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20 anos de Chernobyl: causas e
conseqüências do maior acidente de
engenharia da humanidade
Prof. Francisco Gomes
Maio de 2006
27.04.1986: segunda feira, 09h30, Central Nuclear de
Forsmark, próximo à Uppsala, Suécia, distante 1600
Km de Chernobyl.....
... monitores de radiação
detectaram níveis anormais
de iodo e cobalto radioativos
nos uniformes dos
trabalhadores
Providência: evacuação dos
funcionários da área por
possibilidade de vazamento
nuclear
Não foram constatados problemas na Central. O
problema estava no ar.... Verificados, a seguir, níveis
anormais de radiação no norte e centro da Finlândia....
Em Oslo, na Noruega, os níveis dobraram.... Na
Dinamarca, os níveis subiram 5 vezes....
Verificou-se, pela direção do vento,
que a contaminação vinha do Sul.
Suspeitou-se da central de Ignalina,
na Lituânia...
Foram interpelados o Comitê Estatal
para o Uso da Energia Atômica, na
Rússia, e notificou-se a Organização
Internacional de Energia Atômica..
Moscou negou por 2 dias qualquer anormalidade...
28 de abril: Moscou assume o acidente nuclear na
República da Ucrânia. 12 horas depois, às 09h02, quatro
fases lacônicas no noticiário na TV informavam ao
mundo o acidente de Chernobyl:
Detectou-se, a seguir, rutênio nas amostras analisadas
na Suécia. Como o rutênio se funde a 2.255 °C, havia
evidências de uma explosão grave......
"Boa noite, camaradas. Vocês já sabem que ocorreu
uma desgraça inacreditável – o acidente na planta
nuclear de Chernobyl. Ele afetou dolorosamente o
povo soviético e chocou a comunidade internacional.
Pela primeira vez, nos confrontamos, de forma
incontrolada, com a força real da energia nuclear."
30 de abril, o Pravda -jornal do Partido Comunista,
tocou no assunto.......
Mikhail Gorbáchov demorou
18 dias para falar sobre o
acidente, só o fazendo em 14
de maio...
No dia 3 de maio a nuvem estava sobre o Japão e
no dia 5 de maio chegou aos EUA e Canadá......
Havia ocorrido o mais temido acidente previsto na
área nuclear.....
Os especialistas calculavam que a probabilidade de
ocorrência deste acidente, para as centrais nucleares
ocidentais, era inferior a 0,0000001% ...
Especialistas russos calculavam, para os reatores
russos, números da ordem de 0,0001%
Como pôde ocorrer este acidente ?????
“A Síndrome da China”
Como funciona um central termoelétrica
baseada em energia nuclear??
Função do reator nuclear: fornecer energia térmica para
geração de vapor, que aciona a turbina e o gerador
Então, de onde vem a energia térmica gerada no
reator nuclear?? Por que um reator nuclear se
aquece???? Pela reação de fissão nuclear.
Como esta reação produz energia? Tem-se, aqui,
a famosa equação da energia de Eistein:
E = m c2
Existe um “defeito de masssa”
igual a 0.9 MeV por núcleo.
Como existem 235 núcleos, uma
quantidade de 210 MeV é
liberada por fissão.
Que fatores influenciam a reação de fissão ??
-Urânio natural: 99,3% de U238 e 0,7% de U235, que sofre a
fissão. Uma solução é aumentar o percentual de U235
Procedimentos utilizados:
-Enriquecimento do Urânio – aumentar o teor de U235 para
valores entre 2% a 4% (dependendo do projeto do reator)
-Utilizar os moderadores de neutrons
- Energia dos neutrons liberados: deve ser “moderada”
gerando os “nêutrons térmicos”, que tem maior
probabilidade de causar a reação de fissão
Primeiro Procedimento:
- Enriquecimento do Urânio – aumentar o teor de U235 para
valores entre 2% a 4% (dependendo do projeto do reator)
Tecnologias:
- Processo de difusão gasosa
(passagem por membranas
especiais)
- Ultra-centrifugação
Segundo Procedimento: Moderadores de nêutrons
Por colisão elástica com estes elementos, os nêutrons
perdem energia cinética e são “moderados”. Nesta faixa
energética, a probabilidade de fissões é maior
Condições desejáveis para um moderador:
- A moderação deve ocorrer rapidamente, após poucas
colisões, evitando regiões intermediárias de energia
onde são absorvidos pelo U238
- O moderador não deve ser absorvedor de nêutrons.
Moderador
Número de
colisões para
termalização
Potencial de
captura de
nêutrons
H-1, Hidrogênio 18 650
H-2, Deutério 25 1
Be – 9, Berilio 86 7
C – 12, Grafite 14 10
Principais tipos de Reatores Nucleares
Tipo de reator Refrigerante Moderador Combustível
Reatores
pressurizados à
àgua (PWR,
VVER)
Água leve Água leve Urânio
enriquecido
Reatores à água
fervente (BWR)
Água leve Água leve Urânio
enriquecido
Reatores
pressurizados à
àgua pesada
(HWR, CANDU)
Água pesada Água
pesada
Urânio natural
Reatores
refrigerados à
gás (Magnox,
AGR, UNGG)
CO2 Grafite Urânio natural
ou enriquecido
Reatores de água
leve e grafite
(RBMK)
Água fervente
pressurizada
Grafite Urânio
enriquecido
86% dos reatores : utilizam água como moderador
Controle dos reatores: barras de controle
(“Control Rods”)
Controle dos reatores: barras de controle
(“Control Rods”)
São compostas de materiais que abservem nêutrons,
aumentando ou diminuindo a taxa da reação de fissão.
A posição relativa das barras de controle
determina a reatividade do reator
Barras no interior do núcleo
Fluxo de nêutrons ao
redor da barra de controle
O Urânio é um emissor alfa, fracamente
radioativo. Por que o estigma que ronda os
reatores nucleares? Qual a razão de seu perigo?
Os materiais radioativos
decaem emitindo radiações
alfa, beta e gama
As emissões e tempos de decaimento
radioativo variam de acordo com os diferentes
radioisótopos
A meia–vida do
material determina o
tempo de emissão
As reações de fissão no
reator nuclear geram
mais de 60 radiosótopos
diferentes
O acidente
-Situação:
- Quando uma usina está em funcionamento e acima de 20% de sua carg
máxima, ela se auto-alimenta fornecendo energia para os equipamento
auxiliares. Abaixo deste valor, se ocorrer perda do fornecimento de energ
elétrica externa, as bombas de refrigeração do circuito primário param
--Neste caso, o sistema de controle automático desliga o reator, mas permanece
uma energia residual que deve ser removida
-- Entram em ação geradores Diesel para acionar estas bombas. Esta ação
demora alguns minutos, e o calor residual no núcleo pode gerar problemas de
superaquecimento durante este período
O engenheiro-chefe adjunto da planta, Anatolij Diatlov, sugere o seguinte
procedimento: utilizar a inércia das turbinas para acionar o gerador durante
alguns minutos, gerando energia para acionamento das bombas. Diatlov
obteve permissão de Nikolai Fomin, engenheiro chefe da usina, para efetuar o
teste na primavera de 1986, durante parada para manutenção do reator
Reator á água leve pressurizado - PWR
1 Vaso do reator 7 Bomba (circulação primária ) 14 Condensador
2 Elemento combustível 8 Vapor 15 Água de refrigeração
3 Barras de Controle 9 Água de alimentação 16 Bomba(circuito secundário)
4 Comando - barras de controle 10 Turbina de Alta Pressáo 17 Pré- aquecedor
5 Pressurização 11 Turbina de Baixa Pressáo 18 Blindagem de concreto
6 Gerador de vapor 12-13: Gerador /Excitatriz 19 Bomba (água de refrigeração)
-Circuitos primário e secundário: isolados e
estanques, minimizando contaminações
-Combustível: urânio enriquecido ( 3 a 4%),
na forma de óxido, ou óxido de urânio e
plutônio (MOX).
-Moderador/refrigerante: água leve
-Pressão primária - 120 a 160 bars
-Temperatura do refrigerante: 300 a 320 °C.
-Utilização: 64% da energia nuclear
mundial
Reator á Água Leve Fervente - BWR
Principal diferença:
não utiliza circuitos
separados para o
primário e
secundário. A
geração de vapor é
efetuada direto no
reator
Reator Pressurizado de Água Pesada - CANDU
- Desenvolvido desde os
anos 50 no Canadá
- Combustível: óxido de
urânio natural (0.7% U-235) -
Moderador: Água pesada
(D2O). Mais eficiente
-Enriquece o moderador ao
invés do combustível.
-CANDU:"Canada Deuterium
Uranium"
O moderador fica em um tanque denominado calandra, com
centenas de tubos de pressão horizontal formando os canais de
combustível, refrigerados por uma vazão de água pesada, sob alta
pressão. A temperatura no circuito primário é de 290 °C. Pode ser
reabastecido, a plena potência, sem necessidade de desligamento
Reator Pressurizado de Água Pesada - CANDU
Calandra
“Feixe” de combustível
Combustível e calandra
Manutenção da Calandra
Vista do reator
Montagem do gerador de
vapor do CANDU
Reator com características únicas:
-Moderado à grafite (como os reatores de alta
temperatura a gás - AGRs)
- Refrigerado à água leve fervente com urânio
pouco enriquecido (como os BWRs);
- Possui tubos de pressão (como os CANDUs)
- Utilizado na primeira planta nuclear do mundo
(Obninsk, 1954)
-É utilizado tanto para produzir plutônio como para
geração de energia
Reator de Alta Potência com Canais - RBMK
(reactor bolshoy moshchnosty kanalny)
Reator de Alta Potência com Canais - RBMK
(reactor bolshoy moshchnosty kanalny)
1 Urânio combustível 8 Vapor para as turbinas 15 Pré-Aquecedor
2 Tubo de pressáo 9 Turbina 16 Água de alimentação
3 Moderador de grafite 10 Gerador 17 Água
4 Barras de Controle 11 Condensador 18 Bomba de circulação
5 Gás de proteção 12 Bomba do condensado 19 Tanque acumulador
6 Água/vapor 13 Aquecedor 20 Encapsulamento em aço
Separador de umidade 14 Bomba de alimentação 21 Blindagem de concreto
Características negativas :
- Núcleo muito largo, de controle difícil. Em
Chernobyl havia mais de 200 barras de controle,
em comparação com as 37 normais de um PWR.
Característica positivas:
-O refrigerante circula em tubos - sem vasos de pressão
- permitindo grande número de tubos, sem limite de
potência (reatores de 2.000 MW foram projetados)
- A recarga de combustível pode ser executado com o
reator a plena potência
Características negativas :
-o coeficiente de reatividade de vazios é positivo:
realimentação positiva causada pelo fato da água,
utilizada como refrigerante, absorver mais nêutrons
que o moderador, que é o grafite. Se a água ferve,
sua densidade diminui, menos nêutrons são
absorvidos e a reação aumenta
- Devido a necessidade de se operar uma ponte
rolante para remover os elementos-combustíveis com
o plutônio gerado, não há contenção de metal e
concreto para as 200 t de urânio, como no caso dos
demais reatores
Características negativas :
Central Nuclear de Chernobyl
-Quatro reatores de 1.000 MW, cada um alimentando dois geradores de energia
elétrica, com carga de 200 t de Urânio cada reator
- Núcleo do reator: cilindro de grafite (11,8 m de diâmetro x 7 m de altura), em
um bloco de concreto (22 X 22 X 26 m) sobre uma estrutura metálica.
- Blindagem do núcleo: composta de ferro com cimento contendo bário.
- Resfriamento do moderador: circulação, dentro do cilindro metálico, de uma
mistura de hélio e nitrogênio. O moderador alcança 700 ºC, absorvendo 150
MW (5% da potência total gerada pelo reator)
- Sistema de controle e proteção: 211 barras de controle contendo boro,
(absorvente de nêutrons), em canais separados dentro do moderador
-Moderador: contém 1.661 canais de conjuntos de combustível, revestidos de
zircaloy (liga de zircônio com 1% de nióbio).
-No caso de "queima completa" do combustível, a energia é de 20 MW dia por
O acidente
-Problemas ocorridos:
-Ignalina: os reatores apresentavam aumento temporário na
reatividade, ao invés de diminuição, com a inserção das barras de
controle. O mesmo ocorreu durante testes realizados em Chernobil,
mas o fenômeno não foi considerado importante. Sequer chegou a ser
-Década de 70 : Dois reatores
RBMK são construídos em
São Petersburgo e, a seguir,
em Kursk (Ignalina) e em
Chernobyl (na Ucrânia)
1 – Reator
2 – Gerador de vapor
3 – Bombas de refrigeração do
circuito primário
4 - Pressurizador
-Situação prevista:
-Quando uma usina gera acima de 20% de sua carga máxima ela se auto
alimenta, fornecendo energia para os sistemas auxiliares
- Abaixo de 20%, se a energia externa é interrompida, o controle automático
desliga o reator, mas permanece uma energia residual que deve ser removida
- Geradores Diesel entram em ação para acionar as bombas do circuito primári
de refrigeração.
-O engenheiro-chefe adjunto da planta, Anatolij Diatlov, sugere utilizar
inércia das turbinas, que continua a acionar o gerador durante alguns minuto
para gerar a energia de alimentação para as bombas do circuito primário d
refrigeração
- Anatolij Diatlov obteve permissão de Nikolai Fomin, engenheiro chefe d
usina, para efetuar o teste na primavera de 1986, durante parada par
manutenção do reator
-Observação: 25 de
abril foi o Domingo de
Páscoa. Os técnicos
experientes, bem como
os gerentes com poder
de decisão, haviam
viajado em virtude
deste feriado
O Teste
25 de Abril, Domingo de Páscoa : Início do Teste
-01h06
-Início da parada programada do reator. Começa um decréscimo gradual da potência.
-03h47
-Decréscimo da potência estacionou em 1600 MW térmicos.
-14h00
- O Sistema de Refrigeração de Emergência do Reator (ECCS) foi desconectado do
sistema impedindo sua atuação durante os procedimentos de teste.
-OBS: A desconexão do ECCS não contribuiu diretamente para a ocorrência do
acidente; contudo, se estivesse operante teria minimizado os impactos do acidente
-14h00
-O controle de Despacho de Carga, em Kiev, solicita que o reator continue a fornecer
energia devido a aumento de demanda. Com isto, foi suspensa a redução de potência
(mantendo-se desligado o sistema de resfriamento de emergência) e o reator operando a
1600 MW (térmicos)
-OBS: Sem esta alteração, o teste teria sido efetuado durante o turno do dia. Os
operadores seriam outros e os resultados poderiam ser diferentes.
-23h10
-Reinício da redução da potência.
-24h00
-Troca de turno.
-
-26 de Abril: preparação para o teste
-
-00h05
-A potência do reator foi reduzida a 720 MW (térmicos), continuando o decréscimo.
-OBS: Sabe-se agora que o nível seguro de operação seguro evitando condição de
acidente para o reator RBMK é na faixa de 700 MW (térmicos) devido ao seu
coeficiente positivo de vazios.
-00h28
-A potência alcança 500 MW(térmicos). O controle foi passado para automático, que não
era programado para realização desta experiência. Retornou-se ao controle manual, mas o
operador não conseguiu estabilizar o sistema e a potência do reator caiu rapidamente para
30 MW, insuficiente para a realização da experiência.
OBS: Em baixa potência, o reator foi “envenenado” pela formação de xenônio,
produto de fissão, forte absorvente de nêutrons e dotado de vida média bastante
longa. Podia-se aguardar 24 horas até que o xenônio fosse dissipado ou elevar-se a
potência rapidamente. Venceu a pressão para se realizar o teste, pois se não fosse
feito naquela ocasião só seria realizado dentro de um ano.
00h32
-O operador retira várias barras de controle na tentativa de elevar novamente a potência d
reator. O reator se mostra instável, de difícil controle.
-OBS: Os procedimentos de segurança da central requeriam a autorização do
engenheiro chefe para operar o reator com um número de barras de controle
inseridas inferior a 26 (As especificações previam um mínimo de 30 das 211 barras
mantidas no reator, mas deixaram apenas 6)
-01h00
-A potência do reator alcança 200 MW(térmicos). Foram desligados o sistema de
refrigeração do reator, os sistemas de reserva e também o gerador diesel, que permitiria
inserir as barras de controles em emergência.
-01h03
-Uma bomba adicional foi ligada no circuito de refrigeração primário esquerdo, totalizando
8 bombas, para aumentar a vazão do sistema de refrigeração do núcleo.
-01h07
-Uma bomba adicional foi ligada no circuito de refrigeração primário direito (parte do
procedimento de teste)
-OBS: a operação de bombas adicionais removeu calor mais rapidamente do núcleo
do reator, reduzindo o nível de água no separador de vapor.
-01h15
-O sistema de desligamento automático para baixo nível no separador de vapor foi
desligado pelo operador para permitir a continuidade da operação.
- 01h15
O sistema de desligamento automático para baixo nível no separador de vapor foi
desligado pelo operador para permitir a continuidade da operação.
-01h18
O operador aumentou o fluxo de água no núcleo do reator para evitar problemas com sua
refrigeração.
- 01h19
Alexej Akinov e Leonid Toptunov, os dois operadores, recearam infringir os regulamentos
mas Diatlov ordenou o posicionamento das barra de controle para além da posição limite
prevista. Isto elevou a temperatura e a pressão no separador de vapor.
OBS: Os procedimentos de segurança da central requeriam que um mínimo de 15
barras de controle manual estivessem inseridas no reator, em qualquer situação. O
número de barras manuais, nesta hora era, provavelmente, inferior a 8. Contudo,
algumas barras com controle automático estavam inseridas, o que elevava o
número total.
Erro de projeto dos reatores RBMK: As partes
superior e inferior das barras de controle
contém grafite.
Reator desligado: as barras devem estar na
posição D.
Em operação: as barras devem estar na
posição C, evitando a absorção de neutrons,
pois o grafite se encontra no interior do reator.
Antes do acidente: Devido ao envenenamento
por xenônio, o sistema de controle puxou as
barras para a posição A, o que não é permitido,
deixando a água ocupar o espaço do grafite.
Como a água também é moderador, houve
acréscimo temporário da potência ignorado
pelos operadores (caso de Ignalina). O reator
se encontrava em situação diferente do que os
O problema das barras de
controle dos reatores RBMK
- 01h21:40
A vazão de água de refrigeração foi levada abaixo do normal pelo operador a fim
de estabilizar o separador de vapor, diminuindo a remoção de calor do núcleo.
- 01h22:10
Início de geração espontânea de vapor no núcleo do reator.
- 01h22:30
A potência tinha caído a um valor que exigia o imediato desligamento do reator,
mas, apesar disso, a experiência continuou.
- 01h22:45
As indicações recebidas pelo operador indicavam operação normal, o que em
realidade não ocorria. Última informação registrada pelo computador: 2OO MW.
OBS: A resistência hidráulica do sistema de refrigeração atingiu um ponto
menor do que o previsto para o funcionamento seguro do reator. O
operador tentava, manualmente, manter os parâmetros para operação
segura. A pressão de vapor e o nível da água caíram abaixo do permitido,
fazendo soar os alarmes que exigiam o desligamento do reator. O operador
desligou então o sistema de alarme. A energia da reação em cadeia passou
a crescer progressivamente.
O TESTE
- 01h23:04
Foram fechadas as válvulas de entrada da turbina, acarretando o desligamento do
gerador. Isto reduziu a energia para as bombas de circulação da água de refrigeração
reduzindo sua vazão e, conseqüentemente o resfriamento do núcleo.
OBS: a água no núcleo começou a ferver. Ao ferver, a água - que atua como
absorvedora de nêutrons, limitando a potência do reator - permitiu um
aumentou de sua potência e maior aquecimento. Estava criada uma situação
irregular, com 8 bombas funcionando, à uma potência de 200 MW, e não de
500 MW, conforme o estabelecido no programa.
- 01h23:10
O sistema de controle automático efetuou a retirada das barras de controle do núcleo.
OBS: Esta retirada, em aproximadamente 10 segundos, era uma resposta
normal do sistema para compensar o decréscimo na reatividade decorrente do
fechamento das válvulas de alimentação da turbina. Este decréscimo,
usualmente, era ocasionado pelo aumento da pressão no sistema de
refrigeração, que reduzia a quantidade de vapor no núcleo. O decréscimo
esperado na quantidade de vapor não ocorreu.
01h23:21
A geração de vapor aumentou até um ponto onde, devido ao coeficiente positivo de
vazios, qualquer aumento em sua geração conduziria à um rápido aumento da
potência do reator.
01h23:35
A geração de vapor ocorre de forma incontrolável no núcleo.
OBS: A água, ao ferver, diminuiu a densidade do meio refrigerante,
aumentando o número de nêutrons livres e a reação de fissão – coeficiente
positivos de vazios.
01h23:40
A potência do reator pula de 200 MW para 300 MW. O operador Akimov aciona o
botão de emergência AZ-5, o que iniciou a inserção das barras de controle no núcleo.
OBS: A inserção das barras acarretou o deslocamento da água que circulava
entre os elementos combustíveis, refrigerando-os, resultando em uma subida
brusca na potência ao invés do efeito desejado que seria sua redução. Toda a
reatividade ficou concentrada na parte de baixo do reator.
01h23:44
A potência do reator alcança 100 vezes seu valor de projeto.
01h23:45
As pastilhas de combustível começam estourar e a reagir com a água de circulação
produzindo alta pressão nos canais de combustível.
01h23:49
Os tubos de combustível se rompem. Ocorre uma primeira explosão de vapor. O
operador desenergizou o sistema de barras de controle, na esperança de que as 205
caíssem pela força da gravidade. Mas isso não ocorreu; já houvera danos irreparáveis
ao núcleo
01h24
Ocorre uma segunda explosão, resultante da expansão dos gases gerados pelo
combustível..
OBS: Acima de 1100 °C a água reage com a liga de zircônio das varetas de
combustível, gerando hidrogênio como sub-produto. Devido às trincas que
apareceram, o vapor também reagiu com o grafite gerando hidrogênio:
Zr + 2 H2O = ZrO2 + 2 H2
C + H2O = CO + H2
O hidrogênio e o monóxido de carbono reagiram com o oxigênio do ar
gerando esta segunda explosão.
Variáveis do reator durante o acidente
OBS: com a explosão, a tampa de cimento do reator, de 2.000 t, foi
violentamente jogada a 14 m de altura e seus destroços espalhados por cerca de
2 km, liberando centelhas e pedaços de material incandescente. No momento
da explosão, o combustível estava entre 1.300 e 1.500 ºC e 3/4 do prédio foi
destruído, a tampa caiu sobre a beira da boca do núcleo, ficando em equilíbrio
precário, deixando parte em descoberto.
01h24
A explosão permitiu a entrada do ar, que
reagiu moderador (grafite) formando
monóxido de carbono, um gás inflamável
e que incendiou o reator. Das 140 t de
combustível, 8 t continham plutônio e
produtos de fissão que foram ejetados
junto com o grafite radioativo. Duas
pessoas, um engenheiro e um técnico
morreram instantaneamente.
Iniciaram-se várias explosões e outros 30 incêndios nas imediações. O aquecimento
da água de circulação produziu grande quantidade de vapor, que penetrou no edifício
do reator. A estrutura de grafite incendiou-se.
O aumento da temperatura prosseguiu por causa do incêndio da estrutura de grafite,
dos processos espontâneos de desintegração nuclear dos isótopos formados no reator
e das reações químicas dentro do recipiente, como oxidação de grafite e de zircônio e
queima de hidrogênio.
O grafite queimou durante 10 dias. Somente então o fogo pode ser apagado utilizando
areia com boro e chumbo (o boro é um absorvedor de neutrons e o chumbo, ao
derreter e solidificar, selou os orifícios existentes. Neste período, 4·1018 Bq de
atividade radioativa foram liberadas para a atmosfera, dos quais 46.000 terabecqueréis
composto de materiais com meia-vida longa (plutônio, césio, estrôncio). Chernobyl
foi igual a 500 vezes a explosão sobre Hiroshima
O grafite queimou durante 10 dias. Só então o fogo pode ser apagado com areia,
boro e chumbo (o boro absorve nêutrons e o chumbo selou os orifícios existentes).
Foram liberados 4x1018 Bq na atmosfera, dos quais 46.000 de materiais com meia-
vida longa (plutônio, césio, estrôncio).
O impacto de Chernobyl foi 500 vezes superior à explosão em
Hiroshima
30.07.1987: Viktor Petrovich Bryukhanov -
chefe da usina, Nikolai Maksimovich
Fomin -engenheiro chefe, Anatoly
Stepanovich Dyatlov -adjunto do
engenheiro chefe, Alexander Kovalenko -
operador da unidade 4, Boris Rogozhkin -
chefe de turno, Yuri Laushkin -inspetor
governamental foram levados a julgamento.
Três foram declarados culpados e
sentenciados a 10 anos em campo de
trabalhos forçados
Anatoly Stepanovich Dyatlov Viktor Petrovich Bryukhanov Nikolai Maksimovich Fomin
O “sarcófago”
Como proteção, optou-se por "sepultar" o reator, com a construção de
paredes internas, externas e um teto, consumindo 300.000 t de aço e
concreto. A construção durou 7 meses, tem a altura de um prédio de 20
andares, mas a fundação não é sólida, há risco de colapso das paredes
e não é à prova de vazamentos.
Recentemente, apareceram rachaduras nas paredes.Um novo sarcófago
foi licitado para ser construído sobre o atual. Deverá ficar pronto em 2008
e terá 245 X 144 X 86 m. Custo estimado: 1 bilhão de dólares
20 Anos de Chernobyl-Prof Francisco José Gomes, UFJF
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20 Anos de Chernobyl-Prof Francisco José Gomes, UFJF

  • 1. 20 anos de Chernobyl: causas e conseqüências do maior acidente de engenharia da humanidade Prof. Francisco Gomes Maio de 2006
  • 2. 27.04.1986: segunda feira, 09h30, Central Nuclear de Forsmark, próximo à Uppsala, Suécia, distante 1600 Km de Chernobyl..... ... monitores de radiação detectaram níveis anormais de iodo e cobalto radioativos nos uniformes dos trabalhadores Providência: evacuação dos funcionários da área por possibilidade de vazamento nuclear
  • 3. Não foram constatados problemas na Central. O problema estava no ar.... Verificados, a seguir, níveis anormais de radiação no norte e centro da Finlândia.... Em Oslo, na Noruega, os níveis dobraram.... Na Dinamarca, os níveis subiram 5 vezes.... Verificou-se, pela direção do vento, que a contaminação vinha do Sul. Suspeitou-se da central de Ignalina, na Lituânia... Foram interpelados o Comitê Estatal para o Uso da Energia Atômica, na Rússia, e notificou-se a Organização Internacional de Energia Atômica..
  • 4. Moscou negou por 2 dias qualquer anormalidade... 28 de abril: Moscou assume o acidente nuclear na República da Ucrânia. 12 horas depois, às 09h02, quatro fases lacônicas no noticiário na TV informavam ao mundo o acidente de Chernobyl: Detectou-se, a seguir, rutênio nas amostras analisadas na Suécia. Como o rutênio se funde a 2.255 °C, havia evidências de uma explosão grave...... "Boa noite, camaradas. Vocês já sabem que ocorreu uma desgraça inacreditável – o acidente na planta nuclear de Chernobyl. Ele afetou dolorosamente o povo soviético e chocou a comunidade internacional. Pela primeira vez, nos confrontamos, de forma incontrolada, com a força real da energia nuclear."
  • 5. 30 de abril, o Pravda -jornal do Partido Comunista, tocou no assunto....... Mikhail Gorbáchov demorou 18 dias para falar sobre o acidente, só o fazendo em 14 de maio... No dia 3 de maio a nuvem estava sobre o Japão e no dia 5 de maio chegou aos EUA e Canadá......
  • 6. Havia ocorrido o mais temido acidente previsto na área nuclear..... Os especialistas calculavam que a probabilidade de ocorrência deste acidente, para as centrais nucleares ocidentais, era inferior a 0,0000001% ... Especialistas russos calculavam, para os reatores russos, números da ordem de 0,0001% Como pôde ocorrer este acidente ????? “A Síndrome da China”
  • 7. Como funciona um central termoelétrica baseada em energia nuclear?? Função do reator nuclear: fornecer energia térmica para geração de vapor, que aciona a turbina e o gerador
  • 8. Então, de onde vem a energia térmica gerada no reator nuclear?? Por que um reator nuclear se aquece???? Pela reação de fissão nuclear.
  • 9. Como esta reação produz energia? Tem-se, aqui, a famosa equação da energia de Eistein: E = m c2 Existe um “defeito de masssa” igual a 0.9 MeV por núcleo. Como existem 235 núcleos, uma quantidade de 210 MeV é liberada por fissão.
  • 10. Que fatores influenciam a reação de fissão ?? -Urânio natural: 99,3% de U238 e 0,7% de U235, que sofre a fissão. Uma solução é aumentar o percentual de U235 Procedimentos utilizados: -Enriquecimento do Urânio – aumentar o teor de U235 para valores entre 2% a 4% (dependendo do projeto do reator) -Utilizar os moderadores de neutrons - Energia dos neutrons liberados: deve ser “moderada” gerando os “nêutrons térmicos”, que tem maior probabilidade de causar a reação de fissão
  • 11. Primeiro Procedimento: - Enriquecimento do Urânio – aumentar o teor de U235 para valores entre 2% a 4% (dependendo do projeto do reator)
  • 12. Tecnologias: - Processo de difusão gasosa (passagem por membranas especiais) - Ultra-centrifugação
  • 13. Segundo Procedimento: Moderadores de nêutrons Por colisão elástica com estes elementos, os nêutrons perdem energia cinética e são “moderados”. Nesta faixa energética, a probabilidade de fissões é maior
  • 14. Condições desejáveis para um moderador: - A moderação deve ocorrer rapidamente, após poucas colisões, evitando regiões intermediárias de energia onde são absorvidos pelo U238 - O moderador não deve ser absorvedor de nêutrons. Moderador Número de colisões para termalização Potencial de captura de nêutrons H-1, Hidrogênio 18 650 H-2, Deutério 25 1 Be – 9, Berilio 86 7 C – 12, Grafite 14 10
  • 15. Principais tipos de Reatores Nucleares Tipo de reator Refrigerante Moderador Combustível Reatores pressurizados à àgua (PWR, VVER) Água leve Água leve Urânio enriquecido Reatores à água fervente (BWR) Água leve Água leve Urânio enriquecido Reatores pressurizados à àgua pesada (HWR, CANDU) Água pesada Água pesada Urânio natural Reatores refrigerados à gás (Magnox, AGR, UNGG) CO2 Grafite Urânio natural ou enriquecido Reatores de água leve e grafite (RBMK) Água fervente pressurizada Grafite Urânio enriquecido 86% dos reatores : utilizam água como moderador
  • 16. Controle dos reatores: barras de controle (“Control Rods”)
  • 17. Controle dos reatores: barras de controle (“Control Rods”) São compostas de materiais que abservem nêutrons, aumentando ou diminuindo a taxa da reação de fissão.
  • 18. A posição relativa das barras de controle determina a reatividade do reator Barras no interior do núcleo Fluxo de nêutrons ao redor da barra de controle
  • 19. O Urânio é um emissor alfa, fracamente radioativo. Por que o estigma que ronda os reatores nucleares? Qual a razão de seu perigo? Os materiais radioativos decaem emitindo radiações alfa, beta e gama
  • 20. As emissões e tempos de decaimento radioativo variam de acordo com os diferentes radioisótopos A meia–vida do material determina o tempo de emissão
  • 21. As reações de fissão no reator nuclear geram mais de 60 radiosótopos diferentes
  • 22. O acidente -Situação: - Quando uma usina está em funcionamento e acima de 20% de sua carg máxima, ela se auto-alimenta fornecendo energia para os equipamento auxiliares. Abaixo deste valor, se ocorrer perda do fornecimento de energ elétrica externa, as bombas de refrigeração do circuito primário param --Neste caso, o sistema de controle automático desliga o reator, mas permanece uma energia residual que deve ser removida -- Entram em ação geradores Diesel para acionar estas bombas. Esta ação demora alguns minutos, e o calor residual no núcleo pode gerar problemas de superaquecimento durante este período O engenheiro-chefe adjunto da planta, Anatolij Diatlov, sugere o seguinte procedimento: utilizar a inércia das turbinas para acionar o gerador durante alguns minutos, gerando energia para acionamento das bombas. Diatlov obteve permissão de Nikolai Fomin, engenheiro chefe da usina, para efetuar o teste na primavera de 1986, durante parada para manutenção do reator
  • 23. Reator á água leve pressurizado - PWR 1 Vaso do reator 7 Bomba (circulação primária ) 14 Condensador 2 Elemento combustível 8 Vapor 15 Água de refrigeração 3 Barras de Controle 9 Água de alimentação 16 Bomba(circuito secundário) 4 Comando - barras de controle 10 Turbina de Alta Pressáo 17 Pré- aquecedor 5 Pressurização 11 Turbina de Baixa Pressáo 18 Blindagem de concreto 6 Gerador de vapor 12-13: Gerador /Excitatriz 19 Bomba (água de refrigeração)
  • 24. -Circuitos primário e secundário: isolados e estanques, minimizando contaminações -Combustível: urânio enriquecido ( 3 a 4%), na forma de óxido, ou óxido de urânio e plutônio (MOX). -Moderador/refrigerante: água leve -Pressão primária - 120 a 160 bars -Temperatura do refrigerante: 300 a 320 °C. -Utilização: 64% da energia nuclear mundial
  • 25. Reator á Água Leve Fervente - BWR Principal diferença: não utiliza circuitos separados para o primário e secundário. A geração de vapor é efetuada direto no reator
  • 26. Reator Pressurizado de Água Pesada - CANDU - Desenvolvido desde os anos 50 no Canadá - Combustível: óxido de urânio natural (0.7% U-235) - Moderador: Água pesada (D2O). Mais eficiente -Enriquece o moderador ao invés do combustível. -CANDU:"Canada Deuterium Uranium" O moderador fica em um tanque denominado calandra, com centenas de tubos de pressão horizontal formando os canais de combustível, refrigerados por uma vazão de água pesada, sob alta pressão. A temperatura no circuito primário é de 290 °C. Pode ser reabastecido, a plena potência, sem necessidade de desligamento
  • 27. Reator Pressurizado de Água Pesada - CANDU Calandra “Feixe” de combustível Combustível e calandra
  • 28. Manutenção da Calandra Vista do reator Montagem do gerador de vapor do CANDU
  • 29. Reator com características únicas: -Moderado à grafite (como os reatores de alta temperatura a gás - AGRs) - Refrigerado à água leve fervente com urânio pouco enriquecido (como os BWRs); - Possui tubos de pressão (como os CANDUs) - Utilizado na primeira planta nuclear do mundo (Obninsk, 1954) -É utilizado tanto para produzir plutônio como para geração de energia Reator de Alta Potência com Canais - RBMK (reactor bolshoy moshchnosty kanalny)
  • 30. Reator de Alta Potência com Canais - RBMK (reactor bolshoy moshchnosty kanalny) 1 Urânio combustível 8 Vapor para as turbinas 15 Pré-Aquecedor 2 Tubo de pressáo 9 Turbina 16 Água de alimentação 3 Moderador de grafite 10 Gerador 17 Água 4 Barras de Controle 11 Condensador 18 Bomba de circulação 5 Gás de proteção 12 Bomba do condensado 19 Tanque acumulador 6 Água/vapor 13 Aquecedor 20 Encapsulamento em aço Separador de umidade 14 Bomba de alimentação 21 Blindagem de concreto
  • 31. Características negativas : - Núcleo muito largo, de controle difícil. Em Chernobyl havia mais de 200 barras de controle, em comparação com as 37 normais de um PWR. Característica positivas: -O refrigerante circula em tubos - sem vasos de pressão - permitindo grande número de tubos, sem limite de potência (reatores de 2.000 MW foram projetados) - A recarga de combustível pode ser executado com o reator a plena potência
  • 32. Características negativas : -o coeficiente de reatividade de vazios é positivo: realimentação positiva causada pelo fato da água, utilizada como refrigerante, absorver mais nêutrons que o moderador, que é o grafite. Se a água ferve, sua densidade diminui, menos nêutrons são absorvidos e a reação aumenta - Devido a necessidade de se operar uma ponte rolante para remover os elementos-combustíveis com o plutônio gerado, não há contenção de metal e concreto para as 200 t de urânio, como no caso dos demais reatores
  • 34. Central Nuclear de Chernobyl -Quatro reatores de 1.000 MW, cada um alimentando dois geradores de energia elétrica, com carga de 200 t de Urânio cada reator - Núcleo do reator: cilindro de grafite (11,8 m de diâmetro x 7 m de altura), em um bloco de concreto (22 X 22 X 26 m) sobre uma estrutura metálica. - Blindagem do núcleo: composta de ferro com cimento contendo bário. - Resfriamento do moderador: circulação, dentro do cilindro metálico, de uma mistura de hélio e nitrogênio. O moderador alcança 700 ºC, absorvendo 150 MW (5% da potência total gerada pelo reator) - Sistema de controle e proteção: 211 barras de controle contendo boro, (absorvente de nêutrons), em canais separados dentro do moderador -Moderador: contém 1.661 canais de conjuntos de combustível, revestidos de zircaloy (liga de zircônio com 1% de nióbio). -No caso de "queima completa" do combustível, a energia é de 20 MW dia por
  • 35. O acidente -Problemas ocorridos: -Ignalina: os reatores apresentavam aumento temporário na reatividade, ao invés de diminuição, com a inserção das barras de controle. O mesmo ocorreu durante testes realizados em Chernobil, mas o fenômeno não foi considerado importante. Sequer chegou a ser -Década de 70 : Dois reatores RBMK são construídos em São Petersburgo e, a seguir, em Kursk (Ignalina) e em Chernobyl (na Ucrânia)
  • 36. 1 – Reator 2 – Gerador de vapor 3 – Bombas de refrigeração do circuito primário 4 - Pressurizador -Situação prevista: -Quando uma usina gera acima de 20% de sua carga máxima ela se auto alimenta, fornecendo energia para os sistemas auxiliares - Abaixo de 20%, se a energia externa é interrompida, o controle automático desliga o reator, mas permanece uma energia residual que deve ser removida - Geradores Diesel entram em ação para acionar as bombas do circuito primári de refrigeração.
  • 37. -O engenheiro-chefe adjunto da planta, Anatolij Diatlov, sugere utilizar inércia das turbinas, que continua a acionar o gerador durante alguns minuto para gerar a energia de alimentação para as bombas do circuito primário d refrigeração - Anatolij Diatlov obteve permissão de Nikolai Fomin, engenheiro chefe d usina, para efetuar o teste na primavera de 1986, durante parada par manutenção do reator -Observação: 25 de abril foi o Domingo de Páscoa. Os técnicos experientes, bem como os gerentes com poder de decisão, haviam viajado em virtude deste feriado O Teste
  • 38. 25 de Abril, Domingo de Páscoa : Início do Teste -01h06 -Início da parada programada do reator. Começa um decréscimo gradual da potência. -03h47 -Decréscimo da potência estacionou em 1600 MW térmicos. -14h00 - O Sistema de Refrigeração de Emergência do Reator (ECCS) foi desconectado do sistema impedindo sua atuação durante os procedimentos de teste. -OBS: A desconexão do ECCS não contribuiu diretamente para a ocorrência do acidente; contudo, se estivesse operante teria minimizado os impactos do acidente -14h00 -O controle de Despacho de Carga, em Kiev, solicita que o reator continue a fornecer energia devido a aumento de demanda. Com isto, foi suspensa a redução de potência (mantendo-se desligado o sistema de resfriamento de emergência) e o reator operando a 1600 MW (térmicos) -OBS: Sem esta alteração, o teste teria sido efetuado durante o turno do dia. Os operadores seriam outros e os resultados poderiam ser diferentes.
  • 39. -23h10 -Reinício da redução da potência. -24h00 -Troca de turno. - -26 de Abril: preparação para o teste - -00h05 -A potência do reator foi reduzida a 720 MW (térmicos), continuando o decréscimo. -OBS: Sabe-se agora que o nível seguro de operação seguro evitando condição de acidente para o reator RBMK é na faixa de 700 MW (térmicos) devido ao seu coeficiente positivo de vazios.
  • 40. -00h28 -A potência alcança 500 MW(térmicos). O controle foi passado para automático, que não era programado para realização desta experiência. Retornou-se ao controle manual, mas o operador não conseguiu estabilizar o sistema e a potência do reator caiu rapidamente para 30 MW, insuficiente para a realização da experiência. OBS: Em baixa potência, o reator foi “envenenado” pela formação de xenônio, produto de fissão, forte absorvente de nêutrons e dotado de vida média bastante longa. Podia-se aguardar 24 horas até que o xenônio fosse dissipado ou elevar-se a potência rapidamente. Venceu a pressão para se realizar o teste, pois se não fosse feito naquela ocasião só seria realizado dentro de um ano. 00h32 -O operador retira várias barras de controle na tentativa de elevar novamente a potência d reator. O reator se mostra instável, de difícil controle. -OBS: Os procedimentos de segurança da central requeriam a autorização do engenheiro chefe para operar o reator com um número de barras de controle inseridas inferior a 26 (As especificações previam um mínimo de 30 das 211 barras mantidas no reator, mas deixaram apenas 6)
  • 41. -01h00 -A potência do reator alcança 200 MW(térmicos). Foram desligados o sistema de refrigeração do reator, os sistemas de reserva e também o gerador diesel, que permitiria inserir as barras de controles em emergência. -01h03 -Uma bomba adicional foi ligada no circuito de refrigeração primário esquerdo, totalizando 8 bombas, para aumentar a vazão do sistema de refrigeração do núcleo. -01h07 -Uma bomba adicional foi ligada no circuito de refrigeração primário direito (parte do procedimento de teste) -OBS: a operação de bombas adicionais removeu calor mais rapidamente do núcleo do reator, reduzindo o nível de água no separador de vapor. -01h15 -O sistema de desligamento automático para baixo nível no separador de vapor foi desligado pelo operador para permitir a continuidade da operação.
  • 42. - 01h15 O sistema de desligamento automático para baixo nível no separador de vapor foi desligado pelo operador para permitir a continuidade da operação. -01h18 O operador aumentou o fluxo de água no núcleo do reator para evitar problemas com sua refrigeração. - 01h19 Alexej Akinov e Leonid Toptunov, os dois operadores, recearam infringir os regulamentos mas Diatlov ordenou o posicionamento das barra de controle para além da posição limite prevista. Isto elevou a temperatura e a pressão no separador de vapor. OBS: Os procedimentos de segurança da central requeriam que um mínimo de 15 barras de controle manual estivessem inseridas no reator, em qualquer situação. O número de barras manuais, nesta hora era, provavelmente, inferior a 8. Contudo, algumas barras com controle automático estavam inseridas, o que elevava o número total.
  • 43. Erro de projeto dos reatores RBMK: As partes superior e inferior das barras de controle contém grafite. Reator desligado: as barras devem estar na posição D. Em operação: as barras devem estar na posição C, evitando a absorção de neutrons, pois o grafite se encontra no interior do reator. Antes do acidente: Devido ao envenenamento por xenônio, o sistema de controle puxou as barras para a posição A, o que não é permitido, deixando a água ocupar o espaço do grafite. Como a água também é moderador, houve acréscimo temporário da potência ignorado pelos operadores (caso de Ignalina). O reator se encontrava em situação diferente do que os O problema das barras de controle dos reatores RBMK
  • 44. - 01h21:40 A vazão de água de refrigeração foi levada abaixo do normal pelo operador a fim de estabilizar o separador de vapor, diminuindo a remoção de calor do núcleo. - 01h22:10 Início de geração espontânea de vapor no núcleo do reator. - 01h22:30 A potência tinha caído a um valor que exigia o imediato desligamento do reator, mas, apesar disso, a experiência continuou. - 01h22:45 As indicações recebidas pelo operador indicavam operação normal, o que em realidade não ocorria. Última informação registrada pelo computador: 2OO MW. OBS: A resistência hidráulica do sistema de refrigeração atingiu um ponto menor do que o previsto para o funcionamento seguro do reator. O operador tentava, manualmente, manter os parâmetros para operação segura. A pressão de vapor e o nível da água caíram abaixo do permitido, fazendo soar os alarmes que exigiam o desligamento do reator. O operador desligou então o sistema de alarme. A energia da reação em cadeia passou a crescer progressivamente.
  • 45. O TESTE - 01h23:04 Foram fechadas as válvulas de entrada da turbina, acarretando o desligamento do gerador. Isto reduziu a energia para as bombas de circulação da água de refrigeração reduzindo sua vazão e, conseqüentemente o resfriamento do núcleo. OBS: a água no núcleo começou a ferver. Ao ferver, a água - que atua como absorvedora de nêutrons, limitando a potência do reator - permitiu um aumentou de sua potência e maior aquecimento. Estava criada uma situação irregular, com 8 bombas funcionando, à uma potência de 200 MW, e não de 500 MW, conforme o estabelecido no programa. - 01h23:10 O sistema de controle automático efetuou a retirada das barras de controle do núcleo. OBS: Esta retirada, em aproximadamente 10 segundos, era uma resposta normal do sistema para compensar o decréscimo na reatividade decorrente do fechamento das válvulas de alimentação da turbina. Este decréscimo, usualmente, era ocasionado pelo aumento da pressão no sistema de refrigeração, que reduzia a quantidade de vapor no núcleo. O decréscimo esperado na quantidade de vapor não ocorreu.
  • 46. 01h23:21 A geração de vapor aumentou até um ponto onde, devido ao coeficiente positivo de vazios, qualquer aumento em sua geração conduziria à um rápido aumento da potência do reator. 01h23:35 A geração de vapor ocorre de forma incontrolável no núcleo. OBS: A água, ao ferver, diminuiu a densidade do meio refrigerante, aumentando o número de nêutrons livres e a reação de fissão – coeficiente positivos de vazios. 01h23:40 A potência do reator pula de 200 MW para 300 MW. O operador Akimov aciona o botão de emergência AZ-5, o que iniciou a inserção das barras de controle no núcleo. OBS: A inserção das barras acarretou o deslocamento da água que circulava entre os elementos combustíveis, refrigerando-os, resultando em uma subida brusca na potência ao invés do efeito desejado que seria sua redução. Toda a reatividade ficou concentrada na parte de baixo do reator.
  • 47. 01h23:44 A potência do reator alcança 100 vezes seu valor de projeto. 01h23:45 As pastilhas de combustível começam estourar e a reagir com a água de circulação produzindo alta pressão nos canais de combustível. 01h23:49 Os tubos de combustível se rompem. Ocorre uma primeira explosão de vapor. O operador desenergizou o sistema de barras de controle, na esperança de que as 205 caíssem pela força da gravidade. Mas isso não ocorreu; já houvera danos irreparáveis ao núcleo 01h24 Ocorre uma segunda explosão, resultante da expansão dos gases gerados pelo combustível.. OBS: Acima de 1100 °C a água reage com a liga de zircônio das varetas de combustível, gerando hidrogênio como sub-produto. Devido às trincas que apareceram, o vapor também reagiu com o grafite gerando hidrogênio: Zr + 2 H2O = ZrO2 + 2 H2 C + H2O = CO + H2 O hidrogênio e o monóxido de carbono reagiram com o oxigênio do ar gerando esta segunda explosão.
  • 48. Variáveis do reator durante o acidente
  • 49. OBS: com a explosão, a tampa de cimento do reator, de 2.000 t, foi violentamente jogada a 14 m de altura e seus destroços espalhados por cerca de 2 km, liberando centelhas e pedaços de material incandescente. No momento da explosão, o combustível estava entre 1.300 e 1.500 ºC e 3/4 do prédio foi destruído, a tampa caiu sobre a beira da boca do núcleo, ficando em equilíbrio precário, deixando parte em descoberto. 01h24 A explosão permitiu a entrada do ar, que reagiu moderador (grafite) formando monóxido de carbono, um gás inflamável e que incendiou o reator. Das 140 t de combustível, 8 t continham plutônio e produtos de fissão que foram ejetados junto com o grafite radioativo. Duas pessoas, um engenheiro e um técnico morreram instantaneamente.
  • 50. Iniciaram-se várias explosões e outros 30 incêndios nas imediações. O aquecimento da água de circulação produziu grande quantidade de vapor, que penetrou no edifício do reator. A estrutura de grafite incendiou-se. O aumento da temperatura prosseguiu por causa do incêndio da estrutura de grafite, dos processos espontâneos de desintegração nuclear dos isótopos formados no reator e das reações químicas dentro do recipiente, como oxidação de grafite e de zircônio e queima de hidrogênio.
  • 51. O grafite queimou durante 10 dias. Somente então o fogo pode ser apagado utilizando areia com boro e chumbo (o boro é um absorvedor de neutrons e o chumbo, ao derreter e solidificar, selou os orifícios existentes. Neste período, 4·1018 Bq de atividade radioativa foram liberadas para a atmosfera, dos quais 46.000 terabecqueréis composto de materiais com meia-vida longa (plutônio, césio, estrôncio). Chernobyl foi igual a 500 vezes a explosão sobre Hiroshima
  • 52. O grafite queimou durante 10 dias. Só então o fogo pode ser apagado com areia, boro e chumbo (o boro absorve nêutrons e o chumbo selou os orifícios existentes). Foram liberados 4x1018 Bq na atmosfera, dos quais 46.000 de materiais com meia- vida longa (plutônio, césio, estrôncio). O impacto de Chernobyl foi 500 vezes superior à explosão em Hiroshima
  • 53.
  • 54.
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  • 56. 30.07.1987: Viktor Petrovich Bryukhanov - chefe da usina, Nikolai Maksimovich Fomin -engenheiro chefe, Anatoly Stepanovich Dyatlov -adjunto do engenheiro chefe, Alexander Kovalenko - operador da unidade 4, Boris Rogozhkin - chefe de turno, Yuri Laushkin -inspetor governamental foram levados a julgamento. Três foram declarados culpados e sentenciados a 10 anos em campo de trabalhos forçados Anatoly Stepanovich Dyatlov Viktor Petrovich Bryukhanov Nikolai Maksimovich Fomin
  • 57. O “sarcófago” Como proteção, optou-se por "sepultar" o reator, com a construção de paredes internas, externas e um teto, consumindo 300.000 t de aço e concreto. A construção durou 7 meses, tem a altura de um prédio de 20 andares, mas a fundação não é sólida, há risco de colapso das paredes e não é à prova de vazamentos. Recentemente, apareceram rachaduras nas paredes.Um novo sarcófago foi licitado para ser construído sobre o atual. Deverá ficar pronto em 2008 e terá 245 X 144 X 86 m. Custo estimado: 1 bilhão de dólares