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D E S E N V O LV I M E N T O S U S T E N TÁV E L 8 
O C A I P O R A é o principal protetor dos animais – ele confunde os caçadores para que 
percam o rumo e não saibam mais voltar para casa; espanta os animais para longe; faz 
barulho e assobia... de todas as formas atrapalha a caçada. No baixo Amazonas é 
descrito de modo semelhante ao Curupira de outras regiões, com o corpo coberto de 
pêlos e os pés voltados para trás, sempre montado em um porco-do-mato. No alto 
Amazonas, sua aparência varia, por vezes é amistoso e pode ser invocado em rituais. 
Diz-se que gosta muito de tabaco e, por isso, os caçadores procuram agradá-lo levan-do 
fumo de rolo para a mata em dias especiais. Se aceitar a oferta, ele permite caçar 
certa quantidade de animais ou determinada espécie, o veado, por exemplo. 
68 69
O manejo florestal, com a derrubada controlada, a certi-ficação 
da madeira e um processo de reutilização de seus 
resíduos para gerar energia também são destaques no 
programa. 
Falando nisso, nosso apresentador nos mostra as possi-bilidades 
de geração de energia na Amazônia. Vemos uma 
hidrelétrica e o uso do petróleo e gás natural da Usina de 
Urucum, e outras alternativas menos impactantes e reno-váveis 
como a energia solar, o biodiesel do babaçu e do 
dendê e a energia eólica, de grande potencial nos estados do 
Maranhão e Pará. 
Numa região tão grande, é o rádio que aproxima as pes-soas. 
Nosso apresentador participa de um programa que 
alcança a zona rural, e fala principalmente para seringalis-tas 
e castanheiros, mostrando que algumas tribos indígenas 
também estão conectadas nessa rede de informações. 
C O N T E Ú D O S D O V Í D E O 
“Vamos deixar a floresta sempre verde, nosso pequeno 
planeta azul, ele precisa ser cuidado”... A mensagem da 
música Forever Green, de Tom Jobim, é uma alusão à 
importância de se conhecer, amar e conservar o que se 
ama. O seringalista Chico Mendes partilhava da mesma 
idéia do maestro. Neste programa, vemos o que as popu-lações 
amazônidas estão fazendo para o desenvolvimento 
sustentável da região. 
O programa mostra um pouco da história de Chico 
Mendes, verdadeiro ecologista que dizia que não adianta ser 
proprietário e cuidar mal da terra. O importante é saber usar 
o que a terra nos oferece, de maneira sustentável. 
Nosso apresentador visita a Rede de Negócios do Acre, e 
com ele aprendemos como identificar se um produto é sus-tentável 
e ecologicamente correto e por que agregar valor 
aos produtos é importante para o produtor. 
A Amazônia fornece grande quantidade de produtos que, 
se bem explorados, podem durar por muitas gerações. 
O programa mostra alguns alimentos encontrados na 
grande floresta, como a mandioca, o açaí, a pupunha, a cas-tanha, 
o guaraná, o cacau, o cupuaçu, a graviola, o camu-camu, 
a borracha e o couro vegetal – este último uma alter-nativa 
que já mostra seu valor. 
Mas, a floresta também dispõe de outros produtos. Conhe-cemos 
alguns deles usados como cosméticos e no artesana-to, 
e alguns riscos que o desmatamento continua a produzir. 
Outra atração sustentável da Amazônia é o ecoturismo e o 
turismo cultural, que atrai cerca de 50 mil turistas por ano e 
possui grande potencial de expansão. Para conhecermos 
mais sobre isso, visitamos o Projeto Mãe da Mata, em 
Xapuri. Lá aprendemos sobre o manejo da borracha e da 
castanha e vemos uma pousada ecológica. Conhecemos 
ainda os efeitos fitoterápicos do ipê roxo e da copaíba e 
aprendemos sobre o manejo de pesca de espécies como o 
tambaqui, o curimatã, a traíra e o cará. 
S I N O P S E D O V Í D E O 
> UM CONCEITO DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL 
> A HISTÓRIA E AS IDÉIAS DE CHICO MENDES 
> IDENTIFICAÇÃO DE PRODUTOS SUSTENTÁVEIS 
E ECOLOGICAMENTE CORRETOS 
> OS PRODUTOS DA FLORESTA: OS ALIMENTOS, AS GOMAS, 
OS FITOTERÁPICOS, O ARTESANATO 
> O ECOTURISMO 
> O MANEJO DA BORRACHA E DA CASTANHA 
> O MANEJO DE PESCA 
> O MANEJO FLORESTAL 
> A ENERGIA NA AMAZÔNIA: ALTERNATIVAS SUSTENTÁVEIS 
> O RÁDIO COMO FUNDAMENTAL VEÍCULO DE INFORMAÇÃO
A floresta amazônica acolhe uma economia social e ecologicamente importante, mas ainda insu-ficientemente 
valorizada pela sociedade brasileira. Essa economia é praticada por populações cul-turalmente 
diversificadas, com modos de vida adaptados à dinâmica da floresta, populações estas 
que há gerações dela extraem frutos, óleos, seivas e fibras vegetais, além de cultivar uma diversi-dade 
de espécies regionais de valor comercial. São seringueiros, castanheiros, comunidades indí-genas 
e pequenos produtores cujos negócios, além de garantirem o sustento de suas famílias, 
mantêm a qualidade dos recursos naturais e evitam o desmatamento. 
Entretanto, embora seja evidente o crescimento do mercado de produtos derivados de recursos 
da floresta, a ampliação dos negócios gerados pelas comunidades amazônicas esbarra em certas 
dificuldades, derivadas das condições em que produzem estes bens. 
O conceito de “negócio sustentável” se baseia na adoção de medidas que reduzem ao máximo o 
impacto ambiental no processo produtivo. Este tipo de negócio tem seus fundamentos em relações 
comerciais justas, capacitação dos produtores, repasse de tecnologias, pagamento de royalties e inves-timentos 
sociais. 
O oposto de um “negócio sustentável” é aquele que se apóia no modelo de exploração predatória 
dos recursos e tende a concentrar a renda; gera poucos empregos, com oportunidades desiguais 
com relação a raça, gênero e nível educacional; oferece poucas oportunidades ao produtor familiar 
e não respeita os modos tradicionais de vida e a diversidade da cultura local. 
Porém, de nada adianta discutirmos os negócios sustentáveis sem compreender a lógica que 
rege a economia predatória. 
A N O V A C U L T U R A D A F L O R E S T A T R O P I C A L 
O conjunto de conhecimentos sobre o que é sustentável para a sobrevivência do homem na 
Amazônia pode ser denominado “cultura da floresta tropical”. O saber viver, alimentar-se, morar, 
festejar e expressar seu mundo resultam de mais de cem séculos de aprendizado em busca de con-vivência 
harmônica com a floresta. 
Em cinco séculos, o que representa menos de 5% da experiência humana na Amazônia, a partir do 
choque entre europeus e povos nativos, ocorreu uma grande ruptura. A cultura da floresta tropical foi 
desprezada, excomungada, presa e aniquilada. Em poucos anos a humanidade perdeu informações, 
vivências e mitos que demoraram milênios para serem construídos. A violência da ocupação pelas 
armas e pelas doenças trazidas pelos europeus privou-nos de conhecer a nossa sustentabilidade. 
Hoje, os desafios são outros. O contingente populacional aumentou muito. Já se busca a “nova 
cultura da floresta tropical”. 
O primeiro passo para transformar os negócios predatórios em ações para o desenvolvimento 
sustentável, é procurar fazer com que o próprio morador da Amazônia valorize os recursos natu-rais 
e os produtos daí resultantes. Seus produtos só serão valorizados pelos demais habitantes do 
73 
É POSSÍVEL MUDAR DE UMA ECONOMIA PREDATÓRIA PARA UMA ECONOMIA SUSTENTÁVEL? 
Sim. E o principal fator de mudança é o conhecimento, a valorização da educação. É o aprendizado de que exis-tem 
alternativas sustentáveis. É possível criar uma economia saudável, lucrativa e uma sociedade mais justa. 
PA R A S A B E R M A I S 
Para saber mais sobre im-pacto 
ambiental e susten-tabilidade, 
mergulhe no Ca-derno 
1, parte 2. 
A L E RTA 
Um negócio predatório é 
aquele que retira do meio 
ambiente muito mais do 
que repõe. Em muitos casos, 
as intervenções humanas são 
tão drásticas que os ecossis-temas 
nunca mais conseguem 
se recuperar. 
M E R G U L H A N D O N O T E M A
PA R A S A B E R M A I S > Aspectos positivos da piscicultura: em sistemas baseados na permacultura (um sis-tema 
agroflorestal) a maior parte da alimentação dos peixes vem da própria propriedade, sem a necessidade de 
importar grãos (milho, trigo, soja, etc.); uma família, num pequeno lote de terra, pode ser proprietária de uma 
lucrativa fazenda de piscicultura que emprega mais do que a pecuária. 
Brasil e do mundo quando os amazônidas perceberem que o pó de guaraná e a polpa de taperebá 
são parte de sua essência, de sua alma, de sua cultura, de seu ser, de seu modo de ver o mundo. 
Um negócio só é sustentável se seus produtores, distribuidores e compradores estiverem de 
acordo. Não existe sustentabilidade na produção se o consumo é desordenado e causa desequi-líbrios 
e vice-versa. 
O C O N S U M O S U S T E N T Á V E L E O C O M É R C I O É T I C O E S O L I D Á R I O 
Todos os negócios sustentáveis começam pelo indivíduo – pela tomada de decisão de cada um. 
Somos levados a tomar decisões de consumo a todo instante. Na maior parte das vezes não 
percebemos que somos chamados a optar a cada instante. Decidir o que comer, o que comprar 
para se vestir etc. são aquelas opções invisíveis que tomamos diariamente e que podem fazer toda 
a diferença nos locais onde são produzidos. 
As práticas para um comércio ético e solidário estimulam que um produtor receba a parte justa 
pelo que produz – processo conhecido como “comércio justo”. No caso da Amazônia, estamos 
falando do apoio a mais de um milhão de famílias de produtores. 
PECUÁRIA BOVINA no estado 
do Pará, em 1996. 
PROCESSO manual para remoção 
das cascas da castanha-do-pará, 
Rio Branco/AC. 
H e c t a r e 
1 hectare equivale a dez mil 
metros quadrados, um pouco 
mais do que um campo de 
futebol. 
C O M P A R A N D O N E G Ó C I O S S U S T E N T Á V E I S E P R E D A T Ó R I O S : 
P I S C I C U L T U R A X P E C U Á R I A B O V I N A 
A área desmatada na Amazônia é de aproximadamente 65 milhões de hectares e a pecuária ocupa 
3/4 desta área. No entanto, a renda da pecuária da Amazônia é muito baixa, 0,04% do Produto 
Interno Bruto do Brasil. E o que é pior: cerca de 1/4 dessas pastagens está, hoje, abandonado. 
Além da necessidade de grandes áreas desmatadas, um boi converte somente 7% do que come 
em carne. Assim, em um hectare na Amazônia, produz-se por ano, em média, cerca de 85 kg de 
carne. A geração de empregos na pecuária também é muito pequena: de um peão para cada 500 
cabeças de gado, com remuneração à base do salário mínimo. Somente um grande proprietário de 
terra terá lucro com a pecuária extensiva vigente. 
Por outro lado, a piscicultura (criação de peixes em cativeiro) utilizaria para produzir a mesma 
quantidade de carne, menos de um hectare de terras. Conclusão: não é necessário desmatar a 
Amazônia para produzir proteína animal. 
Sustentabilidade é encontrar a vocação de uma região, buscando o equilíbrio econômico, ambi-ental 
e social. 
F I Q U E P O R D E N T R O 
A palavra permacultura ainda 
não existe nos dicionários 
brasileiros. Ela foi inventada 
para descrever a transição da 
agricultura convencional para 
uma agricultura permanente. 
74 75
a invasão de terras, o roubo de madeira, a caça e a pesca predatórias, e um grande impacto para 
as comunidades tradicionais caboclas e indígenas. 
O aprendizado sobre o impacto social e ambiental de usinas hidrelétricas construídas na década 
de 1980 revelou a importância de se selecionar as melhores alternativas que minimizem estes 
impactos e de debater com a sociedade quais rumos tomar. 
Além da energia gerada a partir do represamento das águas dos rios, a Amazônia oferece outras 
fontes, entre as quais destacamos: 
O petróleo e o gás natural > O petróleo e o gás natural são fontes não renováveis de energia. 
A Amazônia possui algumas das maiores reservas brasileiras de petróleo e de gás natural. A bacia 
do rio Urucu, no médio Solimões, torna o Amazonas o segundo estado com maior produção de 
petróleo. Urucu responde por 5,6% da produção nacional de petróleo, apresentando os maiores 
poços terrestres do país. Além disto, possui a maior reserva brasileira terrestre de gás natural, 
engarrafado para o mercado do Norte e parte do Nordeste. 
Atualmente, o impacto ambiental e social deste empreendimento está sendo discutido. O trans-porte 
para os principais centros consumidores da Amazônia Ocidental (Manaus, Porto Velho e Rio 
Branco) depende da construção de um gasoduto com 550 km ligando Porto Velho à reserva, e outro 
com 420 km ligando Coari a Manaus. 
Os biocombustíveis > Além da energia solar propriamente dita, uma forma de aproveitar a 
abundância de energia solar da Amazônia é captá-la através da fotossíntese, na forma de biocom-bustível. 
Árvores produzindo energia! 
A importância de um biocombustível é muito maior que apenas evitar que se utilizem fontes fós-seis 
não renováveis, como o petróleo, o gás natural e o carvão mineral, as três principais fontes 
energéticas do mundo contemporâneo. O biocombustível é renovável, e pode ser produzido inde-terminadamente. 
Em termos ambientais, os biocombustíveis liberam menos CO2 (dióxido de carbono) para a 
atmosfera do que os combustíveis fósseis, reduzindo a produção desse gás que contribui para o 
efeito estufa. 
A economia da Amazônia poderia ser revolucionada se as áreas atualmente abandonadas de 
pastagens fossem reflorestadas em sistemas de permacultura. Nestes reflorestamentos, pode-ria 
haver o replantio de árvores para a geração de óleo vegetal – babaçu, dendê, copaíba, andiro-ba, 
bacaba etc. – e para a produção de alimentos, madeira, fibras e outros produtos. Uma das 
características destes reflorestamentos é que estariam capturando (seqüestrando) o carbono em 
excesso na atmosfera terrestre, contribuindo, de maneira significativa para reduzir ainda mais o 
efeito estufa. 
D E S A F I O S P A R A O D E S E N V O L V I M E N T O S U S T E N TÁ V E L 
E n e r g i a R e n o v á v e l 
A palavra “renovável” é 
muito utilizada quando se 
fala de energia. A energia 
gerada pelos ventos, pelo sol 
ou do óleo de babaçu são ren-ováveis, 
pois pressupõe o uso 
de longo prazo, desde que bem 
manejado. A energia a partir do 
petróleo, por exemplo, não é 
renovável, pois não é possível 
produzir mais petróleo. Se o 
planeta consumir todo o seu 
petróleo, gás natural, carvão 
mineral ou outro minério ou 
gás, nenhum destes elementos 
será renovado. Por isso, atual-mente 
discute-se o desenvolvi-mento 
de energias renováveis. 
SERRARIA em Rondônia, 
exemplo de exploração 
predatória de madeira. 
PA R A S A B E R M A I S 
Para saber mais sobre o 
arco do desmatamento e o 
problema do desmatamento, 
mergulhe no Capítulo 10, 
“Economia”, no Caderno 3. 
O P R O B L E M A D O D E S M A TA M E N T O 
A Amazônia é a maior reserva de madeiras tropicais 
do planeta, com cerca de 1/3 das reservas mundiais 
de madeiras duras. Essas atividades correspondem a 
20% da renda da região, sendo o segundo produto em 
importância na economia, perdendo apenas para a 
mineração industrial. O setor madeireiro emprega 
mais de meio milhão de pessoas e é a principal fonte 
de renda de mais de cem municípios, especialmente 
na frente pioneira de ocupação, na área conhecida 
como “arco do desmatamento”. 
A exploração da madeira, no entanto, é caótica: 86% 
da madeira são retirados de maneira predatória. 
Existem serrarias predatórias porque há fornecedores 
predatórios, intermediários predatórios, consumidores predatórios e autoridades ambientais 
omissas. Muitos dos fornecedores são pecuaristas que visam transformar suas áreas em pasto e 
utilizam a venda da madeira para financiar esta atividade. 
A grande quantidade de madeira roubada de reservas indígenas, áreas de preservação, de terras 
públicas e de propriedades particulares é outro problema da região. As madeireiras que trabalham 
com esta matéria-prima competem com aquelas que extraem legalmente a madeira segundo 
planos de manejo acompanhados pelas autoridades ambientais. Os consumidores predatórios 
desejam apenas a melhor madeira pelo preço mais baixo possível, sem medir o grande impacto 
social e ambiental. 
Outro problema é o desperdício. Estima-se que, em média, mais da metade da tora seja per-dida. 
Esta perda começa na própria floresta. Uma árvore mal cortada pode derrubar outras vinte. 
O corte e o transporte inadequados podem causar estragos em parte do material, mas as maiores 
perdas são verificadas na própria serraria, devido à falta de capacitação técnica dos funcionários 
e às distorções do mercado predatório, que exige cortes que não respeitam as condições naturais 
da madeira. 
O U S O R A C I O N A L D E E N E R G I A 
A sustentabilidade das atividades de geração e transporte de energia é um dos principais 
desafios da Amazônia. Se, de um lado, o país e a região precisam muito desta energia, por outro, a 
abertura de novas estradas, linhas de transmissão e oleodutos podem significar abrir portas para 
76 77
A Ç Õ E S P A R A U M F U T U R O S U S T E N T Á V E L 
O M A N E J O F L O R E S TA L S U S T E N TÁV E L 
Viver da coleta de produtos e serviços do meio natural é o que mais de um milhão de famílias, 
entre caboclos e povos indígenas, ainda fazem na Amazônia. Incluem-se nesse sistema a coleta de 
espécies vegetais e animais ainda não domesticadas ou aqueles cuja produção do meio natural seja 
maior e mais rentável que a de cultivos ou criações domésticas. 
Nos últimos anos, graças ao sucesso econômico da retirada planejada de madeira da mata natural, 
consolidou-se a idéia de que o manejo florestal sustentável é melhor negócio que a simples cole-ta 
indiscriminada das madeiras na mata. Segundo este sistema, se dividirmos uma mata em 50 
lotes, a exploração irá ocorrer num lote por ano, permitindo que em 50 anos se retorne ao primeiro 
lote, onde a natureza deverá oferecer novas árvores para o corte. Isso torna o sistema mais produ-tivo, 
mais lucrativo e de longo prazo. 
PA R A S A B E R M A I S > Recentemente, o Conselho de Manejo Sustentável (FSC - Forest Stewardship Council) 
chegou a um conjunto de normas e padrões para a extração e o beneficiamento da madeira. As empresas que 
cumprem essas normas recebem um selo de qualidade, o selo verde do FSC. Nas regras do FSC não estão ape-nas 
as questões ambientais. Há importantes conquistas sociais como os direitos trabalhistas e os cuidados com 
a segurança dos funcionários. 
A solução para mudar o quadro de destruição da floresta amazônica passa também pela ação de 
cada um de nós enquanto consumidor. Se o cliente privilegiar a compra de madeira certificada, 
mais lojas terão que se adaptar e buscar esses produtos para atendê-los. 
Instrumentalizar o consumidor cidadão para que ele possa conhecer os processos produtivos é 
uma das mais urgentes e efetivas ações para um futuro sustentável. A base do consumo susten-tável 
é a ética. 
P E R M A C U LT U R A – PA R A E N R I Q U E C E R A F L O R E S TA 
Há diversos nomes para a associação de agricultura e a coleta em ambientes naturais: agroflo-resta, 
sistemas agroflorestais, permacultura, entre outros. Adotamos o termo permacultura por 
ser mais completo e considerar outras questões vitais para a sustentabilidade. A permacultura 
baseia-se na hipótese de que as atividades humanas podem coexistir com ambientes naturais. 
A permacultura é uma síntese entre as práticas agrícolas tradicionais e as idéias inovadoras, 
unindo o conhecimento secular às descobertas da ciência moderna. O projeto permacultural 
envolve o planejamento, a implantação e a manutenção conscientes de ecossistemas produtivos 
que tenham em conta a diversidade, a estabilidade e a resistência dos ecossistemas naturais. 
Somente os babaçuais nativos do estado do Maranhão poderiam 
fornecer imediatamente 3 milhões de toneladas/ano de biocom-bustível. 
Isto geraria US$ 1,2 bilhão, convertendo-se na principal 
fonte de renda da população local. O babaçu apresenta um dos mais 
altos rendimentos de óleo por amêndoa, cerca de 65%. Se este com-bustível 
fosse adicionado ao óleo diesel, a Agência Nacional de 
Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) acredita que ele pro-moveria 
uma economia superior a US$ 1 bilhão. E tem mais: a efi-ciência 
do motor movido a óleo vegetal é bem maior que o do óleo 
diesel e o desgaste é menor. 
Além do biocombustível a partir de seu óleo, do babaçu se aprovei-ta 
o coco para fazer carvão, tanto com fins domésticos em substitui-ção 
ao gás de cozinha, quanto na siderurgia (produção de derivados 
do minério de ferro) e na produção de energia elétrica. 
O E C O T U R I S M O 
O ecoturismo é a oportunidade de buscar novos valores, através 
de uma visita organizada, segura e apoiada em informações sobre 
o meio e as comunidades locais. 
A Amazônia brasileira atrai menos de 50 mil ecoturistas ao ano. 
Muito pouco se comparado a outros destinos. Calcula-se que 35 
milhões de pessoas realizem ecoturismo internacionalmente, ou 
seja a Amazônia praticamente está fora do mercado mundial. 
Encontramos um cenário não muito diferente desse se considera-mos 
o mercado nacional. 
É claro que podemos elencar justificativas relacionadas a custos 
altos, distância, falta de infra-estrutura. Porém, a grande razão para 
as pessoas não buscarem a Amazônia é o desconhecimento. 
São necessárias campanhas publicitárias mais agressivas que di-vulguem 
a região. Pequenos esforços podem representar verda-deiras 
revoluções para municípios cujo potencial turístico já foi bem diagnosticado. A principal 
questão é atrair recursos para investimentos e capacitação de pessoas para o bom exercício da 
profissão de guias e atrair empresas de turismo para conhecerem o que a Amazônia oferece. 
USINA DE URUCU, maior reserva 
brasileira de gás natural e 
vista aérea de um hotel dentro da 
floresta amazônica, caracterizando 
o ecoturismo da região. 
78 79
Açaí > Do açaí tudo se utiliza: o “vinho” de seu fruto é a base da alimentação de mais de três 
milhões de pessoas no delta do rio Amazonas; ele produz um excelente palmito e seu tronco e fo-lhas 
são usados para a construção de casas; as sementes, no artesanato e na adubação orgânica. 
Além disso, o açaí é uma excelente espécie pioneira para o reflorestamento. 
Babaçu > O babaçu é a árvore dominante em cerca de 5% da região amazônica, servindo como 
alimento, como carvão, fonte medicinal, principal componente da fabricação de sabão (maior fonte 
de glicerina conhecida), entre muitos outros usos. Das amêndoas do babaçu, se extrai um óleo 
vegetal de alta qualidade, excelente para a culinária, para a fabricação de margarina e de gordura 
hidrogenada. Das amêndoas também se retira o leite do babaçu que é usado na culinária local para 
empapar o cuscuz, da mesma forma que o leite de coco-da-baía. 
O babaçu é a espécie nativa da Amazônia cuja produção emprega o maior número de pessoas da 
região. Só as mulheres quebradeiras de coco-de-babaçu são mais de 300 mil vivendo desta extração. 
Mas as florestas de babaçu vêm sendo sistematicamente cercadas e derrubadas para a formação 
de pastos! Para combater o problema, uma vez organizadas em cooperativas e associações, estas 
mulheres têm conquistado espaço político. Foram criadas pequenas usinas para o beneficiamento 
da glicerina e produção da farinha da polpa do babaçu. 
Castanha-da-amazônia > A árvore da castanha-da-amazônia (também conhecida como cas-tanha- 
do-pará ou castanha-do-brasil), ou simplesmente castanheira, é uma das mais altas da flo-resta, 
alcançando até 55 metros. 
Na região, consome-se a amêndoa da castanha na época imediatamente após a sua queda, mas 
no Centro-Sul este consumo está mais associado às festas natalinas. É conhecida como um dos 
Ele resulta na integração harmoniosa entre as pessoas e a paisagem, provendo alimentação, 
energia e habitação, entre outras necessidades materiais e não materiais, de forma sustentável. 
O primeiro grande desafio quando se propõe a permacultura é permitir que os agricultores 
desenvolvam um novo modo de compreender a terra, a floresta, o solo e os ciclos vitais da 
natureza. A base da permacultura é a manutenção da fertilidade do solo. Em áreas tropicais, 
como a Amazônia, isto significa que não se pode deixar o solo exposto diretamente ao sol e às 
chuvas, como é feito na agricultura mecanizada da soja e na pecuária. Não se trata de uma 
medida econômica, mas cultural. A mudança de mentalidade exige investimentos em edu-cação, 
oferecendo a todos a oportunidade de repensar a relação homem-natureza, dos 
grandes fazendeiros ao produtor familiar, ao peão de gado, ao operador de motosserra, ao 
garimpeiro etc. 
Na permacultura, a propriedade rural não é pensada para produzir um único produto (monocul-tura), 
como o boi, a soja ou café. São dezenas de produtos que uma única família consegue retirar 
do ambiente de maneira sustentável. 
P E N S A N D O D E M O D O S U S T E N TÁV E L : O U T R O S P R O D U T O S D A F L O R E S TA 
Há muitos produtos não madeireiros na floresta amazônica que, além de garantirem melhor quali-dade 
de vida a quem nela habita e produz, podem ser vendidos e gerar renda. Diferentemente da 
madeira coletada de modo predatório, que será vendida uma única vez, estes produtos, se bem mane-jados, 
poderão oferecer renda contínua por muitas gerações. Entre esses produtos vale destacar: 
O S A L I M E N TO S > Pensar em produzir alimentos na Amazônia é partir do ambiente natural exis-tente. 
Se há florestas naturais, como na grande parte da região, é preciso imitá-las, ou seja, é pre-ciso 
criar florestas produtivas. Assim como na floresta natural há grande diversidade de espécies, 
na nova floresta produtiva é necessário reproduzir esta variedade. 
Desta forma, pensar em alimentação na Amazônia é pensar em coletar alimentos de uma flores-ta 
enriquecida. Não um único produto, mas uma cesta de alimentos, segundo suas estações natu-rais. 
É preciso conduzir a floresta para que se possa sempre colher raízes, frutas, frutos, verduras, 
legumes e folhas. 
As palmeiras representam a segunda principal fonte de alimentação da Amazônia. São mais 
de cem espécies nativas, entre as quais o açaí-de-touceira (o conhecido açaí), o babaçu, a 
pupunha, o buriti, a bacaba e o tucumã. É preciso destacar também o coco-da-baía e o dendê. 
As palmeiras estão entre as árvores de mais fácil plantio e manejo. Diversas nações indígenas 
adensavam suas áreas de uso enriquecendo-as com palmeiras. 
ALGUNS PRODUTOS da floresta, 
considerados importantes 
fontes de alimentos; açai, 
dendê e castanha. 
80 81
Camu-camu > O camu-camu, até recentemente pouco conhecido, é a principal fonte natural de 
vitamina C (1,5 vez mais que a acerola, 13 vezes o caju e 65 vezes a laranja). Pode ser explorada 
para a extração da vitamina C como complemento medicinal. 
Cupuaçu > O cupuaçu produz um fruto de odor agradável, muito apreciado, cuja polpa é empre-gada 
em sucos, doces e conservas. Na região, é consumido in natura e seu preço é bastante 
atraente ao produtor local, seja sob a forma de coleta na floresta, seja como plantio. 
Nos últimos anos, pesquisadores brasileiros criaram o cupulate (chocolate de cupuaçu), a partir 
da amêndoa do fruto. O cupuaçu pode ser um excelente substituto ao cacau, tendo como uso ime-diato 
a merenda escolar, as cestas básicas e o consumidor da própria Amazônia. 
Graviola > A graviola possui grande difusão na América Central e nos Estados Unidos. Esta 
planta é de fácil plantio, pode ser vendida in natura, como polpa para sucos, sorvetes e doces. 
Mesmo não possuindo valor protéico ou energético, como outras frutas amazônicas, é bastante 
procurada por seu sabor agradável. 
A S G O M A S > A borracha natural mais conhecida é a da seringueira, árvore abundante nas 
áreas úmidas de diversos rios da Amazônia. Conhecida de muitas nações indígenas, foi 
divulgada na Europa a partir do século XVIII, até se tornar matéria-prima fundamental na 
fabricação de diversos produtos. Sua maior procura ocorreu com o crescimento da fabri-cação 
de pneus para a indústria automobilística no início do século XX. Naquele momento, a 
borracha era coletada em abundância somente no Brasil – em menores proporções no Peru 
e na Bolívia. 
mais completos alimentos vegetais e uma das mais ricas fontes de selênio, essencial para evitar 
depressão, especialmente em pessoas mais velhas. 
Um dos mais sérios problemas enfrentados pelos castanheiros é o baixo preço do produto. Mas 
vale mencionar a experiência de divulgação da importância da castanha em uma pequena rede de 
supermercado de comércio ético e solidário da Itália ao trabalhar com produto de uma cooperati-va 
do Acre, a Capeb. Esta campanha triplicou o consumo de forma permanente. 
Guaraná > O guaraná, fruto domesticado pelos índios Sateré-Maué, do Amazonas, é conhecido 
pela comunidade médica como afrodisíaco e estimulante. Contém três vezes mais cafeína que o 
café, além de propriedades medicinais, como o combate à enxaqueca. Seu principal uso é como 
ingrediente de refrigerantes. 
O guaraná pode ser plantado e processado por produtores familiares, em sistemas adequados ao 
ambiente amazônico, em regime de consorciamento a outras culturas. É um produto dos mais promis-sores 
da Amazônia, e atualmente gera renda significativa para milhares de famílias. 
Frutas tropicais > As frutas tropicais amazônicas são bastante diversas. Conhecem-se mais 
de 300 espécies, das quais pelo menos 50 são usuais na alimentação regional. 
Cacau > O cacau, fruto originário da Amazônia, hoje é plantado em muitos países tropicais. 
A região de Altamira, no Pará, e diversos municípios de Rondônia têm no cacau um de seus mais 
importantes produtos. 
Este fruto é conhecido principalmente por sua amêndoa, que, uma vez seca, é a base da 
produção do chocolate. Além disto, a polpa do cacau batida faz um dos mais saborosos sucos 
que existe. 
GUARANÁ E CUPUAÇU, 
importantes frutos da região 
amazônica. 
PUPUNHA, TUCUMÃ E ACEROLA, 
frutos típicos da Amazônia. 
PA R A S A B E R M A I S 
Para ver a história da bor-racha 
e os ciclos econômi-cos, 
mergulhe no Capítulo 4, 
“História da Ocupação da 
Amazônia”, Caderno 2. 
82 83
Atualmente, a borracha é plantada em mais de 50 países tropicais. O Brasil, de praticamente 
único exportador, tornou-se grande importador, participando com menos de 1% como produtor no 
mercado mundial. A borracha hoje coletada da floresta representa menos de 5% do total fabricado 
no país e menos de 0,1% da produção mundial. Mesmo assim, esta borracha nativa garante o sus-tento 
de mais de 30 mil famílias. 
Entre os desafios para o setor, o principal é o preço muito baixo, insuficiente para garantir uma 
vida digna ao coletor da borracha. A solução estaria em agregar valor à matéria-prima, com a pro-dução 
de solados naturais de borracha para calçados, do couro vegetal e outros produtos. 
C O U R O V E G E TA L > O couro vegetal incorpora conhecimentos caboclos e científicos para oferecer 
um tecido emborrachado útil na fabricação de calçados, bolsas, artesanato e vestuário. 
Algumas comunidades, como a de Maguari, em Belterra, no rio Tapajós (PA), começam a veri-ficar 
como o couro vegetal pode garantir emprego e renda na própria floresta, além de oferecer um 
produto autêntico e diferenciado. O couro vegetal ainda é muito pouco conhecido e divulgado. É pre-ciso 
apresentá-lo à indústria de calçados, de brindes, de artigos de papelaria e vestuário. 
O S P R O D U T O S D E H I G I E N E P E S S O A L 
A indústria de cosméticos é uma das que mais cresce no mundo. A Amazônia oferece mais de 
1.200 plantas com potencial para a cosmética. Você já experimentou um perfume de priprioca, uma 
água-de-colônia de patchouli, um sabonete de muru-muru, um batom de urucum, um xampu de 
andiroba ou um creme à base do leite da castanha-da-amazônia? 
Pau-rosa > Por que um perfume francês se a Amazônia oferece alguns dos fragâncias maravi-lhosas? 
Você sabia que um dos mais famosos perfumes da Chanel, o Número 5, utiliza um dos me-lhores 
fixadores naturais conhecidos – o pau-rosa? 
O problema é a grande exploração, pois o óleo é extraído do tronco da árvore e esta precisa ser 
derrubada. Sua região de ocorrência natural é bastante restrita e até hoje não se conseguiu plan-tar 
o pau-rosa em escala comercial. A área do pau-rosa no médio Tapajós, no Pará, sofre com a 
investida da garimpagem e da pecuária. 
Andiroba > A andiroba é uma árvore de grande porte que produz um óleo muito empregado na 
medicina popular como antiinflamatório, contra micoses e para diminuir as dores musculares e de 
luxações. 
Diversas nações indígenas misturam o urucum à andiroba para produzir um protetor solar e 
repelente contra insetos – o que gerou recentemente um produto: a vela de andiroba. A andiroba é 
um dos produtos mais empregados na indústria de higiene pessoal – na fabricação de sabonetes, 
xampus e condicionadores. 
Neem > O neem é uma planta da Índia, adaptada às condições amazônicas, com diversas utili-dades. 
Seu óleo é usado para a produção de sabonetes, xampus e cremes dentais; os galhos 
menores são utilizados como escovas de dente descartáveis em comunidades de baixa renda; além 
de sua madeira possuir grande valor. As folhas, cascas, sementes e óleo são empregados na medi-cina 
tradicional para diversos fins e para o combate natural às pragas da lavoura. 
A S F I B R A S 
São conhecidas dezenas de fibras naturais da Amazônia a partir de seu uso por indígenas e cabo-clos 
na cestaria, na pesca, na fabricação da moradia e de artefatos diversos. 
Um dos recentes produtos promissores da Amazônia é o curauá. Esta bromélia, quando seca e 
desfibrada, é uma excelente substituta para a fibra de vidro dos assentos dos automóveis. Presta-se, 
igualmente, para filtros e lonas de freios, além de solas de sapatos e tecidos antialérgicos. 
A vantagem do curauá é que seu plantio pode ser feito nas comunidades tradicionais, em roças 
familiares, consorciada (dividindo o mesmo espaço) a outras culturas. A fábrica para seu proces-samento 
pode ser instalada em pequenas vilas, agregando maior renda local. O curauá vem sendo 
desenvolvido principalmente pelo sistema Poema, da Universidade Federal do Pará, em Santarém 
e na região de Belém. 
Além do curauá, vale mencionar o coco-da-baía como outra importante fonte de fibra. Há, no 
entanto, diversas palmeiras tradicionalmente utilizadas para a produção de fibras: o tucumã, o 
babaçu, o buriti e o guarumã, apenas para citar algumas. 
No outro lado da Amazônia, na porção central do Acre, estão os mais extensos bambuzais nativos 
do Brasil, uma área superior à do estado de Sergipe. No Sudeste Asiático, especialmente na 
Indonésia e na China, regiões inteiras vivem da exploração dos bambuzais para fins alimentares, 
energéticos, para a produção de compensados (MDF) e para a produção de fibras vegetais, empre-gando 
centenas de milhares de pessoas. 
84 85
L E I T U R A D E I M AG E M 
Neste programa vimos um pouco da riqueza de idéias dos amazônidas 
para conseguir conciliar economia e ecologia, visando o crescimento 
aliado à manutenção da floresta. 
Uma forma de fazer a “leitura de imagem” é dividir a turma em grupos, 
de acordo com os conteúdos específicos do programa, e pedir para que 
cada grupo apresente uma parte (por exemplo, “o manejo de produtos 
da floresta”, ou “a história e as idéias de Chico Mendes”). Registre 
tudo no quadro para que os alunos dos outros grupos possam con-tribuir 
com o que foi apresentado. Dessa forma, todos os conteúdos do 
vídeo serão trabalhados de forma dinâmica e interativa. 
Q U A R T O M O M E N T O 
> Releia para o grupo as definições formuladas na primeira 
etapa e pergunte se depois da leitura de imagem do programa, 
essas definições estão de acordo com as idéias ali contidas ou 
se divergem. 
> Mantenha os quatro grupos e proponha que cada um pro-cure 
conhecer diferentes pontos de vista e comportamentos 
sobre a questão do desenvolvimento sustentável. Possibilidades 
de enfoques: 
> O que a minha família pensa sobre Desenvolvimento Sus-tentável 
e como atua neste processo. (O grupo deverá elaborar 
um questionário para aplicar em suas famílias e anotar o que 
se consome no dia-a-dia da casa que se relaciona de alguma 
forma com os “negócios sustentáveis” da região. Ex: sabonetes, 
óleos, material de construção...) 
> O que a população da minha cidade pensa sobre Desen-volvimento 
Sustentável e como atua neste processo. (O grupo 
deverá elaborar um questionário para aplicar junto aos transe-untes 
na porta de suas casas e da escola.) 
> O que a minha escola pensa sobre Desenvolvimento Sus-tentável 
e como atua neste processo. (O grupo deverá elaborar 
um questionário para aplicar na escola de forma a contemplar 
todos os setores que envolvem a comunidade escolar.) 
> O que a imprensa pensa sobre Desenvolvimento Sus-tentável 
e como atua neste processo. (O grupo deverá pesqui-sar 
nos jornais e revistas todas as matérias que dizem respeito 
ao assunto e recortá-las.) 
> Ajude os grupos a redigirem seus questionários, procuran-do 
criar perguntas que não deixem os entrevistados constrangi-dos, 
mas que revelem se o conceito de desenvolvimento susten-tável 
é conhecido, as opiniões e um pouco dos hábitos de con-sumo 
(se as pessoas procuram saber se o produto desejado 
tem selo verde ou não...). 
Q U I N T O M O M E N T O 
> Análise interna dos grupos quanto ao material coletado. 
Cada grupo deverá redigir um comentário que expresse uma 
conclusão dos dados e uma visão crítica do grupo a respeito dos 
resultados. 
S E X T O M O M E N T O 
> Socialização dos trabalhos em grupo. Cada um irá apre- 
T R A B A L H A N D O C O M O T E M A 
As atividades sugeridas a se-guir 
estão relacionadas à pro-posta 
metodológica de edu-cação 
ambiental apresentada 
no caderno 1 do kit. A leitura 
desse caderno ajudará no 
desenvolvimento de um projeto de educação ambiental que 
procura considerar, trabalhar e avaliar as particularidades de 
cada contexto. Questionando o porquê e para que implementar 
uma proposta dessa natureza. 
É importante lembrar que as atividades que se seguem são 
apenas algumas sugestões possíveis de estruturar o modo 
como trabalhar no cotidiano da sala de aula com esses temas, 
aliados a uma prática educacional que valoriza a interdiscipli-naridade, 
a transdisciplinaridade e a expressão dos conteúdos 
através de diferentes linguagens artísticas. 
Esperamos que essas sugestões de atividades se somem 
ao trabalho já desenvolvido por cada instituição e educador... 
que sirva como inspiração para que cada um crie e recrie da 
sua forma. 
Organizamos as sugestões de duas formas diferentes. A pri-meira 
segue passo a passo um processo de trabalho com uma 
proposta determinada, na qual as etapas são cuidadosamente 
descritas exemplificando um desencadeamento de idéias. A se-gunda 
sugestão indica outras possibilidades de trabalho com o 
tema que podem complementar a proposta principal, substitui-la 
ou somente provocar novas idéias nos professores. 
S U G E S TÃ O PA S S O A PA S S O 
> ANTES DE ASSISTIR AO PROGRAMA | SENSIBILIZAÇÃO PARA O TEMA 
I M P O RTA N T E > O número de aulas ou encontros necessários para 
o desenvolvimento das etapas propostas aqui dependerá das dife-rentes 
realidades e interações com os alunos. 
P R I M E I R O M O M E N T O 
> Escreva em quatro pedaços de papel as palavras: Desen-volvimento; 
Sustentabilidade; Renovável; Predatório. 
> Divida a turma em quatro grupos e entregue a cada um 
deles um papel com uma destas palavras. 
> Peça que conversem sobre o que cada um pensa sobre a 
palavra sorteada e que formulem, em conjunto, um conceito 
por escrito, que expresse a opinião do grupo. 
> Abra uma roda de modo que cada grupo leia para os outros 
o conceito formulado. Após cada leitura, instigue o grupo a se 
colocar: quem concorda ou quem tem alguma coisa para 
acrescentar. 
S E G U N D O M O M E N T O 
> Assista o programa com a turma. 
T E R C E I R O M O M E N T O 
> Reflexões sobre as imagens e conteúdos do programa. 
86 87
88 
sentar seus resultados, conclusões e opinião crítica para os 
demais. 
> Peça que relatem também um pouco do processo de 
pesquisa: como foram recebidos pelos entrevistados, maiores 
dificuldades, fatos pitorescos, etc. 
> Após as apresentações, pergunte como cada um e a escola 
podem participar do processo de desenvolvimento sustentável 
da região. Liste as sugestões. 
S É T I M O M O M E N T O 
> A partir das sugestões dadas pelos grupos, proponha a 
realização de uma campanha de divulgação na escola da ex-pressão 
‘desenvolvimento sustentável’ para contribuir na cons-cientização 
da participação de cada um neste processo. 
> Possibilidades: confeccionar cartazes, elaborar frases, or-ganizar 
uma exposição de produtos sustentáveis extraídos da 
floresta, etc. 
O I TA V O M O M E N T O 
> Como fehamento, prponha a organização de um debate com 
diferentes representantes dos diversos segmentos que 
envolvem um negócio sustentável. Ex: representante de uma 
cooperativa; um empresário; um jornalista; um deputado; um 
consumidor... 
O U T R A S S U G E S T Õ E S D E A T I V I D A D E 
> Pesquisar sobre a chamada Cultura da Floresta e a sua 
relação com o desenvolvimento sustentável. 
> Explorar a questão madereira (queimadas X manejo flores-tal) 
e tudo que esta por trás desta questão. 
> Pesquisar os produtos extrativistas: quais são e suas 
diferentes formas de aproveitamento. Experimente realizar 
com o grupo todo o processo de aproveitamento de alguma 
planta nativa. 
> Proponha visitar uma cooperativa local. 
B I B L I O G R A F I A 
ANDERSON, Anthony; CLAY, Jason (orgs.). Esverdeando a Amazônia: comunidades e empresas em busca de práti-cas 
para negócios sustentáveis, Brasília / São Paulo: Instituto Internacional de Educação do Brasil / Fundação 
Peirópolis, 2002. 
BRASIL. Fórum Brasileiro de ONGs e Movimentos Sociais para o Meio Ambiente e Desenvolvimento: a sus-tentabilidade 
que queremos. Rio de Janeiro: Projeto Brasil Democrático / CUT / Fase, 2002. 
DEAN, Warren. A luta pela borracha no Brasil, São Paulo: Nobel, 1989. 
MEIRELLES FILHO, João. O livro de ouro da Amazônia. Mitos e verdades sobre a região mais cobiçada do planeta, 
Rio de Janeiro: Ediouro, 2004. 
MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. Causas e dinâmica do desmatamento na Amazônia, Brasília: Ministério do Meio 
Ambiente, 2001. 
SAYAGO, Doris; TOURRAND, Jean-François e BURSZTYN, Marcel. Amazônia: cenas e cenários. Brasília, EdUnB, 
2004. 
SCHNEIDER, Robert R.; ARIMA, Eugênio; VERÍSSIMO, Adalberto; BARRETO, Paulo; JÚNIOR, Carlos Souza. 
Amazônia sustentável: limitantes e oportunidades para o desenvolvimento rural, Belém: Banco Mundial e 
Imazon, 2000 (Série Parcerias Banco Mundial – Brasil). 
VEIGA, Jonas Bastos da [et al.]. Expansão e trajetórias da pecuária na Amazônia, Brasília: EdUnB, 2004. 
I M P O RTA N T E > As atividades práticas e a proposta pedagógica 
sugeridas neste capítulo mesclam conteúdos de diferentes disciplinas. 
Elas podem fazer parte de um projeto integrado, no qual cada educador 
desenvolve suas especificidades, ou serem desenvolvidas por um único 
educador. É importante ter um projeto de trabalho que estabeleça 
metas e objetivos, criando um encadeamento das atividades, passo a 
passo. A intenção e a profundidade do trabalho dependerão das priori-dades 
e necessidades do grupo. 
Esteja aberto para as propostas e demandas dos alunos, todo plane-jamento 
pode e deve ser revisto e avaliado.

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Desenvolvimento sustentável na Amazônia

  • 1. D E S E N V O LV I M E N T O S U S T E N TÁV E L 8 O C A I P O R A é o principal protetor dos animais – ele confunde os caçadores para que percam o rumo e não saibam mais voltar para casa; espanta os animais para longe; faz barulho e assobia... de todas as formas atrapalha a caçada. No baixo Amazonas é descrito de modo semelhante ao Curupira de outras regiões, com o corpo coberto de pêlos e os pés voltados para trás, sempre montado em um porco-do-mato. No alto Amazonas, sua aparência varia, por vezes é amistoso e pode ser invocado em rituais. Diz-se que gosta muito de tabaco e, por isso, os caçadores procuram agradá-lo levan-do fumo de rolo para a mata em dias especiais. Se aceitar a oferta, ele permite caçar certa quantidade de animais ou determinada espécie, o veado, por exemplo. 68 69
  • 2. O manejo florestal, com a derrubada controlada, a certi-ficação da madeira e um processo de reutilização de seus resíduos para gerar energia também são destaques no programa. Falando nisso, nosso apresentador nos mostra as possi-bilidades de geração de energia na Amazônia. Vemos uma hidrelétrica e o uso do petróleo e gás natural da Usina de Urucum, e outras alternativas menos impactantes e reno-váveis como a energia solar, o biodiesel do babaçu e do dendê e a energia eólica, de grande potencial nos estados do Maranhão e Pará. Numa região tão grande, é o rádio que aproxima as pes-soas. Nosso apresentador participa de um programa que alcança a zona rural, e fala principalmente para seringalis-tas e castanheiros, mostrando que algumas tribos indígenas também estão conectadas nessa rede de informações. C O N T E Ú D O S D O V Í D E O “Vamos deixar a floresta sempre verde, nosso pequeno planeta azul, ele precisa ser cuidado”... A mensagem da música Forever Green, de Tom Jobim, é uma alusão à importância de se conhecer, amar e conservar o que se ama. O seringalista Chico Mendes partilhava da mesma idéia do maestro. Neste programa, vemos o que as popu-lações amazônidas estão fazendo para o desenvolvimento sustentável da região. O programa mostra um pouco da história de Chico Mendes, verdadeiro ecologista que dizia que não adianta ser proprietário e cuidar mal da terra. O importante é saber usar o que a terra nos oferece, de maneira sustentável. Nosso apresentador visita a Rede de Negócios do Acre, e com ele aprendemos como identificar se um produto é sus-tentável e ecologicamente correto e por que agregar valor aos produtos é importante para o produtor. A Amazônia fornece grande quantidade de produtos que, se bem explorados, podem durar por muitas gerações. O programa mostra alguns alimentos encontrados na grande floresta, como a mandioca, o açaí, a pupunha, a cas-tanha, o guaraná, o cacau, o cupuaçu, a graviola, o camu-camu, a borracha e o couro vegetal – este último uma alter-nativa que já mostra seu valor. Mas, a floresta também dispõe de outros produtos. Conhe-cemos alguns deles usados como cosméticos e no artesana-to, e alguns riscos que o desmatamento continua a produzir. Outra atração sustentável da Amazônia é o ecoturismo e o turismo cultural, que atrai cerca de 50 mil turistas por ano e possui grande potencial de expansão. Para conhecermos mais sobre isso, visitamos o Projeto Mãe da Mata, em Xapuri. Lá aprendemos sobre o manejo da borracha e da castanha e vemos uma pousada ecológica. Conhecemos ainda os efeitos fitoterápicos do ipê roxo e da copaíba e aprendemos sobre o manejo de pesca de espécies como o tambaqui, o curimatã, a traíra e o cará. S I N O P S E D O V Í D E O > UM CONCEITO DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL > A HISTÓRIA E AS IDÉIAS DE CHICO MENDES > IDENTIFICAÇÃO DE PRODUTOS SUSTENTÁVEIS E ECOLOGICAMENTE CORRETOS > OS PRODUTOS DA FLORESTA: OS ALIMENTOS, AS GOMAS, OS FITOTERÁPICOS, O ARTESANATO > O ECOTURISMO > O MANEJO DA BORRACHA E DA CASTANHA > O MANEJO DE PESCA > O MANEJO FLORESTAL > A ENERGIA NA AMAZÔNIA: ALTERNATIVAS SUSTENTÁVEIS > O RÁDIO COMO FUNDAMENTAL VEÍCULO DE INFORMAÇÃO
  • 3. A floresta amazônica acolhe uma economia social e ecologicamente importante, mas ainda insu-ficientemente valorizada pela sociedade brasileira. Essa economia é praticada por populações cul-turalmente diversificadas, com modos de vida adaptados à dinâmica da floresta, populações estas que há gerações dela extraem frutos, óleos, seivas e fibras vegetais, além de cultivar uma diversi-dade de espécies regionais de valor comercial. São seringueiros, castanheiros, comunidades indí-genas e pequenos produtores cujos negócios, além de garantirem o sustento de suas famílias, mantêm a qualidade dos recursos naturais e evitam o desmatamento. Entretanto, embora seja evidente o crescimento do mercado de produtos derivados de recursos da floresta, a ampliação dos negócios gerados pelas comunidades amazônicas esbarra em certas dificuldades, derivadas das condições em que produzem estes bens. O conceito de “negócio sustentável” se baseia na adoção de medidas que reduzem ao máximo o impacto ambiental no processo produtivo. Este tipo de negócio tem seus fundamentos em relações comerciais justas, capacitação dos produtores, repasse de tecnologias, pagamento de royalties e inves-timentos sociais. O oposto de um “negócio sustentável” é aquele que se apóia no modelo de exploração predatória dos recursos e tende a concentrar a renda; gera poucos empregos, com oportunidades desiguais com relação a raça, gênero e nível educacional; oferece poucas oportunidades ao produtor familiar e não respeita os modos tradicionais de vida e a diversidade da cultura local. Porém, de nada adianta discutirmos os negócios sustentáveis sem compreender a lógica que rege a economia predatória. A N O V A C U L T U R A D A F L O R E S T A T R O P I C A L O conjunto de conhecimentos sobre o que é sustentável para a sobrevivência do homem na Amazônia pode ser denominado “cultura da floresta tropical”. O saber viver, alimentar-se, morar, festejar e expressar seu mundo resultam de mais de cem séculos de aprendizado em busca de con-vivência harmônica com a floresta. Em cinco séculos, o que representa menos de 5% da experiência humana na Amazônia, a partir do choque entre europeus e povos nativos, ocorreu uma grande ruptura. A cultura da floresta tropical foi desprezada, excomungada, presa e aniquilada. Em poucos anos a humanidade perdeu informações, vivências e mitos que demoraram milênios para serem construídos. A violência da ocupação pelas armas e pelas doenças trazidas pelos europeus privou-nos de conhecer a nossa sustentabilidade. Hoje, os desafios são outros. O contingente populacional aumentou muito. Já se busca a “nova cultura da floresta tropical”. O primeiro passo para transformar os negócios predatórios em ações para o desenvolvimento sustentável, é procurar fazer com que o próprio morador da Amazônia valorize os recursos natu-rais e os produtos daí resultantes. Seus produtos só serão valorizados pelos demais habitantes do 73 É POSSÍVEL MUDAR DE UMA ECONOMIA PREDATÓRIA PARA UMA ECONOMIA SUSTENTÁVEL? Sim. E o principal fator de mudança é o conhecimento, a valorização da educação. É o aprendizado de que exis-tem alternativas sustentáveis. É possível criar uma economia saudável, lucrativa e uma sociedade mais justa. PA R A S A B E R M A I S Para saber mais sobre im-pacto ambiental e susten-tabilidade, mergulhe no Ca-derno 1, parte 2. A L E RTA Um negócio predatório é aquele que retira do meio ambiente muito mais do que repõe. Em muitos casos, as intervenções humanas são tão drásticas que os ecossis-temas nunca mais conseguem se recuperar. M E R G U L H A N D O N O T E M A
  • 4. PA R A S A B E R M A I S > Aspectos positivos da piscicultura: em sistemas baseados na permacultura (um sis-tema agroflorestal) a maior parte da alimentação dos peixes vem da própria propriedade, sem a necessidade de importar grãos (milho, trigo, soja, etc.); uma família, num pequeno lote de terra, pode ser proprietária de uma lucrativa fazenda de piscicultura que emprega mais do que a pecuária. Brasil e do mundo quando os amazônidas perceberem que o pó de guaraná e a polpa de taperebá são parte de sua essência, de sua alma, de sua cultura, de seu ser, de seu modo de ver o mundo. Um negócio só é sustentável se seus produtores, distribuidores e compradores estiverem de acordo. Não existe sustentabilidade na produção se o consumo é desordenado e causa desequi-líbrios e vice-versa. O C O N S U M O S U S T E N T Á V E L E O C O M É R C I O É T I C O E S O L I D Á R I O Todos os negócios sustentáveis começam pelo indivíduo – pela tomada de decisão de cada um. Somos levados a tomar decisões de consumo a todo instante. Na maior parte das vezes não percebemos que somos chamados a optar a cada instante. Decidir o que comer, o que comprar para se vestir etc. são aquelas opções invisíveis que tomamos diariamente e que podem fazer toda a diferença nos locais onde são produzidos. As práticas para um comércio ético e solidário estimulam que um produtor receba a parte justa pelo que produz – processo conhecido como “comércio justo”. No caso da Amazônia, estamos falando do apoio a mais de um milhão de famílias de produtores. PECUÁRIA BOVINA no estado do Pará, em 1996. PROCESSO manual para remoção das cascas da castanha-do-pará, Rio Branco/AC. H e c t a r e 1 hectare equivale a dez mil metros quadrados, um pouco mais do que um campo de futebol. C O M P A R A N D O N E G Ó C I O S S U S T E N T Á V E I S E P R E D A T Ó R I O S : P I S C I C U L T U R A X P E C U Á R I A B O V I N A A área desmatada na Amazônia é de aproximadamente 65 milhões de hectares e a pecuária ocupa 3/4 desta área. No entanto, a renda da pecuária da Amazônia é muito baixa, 0,04% do Produto Interno Bruto do Brasil. E o que é pior: cerca de 1/4 dessas pastagens está, hoje, abandonado. Além da necessidade de grandes áreas desmatadas, um boi converte somente 7% do que come em carne. Assim, em um hectare na Amazônia, produz-se por ano, em média, cerca de 85 kg de carne. A geração de empregos na pecuária também é muito pequena: de um peão para cada 500 cabeças de gado, com remuneração à base do salário mínimo. Somente um grande proprietário de terra terá lucro com a pecuária extensiva vigente. Por outro lado, a piscicultura (criação de peixes em cativeiro) utilizaria para produzir a mesma quantidade de carne, menos de um hectare de terras. Conclusão: não é necessário desmatar a Amazônia para produzir proteína animal. Sustentabilidade é encontrar a vocação de uma região, buscando o equilíbrio econômico, ambi-ental e social. F I Q U E P O R D E N T R O A palavra permacultura ainda não existe nos dicionários brasileiros. Ela foi inventada para descrever a transição da agricultura convencional para uma agricultura permanente. 74 75
  • 5. a invasão de terras, o roubo de madeira, a caça e a pesca predatórias, e um grande impacto para as comunidades tradicionais caboclas e indígenas. O aprendizado sobre o impacto social e ambiental de usinas hidrelétricas construídas na década de 1980 revelou a importância de se selecionar as melhores alternativas que minimizem estes impactos e de debater com a sociedade quais rumos tomar. Além da energia gerada a partir do represamento das águas dos rios, a Amazônia oferece outras fontes, entre as quais destacamos: O petróleo e o gás natural > O petróleo e o gás natural são fontes não renováveis de energia. A Amazônia possui algumas das maiores reservas brasileiras de petróleo e de gás natural. A bacia do rio Urucu, no médio Solimões, torna o Amazonas o segundo estado com maior produção de petróleo. Urucu responde por 5,6% da produção nacional de petróleo, apresentando os maiores poços terrestres do país. Além disto, possui a maior reserva brasileira terrestre de gás natural, engarrafado para o mercado do Norte e parte do Nordeste. Atualmente, o impacto ambiental e social deste empreendimento está sendo discutido. O trans-porte para os principais centros consumidores da Amazônia Ocidental (Manaus, Porto Velho e Rio Branco) depende da construção de um gasoduto com 550 km ligando Porto Velho à reserva, e outro com 420 km ligando Coari a Manaus. Os biocombustíveis > Além da energia solar propriamente dita, uma forma de aproveitar a abundância de energia solar da Amazônia é captá-la através da fotossíntese, na forma de biocom-bustível. Árvores produzindo energia! A importância de um biocombustível é muito maior que apenas evitar que se utilizem fontes fós-seis não renováveis, como o petróleo, o gás natural e o carvão mineral, as três principais fontes energéticas do mundo contemporâneo. O biocombustível é renovável, e pode ser produzido inde-terminadamente. Em termos ambientais, os biocombustíveis liberam menos CO2 (dióxido de carbono) para a atmosfera do que os combustíveis fósseis, reduzindo a produção desse gás que contribui para o efeito estufa. A economia da Amazônia poderia ser revolucionada se as áreas atualmente abandonadas de pastagens fossem reflorestadas em sistemas de permacultura. Nestes reflorestamentos, pode-ria haver o replantio de árvores para a geração de óleo vegetal – babaçu, dendê, copaíba, andiro-ba, bacaba etc. – e para a produção de alimentos, madeira, fibras e outros produtos. Uma das características destes reflorestamentos é que estariam capturando (seqüestrando) o carbono em excesso na atmosfera terrestre, contribuindo, de maneira significativa para reduzir ainda mais o efeito estufa. D E S A F I O S P A R A O D E S E N V O L V I M E N T O S U S T E N TÁ V E L E n e r g i a R e n o v á v e l A palavra “renovável” é muito utilizada quando se fala de energia. A energia gerada pelos ventos, pelo sol ou do óleo de babaçu são ren-ováveis, pois pressupõe o uso de longo prazo, desde que bem manejado. A energia a partir do petróleo, por exemplo, não é renovável, pois não é possível produzir mais petróleo. Se o planeta consumir todo o seu petróleo, gás natural, carvão mineral ou outro minério ou gás, nenhum destes elementos será renovado. Por isso, atual-mente discute-se o desenvolvi-mento de energias renováveis. SERRARIA em Rondônia, exemplo de exploração predatória de madeira. PA R A S A B E R M A I S Para saber mais sobre o arco do desmatamento e o problema do desmatamento, mergulhe no Capítulo 10, “Economia”, no Caderno 3. O P R O B L E M A D O D E S M A TA M E N T O A Amazônia é a maior reserva de madeiras tropicais do planeta, com cerca de 1/3 das reservas mundiais de madeiras duras. Essas atividades correspondem a 20% da renda da região, sendo o segundo produto em importância na economia, perdendo apenas para a mineração industrial. O setor madeireiro emprega mais de meio milhão de pessoas e é a principal fonte de renda de mais de cem municípios, especialmente na frente pioneira de ocupação, na área conhecida como “arco do desmatamento”. A exploração da madeira, no entanto, é caótica: 86% da madeira são retirados de maneira predatória. Existem serrarias predatórias porque há fornecedores predatórios, intermediários predatórios, consumidores predatórios e autoridades ambientais omissas. Muitos dos fornecedores são pecuaristas que visam transformar suas áreas em pasto e utilizam a venda da madeira para financiar esta atividade. A grande quantidade de madeira roubada de reservas indígenas, áreas de preservação, de terras públicas e de propriedades particulares é outro problema da região. As madeireiras que trabalham com esta matéria-prima competem com aquelas que extraem legalmente a madeira segundo planos de manejo acompanhados pelas autoridades ambientais. Os consumidores predatórios desejam apenas a melhor madeira pelo preço mais baixo possível, sem medir o grande impacto social e ambiental. Outro problema é o desperdício. Estima-se que, em média, mais da metade da tora seja per-dida. Esta perda começa na própria floresta. Uma árvore mal cortada pode derrubar outras vinte. O corte e o transporte inadequados podem causar estragos em parte do material, mas as maiores perdas são verificadas na própria serraria, devido à falta de capacitação técnica dos funcionários e às distorções do mercado predatório, que exige cortes que não respeitam as condições naturais da madeira. O U S O R A C I O N A L D E E N E R G I A A sustentabilidade das atividades de geração e transporte de energia é um dos principais desafios da Amazônia. Se, de um lado, o país e a região precisam muito desta energia, por outro, a abertura de novas estradas, linhas de transmissão e oleodutos podem significar abrir portas para 76 77
  • 6. A Ç Õ E S P A R A U M F U T U R O S U S T E N T Á V E L O M A N E J O F L O R E S TA L S U S T E N TÁV E L Viver da coleta de produtos e serviços do meio natural é o que mais de um milhão de famílias, entre caboclos e povos indígenas, ainda fazem na Amazônia. Incluem-se nesse sistema a coleta de espécies vegetais e animais ainda não domesticadas ou aqueles cuja produção do meio natural seja maior e mais rentável que a de cultivos ou criações domésticas. Nos últimos anos, graças ao sucesso econômico da retirada planejada de madeira da mata natural, consolidou-se a idéia de que o manejo florestal sustentável é melhor negócio que a simples cole-ta indiscriminada das madeiras na mata. Segundo este sistema, se dividirmos uma mata em 50 lotes, a exploração irá ocorrer num lote por ano, permitindo que em 50 anos se retorne ao primeiro lote, onde a natureza deverá oferecer novas árvores para o corte. Isso torna o sistema mais produ-tivo, mais lucrativo e de longo prazo. PA R A S A B E R M A I S > Recentemente, o Conselho de Manejo Sustentável (FSC - Forest Stewardship Council) chegou a um conjunto de normas e padrões para a extração e o beneficiamento da madeira. As empresas que cumprem essas normas recebem um selo de qualidade, o selo verde do FSC. Nas regras do FSC não estão ape-nas as questões ambientais. Há importantes conquistas sociais como os direitos trabalhistas e os cuidados com a segurança dos funcionários. A solução para mudar o quadro de destruição da floresta amazônica passa também pela ação de cada um de nós enquanto consumidor. Se o cliente privilegiar a compra de madeira certificada, mais lojas terão que se adaptar e buscar esses produtos para atendê-los. Instrumentalizar o consumidor cidadão para que ele possa conhecer os processos produtivos é uma das mais urgentes e efetivas ações para um futuro sustentável. A base do consumo susten-tável é a ética. P E R M A C U LT U R A – PA R A E N R I Q U E C E R A F L O R E S TA Há diversos nomes para a associação de agricultura e a coleta em ambientes naturais: agroflo-resta, sistemas agroflorestais, permacultura, entre outros. Adotamos o termo permacultura por ser mais completo e considerar outras questões vitais para a sustentabilidade. A permacultura baseia-se na hipótese de que as atividades humanas podem coexistir com ambientes naturais. A permacultura é uma síntese entre as práticas agrícolas tradicionais e as idéias inovadoras, unindo o conhecimento secular às descobertas da ciência moderna. O projeto permacultural envolve o planejamento, a implantação e a manutenção conscientes de ecossistemas produtivos que tenham em conta a diversidade, a estabilidade e a resistência dos ecossistemas naturais. Somente os babaçuais nativos do estado do Maranhão poderiam fornecer imediatamente 3 milhões de toneladas/ano de biocom-bustível. Isto geraria US$ 1,2 bilhão, convertendo-se na principal fonte de renda da população local. O babaçu apresenta um dos mais altos rendimentos de óleo por amêndoa, cerca de 65%. Se este com-bustível fosse adicionado ao óleo diesel, a Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) acredita que ele pro-moveria uma economia superior a US$ 1 bilhão. E tem mais: a efi-ciência do motor movido a óleo vegetal é bem maior que o do óleo diesel e o desgaste é menor. Além do biocombustível a partir de seu óleo, do babaçu se aprovei-ta o coco para fazer carvão, tanto com fins domésticos em substitui-ção ao gás de cozinha, quanto na siderurgia (produção de derivados do minério de ferro) e na produção de energia elétrica. O E C O T U R I S M O O ecoturismo é a oportunidade de buscar novos valores, através de uma visita organizada, segura e apoiada em informações sobre o meio e as comunidades locais. A Amazônia brasileira atrai menos de 50 mil ecoturistas ao ano. Muito pouco se comparado a outros destinos. Calcula-se que 35 milhões de pessoas realizem ecoturismo internacionalmente, ou seja a Amazônia praticamente está fora do mercado mundial. Encontramos um cenário não muito diferente desse se considera-mos o mercado nacional. É claro que podemos elencar justificativas relacionadas a custos altos, distância, falta de infra-estrutura. Porém, a grande razão para as pessoas não buscarem a Amazônia é o desconhecimento. São necessárias campanhas publicitárias mais agressivas que di-vulguem a região. Pequenos esforços podem representar verda-deiras revoluções para municípios cujo potencial turístico já foi bem diagnosticado. A principal questão é atrair recursos para investimentos e capacitação de pessoas para o bom exercício da profissão de guias e atrair empresas de turismo para conhecerem o que a Amazônia oferece. USINA DE URUCU, maior reserva brasileira de gás natural e vista aérea de um hotel dentro da floresta amazônica, caracterizando o ecoturismo da região. 78 79
  • 7. Açaí > Do açaí tudo se utiliza: o “vinho” de seu fruto é a base da alimentação de mais de três milhões de pessoas no delta do rio Amazonas; ele produz um excelente palmito e seu tronco e fo-lhas são usados para a construção de casas; as sementes, no artesanato e na adubação orgânica. Além disso, o açaí é uma excelente espécie pioneira para o reflorestamento. Babaçu > O babaçu é a árvore dominante em cerca de 5% da região amazônica, servindo como alimento, como carvão, fonte medicinal, principal componente da fabricação de sabão (maior fonte de glicerina conhecida), entre muitos outros usos. Das amêndoas do babaçu, se extrai um óleo vegetal de alta qualidade, excelente para a culinária, para a fabricação de margarina e de gordura hidrogenada. Das amêndoas também se retira o leite do babaçu que é usado na culinária local para empapar o cuscuz, da mesma forma que o leite de coco-da-baía. O babaçu é a espécie nativa da Amazônia cuja produção emprega o maior número de pessoas da região. Só as mulheres quebradeiras de coco-de-babaçu são mais de 300 mil vivendo desta extração. Mas as florestas de babaçu vêm sendo sistematicamente cercadas e derrubadas para a formação de pastos! Para combater o problema, uma vez organizadas em cooperativas e associações, estas mulheres têm conquistado espaço político. Foram criadas pequenas usinas para o beneficiamento da glicerina e produção da farinha da polpa do babaçu. Castanha-da-amazônia > A árvore da castanha-da-amazônia (também conhecida como cas-tanha- do-pará ou castanha-do-brasil), ou simplesmente castanheira, é uma das mais altas da flo-resta, alcançando até 55 metros. Na região, consome-se a amêndoa da castanha na época imediatamente após a sua queda, mas no Centro-Sul este consumo está mais associado às festas natalinas. É conhecida como um dos Ele resulta na integração harmoniosa entre as pessoas e a paisagem, provendo alimentação, energia e habitação, entre outras necessidades materiais e não materiais, de forma sustentável. O primeiro grande desafio quando se propõe a permacultura é permitir que os agricultores desenvolvam um novo modo de compreender a terra, a floresta, o solo e os ciclos vitais da natureza. A base da permacultura é a manutenção da fertilidade do solo. Em áreas tropicais, como a Amazônia, isto significa que não se pode deixar o solo exposto diretamente ao sol e às chuvas, como é feito na agricultura mecanizada da soja e na pecuária. Não se trata de uma medida econômica, mas cultural. A mudança de mentalidade exige investimentos em edu-cação, oferecendo a todos a oportunidade de repensar a relação homem-natureza, dos grandes fazendeiros ao produtor familiar, ao peão de gado, ao operador de motosserra, ao garimpeiro etc. Na permacultura, a propriedade rural não é pensada para produzir um único produto (monocul-tura), como o boi, a soja ou café. São dezenas de produtos que uma única família consegue retirar do ambiente de maneira sustentável. P E N S A N D O D E M O D O S U S T E N TÁV E L : O U T R O S P R O D U T O S D A F L O R E S TA Há muitos produtos não madeireiros na floresta amazônica que, além de garantirem melhor quali-dade de vida a quem nela habita e produz, podem ser vendidos e gerar renda. Diferentemente da madeira coletada de modo predatório, que será vendida uma única vez, estes produtos, se bem mane-jados, poderão oferecer renda contínua por muitas gerações. Entre esses produtos vale destacar: O S A L I M E N TO S > Pensar em produzir alimentos na Amazônia é partir do ambiente natural exis-tente. Se há florestas naturais, como na grande parte da região, é preciso imitá-las, ou seja, é pre-ciso criar florestas produtivas. Assim como na floresta natural há grande diversidade de espécies, na nova floresta produtiva é necessário reproduzir esta variedade. Desta forma, pensar em alimentação na Amazônia é pensar em coletar alimentos de uma flores-ta enriquecida. Não um único produto, mas uma cesta de alimentos, segundo suas estações natu-rais. É preciso conduzir a floresta para que se possa sempre colher raízes, frutas, frutos, verduras, legumes e folhas. As palmeiras representam a segunda principal fonte de alimentação da Amazônia. São mais de cem espécies nativas, entre as quais o açaí-de-touceira (o conhecido açaí), o babaçu, a pupunha, o buriti, a bacaba e o tucumã. É preciso destacar também o coco-da-baía e o dendê. As palmeiras estão entre as árvores de mais fácil plantio e manejo. Diversas nações indígenas adensavam suas áreas de uso enriquecendo-as com palmeiras. ALGUNS PRODUTOS da floresta, considerados importantes fontes de alimentos; açai, dendê e castanha. 80 81
  • 8. Camu-camu > O camu-camu, até recentemente pouco conhecido, é a principal fonte natural de vitamina C (1,5 vez mais que a acerola, 13 vezes o caju e 65 vezes a laranja). Pode ser explorada para a extração da vitamina C como complemento medicinal. Cupuaçu > O cupuaçu produz um fruto de odor agradável, muito apreciado, cuja polpa é empre-gada em sucos, doces e conservas. Na região, é consumido in natura e seu preço é bastante atraente ao produtor local, seja sob a forma de coleta na floresta, seja como plantio. Nos últimos anos, pesquisadores brasileiros criaram o cupulate (chocolate de cupuaçu), a partir da amêndoa do fruto. O cupuaçu pode ser um excelente substituto ao cacau, tendo como uso ime-diato a merenda escolar, as cestas básicas e o consumidor da própria Amazônia. Graviola > A graviola possui grande difusão na América Central e nos Estados Unidos. Esta planta é de fácil plantio, pode ser vendida in natura, como polpa para sucos, sorvetes e doces. Mesmo não possuindo valor protéico ou energético, como outras frutas amazônicas, é bastante procurada por seu sabor agradável. A S G O M A S > A borracha natural mais conhecida é a da seringueira, árvore abundante nas áreas úmidas de diversos rios da Amazônia. Conhecida de muitas nações indígenas, foi divulgada na Europa a partir do século XVIII, até se tornar matéria-prima fundamental na fabricação de diversos produtos. Sua maior procura ocorreu com o crescimento da fabri-cação de pneus para a indústria automobilística no início do século XX. Naquele momento, a borracha era coletada em abundância somente no Brasil – em menores proporções no Peru e na Bolívia. mais completos alimentos vegetais e uma das mais ricas fontes de selênio, essencial para evitar depressão, especialmente em pessoas mais velhas. Um dos mais sérios problemas enfrentados pelos castanheiros é o baixo preço do produto. Mas vale mencionar a experiência de divulgação da importância da castanha em uma pequena rede de supermercado de comércio ético e solidário da Itália ao trabalhar com produto de uma cooperati-va do Acre, a Capeb. Esta campanha triplicou o consumo de forma permanente. Guaraná > O guaraná, fruto domesticado pelos índios Sateré-Maué, do Amazonas, é conhecido pela comunidade médica como afrodisíaco e estimulante. Contém três vezes mais cafeína que o café, além de propriedades medicinais, como o combate à enxaqueca. Seu principal uso é como ingrediente de refrigerantes. O guaraná pode ser plantado e processado por produtores familiares, em sistemas adequados ao ambiente amazônico, em regime de consorciamento a outras culturas. É um produto dos mais promis-sores da Amazônia, e atualmente gera renda significativa para milhares de famílias. Frutas tropicais > As frutas tropicais amazônicas são bastante diversas. Conhecem-se mais de 300 espécies, das quais pelo menos 50 são usuais na alimentação regional. Cacau > O cacau, fruto originário da Amazônia, hoje é plantado em muitos países tropicais. A região de Altamira, no Pará, e diversos municípios de Rondônia têm no cacau um de seus mais importantes produtos. Este fruto é conhecido principalmente por sua amêndoa, que, uma vez seca, é a base da produção do chocolate. Além disto, a polpa do cacau batida faz um dos mais saborosos sucos que existe. GUARANÁ E CUPUAÇU, importantes frutos da região amazônica. PUPUNHA, TUCUMÃ E ACEROLA, frutos típicos da Amazônia. PA R A S A B E R M A I S Para ver a história da bor-racha e os ciclos econômi-cos, mergulhe no Capítulo 4, “História da Ocupação da Amazônia”, Caderno 2. 82 83
  • 9. Atualmente, a borracha é plantada em mais de 50 países tropicais. O Brasil, de praticamente único exportador, tornou-se grande importador, participando com menos de 1% como produtor no mercado mundial. A borracha hoje coletada da floresta representa menos de 5% do total fabricado no país e menos de 0,1% da produção mundial. Mesmo assim, esta borracha nativa garante o sus-tento de mais de 30 mil famílias. Entre os desafios para o setor, o principal é o preço muito baixo, insuficiente para garantir uma vida digna ao coletor da borracha. A solução estaria em agregar valor à matéria-prima, com a pro-dução de solados naturais de borracha para calçados, do couro vegetal e outros produtos. C O U R O V E G E TA L > O couro vegetal incorpora conhecimentos caboclos e científicos para oferecer um tecido emborrachado útil na fabricação de calçados, bolsas, artesanato e vestuário. Algumas comunidades, como a de Maguari, em Belterra, no rio Tapajós (PA), começam a veri-ficar como o couro vegetal pode garantir emprego e renda na própria floresta, além de oferecer um produto autêntico e diferenciado. O couro vegetal ainda é muito pouco conhecido e divulgado. É pre-ciso apresentá-lo à indústria de calçados, de brindes, de artigos de papelaria e vestuário. O S P R O D U T O S D E H I G I E N E P E S S O A L A indústria de cosméticos é uma das que mais cresce no mundo. A Amazônia oferece mais de 1.200 plantas com potencial para a cosmética. Você já experimentou um perfume de priprioca, uma água-de-colônia de patchouli, um sabonete de muru-muru, um batom de urucum, um xampu de andiroba ou um creme à base do leite da castanha-da-amazônia? Pau-rosa > Por que um perfume francês se a Amazônia oferece alguns dos fragâncias maravi-lhosas? Você sabia que um dos mais famosos perfumes da Chanel, o Número 5, utiliza um dos me-lhores fixadores naturais conhecidos – o pau-rosa? O problema é a grande exploração, pois o óleo é extraído do tronco da árvore e esta precisa ser derrubada. Sua região de ocorrência natural é bastante restrita e até hoje não se conseguiu plan-tar o pau-rosa em escala comercial. A área do pau-rosa no médio Tapajós, no Pará, sofre com a investida da garimpagem e da pecuária. Andiroba > A andiroba é uma árvore de grande porte que produz um óleo muito empregado na medicina popular como antiinflamatório, contra micoses e para diminuir as dores musculares e de luxações. Diversas nações indígenas misturam o urucum à andiroba para produzir um protetor solar e repelente contra insetos – o que gerou recentemente um produto: a vela de andiroba. A andiroba é um dos produtos mais empregados na indústria de higiene pessoal – na fabricação de sabonetes, xampus e condicionadores. Neem > O neem é uma planta da Índia, adaptada às condições amazônicas, com diversas utili-dades. Seu óleo é usado para a produção de sabonetes, xampus e cremes dentais; os galhos menores são utilizados como escovas de dente descartáveis em comunidades de baixa renda; além de sua madeira possuir grande valor. As folhas, cascas, sementes e óleo são empregados na medi-cina tradicional para diversos fins e para o combate natural às pragas da lavoura. A S F I B R A S São conhecidas dezenas de fibras naturais da Amazônia a partir de seu uso por indígenas e cabo-clos na cestaria, na pesca, na fabricação da moradia e de artefatos diversos. Um dos recentes produtos promissores da Amazônia é o curauá. Esta bromélia, quando seca e desfibrada, é uma excelente substituta para a fibra de vidro dos assentos dos automóveis. Presta-se, igualmente, para filtros e lonas de freios, além de solas de sapatos e tecidos antialérgicos. A vantagem do curauá é que seu plantio pode ser feito nas comunidades tradicionais, em roças familiares, consorciada (dividindo o mesmo espaço) a outras culturas. A fábrica para seu proces-samento pode ser instalada em pequenas vilas, agregando maior renda local. O curauá vem sendo desenvolvido principalmente pelo sistema Poema, da Universidade Federal do Pará, em Santarém e na região de Belém. Além do curauá, vale mencionar o coco-da-baía como outra importante fonte de fibra. Há, no entanto, diversas palmeiras tradicionalmente utilizadas para a produção de fibras: o tucumã, o babaçu, o buriti e o guarumã, apenas para citar algumas. No outro lado da Amazônia, na porção central do Acre, estão os mais extensos bambuzais nativos do Brasil, uma área superior à do estado de Sergipe. No Sudeste Asiático, especialmente na Indonésia e na China, regiões inteiras vivem da exploração dos bambuzais para fins alimentares, energéticos, para a produção de compensados (MDF) e para a produção de fibras vegetais, empre-gando centenas de milhares de pessoas. 84 85
  • 10. L E I T U R A D E I M AG E M Neste programa vimos um pouco da riqueza de idéias dos amazônidas para conseguir conciliar economia e ecologia, visando o crescimento aliado à manutenção da floresta. Uma forma de fazer a “leitura de imagem” é dividir a turma em grupos, de acordo com os conteúdos específicos do programa, e pedir para que cada grupo apresente uma parte (por exemplo, “o manejo de produtos da floresta”, ou “a história e as idéias de Chico Mendes”). Registre tudo no quadro para que os alunos dos outros grupos possam con-tribuir com o que foi apresentado. Dessa forma, todos os conteúdos do vídeo serão trabalhados de forma dinâmica e interativa. Q U A R T O M O M E N T O > Releia para o grupo as definições formuladas na primeira etapa e pergunte se depois da leitura de imagem do programa, essas definições estão de acordo com as idéias ali contidas ou se divergem. > Mantenha os quatro grupos e proponha que cada um pro-cure conhecer diferentes pontos de vista e comportamentos sobre a questão do desenvolvimento sustentável. Possibilidades de enfoques: > O que a minha família pensa sobre Desenvolvimento Sus-tentável e como atua neste processo. (O grupo deverá elaborar um questionário para aplicar em suas famílias e anotar o que se consome no dia-a-dia da casa que se relaciona de alguma forma com os “negócios sustentáveis” da região. Ex: sabonetes, óleos, material de construção...) > O que a população da minha cidade pensa sobre Desen-volvimento Sustentável e como atua neste processo. (O grupo deverá elaborar um questionário para aplicar junto aos transe-untes na porta de suas casas e da escola.) > O que a minha escola pensa sobre Desenvolvimento Sus-tentável e como atua neste processo. (O grupo deverá elaborar um questionário para aplicar na escola de forma a contemplar todos os setores que envolvem a comunidade escolar.) > O que a imprensa pensa sobre Desenvolvimento Sus-tentável e como atua neste processo. (O grupo deverá pesqui-sar nos jornais e revistas todas as matérias que dizem respeito ao assunto e recortá-las.) > Ajude os grupos a redigirem seus questionários, procuran-do criar perguntas que não deixem os entrevistados constrangi-dos, mas que revelem se o conceito de desenvolvimento susten-tável é conhecido, as opiniões e um pouco dos hábitos de con-sumo (se as pessoas procuram saber se o produto desejado tem selo verde ou não...). Q U I N T O M O M E N T O > Análise interna dos grupos quanto ao material coletado. Cada grupo deverá redigir um comentário que expresse uma conclusão dos dados e uma visão crítica do grupo a respeito dos resultados. S E X T O M O M E N T O > Socialização dos trabalhos em grupo. Cada um irá apre- T R A B A L H A N D O C O M O T E M A As atividades sugeridas a se-guir estão relacionadas à pro-posta metodológica de edu-cação ambiental apresentada no caderno 1 do kit. A leitura desse caderno ajudará no desenvolvimento de um projeto de educação ambiental que procura considerar, trabalhar e avaliar as particularidades de cada contexto. Questionando o porquê e para que implementar uma proposta dessa natureza. É importante lembrar que as atividades que se seguem são apenas algumas sugestões possíveis de estruturar o modo como trabalhar no cotidiano da sala de aula com esses temas, aliados a uma prática educacional que valoriza a interdiscipli-naridade, a transdisciplinaridade e a expressão dos conteúdos através de diferentes linguagens artísticas. Esperamos que essas sugestões de atividades se somem ao trabalho já desenvolvido por cada instituição e educador... que sirva como inspiração para que cada um crie e recrie da sua forma. Organizamos as sugestões de duas formas diferentes. A pri-meira segue passo a passo um processo de trabalho com uma proposta determinada, na qual as etapas são cuidadosamente descritas exemplificando um desencadeamento de idéias. A se-gunda sugestão indica outras possibilidades de trabalho com o tema que podem complementar a proposta principal, substitui-la ou somente provocar novas idéias nos professores. S U G E S TÃ O PA S S O A PA S S O > ANTES DE ASSISTIR AO PROGRAMA | SENSIBILIZAÇÃO PARA O TEMA I M P O RTA N T E > O número de aulas ou encontros necessários para o desenvolvimento das etapas propostas aqui dependerá das dife-rentes realidades e interações com os alunos. P R I M E I R O M O M E N T O > Escreva em quatro pedaços de papel as palavras: Desen-volvimento; Sustentabilidade; Renovável; Predatório. > Divida a turma em quatro grupos e entregue a cada um deles um papel com uma destas palavras. > Peça que conversem sobre o que cada um pensa sobre a palavra sorteada e que formulem, em conjunto, um conceito por escrito, que expresse a opinião do grupo. > Abra uma roda de modo que cada grupo leia para os outros o conceito formulado. Após cada leitura, instigue o grupo a se colocar: quem concorda ou quem tem alguma coisa para acrescentar. S E G U N D O M O M E N T O > Assista o programa com a turma. T E R C E I R O M O M E N T O > Reflexões sobre as imagens e conteúdos do programa. 86 87
  • 11. 88 sentar seus resultados, conclusões e opinião crítica para os demais. > Peça que relatem também um pouco do processo de pesquisa: como foram recebidos pelos entrevistados, maiores dificuldades, fatos pitorescos, etc. > Após as apresentações, pergunte como cada um e a escola podem participar do processo de desenvolvimento sustentável da região. Liste as sugestões. S É T I M O M O M E N T O > A partir das sugestões dadas pelos grupos, proponha a realização de uma campanha de divulgação na escola da ex-pressão ‘desenvolvimento sustentável’ para contribuir na cons-cientização da participação de cada um neste processo. > Possibilidades: confeccionar cartazes, elaborar frases, or-ganizar uma exposição de produtos sustentáveis extraídos da floresta, etc. O I TA V O M O M E N T O > Como fehamento, prponha a organização de um debate com diferentes representantes dos diversos segmentos que envolvem um negócio sustentável. Ex: representante de uma cooperativa; um empresário; um jornalista; um deputado; um consumidor... O U T R A S S U G E S T Õ E S D E A T I V I D A D E > Pesquisar sobre a chamada Cultura da Floresta e a sua relação com o desenvolvimento sustentável. > Explorar a questão madereira (queimadas X manejo flores-tal) e tudo que esta por trás desta questão. > Pesquisar os produtos extrativistas: quais são e suas diferentes formas de aproveitamento. Experimente realizar com o grupo todo o processo de aproveitamento de alguma planta nativa. > Proponha visitar uma cooperativa local. B I B L I O G R A F I A ANDERSON, Anthony; CLAY, Jason (orgs.). Esverdeando a Amazônia: comunidades e empresas em busca de práti-cas para negócios sustentáveis, Brasília / São Paulo: Instituto Internacional de Educação do Brasil / Fundação Peirópolis, 2002. BRASIL. Fórum Brasileiro de ONGs e Movimentos Sociais para o Meio Ambiente e Desenvolvimento: a sus-tentabilidade que queremos. Rio de Janeiro: Projeto Brasil Democrático / CUT / Fase, 2002. DEAN, Warren. A luta pela borracha no Brasil, São Paulo: Nobel, 1989. MEIRELLES FILHO, João. O livro de ouro da Amazônia. Mitos e verdades sobre a região mais cobiçada do planeta, Rio de Janeiro: Ediouro, 2004. MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. Causas e dinâmica do desmatamento na Amazônia, Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2001. SAYAGO, Doris; TOURRAND, Jean-François e BURSZTYN, Marcel. Amazônia: cenas e cenários. Brasília, EdUnB, 2004. SCHNEIDER, Robert R.; ARIMA, Eugênio; VERÍSSIMO, Adalberto; BARRETO, Paulo; JÚNIOR, Carlos Souza. Amazônia sustentável: limitantes e oportunidades para o desenvolvimento rural, Belém: Banco Mundial e Imazon, 2000 (Série Parcerias Banco Mundial – Brasil). VEIGA, Jonas Bastos da [et al.]. Expansão e trajetórias da pecuária na Amazônia, Brasília: EdUnB, 2004. I M P O RTA N T E > As atividades práticas e a proposta pedagógica sugeridas neste capítulo mesclam conteúdos de diferentes disciplinas. Elas podem fazer parte de um projeto integrado, no qual cada educador desenvolve suas especificidades, ou serem desenvolvidas por um único educador. É importante ter um projeto de trabalho que estabeleça metas e objetivos, criando um encadeamento das atividades, passo a passo. A intenção e a profundidade do trabalho dependerão das priori-dades e necessidades do grupo. Esteja aberto para as propostas e demandas dos alunos, todo plane-jamento pode e deve ser revisto e avaliado.