felizes de ver o campo. Aí entramos, para poder trocar de roupa, trocamos, ficamos lá no cantinho esperando, e teve o primeiro tempo. Aí o Crispim, na época... E tinha o Barbatana2. Era o Barbatana na época. Ele chamou: “Você vai entrar lá no lugar do fulano; você vai entrar...” Isso já na segunda parte do treino. Aí eu entrei todo feliz, rapaz! Mas feliz... Nossa! Vocês tinham que ver a satisfação que eu fiquei, por causa do campo. Porque era um campo que era mais ou menos parecido... Porque tinha muita terra, também, no campo, principalmente no meio. Aí che non era molto verde. Era una campo con poca erba e - sopratutto al centro - c'era la terra. Vedendo questo ci animammo, ci battemmo le mani. "Ah che fortuna, è come il nostro campo. Non c'è differenza" [ride] . Ci esaltammo davvero a vedere quel campo. Quando ci disse "Atletico" ci dicemmo "Ci sarà di certo l'erba..." . Invece ci guardammo le scarpette "No, vanno benone queste. Andiamo. E' uguale al nostro, preciso" Andammo quindi a cambiarci i vestiti, rimanemmo nello spogliatoio con i giocatori dell'Atletico, caspita... C'era Marcio, un terzino enorme... erano tutti forti. Antenor, era gigantesco, forte. Ci dicemmo: "Signore, ma ce la faremo? Quei tipi... Non è un problema questo, per noi, non abbiamo niente da temere. Possiamo farcela..." Avevamo molta fiducia in noi stessi. Rimanemmo chiusi nello spogliatoio aspettando il primo tempo, a quel punto mi voltai verso Rogerio e gli dissi: "Rogerio, caspita. Non sarà molto difficile. Hai visto com'è il terzino e come gioca?" Marcio era solito dare delle spintarelle. E noi lo stavamo studiando per bene. Dicemmo: "Studiamolo per bene" . Eravamo abituati ai dilettanti, tra i dilettanti si fa così, si guarda... Ci si concentra. Così dissi "Eccoci qui, in campo..." Eravamo molto felici, non solo per esserci ma di vedere quel campo. Poi entrammo nello spogliatoio per cambiarci, e rimanemmo là in un angolo aspettando la fine del primo tempo. A quel punto Crispim... C'era Barbatana2. Crispim disse: "Tu entri al posto di tizio; tu entri..." Questo nella seconda parte dell'allenamento. Entrai tutto contento, ragazzi! Felicissimo... Signore! Dovevate vedere quanto ero soddisfatto a causa di quel terreno. Perché era davvero più o meno identico al nostro... C'era molta terra sul campo, sopratutto a centrocampo. Entrai e mi dissi: "Signore, è il mio turno!" E cominciammo a giocare. In 20 minuti quel tipo mi chiamò e mi mandò fuori. Ed io dissi: "Bel, quel tipo ci ha già mandati fuori?! E' una stupidata così. Non avevo fatto nemmeno 20 minuti di allenamento. Non vi avevo detto che era meglio non venire qui? Questo tizio ci tratta malamente" E quel tipo mi disse: "Vieni qui" , mi chiamò. Andai verso lo spogliatoio e lui mi disse: "Ascoltami, le cose stanno così, domani mattina torni qui, e chiedi al ragazzo di trovarti delle
  • 11. eu entrei. Eu falei: “Nossa! É comigo mesmo!” Aí nós começamos e tal. Aí, 20 minutos e o cara chamou, tirou. Eu falei: “Ô Bel, o cara tirou a gente?! Isso é sacanagem. Não tem nem 20 minutos de treino. Não falei para você que eu não queria vir aqui nesse lugar? Esse cara aí trata a gente com pouco caso.” Aí ele falou assim: “Vem cá”, me chamou. Aí eu fui lá para o vestiário e ele falou: “Olha, o caso é o seguinte, você vai voltar aqui amanhã, você passa ali para o rapaz arrumar uma chuteira para você. Eu acho que, provavelmente, o Sinval vai querer que vocês continuem.” Puxa vida! Aí eu pulei de alegria, falei: “Nossa Senhora! Está brincando, cara?!” Mas nós entramos... Eu acho que a felicidade de eu ver o campo fez com que eu jogasse com alegria, despreocupado, sem medo de errar, se estava no Atlético ou não. Então, o campo me deu essa satisfação. Então, foi maravilhosa essa experiência para mim. Aí o Sinval me chamou lá: “Amanhã você vai vir para treinar.” E continuei. Eu acho que praticamente com um treino eu fui aprovado para jogar no Atlético. scarpe. Credo che Sinval, molto probabilmente, voglia tenervi". Caspita! Esplosi di felicità, dissi: "Signore, sta scherzando?!" Ma venimmo presi... Credo che la felicità di vedere quel campo mi abbia fatto giocare con allegria, tranquillo, senza paura di sbagliare, non tenevo in conto di essere all'Atletico. Vedere quel campo mi ha trasmesso un'enorme soddisfazione. Fu un'esperienza meravigliosa per me. Sinval mi chiamò: "Domani ritorni qui per l'allenamento" . Continuavo. Credo di aver superato la selezione per giocare all'Atletico grazie a quell'allenamento. 2 João Lacerda Filho. B.B. – Nesse momento, a sua posição já estava definida? Você já sabia o seu lugar dentro de campo? Ou isso mudou, quando entrou para o Atlético? B.B. – In quel momento la tua posizione già era decisa? Già sapevi qual'era il tuo ruolo all'interno del campo? O è cambiato, quando sei entrato nell'Atletico. P.I. – Não, não mudou, não. A minha posição era uma: eu gostava de jogar de meia. Minha posição era meia. Em qualquer lugar que eu fosse jogar, em qualquer time que eu fosse, eu sempre gostava de jogar com a camisa oito. Então, se tinha a camisa oito... “Ah, você vai de goleiro.” “Então, se eu vou de goleiro, eu vou com a camisa oito.” Na época, o oito, para mim, era o meia-direita. Então, era a posição que eu adorava jogar. Porque na época se jogava com o ponta-direita, jogava ali pelo lado direito, então eu fazia a minha festa ali daquele lado. Então, eu adorava muito fazer isso. Então, quando eu cheguei lá no Atlético que eles me colocaram na meia, então, para mim foi tudo completo. P.I. – No, non è cambiato. La mia posizione era sempre quella: a me piaceva giocare da mediano. La mia posizione era quella. Dovunque andassi a giocare, in qualunque squadra io fossi, mi piaceva giocare col numero 8. Ma se avevo la camicia 8... "Ah, quindi sei un portiere". "Beh se devo essere un portiere, almeno potrò indossare la maglia numero 8" . All'epoca per me invece l'8 era del mediano. Era il ruolo che adoravo ricoprire. All'epoca si giocava con la punta destra, e io giocavo sulla fascia destra, quindi facevo bene da quel lato. Adoravo giocare in quella posizione. Quando entrai nell'Atletico e mi dissero di stare al centrocampo, per me fu perfetto. B.B. – E quais eram as características suas e da posição que te atraíam? Você não queria ser nem atacante nem defensor, mas uma espécie de elo de ligação? B.B. – Quali erano le tue caratteristiche e che cosa ti attirava di quel ruolo? Non volevi essere né attaccante né difensore, ma una specie di anello di congiunzione?
  • 12. P.I. – Exatamente isso aí. Porque era uma... Eu tinha um lado de ser muito dedicado, principalmente com as coisas que eu fazia, e gostava muito de ser solidário, então era uma posição que... Uma vez um treinador do amador me perguntou, o camisa oito, o meia-direita, é aquele homem que vem ajudar seus companheiros no meio e na defesa e é aquele homem que tem que chegar lá na frente para estar servindo seus atacantes para fazer o gol. Quer dizer, aquilo ali encaixou com a minha maneira de ser. Então, como eu era uma pessoa que eu gostava sempre de ser prestativo, gostava muito de estar ajudando, gostava muito de estar servindo, então encaixou. Então, aquilo ficou na minha mente. Então foi uma posição que eu encarei no início que encaixou muito com o meu perfil. Então, não tive muita dificuldade nisso. Eu gostava de estar ajudando o lateral, ajudando o zagueiro, ajudando o meia ali, com o combate, e gostava também de ir lá na frente. Não de estar fazendo o gol. Eu gostava de estar servindo. Eu ficava muito alegre, quando eu via ali o centroavante saindo vibrando. Então aquilo, para mim, não tinha coisa melhor. Então encaixou legal. P.I. – Esattamente. Perché era una mia... ho sempre avuto questo modo di essere molto dedicato, sopratutto nelle cose che facevo, mi piaceva molto aiutare il prossimo, era una posizione quindi che... Una volta un allenatore nei dilettanti mi chiese, la camicia 8, il mediano, è colui che arriva ad aiutare i suoi compagni a metà campo e nella difesa, è colui che deve arrivare davanti per servire i suoi attaccanti perché facciano un gol? Voglio dire, quel signore azzeccò esattamente il mio modo di essere. Sono sempre stata una persona a cui piaceva essere disponibile verso gli altri, mi piaceva aiutare il prossimo, mi piaceva dare una mano, mi aveva inquadrato perfettamente. Rimase scolpito nella mia mente. Per questo fu una posizione che io cercai fin dall'inizio, perché si incastrava perfettamente con la mia personalità. Non ho mai avuto difficoltà in questo. Mi piaceva aiutare ai lati del campo, il terzino, il mediano, l'attaccante. Mi piaceva anche spingermi avanti. Non per far gol. A me piaceva aiutare. Mi divertivo molto, quando vedevo un'ala o un centroavanti correre verso la rete. Per me era il momento migliore. Mi rispecchiava perfettamente quel ruolo. B.B. – E dentro do campo, você era falador, era falante? Ou era mais quieto? B.B. – All'interno del campo, eri uno che parlava, eri per così dire, chiacchierone? O eri più silenzioso? P.I. – Nossa Senhora! Dentro de campo, eu era um galo de briga. [risos] Eu não aceitava perder de forma nenhuma. Respeitava todo adversário, mas lá dentro, aí eu cobrava do meu companheiro, eu cobrava de mim mesmo. Então, eu sempre fui um jogador fogoso. Eu te respeitava, mas eu cobrava de você. Nunca tratei nenhum dos meus companheiros do lado com cobrança agressiva; sempre com aquela cobrança no intuito de empolgar e de entusiasmar meu companheiro. Então, eu sempre fui esse cara de... sempre gostei disso, de estar participando jogando e de estar participando ali na parte de orientação. Então, sempre fui dessa maneira. P.I. – Caspita! Dentro al campo ero un gallo da combattimento [ride] . Non accettavo una sconfitta in nessun modo. Rispettavo tutti gli avversari, ma dentro al campo, io galvanizzavo i miei compagni e me stesso. Sono sempre stato un giocatore molto competitivo. Io ti rispettavo, ma ti incitavo a fare meglio. Non ho mai esagerato a pungolare nessuno dei miei compagni, ho sempre tentare di stimolarli con l'intento di farli entusiasmare. Sono sempre stato un tipo così... mi è sempre piaciuto, partecipare alla partita e riuscire ad orientare il gioco. Sono sempre stato così. B.B. – Quando você então se firmou no juvenil do Atlético, foi emprestado para o Nacional de Manaus. Como é que a família viu essa sua mudança? E como é que foi a experiência de jogar no futebol da Região Norte do Brasil? B.B. – Dopo essere stato contrattato dalla giovanile dell'Atletico, sei stato prestato alla Nacional di Manaus. La tua famiglia come ha reagito di fronte a questo cambio? E come è stato per te andare a giocare nel nord del Brasile? P.I. – Mas aí, igual eu ia te falando, P.I. – Stavo proprio per parlarne, guarda.
  • 13. complementando, quando eu fui para o Atlético e fui aprovado, eu estava com dezenove anos e seis meses. Na época, era o chamado juvenil. Então, o juvenil se jogava com vinte anos e seis meses. O Sinval chegou para mim e falou: “Olha, você tem seis meses para você me justificar por que é que eu te selecionei.” Eu falei: “Deixa comigo. Se me der condições para eu jogar, vou jogar.” Então, eu disputei o campeonato juvenil de 1973, o campeonato de 1973, e eu falei: “Se eu tiver condições, eu vou jogar.” E eu me lembro que, na minha estreia, nós fomos jogar em João Monlevade e eu fiz cinco gols; no segundo jogo, eu fiz quatro. Porque eu estava empolgado. Eu tinha que provar, entendeu? Então, como eu tinha vindo de uma vida... a gente tinha sempre muita cobrança e você tinha que dar resultado, aquilo ali não me assustou em nada, não. Eu já estava acostumado a conviver com esse tipo de vida: você tem que fazer ali e dar o resultado aqui. Então, eu fiz um campeonato maravilhoso, nesses seis meses. E eu então fui treinar na Vila Olímpica. Depois que eu estourei o juvenil e que terminou o campeonato, o Telê falou: “Traz esse menino para vir treinar aqui junto com o profissional.” Aí eu já fui treinar na Vila Olímpica. Aí eu já estava mais acostumado com o gramado, com o campo. Aí eu fui treinar na Vila Olímpica. Eu cheguei lá, fiz o treino... Aí eu já estava num ambiente legal, tranquilo, treinando já com os profissionais na época, que era o Grapete3, o Lola4, tinha o Lacy5 lá treinando. Mas só que eu treinei nas categorias de baixo. Aí o Telê viu e falou: “Olha, esse menino aí não vai me servir agora, não. Nós temos que dar um jeito de emprestar esse jogador aí.” Não só eu como mais alguns outros jogadores do Atlético. Aí, o Atlético tinha uma parceria com o Nacional de Manaus, e o Telê falou com a diretoria, “vamos emprestar esse jogador”; e os diretores do Nacional, que estavam lá assistindo, falaram: “Nós vamos levar esse menino e vamos levar o Ângelo6”, porque foi também o Ângelo, na época, foi comigo para lá. E nós então fomos emprestados para o Nacional de Manaus, que foi o ponto chave para o crescimento da minha carreira. Quando andai all'Atletico e venni selezionato, avevo 19 anni e 6 mesi. E mi avevano chiamato per la giovanile, ma per la giovanile erano necessari 20 anni e 6 mesi. Sinval mi disse: "Senti, hai 6 mesi di tempo per confermare il fatto che ti ho scelto" Gli risposi: "Non ti preoccupare. Se mi date le condizioni per giocare, io gioco" . E disputai il campionato giovanile del 1973. E gli dissi: "Se avrò le condizioni, giocherò al meglio" . Ricordo che quando debuttai eravamo andati a giocare a Joao Monlevade e segnai 5 gol. Nella seconda partita ne segnai 4. Ero davvero molto carico. Dovevo dimostrare qualcosa, capisci? E venendo da una vita... noi avevamo sempre molte incombenze, e il fatto che dovevo avere dei risultati non mi spaventava per nulla. Ero ormai abituato a questo tipo di vita: devi fare questo e ottenere il tal risultato. Disputai un campionato meraviglioso, in quei 6 mesi. E poi andai ad allenarmi al Vila Olimpica. Dopo aver fatto bene nella giovanile e una volta terminato il campionato, Telé disse: "Porta quel ragazzo ad allenarsi qui con i professionisti" . E così andai ad allenarmi nel Vila Olimpica. Ed ero già ormai abituato al campo da calcio con l'erba. Andai ad allenarmi al Vila Olimpica. Andai là, mi allenai... Era un ambiente molto bello, tranquillo, mi allenavo con i professionisti di quel periodo, Grapete3, Lola4 e Lacy5 . Io però iniziai ad allenarmi con le categorie minori. Tele mi vide e disse "Senti, quel ragazzo non mi serve adesso. Dobbiamo trovare un modo di prestarlo a qualche squadra". Non solo io, anche altri giocatori dell'Atletico. A quei tempi l'Atletico era collegato al Nacional di Manaus, e Tele parlò con la direzione "Vi prestiamo questo giocatore" ; e i dirigenti del Nacional che ci stavano tenendo d'occhio, dissero: "Ci prendiamo questo ragazzo e anche Angelo6" . E così nche Angelo venne con me. Ci prestarono al Nacional di Manaus, e questo fu un momento chiave per la crescita della mia carriera. B.G. – Você jogava como titular lá? Você já foi para jogar como titular, no Nacional? B.G. – Giocavi come titolare? Eri stato prestato al Nacional come giocatore titolare? P.I. – Na verdade, eu fui como jogador P.I. – In realtà io venni presentato come
  • 14. emprestado do Atlético. Como titular, isso o tempo lá é que ia dizer. Porque o Atlético emprestava esses jogadores para times de expressão que eles tinham uma parceria, para time pequeno e médio, para exatamente adquirir uma experiência. Mas quando eu cheguei lá, eu tive muita dificuldade. Porque, poxa, eu nunca tinha viajado de avião, eu nunca tinha saído do estado – eu fui para Manaus –, e isso, para a minha família, foi uma choradeira, foi um choque – e para mim também, para sair, para ficar longe de casa. Mas como eu já estava interessado nessa carreira, eu falei: “Não, eu tenho que ir. Nós fomos emprestados, eu tenho que ir, eu tenho que fechar os olhos aqui e entrar no avião.” O avião, para mim foi um susto. Porque a primeira vez... Você vem do interior, do Atlético, e apesar de juvenil, já morando em Belo Horizonte, já tendo conhecimentos com avião, com ônibus, transporte e tudo. Mas pela primeira vez eu ia entrar dentro de um avião. Na hora que eu cheguei no aeroporto da Pampulha e que o Ângelo, que tinha mais experiência do que eu, ele me mostrou, eu falei: “Puxa vida, cara! Eu tenho que encarar.” E eu falei: “Ângelo...” Isso já no meio do caminho. Eu falei: “Ângelo, o que é que eu faço, cara? Eu não sei se eu vou conseguir entrar dentro do avião.” Ele falou: “Não, não, é tranquilo. Eu já viajei, não tem problema nenhum, não.” A minha mãe começou a chorar, as minhas irmãs começaram a chorar, também, eu também fiquei um pouco desesperado, porque eu falei: “Minha Nossa Senhora! E agora, eu vou buscar o meu objetivo, eu estou indo buscar a minha carreira. Eu tenho que deixar a minha família.” Nunca tinha ficado longe. E as minhas irmãs chorando: “Não vai, não. Não vai, não.” Eu fico até meio engasgado, quando eu lembro dessa passagem, já no aeroporto. E aquele correcorre. Comecei... tomei água, aí chamou para embarcar. Eu falei: “Minha Nossa Senhora! Eu tenho que ir.” Aí... Eu sou muito devoto, sou católico, devoto de São Judas, eu peguei minha... pus na mão e falei: “Ah, seja o que Deus quiser!” E fui. Mas foi barra, cara. Eu fico até meio emocionado, dá vontade até de chorar, porque eu lembro que foi um desespero. Parecia que tinha morrido gente lá no aeroporto. E o pessoal chamava lá, e minha mãe passando meio mal: “Não deixa meu filho giocatore in prestito dall'Atletico. Il fatto di divenire titolare sarebbe stato il tempo a dirlo. L'Atletico prestava i suoi giocatori per club con i quali avevano una collaborazione, erano club piccoli o medi, perché i giocatori dovevano acquisire esperienza. Quando arrivai là ebbi diverse difficoltà. Cavoli, io non avevo mai viaggiato in aereo, non ero mai nemmeno uscito dallo stato - e ora andavo a Manaus - e questo, per la mia famiglia fu una tragedia, fu un vero shock - e per me anche, andarsene, allontanarsi da casa... Ma essendo già intenzionato a fare carriera dissi: "No, devo proprio andare. Siamo stati prestati, devo andare, devo chiudere gli occhi e salire su quell'aereo" . E l'aereo per me fu un vero spavento. Era la mia prima volta... Venivo dall'interno, dall'Atletico, certo, giovanile, ma già vivevo a Belo Horizonte, e già conoscevo gli aerei, e gli autobus, i mezzi di trasporto... Ma per la prima volta dovevo salire su un aereo. Quando arrivai all'aeroporto di Pampuha, Angelo, che aveva più esperienza di me, me li mostrò e io dissi: "Cavolo! Devo proprio farmi coraggio" . "Angelo..." Questo mentre eravamo già pronti ad imbarcarci. "Angelo e adesso come faccio? Non so se riesco a salire sull'aereo" E lui: "Non ti preoccupare. Ci sono già stato, non c'è nessun problema" . Mia madre iniziò a piangere, le mie sorelle iniziarono a piangere, e anch'io inizia un po' a sentirmi disperato, tant'è che dissi: "Madonna mia! Devo riuscire nel mio obiettivo, sto andando laggiù per imbastire una carriera. Devo lasciare la mia famiglia" . Non li avevo mai lasciati prima. Le mie sorelle continuavano a piangere: "Non andare, non andare" . Ancora oggi mi manca l'aria ripensando a quel viaggio, all'aeroporto. Tutto quel corri-corri. Bevvi un po' d'acqua e ci chiamarono per l'imbarco. "Madonna mia! E' ora di andare" . Sono molto devoto, sono cattolico, e devoto a San Giuda, e presi la mia... e me la misi in mano e dissi: "Sarà quel che Dio vorrà!". E andai. Fu una mazzata, davvero. Ancora oggi mi emoziono, mi viene quasi da piangere, al ricordo di tanta disperazione. Sembrava fosse morto qualcuno in aeroporto. E il personale ci chiamava, mia madre stava davvero male: "Non entrare in quel coso, non andare. Figlio mio non andare. Non andare" .
  • 15. entrar nisso aí, não. Meu filho não pode ir. Não vai, não.” Sabe? Aí eu... Eu fui. Eu falei: “Eu tenho que ir. Eu tenho que ir.” E o Ângelo, meu parceirão, falou: “Vamos, Isidoro. Não tem perigo, não.” E fui. Entrei dentro do avião, mas eu vou te falar, que viagem custosa! Nossa Senhora! Eu nunca tive uma viagem tão ruim. Não pela aviação, é porque eu não tinha conhecimento. Então, foi longa, poxa! Eu saí de Belo Horizonte... Parece que foi 1h10... Nem lembro. Parece que foi 1h10 até Brasília, ou 1h30, não sei, e depois pegamos mais 2h15 para Manaus. Para uma pessoa que nunca tinha entrado dentro de um avião... Nossa! Eu cheguei lá, eu falei: “Agora eu vou ficar aqui. Agora eu não quero voltar, não, cara”, falei com o Ângelo. “Agora eu vou ficar aqui em Manaus, porque eu não vou entrar no avião mais, não. Deus o livre!” [risos] Ele falou comigo: “Agora, Isidoro, não tem jeito, porque na hora que nós formos sair aqui para jogar, só se sai de avião. Você vai ter que se virar, cara.” Aí, Deus me ajudou e tal, me pegando na fé, pedindo muito a Deus e tal, e consegui passar essa barreira. Foi uma barreira mais difícil para mim do que jogar bola ou ir para o profissional. Mas Deus me abençoou, me ajudou muito e eu consegui. E invece io andai... Andai! E le dissi: "Devo andare. Devo proprio andare". E Angelo, il mio compagno, disse: "Andiamo Isidoro. Non c'è nessun pericolo". Andai. Salii sull'aereo, ma ti dirò, che viaggio difficile! Madonna mia! Non ho mai fatto un viaggio così brutto. Non tanto per l'aereo, ma perché non avevo nessuna cognizione. Fu interminabile, cavolo! Lasciai Belo Horizonte... mi pare durò circa 1h10... Non ricordo. Mi pare che fosse 1h10 fino a Brasilia, o forse 1h30, non so, e poi prendemmo un altro volo di più di 2h15 per Manaus. Per una persona che non aveva mai viaggiato in aereo... Caspita! Quando arrivammo dissi: "Io ora resto qui. Non voglio mai più risalire su un aereo!" , così dissi ad Angelo. "Adesso io resterò qui a Manaus, perché non ho nessuna intenzione di rimettere piede su un aereo. Dio mi liberi!" [ride] . E lui mi rispose: "Adesso, Isidoro, non c'è altro da fare, perché una volta che dovremo andarcene da qui sarà necessario prendere un aereo. Dovrai abituarti, caro mio". Dio mi aiutò, mi aggrappai alla fede, chiesi aiuto a Dio e riuscii a superare quell'ostacolo. Fu un ostacolo molto più difficile per me che giocare al pallone o passare al professionismo. Dio mi ha benedetto, mi ha aiutato molto e ci riuscii. 3 José Borges de Couto. 4 Raimundo José Correia. 5 Lacy Gomes Guimarães. 6 Angélio Paulino de Souza. B.B. – Nessa época, o Nacional já disputava o Campeonato Brasileiro? B.B. – A quei tempi il Nacional già disputava il campionato brasiliano? P.I. – Disputava, o Nacional. Nós fomos. Porque a primeira temporada, disputava o campeonato regional. E o treinador que foi para lá – na época, era um treinador que era do Atlético –, que foi o Cento e Nove, me deu muita força, muita orientação. Porque eu tinha saído do juvenil, a pri, o meira vez longe de casa. E o Antenor7, o Ângelo Luiz Florêncio8, e não só eles, mas o Reis e os jogadores de lá também me deram muita força. Porque, realmente, eu cheguei lá muito baleado, por causa da viagem. Quando eu olhava para cima, assim, eu olhava um avião, eu falava: “Gente, como é que pode um negócio desses ficar ali no alto?” E eu fiquei ali dentro... Entendeu? Na época... Então, isso me marcou muito. Eu falei: “Nossa Senhora!” Então, essa... Aí o Ângelo falou: “Você bateu P.I. – Sì, già era nel campionato brasiliano. Noi partecipammo. La prima stagione disputava il campionato regionale. L'allenatore - era un allenatore dell'Atletico - , Cento e Nove, mi trasmise molta forza, molte indicazioni. Ero appena arrivato dalla giovanile, per la prima volta ero lontano da casa. Antenor, Angelo Luiz Florensio e non solo loro, anche Reis ed altri giocatori di là, mi diedero molta forza. Arrivai là davvero molto provato, a causa del viaggio. Quando guardavo in cielo, e vedevo un aereo dicevo: "Ma com'è possibile che un affare del genere resti lassù in cima?" E io vi ero stato dentro... Capisci? A quei tempi... Mi aveva shockato molto. Dicevo sempre: "Madonna mia!" E Angelo: "Sei riuscito a superare quell'ostacolo, vedrai che ora che sei qui giù sarà
  • 16. essa barreira aí, então, para você, agora, aqui embaixo vai ser calmo.” Aí eu fui, tive uma adaptação, porque saímos daqui de um clima ameno, Belo Horizonte, e fomos lá para Manaus. Então, em Manaus foi uma barra, também, porque aí começamos os treinamentos e a gente não aguentava muito, porque era muito calor. Um calor de 42 graus lá e os caras riam da gente, “mas isso aqui está normal, é legal”. E eu ficava muito suado, e sem camisa, desidratei um pouco, porque tinha que tomar muita água e eu não tinha o costume. Perdi lá uns três ou quatro quilos, assim, sem... Mas aí, depois fui recuperando e aí, graças a Deus, fui entrando no esquema e consegui... Aí, disputando posição, comecei a ser titular. Fiz um campeonato muito bom no Nacional. Fomos campeões. Aí tive muitos elogios. Então, isso aí me ajudou muito. Aí o Atlético já começou a olhar a gente com outros olhos, porque vinham as informações boas, não só como jogador, mas como profissional. Então, aquele lado que eu falei para vocês: eu gostava muito de grupo, eu gostava de chegar e dar força. Eu me lembro, uma vez lá, um cara falou: “Puxa vida! Você, aqui no banco, rapaz, você torce mais.” Eu falei: “É porque na hora que eu estiver lá, eu tenho certeza que você vai me ajudar também. Então, vamos dar força para os nossos colegas lá dentro”, eu, no banco e tal. Então, foi bacana demais, meu início lá. E aí, depois disputamos o nacional e veio o regional, que na época era Copa do Brasil. Aí, sim, aí começou as viagens de avião. E me desgastava muito, as viagens. Desgastava muito, muito mesmo. Teve viagem lá que, muitas vezes, eu não viajava, porque eu ficava muito nervoso e aí falava com o treinador, “eu acho que não vou conseguir”. Mas aí, depois, aos poucos, eu fui me adaptando com a aviação. Viajava com receio, com medo, mas ia numa boa. E no início, antes de eu fazer a viagem de Manaus... Em Manaus, para você sair, o lugar mais perto que tinha era Belém, mas as outras viagens era tudo viagem longa. Então me desgastava muito. Mas aí, Deus ajudou e eu consegui bater essa barreira. Comecei a fazer um campeonato muito bom e aí comecei a ter proposta do Fluminense, proposta do Corinthians, querendo a minha contratação, jogando no Nacional. Mas era um jogador emprestado, tinha que falar com o Atlético. Aí o Atlético já não tinha o interesse, tutto più facile" . Mi dovetti adattare molto, perché ce ne andammo da qui, da Belo Horizonte, con un clima piacevole, e arrivammo là a Manaus. E a Manaus c'era un altro ostacolo, perché quando cominciammo gli allenamenti non riuscivamo a resistere molto, c'era troppo caldo. C'erano 42°C, e gli altri ridevano "E' normale, qui è normale" . Io sudavo moltissimo, senza maglia, mi disidratai anche, perché avrei dovuto bere molta acqua ma non ero abituato. Persi 3 o 4 kg così... Poi li recuperai e grazie a Dio mi adeguai, riuscii ad abituarmi... E così ho potuto aggiudicarmi il ruolo, cominciarono a scegliermi come titolare. Il campionato andò molto bene nel Nacional. Divenimmo anche campioni. Ricevetti molti elogi. Mi aiutò molto. A quel punto l'Atletico ci guardava con occhi diversi, perché venivano informati positivamente, non solo eravamo diventati giocatori ma come professionisti. E parlando di quell'aspetto che ho già detto: a me piaceva molto il gruppo, mi piaceva incoraggiare gli altri. Ricordo che una volta un compagno mi disse: "Caspita! Tu qui in panchina tifi parecchio" . E gli risposi: "Perché so che se fossi io in campo, ne sono certo, mi aiutereste allo stesso modo. Quindi diamo forza ai nostri colleghi dentro al campo" , io ero in panchina. Andò molto bene il mio inizio laggiù. Dopo disputammo anche il nazionale e il regionale, che all'epoca era poi la Coppa do Brasil. E iniziarono i viaggi in aereo. Io stavo molto male ogni volta. Stavo davvero molto male, molto. A volte per delle trasferte, non riuscivo a viaggiare, perché ero davvero troppo nervoso. Ne avevo parlato con l'allenatore, "penso di non riuscire a farcela" . Poi poco a poco mi sono abituato agli aerei. Viaggiavo con la paura, con una fifa blu, ma andavo. Ma prima di fare quel viaggio per Manaus... Del resto da Manaus il posto più vicino dove andare era Belem, gli altri posti erano tutti più lontani. Mi sentivo veramente malissimo. Dio però mi ha aiutato e sono riuscito a superare quel limite. Iniziai a giocare molto bene nel campionato e iniziai anche a ricevere proposte dal Fluminense, dal Corinthians, mi volevano contrattare, vedendomi giocare al Nacional. Ma io ero un giocatore in prestito, dovevano parlarne con l'Atletico. E l'Atletico non era
  • 17. porque falava: “Não. Ele vai voltar para cá.” E o Telê foi um treinador que sempre gostou muito de mim, e eles me falavam que o Telê estava me acompanhando, eu jogando no Nacional. Então, aquilo sempre me dava força. Eu falava: “Na hora que eu voltar, eu vou ficar numa boa.” Se o treinador está te olhando, naturalmente, ele vai te olhar com bons olhos, vai te orientar bem. E eu, então, com aquele negócio de ser atleticano, também, eu tinha vontade de sair do Nacional... Era a minha vontade. Eu falava assim: “Eu tenho que ir. É o meu time. Vou jogar no meu time. Vou fazer muito no meu time.” Mas não deixava de ser profissional, jogando pelo Nacional. Então, foi um início de carreira muito bom, maravilhoso mesmo. interessato, rispondeva: "No, lui tornerà qui". Tele era un allenatore a cui piacevo molto, e mi dicevano che Tele mi teneva d'occhio, mentre giocavo nel Nacional. Questo fatto mi ha sempre dato forza. Dicevo: "Arriverà il momento di tornare, e quindi lavoriamo bene qui" . Se l'allenatore ti sta osservando, naturalmente, ti sta osservando con occhi buoni, ti darà qualche indicazione giusta. E il fatto che mi sentivo atleticano dentro, mi faceva sperare di andarmene dal Nacional... Era ciò che volevo. Dicevo sempre: "Devo andarmene. E' quella la mia squadra. Giocherò nella mia squadra. E farò grandi cose nella mia squadra". Ma ero sempre un professionista, anche giocando nel Nacional. Fu un inizio di carriera molto positivo, meraviglioso. 7 Antenor Machado Filho. 8 Luis Florêncio do Carmo. B.B. – Então você, a partir de 1975, passa a atuar como profissional do Atlético Mineiro e fica até 1979, na década em que o Atlético reverte um pouco aquela hegemonia que tinha do Cruzeiro dos anos 60; Dadá Maravilha; Reinaldo desponta; o Telê como técnico. Que lembranças você tem desse momento no Atlético Mineiro em que você se afirma como profissional conhecido nacionalmente? B.B. – Quindi a partire dal 1975 passi alla categoria professionisti dell'Atletico Mineiro e vi resti fino al 1979. Una decade nella quale l'Atletico ribalta l'egemonia che il Cruzeiro aveva dimostrato negli anni '60. Il tecnico era Tele. Che ricordi hai di quel periodo in cui all''Atletico Mineiro ti affermi come calciatore professionista riconosciuto in tutto lo stato? P.I. – Esse é um momento, para mim, muito maravilhoso. Foi gracioso, esse momento para mim. Porque eu voltei de Manaus muito bem, [inaudível], dando condições boas para a minha família, eles dando muito apoio, e eu voltando para o time que eu... Eu nasci gostando desse time, que era o Atlético. Quando eu cheguei na Vila e me apresentei e que aí eles falaram “você vai ficar no grupo, você não vai ser emprestado novamente”, eu falei: “Agora, Deus vai me ajudar, só Deus para me derrubar. Eu vou dar tudo que eu posso de mim, não só em prol de... pensando no Atlético, mas pensando em mim também”. Com toda a honestidade, pensando em mim: “Aqui, eu quero fazer a minha independência, e eu estou com tudo aqui para eu ser uma pessoa que vai dar um retorno muito bom, pelo apoio que eu tenho da minha família.” Então, voltando para o Atlético, começando os treinamentos... E eu treinava demais, eu me cuidava muito. Pus na cabeça que eu ia ser um grande operário para o Atlético, que esse operário ia ter um retorno muito bom. “Eu P.I. – Quello è stato un momento meraviglioso per me. Fu davvero bello quel periodo. Tornai da Manaus al meglio, [inudibile] , potevo aiutare la mia famiglia, come del resto loro mi avevano aiutato molto, e stavo tornando a quella squadra che io... Io ero nato atleticano! Quando tornai al Vila, mi presentai al team e mi dissero: "Ora resterai qui da noi, non verrai più prestato altrove" , così mi dissi: "Adesso Dio mi aiuterà di certo, e solo Dio potrà fermarmi. Darò tutto quello che posso, non solo per la squadra... per l'Atletico certo ma anche per me stesso" . Con tutta franchezza, pensavo anche a me stesso. "Ora io voglio rendermi indipendente, ho tutte le condizioni per poter rendere bene, la mia famiglia mi sostiene" . Quando sono tornato all'Atletico, cominciai ad allenarmi... Mi allenavo moltissimo, ero molto scrupoloso. Ero assolutamente convinto di voler essere un ottimo calciatore per l'Atletico, e in quanto tale sarei stato valorizzato adeguatamente. "Mi concentrerò tutto il tempo che starò qui nell'Atletico" . Ero completamente focalizzato
  • 18. vou me dedicar, nesse tempo meu aqui no Atlético.” Então eu me pus todo para o Atlético. Não só pensando no Atlético; pensando também em mim, em fazer o meu patrimônio, fazer a minha família ter uma vida boa. Então, quem tem hoje, na família, essas condições sou eu. Então eu peguei mesmo. Eu treinava de manhã, treinava à tarde e fazia uma corridinha à noite. Eu treinava. O Cerezo9 também. Eu me lembro que o Cerezo também. A gente trocava muita ideia: “Nós vamos treinar.” Chegava primeiro lá para treinar. Antes de todo mundo chegar, eu já tinha treinado pelo menos 20 a 25 minutos. E eu treinava, eu ia lá, tomava um café, voltava e treinava normal, tanta era a vontade que eu tinha de vencer. Eu me entreguei. Eu me lembro que eu falava para a minha mãe assim: “Mãe, namorada agora, não tenho tempo, não. Vou dar um tempo, vou me dedicar mesmo aqui à minha carreira, à minha profissão.” Então, fui batalhando e tal e começando... Peguei meu espaço dentro do Atlético, comecei a jogar, e eu me lembro que eu fiz a minha estreia... Depois de o Atlético ter pegado esses jogadores que vieram para se integrar no grupo, nós fizemos uma turnê no interior de São Paulo. Nós fomos para São Paulo fazer amistosos. Aí eu fui na reserva e aí eu ficava contando a hora que eu ia entrar. Eu falei: “Na hora que eu entrar aqui, ninguém vai me segurar, não.” Sabe aquela vontade que você tem de vencer? E quando eu cheguei no Atlético, eu... Contrato, eu nem me preocupava com o contrato. “E aí, e o seu contrato?” “Ah, não, eu acho que eu já assinei meu contrato.” Para vocês terem uma ideia, quando eu fui para Manaus, quando eu voltei, era uma coisa que eu não entendia na época, eu tinha um contrato assinado. Eu falei: “Mas como que eu tenho um contrato?! Não tenho contrato nada.” Era o chamado contrato de gaveta. Eu não queria nem saber disso, não. “Ah, então está aí? Beleza!” Então eu fui. Fomos para São Paulo, fizemos amistosos lá, fiz jogos bons lá, quando eu entrava, jogando bem mesmo, para buscar o meu espaço. Quando eu voltei e cheguei na Vila Olímpica, eu, o Cerezo, o Ângelo, porque a gente era considerado... A gente tinha, na época... tinha o Campos – nós tínhamos jogadores bons demais –, tinha o Vanderlei10, o Grapete, o Vantuir11, tinha o Lacy... Tinha jogadores bons. Mas eram sull'Atletico. Non pensavo solo all'Atletico, anche a me, chiaramente, per potermi creare un gruzzolo, per consentire alla mia famiglia di vivere bene. Chi allora poteva avere una possibilità di tal genere ero solo io. E quindi mi dedicai moltissimo. Mi allenavo la mattina, il pomeriggio e poi correvo anche la sera. Mi allenavo. Anche Cerezo9 ricordo che faceva lo stesso. Parlavamo spesso: "Andiamo ad allenarci" . Arrivavo per primo all'allenamento. Arrivavo prima di tutti gli altri, ero là almeno da 20 o 25 minuti prima. Mi allenavo, poi mi fermavo per un caffè e tornavo ad allenarmi, tanta era la mia voglia di vincere. Mi dedicai completamente. Ricordo che a mia madre dicevo: "Mamma, non ho tempo adesso per avere una fidanzata" . Ci sarà tempo, ora voglio dedicarmi solo alla mia carriera, alla mia professione" . All'inizio ho dovuto sforzarmi molto... Ma poi trovai il mio spazio all'interno della squadra, cominciai a giocare, e ricordo che la mia prima partita... Ricordo che l'Atletico aveva ingaggiato dei giocatori nuovi che dovevano inserirsi nel gruppo, ed eravamo andati all'interno di Sao Paulo. Erano delle partite amichevoli. Ero rimasto tra le riserve e contavo i minuti sperando di poter entrare. "Una volta che entro in campo, non mi ferma nessuno" . Hai presente quella voglia di vincere irrefrenabile? Quando ero all'Atletico io... Non mi interessava nemmeno il contratto."E dov'è il tuo contratto?" "Ah no, penso di averlo già firmato". Per farti capire, quando andai e poi tornai da Manaus, era una cosa che a quei tempi non capivo, avevo firmato un contratto. "Che significa che ho firmato un contratto?! Non ho nessun contratto" Era chiamato contratto gavetta. Non ne volevo sapere niente di tutto ciò. "Ah quindi eccolo, fantastico" . E a quel modo andammo a Sao Paulo per quelle partite amichevoli, giocai bene. Quando entravo in campo, giocavo bene, volevo crearmi un mio spazio. Quando tornammo al Vila Olimpica, io Cerezo e Angelo... Avevamo grandi compagni di squadra a quei tempi, c'era Campos - erano veramente ottimi giocatori - Vanderlei10, Grapete, Vantuir11, Lacy... Tutti giocatori fantastici. Ma erano giocatori che avevano già dato molto all'Atletico, giocatori ancora in grado di dare molto ovviamente, ma che erano comunque di una certa età, erano in
  • 19. jogadores que já tinham dado muito ao Atlético, tinham muito a dar ainda, mas estavam já naquele tempo de estar com mais idade, já para parar ou para sair do clube, e nós estávamos vindo com aquela juventude toda e muita vontade. E a gente respeitava eles, mas sempre pensando: “Nós vamos buscar o nosso espaço. Aqui, agora, é uma briga boa.” Eu me lembro do Lola, um excelente meia. A gente ficava olhando, via eles jogarem. Então, eu sempre acreditava que eu poderia fazer aquilo ali também. Eu acreditava. Por quê? Porque eu queria buscar o meu espaço. E busquei, dentro do Atlético. E quando eu entrei no Mineirão que eu fui fazer a minha estreia, eu falei: “Agora ninguém me segura.” Mas aí eu já tinha aquele domínio de Mineirão lotado, como eu ia chegar ali e enfrentar aquelas feras. Porque eu costumava falar: “As feras estão lá em cima de olho. Então, para a gente corresponder, nós temos que nos dedicar aqui embaixo.” Eu brincava muito, eu falava: “Senão as feras pulam lá de cima. E a cobrança delas é muito grande.” Eu costumava muito brincar e falar isso. Então, a gente entrava ligado. Então foi maravilhoso, o começo da minha carreira. età per lasciare la squadra e smettere, mentre noi eravamo giovani e con molta buona volontà. Noi li rispettavamo moltissimo, ma pensavamo anche: "Dobbiamo trovare il nostro spazio. Qui e ora, è una lotta giusta" . Ricordo che Lola era un mediano eccellente. Noi li osservavamo giocare. Ho sempre creduto di poterli eguagliare. Ci credevo. Perché? Perché io volevo farmi spazio. E l'ho trovato all'interno dell'Atletico. E quando ho debuttato al Mineirao, quando sono entrato in campo: "Adesso nessuno può fermarmi" . A quel punto io avevo già superato quella paura del Mineirao pieno zeppo, ero già riuscito a superare tutta quella paura, tutte quelle "bestie" . Dicevo dentro di me: "Quelle bestie stanno là in cima. E noi, per rispondere loro dobbiamo impegnarci molto qui in basso" . Ci scherzavo molto su questo: "Altrimenti quelle bestie saltano giù. E ce la faranno pagare molto cara" . Ci scherzavo sempre, facevo battute. Noi eravamo però molto concentrati. E fu meraviglioso come inizio della mia carriera. 9 Antonio Carlos Cerezo. B.B. – Os anos 1970 foi o momento da formação dos campeonatos nacionais até com 90 times, inclusive incorporando os clubes da Amazônia. E em 1977, o Atlético Mineiro é vicecampeão brasileiro, e você faz parte já desse time. Então, em 1977, você já começa a vislumbrar a Seleção Brasileira, a Copa de 1978? Ou ainda não estava no horizonte, uma convocação? B.B. – Negli anni '70 si formarono dei campionati nazionali con addirittura 90 squadre, tenendo conto anche dei club dell'Amazzonia. Nel 1977 l'Atletico Mineiro diventa vicecampione brasiliano, e tu fai parte di quella squadra. Già nel 1977 quindi vieni tenuto d'occhio dalla Nazionale Brasiliana per i Mondiali del 1978? Oppure era ancora presto per una convocazione? P.I. – Olha, como você falou, na década... De 1975 para frente, quando nós começamos a integrar... a ser titular mesmo no Atlético, o Cruzeiro tinha um time excelente, eram jogadores excelentes demais, mas que estavam parando, e a gente, realmente, dentro do Mineirão, a gente estava atropelando tudo que passava na frente. Aí você buscava mesmo. Em 1975 e 1976, eu, com o Cerezo, porque nós conversávamos muito, o sonho era jogar na Seleção. A gente buscava isso. A nossa equipe era muito boa. A gente respeitava os adversários que iam no Mineirão, mas a gente sempre buscava... “Vamos passar por cima. Tem que respeitar. Então, o respeito que nós vamos ter ao P.I. – Come hai già detto... Dal 1975 in avanti, quando abbiamo iniziato ad inserirci... a divenire titolari nell'Atletico, il Cruzeiro aveva una squadra eccellente, con giocatori bravissimi, ma erano tutti prossimi a fermarsi, e noi, davvero, noi stavamo letteralmente asfaltando tutto ciò che ci si parava di fronte, nel nostro stadio Mineirao. Ci riuscivamo davvero. Nel 1975 e nel 1976, io e Cerezo parlavamo molto, sognavamo entrambi di entrare in Nazionale. Noi cercavamo questo. E la nostra squadra era davvero buona. Rispettavamo gli avversari che incontravamo al Mineirao, ma cercavamo sempre... "Dobbiamo vincere. Con rispetto. Dobbiamo rispettare l'avversario dentro di noi" .
  • 20. adversário é desdobrando aqui dentro.” Então o adversário passava apertado com a gente, dentro do Mineirão. A gente ganhava de chocolate. O Campeonato Brasileiro era muito longo, tinha muitas equipes, e muitas equipes, muitas vezes, chegavam na época, apesar de acharem que estavam muito bem preparados... Porque o Mineirão era muito traiçoeiro para as equipes que vinham de longe. Ele era muito grande. E a gente gostava muito quando eles, no Mineirão, deixavam a grama um pouco mais alta. E isso dificultava para o time adversário que vinha. E como na Vila Olímpica a grama era a mesma coisa, também lá ficava, a gente chegava no Mineirão e corria com muito mais facilidade. A gente via que os times, no segundo tempo, não aguentavam. Então a gente deslizava dentro de campo. Tinha o Reinaldo numa fase muito boa, o Cerezo, o Ângelo, o Marcelo12. Então, a nossa equipe era muito dedicada e corria muito. Tinha muitos talentos. E, naturalmente, de 1975 para frente, eu comecei a me deslumbrar com ir à Seleção Brasileira. Eu queria ir. “Eu quero ir a essa Seleção Brasileira.” E eu me lembro que, muitas vezes, a gente conversava com os colegas e a gente ficava trocando ideia e eu falava mesmo: “Eu vou chegar à Seleção. Eu vou brigar por Bola de Prata.” Eu sempre pensava alto. Mas isso tudo o que é? É devido a um início de carreira e um início também de vida que eu sempre... Minha família sempre me ensinou a ir buscar. Você tem que ir buscar. Eu vou amanhã almoçar... Graças a Deus, na minha casa, desde Matozinhos, nós tínhamos fartura. Meu pai falava: “Nós não somos pobres, não. Nós temos tudo aqui. Nós temos que aprender a ir buscar. E o buscar está ali. Então, você vai ali no rio, você vai buscar um peixe para você comer; vai ali e cata um espeto que você vai fazer dinheiro.” Então eu tive uma infância maravilhosa. Então eu aprendi: eu vou ali no bananal e vou buscar a banana para eu comer. Então eu aprendi a buscar. Então, por isso que eu tive uma infância rica. “Ah, você era...” Meu pai não gostava que falasse... “Ah, eu sou...” “Que sou pobre nada! Nós somos ricos. Somos ricos de tudo, de ir buscar.” Então, quando eu comecei a ir no profissional, então, com esse aprendizado dos meus pais, eu chegava nos clubes lá e eu sempre ia buscar. Você que está jogando e eu sou o reserva? Eu vou buscar o seu L'avversario era rispettato da noi, all'interno del Mineirao. Noi vincevamo ma con rispetto. Il Campionato Brasiliano era molto lungo, c'erano tante squadra, tantissime, e spesso una volta al Mineirao... anche se erano molto ben preparate... Il Mineirao è sempre stato traditore per le squadre che venivano da fuori. Era molto grande. E noi lo preferivamo quando gli addetti al campo lasciavano l'erba un po' più alta. E questo fatto metteva in difficoltà gli avversari. Al Vila Olimpica il prato aveva la stessa altezza del Mineirao, quindi quando andavamo al Mineirao per noi era molto più facile rispetto agli avversari. Notavamo che invece gli avversari già al secondo tempo non ce la facevano più. E volavamo liberi sul campo. Reinaldo era in un'ottima fase, Cerezo, Angelo e anche Marcelo12. Eravamo molto concentrati e avevamo fiato. Avevamo molti campioni. Dal 1975 in avanti, ho iniziato a guardarmi in giro per poter andare in Nazionale. Volevo andarci. "Voglio assolutamente andare in Nazionale" . Ricordo che, molte volte, tra colleghi si parlava di questo e molti cambiavano idea, ma io dicevo sempre: "Io voglio arrivare in Nazionale. Voglio vincere Il pallone d'argento" . Miravo sempre in alto. E questo perché? Credo sia dovuto all'inizio della mia carriera, alla mia infanzia... La mia famiglia mi ha sempre insegnato ad impegnarmi per ottenere quello che volevo. Devi trovare un modo. Domani cosa mangerò... Grazie a Dio, la mia casa ha sempre avuto, fin da Matozinhos, una certa ricchezza. Mio padre diceva sempre: "Noi non siamo poveri. Noi abbiamo tutto. Dobbiamo solo imparare come trovarlo. Devi sapere come trovare le cose. Vai sul fiume e prenditi il pesce per mangiare; prendi uno spiedino e farai soldi" . Ho avuto un'infanzia meravigliosa. Perché ho imparato tante cose: per poter mangiare una banana devo trovare un banano. Ho imparato a prendere quel che volevo. In questo modo ho avuto un'infanzia ricca. "Ah quindi eri..." . A mio padre non piaceva che si dicesse così "Ah quindi ero..." . "Sono povero un accidenti! Siamo ricchi, possiamo ottenere qualunque cosa" . Quando ho iniziato nei professionisti, questo insegnamento dei miei genitori me lo portavo sempre dentro, nei vari club dove andavo. Tu stai giocando e io sono riserva? Io prenderò il tuo posto! Se mi dai
  • 21. espaço. Se você me der um espaço, eu vou buscar. Então eu falei: “Eu vou buscar a Seleção Brasileira, sim. Eu vou buscar a Bola de Prata. Eu vou buscar a Bola de Ouro.” Porque na época tinha o Placar, e na concentração tinha e a gente acompanhava, olhava. Eu falava: “Nossa! Eu estou a tantos décimos de tal, então eu vou buscar hoje, nesse jogo aqui.” E eu cobrava dos meus companheiros: “Não, gente, vamos lá buscar. Nós temos condição.” Então eu sempre fui uma pessoa que eu sempre acreditei muito no meu ideal. Então, isso foi maravilhoso. E em 1977, como você disse aí, nós tivemos uma... É uma coisa que eu não me esqueço, porque o Barbatana, na época, ele [inaudível] muito de nós perdermos o título em 1977. E que, para mim, foi um dos grandes culpados de nós perdermos, porque a nossa equipe estava muito bem montada. Tivemos um problema, sim, porque o Reinaldo não ia poder jogar e nem o Serginho Chulapa ia poder jogar. E era simples: tirava o Reinaldo, pegava um centroavante e colocava. Mas só que ele quis fazer uma mudança que atrapalhou o time, provavelmente. Então, eu lembro que na época eu até discuti com ele um pouco. Eu falei para ele: “O título aí, você é que perdeu. Você jogou fora.” Acho que foi a única vez, que eu me lembre, que eu desrespeitei um treinador. Talvez não foi, mas que eu senti vontade de falar com ele naquela hora. “Você entregou o time para o São Paulo.” E eu me lembro que ele até falou: “Olha, deixa de ser moleque! Você não fala assim comigo!” Eu abaixei a cabeça e saí. Então, o buscar, eu acho que é importante. Então, em 1977, é essa equipe maravilhosa que nós tínhamos, mas não conseguimos buscar esse título, que seria importante para nós. un'opportunità io la coglierò. "Io voglio entrare nella Nazionale Brasiliana. Io voglio prendermi il Pallone d'argento. Io voglio il Pallone d'oro" . A quei tempi c'era Placar, nei ritiri lo accompagnavamo, lo guardavamo. E io dicevo: "Signore, sto a tanto così, devo farcela, oggi, in questa partita" . Mi rivolgevo a due miei compagni: "Ragazzi, oggi ce la facciamo. Giochiamo bene" . Sono sempre stato molto convinto delle mie idee. Ed era meraviglioso. Nel 1977, come già hai detto, abbiamo avuto una... E' una cosa di cui non mi dimentico, perché Barbatana, a quei tempi, lui [inudibile] e noi finimmo col perdere il titolo nel 1977. E per me, fu lui il vero colpevole di quella sconfitta, perché la nostra squadra era davvero ben costruita. Avevamo avuto qualche difficoltà, sì, perché Reinaldo non poteva giocare e nemmeno Serginho Chulapa. Ma era facile: toglieva Reinaldo, metteva un altro centroavanti al posto suo. Ma lui preferì fare un cambio diverso che ci mise in enorme difficoltà. Ricordo che arrivai anche a litigare con lui. Gli dissi: "Questo titolo l'hai perso tu. Lo hai buttato al vento". Credo sia stata l'unica volta, che io ricordi, che mancai di rispetto ad un allenatore. Forse non era vero, ma non potei impedirmi di parlare a quel modo con lui. "Tu ci hai consegnato di fatto nelle mani del Sao Paulo" . Ricordo che lui mi rispose: "Smettila di fare il bambino! Tu non puoi parlarmi in questo modo!" Abbassai la testa e me ne andai. Io penso che lottare per ciò che si è vuole è sempre importante. Nel 1977 avevamo una squadra meravigliosa, ma non siamo riusciti a vincere quel titolo, sarebbe stato importante per noi. 10 Vanderlei Paiva. 11 Vantuir Galdino Ramos. 12 Marcelo de Oliveira Santos. B.B. – E aproveitando essa expressão de busca, em que momento, no Atlético, você achou que já tinha dado e que era o momento de buscar outros horizontes, outros clubes? Como foi a sua transferência para o Grêmio, em 1980? B.B. – E sempre per utilizzare questo spirito di ricerca, in che momento, hai capito che il tuo tempo all'Atletico era finito e che dovevi cercare nuovi orizzonti, nuovi club? Come è andato il tuo passaggio al Gremio, nel 1980? P.I. – Porque quando... Em 1975 ou 1976, por aí, aí já vem a namoradinha, a noiva e tal, aí você vai levando aquela... Aí já é uma vida... E em 1977, 1978 e 1979, eu já estava, no Atlético, já estava... na ponta, e eu então pensei em buscar P.I. – Nel 1975 o 1976 più o meno, mi ero fatto la fidanzata, e quindi inizi a cambiare... vita, diciamo... Nel 1977, 1978 e nel 1979 io ero ancora nell'Atletico... però in bilico, e iniziai a cercare nuovi orizzonti.
  • 22. outros horizontes. Já comecei a sentir vontade de jogar em outra equipe, sentir também como é que é jogar. Eu tive uma proposta, em 1976, de ir para o México: o América... o Monterrey fez uma proposta, na época, de US$ 6 milhões, que era muito dinheiro na época, e eu recusei. Porque eu não tinha vontade e não tinha condições de deixar a minha família. Naquele momento, para mim, eu ficar longe da minha família era muito desgostoso. E eu gostava de jogar ali no Atlético. Eu me sentia, dentro do Atlético... minha sala, minha cozinha, minha cama. Eu não tinha essa vontade. Então, essa vontade de sair veio em 1977, aí com essa perda do título por causa do treinador. Aí, em 1979, eu falei: “Vou fazer um bom campeonato, Cerezo, porque eu acho que eu estou querendo sair do Atlético. Mas a minha cabeça está aqui.” Aí eu ouvi noticiado que o Grêmio tinha um interesse; o Fluminense tinha um interesse... Tinham uns três clubes, na época. E eu conversei com o Eduardo Lage, que foi uma pessoa que me orientou muito, me ajudou bastante, depois de minha família, e eu falei: “Eduardo, estou com vontade de sair, e têm alguns times aí.” E eu não gostava muito de ficar lendo o noticiário, não. Porque notícia é o seguinte, tem um lado bom, que você... e tem um lado ruim que são as críticas, então, você tem que se prender. Então, era melhor eu ficar [inaudível]. Ele falou: “Olha, têm três clubes aí. Vê um aí, para onde você quer ir.” Eu falei: “Eu quero ir para o frio, quero ir lá para o Sul. Porque o Sul, o futebol é pegado, e eu gosto desse futebol.” Ele falou: “Então está [certo]. Vou ajeitar então.” Aí, como o Grêmio estava noticiando, surgiu então a possibilidade de o Éder vir para o Atlético e eu ir para o Grêmio. Eu falei: “Eduardo, encaixa essa para mim aí. Pode encaixar essa aí que vai ser maravilhoso. Eu quero ir lá para o Sul, eu quero ir lá sentir esse futebol que dizem que é pegado, que no Sul é isso e tal.” E eu conversando com alguns colegas meus, eles falaram assim: “Mas você vai para o Sul, rapaz?! Vai para o Sul, não. No Sul é cidade só de brancão só, dependendo da época, um racismo danado.” E como eu falo para vocês, eu sempre gostei de ir buscar. Eu falei: “Vou lá buscar. Esse é o desafio. Vou lá. Quero ir para o Sul.” Falei com... Cismei. “Eu quero ir para o Sul.” “Ah, mas tem o Santos que está interessado em Iniziavo a sentire la necessità di andare in un'altra squadra, di sentire com'è giocare altrove. Ricevetti una proposta nel 1976 per andare in Messico... l'America... Il Monterrey mi fece una proposta di 6 milioni di dollari, che per l'epoca era davvero un capitale ma io mi rifiutai. Non avevo proprio voglia a quel tempo, non volevo proprio abbandonare la mia famiglia. A quei tempi, l'idea di andare lontano dalla mia famiglia era molto dolorosa. E poi mi piaceva giocare nell'Atletico. Io mi sentivo dentro un atleticano... la mia sala, la mia cucina, la mia camera. Non avevo proprio nessuna voglia di cambiare. La voglia invece cominciò a venirmi nel 1977, dopo quella sconfitta causata dall'allenatore. Nel 1979 dissi a Cerezo: "Farò un buon campionato, perché credo proprio di volermene andare dall'Atletico. Ma finché resto qui giocherò bene." . E lessi un articolo in cui si diceva che il Gremio era interessato a me; e così anche il Fluminense... Erano circa 3 club, direi. Ne parlai con Eduardo Lage, una persona che mi aiutò molto, davvero molto, assieme alla mia famiglia, e gli dissi: "Eduardo, desidero andarmene, ci sono alcuni team interessati" . Non mi piaceva molto leggere gli articoli sportivi, per la verità. Perché c'è sempre un lato buono, che ti fa piacere, e un lato negativo, con critiche, che ti tocca sopportare. Preferivo restarmene [inudibile] . Lui mi disse: "Senti, ci sono 3 club interessati. Scegli tu dove vuoi andare" . E gli dissi: "Voglio andare al freddo, preferisco andare verso Sul. Perché a Sul il calcio è più duro, e io lo preferisco" . Mi rispose: "Ok allora. Sistemo la cosa" . E proprio quando stavamo informando il Gremio, è uscita questa notizia che Eder poteva venire all'Atletico, mentre io andavo al Gremio. Dissi: "Eduardo, incastra questa cosa per me. Se riusciamo a combinare questa cosa sarà meraviglioso. Io voglio andare a Sul, voglio provare questo calcio che definiscono tanto pesante, dicono questo e quell'altro..." E quando ne parlai con alcuni colleghi, mi dissero: "Ma davvero vuoi andare a Rio Grande do Sul, ragazzo?! Non andare a Sul. Quella zona è solo per i bianchi, c'è ancora un razzismo terrificante". Ma come ti ho detto, a me piacciono queste sfide. E quindi "Io ci vado. Questa è una sfida. Vado. Voglio andare a Sul" .