O documento analisa as oportunidades de mercado para o futuro Porto de Luis Correia no Piauí, Brasil. Ele descreve a área de influência do porto, incluindo seu relevo, clima, vegetação e hidrografia, além das principais atividades econômicas da região como agricultura, pecuária e indústria. Finalmente, propõe uma estratégia de desenvolvimento sustentável para o porto e a região a partir de sua implantação.
1. ANÁLISE DE OPORTUNIDADES DE
MERCADO
PARA O PORTO DE LUIS CORREIA-PIAUI
Objetivos: A presente análise destina-se identificar oportunidades de mercado
para o futuro Porto de Luis Correia, no Estado do Piauí. Busca-se apresentar
estratégia de crescimento e desenvolvimento regional a partir de uma base
para exportação dos produtos produzidos e movimentados na Área de
Influência do futuro Porto. Desse modo, é imperativo que as ações decorram
de um planejamento que leve em conta uma análise situacional fundamentada
no trajeto histórico do Estado, com as suas possibilidades.
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2. ÁREA DE INFLUÊNCIA
O Piauí é uma das unidades da Federação localizada na região Nordeste. O
território do Estado abrange uma área de 251.529, 186 km2, que abriga
características específicas de relevo, clima, vegetação e hidrografia.
Relevo
A superfície do Estado é formada por um relevo plano, somente 18% do
território possui altitude acima de 600 metros. São identificadas três unidades
de relevo: Baixada litorânea, ocorre ao norte do território; Planalto de Chapada
e Serras, que apresentam os pontos mais elevados do Estado (entre 600 e
880 metros), encontrados a leste, sudoeste e sul; e a planície do Parnaíba,
formação de terras baixas localizadas nas proximidades do rio Parnaíba que
se estende até a Baixa Litorânea.
Clima
No Piauí são identificadas duas características climáticas: tropical quente e
úmido, e semi-árido. O clima tropical é predominante em grande parte do
território estadual, as temperaturas nessas áreas oscilam entre 25° e 27°C ao
ano. O norte é mais úmido, e por isso, os índices pluviométricos são mais
elevados (ao sul 700 mm e ao norte 1.200 mm). O clima semi-árido abrange,
principalmente, o sudoeste do Estado. Os índices pluviométricos nessas áreas
não ultrapassam os 700 mm anuais, além disso, as chuvas são distribuídas
nessas regiões de maneira irregular, provocando secas prolongadas. As
temperaturas nessas áreas variam de 24° a 40°C.
Vegetação
Apesar de a seca fazer parte da realidade do Estado, o mesmo abriga
diferentes coberturas vegetais. São elas: Caatinga, Cerrado, Floresta e Mata
de Cocais.
Cerrado
Esse domínio é identificado principalmente no norte e sudoeste do Estado. O
Cerrado tem como características: árvores retorcidas, campos cobertos por
gramíneas e arbustos.
Floresta
Áreas cobertas por Carnaúba, Babaçu e Buriti, espécies vegetais
encontradas em outros biomas.
Mata dos Cocais
Corresponde a uma área de transição entre os domínios da Amazônia e da
Caatinga.
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3. Hidrografia
O Piauí possui o rio Parnaíba como principal, além de seus afluentes, como
o Uruçuí Preto e o Gurguéia
Localizado na região Nordeste do Brasil, o Estado do Piauí é uma unidade
da Federação brasileira. Em seu território vivem aproximadamente 3 milhões
de habitantes. Em relação à população relativa, o Estado apresenta uma
densidade de 12,06 hab/Km2. Os indicadores sociais refletem um IDH (Índice
de Desenvolvimento Humano) de 0,703 (médio). A expectativa de vida no
Estado é de 68,2 anos, a mortalidade infantil é de 29,3 mortes a cada mil
nascimentos e a taxa de analfabetismo é de 26,2%.
Etnicamente, a população do Piauí é composta por pardos (73%), brancos
(23%), negros (3%) e outras raças (1%). A formação étnica da maioria dos
piauienses é resultado da mistura entre o branco e o índio. O caboclo exerceu
um relevante papel no processo de ocupação do território através da expansão
da criação de gado, o que resultava na formação de fazendas.
Outra característica da população piauiense é o seu grande número de
habitantes natos, embora também existam pessoas oriundas de outros lugares
do Brasil e um restrito contingente estrangeiro. A maior aglomeração
populacional do Estado é identificada ao norte, região que possui uma melhor
infra-estrutura de transportes.
O Estado do Piaui, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística-IBGE, tem aumentado de forma regular as áreas de plantio, e
elevado a sua produtividade em percentuais significativos. Um dos exemplos é
o sucesso da cotonicultura (cultura algodoeira) que aumentou
significativamente a sua produção de algodão herbáceo em 99,6% e em 2008
colheu 49,5 mil toneladas do produto, segundo números divulgados pelo Setor
de Apoio a Logística e Gestão de Oferta (Segel), da Companhia Nacional de
Abastecimento (Conab). Na safra anterior, a produção foi de 24,8 mil
toneladas.no cerrado que tem sido impulsionada pelas condições de clima
favorável e das suas terras planas, que permitem a mecanização total da
lavoura, apoiada pelos programas de incentivo do governo e pelo uso intensivo
de tecnologias modernas. Esse último aspecto tem feito com que essa região
detenha as mais altas produtividades na cultura algodoeira, principalmente, em
áreas não irrigadas.
As principais atividades são: apicultura (extração do mel da abelha)
artesanato, cajucultura (cultura do caju), carcinicultura (cultura do crustáceo),
carnaúba (uma das palmeiras mencionadas por Martius, o naturalista e
botânico tomado pela exuberância da terra). (construção civil, comércio,
confecções, grãos, ovinocaprinocultura (grupo de animais tipificado pela
ovelha e gado de cabra) e o turismo. O setor terciário (como serviços, as
atividades complementares aos setores industriais e agrícolas) é responsável
por quase 70% da formação de renda do Estado, ainda que pese a atuação
desfavorável de um dos seus segmentos mais importantes, o comércio inter-
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4. regional, que acaba transferindo os recursos, via diversos mecanismos,
principalmente tributários, para os Estados mais desenvolvidos da Federação,
Os setores primários e secundários, embora minoritários na formação da renda
total, absorvem parcelas significativas da (mão-de-obra, distribuídas entre as
seguintes atividades: extrativismo vegetal e mineral, pecuária e agricultura).
Representando apenas 0,54% do PIB brasileiro em 2006, o Produto Interno
Bruto do Piauí registrou R$ 12 bilhões, o que resultou, em termos nominais, numa
variação de 72% em relação a 2002 e de 15% a 2004. Em termos reais, a variação
nos dois últimos anos ficou em 6,1%, maior que o Nordeste (4,8%) e (4%) em relação
ao Brasil
Entre os indicadores de crescimento, o consumo de cimento aumentou de
291 mil toneladas em 2002 para 386 mil em 2007, variando em termos
percentuais 32,65%, alteração esta superior à verificada para o Brasil e o
Nordeste. O mesmo se constata quando analisamos a variação nos dois
últimos anos.
A produção de grãos dos cerrados piauienses aumentou de forma
considerável entre 2002 e 2007. No caso da soja, a área plantada passou de
86 mil hectares para 217 mil, variando no período, 152%. Em relação à
produção total dessa cultura, a variação foi mais significativa ainda,
alcançando 437%. Em 2002, foram colhidas 90 mil toneladas e em 2007,
chegou a 484 mil. O arroz, que em 2005 absorveu 57 mil hectares plantados,
caiu no ano seguinte para 33 mil e findou 2007 com 40 mil hectares. O ano de
2005, também registrou o maior pico na produção de arroz, alcançando 130
mil toneladas, porém, caindo nos anos seguintes. A tendência crescente em
área plantada também se verificou na cultura do milho, cuja variação, entre
2002 a 2007, ultrapassou sete mil hectares e a produção que era de 29 mil
toneladas no primeiro ano chegou a 85 mil em 2007 (variação de 193%). A
cultura de algodão herbáceo teve produção, em 2007, de 26.913 toneladas,
cultivadas em área de 10.323 hectares.
A INDÚSTRIA
O setor industrial representa 16,94% do seu PIB e seu quantitativo gira em
torno de 4.172 indústrias, onde a capital Teresina absorve 59% desse total. Os
dados do IBGE mostram ainda, que as indústrias do Piauí empregam mais de
43 mil pessoas diretamente, sendo que a capital fica com o maior número
gerando 30 mil empregos. As indústrias do Estado estão divididas em quatro
segmentos, são 1) indústrias extrativas; 2) indústrias de transformação,
produção e distribuição de eletricidade; 3) gás e água e 4) no ramo da
construção. Dentre eles predominam as indústrias de transformação, que
somam 3.194 unidades no Estado e 1.669 na Capital. (Diário do Povo-
PI-25.05.2008)
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5. O TURISMO
No Piauí encontram-se os mais antigos sítios arqueológicos do Brasil e da
América, considerados entre os mais importantes do mundo. No município de
São Raimundo Nonato, na parte sudeste do Estado, 280 desses sítios já foram
mapeados por instituições científicas nacionais e internacionais e abrigam rico
acervo de arte rupestre e materiais de origem orgânica, em boas condições de
conservação.
Nos municípios de Piripiri e Piracuruca, no norte do Estado, localiza-se o
Parque Nacional de Sete Cidades, área de flora e fauna ricas e onde se
encontram conjuntos uniformes que insinuam a existência, em épocas
remotas, de civilizações desenvolvidas.
O Pólo Costa do Delta contempla cinco municípios e dispõe de costa
litorânea de 66 quilômetros de extensão e de um exemplo único que o destaca
das demais regiões, o Delta do Rio Parnaíba, que apresenta uma singular
variedade paisagística, de fauna e flora. É o único delta das Américas em
contato direto com o mar aberto e o terceiro do mundo, sendo formado por
cinco “braços" de rio que deságuam no mar e que, em contraste com as
dunas, formam um arquipélago pontilhado por 78 ilhas e ilhotas, traçando
roteiros ecológicos com os seus igarapés de vegetação fechada e mangues,
com área total de 2.700 km².”.( Fonte: Contas Regionais do Brasil – IBGE / Banco
do Nordeste do Brasil)
RELAÇÃO DE DESIGUALDADE
Apresentamos a seguir algumas comparações que nos permite avaliar o
impacto das deficiências na desigualdade da renda. A presente análise
procura explorar o que está por trás da desigualdade, com ênfase no papel
desempenhado por aquilo que chamamos de proficiência. O estudo da
trajetória da desigualdade de renda entre os Estados do Nordeste visa verificar
a possível contribuição desta variável para a eficiência na geração de bem-
estar da Região.
Balança comercial dos estados do Nordeste exportações - acumulado de
janeiro a agosto/2009
Números divulgados pelo Ministério de Desenvolvimento, Indústria e
Comércio Exterior.
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6. Estados
ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO E CRESCIMENTO SUSTENTÁVEL
A PARTIR DO PORTO.
Percebe-se, dia a dia, o propósito do poder público de fomentar as
operações do comércio exterior, seja por meio de alianças estratégicas com
países emergentes, seja por meio de incentivos e programas desenvolvidos
junto às empresas e indústrias exportadoras e é nessa relação que se deve
abordar o crescimento, tanto no porto, como na cidade para uma versão
globalizada que somente será compreendida se refletida dentro da máxima de
agir localmente e pensar globalmente, em face das rápidas transformações
dos cenários político, econômico, social, tecnológico e ecológico, que sacodem
o mundo moderno.
Logicamente muitos serão os problemas e um primeiro elemento, básico, é
a identificação dos principais impactos no espaço urbano de influência do
Porto talvez que o elemento importante seja o de transformar os discursos
governamentais em ação efetiva, definindo o Porto de Luis Correia como uma
prioridade que venha a se constituir numa alavanca para o desenvolvimento da
região. Mais do que os reiterados discursos, Luis Correia precisa de um Estudo
de Viabilidade Técnica-Econômica e Ambiental, para demonstrar, de forma
cabal a possibilidade fática da sua implantação.
Os estudos devem expressar a visão estratégica do Porto que se quer
edificar, mostrando como a sua concretização ter um vínculo efetivo com o
desenvolvimento regional, atuando como um pólo da cadeia logística que o
liga à hinterlândia da qual advém os produtos destinados ao comércio exterior
e, ainda, como um ponto importante de conexão para os serviços de turismo. A
discussão, que se pretende trazer à tona, sobre o porto de Luis Correia é a de
que é necessário assentá-la em um novo “paradigma de cooperação”,
caracterizado pelo estabelecimento de um diálogo entre os stakeholders ou
partes interessadas para obter-se o fortalecimento da idéia até a sua
concretização. É importante criar-se um movimento que a mantenha viva,
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7. promovendo o engajamento e comprometimento de novos e importantes
atores capazes de influir de forma decisiva no processo decisório.
Organizações de classe, sindicatos, movimentos sociais, escolas,
universidades e igrejas devem ser convidadas a engrossar as fileiras do
movimento, para que ele seja interpretado como do interesse de toda a
sociedade e não de uns poucos dos seus cidadãos.
Os benefícios trazidos pelo intento das importações e exportações são
incomensuráveis, na medida em que geram empregos e trazem riqueza local e
para nação. O Brasil tem se destacado diante desse cenário internacional,
uma vez que os seus produtos tem se tornado mais competitivos, lá fora. O
investimento e o capital estrangeiro estão ingressando no País com uma
freqüência cada vez maior. A importância da imediata criação de uma estrutura
bem preparada e moderna para o Porto de Luis Correia tem que levar em
conta os fatores que determinam a ótica sob o aspecto geográfico. A
globalização econômica, da qual se derivam ou se associam as mudanças
assinaladas, tem se caracterizado por um acentuado aumento dos fluxos de
mercadorias que circulam por navios de um continente para outro, requer
capacidade de organização e de promoção inovadora, assim como ações de
logística mais articuladas.
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8. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A par de todos os benefícios econômicos que o Porto pode proporcionar, é
notável, em todos os portos, à sua capacidade de inclusão social, porque gera
empregos e renda e exige mão de obra de crescente qualificação, em face do
desenvolvimento continuado da tecnologia que utiliza. O porto que se almeja
será aquele possuidor de características de sustentabilidade, pela preservação
do ambiente no qual será edificado, um porto que sirva de link do Piauí com o
mundo, por meio da intermodalidade que reúne os processos na cadeia de
produção, criando novas escalas de rotas marítimas em virtude do aumento da
capacidade física e operacional dos navios. Nessa perspectiva, a articulação e
conexão modal são fundamentais ao trânsito mercantil, no sentido de
assegurar o processo sistêmico de integração e circulação de mercadorias.
Luis Correia está bem localizado estrategicamente, logo abaixo da linha do
equador. É uma das rotas mais curtas do Brasil para a Europa e a África, além
de estar a meio caminho para chegar-se aos outros Estados Brasileiros.
O modelo citado neste documento deverá exercer os seus efeitos e o
encadeamento numa suposição realística cuja aplicação se destine a uma
região, ainda com baixo nível de renda. Nesse caso a exportação deverá
exercer importantes efeitos de encadeamento sobre as atividades locais, mas
não são as únicas variáveis a explicar o dinamismo regional. Com a
diversificação econômica, e além da transformação dos modelos de produção
com a visão às exportações, surgem atividades que expandem o nível de renda
e emprego, como a construção civil nas obras de infraestrutura, gastos de
turistas, ou transferências de renda de não residentes. Todas essas variáveis,
reunidas conjuntamente, formam a base econômica regional. Para pequenas
regiões, como é caso de Luis Correia, as exportações constituem a principal
variável explicativa do crescimento local e o seu dinamismo se difunde
internamente por economias de escala, maior demanda de insumos e serviços
especializados.
Conforme demonstrado no decorrer desta análise, e no seu bojo, com a
realização da obra do Porto de Luis Correia é de se esperar um aumento
potencialmente considerável para uma economia de forte vocação exportadora.
Com a eficiência e competitividade no setor portuário mudará o rumo com
impactos positivos para os demais modais de transportes e outros setores da
economia, por significar a criação de um novo pólo de desenvolvimento
econômico com potencial para atrair novos investimentos; com a geração de
empregos diretos e indiretos e aumento da receita fiscal.
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9. A ampliação da renda, dos empregos e da arrecadação dos impostos para
os governos estadual e municipal; fixação do proprietário rural e das suas
famílias, no campo; uso de terras inaptas à agricultura; segurança no
fornecimento de matéria-prima, diversificação das cadeias produtivas agrícolas;
preservação do meio ambiente. Tudo isto causará forte estímulo ao
desenvolvimento econômico e social em todo o Estado, aumentando a
competitividade para os segmentos industriais mais importantes.
Pela sua relevância, este assunto de forma objetiva, visa proporcionar o
acompanhamento por parte dos empresários e entidades que atuam no
comércio exterior, sob o ponto de vista de aperfeiçoar a proposta no sentido de
que, mais que a simples criação de um porto, o que se propõe é identificar os
impactos positivos das exportações e da produção destinada ao mercado
exterior, com a imperiosa necessidade de desenvolvimento de uma região,
sempre, relegada a um segundo plano.
Por: Carlos Antonio Silveira
s.carlossilveira@gmail.com
“As informações usadas na elaboração desta análise resultaram de pesquisas direcionadas ao entendimento da
Inserção territorial dos portos”.
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