Versão integral da edição n.º 10 do quinzenário “O Centro”, que se publica em Coimbra. Director: Jorge Castilho. 20.09.2006.
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Também pode descarregar o documento original. Deve clicar em “Download file”. É necessário que se registe primeiro no slideshare. O registo é gratuito.
Para além de poderem ser úteis para o público em geral, estes documentos destinam-se a apoio dos alunos que frequentam as unidades curriculares de “Arte e Técnicas de Titular”, “Laboratório de Imprensa I” e “Laboratório de Imprensa II”, leccionadas por Dinis Manuel Alves no Instituto Superior Miguel Torga (www.ismt.pt).
Para saber mais sobre a arte e as técnicas de titular na imprensa, assim como sobre a “Intertextualidade”, visite http://www.mediatico.com.pt/manchete/index.htm (necessita de ter instalado o Java Runtime Environment), e www.youtube.com/discover747
Visite outros sítios de Dinis Manuel Alves em www.mediatico.com.pt , www.slideshare.net/dmpa,
www.youtube.com/mediapolisxxi, www.youtube.com/fotographarte, www.youtube.com/tiremmedestefilme, www.youtube.com/discover747 ,
http://www.youtube.com/camarafixa, , http://videos.sapo.pt/lapisazul/playview/2 e em www.mogulus.com/otalcanal
Ainda: http://www.mediatico.com.pt/diasdecoimbra/ , http://www.mediatico.com.pt/redor/ ,
http://www.mediatico.com.pt/fe/ , http://www.mediatico.com.pt/fitas/ , http://www.mediatico.com.pt/redor2/, http://www.mediatico.com.pt/foto/yr2.htm ,
http://www.mediatico.com.pt/manchete/index.htm ,
http://www.mediatico.com.pt/foto/index.htm , http://www.mediatico.com.pt/luanda/ ,
http://www.biblioteca2.fcpages.com/nimas/intro.html
Boas práticas de programação com Object Calisthenics
O Centro - n.º10 – 20.09.2006
1. DIRECTOR J O R G E C A S T I L H O
OPINIÃO
Carlos Carranca
Mário Martins
Paula Beirão Valente
Renato Ávila
Varela Pècurto
PÁG. 14, 19 e 21
| Taxa Paga | Devesas – 4400 V. N. Gaia |
Autorizado a circular em invólucro
de plástico fechado (DE53742006MPC)
ANO I N.º 10 (II série) De 20 de Setembro a 3 de Outubro de 2006 € 1 euro (iva incluído)
PRESIDENTE DA “REN” EM ENTREVISTA AO “CENTRO”:
Transportes têm de modificar-se
para poupança de energia
Numa altura em que as questões energéticas estão, tões, mesmo às mais incómodas (como é o caso das
mais do que nunca, na ordem do dia, condicionando a centrais nucleares), o eng. José Penedos pronuncia-se
evolução política e o desenvolvimento económico da sobre o presente e o futuro do sector energético e su-
Humanidade, o “Centro” foi entrevistar o Presidente gere algumas medidas para enfrentar os problemas do
da REN (Rede Eléctrica Nacional). Sem fugir às ques- referido sector. PÁG. 4 e 5
NA ZONA DA FIGUEIRA DA FOZ, SITUAÇÃO INÉDITA NA EUROPA
“Baleia-Piloto” bebé sobrevive
graças a exemplar apoio
MUSEU NACIONAL DA CIÊNCIA E DA TÉCNICA DOUTOR MÁRIO SILVA
Director demissionário queixa-se
Uma “Baleia-Piloto” bebé que deu à costa no final de Agosto, está a sobreviver num
de falta de apoios da tutela
centro de apoio na zona da Figueira da Foz, graças a um exemplar acompanhamen- Criado em Coimbra pelo Professor Mário Silva (um ilustre físico que trabalhou
to que funciona 24 horas por dia. Este caso de sobrevivência é único na Europa e com Madame Curie e foi perseguido pelo regime salazarista), o Museu Nacional
deve-se a um grupo de pessoas que se revezam para prestar assistência ao simpático da Ciência e da Técnica está a passar por uma crise muito profunda. O Director
bebé. Mas esse apoio tem custos muito elevados, e o grupo precisa de auxílio dos demissionário, em declarações ao “Centro”, queixa-se do abandono a que o Museu
amigos dos animais para que o seu esforço seja coroado de êxito. PÁG. 9 tem sido votado pela tutela. PÁG. 6 e 7
DESPORTO REPORTAGEM ASSINE O “CENTRO”
E GANHE OBRA DE ARTE Assinantes
Capitão Por que é do “Centro”
da Naval que os carros com 10%
quer jogar têm de desconto
mais as cores na compra
três épocas que têm? de livros
PÁG. 2 e 3
PÁG. 16 PÁG. 10 a 12
2. 2 DE 20 DE SETEMBRO A 3 DE OUTUBRO DE 2006
EDITORIAL
O Sol não nasce para todos…
E, releve-se a presunção e imodéstia, portuguesa pós-Revolução de Abril. Muitas go após esta espaventosa chegada, será ver
será injusto pensar que tal é coisa pouca! vezes mais irreverente do que independen- e vencer. Oxalá assim aconteça, mas sem
Este sector da imprensa escrita é muito te, não raro excessivo e pouco correcto, a que tal signifique o ocaso do “Expresso” –
complexo! Nele se podem encontrar pro- verdade é que esse semanário criou um uma instituição algo anquilosada, mas que
jectos verdadeiramente jornalísticos, que novo estilo, ousou fazer rupturas e contri- se espevitou para enfrentar a ameaça e não
visam apenas alcançar a nobre função de buiu para o desenvolvimento – e rejuvenes- facilitar a vida ao atrevido adversário que
Jorge Castilho informar de maneira isenta, a par com ou- cimento – de uma imprensa escrita mais ou dele próprio foi gerado.
jorge.castilho@zmail.pt tros que se servem dos jornais para embru- menos acomodada, e em alguns casos (Dele e de uns milhões de euros, que é
lhar e apoiar interesses menos claros. mesmo adormecida. coisa que dá sempre jeito para bem poder
Após a anunciada pausa estival, o “Centro” É, também, um sector vulnerável às tur- Depois do “Século”, do “Diário de Lis- construir projectos de grande envergadura…).
regressa ao convívio dos seus leitores. bulências, como demonstram dois recentes boa”, de “O Comércio do Porto”, de “A Saúda-se o recém-chegado, pois a dispu-
É bom estar de volta! exemplos de cariz oposto. Capital”, e de mais alguns outros prestigia- ta com o velho senhor promete ser benéfi-
Reconforta saber que, embora lutando Por um lado, o fim de “O Indepen- dos títulos que foram ficando pelo cami- ca para quem continua a apreciar a leitura
com dificuldades de ordem vária, conse- dente”; pelo outro, o nascimento do “Sol”. nho, chegou agora ao “Indy” a inevitabili- de jornais.
guimos ir vencendo os obstáculos e vamos Quanto ao “Indy” (designação carinhosa dade de fechar as páginas. Quanto a nós, que jogamos noutro cam-
levando até aos que em nós confiam um que lhe concediam leitores fiéis), é com Em compensação (mais desejável seria a peonato, cá continuaremos a tentar fazer o
jornal que se orgulha da sua independên- muita tristeza que vejo desaparecer um títu- acumulação…), surgiu um “Sol” brilhante melhor que pudermos e nos deixarem.
cia. lo que teve relevante papel na imprensa de vaidade, ambicioso, convicto de que lo- Mas, repito, é bom estar de volta!
VENDE-SE Blogue ao Centro
Prédio de habitação
O “Centro” tem já em fase adiantada
a construção da sua edição on line, que
OS LEITORES
devoluto
dentro em breve será disponibilizada ao
A PARTICIPAREM
público. E, indo ainda mais longe, gostaría-
Trata-se de um passo coerente com a mos que os leitores tivessem uma efec-
importância que temos vindo a dedicar tiva participação nos conteúdos de
à Internet, nomeadamente através da cada edição do “Centro”, enviando-nos
secção “Ideias Digitais”, que continua a textos e imagens que entendam terem
merecer críticas muito positivas, já que interesse para publicação (e que edita-
NUM DOS MELHORES
nela Inês Amaral nos indica alguns dos remos se, efectivamente, preencherem
sítios mais originais e com maior interes- os indispensáveis requisitos para esse
se, em áreas muito variadas deste fasci- efeito).
nante mundo virtual que é a Internet. Os textos deverão ser curtos e focar
LOCAIS DE COIMBRA
Mas enquanto o nosso “site” não está questões de interesse geral, ou então
disponível, queremos estreitar os laços casos insólitos ou relevantes.
com os nossos leitores através de outro Quanto às imagens, podem ser
meio de comunicação virtual que está a mesmo as captadas por telemóvel (em-
crescer e a vulgarizar-se de forma es- bora, naturalmente, seja preferível obtê-
pantosa: os blogues. -las com máquinas digitais ou enviá-las
(Rua Pinheiro Chagas,
Assim, criámos um blogue, cujo en- em papel, para melhorar a qualidade da
dereço é reprodução), e deverão identificar o res-
mesmo junto à Avª Afonso Henriques)
pectivo autor, a data e o local onde
http://jornalcentro.blogspot.com foram recolhidas e o que documentam.
Este blogue está disponível para os O desafio aqui fica, esperando que
leitores nos remeterem as suas críticas, rapidamente comece a merecer respos-
Informa telemóvel 919 447 780 mas também as suas sugestões. ta de muitos leitores.
Assinantes do “Centro” com 10% de desconto
Director: Jorge Castilho
(Carteira Profissional n.º 99) na compra de livros
Propriedade: Audimprensa
No sentido de proporcionar mais alguns to que proporcionamos aos assinantes do ligar para o 239 854 150 para fazer a sua
Nif: 501 863 109 benefícios aos assinantes deste jornal, o “Centro” assume especial significado (isto assinatura, ou solicitá-la através do e-mail
“Centro” acaba de estabelecer um acordo é, só com o que poupa por um filho fica centro.jornal@gmail.com.
Sócios: Jorge Castilho e Irene Castilho com a livraria on line “livrosnet.com” (ver pago o valor anual da assinatura). São apenas 20 euros por uma assinatura
rodapé na última página desta edição). Mas este desconto não se cinge aos anual – uma importância que certamente
Inscrito na DGCS sob o n.º 120 930
Para além do desconto de 10%, o assi- manuais escolares. Antes abrange todos os recuperará logo na primeira encomenda de
Composição e montagem: Audimprensa - nante do “Centro” pode ainda fazer a en- livros e produtos congéneres que estão à livros.
Rua da Sofia, 95, 3.º comenda dos livros de forma muito cómo- disposição na livraria on line “livrosnet”. E, para além disso, como ao lado se in-
3000-390 Coimbra - Telefone: 239 854 150 da, sem sair de casa, e nada terá a pagar de Aproveite esta oportunidade, se já é assi- dica, receberá ainda, de forma automática e
Fax: 239 854 154 custos de envio dos livros encomendados. nante do “Centro”. completamente gratuita, uma valiosa obra
e-mail: centro.jornal@gmail.com
Numa altura em que se aproxima o iní- Caso ainda não seja, preencha o boletim de arte de Zé Penicheiro – trabalho original
Impressão: CIC - CORAZE cio de um novo ano lectivo, e em que as que publicamos na página seguinte e envie-o simbolizando os seis distritos da Região
Oliveira de Azeméis famílias gastam, em média, 200 euros em para a morada que se indica. Centro, especialmente concebido para este
Tiragem: 10.000 exemplares
material escolar por cada filho, este descon- Se não quiser ter esse trabalho, bastará jornal pelo consagrado artista.
3. DE 20 DE SETEMBRO A 3 DE OUTUBRO DE 2006 SOCIEDADE 3
REVELADO ONTEM PELO GOVERNO Empresa
Em Portugal há cerca “Águas de Coimbra”
pioneira em gestão
No âmbito do plano de modernização
de 738 mil funcionários públicos das novas tecnologias de informação, a em-
presa municipal “Águas de Coimbra” cele-
brou ontem um contrato de implementação
O total de funcionários públicos ascende vela que os restantes funcionários públicos serviços apoio, administração regional e au- de um sistema avançado de informação de
a 737.774, 70 por cento dos quais na admi- pertencem à administração autárquica tónoma e administração autárquica, inde- gestão (ERP). Segundo os responsáveis
nistração directa e indirecta do Estado, ór- (130.650 trabalhadores ou 17,7 por cento pendentemente da sua natureza (nomeação, daquela empresa, “em termos de estratégia
gãos de soberania e respectivos serviços de do total) e à administração regional e autó- contrato administrativo de provimento, está em causa obter ganhos assinaláveis ao
apoio, revelou ontem (terça-feira) a Base de noma (38.740 trabalhadores ou 5,3 por contrato de trabalho por tempo indetermi- nível da gestão, que se vão traduzir na ex-
Dados dos recursos humanos da adminis- cento). nado ou a termo resolutivo). celência do serviço aos consumidores”.
tração pública. A BDAP inclui todo o pessoal que A base de dados inclui ainda prestações O consórcio Edinfor/ Oracle foi escolhi-
A Base de Dados (BDAP), ontem apre- detém uma relação jurídica de emprego de serviço (tarefa e avença), tal como acon- do pela “Águas de Coimbra” para o projec-
sentada pelo Secretário de Estado da com a administração directa e indirecta do teceu no último recenseamento feito na to de implementação das soluções ERP e
Administração Pública, João Figueiredo, re- Estado, órgãos de soberania e respectivos Administração Pública, em 1999. UBS. A primeira refere-se a um sistema de
gestão global da empresa, que afecta trans-
versalmente todas as áreas de gestão. A se-
gunda incide especificamente sobre a área
CONFERÊNCIA NA UNIVERSIDADE ANO LECTIVO INICIOU-SE ANTEONTEM comercial. O contrato prevê a implemen-
ABERTA DE COIMBRA tação, em 12 meses, da solução integrada de
Escola de Hotelaria e Turismo backoffice, que inclui as componentes finan-
A criança de Coimbra com cerca de 500 alunos ceira, de stocks, de Recursos Humanos, de
e a matemática projectos e de exploração, bem como a
A Escola de Hotelaria e Turismo de Coim- de Especialização Tecnológica com certificação gestão da manutenção da rede.
“A criança e a matemática: estratégias de bra iniciou anteontem (dia 18), o ano lectivo, profissional de nível IV). Ainda segundo os responsáveis da em-
motivação” – eis o tema da conferência a pro- com uma sessão de boas-vindas aos alunos. O número total de alunos da Escola ascende presa, “a implementação da solução de
ferir em Coimbra na quinta-feira da próxima São 125 os “caloiros” desta prestigiada esco- a cerca de meio milhar, incluindo mais de duas backoffice na Águas de Coimbra vai permi-
semana (dia 28), por Darlinda Moreira e Isolina la dependente do INFTUR (Instituto de centenas que frequentam os 2º e 3º anos dos tir aumentar a eficiência da empresa, com a
Oliveira, docentes da Universidade Aberta. Formação Turística), distribuídos pelos cursos cursos de nível III e os finalistas de Gestão Ho- automatização de processos e com a elimi-
A conferência, com entrada livre, inicia-se às de Cozinha, Restaurante/Bar e Turismo (nível teleira, a que se juntam mais 116 no Núcleo nação do papel. Outra mais-valia é a central-
18 horas, na Delegação de Coimbra da referida III de qualificação profissional, com equivalên- Escolar do Fundão, tutelado pela escola de ização e o controlo da informação que per-
Universidade (Rua Alexandre Herculano, nº 52 cia ao 12º ano de escolaridade) e do curso/itine- Coimbra, reconhecida como um exemplar esta- mitirá ganhos ao nível da gestão”.
– frente à estátua do Papa João Paulo II). rário de formação em Gestão Hoteleira (Curso belecimento de ensino nesta área.
APENAS 20 EUROS POR UMA ASSINATURA ANUAL! Jornal “CENTRO”
Rua da Sofia. 95 - 3.º
3000–390 COIMBRA
Assine o jornal “Centro” Poderá também dirigir-nos o seu pedi-
do de assinatura através de:
telefone 239 854 156
e ganhe valiosa obra de arte fax 239 854 154
ou para o seguinte endereço
Nesta campanha de lançamento do jor- nio arquitectónico, de deslumbrantes pai- terá sempre bem informado sobre o que de e-mail:
nal “Centro” temos uma aliciante propos- sagens (desde as praias magníficas até às de mais importante vai acontecendo nesta centro.jornal@gmail.com
ta para os nossos leitores. serras verdejantes) e, ainda, de gente hos- Região, no País e no Mundo.
De facto, basta subscreverem uma assi- pitaleira e trabalhadora. Tudo isto, voltamos a sublinhá-lo, por Para além da obra de arte que desde já lhe
natura anual, por apenas 20 euros, para au- Não perca, pois, a oportunidade de rece- APENAS 20 EUROS! oferecemos, estamos a preparar muitas ou-
tomaticamente ganharem uma valiosa obra ber já, GRATUITAMENTE, esta magní- Não perca esta campanha promocional, tras regalias para os nossos assinantes, pelo
de arte. fica obra de arte, que está reproduzida na e ASSINE JÁ o “Centro”. que os 20 euros da assinatura serão um ex-
Trata-se de um belíssimo trabalho da primeira página, mas que tem dimensões Para tanto, basta cortar e preencher o celente investimento.
autoria de Zé Penicheiro, expressamente bem maiores do que aquelas que ali apre- cupão que abaixo publicamos, e enviá-lo, O seu apoio é imprescindível para que o
concebido para o jornal “Centro”, com o senta (mais exactamente 50 cm x 34 cm). acompanhado do valor de 20 euros (de “Centro” cresça e se desenvolva, dando
cunho bem característico deste artista plás- Para além desta oferta, passará a receber preferência em cheque passado em nome voz a esta Região.
tico – um dos mais prestigiados pintores directamente em sua casa (ou no local que de AUDIMPRENSA), para a seguinte
portugueses, com reconhecimento mesmo nos indicar), o jornal “Centro”, que o man- morada: CONTAMOS CONSIGO!
a nível internacional, estando representado
em colecções espalhadas por vários pontos
do Mundo.
Neste trabalho, Zé Penicheiro, com o Desejo receber uma assinatura do jornal CENTRO (26 edições).
seu traço peculiar e a inconfundível utiliza-
ção de uma invulgar paleta de cores, criou Para tal envio: cheque vale de correio no valor de 20 euros.
uma obra que alia grande qualidade artísti-
ca a um profundo simbolismo.
De facto, o artista, para representar a Nome:
Região Centro, concebeu uma flor, com-
posta pelos seis distritos que integram esta Morada:
zona do País: Aveiro, Castelo Branco,
Coimbra, Guarda, Leiria e Viseu. Localidade: Cód. Postal: Telefone:
Cada um destes distritos é representado
por um elemento (remetendo para respec- Profissão: e-mail:
tivo património histórico, arquitectónico
ou natural).
A flor, assim composta desta forma tão Desejo receber recibo na volta do correio N.º de contribuinte:
original, está a desabrochar, simbolizando
o crescente desenvolvimento desta Região Assinatura:
Centro de Portugal, tão rica de potenciali-
dades, de História, de Cultura, de patrimó-
4. 4 ENTREVISTA DE 20 DE SETEMBRO A 3 DE OUTUBRO DE 2006
PRESIDENTE DA “REN” EM ENTREVISTA AO “CENTRO”:
“A melhor energia é a que
Numa altura em que a uma disputa de preços com a Ucrânia.
problemática da energia emerge, Acresce que há notícias de que Rússia
em todo o Mundo, como uma das está a construir um gasoduto para a
mais relevantes, em termos China, que depressa pode vir a tornar-
políticos e económicos, o -se num mercado alternativo e bem
mais apetecível, em termos económicos
“Centro” foi ouvir o Presidente da
mas também políticos. Como avalia
REN (Rede Eléctrica Nacional). esta situação do gás natural em termos
Das energias alternativas até à mundiais? E qual a situação de
hipótese nuclear, passando pela Portugal, também no que respeita ao
liberalização do mercado ibérico, abastecimento através do Norte de
José Penedos não se furtou África?
a responder a qualquer uma das
JP – É verdade que o gás natural também
diversas questões que lhe oferece o risco de subidas significativas.
colocámos. Uma entrevista que Portugal, para além do abastecimento por
faz luz sobre alguns aspectos gasoduto a partir do Norte de África, dispõe
menos claros que condicionam de um terminal de gás liquefeito, em Sines, e
esta área tão importante como de instalações de armazenamento subterrâ-
neo, no Carriço-Pombal, o que lhe dá uma
complexa.
certa capacidade negocial. Mas, naturalmen-
te, isso não será suficiente para obviar a ten-
Jorge Castilho dência de subida que se tem registado.
CENTRO – Em declaração conjunta,
na sua recente reunião na Rússia, os lí-
DECISÃO SOBRE
deres dos países que integram o G8 su-
CENTRAL NUCLEAR
blinharam ser a energia essencial para
DEVE SER SUPORTADA
melhorar a qualidade de vida e as opor- PELA SOCIEDADE
tunidades para os países desenvolvidos
e em vias de desenvolvimento, acrescen- CENTRO – Perante os problemas
tando ser um desafio para o G8, e para a dos combustíveis fósseis, alguns países,
Humanidade em geral, assegurar reser- José Penedos como o Reino Unido, voltam a equacio-
vas de energia suficientes, respeitando o nar a opção por centrais nucleares de
Ambiente e a preços razoáveis. Se este Estas reflexões levam-nos a que o pri- ser, mercê dos anunciados avanços tecnoló- nova geração. Julga que para os países
parece ser um desígnio consensual, já a meiro passo será o da redução dos consu- gicos da descarbonização, um combustível com maiores necessidades energéticas
sua concretização se antevê nada fácil. mos como uma das principais formas de com importância crescente. é inevitável o recurso à fissão e/ou à
Quais são, na sua perspectiva, os cami- prolongar as reservas de energia. Será dese- fusão nucleares?
nhos mais exequíveis para tentar atin- jável que as economias emergentes quei-
gir-se este objectivo global? mem as etapas por que passaram as socie- JP – Não podemos ignorar que a energia
É DE ESPERAR
dades que hoje ocupam os lugares cimeiros. eléctrica obtida a partir da nuclear é uma
CONTINUAÇÃO
José Penedos (JP) – O paradigma em Do lado da oferta, as energias renováveis forma limpa e que faria frente às instabili-
DOS PREÇOS ALTOS
que se desenvolveram os países mais avan- terão um papel cada vez mais relevante. Os dades que se observam com os restantes
çados baseou-se na substituição massiva da transportes, nas próximas décadas, em que CENTRO – O brutal aumento do combustíveis fósseis. A fissão tem, como se
força muscular por energias baratas. A o petróleo deixará de ser competitivo, terão custo do petróleo, a par com a instabili- sabe, o problema dos resíduos radioactivos
Humanidade tem hoje consciência de que que ser substancialmente diferentes dos ac- dade política no Médio Oriente, que e o do risco dos acidentes. Até agora houve
aquele paradigma mudou. Daí que a susten- tuais. nos últimos tempos se agudizou, tem muito poucos e todos acreditamos na fiabi-
tabilidade do desenvolvimento terá que Na produção de electricidade, o gás na- levado a que se intensifique a busca de lidade da engenharia quando entramos, por
buscar soluções diferentes. As casas, por tural passou a ter um papel relevante, até alternativas. Ainda assim, a sociedade exemplo, num avião. A fusão, quando esti-
exemplo, construídas sem preocupações re- porque as suas reservas têm uma previsão contemporânea tem uma enorme de- ver comercializada, e é anunciada para
lativas à eficiência energética, são uma das de esgotamento maior (100 anos). Mas a pendência dos combustíveis fósseis, daqui a 30 anos, não terá os mesmos pro-
grandes causas para os elevados consumos. evolução do preço acompanha muito de que não pode modificar-se de um dia blemas e será um grande salto na obtenção
O transporte, facilitador da mobilidade, é a perto o do petróleo. O carvão, com reser- para o outro. Quais são as suas previ- de energia eléctrica. E se não se mudar o
maior. vas previstas até daqui a 200 anos, volta a sões no que concerne à evolução dos paradigma actual do desenvolvimento das
mercados do petróleo? sociedades, apostando mais na eficiência do
uso global da energia, parece inevitável re-
JP – Pode considerar se haver défice de correr a esta fonte de energia primária. Em
refinação face às necessidades actuais e às todo o caso, uma decisão sobre uma central
de grandes países como a China. As refina- nuclear, nomeadamente a fissão, deve ser
rias estão a trabalhar ao máximo. À mínima suportada pela sociedade, pelos factores en-
perturbação os preços disparam. É, pois, de volvidos que são os de localização, risco de
esperar uma continuação de preços altos exploração e destino a dar aos resíduos.
que mais ajudarão à procura de alternativas.
CENTRO – E no que respeita a
CENTRO – Também no que respei- Portugal? Apesar do actual Primeiro-
ta ao gás natural a situação mundial é Ministro afirmar que essa é uma ques-
complexa. Uma recente sondagem da tão que não está na agenda do actual
BBC, abrangendo 20 mil pessoas em 19 Governo, alguns empresários não es-
países, mostrou que 45% dos inquiridos condem o seu interesse pela construção
confiavam na Rússia como seu abaste- de uma central nuclear no nosso País.
cedor de energia. A verdade é que já Qual a sua posição sobre esta matéria?
este ano a Gazprom, que tem o mono-
pólio do gás natural na Rússia, cortou o JP – Não estando na agenda do actual
abastecimento à Europa por causa de governo, a possibilidade só deve ser consi-
“A energia eólica é a que claramente está a ter uma maior evolução, podendo vir a
contribuir muito significativamente se se conseguir instalar todo o potencial existente”
5. DE 20 DE SETEMBRO A 3 DE OUTUBRO DE 2006 ENTREVISTA 5
não é necessário gastar”
derada quando incorporada na Estratégia deveriam ser tomadas para atenuar esta
Nacional para a Energia. É bom que a socie- realidade?
dade vá formando a sua própria opinião, de
modo a que se possa pronunciar, na altura JP – Impõe se criar uma consciência de
própria, com clareza. cidadania. A melhor energia é aquela que
não é necessário gastar. Uma unidade de
energia é valiosa e, como tal, deve ser cor-
rectamente valorada de forma a reflectir os
ENERGIA EÓLICA
custos ambientais, também. Com valores
É A QUE ESTÁ A TER
claros, cada cidadão europeu terá a sua
MAIOR EVOLUÇÃO
oportunidade de escolher em consciência.
CENTRO – Começa a haver um maior Valerá a pena, em paralelo com isto, ensinar
interesse pelas energias renováveis, quer nas escolas toda a problemática energética
em termos internacionais, quer no nosso para que as novas gerações tenham melhor
País. Hídrica, eólica, solar – qual o papel preparação que lhes permita lidar com o
que cada uma delas pode vir a assumir em novo paradigma que vão encontrar e que
Portugal, em termos percentuais, relativa- Quanto à energia nuclear, “é bom que a sociedade vá formando a sua própria opinião, não é o mesmo dos seus antecessores.
mente às necessidades de consumo? de modo a que se possa pronunciar, na altura própria, com clareza”
CENTRO – Qual é, em síntese, o
JP – A energia eólica é a que claramente estão a ser aproveitadas com culturas “ener- de futuro relativamente a este complexo papel da REN, e quais os seus principa-
está a ter uma maior evolução, podendo vir géticas”. problema energético para os seus is projectos a curto e médio prazo?
a contribuir muito significativamente se se Estados-membros? Quais deveriam ser
conseguir instalar todo o potencial existen- as linhas-mestras dessa política? JP – A REN é concessionária do estado
te. A grande hídrica ainda pode quase que para o transporte de energia eléctrica e,
REDE EUROPEIA
dobrar, isto é, chegar aos 8000 MW de po- JP – De uma forma geral elas estão refe- muito proximamente, sê lo á, também, para
DE ENERGIA É DESÍGNIO
tência instalada. A solar está numa fase um renciadas no Livro Verde para a Energia o do gás natural. Cabe lhe, no âmbito das
DE SOLIDARIEDADE
tanto experimental, com uma fotovoltaica que destaca seis aspectos principais. Para correspondentes concessões, construir e
que não virá a ter grande futuro pelo seu CENTRO – Que alterações, positi- além do desenvolvimento dos mercados do manter as respectivas Redes de Transporte
baixo rendimento, mas a ser substituída vas e negativas, pode sentir o consumi- gás e da electricidade, de um cabaz energé- e controlar os processos para que ambas as
pelas nanotecnologias e por utilização de dor português perante a liberalização tico mais sustentável, eficiente e diversifica- formas de energia nunca faltem em Por-
fluidos que podem gerar vapor por efeito do mercado ibérico de energia? do, de uma abordagem integrada para com- tugal.
de aquecimento a algumas centenas de bater as alterações climáticas, de um plano No âmbito da electricidade está previsto
graus que pode ser usado como nas turbi- JP – É das leis dos mercados eficientes estratégico para as tecnologias energéticas, um investimento da ordem de mil milhões
nas de outras centrais térmicas. A biomassa que a livre concorrência conduz aos melho- de uma política energética externa comum, de euros, num horizonte de cinco anos para
terá, também, um contributo importante. O res preços para o consumidor. Haver um destacaria a segurança do aprovisionamen- continuar a desenvolver a rede de transpor-
“mix” de fontes primárias de energia apon- mercado é, pois, uma situação potencial- to mediante uma solidariedade institucional te de forma a permitir ligar os novos cen-
ta, assim, para 40% de renováveis, 30% de mente favorável. O mercado ibérico é entre os Estados Membros, com a criação tros produtores, sobretudo, os baseados em
carvão “limpo” e 30% de gás natural em muito condicionado pelo maior país, a de um observatório europeu para o aprovi- energias renováveis, e libertar a rede de es-
2025, na produção de energia eléctrica. Espanha, tanto mais que há ainda restrições sionamento, ou estrutura semelhante, que trangulamentos para que se possa imple-
Esta, no entanto, representa apenas cerca de capacidade na fronteira com o resto da dê resposta a um eventual risco de ruptura. mentar um verdadeiro mercado de electrici-
de 18% da energia total de que o país neces- Europa, dada a fraqueza nas interligações Haverá, no entanto, que ter em conta toda dade. Neste âmbito estão, ainda, incluídas
sita. Os restantes 82% são gastos nos entre a Espanha e a França. Mas o mercado a diversidade da Europa e o respeito pelas as novas interligações com Espanha no
transportes e na indústria e serviços. Esta é ibérico será um contributo para o mercado opções de cada Estado, nomeadamente Alto Minho, na zona do Douro Internacio-
uma das partes mais difíceis do problema. interno europeu da electricidade, anunciado quanto ao mix de produção, não sendo de nal e no Algarve, podendo ainda vir a sur-
O caminho-de-ferro, consumindo electrici- como um factor de esperança para gerar realçar a aposta na criação de condições gir uma outra na fronteira de Trás-os-Mon-
dade, deveria substituir o grande transpor- maior competitividade para a Europa, e para maior garantia de abastecimento. tes por razões ligadas com a evolução da
te. O automóvel terá que ser optimizado se- para concretizar, à escala regional, o para- produção eólica.
guindo a linha de alguns construtores com digma duma rede europeia de energia que A REN vai, entretanto, passar por uma
veículos híbridos e possibilidade de carga está constituída em desígnio de solidarieda- fase de crescimento com a junção dos já re-
ESCOLAS DEVEM
durante a noite o que até ajudaria a unifor- de entre os povos dos estados membros da feridos activos do gás natural a que se se-
ENSINAR PROBLEMÁTICA
mizar o diagrama de carga do consumo de União. guirá uma fase de dispersão de capital em
ENERGÉTICA
electricidade em cada país. Os transportes bolsa. Constituir se á assim um grupo de
públicos, consumindo biodiesel, ajudariam CENTRO – A UE tem alguma polí- CENTRO – Apesar das crescentes empresas interessante para os investidores
a reconverter zonas do território que não tica concertada, coerente e com visão dificuldades no sector, continua a assis- com gosto pelo aforro em títulos de empre-
tir-se a um generalizado desperdício sas mais seguras porque não flutuam signi-
energético, e não só por parte dos con- ficativamente com os altos e baixos das bol-
sumidores domésticos. Que medidas sas, por se tratar de activos regulados.
Bush defende nuclear
O presidente norte-americano, George W. Bush, defendeu, no início do corrente
mês, o recomeço da construção de centrais nucleares para reduzir a dependência dos
Estados Unidos em relação ao petróleo.
“Devemos ser agressivos para promover novas tecnologias, em particular no
domínio da energia”, disse.
“Na minha opinião, este país devia continuar a desenvolver a energia nuclear se quer-
emos tornar-nos menos dependentes de fontes de energia estrangeiras”, defendeu.
Citou também o etanol como fonte de energia alternativa ao petróleo.
Os Estados Unidos deixaram de construir centrais nucleares desde o acidente de
Three Mile Island (Pensilvânia, leste), a 28 de Março de 1979. Uma centena de cen-
trais naquele país produz actualmente cerca de 20 por cento da electricidade na-
“A grande hídrica ainda pode quase que dobrar, isto é, chegar aos 8000 MW de po- cional, muito atrás do carvão.
tência instalada”
6. 6 REPORTAGEM DE 20 DE SETEMBRO A 3 DE OUTUBRO DE 2006
FALTA DE APOIOS TORNA COMPLICADA A SUA EXISTÊNCIA E ACTIVIDADE
Museu Nacional da Ciência e da
Fábio Moreira
A comemorar o trigésimo aniversário desde
a sua criação oficial, o Museu Nacional da
Ciência e da Técnica (MNCT), em Coimbra,
atravessa momentos conturbados. O respecti-
vo Director, Paulo Gama Mota, afirmou ao
“Centro” que o propósito inicial do Museu era
“criar um repositório da memória da ciência e
tecnologia produzida no nosso país e a sua di-
vulgação e contribuição para a evolução tecno-
lógica e científica”. Mas acrescentou que tal
objectivo “só muito parcialmente está a ser
atingido”.
Os problemas que o Museu atravessa são
principalmente de ordem financeira, um
pouco como no resto do País. Segundo Paulo
Gama Mota, o Ministério da Ciência,
Tecnologia e Ensino Superior (MCTES), que
tutela o Museu, tem votado este ao abandono,
não dispondo de qualquer tipo de apoio.
A instabilidade tem sido tal que o Museu es-
teve já quase para encerrar portas. “Durante o
mandato PSD de Santana Lopes houve uma
decisão de reconversão do Museu, que entre-
tanto não se fez pela súbita queda do governo”
revela-nos o Director. Já com José Sócrates e o
PS no comando dos destinos do país surgiu
uma nova ideia “de entregar o Museu a outra
entidade, retirando-o da administração central,
Uma das peças do espólio do Museu Nacional da Ciência e da Técnica que pode ser vista actualmente no claustro do Colégio
mas o processo nunca foi claro e nunca fui in-
das Artes
formado do que pretendiam na realidade fazer, o Museu Nacional da Ciência e da Técnica Mas, apesar de tudo, o Museu tem man- mostra. Contudo, houve um projecto em
pelo que as coisas se vão arrastando” - queixa- vai vivendo apenas de exposições temporá- tido alguma actividade. Actualmente está colaboração com o Visionarium de Santa
se Paulo Gama Mota. rias desde 1999, desde que passou a estar em patente ao público, desde Maio e até Maria da Feira para expor esses objectos,
sob a alçada do MCTES. “Queria exposi- Novembro, a exposição “À Luz de Eins- mas não se conseguiram reunir os financia-
ções permanentes, até para ter algum pólo tein”, que esteve em 2005 na Fundação mentos necessários”.
de atracção constante, mas não disponho Calouste Gulbenkian, aquando das come- Paulo Gama Mota lamenta toda esta si-
ESCASSA ACTIVIDADE
de apoios financeiros para tal, apesar de es- morações dos 100 anos das publicações do tuação, pois “o museu tem características
POR FALTA DE MEIOS
Tudo isto já levou o Director a apresen- tarem prometidos” justifica-se o Director. famoso físico alemão. Esta mostra pode ser únicas, com todas as condições para ser um
tar a demissão, decorria o ano de 2005. No Como seria de esperar, esta situação tem vista nas instalações do Museu no Colégio museu moderno com um papel importante
entanto, o Ministério apelou a Paulo Gama consequências negativas. “Tem continuado a das Artes (antigos Hospitais da Universi- na contribuição para a cultura cientifica na-
Mota para continuar até à sua substituição, haver alguma adesão do público, mas não dade de Coimbra). cional”, afirma.
situação que se vai mantendo. Deste modo, aquela que poderíamos e gostaríamos de ter”, O MNCT possui uma notável colecção A concluir, o Director demissionário do
reitera Paulo Mota. E continua: “O museu sobre Leonardo da Vinci, mas que não está Museu Nacional da Ciência e da Técnica,
tem perdido pessoal e não tem havido mais acessível ao público. O “Centro” questio- deixou no ar uma interrogação, semelhante
Exposição contratações. Para chegar ao público é preci- nou Paulo Gama Mota sobre as razões que a outras que há muitos anos vêm sendo le-
so ter uma atitude agressiva na divulgação, impedem que essa interessante mostra este- vantadas por outras prestigiadas entidades,
“À Luz mas para isso são necessários recursos”. ja indisponível, numa altura em que tanto se e que talvez possa assim traduzir-se: será
Projectos para o futuro também são difí- fala do genial e polivalente erudito italiano. exactamente por isso, pela sua importância,
de Einstein” ceis de delinear face à situação demissioná- Nas palavras do Director, “qualquer museu que há quem queira que o Museu de Coim-
ria do Director. não tem sempre o seu património todo à bra definhe?
Como se refere no texto principal, no
Museu está patente uma exposição intitu-
lada “À luz de Einstein”, que pode ser vi-
sitada, de segunda-feira a sexta-feira, das
9h00 às 12h30 e das 14h00 às 17h30 (o Mário Silva (1901-1977)
acesso é gratuito).
Sobre o certame diz o “site” do Museu: Mário Augusto da Silva nasceu em Coimbra em 1901. Licenciou-se em Ciências
“O Museu Albert Einstein publicou, Físico-Químicas, com 19 valores, na Universidade de Coimbra, seguindo depois para
em 1905, quatro artigos que vieram revo- França, onde se doutorou, em 1929 no Instituto do Rádio de Paris, tendo sido colabo-
lucionar os conceitos da física. A revolu- rador de Marie Curie. Professor catedrático na Universidade de Coimbra, dirigiu o
ção desencadeada por estes trabalhos foi Laboratório de Física e lançou vários projectos, entre os quais a criação do Museu
de tal forma importante que a física se Pombalino de Física da Faculdade de Ciências de Coimbra. Como resultado do seu en-
transformou profundamente. Foram volvimento político em organizações anti-fascistas e pela sua conduta sempre interven-
estas novas ideias que permitiram todo o tiva na promoção dos ideais democráticos, foi preso pela primeira vez em 1946. A per-
desenvolvimento da ciência no século seguição política de que foi alvo durante toda a sua vida teve como ponto culminante a
XX, que está na base da tecnologia actual sua aposentação compulsiva da Universidade. Impossibilitado de prosseguir a sua bri-
e da nossa visão do mundo. Sem esta rup- lhante carreira académica e científica, e para poder sustentar a família numerosa, foi su-
tura não teríamos computadores, televi- cessivamente vendedor de espumantes e consultor científico de uma grande empresa.
sões e telemóveis, viagens pelo espaço, bi- Em 1971 vê finalmente concretizado um sonho da adolescência, ao ser nomeado
otecnologia, nem a compreensão actual Presidente da Comissão de Planeamento do Museu Nacional da Ciência e da Técnica.
da origem e evolução do Universo. A ex- Tal nomeação ficou a dever-se ao então Ministro da Educação, Veiga Simão. Em 1976
posição mostra muitas das aplicações prá- o Museu viria a ser formalmente constituído, com um espólio variado que vinha sendo
ticas das descobertas do grande físico”. reunido por Mário Silva, e que foi distribuído por vários núcleos do Museu.
7. DE 20 DE SETEMBRO A 3 DE OUTUBRO DE 2006 REPORTAGEM 7
Técnica vive dias difíceis
Logotipo
do Museu
“O símbolo do Museu procura in-
tegrar um conjunto de dicotomias, in-
terrogações e oposições entre ciência e
técnica, natureza e tecnologia, inacaba-
do e terminado, esquiço e rigoroso, es-
boço e repetido, subtil e forte, erudito
e popular, conhecimento e prática, su-
posições e objectos testados, formas
rebuscadas e formas simples.
Figura impossível, um tipo de ilu-
são em que um objecto, apesar de fi-
sicamente inconcebível, é representa-
do; uma figura é chamada de impossí-
vel quando sentimos uma contradição
na nossa interpretação e isso não re-
sulta numa negação nossa em relação
a esse objecto, em favor de um outro
mais consistente e real, nem sentimos
Em 1997 o Prof. Mário Silva foi homenageado pelo então Presidente da República Jorge Sampaio, no Museu de Coimbra que
ostenta o seu nome (na foto desse acontecimento vê-se Sampaio com o filho do homenageado, o pintor Mário Silva)
necessidade de o corrigir ou de o re-
fazer mentalmente.
O símbolo é baseado numa figura
A ausência de Da Vinci impossível criada pela matemática
Margherita Barile – impossible torus – e
é uma homenagem ao espírito inquie-
to, curioso e questionador do cientis-
Como se diz no texto principal, o Museu tem um ta. Chama a atenção para a parte mais
interessante conjunto de peças relacionadas com o ge- intangível, filosófica, da ciência. O
nial Leonardo da Vinci (entre as quais reproduções de equívoco, a questão e a curiosidade
alguns dos maquinismos que inventou e de manuscri- como força geradora de um processo
tos diversos), infelizmente não disponíveis ao público cíclico e infinitamente grande.”
(em baixo imagem de algumas dessas reproduções,
quando estavam em exposição, com a curiosidade da
assinatura de Leonardo da Vinci que ele escrevia ao
contrário).
Coisa diversa sucede em muitos outros pontos do Até
Mundo.
Por exemplo, o “Victoria and Albert Museum”, de
Londres, inaugurou na passada semana uma exposi-
quando
ção dedicada a Leonardo da Vinci, que pode ser vista
até Janeiro de 2007, e que inclui 60 exemplares de ca-
dernos de apontamentos do génio da Renascença. O
o abuso?
que aqui se reproduz (à direita) é um desenho de O Museu tem um “site” na Inter-
1489, que mostra secções vertical e horizontal da ca- net, mas rapidamente se verifica que
beça humana e do olho. ele não está concluído nem actualiza-
do, antes em construção (como, aliás,
refere uma breve nota que lá aparece
a dado passo).
Curioso é verificar que no local
destinado a um “pequeno texto so-
bre a biblioteca” que se supõe irá ser
redigido, surge um célebre texto em
latim, onde se questiona, a determi-
nada altura: “Quo usque tandem abu-
tere, Catilina, patientia nostra?” (Até
quando abusarás, Catilina, da nossa
paciência?).
Irónica coincidência, em que ape-
nas se deverá substituir o nome do
autor das catilinárias pelos responsá-
veis pela situação em que o Museu se
encontra…
8. 8 OPINIÃO DE 20 DE SETEMBRO A 3 DE OUTUBRO DE 2006
ria das religiões. Um jovem termina os seus cias itinerantes que Al Gore tem vindo a Há cinco anos eu estava em trabalho na
estudos e sabe quem era Poséidon e Vulca- fazer desde 1989. Apresentações lúcidas, ví- cidade do Panamá com bilhete de avião
no, mas tem ideias confusas acerca do vidas e desafiantes. Durante as quais, a sim- para, no dia 12, voar para Washington.
Espírito Santo, pensando que Maomé é o ples exibição de um gráfico consegue pro- Durante o dia 11, fechada numa sala de re-
deus dos muçulmanos e que os quacres são vocar um estremecimento na audiência. uniões, com as comunicações dificultadas,
personagens de Walt Disney...” O degelo dos glaciares, a catadupa de tu- as notícias contraditórias, o estado de alerta
itações
Ernst Bloch, o filósofo marxista hetero- fões, tornados e furacões, as ondas de calor, imediatamente decretado no canal do
doxo e ateu religioso sublinhou que o des- o efeito de estufa, o aumento do nível dos Panamá, a ansiedade corajosamente contida
conhecimento da Bíblia constitui uma “si- oceanos, são informações que vão chegan- de vários representantes das Nações
tuação insustentável”, pois produz bárba- do periodicamente. Mas “aquele que já foi Unidas, agências e organismos multilaterais
ros, que, por exemplo, perante a Paixão se- o próximo presidente dos EUA” - como Al com sede em Nova Iorque, que não tinham
gundo São Mateus, de Bach, ficam como Gore graciosamente se auto-intitula - tem o forma de contactar as famílias, era eu o sol-
bois a olhar para palácios. mérito de reunir e articular aquilo que dado de Waterloo: não conseguia ver mais
É um facto que não é possível ensinar li- todos nós já ouvimos, conseguindo passar que a explosão de duas torres, provocada
teratura, história, filosofia, artes, sem uma uma mensagem alarmante e tantas vezes por dois aviões. Só à noite percebi que o se-
cultura religiosa mínima. Por outro lado, vi- abafada. Por exemplo, uma recente revisão gundo milénio se iniciava de facto e que
A PARTE DESVIANTE... vemos num mundo cada vez mais multicul- dos trabalhos científicos sobre aquecimen- aquela data marcava uma fronteira histórica
“Acredito que haja políticos com vidas tural e multirreligioso. Sem paz entre as reli- to global mostra que quase todos o confir- irreversível.
fascinantes. Outros nem tanto. Surpre- giões, não haverá paz no mundo. A paz exige mam e nenhum o nega. Contudo, no mes- Hoje, após cinco anos de convivência
ender-me-ia muito se Mota Amaral es- o diálogo inter-religioso, mas o diálogo pres- mo período, 53% das notícias apresentam a com o fenómeno que então emergiu de
crevesse umas memórias muito picantes. supõe o conhecimento das religiões.” teoria como carecendo de prova científica”. modo tão brutal, faz sentido interrogarmo-
De qualquer forma, seria de facto interes- nos sobre o que é que mudou e o que é que
sante ler a biografia de um membro do Padre Anselmo Borges Joana Amaral Dias continua? Ou seja, há uma ruptura essencial
Opus Dei que dá de si uma imagem tão DN – 17/09/06 DN de 18/09/06 ou tão-só um acidente de percurso que será
recta e pura. No extremo oposto está Mário reencontrado mais adiante?
Soares. Tem ar de folgazão, de quem teve A REVOLUÇÃO O PARTIDO ÚNICO Como noutras situações, a História de-
inúmeras amantes. Julgo que nunca es- DAS REVOLUÇÕES E O CARTÃO ÚNICO pende do seu curso próximo-futuro, isto é,
creverá as memórias com medo do impacto se se repetiriam e multiplicariam os episódi-
que poderiam ter no país e na família. É “Provavelmente serei catalogado entre “A assinatura do pacto para a Justiça, na os do tipo “nine-eleven”, mas em cinco
pena porque o que ele tem de melhor é exac- os enfileirados do “eduquês”. Mas continuo semana que passou, é um acontecimento anos não se repetiram em tal escala ou es-
tamente essa parte desviante. a pensar que a grande revolução das revolu- relevante. A ideia dos “pactos de regime” calada. Podemos então pensar que, também
(...) Cheira-me que Cavaco , infelizmente ções que está por fazer, neste país, é no sec- atravessa de vez em quando a vida política do lado do macroterrorismo, se introduzi-
para ele, é aquilo que ali está. (...) O corpo tor do ensino. portuguesa; Vasco Pulido Valente fez bem ram factores de medida e cálculo “políti-
de José Sócrates deve ser bem feitinho. O Sem confundir a dimensão globalizante em relembrar que a ideia pertenceu a Sá co”e que podemos viver com esta espécie
dr. Mário Soares está muito gordo, mas de toda a problemática mais vasta da educa- Carneiro nos primeiros anos de democra- de “islamo-leninismo” e enfrentá-lo como
também já é velho... (...) Mário Soares é ção de um povo ou de cada indivíduo sin- cia, como forma de assegurar um mínimo uma nova guerra.”
charmoso. As mulheres dizem que Santana gularmente considerado, o sistema de ensi- de estabilidade e de consenso. Trinta anos
Lopes tambémn tem charme. .. A mim di- no é um definitivo factor condicionante depois, não sei se essa “exigência” fará sen- Maria José Nogueira Pinto
verte-me, mas também os palhaços me di- para toda e qualquer educação. Para todo e tido. DN – 15/09/06
vertem. Quando foi indigitado primeiro- qualquer enriquecimento cultural. A última vez que a ideia de um “pacto
-ministro pensei que me ia rir que nem uma Sei que se confrontam as teses teóricas para a justiça” foi brandida como uma solu- MAIS APOIOS...
perdida. Dois meses depois a situação era daqueles que defendem a educação e ensi- ção miraculosa para resolver os problemas
tão trágica que já não tinha vontade de rir. no serem caminho para o desenvolvimento “do sector”, era Santana Lopes primeiro- “Os fundos estruturais são a vantagem
Falta-lhe qualquer coisa naquela cabeça. e daqueles que perfilam o não cruzamento ministro e o país ainda fervia de indignação mais óbvia, embora, a meu ver, não a mais
Não tem tino.(...) Correr de cama em cama destes dois campos desenvolvimento e edu- e suspeita diante de alguns escândalos judi- importante da integração de Portugal na
é algo que se faz aos 17 anos. Com 50, cação. Será difícil, porém, pelo menos nos ciais. Percebeu-se a intenção mas ninguém União Europeia. A propósito deles, há idei-
Santana deveria ter alguma maturidade emo- países europeus cultural e socialmente mais avançou realmente para esse mínimo de as feitas que se vão repetindo e vícios ad-
cional e sexual que obviamente não tem. próximos do nosso, o seu desenvolvimento “estabilidade e consenso”. quiridos que se vão tornando perigosos so-
não ter passado por um forte investimento Não vem mal ao mundo que exista um bretudo quando, como noticiaram os jor-
Maria Filomena Mónica no sector do ensino e educação. “pacto de regime” - na verdade, o mais as- nais durante a semana, o País se prepara
Sol - 16/09/06 Ainda agora ao reler os últimos dados di- sustador é que se mencione permanente- para receber um novo pacote de fundos; a
vulgados pela OCDE, através do relatório mente a sua necessidade como se o regime designação mudou de QCA (Quadro Co-
“Panorama da Educação de 2006” e ao ve- estivesse em perigo e precisasse de salvação. munitário de Apoio) para QREN (Quadro
A RELIGIÃO rificar que Portugal é o país dessa organiza- Não está e não precisa. O regime funciona de Referência Estratégico Nacional), mas a
NA ESCOLA PÚBLICA ção internacional em que a sua população, com alguma normalidade. Não existe, nova sigla continua a significar, como é
entre os 25 e os 64 anos, passou menos como em Espanha, um perigo secessionis- norma desde há quase três décadas, que
“Quantos cristãos saberão que, se Adão e tempo no sistema educativo, não posso dei- ta ou a ameaça do terrorismo; mas há sec- vem aí mais apoio! O que justifica alguns
Eva fossem figuras reais e nossos contempo- xar de ver neste lugar da cauda dessa tabe- tores, ligados à vida do Estado, em que é breves comentários…
râneos, precisariam, para viajar para o estran- la, um indicador concludente do nosso necessário haver um acordo de princípio e O primeiro tem a ver com o hábito naci-
geiro, de um passaporte iraquiano? Quantos mesmo estádio de desenvolvimento cultu- é provável que o da justiça esteja em pri- onal, também decorrente das benesses eu-
se lembram de que Abraão, que está na base ral, social e económico. Estamos atrás da meiro plano, juntamente com o da chama- ropeias, de se analisarem mais empenhada-
das três religiões monoteístas – judaísmo, Turquia e do México. Esta classificação só da reforma da administração pública. Há mente volumes de dinheiro do que o que se
cristianismo, islão –, possuiria igualmente na- melhora quando se refere à população entre outros sectores em que um pacto não faz faz com ele. Na discussão anual dos inves-
cionalidade iraquiana? Quantos se lembram os 25 e 34 anos e com particular respeito ao qualquer sentido - porque há opiniões dife- timentos do Estado que acompanha o
de que os primeiros capítulos do Génesis, re- ensino secundário. rentes sobre o que está em causa na econo- Orçamento (o chamado PIDDAC), é cho-
ferentes ao mito da criação e da queda, se O início de um novo ano escolar não mia, no sistema de ensino, no financiamen- cante ver-se publicitado que o sector x
passam na Mesopotâmia, onde mergulham pode, por isso, deixar de ser uma data assi- to da segurança social ou nos regimes fis- “perdeu prioridade política” quando a reali-
algumas das nossas raízes culturais? Há guer- nalável e um momento muito importante cais”. dade pode ser que terminou a obra de cons-
ras em curso, também por causa da divisão para reflexão, tomadas de consciência e de- trução de um tribunal ou de um hospital
entre xiitas, sunitas e jihadistas. Mas quem co- cisão, de todos os actores e autores respon- Francisco José Viegas que, durante anos e precisamente porque
nhece essas divisões e a sua origem e impor- sáveis neste sector”. JN 11/09/06 estava em construção, aparecia registada
tância históricas? Qual é a relação entre reli- com uma verba avultada na corresponden-
gião e violência, religião e política, religião e Paquete de Oliveira “NINE-ELEVEN”: te rubrica orçamental. O mesmo raciocínio
desenvolvimento económico? JN - 14/09/06 UM PONTO SEM RETORNO vale em relação a um suposto “desinteresse
Há já alguns anos, Umberto Eco, agnós- político” em relação a regiões ou concelhos
tico, lamentava-se: “Nas escolas italianas, UMA VERDADE “Contava-se a história daquele soldado quando estradas ou outros investimentos
Homero é obrigatório, César é obrigatório, INCONVENIENTE inglês que esteve na Batalha de Waterloo e, públicos, ao serem terminados, originam
Pitágoras é obrigatório, só Deus é facultati- interrogado sobre o que havia visto, terá uma quebra no volume de investimento re-
vo. Se o ensino religioso se identificar com “Uma Verdade Inconveniente, o novo respondido que no meio de tão grande con- gistado face às verbas inscritas em anos an-
o do catecismo católico, no espírito da documentário de Davis Guggenheim sobre fusão só se recordava de ver passar um teriores.”
Constituição italiana deve ser facultativo. Só as alterações climáticas, já está nas salas. É homem pequeno em cima de um cavalo Elisa Ferreira
lamento que não exista um ensino da histó- um filme construído a partir das conferên- branco. JN – 10/09/06
9. DE 20 DE SETEMBRO A 3 DE OUTUBRO DE 2006 MUNDO ANIMAL 9
NA ZONA DA FIGUEIRA DA FOZ, SITUAÇÃO INÉDITA NA EUROPA
“Baleia-Piloto” bebé sobrevive
graças a exemplar tratamento
- equipa precisa de apoios para ser bem sucedida
Uma “Baleia-Piloto” bebé que
deu à costa no Centro de Portugal
no fim do passado mês de Agosto
está a sobreviver na zona da
Figueira da Foz, num caso inédito
na Europa, que fica a dever-se
ao esforço de uma equipa que
a acompanha 24 horas por dia.
Mas para além da voluntária
e desinteressada dedicação
pessoal, esta equipa precisa
de auxílio material de amigos
dos animais, já que o tratamento
tem custos muito elevados.
Foi no passado dia 27 de Agosto que ar-
rojou à costa portuguesa uma “Baleia-
Piloto” bebé, com cerca de 1,70 de compri-
mento e que se supõe ter então apenas um
mês de idade. Chamaram-lhe “Nazaré”, por
ter dado à costa próximo dessa praia. Mas a
verdade é que se trata de um mamífero
macho e não é baleia, mas golfinho.
“Globicephala” é o nome científico
desta espécie de golfinho que na idade adul-
ta atinge uma imponente envergadura de especialista referiu ao “Centro”, esta espé- – como sublinha o veterinário) para obter a Apesar de ser muito difícil levar essa
cerca de 7 metros, razão pela qual é vulgar- cie de golfinho tem um tempo de amamen- mistura mais adequada para alimentar árdua tarefa a bom porto, os membros da
mente conhecida como “Baleia-Piloto”. tação de cerca de 20 meses. Por isso, quan- “Nazaré” e tentar que sobrevivesse. E a equipa de recuperação do “Nazaré” têm tra-
“Nazaré” terá perdido a mãe por razões do “Nazaré” deu à costa, “foram pondera- verdade é que a fórmula tem dado bons re- balhado afincadamente dia e noite, com um
que se desconhecem. Quando tal sucede, a das as graves questões da impossibilidade sultados, a par da assistência médico-veteri- apoio extraordinário dos técnicos de outros
morte é, quase sempre, o inevitável desfe- estatística em recuperar um cetáceo bebé”. nária que é feita a “Nazaré” e do acompa- centros de recuperação nacionais e estran-
cho. Mas “Nazaré” teve sorte, já que houve O caso foi entregue aos técnicos da nhamento constante, 24 horas por dia. geiros, através de conselhos e sugestões re-
quem se apercebesse do seu insólito apare- “Sociedade Portuguesa da Vida Selvagem” De acordo com Salvador Mascarenhas, sultantes da sua experiência acumulada.
cimento, tendo promovido imediata ajuda. (SPVS) que resolveram tentar o (quase) im- “decorrido todos estes dias o bebé está no Diversos técnicos de renome internacional
Uma ajuda que se mostrou vital, já que, três possível. Assim, lançaram mãos à obra, le- Centro de Recuperação da ‘SPVS’ a recupe- nesta área são unânimes em afirmar que,
semanas volvidas, o bebé continua vivo. vando “Nazaré” para um recinto apropria- rar bem, a ganhar peso, a nadar com destre- apesar das graves dificuldades decorrentes
Um caso de sobrevivência que se julga do, na zona da Figueira da Foz, e procuran- za e a brincar”. E acrescenta: “Exceptuan- dos parcos meios de que a “SPVS” dispõe,
ser único na Europa, como nos referiu o do a melhor fórmula para o “leite” do bebé. do alguns achaques naturais do crescimen- este trabalho tem sido extraordinário.
veterinário Salvador Mascarenhas, um dos Essa era uma medida de extrema urgência e to, ele continua a sua caminhada, que resul- Salvador Mascarenhas confessa que ele e
abnegados elementos da equipa que tem decisiva, pelo que estabeleceram muitos ta da batalha dia-a-dia, devido à delicadeza os seus colegas da clínica veterinária
conseguido este “milagre”. Segundo este contactos (“literalmente com meio mundo” da sua reabilitação”. “Vetcondeixa” sentem muito orgulho por
fazer parte da equipa multidisciplinar que
tem acompanhado o golfinho bebé, ajudan-
do a avaliar as análises sanguíneas regulares,
bem como na assistência médica em cola-
boração com outros elementos da equipa.
Muitas pessoas têm sacrificado o seu
tempo para poderem ajudar nos turnos
24/24H junto do “baby Globicephala”. Mas
para além dessa preciosa ajuda, é preciso
pagar as análises, a alimentação, os filtros, os
medicamentos, os equipamentos dispendio-
sos e essenciais para a recuperação do bebé,
etc, etc, sendo uma conta que não pára de
crescer devidos aos parcos apoios financei-
ros disponibilizados para a protecção da
Natureza. Por isso a “SPVS” necessita de
apoio financeiro urgente para poder ajudar o
bebé a recuperar e a voltar ao oceano.
Por isso aqui deixamos o apelo: Ajudem
o golfinho-bebé!
Quem quiser dar essa ajuda poderá fazê-
-lo contactando a “Sociedade Portuguesa
de Vida Selvagem” através do telemóvel
número 913 241 188.