1. Prof. Mauro José Belli – Março/2010 http ://www.decigi.ufpr.br/moodle Universidade Federal do Paraná Departamento de Gestão da Informação Curso de Gestão da Informação Disciplina SIN106 – Ontologias e Taxonomia do Conhecimento Aula 07
2. World Wide Web (que significa "rede de alcance mundial", em inglês; também conhecida como Web e WWW) É um sistema de documentos em hipermídia que são interligados e executados na Internet. Os documentos podem estar na forma de vídeos, sons, hipertextos e figuras. Para visualizar a informação, pode-se usar um programa de computador chamado navegador para descarregar informações (chamadas "documentos" ou "páginas") de servidores web (ou "sítios") e mostrá-los na tela do usuário. O usuário pode então seguir as hiperligações na página para outros documentos ou mesmo enviar informações de volta para o servidor para interagir com ele. O ato de seguir hiperligações é comumente chamado de "navegar" ou "surfar" na Web. A Web (substantivo próprio) é diferente de web (substantivo comum), já que a Web engloba toda a Internet. Outras webs existem em redes privadas (restritas) que podem ou não fazer parte da Internet. Contexto
3. A Web 2.0 é um termo cunhado em 2003 pela empresa americana O'Reilly Media para designar uma segunda geração de comunidades e serviços baseados na plataforma Web, como wikis, aplicações baseadas em folksonomia e redes sociais. Embora o termo tenha uma conotação de uma nova versão para a Web, ele não se refere à atualização nas suas especificações técnicas, mas a uma mudança na forma como ela é encarada por usuários e desenvolvedores. Alguns especialistas em tecnologia, como Tim Berners-Lee, o inventor da World Wide Web, alegam que o termo carece de sentido pois a Web 2.0 utiliza muitos componentes tecnológicos criados antes mesmo do surgimento da Web. Alguns críticos do termo afirmam também que este é apenas uma jogada de marketing. Contexto
4. A Wikipedia apresenta, na revisão do verbete em 2006, a seguinte definição: a Web 2.0, um termo atribuído por O’Reilly Media em 2004, refere-se a uma suposta nova geração de serviços baseados na Internet – tais como social networking sites, Wikis, ferramentas de comunicação e folksonomias – cuja ênfase está na possibilidade de compartilhamento entre os usuários para a criação e organização de recursos digitais. As aplicações Web 2.0 são aquelas que possuem a maioria das vantagens intrínsecas dessa plataforma: distribuição de software com atualização constante para melhor uso, utilização e reorganização de dados de múltiplas fontes por usuários individuais que, por sua vez, fornecem seus próprios dados e serviços de forma a que sejam reorganizados por outros, assim criando uma “arquitetura da participação” indo além da metáfora da página da Web 1.0 para permitir a efetiva colaboração dos usuários. Contexto
5. Segundo Ian Davis, a Web 2.0 é uma atitude e não uma tecnologia. Uma atitude de encorajar a participação dos internautas através de serviços e aplicações abertos. “Abertos”, no sentido técnico, refere-se a APIs ( Application Programming Interface ) apropriadas. Porém, o mais importante é o fato de ter a característica de ser socialmente aberta e suportada por tecnologias que proporcionam uma interoperabilidade de serviços nunca antes existente. Há muito a ser estudado e desenvolvido nesta nova geração da Web ; suas características, tecnologias e inovações. Dentre as diversas evoluções que estão ocorrendo, destaca-se o que pode ser considerado como um novo paradigma para a organização dos conteúdos dos recursos digitais na Web: “ A possibilidade de os próprios usuários participarem na organização desses conteúdos é, em especial, uma questão que vale ser pesquisada e implementada. Esta nova abordagem relativa à indexação dos recursos digitais da Web toma, genericamente, a designação de Folksonomia ” Contexto
6. Folksonomia é a tradução do termo folksonomy que é um neologismo criado em 2004 por T homas Vander Wal, a partir da junção de folk (povo, pessoas) com taxonomy . Para Vander Wal (2006), Folksonomia é o resultado da atribuição livre e pessoal de etiquetas ( tagging ) a informações ou objetos (qualquer coisa com URL (''Uniform Resource Locator‘‘) ) , visando à sua recuperação. A atribuição de etiquetas é feita num ambiente social (compartilhado e aberto a outros). Definições
7. Num recente artigo publicado na Revista WebDesign, Gutierrez considera que a folksonomia assume um papel significativo na Web atual: “ Ela é parte de uma série de transformações na rede, que se intensificaram de 2003 para cá. Junta-se à disseminação dos blogs e wikis, à distribuição de conteúdo por protocolos, tipo o RSS (Really Simple Syndication), aos aplicativos para constituição de redes sociais, como o Orkut, e aos coletores sociais de links e outros materiais, como o del.icio.us. As mudanças para o desenho de sites vêm deste conjunto de transformações. Normalmente, os sites são desenvolvidos esperando um incremento na 'encontrabilidade' e, assim, penso que haverá um movimento no sentido de estudar como esta folksonomia está sendo gerada e quais as tags ou palavras-chave que deverão ser atendidas no projeto do site.” Definições
8. Definições A iniciar pela definição de Wal (2006), o criador do termo, que entende a folksonomia como o resultado da etiquetagem de recursos digitais da Web , portanto, um produto que existe em função de uma ação, a de etiquetar. Para Ben Lund(2005), folksonomia se refere a um vocabulário, ou lista de termos, que surge da sobreposição de etiquetas definidas por vários usuários ao marcar seus links favoritos, ou marcadores para posterior recuperação. Para este autor, o produto seria uma lista de termos, ou vocabulário. Já Adam Mathes(2006) afirma que folksonomia é um conjunto de termos que um grupo de usuários utilizou para etiquetar os conteúdos de recursos digitais da Web . Jennifer Trant (2006) afirma que é o resultado de um sistema de classificação socialmente construído, ou, coleção de conceitos expressos em um sistema de classificação desenvolvido de forma cooperativa. Ou ainda, um conjunto informal e orgânico de terminologia relacionada.
12. Classificação Segundo Louise Spoiteri (2006), Social Classification é sinônimo de folksonomia que, para o autor, são metadados criados pelos próprios usuários da informação. Xia Lin (2006) fala em social classification , mas também utiliza social tagging como seu sinônimo e considera que esta é uma nova abordagem que está desafiando os esquemas tradicionais de classificação e de indexação baseados em vocabulários controlados. Toine Bogers, Willen Thoone e Antal Bosch (2006), também usam o termo social classification como sendo um processo pelo qual uma comunidade de usuários categoriza seus recursos naquela comunidade para o seu próprio uso. Segundo Melanie Feinberg (2006), o termo social classification é flexível e de natureza colaborativa, em contraste com as estruturas tradicionais de classificação que são rígidas e autoritárias segundo alguns autores.
13. Bookmarking No contexto de Bookmarking, encontram-se as expressões: Social Bookmarking e Social Bookmarks Manager . O termo está relacionado com Marcadores ou Favoritos. Tony Hammond (2005) apresenta um interessante histórico dos Favoritos que começa com a própria Web e seus links. A idéia de organizar e administrar os links, sistematicamente, surgiu com o primeiro browser , o Mosaic, que desenvolveu os HotLists , que tinham uma aparência de arquivos, em ordem de diretórios e pastas, mas que permitiam que os links fossem facilmente gravados e ficassem disponíveis para pronto acesso dentro do browser . Com o Netscape surgem os Favoritos. As atuais ferramentas de Bookmarking fazem exatamente isto, organizam os marcadores para que fiquem facilmente acessíveis.
14. Bookmarking No entanto, atualmente, o conceito de Bookmarking começa a confundir-se com o de social bookmarking , sendo o primeiro termo utilizado com alguma freqüência para designar o conceito associado ao segundo. Os Marcadores ( bookmarks) são definidos pela Wikipedia (2007) como apontadores – principalmente para URLs – incorporados na maioria dos Web browsers. O principal objetivo dos marcadores é catalogar e acessar facilmente a páginas web que o utilizador do web browser visitou ou planeja visitar, sem ter que se lembrar do URL da página ou confiar noutros programas de computador. Segundo Louise Spiteri(2006), Bookmarking é um dos métodos mais populares para armazenar informação relevante da Web para acessá-la novamente e reutilizá-la.
15. Bookmarking A Wikipedia define Social bookmarkin g como “um serviço baseado na web para partilhar bookmarks da Internet” . No entanto, associados a estes marcadores, geralmente encontram-se etiquetas, p.ex., os URLs são etiquetados socialmente. As ferramentas de Social Bookmarking têm, na sua maioria, associado um serviço de Social Tagging . D. Grant Campbell(2006) define social bookmarking como ferramentas que possibilitam que os usuários marquem suas páginas e atribuam etiquetas para representar seus temas de interesse. Scott Golder & Bernardo Huberman(2006) definem este serviço como um sistema colaborativo para indexar os bookmarks da Web . Adam Mathes( 2006) apresenta este termo e afirma que estas ferramentas permitem que os sites preferidos sejam adicionados numa coleção de links que são categorizados por etiquetas e esta coleção de bookmarks poderá depois ser compartilhada não apenas do computador e browser do usuário, mas também com outros na Web .
16. Taxonomia e Ontologia Alguns autores referem-se ao conceito de etiquetagem de recursos da Web com termos menos comuns. Estes estão relacionados aos contextos de taxonomia e ontologia, que são outros conceitos que têm relação com a organização da informação. S. Joseph(2006) afirma que folksonomia é uma taxonomia dinâmica que representa as categorias que usuários individuais empregam para organizar seus espaços de informação. Nicolaus Mote(2006) considera que o termo folksonomia representa social ontologies , ou seja, ontologias construídas de forma colaborativa, e significa uma classificação consensual gerada pelos usuários dos recursos digitais.
17. Serviços que Adotam Folksonomia Há diversos serviços que dispõem de folksonomias e que permitem a etiquetagem dos recursos da Web . No quadro abaixo, são apresentados alguns sites que utilizam folksonomia:
18. Vantagens / Desvantagens Dentre as características que podem atribuir vantagens na adoção de folksonomias, a mais importante talvez seja o cunho colaborativo/social da Folksonomia. O próprio criador deste termo expressou esta característica ao incluir o vocábulo para denominá-la folk (povo) no novo termo. Ou seja, há uma forma de organizar os conteúdos dos recursos digitais da Web pelos seus próprios usuários que compartilham com outros as suas etiquetas, que podem ficar disponíveis para serem ou não adotadas na classificação de um mesmo recurso por outros usuários. Outra vantagem é a possibilidade de formar comunidades em torno de assuntos de interesse na medida em que, ao utilizar serviços de folksonomia, o usuário tem acesso aos outros usuários que têm os mesmos interesses identificados através das etiquetas.
19. Vantagens / Desvantagens Uma outra característica que se destaca é a de que não há uma regra preestabelecida de controle dos vocabulários. Esta característica pode ser vista como uma vantagem na medida em que os usuários dos recursos expressam, ao etiquetar estes conteúdos, a sua estrutura mental em relação àquela informação: há uma liberdade de expressão que possibilita abarcar todas as formas de ver um mesmo conteúdo, respeitando as diferenças culturais, interpretativas, etc. Sabe-se que a leitura (textual, imagética, etc) é diferente de indivíduo para indivíduo, pois depende de vários fatores, dentre eles os antecedentes intelectual e cultural de quem lê. E no caso da folksonomia, estas diferenças são respeitadas já que não há regras para expressão das etiquetas ao etiquetar um determinado conteúdo.
20. Vantagens / Desvantagens Há, ainda, a vantagem de todos os recursos etiquetados estarem disponíveis na Web e, portanto, acessíveis de qualquer computador que esteja ligado à Internet. Agora já é possível que os Marcadores possam ser armazenados, por exemplo no Del.icio.us , e se tornem disponíveis de qualquer lugar, e não apenas num computador específico. Outro exemplo é a possibilidade de criar uma biblioteca de informação sobre artigos e/ou textos acadêmicos, por exemplo, utilizando o Connotea , que também estarão acessíveis em qualquer lugar, não sendo necessário copiar pastas de um computador para outro. Enfim, fotos, vídeos sejam quais forem os documentos ou links armazenados, ficam disponíveis na Web para seus usuários.
21. Vantagens / Desvantagens A liberdade de atribuição de etiquetas faz com que haja pouca precisão na recuperação da informação num sistema que utiliza folksonomia, pois um mesmo termo pode ter significados diversos para os vários usuários que atribuíram as etiquetas. Para Melanie Feinberg (2006) termos comuns como “java” e “design” são atribuídos para centenas de milhares de recursos discrepantes, tornando quase impossível uma consulta produtiva sem refinamento adicional. Marieke Guy e Emma Tonkin (2006) destacam que a maior falha da folksonomia está no fato de os termos utilizados para etiquetar os conteúdos serem imprecisos. São os usuários que atribuem as palavras-chave e, portanto, são freqüentemente ambíguas, muito personalizadas e inexatas.
22. Vantagens / Desvantagens Por enquanto, há pouco ou nenhum controle de sinônimos ou homônimos, também não são impostas regras de indexação: são utilizados termos no singular ou plural, simples ou compostos, palavras sem sentido que não têm significado, exceto para um grupo específico de usuários. Tudo isso pode resultar num conjunto caótico de termos que poderá interferir no resultado da recuperação da informação. A falta de controle de vocabulário, ou seja, o não uso de instrumentos de terminologia tais como listas de cabeçalhos de assunto ou tesauros, e de regras gerais para a aplicação das palavras-chave, singular ou plural, termos simples ou compostos causam vários problemas que poderão afetar a recuperação da informação. Relativamente aos aspectos semânticos e cognitivos da classificação, Scott Golder e Bernardo Huberman(2006) dizem que os sistemas de etiquetagem têm que atacar problemas que são inerentes ao processo de criação de relações semânticas entre palavras.
23. Vantagens / Desvantagens Os três principais destes problemas são: polissemia, sinonímia e variação de nível básico. A principal vantagem apontada pela literatura é o cunho colaborativo das folksonomias, e a desvantagem está justamente na falta de controle de vocabulários que é resultado de uma outra característica destes sistemas - a liberdade de indexação dos conteúdos conforme as necessidades e do entendimento do próprio usuário. Neste contexto, o grande desafio é desenvolver aplicações que mantenham o cunho colaborativo ou social da folksonomia, mas que consigam atingir maior qualidade na indexação.
24.
25. Finalizando, folksonomia é um conceito relativamente novo. Esta área exige dos profissionais e acadêmicos envolvidos vários estudos que possam descrever estes tipos de aplicações. O objetivo não é apenas conhecê-los mas, inclusive, propor mudanças ou implementações novas que possam minimizar os problemas aqui referidos, bem como outros que, entretanto, sejam detectados. Com esse estudo inicial espera-se estabelecer o entendimento do que é folksonomia e os termos mais empregados para permitir o desenvolvimento de estudos futuros que possam contribuir para o desenvolvimento destas aplicações. Conclusão
26. Artigo: Folksonomia: um conceito para a organização dos recursos digitais na WEB Maria Elisabete Catarino Ana Alice Baptista