O governo federal do PT conseguiu subverter um dos princípios mais disseminados nos
manuais contemporâneos de gestão: fazer mais com menos. Ao contrário do lema conhecido
no mundo todo, fazer menos com mais passou a ser diretriz na atual organização do Estado
brasileiro.
O país herdou do governo passado uma máquina administrativa pesada, com 24 ministérios.
Número que chegava a 37 se computados os órgãos cujos titulares ganharam status e equipes
de ministro.
Coluna do senador Aécio Neves na Folha - A arte do possível
Coluna do senador Aécio Neves na Folha - Menos com mais
1. Menos com mais
Coluna do senador Aécio Neves na Folha de São Paulo
O governo federal do PT conseguiu subverter um dos princípios mais disseminados nos
manuais contemporâneos de gestão: fazer mais com menos. Ao contrário do lema conhecido
no mundo todo, fazer menos com mais passou a ser diretriz na atual organização do Estado
brasileiro.
O país herdou do governo passado uma máquina administrativa pesada, com 24 ministérios.
Número que chegava a 37 se computados os órgãos cujos titulares ganharam status e equipes
de ministro.
Neste ano, o inchaço vem aumentando com a criação de duas novas secretarias setoriais no
mesmo patamar.
Assim, o Brasil poderá chegar ao final do ano com estupendos 39 ministros! O excesso fica
evidente quando se faz uma comparação com outros países. Os Estados Unidos têm 15
ministérios e a França, 17.
Tudo indica que o número de pastas foi anabolizado não para atender necessidades da
administração, e sim para permitir o aparelhamento do Estado com a militância partidária,
acomodando interesses e saciando o apetite de aliados.
A imprensa mostrou que, entre 2003 e 2009, aumentou em 40,6% o número de cargos
preenchidos pelo governo federal sem concurso público.
Levantamento da OCDE mostra que o Brasil não exibe transparência em relação aos critérios
de nomeação e não avalia o desempenho dos beneficiados. “É difícil para o público brasileiro
saber onde termina a atividade política e onde começa a administração profissional”, diz.
O governo federal permanece alheio, portanto, a inúmeros avanços conquistados por Estados
brasileiros nessa área, como a adoção de metas, avaliação de desempenho e de resultados,
prêmios por produtividade e a certificação de funcionários, entre outros.
A resistência a essas inovações, cujos êxitos são conhecidos, só pode ser compreendida como
um certo constrangimento do governismo em adotar princípios e práticas de governos fora do
campo do PT.
O fato é que o Brasil precisa fortalecer a sua burocracia profissional. É compatível a existência
de uma burocracia de Estado e outra de governo.
A primeira, de carreira, precisa garantir a continuidade das ações e atender aos interesses
permanentes do país. A segunda precisa ser enxuta e, ainda que vinculada a quem a nomeia,
deve preencher critérios de qualificação e prestar contas de suas atividades, pois é paga pelo
contribuinte e não pelo fundo partidário.
2. Não há nenhuma medida com maior alcance social do que a correta aplicação do dinheiro
público.
O quadro atual, que soma inchaço da máquina pública, falta de preparo de muitos dos
indicados e pouca transparência nos controles internos, apresenta, como resultado, a
ineficiência, quando não a corrupção.