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A UU AL
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                                          Rugosidade


                                O      supervisor de uma empresa verificou que
os trabalhos de usinagem não estavam em condições de atender aos requisitos
                                                                                    Um problema
do projeto. Por isso, contratou um técnico para explicar ao seu pessoal as normas
e aparelhos utilizados para a verificação do acabamento superficial das peças.
Vamos acompanhar as explicações?


    Rugosidade das superfícies

     As superfícies dos componentes mecânicos devem ser adequadas ao tipo de
função que exercem.
     Por esse motivo, a importância do estudo do acabamento superficial aumen-
ta à medida que crescem as exigências do projeto.
     As superfícies dos componentes deslizantes, como o eixo de um mancal,
devem ser lisas para que o atrito seja o menor possível. Já as exigências de
acabamento das superfícies externas da tampa e da base do mancal são menores.
     A produção das superfícies lisas exige, em geral, custo de fabricação mais
elevado.
     Os diferentes processos de fabricação de componentes mecânicos determi-
nam acabamentos diversos nas suas superfícies.
     As superfícies, por mais perfeitas que sejam, apresentam irregularidades. E
essas irregularidades compreendem dois grupos de erros: erros macrogeométricos
e erros microgeométricos.
     Erros macrogeométricos são os erros de forma, verificáveis por meio de
instrumentos convencionais de medição, como micrômetros, relógios
comparadores, projetores de perfil etc.
     Entre esses erros, incluem-se divergências de ondulações, ovalização,
retilineidade, planicidade, circularidade etc.

    Durante a usinagem, as principais causas dos erros macrogeométricos são:
·   defeitos em guias de máquinas-ferramenta;
·   desvios da máquina ou da peça;
·   fixação errada da peça;
·   distorção devida ao tratamento térmico.
    Erros microgeométricos são os erros conhecidos como rugosidade.
A U L A       Rugosidade


18            É o conjunto de irregularidades, isto é, pequenas saliências e reentrâncias
          que caracterizam uma superfície. Essas irregularidades podem ser avaliadas
          com aparelhos eletrônicos, a exemplo do rugosímetro. A rugosidade desem-
          penha um papel importante no comportamento dos componentes mecânicos.
          Ela influi na:
          ·   qualidade de deslizamento;
          ·   resistência ao desgaste;
          ·   possibilidade de ajuste do acoplamento forçado;
          ·   resistência oferecida pela superfície ao escoamento de fluidos e lubrificantes;
          ·   qualidade de aderência que a estrutura oferece às camadas protetoras;
          ·   resistência à corrosão e à fadiga;
          ·   vedação;
          ·   aparência.


              A grandeza, a orientação e o grau de irregularidade da rugosidade podem
          indicar suas causas que, entre outras, são:
              - imperfeições nos mecanismos das máquinas-ferramenta;
              - vibrações no sistema peça-ferramenta;
              - desgaste das ferramentas;
              - o próprio método de conformação da peça.



              Conceitos básicos

              Para estudar e criar sistemas de avaliação do estado da superfície, é neces-
          sário definir previamente diversos termos e conceitos que possam criar uma
          linguagem apropriada. Com essa finalidade utilizaremos as definições da norma
          NBR 6405/1988.


              Superfície geométrica

              Superfície ideal prescrita no projeto, na qual não existem erros de forma e
          acabamento. Por exemplo: superfícies plana, cilíndrica etc., que sejam, por
          definição, perfeitas. Na realidade, isso não existe; trata-se apenas de uma
          referência.



                                                              A superfície
                                                              geométrica é,
                                                              por definição,
                                                              perfeita.
Superfície real                                                                   A U L A

     Superfície que limita o corpo e o separa do meio que o envolve. É a superfície
que resulta do método empregado na sua produção. Por exemplo: torneamento,            18
retífica, ataque químico etc. Superfície que podemos ver e tocar.




    Superfície efetiva

    Superfície avaliada pela técnica de medição, com forma aproximada da
superfície real de uma peça. É a superfície apresentada e analisada pelo aparelho
de medição. É importante esclarecer que existem diferentes sistemas e condições
de medição que apresentam diferentes superfícies efetivas.




    Perfil geométrico

    Interseção da superfície geométrica com um plano perpendicular. Por
exemplo: uma superfície plana perfeita, cortada por um plano perpendicular,
originará um perfil geométrico que será uma linha reta.




                                                      O perfil
                                                      geométrico é,
                                                      por definição,
                                                      perfeito.
A U L A       Perfil real


18            Intersecção da superfície real com um plano perpendicular. Neste caso, o
          plano perpendicular (imaginário) cortará a superfície que resultou do método de
          usinagem e originará uma linha irregular.




              Perfil efetivo

             Imagem aproximada do perfil real, obtido por um meio de avaliação ou
          medição. Por exemplo: o perfil apresentado por um registro gráfico, sem qual-
          quer filtragem e com as limitações atuais da eletrônica.




              Perfil de rugosidade

               Obtido a partir do perfil efetivo, por um instrumento de avaliação, após
          filtragem. É o perfil apresentado por um registro gráfico, depois de uma
          filtragem para eliminar a ondulação à qual se sobrepõe geralmente a rugosidade.
Composição da superfície                                                     A U L A

   Tomando-se uma pequena porção da superfície, observam-se certos ele-
mentos que a compõem.                                                            18




   A figura representa um perfil efetivo de uma superfície, e servirá de
exemplo para salientar os elementos que compõem a textura superficial,
decompondo o perfil.



A) Rugosidade ou textura primária é o conjunto das irregularidades causadas
   pelo processo de produção, que são as impressões deixadas pela ferramenta
   (fresa, pastilha, rolo laminador etc.).
   Lembrete: a rugosidade é também chamada de erro microgeométrico.


B) Ondulação ou textura secundária é o conjunto das irregularidades causadas
   por vibrações ou deflexões do sistema de produção ou do tratamento
   térmico.


C) Orientação das irregularidades é a direção geral dos componentes da
   textura, e são classificados como:
   - orientação ou perfil periódico - quando os sulcos têm direções definidas;
   - orientação ou perfil aperiódico - quando os sulcos não têm direções
   definidas.


D) Passo das irregularidades é a média das distâncias entre as saliências.
   D1: passo das irregularidades da textura primária;
   D2: passo das irregularidades da textura secundária.
   O passo pode ser designado pela freqüência das irregularidades.


                                               irregularidades.
E) Altura das irregularidades ou amplitude das irregularidades
   Examinamos somente as irregularidades da textura primária.
A U L A       Critérios para avaliar a rugosidade


18            Comprimento de amostragem (Cut off)

              Toma-se o perfil efetivo de uma superfície num comprimento lm, compri-
          mento total de avaliação. Chama-se o comprimento le de comprimento de
          amostragem (NBR 6405/1988).
              O comprimento de amostragem nos aparelhos eletrônicos, chamado de
          cut-off ( le), não deve ser confundido com a distância total (lt) percorrida pelo
          apalpador sobre a superfície.
              É recomendado pela norma ISO que os rugosímetros devam medir 5 compri-
          mentos de amostragem e devem indicar o valor médio.




              A distância percorrida pelo apalpador deverá ser igual a 5 le mais a distância
          para atingir a velocidade de medição lv e para a parada do apalpador lm.
              Como o perfil apresenta rugosidade e ondulação, o comprimento de
          amostragem filtra a ondulação.




              A rugosidade H2 é maior, pois le 2 incorpora ondulação.
              A rugosidade H1 é menor, pois, como o comprimento le 1 é menor, ele filtra
          a ondulação.



              Sistemas de medição da rugosidade superficial

             São usados dois sistemas básicos de medida: o da linha média M e o da
          envolvente E. O sistema da linha média é o mais utilizado. Alguns países
          adotam ambos os sistemas. No Brasil - pelas Normas ABNT NBR 6405/1988 e
          NBR 8404/1984 -, é adotado o sistema M.
Sistema M                                                                     A U L A

   No sistema da linha média, ou sistema M, todas as grandezas da medição da
rugosidade são definidas a partir do seguinte conceito de linha média:            18
    Linha média é a linha paralela à direção geral do perfil, no comprimen-
    to da amostragem, de tal modo que a soma das áreas superiores,
    compreendidas entre ela e o perfil efetivo, seja igual à soma das áreas
    inferiores, no comprimento da amostragem (le).




    A1 e A2 áreas acima da linha média = A3 área abaixo da linha média.


                                A1 + A2 = A3



   Teste sua aprendizagem. Faça os exercícios a seguir e confira suas respostas
com as do gabarito.



    Marque com X a resposta correta.                                              Exercícios
Exercício 1
   Erros microgeométricos são verificáveis por:
   a) ( ) rugosímetro;
   b) ( ) projetor de perfil;
   c) ( ) micrômetro;
   d) ( ) relógio comparador.

Exercício 2
   A rugosidade desempenha um papel importante no comportamento dos
   componentes mecânicos. Ela não influi:
   a) ( ) na aparência;
   b) ( ) na qualidade de deslizamento;
   c) ( ) na resistência ao desgaste;
   d) ( ) nenhuma das respostas anteriores.
A U L A   Exercício 3
             A superfície obtida por processos de fabricação, denomina-se:

18           a) ( ) geométrica;
             b) ( ) real;
             c) ( ) efetiva;
             d) ( ) rugosa;

          Exercício 4
             Cut off significa:
             a) ( ) passo das irregularidades;
             b) ( ) ondulações causada por vibrações do sistema de produção;
             c) ( ) comprimento de amostragem nos aparelhos eletrônicos (rugosímetros);
             d) ( ) orientação dada as irregularidades.

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18.rugosidade

  • 1. A UU AL A L A 18 18 Rugosidade O supervisor de uma empresa verificou que os trabalhos de usinagem não estavam em condições de atender aos requisitos Um problema do projeto. Por isso, contratou um técnico para explicar ao seu pessoal as normas e aparelhos utilizados para a verificação do acabamento superficial das peças. Vamos acompanhar as explicações? Rugosidade das superfícies As superfícies dos componentes mecânicos devem ser adequadas ao tipo de função que exercem. Por esse motivo, a importância do estudo do acabamento superficial aumen- ta à medida que crescem as exigências do projeto. As superfícies dos componentes deslizantes, como o eixo de um mancal, devem ser lisas para que o atrito seja o menor possível. Já as exigências de acabamento das superfícies externas da tampa e da base do mancal são menores. A produção das superfícies lisas exige, em geral, custo de fabricação mais elevado. Os diferentes processos de fabricação de componentes mecânicos determi- nam acabamentos diversos nas suas superfícies. As superfícies, por mais perfeitas que sejam, apresentam irregularidades. E essas irregularidades compreendem dois grupos de erros: erros macrogeométricos e erros microgeométricos. Erros macrogeométricos são os erros de forma, verificáveis por meio de instrumentos convencionais de medição, como micrômetros, relógios comparadores, projetores de perfil etc. Entre esses erros, incluem-se divergências de ondulações, ovalização, retilineidade, planicidade, circularidade etc. Durante a usinagem, as principais causas dos erros macrogeométricos são: · defeitos em guias de máquinas-ferramenta; · desvios da máquina ou da peça; · fixação errada da peça; · distorção devida ao tratamento térmico. Erros microgeométricos são os erros conhecidos como rugosidade.
  • 2. A U L A Rugosidade 18 É o conjunto de irregularidades, isto é, pequenas saliências e reentrâncias que caracterizam uma superfície. Essas irregularidades podem ser avaliadas com aparelhos eletrônicos, a exemplo do rugosímetro. A rugosidade desem- penha um papel importante no comportamento dos componentes mecânicos. Ela influi na: · qualidade de deslizamento; · resistência ao desgaste; · possibilidade de ajuste do acoplamento forçado; · resistência oferecida pela superfície ao escoamento de fluidos e lubrificantes; · qualidade de aderência que a estrutura oferece às camadas protetoras; · resistência à corrosão e à fadiga; · vedação; · aparência. A grandeza, a orientação e o grau de irregularidade da rugosidade podem indicar suas causas que, entre outras, são: - imperfeições nos mecanismos das máquinas-ferramenta; - vibrações no sistema peça-ferramenta; - desgaste das ferramentas; - o próprio método de conformação da peça. Conceitos básicos Para estudar e criar sistemas de avaliação do estado da superfície, é neces- sário definir previamente diversos termos e conceitos que possam criar uma linguagem apropriada. Com essa finalidade utilizaremos as definições da norma NBR 6405/1988. Superfície geométrica Superfície ideal prescrita no projeto, na qual não existem erros de forma e acabamento. Por exemplo: superfícies plana, cilíndrica etc., que sejam, por definição, perfeitas. Na realidade, isso não existe; trata-se apenas de uma referência. A superfície geométrica é, por definição, perfeita.
  • 3. Superfície real A U L A Superfície que limita o corpo e o separa do meio que o envolve. É a superfície que resulta do método empregado na sua produção. Por exemplo: torneamento, 18 retífica, ataque químico etc. Superfície que podemos ver e tocar. Superfície efetiva Superfície avaliada pela técnica de medição, com forma aproximada da superfície real de uma peça. É a superfície apresentada e analisada pelo aparelho de medição. É importante esclarecer que existem diferentes sistemas e condições de medição que apresentam diferentes superfícies efetivas. Perfil geométrico Interseção da superfície geométrica com um plano perpendicular. Por exemplo: uma superfície plana perfeita, cortada por um plano perpendicular, originará um perfil geométrico que será uma linha reta. O perfil geométrico é, por definição, perfeito.
  • 4. A U L A Perfil real 18 Intersecção da superfície real com um plano perpendicular. Neste caso, o plano perpendicular (imaginário) cortará a superfície que resultou do método de usinagem e originará uma linha irregular. Perfil efetivo Imagem aproximada do perfil real, obtido por um meio de avaliação ou medição. Por exemplo: o perfil apresentado por um registro gráfico, sem qual- quer filtragem e com as limitações atuais da eletrônica. Perfil de rugosidade Obtido a partir do perfil efetivo, por um instrumento de avaliação, após filtragem. É o perfil apresentado por um registro gráfico, depois de uma filtragem para eliminar a ondulação à qual se sobrepõe geralmente a rugosidade.
  • 5. Composição da superfície A U L A Tomando-se uma pequena porção da superfície, observam-se certos ele- mentos que a compõem. 18 A figura representa um perfil efetivo de uma superfície, e servirá de exemplo para salientar os elementos que compõem a textura superficial, decompondo o perfil. A) Rugosidade ou textura primária é o conjunto das irregularidades causadas pelo processo de produção, que são as impressões deixadas pela ferramenta (fresa, pastilha, rolo laminador etc.). Lembrete: a rugosidade é também chamada de erro microgeométrico. B) Ondulação ou textura secundária é o conjunto das irregularidades causadas por vibrações ou deflexões do sistema de produção ou do tratamento térmico. C) Orientação das irregularidades é a direção geral dos componentes da textura, e são classificados como: - orientação ou perfil periódico - quando os sulcos têm direções definidas; - orientação ou perfil aperiódico - quando os sulcos não têm direções definidas. D) Passo das irregularidades é a média das distâncias entre as saliências. D1: passo das irregularidades da textura primária; D2: passo das irregularidades da textura secundária. O passo pode ser designado pela freqüência das irregularidades. irregularidades. E) Altura das irregularidades ou amplitude das irregularidades Examinamos somente as irregularidades da textura primária.
  • 6. A U L A Critérios para avaliar a rugosidade 18 Comprimento de amostragem (Cut off) Toma-se o perfil efetivo de uma superfície num comprimento lm, compri- mento total de avaliação. Chama-se o comprimento le de comprimento de amostragem (NBR 6405/1988). O comprimento de amostragem nos aparelhos eletrônicos, chamado de cut-off ( le), não deve ser confundido com a distância total (lt) percorrida pelo apalpador sobre a superfície. É recomendado pela norma ISO que os rugosímetros devam medir 5 compri- mentos de amostragem e devem indicar o valor médio. A distância percorrida pelo apalpador deverá ser igual a 5 le mais a distância para atingir a velocidade de medição lv e para a parada do apalpador lm. Como o perfil apresenta rugosidade e ondulação, o comprimento de amostragem filtra a ondulação. A rugosidade H2 é maior, pois le 2 incorpora ondulação. A rugosidade H1 é menor, pois, como o comprimento le 1 é menor, ele filtra a ondulação. Sistemas de medição da rugosidade superficial São usados dois sistemas básicos de medida: o da linha média M e o da envolvente E. O sistema da linha média é o mais utilizado. Alguns países adotam ambos os sistemas. No Brasil - pelas Normas ABNT NBR 6405/1988 e NBR 8404/1984 -, é adotado o sistema M.
  • 7. Sistema M A U L A No sistema da linha média, ou sistema M, todas as grandezas da medição da rugosidade são definidas a partir do seguinte conceito de linha média: 18 Linha média é a linha paralela à direção geral do perfil, no comprimen- to da amostragem, de tal modo que a soma das áreas superiores, compreendidas entre ela e o perfil efetivo, seja igual à soma das áreas inferiores, no comprimento da amostragem (le). A1 e A2 áreas acima da linha média = A3 área abaixo da linha média. A1 + A2 = A3 Teste sua aprendizagem. Faça os exercícios a seguir e confira suas respostas com as do gabarito. Marque com X a resposta correta. Exercícios Exercício 1 Erros microgeométricos são verificáveis por: a) ( ) rugosímetro; b) ( ) projetor de perfil; c) ( ) micrômetro; d) ( ) relógio comparador. Exercício 2 A rugosidade desempenha um papel importante no comportamento dos componentes mecânicos. Ela não influi: a) ( ) na aparência; b) ( ) na qualidade de deslizamento; c) ( ) na resistência ao desgaste; d) ( ) nenhuma das respostas anteriores.
  • 8. A U L A Exercício 3 A superfície obtida por processos de fabricação, denomina-se: 18 a) ( ) geométrica; b) ( ) real; c) ( ) efetiva; d) ( ) rugosa; Exercício 4 Cut off significa: a) ( ) passo das irregularidades; b) ( ) ondulações causada por vibrações do sistema de produção; c) ( ) comprimento de amostragem nos aparelhos eletrônicos (rugosímetros); d) ( ) orientação dada as irregularidades.