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CRIAÇÃO DE
UM FLUIDO
SEMELHANTE AO
SANGUE
Fluidos
inovadores com
estudo em
microcanais.
UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA
ACADÊMICAS:
AMANDA ALFREDO DA SILVA
ANA CAROLINA LEOPOLDO PEREIRA
PROFESSORA: MARIA LÚCIA SOARES COCHLAR
TRABALHO PARA PUBLICAÇÃO NO BLOG DA DISCIPLINA DE FENÔMENOS DE
TRANSPORTE
15 DE OUTUBRO DE 2017.
25
ENGENHARIA
QUÍMICA
APLICADA NA
MEDICINA
Os conhecimentos de engenharia química podem
ser de grande utilidade na medicina, através, por
exemplo, da criação de válvulas cardíacas, próteses
anatômicas, sistema de microcirculação do corpo entre
outros milhares de novas tecnologias que
revolucionaram a medicina.
Com o avanço nas tecnologias da biomedicina,
muita gente deve se perguntar se não é possível criar
sangue artificial em laboratório, e até então a resposta
era “não”.
Atualmente, a criação de um fluido análogo ao
sangue, bem como seu escoamento em microcanais e as
diferentes técnicas para a fabricação de microcanais,
vem sendo estudo e é de grande importância
comunidade científica.
15 de outubro de 2017 2
SANGUE
Biofluido mais importante e complexo do ser humano.
O sangue é um fluido complexo, precioso e
dispendioso para ser usado em grandes quantidades em
estudos laboratoriais, pois transporta inúmeras substâncias
importantes para os tecidos celulares e órgãos do corpo. O
sangue é uma mistura que se degrada facilmente, o que
leva à necessidade de cuidados especiais na sua colheita,
manuseamento, transporte e armazenamento. A sua
utilização está limitada a laboratórios especialmente
creditados, o que não é comum em aplicações de
engenharia.
Assim, são cada vez mais procurados fluidos com
características reológicas semelhantes ao sangue para o
estudo em Engenharia. Para a maioria dos estudos sobre o
sangue, principalmente reológicos, utilizam-se fluidos
análogos do sangue, pois estes possuem propriedades
físicas muito próximas das do sangue, como é o caso da
viscosidade, densidade e índice de refração
15 de outubro de 2017 3
REOLOGIA DO SANGUE NA
MICROCIRCULAÇÃO
Hoje em dia há cada vez mais estudos com relação aos microcanais
sanguíneos para a resolução de problemas
Vários estudos mostram a importância do estudo da reologia
do sangue na microcirculação. Isto porque diversas doenças podem
alterar as propriedades reológicas do sangue, como, por exemplo:
 A viscosidade do plasma e as propriedades mecânicas dos
eritrócitos como deformabilidade, formato, viscosidade da
membrana;
 O Diabetes é um exemplo de doença que afeta a reologia do
sangue, tendo em vista que a mesmo reduz a deformabilidade
dos glóbulos vermelhos;
 Malária, derrames e alguns tipos de câncer também podem
alterar a reologia do sangue;
 A aterosclerose, caracterizada por lesões nas paredes dos vasos,
por depósito de placas de gordura, principalmente colesterol,
ocorrendo a diminuição do fluxo sanguíneo, ou até mesmo
obstruição completa da artéria. A solução para esse problema
seria a substituição dos vasos com o problema, por vasos em
bom estado do próprio paciente ou vasos artificiais.
15 de outubro de 2017 4
FLUIDOS ANÁLOGOS AO
SANGUE
O desenvolvimento de fluidos análogos ao sangue
chama atenção de investigadores no mundo todo.
Conseguir um fluido análogo com as caraterísticas
tanto físicas como reológicas, do sangue seria de extrema
relevância. Contudo, não seria um fluido totalmente eficaz
se não possuísse na sua composição elementos celulares,
como é o caso dos globos vermelhos do sangue (GVs),
que realizam funções indispensáveis à vida, como o
transporte de gases e nutrientes por todo o corpo, e que
têm a capacidade de se deformarem para continuar o seu
escoamento até no capilar mais estreito do nosso corpo.
Assim, não se pode pensar apenas no
desenvolvimento do fluido como um todo, também é
necessário focalizar a nossa atenção nos elementos
celulares presentes no sangue humano e tentar recriá-los
experimentalmente.
15 de outubro de 2017 5
ESCOAMENTO
EM
MICROCANAIS
São vários os investigadores que
se têm focado neste tipo de
estudos
Para se perceber o comportamento das
formulações que tenham um comportamento próximo
dos elementos celulares no sangue e se aproximam
dos globulos vermelhos (GVs) em escoamento torna-
se muito importante ter estruturas que simulem as
nossas veias e artérias. A medição detalhada do perfil
da velocidade do escoamento sanguíneo em
microcanais in vitro, é de extrema importância para
entender diversos fenômenos fisiológicos da
microcirculação e melhorando cada vez mais os
microcanais fabricados de modo a que o escoamento
seja o mais próximo possível do escoamento
sanguíneo realizado em ambientes in vivo.
15 de outubro de 2017 6
REOLOGIA: CONCEITOS
FUNDAMENTAIS
É fundamental ter conhecimentos sobre a reologia dos fluidos.
Assim, de seguida, são abordados alguns
conceitos sobre este tema.
• Comportamento dos fluidos:
Dependendo do comportamento dos fluidos,
estes podem ser Newtonianos ou Não-
Newtonianos. Os fluidos podem ser classificados
com a relação entre a tensão de corte, τ, e a taxa
de deformação de corte, γ, como está
demonstrado na Figura.
Os fluidos Newtonianos são fluidos que, para
uma dada temperatura, mantêm a sua viscosidade
em qualquer velocidade do escoamento. Uma vez
que a sua viscosidade é constante, têm uma
viscosidade ideal, ou seja, a variação da tensão de
corte em relação ao gradiente de velocidade é
linear. Os fluidos Não-Newtonianos são fluidos em
que a viscosidade varia com o grau de deformação
exercido. Neste caso, a variação da tensão de corte
em relação ao gradiente de velocidade é não
linear. O sangue é um fluido Não-Newtoniano.
Figura 1 - Comportamento dos diferentes fluidos sujeitos a
tensão de corte.
Fonte: CARVALHO, 2016.
15 de outubro de 2017
7
• Velocidade de escoamento:
No decorrer dos anos, têm sido feitos vários estudos
acerca da velocidade de escoamento do sangue que revelam
resultados dispersos, refletindo a complexidade dos fenômenos
que ocorrem na microcirculação. A dispersão dos resultados
deve-se ao fato de a velocidade de escoamento ser afetada por
vários parâmetros combinados, como é o caso do Hct
(Hematócrito), do diâmetro do microcanal, da taxa de
deformação, do fluido em suspensão (plasma, soro fisiológico ou
dextrano), e de erros experimentais, entre outros.
Goldsmith et al. determinaram um perfil de velocidades
para soluções diluídas, com um Hct de cerca de 1%, sendo que
este perfil se aproxima de uma parabólica. Para Hcts superiores,
o perfil de velocidades assemelha-se a um perfil tipo “pistão”
(perfil horizontal perpendicular às paredes do microcanal), como
se pode observar na Figura 2.
REOLOGIA: CONCEITOS
FUNDAMENTAIS
É fundamental ter conhecimentos sobre a reologia dos fluidos.
Figura 2 - Representação dos perfis de velocidade
para Hct < 1 % e Hct superior.
Fonte: CARVALHO, 2016.
15 de outubro de 2017
8
• Comportamento reológico em microcanais:
Investigações efetuadas para estudar o
comportamento do sangue em microcanais com
diferentes diâmetros e para diferentes Hcts, observou-
se o efeito de Faharaeus e o efeito de Faharaeus-
Lindqvist. Faharaeus observou que para microcanais
com diâmetro inferior a 300 μm o comportamento
sanguíneo e o Hct são fortemente afetados.
Faharaeus demonstrou que para microcanais
estreitos ocorre a migração axial dos GVs para o centro
do microcanal e existe a formação de uma camada livre
de células (CLC) junto das paredes. Na Figura 3 está
demonstrado este efeito.
REOLOGIA: CONCEITOS
FUNDAMENTAIS
É fundamental ter conhecimentos sobre a reologia dos fluidos.
Figura 3 - a) Efeito de Faharaeus em capilares de vidro;
b) Distribuição do Hct.
Fonte: CARVALHO, 2016.15 de outubro de 2017 9
No efeito de Faharaeus-Lindqvist,
que também ocorre em microcanais
com diâmetro inferior a 300 μm,
observou-se que a viscosidade aparente
decresce com a diminuição do diâmetro
do microcanal. Contudo, na Figura 4 ao
lado pode observar-se que, para
microcanais com diâmetros inferiores a
7 μm, o efeito de Faharaeus-Lindqvist é
invertido, devido à dificuldade dos GVs
(7 a 8 μm de diâmetro) escoarem em
canais com diâmetros inferiores a 7 μm.
Em termos gerais, o efeito de
Faharaeus-Lindqvist pode ser explicado
pela formação de uma CLC junto às
paredes do microcanal, pela diminuição
do Hct e consequente diminuição da
viscosidade. A existência da CLC reduz o
atrito entre os GVs e as paredes do
microcanal e, consequentemente,
diminui a resistência ao escoamento,
contribuindo assim para a redução da
viscosidade do sangue.
Figura 4 - Efeito de Faharaeus-Lindqvist. Variação da viscosidade
em função do diâmetro do microcanal.
Fonte: CARVALHO, 2016.
15 de outubro de 2017 10
PESQUISA DESENVOLVIDA
RECENTEMENTE
Muitos trabalhos já foram desenvolvidos na formulação
de fluidos análogos ao sangue.
Podemos destacar uma pesquisa, na qual
desenvolveu-se laboratorial em uma primeira fase
a criação de vesículas unilamelares gigantes
(Giant Unilamellar Vesicles, GUVs) pois são
vesículas que se aproximam mais, em termos de
tamanho, dos glóbulos vermelhos (GVs).
Posteriormente realizou-se o estudo do
escoamente e da viscosidade dos GUVs em
diferentes concentrações.
15 de outubro de 2017 11
Desenvolvimento de vesículas unilamelares
gigantes
Os lipossomas, na sua generalidade, são
estruturalmente e funcionalmente alguns dos mais versáteis
agregados supramoleculares existentes. Foram desenvolvidas
as vesículas unilamelares gigantes, pois estas podem
apresentar um diâmetro superior a 1 μm, o que é ideal, pois o
tamanho médio dos GVs humanos é cerca de 6 a 7 μm,
pretendendo-se que estas vesículas tenham um
comportamento reológico idêntico ao escoamento dos
glóbulos vermelhos (GVs) em microcanais, permitindo assim
proceder a vários estudos hemodinâmicos
Os lipossomas são vesículas minúsculas, com muita
similaridade com as membranas celulares. De um ponto de
vista morfológico, os lipossomas são frequentemente
classificados pela sua dimensão e pelo número de bicamadas
membranares (lamelas), como se pode observar na Figura 5.
Figura 5 - Representação esquemática da classificação
vulgarmente aplicada para os lipossomas. Vesículas
unilamelares pequenas (~ 0,02 μm a ~ 0,2 μm), vesículas
unilamelares grandes (~0,2 μm a ~1 μm)
e vesículas unilamelares gigantes (> 1 μm) são os três grupos
mais importantes para aplicações analíticas.
Os desenhos não estão à escala.
Fonte: CARVALHO, 2016.
15 de outubro de 2017
12
Foram realizados estudos dos melhores métodos de
preparação de GUVs e na sua caraterização em termos de tamanho
e densidade. Foram testados três métodos experimentais:
- Método A: Método de preparação de GUVs espontâneos de
brometo de dioctadecil-dimetilamónio em solução aquosa, usado
por Alves etal.;
- Método B: Método de preparação de GUVs por hidratação de um
filme lipídico e posterior incubação numa solução de glucose–
método descrito em Tamba et al. [24] e em Tanaka et al.;
- Método C: Método de preparação de GUVs por hidratação de um
filme lipídico utilizado por Baptista et al..
Testes
Experimentais
15 de outubro de 2017 13
Figura 1 - Comportamento dos diferentes fluidos sujeitos a
tensão de corte.
Fonte: CARVALHO, 2016.
Foi verificado que as GUVs mais
adequadas são constituídas por uma
mistura natural de lípidos e lecitina de soja
(método C). Foram preparadas três
soluções de lecitina de soja, com
diferentes concetrações. Após a
visualização dos GUVs obtidos por este
método ao microscópio, verificou-se que
estes apresentam um tamanho adequado
para conseguirem visualizar-se em
condições adequadas. De fato, estes GUVs
apresentam tamanhos mais próximos dos
GVs, que possuem um diâmetro na ordem
dos 7 μm, e também se encontram em
quantidade suficiente para estudar o seu
escoamento em microcanais, como se
pode observar na Figura 6.
Figura 6 - GUVs obtidos a partir do método experimental C com três
concentrações de lecitina
de soja diferentes: a) C = 1×10-3 M; b) C = 2×10-3 M; c) C = 4×10
Fonte: CARVALHO, 2016.
15 de outubro de 2017 14
Caracterização dos GUVs
Escoamento das vesículas unilamelares
gigantes.
Após o desenvolvimento das vesículas
unilamelares gigantes, procedeu-se ao
estudo mais detalhado da sua fração
volúmica e do seu tamanho (diâmetro).
Assim, para se proceder a este estudo,
fez-se a visualização do escoamento dos
GUVs em microcanais através de um
sistema de microscopia invertida e,
posteriormente, realizou-se a análise de
imagens recorrendo ao software Image J.
15 de outubro de 2017 15
Obtidos os resultados, através do Image J, da área
dos GUVs, consegue-se obter o volume destes e, de
seguida, aplica-se a seguinte equação (Equação 1), para
se obter a fração volúmica:
𝑃𝑒𝑟𝑐𝑒𝑛𝑡𝑎𝑔𝑒𝑚 𝑑𝑒 𝐹𝑟𝑎çã𝑜 𝑉𝑜𝑙ú𝑚𝑖𝑐𝑎
=
𝑉𝑜𝑙𝑢𝑚𝑒𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 𝐺𝑈𝑉𝑆
𝑉𝑜𝑙𝑢𝑚𝑒𝑠𝑒çã𝑜𝑒𝑠𝑡𝑢𝑑𝑜
𝑥 100
Na Figura 7 estão representadas as frações
volúmicas obtidas para cada uma das concentrações.
Pode se observar também que a fração volúmica
aumenta com o aumento da concentração.
• Fração Volúmica:
Figura 7 - Fração volúmica dos GUVs em função
da concentração de lecitina de soja.
Fonte: CARVALHO, 2016.
15 de outubro de 2017 16
• Diâmetros:
Fez-se um estudo automático para a contabilização da área dos GUVs. Tendo a área
dos GUVs foi assim possível calcular os seus diâmetros. Quanto maior a concentração de
lecitina de soja menor são os diâmetros dos GUVs, como se pode confirmar com a
diminuição da média de diâmetros com a concentração.
Figura 8 - Diâmetro dos GUVs para a solução C1. Figura 10 - Diâmetro dos GUVs para a solução C3.Figura 9 - Diâmetro dos GUVs para a solução C2.
Fonte: CARVALHO, 2016.15 de outubro de 2017 17
Estudo do escoamente das
vesiculas unilamelares gigantes
Para realizar os escoamentos foi utilizado
um microcanal com uma contração hiperbólica
seguida de uma expansão. Esta geometria é
bastante utilizada para a análise de fluxos de
contração-expansão em microfluídica, devido à
sua capacidade de gerar escoamentos
extensionais com uma taxa de deformação
constante no centro do canal.
Na Figura 11, estão representadas as
dimensões do microcanal. O comprimento da
região da contração hiperbólica (C) é de 600
μm, a largura da entrada do microcanal (L) é de
400 μm, a largura da contração é 15 μm e a
profundidade do canal é igualmente 15 μm.
Figura 11 - Esquema ilustrativo de uma visão de topo do microcanal.
Fonte: CARVALHO, 2016.
15 de outubro de 2017
18
Foi estudado experimentalmente o escoamento das três soluções de GUVs diferentes em
microcanais hiperbólicos, com três caudais diferentes (1, 5 e 10 μl/min), com o objetivo de visualizar a
Camada Livre de Células (CLC), determinar a deformação e estudar as velocidades destes.
Verificou-se a formação de CLC em todos eles e um aumento da CLC com o aumento do caudal
durante o escoamento. Quanto à deformação dos GUVs foi verificado que estes apresentam uma
elevada deformação na região da contração do microcanal onde a taxa de deformação extensional é
máxima. Também foi verificado que o índice de deformação aumenta com o caudal, ou seja, este índice
aumenta com o aumento do caudal no escoamento.
Para o caso da velocidade, foi observado um aumento bastante significativo e linear da velocidade
na região da contração do microcanal hiperbólico e uma velocidade baixa e aproximadamente constante
a montante e jusante da contração.
15 de outubro de 2017 19
Estudo da viscosidade das vesículas
unilamelares gigantes
Viscosidade próxima ao sangue.
Por fim, foi também realizado o estudo reológico
dos GUVs, de forma a investigar se estes têm uma
viscosidade próxima do sangue. Foi verificado que os
GUVs apresentam uma viscosidade inferior à do sangue
total e que existe um ligeiro aumento da viscosidade dos
GUVs com o aumento da sua concentração. Por último,
também foi efetuada uma comparação da viscosidade da
solução de GUVs com uma solução de 5% de
Hematócrito (Hct) em soro fisiológico, onde foi verificado
que ambas as viscosidades são muito próximas.
15 de outubro de 2017 20
ESTUDOS PARA O FUTURO
Novas pesquisas podem ser elaboradas para aperfeiçoamento de fluidos análogos ao
sangue.
15 de outubro de 2017 21
• Um fator interessante a investigar seria a
influência, por exemplo no escoamento, da
alteração da fluidez local da membrana dos
GUVs, o que seria conseguido com diferentes
percentagens de colesterol na sua
constituição.
• Relativamente à reologia seria interessante
melhorar o comportamento reológico deste
fluido, ou seja, tentar alcançar uma
viscosidade do fluido com os GUVs em
suspensão idêntica ao sangue total. Este
objetivo poderia ser alcançado modificando o
meio envolvente dos GUVs, por exemplo,
substitui-lo por dextrano 40 seria uma ideia
bastante viável.
• A princípio, a ideia não é trocar o sangue
doado pelo artificial, mas ajudar quem tem
necessidades específicas, que necessitem de
transfusões constantes. A criação de fluidos
análogos ao sangue pode ser aplicado em
campos de batalha ou em lugares que
ocorreram grandes desastres e necessitem de
muito sangue.
15 de outubro de 2017 22
Referências
• Este trabalho foi realizado com base no artigo: “Desenvolvimento e estudo em microcanais de
fluidos inovadores análogos ao sangue baseados em vesículas unilamelares gigantes”, link abaixo:
CARVALHO, Denise Andreia Mota. Desenvolvimento e estudo em microcanais de fluidos inovadores
análogos ao sangue baseados em vesículas unilamelares gigantes: Relatório Final do Trabalho de Projeto.
Escola Superior de Tecnologia e Gestão Instituto Politécnico de Bragança.2016.
• P. C. Sousa, F. T. Pinho, M. S. N. Oliveira, and M. A. Alves, “Extensional flow of blood analog solutions in
microfluidic devices,” Biomicrofluidics, vol. 5, no. 1, pp. 1–19, 2011.
• A. e. A. Carvalho, “Desenvolvimento de Placas de Ateroma em Pacientes Diabéticos e hipertensos.,”
pp. 73-77, 2010.
• D. Caiado, “Modelação Matemática do Sistema Cardiovascular,” Universidade do Algarve, Algarve,
2009.
• A. Jesorka and O. Orwar, “Liposomes: technologies and analytical applications.,” Annu. Rev. Anal.
Chem. (Palo Alto. Calif)., vol. 1, pp. 801–832, 2008.
• R. Lima, S. Wada, K. Tsubota, and T. Yamaguchi, “Confocal micro-PIV measurements of three-
dimensional profiles of cell suspension flow in a square microchannel,” Meas. Sci. Technol., vol. 17, no.
4, pp. 797–808, 2006.
15 de outubro de 2017 23
Referências
• R. Lima, T. Ishikawa, Y. Imai, and T. Yamaguchi, “Blood flow behaviour in microchannels: past, current and
future trends,” in Single and 2-phase flows on chemical and biomedical engineering, 2012, pp. 513 – 547.
• H. L. Goldsmith and V. T. Turitto, “Rheological aspects of thrombosis and haemostasis: basic principles and
applications. ICTH-report-subcommittee on rheology of the international committee on thrombosis and
haemostasis: Basic principles and applications,” Thromb. Haemost., vol. 55, no. 3, pp. 415–435, 1986.
• F. R. Alves, M. E. D. Zaniquelli, W. Loh, E. M. S. Castanheira, M. E. C. D. Real Oliveira, and E. Feitosa, “Vesicle-
micelle transition in aqueous mixtures of the cationic dioctadecyldimethylammonium and
octadecyltrimethylammonium bromide surfactants,” J. Colloid Interface Sci., vol. 316, no. 1, pp. 132–139,
2007.
• Y. Tamba, H. Terashima, and M. Yamazaki, “A membrane filtering method for the purification of giant
unilamellar vesicles,” Chem. Phys. Lipids, vol. 164, no. 5, pp. 351–358, 2011.
• T. Tanaka, Y. Tamba, S. M. Masum, Y. Yamashita, and M. Yamazaki, “La3+ and Gd3+ induce shape change of
giant unilamellar vesicles of phosphatidylcholine,”Biochim. Biophys. Acta - Biomembr., vol. 1564, no. 1, pp.
173–182, 2002.
• A. L. F. Baptista, P. J. G. Coutinho, M. E. C. D. R. Oliveira, and J. I. N. R. Gomes,“Effect of Surfactants in Soybean
Lecithin Liposomes Studied by Energy Transfer.
15 de outubro de 2017 24

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Criação de um fluido semelhante ao sangue

  • 1. CRIAÇÃO DE UM FLUIDO SEMELHANTE AO SANGUE Fluidos inovadores com estudo em microcanais.
  • 2. UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA ACADÊMICAS: AMANDA ALFREDO DA SILVA ANA CAROLINA LEOPOLDO PEREIRA PROFESSORA: MARIA LÚCIA SOARES COCHLAR TRABALHO PARA PUBLICAÇÃO NO BLOG DA DISCIPLINA DE FENÔMENOS DE TRANSPORTE 15 DE OUTUBRO DE 2017. 25
  • 3. ENGENHARIA QUÍMICA APLICADA NA MEDICINA Os conhecimentos de engenharia química podem ser de grande utilidade na medicina, através, por exemplo, da criação de válvulas cardíacas, próteses anatômicas, sistema de microcirculação do corpo entre outros milhares de novas tecnologias que revolucionaram a medicina. Com o avanço nas tecnologias da biomedicina, muita gente deve se perguntar se não é possível criar sangue artificial em laboratório, e até então a resposta era “não”. Atualmente, a criação de um fluido análogo ao sangue, bem como seu escoamento em microcanais e as diferentes técnicas para a fabricação de microcanais, vem sendo estudo e é de grande importância comunidade científica. 15 de outubro de 2017 2
  • 4. SANGUE Biofluido mais importante e complexo do ser humano. O sangue é um fluido complexo, precioso e dispendioso para ser usado em grandes quantidades em estudos laboratoriais, pois transporta inúmeras substâncias importantes para os tecidos celulares e órgãos do corpo. O sangue é uma mistura que se degrada facilmente, o que leva à necessidade de cuidados especiais na sua colheita, manuseamento, transporte e armazenamento. A sua utilização está limitada a laboratórios especialmente creditados, o que não é comum em aplicações de engenharia. Assim, são cada vez mais procurados fluidos com características reológicas semelhantes ao sangue para o estudo em Engenharia. Para a maioria dos estudos sobre o sangue, principalmente reológicos, utilizam-se fluidos análogos do sangue, pois estes possuem propriedades físicas muito próximas das do sangue, como é o caso da viscosidade, densidade e índice de refração 15 de outubro de 2017 3
  • 5. REOLOGIA DO SANGUE NA MICROCIRCULAÇÃO Hoje em dia há cada vez mais estudos com relação aos microcanais sanguíneos para a resolução de problemas Vários estudos mostram a importância do estudo da reologia do sangue na microcirculação. Isto porque diversas doenças podem alterar as propriedades reológicas do sangue, como, por exemplo:  A viscosidade do plasma e as propriedades mecânicas dos eritrócitos como deformabilidade, formato, viscosidade da membrana;  O Diabetes é um exemplo de doença que afeta a reologia do sangue, tendo em vista que a mesmo reduz a deformabilidade dos glóbulos vermelhos;  Malária, derrames e alguns tipos de câncer também podem alterar a reologia do sangue;  A aterosclerose, caracterizada por lesões nas paredes dos vasos, por depósito de placas de gordura, principalmente colesterol, ocorrendo a diminuição do fluxo sanguíneo, ou até mesmo obstruição completa da artéria. A solução para esse problema seria a substituição dos vasos com o problema, por vasos em bom estado do próprio paciente ou vasos artificiais. 15 de outubro de 2017 4
  • 6. FLUIDOS ANÁLOGOS AO SANGUE O desenvolvimento de fluidos análogos ao sangue chama atenção de investigadores no mundo todo. Conseguir um fluido análogo com as caraterísticas tanto físicas como reológicas, do sangue seria de extrema relevância. Contudo, não seria um fluido totalmente eficaz se não possuísse na sua composição elementos celulares, como é o caso dos globos vermelhos do sangue (GVs), que realizam funções indispensáveis à vida, como o transporte de gases e nutrientes por todo o corpo, e que têm a capacidade de se deformarem para continuar o seu escoamento até no capilar mais estreito do nosso corpo. Assim, não se pode pensar apenas no desenvolvimento do fluido como um todo, também é necessário focalizar a nossa atenção nos elementos celulares presentes no sangue humano e tentar recriá-los experimentalmente. 15 de outubro de 2017 5
  • 7. ESCOAMENTO EM MICROCANAIS São vários os investigadores que se têm focado neste tipo de estudos Para se perceber o comportamento das formulações que tenham um comportamento próximo dos elementos celulares no sangue e se aproximam dos globulos vermelhos (GVs) em escoamento torna- se muito importante ter estruturas que simulem as nossas veias e artérias. A medição detalhada do perfil da velocidade do escoamento sanguíneo em microcanais in vitro, é de extrema importância para entender diversos fenômenos fisiológicos da microcirculação e melhorando cada vez mais os microcanais fabricados de modo a que o escoamento seja o mais próximo possível do escoamento sanguíneo realizado em ambientes in vivo. 15 de outubro de 2017 6
  • 8. REOLOGIA: CONCEITOS FUNDAMENTAIS É fundamental ter conhecimentos sobre a reologia dos fluidos. Assim, de seguida, são abordados alguns conceitos sobre este tema. • Comportamento dos fluidos: Dependendo do comportamento dos fluidos, estes podem ser Newtonianos ou Não- Newtonianos. Os fluidos podem ser classificados com a relação entre a tensão de corte, τ, e a taxa de deformação de corte, γ, como está demonstrado na Figura. Os fluidos Newtonianos são fluidos que, para uma dada temperatura, mantêm a sua viscosidade em qualquer velocidade do escoamento. Uma vez que a sua viscosidade é constante, têm uma viscosidade ideal, ou seja, a variação da tensão de corte em relação ao gradiente de velocidade é linear. Os fluidos Não-Newtonianos são fluidos em que a viscosidade varia com o grau de deformação exercido. Neste caso, a variação da tensão de corte em relação ao gradiente de velocidade é não linear. O sangue é um fluido Não-Newtoniano. Figura 1 - Comportamento dos diferentes fluidos sujeitos a tensão de corte. Fonte: CARVALHO, 2016. 15 de outubro de 2017 7
  • 9. • Velocidade de escoamento: No decorrer dos anos, têm sido feitos vários estudos acerca da velocidade de escoamento do sangue que revelam resultados dispersos, refletindo a complexidade dos fenômenos que ocorrem na microcirculação. A dispersão dos resultados deve-se ao fato de a velocidade de escoamento ser afetada por vários parâmetros combinados, como é o caso do Hct (Hematócrito), do diâmetro do microcanal, da taxa de deformação, do fluido em suspensão (plasma, soro fisiológico ou dextrano), e de erros experimentais, entre outros. Goldsmith et al. determinaram um perfil de velocidades para soluções diluídas, com um Hct de cerca de 1%, sendo que este perfil se aproxima de uma parabólica. Para Hcts superiores, o perfil de velocidades assemelha-se a um perfil tipo “pistão” (perfil horizontal perpendicular às paredes do microcanal), como se pode observar na Figura 2. REOLOGIA: CONCEITOS FUNDAMENTAIS É fundamental ter conhecimentos sobre a reologia dos fluidos. Figura 2 - Representação dos perfis de velocidade para Hct < 1 % e Hct superior. Fonte: CARVALHO, 2016. 15 de outubro de 2017 8
  • 10. • Comportamento reológico em microcanais: Investigações efetuadas para estudar o comportamento do sangue em microcanais com diferentes diâmetros e para diferentes Hcts, observou- se o efeito de Faharaeus e o efeito de Faharaeus- Lindqvist. Faharaeus observou que para microcanais com diâmetro inferior a 300 μm o comportamento sanguíneo e o Hct são fortemente afetados. Faharaeus demonstrou que para microcanais estreitos ocorre a migração axial dos GVs para o centro do microcanal e existe a formação de uma camada livre de células (CLC) junto das paredes. Na Figura 3 está demonstrado este efeito. REOLOGIA: CONCEITOS FUNDAMENTAIS É fundamental ter conhecimentos sobre a reologia dos fluidos. Figura 3 - a) Efeito de Faharaeus em capilares de vidro; b) Distribuição do Hct. Fonte: CARVALHO, 2016.15 de outubro de 2017 9
  • 11. No efeito de Faharaeus-Lindqvist, que também ocorre em microcanais com diâmetro inferior a 300 μm, observou-se que a viscosidade aparente decresce com a diminuição do diâmetro do microcanal. Contudo, na Figura 4 ao lado pode observar-se que, para microcanais com diâmetros inferiores a 7 μm, o efeito de Faharaeus-Lindqvist é invertido, devido à dificuldade dos GVs (7 a 8 μm de diâmetro) escoarem em canais com diâmetros inferiores a 7 μm. Em termos gerais, o efeito de Faharaeus-Lindqvist pode ser explicado pela formação de uma CLC junto às paredes do microcanal, pela diminuição do Hct e consequente diminuição da viscosidade. A existência da CLC reduz o atrito entre os GVs e as paredes do microcanal e, consequentemente, diminui a resistência ao escoamento, contribuindo assim para a redução da viscosidade do sangue. Figura 4 - Efeito de Faharaeus-Lindqvist. Variação da viscosidade em função do diâmetro do microcanal. Fonte: CARVALHO, 2016. 15 de outubro de 2017 10
  • 12. PESQUISA DESENVOLVIDA RECENTEMENTE Muitos trabalhos já foram desenvolvidos na formulação de fluidos análogos ao sangue. Podemos destacar uma pesquisa, na qual desenvolveu-se laboratorial em uma primeira fase a criação de vesículas unilamelares gigantes (Giant Unilamellar Vesicles, GUVs) pois são vesículas que se aproximam mais, em termos de tamanho, dos glóbulos vermelhos (GVs). Posteriormente realizou-se o estudo do escoamente e da viscosidade dos GUVs em diferentes concentrações. 15 de outubro de 2017 11
  • 13. Desenvolvimento de vesículas unilamelares gigantes Os lipossomas, na sua generalidade, são estruturalmente e funcionalmente alguns dos mais versáteis agregados supramoleculares existentes. Foram desenvolvidas as vesículas unilamelares gigantes, pois estas podem apresentar um diâmetro superior a 1 μm, o que é ideal, pois o tamanho médio dos GVs humanos é cerca de 6 a 7 μm, pretendendo-se que estas vesículas tenham um comportamento reológico idêntico ao escoamento dos glóbulos vermelhos (GVs) em microcanais, permitindo assim proceder a vários estudos hemodinâmicos Os lipossomas são vesículas minúsculas, com muita similaridade com as membranas celulares. De um ponto de vista morfológico, os lipossomas são frequentemente classificados pela sua dimensão e pelo número de bicamadas membranares (lamelas), como se pode observar na Figura 5. Figura 5 - Representação esquemática da classificação vulgarmente aplicada para os lipossomas. Vesículas unilamelares pequenas (~ 0,02 μm a ~ 0,2 μm), vesículas unilamelares grandes (~0,2 μm a ~1 μm) e vesículas unilamelares gigantes (> 1 μm) são os três grupos mais importantes para aplicações analíticas. Os desenhos não estão à escala. Fonte: CARVALHO, 2016. 15 de outubro de 2017 12
  • 14. Foram realizados estudos dos melhores métodos de preparação de GUVs e na sua caraterização em termos de tamanho e densidade. Foram testados três métodos experimentais: - Método A: Método de preparação de GUVs espontâneos de brometo de dioctadecil-dimetilamónio em solução aquosa, usado por Alves etal.; - Método B: Método de preparação de GUVs por hidratação de um filme lipídico e posterior incubação numa solução de glucose– método descrito em Tamba et al. [24] e em Tanaka et al.; - Método C: Método de preparação de GUVs por hidratação de um filme lipídico utilizado por Baptista et al.. Testes Experimentais 15 de outubro de 2017 13
  • 15. Figura 1 - Comportamento dos diferentes fluidos sujeitos a tensão de corte. Fonte: CARVALHO, 2016. Foi verificado que as GUVs mais adequadas são constituídas por uma mistura natural de lípidos e lecitina de soja (método C). Foram preparadas três soluções de lecitina de soja, com diferentes concetrações. Após a visualização dos GUVs obtidos por este método ao microscópio, verificou-se que estes apresentam um tamanho adequado para conseguirem visualizar-se em condições adequadas. De fato, estes GUVs apresentam tamanhos mais próximos dos GVs, que possuem um diâmetro na ordem dos 7 μm, e também se encontram em quantidade suficiente para estudar o seu escoamento em microcanais, como se pode observar na Figura 6. Figura 6 - GUVs obtidos a partir do método experimental C com três concentrações de lecitina de soja diferentes: a) C = 1×10-3 M; b) C = 2×10-3 M; c) C = 4×10 Fonte: CARVALHO, 2016. 15 de outubro de 2017 14
  • 16. Caracterização dos GUVs Escoamento das vesículas unilamelares gigantes. Após o desenvolvimento das vesículas unilamelares gigantes, procedeu-se ao estudo mais detalhado da sua fração volúmica e do seu tamanho (diâmetro). Assim, para se proceder a este estudo, fez-se a visualização do escoamento dos GUVs em microcanais através de um sistema de microscopia invertida e, posteriormente, realizou-se a análise de imagens recorrendo ao software Image J. 15 de outubro de 2017 15
  • 17. Obtidos os resultados, através do Image J, da área dos GUVs, consegue-se obter o volume destes e, de seguida, aplica-se a seguinte equação (Equação 1), para se obter a fração volúmica: 𝑃𝑒𝑟𝑐𝑒𝑛𝑡𝑎𝑔𝑒𝑚 𝑑𝑒 𝐹𝑟𝑎çã𝑜 𝑉𝑜𝑙ú𝑚𝑖𝑐𝑎 = 𝑉𝑜𝑙𝑢𝑚𝑒𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 𝐺𝑈𝑉𝑆 𝑉𝑜𝑙𝑢𝑚𝑒𝑠𝑒çã𝑜𝑒𝑠𝑡𝑢𝑑𝑜 𝑥 100 Na Figura 7 estão representadas as frações volúmicas obtidas para cada uma das concentrações. Pode se observar também que a fração volúmica aumenta com o aumento da concentração. • Fração Volúmica: Figura 7 - Fração volúmica dos GUVs em função da concentração de lecitina de soja. Fonte: CARVALHO, 2016. 15 de outubro de 2017 16
  • 18. • Diâmetros: Fez-se um estudo automático para a contabilização da área dos GUVs. Tendo a área dos GUVs foi assim possível calcular os seus diâmetros. Quanto maior a concentração de lecitina de soja menor são os diâmetros dos GUVs, como se pode confirmar com a diminuição da média de diâmetros com a concentração. Figura 8 - Diâmetro dos GUVs para a solução C1. Figura 10 - Diâmetro dos GUVs para a solução C3.Figura 9 - Diâmetro dos GUVs para a solução C2. Fonte: CARVALHO, 2016.15 de outubro de 2017 17
  • 19. Estudo do escoamente das vesiculas unilamelares gigantes Para realizar os escoamentos foi utilizado um microcanal com uma contração hiperbólica seguida de uma expansão. Esta geometria é bastante utilizada para a análise de fluxos de contração-expansão em microfluídica, devido à sua capacidade de gerar escoamentos extensionais com uma taxa de deformação constante no centro do canal. Na Figura 11, estão representadas as dimensões do microcanal. O comprimento da região da contração hiperbólica (C) é de 600 μm, a largura da entrada do microcanal (L) é de 400 μm, a largura da contração é 15 μm e a profundidade do canal é igualmente 15 μm. Figura 11 - Esquema ilustrativo de uma visão de topo do microcanal. Fonte: CARVALHO, 2016. 15 de outubro de 2017 18
  • 20. Foi estudado experimentalmente o escoamento das três soluções de GUVs diferentes em microcanais hiperbólicos, com três caudais diferentes (1, 5 e 10 μl/min), com o objetivo de visualizar a Camada Livre de Células (CLC), determinar a deformação e estudar as velocidades destes. Verificou-se a formação de CLC em todos eles e um aumento da CLC com o aumento do caudal durante o escoamento. Quanto à deformação dos GUVs foi verificado que estes apresentam uma elevada deformação na região da contração do microcanal onde a taxa de deformação extensional é máxima. Também foi verificado que o índice de deformação aumenta com o caudal, ou seja, este índice aumenta com o aumento do caudal no escoamento. Para o caso da velocidade, foi observado um aumento bastante significativo e linear da velocidade na região da contração do microcanal hiperbólico e uma velocidade baixa e aproximadamente constante a montante e jusante da contração. 15 de outubro de 2017 19
  • 21. Estudo da viscosidade das vesículas unilamelares gigantes Viscosidade próxima ao sangue. Por fim, foi também realizado o estudo reológico dos GUVs, de forma a investigar se estes têm uma viscosidade próxima do sangue. Foi verificado que os GUVs apresentam uma viscosidade inferior à do sangue total e que existe um ligeiro aumento da viscosidade dos GUVs com o aumento da sua concentração. Por último, também foi efetuada uma comparação da viscosidade da solução de GUVs com uma solução de 5% de Hematócrito (Hct) em soro fisiológico, onde foi verificado que ambas as viscosidades são muito próximas. 15 de outubro de 2017 20
  • 22. ESTUDOS PARA O FUTURO Novas pesquisas podem ser elaboradas para aperfeiçoamento de fluidos análogos ao sangue. 15 de outubro de 2017 21
  • 23. • Um fator interessante a investigar seria a influência, por exemplo no escoamento, da alteração da fluidez local da membrana dos GUVs, o que seria conseguido com diferentes percentagens de colesterol na sua constituição. • Relativamente à reologia seria interessante melhorar o comportamento reológico deste fluido, ou seja, tentar alcançar uma viscosidade do fluido com os GUVs em suspensão idêntica ao sangue total. Este objetivo poderia ser alcançado modificando o meio envolvente dos GUVs, por exemplo, substitui-lo por dextrano 40 seria uma ideia bastante viável. • A princípio, a ideia não é trocar o sangue doado pelo artificial, mas ajudar quem tem necessidades específicas, que necessitem de transfusões constantes. A criação de fluidos análogos ao sangue pode ser aplicado em campos de batalha ou em lugares que ocorreram grandes desastres e necessitem de muito sangue. 15 de outubro de 2017 22
  • 24. Referências • Este trabalho foi realizado com base no artigo: “Desenvolvimento e estudo em microcanais de fluidos inovadores análogos ao sangue baseados em vesículas unilamelares gigantes”, link abaixo: CARVALHO, Denise Andreia Mota. Desenvolvimento e estudo em microcanais de fluidos inovadores análogos ao sangue baseados em vesículas unilamelares gigantes: Relatório Final do Trabalho de Projeto. Escola Superior de Tecnologia e Gestão Instituto Politécnico de Bragança.2016. • P. C. Sousa, F. T. Pinho, M. S. N. Oliveira, and M. A. Alves, “Extensional flow of blood analog solutions in microfluidic devices,” Biomicrofluidics, vol. 5, no. 1, pp. 1–19, 2011. • A. e. A. Carvalho, “Desenvolvimento de Placas de Ateroma em Pacientes Diabéticos e hipertensos.,” pp. 73-77, 2010. • D. Caiado, “Modelação Matemática do Sistema Cardiovascular,” Universidade do Algarve, Algarve, 2009. • A. Jesorka and O. Orwar, “Liposomes: technologies and analytical applications.,” Annu. Rev. Anal. Chem. (Palo Alto. Calif)., vol. 1, pp. 801–832, 2008. • R. Lima, S. Wada, K. Tsubota, and T. Yamaguchi, “Confocal micro-PIV measurements of three- dimensional profiles of cell suspension flow in a square microchannel,” Meas. Sci. Technol., vol. 17, no. 4, pp. 797–808, 2006. 15 de outubro de 2017 23
  • 25. Referências • R. Lima, T. Ishikawa, Y. Imai, and T. Yamaguchi, “Blood flow behaviour in microchannels: past, current and future trends,” in Single and 2-phase flows on chemical and biomedical engineering, 2012, pp. 513 – 547. • H. L. Goldsmith and V. T. Turitto, “Rheological aspects of thrombosis and haemostasis: basic principles and applications. ICTH-report-subcommittee on rheology of the international committee on thrombosis and haemostasis: Basic principles and applications,” Thromb. Haemost., vol. 55, no. 3, pp. 415–435, 1986. • F. R. Alves, M. E. D. Zaniquelli, W. Loh, E. M. S. Castanheira, M. E. C. D. Real Oliveira, and E. Feitosa, “Vesicle- micelle transition in aqueous mixtures of the cationic dioctadecyldimethylammonium and octadecyltrimethylammonium bromide surfactants,” J. Colloid Interface Sci., vol. 316, no. 1, pp. 132–139, 2007. • Y. Tamba, H. Terashima, and M. Yamazaki, “A membrane filtering method for the purification of giant unilamellar vesicles,” Chem. Phys. Lipids, vol. 164, no. 5, pp. 351–358, 2011. • T. Tanaka, Y. Tamba, S. M. Masum, Y. Yamashita, and M. Yamazaki, “La3+ and Gd3+ induce shape change of giant unilamellar vesicles of phosphatidylcholine,”Biochim. Biophys. Acta - Biomembr., vol. 1564, no. 1, pp. 173–182, 2002. • A. L. F. Baptista, P. J. G. Coutinho, M. E. C. D. R. Oliveira, and J. I. N. R. Gomes,“Effect of Surfactants in Soybean Lecithin Liposomes Studied by Energy Transfer. 15 de outubro de 2017 24