Versão integral da edição “Fim de Semana” do jornal gratuito “Destak” que se publica em Portugal. Dirigido por Isabel Stilwell.20.07.2007.
Para além de poderem ser úteis para o público em geral, estes documentos destinam-se a apoio dos alunos que frequentam as unidades curriculares de “Arte e Técnicas de Titular”, “Laboratório de Imprensa I” e “Laboratório de Imprensa II”, leccionadas por Dinis Manuel Alves no Instituto Superior Miguel Torga (www.ismt.pt).
Para saber mais sobre a arte e as técnicas de titular na imprensa, assim como sobre a “Intertextualidade”, visite http://www.mediatico.com.pt/manchete/index.htm (necessita de ter instalado o Java Runtime Environment), e www.youtube.com/discover747
Visite outros sítios de Dinis Manuel Alves em www.mediatico.com.pt , www.slideshare.net/dmpa,
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http://www.youtube.com/camarafixa, , http://videos.sapo.pt/lapisazul/playview/2 e em www.mogulus.com/otalcanal
Ainda: http://www.mediatico.com.pt/diasdecoimbra/ , http://www.mediatico.com.pt/redor/ ,
http://www.mediatico.com.pt/fe/ , http://www.mediatico.com.pt/fitas/ , http://www.mediatico.com.pt/redor2/, http://www.mediatico.com.pt/foto/yr2.htm ,
http://www.mediatico.com.pt/manchete/index.htm ,
http://www.mediatico.com.pt/foto/index.htm , http://www.mediatico.com.pt/luanda/ ,
http://www.biblioteca2.fcpages.com/nimas/intro.html
ATIVIDADE 1 - ESTRUTURA DE DADOS II - 52_2024.docx
DESTAK – Fim de semana – 20.07.2007
1. Destak
Fim de
Semana Sexta-feira, 20 de Julho de 2007 | Directora: Isabel Stilwell
Edição 738 . Tarde . Ano 6
Veneno. Protejaosseusfilhos
Beber não faz a vida cor-de-rosa. P. 2
SonsdoCafé. Orishas
Guia e protagonistas do Festival Delta Tejo. P. 6 e 7
Sugestões. MáscaraIbérica
O Douro desce ao Chiado. P. 8
Cinema. ÀProvadeMorte
Novo filme de Tarantino. P. 10 e 11
GritarSim
VanessadaMata Entrevista. A dias do Sudoeste, cantora fala do novo disco. P. 6 e 7
2. 02 Destak 7ª Feira · 21 de Julho de 2007
Destak
IIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII
FIM-DE-SEMANA
Veneno
Proteja
os seus
filhos
do álcool
O calor dá sede. Os festivais e as festas de Verão são alegremente pa- problemas de saúde, com custos elevadíssimos a todos os níveis. Para
trocinados por bebidas alcoólicas. Os pais, revelam os estudos, e bas- não falar no facto de estar na origem da maioria dos acidentes de
ta uma ronda de conversa entre amigos para o constatar, consideram viação, resultando na morte ou severa incapacidade de milhares de
menos grave que os filhos apareçam em casa embriagados do que pessoas, muitas delas vítimas inocentes de um condutor que não foi
consumam “drogas”, excluindo sistematicamente o álcool das capaz de perceber que tinha bebido um copo a mais. Apesar de todas
substâncias perigosas. Os filhos entendem que beber faz parte da cul- as campanhas de prevenção rodoviária, 40% dos jovens triados em
tura nacional, que está “in”, que “todos bebem”. Entendem, sobretu- operações Stop ao fim-de-semana apresentam níveis de álcool no
do, que beber afasta os medos e as inibições, numa idade em que sangue superiores aos 0,5 por litro permitidos por lei. No Verão, e so-
fazer parte do grupo, ser aceite e admirado pelos pares, exige que se bretudo no Algarve, os números tendem a subir.
deixem timidezes de lado. Percebem que, sem saberem como, a vida
parece – mesmo que temporariamente – mais cor-de-rosa. E, en- Numa tentativa de manter as vendas de bebidas alcoólicas, sem per-
quanto acompanham o amigo em mais um copo, partilham uma cum- der negócio, e corresponder à pressão da sociedade e da lei para que
plicidade que os torna mais próximos. esse consumo diminua, digo eu, foi já há alguns anos criada uma cam-
panha “Condutor 100% cool”, que defende a ideia de que a cada noite
Os adolescentes portugueses não bebem mais do que os seus con- passada em bares e discotecas um dos jovens do grupo deve ficar to-
géneres europeus, e são também menos os que confessam ter bebi- talmente abstémio para que possa levar em segurança para casa o
do em excesso (cinco bebidas de seguida) segundo o relatório do seu bando de amigos embriagados. Surgiu também a iniciativa de um
Projecto Europeu de Inquéritos Escolares sobre Álcool e outras autocarro que ia de discoteca em discoteca, na primeira quinzena do
Drogas entre os Jovens. Seriam óptimas notícias, não fora o facto mês de Agosto, no Algarve, na segunda, nas praias do Norte, procu-
de a média europeia ser altíssima, representando um dos proble- rando evitar que os jovens conduzissem depois de uma madrugada
mas de saúde mais graves nestes países, e se os indicadores portu- de farra.
gueses não apontassem para um crescimento acentuado do
fenómeno. Coordenado em Portugal por Fernanda Provavelmente um mal menor, quando o que qualquer pai e mãe de-
Feijão, o estudo realizado em 2003 e que inquiriu sejam é que o seu filho chegue intacto a casa. Mas não deixa de correr
18 mil jovens, concluiu que 47% dos nossos ado- o risco de parecer um apelo ao consumo e à irresponsabilidade, es-
lescentes com 13 anos já consomem álcool, pre- quecendo o efeito destrutivo do álcool num cérebro em amadureci-
ferindo as bebidas destiladas, subindo o núme- mento (que é real!), esquecendo que as dependências se criam com
ro para 60% aos 14 anos, para chegar aos 90% muito mais facilidade do que aquilo que se quer acreditar. Esquecen-
aos 17 anos. A forma como se bebe, ou seja, do, sobretudo, que é missão dos pais e da sociedade ensinar aos miú-
com o objectivo claro de ficar embriagado, é dos a fazer uso dos seus recursos interiores para vencer inibições e
outro sinal de que tendemos a globalizar os medos; a encontrar formas saudáveis de passar uma noite divertida,
hábitos perigosos dos países da UE, que por sem precisar de um shot seja do que for; a descobrir que crescer é
sua vez também se tendem a agravar. Por aprender a conhecermo-nos a nós mesmos, a saber usar a cabeça e o
exemplo, no Reino Unido, foram hospitaliza- coração para combater a ansiedade e o stress.
das em 2005-2006, 187 mil pessoas com
mais de 16 anos com problemas ligados Educá-los é ajudá-los a perceber que podem dizer não, quando o resto
ao álcool – o dobro de há dez anos, da malta diz sim, que a diferença positiva é uma coisa a valorizar,
com uma progressão de 36% entre mesmo que custe umas gargalhadas trocistas de um inergúmeno
os mais novos. qualquer. Quando em vez disto a sociedade sente que a sua obrigação
é oferecer a felicidade de bandeja aos seus adolescentes, como se lhes
O problema não é obviamen- tivesse que pedir desculpa por qualquer coisinha, estamos mal para-
te dos miúdos. Em Portugal, dos. Pior ainda quando uns fazem campanhas de prevenção, e os ou-
bebem-se 2,8 milhões de li- tros incitam ao consumo, e todos fecham os olhos a quem vende uma
tros de bebidas alcoólicas bebida a um menor.
por dia, segundo os dados Porque, digam o que disserem, só se cresce com sofrimento, e só nos
do World Drink Trend, o ál- estruturamos por dentro aprendendo a resistir à frustração. Por isso,
cool é uma das primeiras este Verão, não tenha receio de não ser politicamente correcto quan-
causas de morte e o alcoo- do disser ao seu filho/a que beber tem obrigatoriamente limites. E
lismo um dos mais graves que, se ele for esperto, não os ultrapassa.
IIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII
Isabel Stilwell | directora
4. 04 www. Destak .pt 7ª Feira · 21 de Julho de 2007
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Destak MARGARIDA CAETANO
mcaetanno@destak.pt
ermelho, porque tem «uma sede de vida enorme» e gosta de se «emprestar a várias
IIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII
V possibilidades de viver». Como o prova, aliás, o novo Sim de originais que Portugal es-
cutaráao vivo no Festival Sudoeste. VanessadaMata, EssaBonecaQue TemManual,
musa compositora de Bethânia, Caetano, Djavan e Ben Harper, capaz da sofisticação
da balada, do beat étnico das pistas e dos embalos do reggae jamaicano: na 1ª pessoa.
FIM-DE-SEMANA
Entrevista
NoseuúltimoshowemLisboa,cruzou-secomBenHarpernoPavilhãoAtlântico.Foidesseencontroque
surgiu aideiadeparticipaçãonoseu maisrecentetrabalho, Sim ?
Eu fiz o impossível para conseguir um ingresso no Atlântico. Foi uma noite inesquecível: dancei
muito nesse showe voltei aassistir aum concerto dele no Rio. Engraçado porque, nessaaltura, eu
não tinhaamenorideiade que o poderiaterno disco. Foiumacoincidênciaenorme. Jágostavamui-
to do som dele, havia comprado o disco duplo e escutava muito em casa. um dia, o Mário Caldatto
(meu produtor) ligou-me e disse: «Estou em Los Angeles e mostrei a tua música Boa Sorte para
o Ben Harper, ele gostou muito e eu propus uma participação no seu CD, que ele topou na hora!»
ComoavaliaaalquimiaqueasonoridadedeBen Harperproporcionou aoálbum?
Pormais que sejamos de países diferentes, existe umaidentidade parecida: o jeito de cantar, de sen-
tir a música, são de uma mesma geração. Ele mesmo falou que, a primeira vez que ouviu, a músi-
caque cantacomigo pegou-o de umamaneiramuito próximae íntima. Nossos ritmos se combinam.
Qual osegredoparalhesertãofácil estabelecerdiversasparceriascom osgrandesdamúsica?
Essadiversidade atravessaaminhavidadesde ainfância, em parte muito porque sou do centro do
Brasil. Matogrosso bebe dos muitos ritmos do Norte e do Sul que ali se cruzam. Sempre ouvi de tu-
do um pouco. Fui atingida por esse “contágio”, desde a infância.
Comporfacilita-lheatarefadedaruniformidadeàreuniãodeinfluênciastãodistintas?
As canções são diferentes, mas como fui eu quem as fez todas, estão ligadas por umalinhacomum:
eu e o meu estilo de compor. Sempre quis trabalhar com João Donato, Wilson das Neves. Juntei
pessoas de diferentes nichos que eu achavaque tinham coisas em comum entre elas. O disco com-
prova isso: há um universo comum, não sei se de carácter e valores, mas cuja junção reflecte uma
harmonia muito interessante. Todos são muito talentosos; Chakal, Mestre Marçalzinho (ex-líder
dabateriadaescolade sambadaPortela). Tem um jeito de tocar muito simples, de umaelegância
enorme. O Robyfazendo aquele baixo super-reggueiro, eugosteimuito e acho que essamisturatem
tudo a ver comigo.
Chegou aserbackingvocal deumabandadereggaejamaicana. EramesmocapazdedeixaroBrasil?
Eram os Black Uhuru, uma banda antológica, superpoderosa, tocou com Bob Marley, ele ajudou
a fundar a banda e tal. Fizeram um teste, passando por aqui, e me chamaram. Quase fui morar na
Jamaica, mas acabei não indo, porque outra backing da banda deu um chelique de ciúme. Toda a
briga maluca que ela gerou e a urucubaca que deu acabou sendo minha sorte: fiquei no país.
Acreditaassim tantoque«hámalesquevêm porbem»?
VANESSA DA MATA, TRAZ NOVO DISCO A PORTUGAL
» repentes
‘Sim’ gritado e
IIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII
» Protestarei sempre em
defesa da mata do cerrado.
Me dói demais ver essa
área reduzida a 2% do que
já foi, só pelos benefícios
que o Brasil tira como pro-
dutor e exportador de soja.
Por isso participei no Live
Earth, no Rio de Janeiro.
» É sinto, sempreaque vol-
que
indescritível tristeza
Não sou supersticiosa. Deixo abolsano chão, passo debaixo de escadas, aliás, faço questão de des- Com 15 anos jácompunhae cantavacom artistas consagrados. Se
to à minha casa de família, construir e desprestigiar essas bobagens. Muitas vezes a superstição pega a gente pelo lado hu- nãoeraexperiênciadevida, eraoquê?Intuição?
em Alto Garças, no Mato- mano mais frágil que é o do medo. Eu prefiro brincar comas urucubacas dos outros. Aquilo que me Provavelmente. Mas, apesar dessa proximidade aos veteranos
grosso, e vejo que estão a assusta é a violência urbana, o massacre ambiental. ter chegado cedo, só quando Chico César mandou minhacanção
desaparecer os rios onde A Força Que Nunca Seca a Maria Bethânia, ela gostou, gravou
na infância vivia mergulha- Nodiscocriticaferozmente“osinvejosos”.Éalgumtipoderespostaaomundo,depoisdosucessoque e concorreu ao Grammyapar de Caetano Veloso e Djavan, é que
da como um jacaré. As fezoseu tema Ai,ai,ai, dentroeforadoBrasil? me toquei e percebi as coisas de forma mais madura.
onças já não têm mata Foi amúsicamais tocadano Brasil, durante o ano passado. Imagino que deve ter tido um bando de
nem comida e, por isso, urubus, praguejando e talvez de olho grande nesse sucesso que nunca esperei viesse em dose tão O público sempre teve de si uma imagem de sofisticação e, de re-
aparecem nos quintais e maciça... Mas se é um recado meu, ele surgiu de forma inconsciente. Nessa canção, eu me vi uma pente, invadiu-lheaspistasdedança. Apeteceu-lhesurpreender?
são abatidas nas ruas. mulher conversando com o marido, com muitasuperstição. Acontece que eu não sou essapessoa. Nuncamais consegui sair sem ser reconhecida! Tem cenas hilá-
rias também, porque as pessoas ficam comentando nasuacara.
» Já que somos os seres
pensadores nesse universo
Agrada-lheessapossibilidadeesquizofrénicadesermuitasoutrasmulheresatravésdamúsica?
Muitíssimo! É como se eu tivesse… (se eu tivesse, não: eu tenho mesmo!)... uma sede de vida enor-
Parece que você é surdo! Agem como se eu fosse uma persona-
gemalheiaaelas: falamalto, apontam: «Olha, olha! É aVanessa!»
que dá pelo nome Terra, me. Então eu fico me emprestando possibilidades diferentes de viver. Ontem eu fui no supermercado e parou uma pessoa na minha
precisamos cuidar dela de frente: «Eu te conheço, mas não lembro de onde! Andado na
forma responsável. O artista E oinverso?Perturba-aquetantaspessoas,todaselastãodiferentes,sepossam sentiridentificadas mesmafaculdade?» É muito engraçado, elas se confundem, não
tem o papel de expurgar as com oquecompõe, sobretudoquandocantaemoçõeseafectos? ligam à pessoa que vêem na TV àquela que está na frente delas,
inércias e dizer aquilo que a Quando componho há um estado de espírito que bate em mim. Bate e vai embora, mas deixa uma porque surge num recorte inesperado, totalmente inusitado. A
humanidade está tentando canção. Não que necessariamente eu tenhavivenciado o que canto. Mas também não é falsificado. pessoa fica ali, se esforçando por lembrar e nem lhe ocorre que
dizer, mas não diz. O artista, ele sente de mais e intenso, sente aquilo, mas depois segue sentindo diferente, outras coi- não cruzou comigo numa festa de amigos, mas que eu sou aque-
sas, não só aquilo. É nesse muito que sente que se encontra com os outros. la que ela viu na capa do disco ou no palco.
5. 7ª Feira · 21 de Julho de 2007 Fim-de-semana www. Destak .pt 05
Festival
Sudoeste
04 Ago
palco d sto Vanessa
a
alinham Tenda Plan da Mata sobe a
ento pr eta Sud o
Me Deix
e Só, No omete êxitos cooeste. O
dos tem ssa Canç mo Nã
portugu s mais tocados ão e Ai, ai, ai, u o
a
e n m
veitar pa sas em 2006. A as pistas e rádio
tidão o s ra apres cantora s
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eu mais ntar com honra ai apro-
editado recente s de mu
e
capacid m Portugal. O á trabalho, Sim, l-
a já
grandes de de mobiliz lbum faz jus à su
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entre as veteranos da Mr parcerias co a
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Sorte / Gquais se contam PB e do mundo
e o baix ood Luck Ben Har ,
ista Rob ), o baterista Slyper (Boa
Robbie bie Sha Dunba
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música a sessão rítmic kespeare, Sly r
ja a &
Wilson d maicana, e ain mais famosa d
Pupillo as Neve da João a
( s, Don C Donato
Fernan Nação Zumbi) hacal, o bateris ,
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Pedro S o Catatau (Cid e os guitarrista a
á e Davi adão In s
Moraes stigado
. ),
MakingOf. Eu estava em Angola e vi um quadro… muito rústi-
co e mal pintado… Havia essa Mulher.negra. Ela estava de Ver-
melho.... parada e afirmativa, imóvel de força. Um borrão de
cor na Praia.. De repente, me vi ali... nesse Quadro. como se eu
pudesse ser essa Mesma. personagem. Achei ali o Conceito.
plástico do álbum. O Desafio. foi conceber a ideia a partir des-
e raivoso
se Embrião.... na Tijuca, pleno Rio de Janeiro, Acredita. nisso?!
Equandocantaratraiosamantes?É-lheigualmenteconstrangedor?
É sempreassim tãosimpleslidarcom afama? Tremendamente. As pessoas tendem a vir partilhar casos das
Estáaser mais fácil lidar do que eu imaginava. Tenho muitasor- suas próprias vidas, como se só eu fosse entender. É difícil expli-
te, porque as pessoas aproximam-se no mesmo nível de registo. car que canto e componho paratraduzir episódios, qualquer coi-
O meu amigo e também cantor, Lobão, por exemplo, que é mais sa que todo o mundo já sentiu e já viveu. Mas daí a achar que
polemistae tem um jeito de falar mais enfático, chegam paraele posso curar as feridas do coração...
loucos, absurdos!....
Dizem-lhemuitasvezesqueoamordói?
É um íman queaartetem?Atrairosloucosealoucura? O amor é tido como se fosse o bemtotal e muitas vezes não é isso.
Olha, eu vou-te contar uma coisa: a gente atrai muita gente ma- É um sentimento que pode ter um efeito avassalador, se con-
luca! Tem gente que acha que os artistas são loucos., mas não. fundido com carência. É arrepiante a facilidade com que vira
São os loucos que chegam nos artistas. Somos assim uma espé- força destrutiva. É importante dizer ‘não’. Acontece que é mui-
cie de “paradoido”. Eu já vi cada coisa….! Eu vi um bêbedo cus- to difícil você rejeitar o amor. Agente se sente até meio anormal!
pindo no Caetano [Veloso] . E o louco avançavanagente, de olho
arregalado, e falava: «Canta Jesus Cristo!…». Aí é que nós per- É importantedizer‘não’. Porquê um discoquedizapenas: Sim?
cebemos que ele estava confundindo o Caetano com o Roberto (Risos) É uma resposta positiva a muitas coisas que eu não gos-
Carlos!... E Caetano continuava conversando comigo ali, tran- to. Existem muitas maneiras de se dizer «sim». O meu «sim» não
quilo, nadele, acostumadíssimo com esse tipo de coisas. E eu, in- é nem submisso, nem passivo. É um «sim», gritado e raivoso, um
comodada com o bêbedo! Foi num show do Moreno, filho dele, «sim» de transformação. Como se houvesse um protesto activo,
emSão Paulo. Impressionou-me tanto que fiz terapiano começo. mas com responsabilidade nesse seu se insurgir. Como se eu
Para mim era muito desconcertante. Eu queria que as pessoas dissessse «sim», de umaformaque gostariade dizer mais vezes.
ouvissem a minha música, mas não queria ser famosa. Cada vez mais vezes.
6. 06 www. Destak .pt 7ª Feira · 21 de Julho de 2007
Destak
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Dia 21 ilarmónica Gil Sizzla
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Dia 22 celinho
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21H35: C Fire
22H40: ool Hipnoise
BOA MÚSICA. Mundo
Secreto
BOM CAFÉ.
BOA ONDA.
7. 7ª Feira · 21 de Julho de 2007 Fim-de-semana www. Destak .pt 07
isso é sentido na hora de escrever as
nossas canções, temática e emocional-
mente. Se nos tivessem dito, no início,
YOTUEL “GUERRERO”,ROLDÁN E RUZZO FORMAM OS ORISHAS, que íamos tocar antes de Red Hot Chili
Peppers, Jamiroquai, Alanis Morisset-
BANDACUBANAACLAMADAMUNDIALMENTE PELACRÍTICA, QUE te, Iggy Pop, Manu Chau, Kool & the
Gang, Cypress Hill, nós não acreditaría-
MISTURA, DE FORMAEXÍMIA, AMÚSICATRADICIONALDE CUBAE OS mos. Não vendemos 10 milhões de dis-
RITMOS DO HIP-HOPE DO RAP.COM OITO ANOS DE CARREIRA, O cos, mas o que vendemos basta-nos. Cla-
ro que queremos vender mais, mas não
GRUPO ESTÁDE PASSAGEM PELO NOSSO PAÍS (VER PÁGINAAO somos parvos… «Somos marinheiros e
LADO) E FALARAM AO DESTAK SOBRE O PASSADO E O FUTURO. no mar andamos», sabemos que daqui a
dois anos nada vai ser igual no mercado
da música. O número 1 vende hoje, em
duas semanas, 4 mil discos. Nos anos 80,
o numero 1 vendia 1 milhão e meio… Sa-
bemos que tem tendência a piorar.
Crêem no fim do formato CD?
Claro, vai acabar e tudo se vai passar na
internet. Estamos no “centro da tem-
pestade” neste preciso momento. Não
nos vamos “suicidar” comercialmente.
Antes de lançar o best of pensámos:
«vamos esperar um pouco e fazer um
best of». A princípio ninguém gostou da
ideia. Era como se os Orishas tivessem
acabado, mas a lógica de mercado em-
purrou-nos a fazê-lo, porque há que es-
tar presente.
O que mudou com a fama?
IIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII
Não sabemos. Mas podemos dizer que a
PEDRO JUNCEIRO fama não nos mudou em nada. Conti-
pjunceiro@destak.pt Conseguem definir a vossa sonoridade? nuamos a ser cubanos como sempre.
Houve alguma evolução notória ao longo Qual a vossa opinião das bandas que Fazemos o que gostamos musicalmen-
Como surgiram os Orishas?? dos tempos? fazem os chamados hits de Verão e depois te, mas temos dois objectivos claros:
Podemos dizer que Paris foi a “casa- É algo muito natural e fácil de definir: acabam? fazer 50% de música tradicional cubana
-mãe” onde nasceram os Orishas. Cada só fazemos o que gostamos. Musical- Entendo por que o fazem. Essas bandas e 50% de rap e cantar em espanhol.
qual chegou a Paris por diferentes mo- mente, somos um grupo aberto, mas te- ganham o seu dinheiro, mas ficam-se Amanhã, podemos vir a cantar um tema
tivos. O Roldán chegou a Paris porque mos uma definição: fazemos rap cuba- por aí. Só que o público gosta. Apesar em inglês, mas não uma produção intei-
tocava numa banda de música tradicio- no, uma mescla de música tradicional de tudo, são intermitências do merca- ra. O objectivo é cantar em espanhol,
nal cubana. Nós (Ruzzo e Yotuel) tínha- cubana com rap e reggae também, e ou- do, são produzidos pelo mercado… por mesclando a nossa música com o nosso
mos uma banda rap chamada Amena- tros estilos… afro, hip-hop. Estamos vezes nem são artistas. São fabricados idioma e isso nunca mudará.
za, que foi até Paris, como prémio por sempre em busca de novos sons e in- por interesses de marketing. Assinam
ter sido considerada a melhor banda fluências. Mas não nos interessa o que um contrato reles, mas não os podemos Em que países são mais bem recebidos?
rap em 1995/96 para participar num en- se passa no mercado musical, do que fa- criticar, porque são vítimas das gran- Temos quatro países fundamentais: Es-
contro cultural entre o rap francês e o panha, Portugal, e muito surpreenden-
rap cubano. Chegados a Paris, encon- temente Suíça e Alemanha. São países
tramo-nos todos e criámos um projecto
completo, afro-cubano. Depois, esco-
lhemos o termo Orishas porque procu-
rávamos um nome que tivesse uma
essência forte, fosse fácil de dizer e reu-
nisse toda essa onda afro-cubana.
Almacubana que gostam de Orishas, adoram música
e que nos acolheram como parte de uma
família. É impressionante o que se passa
em Portugal. Em Espanha é muito se-
melhante a Portugal, mas na Suíça e na
Alemanha é muito surpreendente, por-
que não falam espanhol nem são latinos,
Como foi a vossa vivência em Cuba? mas têm a mesma reacção do que as
Todos tivemos uma infância complica- lam, “se fulano vende não sei quanto”, des multinacionais, que querem lançar pessoas em Espanha ou na Argentina.
da e muito dura, num país em porque faz rock, pop… a nós isso não produtos desses no mercado e vender Isso é incrível e faz-nos muito felizes.
que na época um par de sapa- nos interessa. Hoje damo-nos conta de discos, porque esse é o seu verdadeiro
tos durava três anos e comía- que os Orishas têm um lugar no merca- interesse. Para quando um novo álbum?
mos o que se podia. Mas éra- do, por mais pequeno que seja, graças à Estamos a preparar as coisas com tem-
mos felizes, era o que havia e singularidade do projecto. Sabemos que Que conhecem de música portuguesa? po, a pensar no que se passa. Prepara-
nós conformávamo-nos. Está- temos um público fiel que nos apoia des- Mariza, Da Weasel, mas o que ouvía- mos algumas colaborações e pode ser
vamos bem. de o início e que faz parte de tudo isto e mos em Cuba de música em português que, em breve, exista alguma surpresa.
Passámos uma infância bas- isso é muito importante. Há que entrar era vindo do Brasil. Caetano Veloso,
tante complicada a nível mate- na era I-Pod, mas conscientes de que há Djavan, Gal Costa, Roberto Carlos, Gil- Com que artistas gostariam de colaborar?
rial, mas não a nível emocional. gente que caminha a nosso lado e é por berto Gil… Muitos… Kool & the Gang, alguns artis-
Vivíamos uma infância com esse público que estamos aqui ainda. tas de Cuba. Gostaríamos também de
poucas coisas, mas feliz, não Aindase inspiram nasvossasvivênciascu- fazer uma canção com Compay Segun-
pensando muito no dia de Vocês mantêm-se fiéis ao vosso estilo... banas para escreverem canções? do, mas já não podemos. Também gos-
amanhã. O povo cubano assu- A verdade é que nós não sabemos fazer Claro, temos uma grande base de expe- taríamos de trabalhar com Red Hot Chi-
mia a pobreza de uma maneira outra coisa. No início, tivemos a preo- riências próprias. Nós tínhamos um li Peppers, U2, Coldplay, Rolling Stones,
bastante feliz. Estávamos bem cupação em fazer uma música que gos- sonho com este projecto e seguimo-lo. Fiona Apple... Todos são artistas de que
com o que tínhamo, porque não tássemos e assim continuámos. Repre- A nós parece-nos incrível… o nosso su- gostamos muito, mas sabemos que é di-
conhecíamos outra coisa. sentamos Cuba. cesso fez-nos andar por todo o lado e fícil trabalhar com eles.