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Ministério da Saúde   Direcção-Geral da Saúde                                                         Circular Informativa
                      Assunto: Fibromialgia                                                                            Nº 27/DGCG
                                                                                                                       Data: 03/06/03


                      Para: Administrações Regionais de Saúde e os Serviços Prestadores de Cuidados de Saúde

                      Contacto na DGS: Divisão das Doenças Genéticas, Crónicas e Geriátricas

                      Por se ter verificado falta de reconhecimento da Fibromialgia Reumática, para efeitos de
                      certificação de incapacidade temporária, informam-se as Administrações Regionais de Saúde
                      e os Serviços Prestadores de Cuidados de Saúde, do seguinte:
                            1. A Fibromialgia é uma doença reumática de causa desconhecida e natureza funcional,
                               que origina dores generalizadas nos tecidos moles (i.e. músculos, ligamentos, ten-
                               dões) mas não afecta as articulações ou os ossos. Esta dor é acompanhada de altera-
                               ções quantitativas e qualitativas do sono, fadiga, cefaleias, alterações cognitivas (p.
                               ex: memória, concentração), parestesias/disestesias, irritabilidade e, em cerca de 1/3
                               dos casos, depressão.
                            2. Atinge entre 2% a 4% da população adulta e as mulheres são 5 a 9 vezes mais afecta-
                               das do que os homens. A idade de início oscila entre os 20 e os 50 anos. As crianças e
                               jovens também podem sofrer de Fibromialgia.
                            3. É uma afecção musculoesquelética não articular cujos critérios de diagnóstico, estabe-
                               lecidos pelo Colégio Americano de Reumatologia (CAR) em 1990, foram, desde essa
                               altura, adoptados pela comunidade científica em Portugal.
                            5. Encontra-se incluída na Décima Revisão da Classificação Estatística Internacional de
                               Doenças e Problemas Relacionados à Saúde (CID-10), da Organização Mundial da
                               Saúde1, que o Conselho Superior de Estatística, aprovou para utilização no âmbito do
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                            6. Está integrada na proposta do futuro Plano Nacional contra as Doenças Reumáticas,
                               que se encontra em elaboração nesta Direcção-Geral.
                      Sendo a Fibromialgia uma doença reconhecida como tal, a certificação de incapacidade tem-
                      porária é feita, nos moldes habituais, por atestado médico ou certificado médico emitido pelos
                      Serviços de Saúde.



                                                   O Director-Geral e Alto Comissário da Saúde




                                                              Prof. Doutor José Pereira Miguel




                        1
                            CID-10: M79.0:
                        2
                            123ª Deliberação do Conselho Superior de Estatística, em 23 de Maio de 1997.

                      Alameda D. Afonso Henriques, 45, 1049-005 Lisboa - Tel.: 21 843 05 00 - Fax: 21 843 05 30/1 - http://www.dgsaude.pt

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  • 1. Ministério da Saúde Direcção-Geral da Saúde Circular Informativa Assunto: Fibromialgia Nº 27/DGCG Data: 03/06/03 Para: Administrações Regionais de Saúde e os Serviços Prestadores de Cuidados de Saúde Contacto na DGS: Divisão das Doenças Genéticas, Crónicas e Geriátricas Por se ter verificado falta de reconhecimento da Fibromialgia Reumática, para efeitos de certificação de incapacidade temporária, informam-se as Administrações Regionais de Saúde e os Serviços Prestadores de Cuidados de Saúde, do seguinte: 1. A Fibromialgia é uma doença reumática de causa desconhecida e natureza funcional, que origina dores generalizadas nos tecidos moles (i.e. músculos, ligamentos, ten- dões) mas não afecta as articulações ou os ossos. Esta dor é acompanhada de altera- ções quantitativas e qualitativas do sono, fadiga, cefaleias, alterações cognitivas (p. ex: memória, concentração), parestesias/disestesias, irritabilidade e, em cerca de 1/3 dos casos, depressão. 2. Atinge entre 2% a 4% da população adulta e as mulheres são 5 a 9 vezes mais afecta- das do que os homens. A idade de início oscila entre os 20 e os 50 anos. As crianças e jovens também podem sofrer de Fibromialgia. 3. É uma afecção musculoesquelética não articular cujos critérios de diagnóstico, estabe- lecidos pelo Colégio Americano de Reumatologia (CAR) em 1990, foram, desde essa altura, adoptados pela comunidade científica em Portugal. 5. Encontra-se incluída na Décima Revisão da Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde (CID-10), da Organização Mundial da Saúde1, que o Conselho Superior de Estatística, aprovou para utilização no âmbito do Sistema Estatístico Nacional2. 6. Está integrada na proposta do futuro Plano Nacional contra as Doenças Reumáticas, que se encontra em elaboração nesta Direcção-Geral. Sendo a Fibromialgia uma doença reconhecida como tal, a certificação de incapacidade tem- porária é feita, nos moldes habituais, por atestado médico ou certificado médico emitido pelos Serviços de Saúde. O Director-Geral e Alto Comissário da Saúde Prof. Doutor José Pereira Miguel 1 CID-10: M79.0: 2 123ª Deliberação do Conselho Superior de Estatística, em 23 de Maio de 1997. Alameda D. Afonso Henriques, 45, 1049-005 Lisboa - Tel.: 21 843 05 00 - Fax: 21 843 05 30/1 - http://www.dgsaude.pt