Este documento apresenta a Semana da Cidadania de 2012, que terá como tema "Juventude e saúde alimentar". O documento explica que a Semana da Cidadania enfatiza a dimensão sociopolítica da formação integral da juventude e que seu objetivo é refletir sobre o direito humano básico da alimentação. Além disso, o documento descreve as três atividades permanentes das Pastorais da Juventude para o ano de 2012, incluindo a Semana da Cidadania, a Semana do
3. Textos: Ana Cláudia Cruz Folha, Júlio César F Costa, Luís Duarte
.
Vieira, Maciel Cover, Poliane Oliveira Dutra, Rachel Omoto
Gabriel, Tayson Bedin, Vanessa Aparecida Araújo Correia
Diagramação e ilustração: Victor Luigi Bautista Pisani
Revisão: Claudia Santos da Silva, Eric Sousa Moura, Joaquim
Alberto Andrade Silva, Laércio Vieira, Guilherme Monteiro
Cerqueira, Raquel Pulita Andrade Silva
4. O que é a Semana da Cidadania 5
Atividades Permanentes 2012 8
Apresentação 11
Como organizar a Semana 13
Saúde 15
Agricultura 22
Direitos 31
Contatos importantes 39
5. 5
escolas, nos meios populares e nas comunida-
O que é a des rurais. É o exercício do anúncio evangélico
de vida plena; anúncio engajado na realidade con-
Semana da creta dos sujeitos jovens, comprometido com a
reparação das injustiças e com a construção da
Cidadania? igualdade social, como sinais do Reino de Deus.
A Semana da Cidadania (SdC) enfatiza a O que e Cidadania?
dimensão sociopolítica e é parte do processo de
formação integral promovido pelas Pastorais da A palavra cidadania, vinda do latim civitas (ci-
Juventude do Brasil, sendo uma de suas três1 ati- dade), já está bem incorporada em nosso vocabulá-
vidades permanentes e atividade oficial da Igreja rio. Ela é usada para designar uma cidadania formal,
no Brasil. É uma ação do discipulado missioná- isto é, pertencimento a um território, nacionalidade
rio de milhares de grupos de jovens e militantes (somos cidadãos/ãs brasileiros/as); ou para se refe-
organizados como Igreja nas comunidades nas rir ao conjunto de direitos (civis, políticos, sociais)
de cada pessoa/grupo. A concepção mais comum
1. Das três atividades citadas, destacamos que o Dia Na-
de cidadania é, portanto, o conjunto de direitos da
cional da Juventude é uma das Atividades Permanentes das
Pastorais da Juventude e do Setor Juventude da CNBB. A pessoa que vive em sociedade. Mais do que isso, a
partir de 2012, sua preparação no âmbito nacional foi as- cidadania é o exercício desses direitos, culminando
sumida pela Coordenação Nacional de Jovens, da qual as em participação plena na vida social. Fala-se tam-
Pastorais da Juventude fazem parte com outros grupos e
bém em deveres, para se referir às implicações e
movimentos. Isso revela a importância desta atividade para
a juventude e seus diversos grupos. responsabilidades da vida em sociedade.
6. 6
A cidadania pode ser entendida também fazer para que nossa cidadania não seja apenas
como um processo longo e permanente de con- formal, mas efetiva/substantiva, isto é, para que
quista de direitos. É só lembrarmos que, quando todos/as possam exercer plenamente seus direi-
surgiu a ideia de cidadania (ainda na Idade An- tos, para que os direitos conquistados não sejam
tiga), somente homens, proprietários de terras retirados e para que todos/as tenham vida plena.
e adultos eram considerados cidadãos. Foram
necessários muitos séculos para que mulheres,
pobres, estrangeiros, crianças e jovens acessas- Para que Semana da
sem os mesmos direitos, mesmo que só for-
malmente. Está ainda em curso a história de
Cidadania?
construção e ampliação destes direitos a toda
É o caráter de permanente da construção
população, no Brasil e no mundo. E a participa-
de nossa cidadania que faz com que a SdC seja
ção popular foi sempre decisiva para a ampliação
sempre tão importante. Ela não é uma semana
e o acesso aos direitos civis, políticos e sociais.
para exercermos a cidadania, pois esta, como vi-
Por isso, é importante lembrar que a cidadania
mos, é vivida e construída no cotidiano. Ela é um
plena só se realiza se for combinada com demo-
evento, dentro de um processo, que nos ajuda a:
cracia, direitos, igualdade social, justiça e partici-
pação popular. Fazer memória e celebrar a luta histórica
Em nossa história notamos o avanço con- dos jovens e de todo o povo na constru-
siderável de acesso a direitos, graças às lutas ção dos direitos;
dos movimentos sociais, das Igrejas e dos di-
versos grupos, mas, sobretudo por causa das Fortalecer/organizar o processo de cons-
desigualdades sociais, ainda temos muito que trução e garantia de direitos, articulando
7. 7
forças com outros grupos, movimentos,
Igrejas, em torno do projeto de sociedade
que sonhamos e em defesa da vida dos/
as jovens;
Criar oportunidade para debater com os/as
jovens os temas da cidadania, dos direitos,
sobretudo os que dizem respeito à vida da
juventude, por meio de atividades de for-
mação, mobilização, campanhas, etc;
Criar oportunidade para dialogar com o
poder público e outros órgãos e institui-
ções em vista da efetivação de direitos
juvenis e de políticas públicas para este
público.
A Semana da Cidadania constitui parte
de nosso compromisso apostólico de anunciar
e construir vida plena. É um espaço para a con-
vocação de novos grupos de jovens e para des-
pertar para a vida comunitária e é nossa opor-
tunidade, como jovens, de compor a história da
construção dos nossos direitos.
8. 8
em torno da Campanha Nacional contra a vio-
lência e o extermínio de jovens. E no próximo
Atividades
2012
triênio, começando agora em 2012, estão em
sintonia com o Projeto de Revitalização da Pas-
Permanentes toral Juvenil na América Latina.
As Atividades Permanentes ajudam a
compor a agenda, com as motivações e os de-
Todos os anos as Pastorais da Juventude safios importantes para as ações pastorais com/
realizam três Atividades Permanentes, que são dos jovens, no ano. Elas são espaços e oportu-
parte de sua ação no cuidado com a vida da ju- nidades de formação, conscientização e mobili-
ventude, ao modo de Jesus de Nazaré, e do pro- zação.
cesso de formação integral que desenvolvem Em 2012, toda a ação pastoral com jovens
com os/as sujeitos jovens. A Semana da Cida- no Brasil e na América Latina está convidada a
dania (SdC), a Semana do Estudante (SdE) e o caminhar na direção de Nazaré, o lugar bíblico do
Dia Nacional da Juventude (DNJ) são realizadas cuidado e do crescimento. Nas Atividades Per-
como um processo, por isso são organizadas a manentes deste ano encontramos várias formas
partir do planejamento das ações das Pastorais de estar com Jesus em Nazaré. Neste caso,
no ano e têm os/as jovens como protagonistas. encontrar com Ele é também encontrar com a
São realizadas em sintonia com a Campanha da comunidade, com o grupo, com a família, com
Fraternidade, com o Documento 85 da CNBB – a cultura, com a religião, com as dores do povo,
Evangelização da Juventude e com as Diretrizes do planeta, com as lutas, as conquistas e os so-
Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja do Bra- nhos dos/as jovens.
sil. Nos últimos três anos organizam-se também
9. 9
rado por João, renovamos nossa fé de que Je-
Semana da Cidadania
sus alimenta e faz viver. Ele é o “alimento que
14 a 21 de abril de 2012
permanece” e que nos faz viver. Nossa busca
Tema: Juventude e saúde alimentar
é encontrá-lo no cotidiano, em nossa Nazaré,
Lema: É preciso ter certeza do que se
alimentarmo-nos da sua Palavra e da sua vida.
põe na mesa
Buscar vida plena, encontrando na prática e na
vida d´Ele referência para vivermos nossa pró-
pria vida.
A SdC abordará o tema da saúde, com ên-
Desejamos que a SdC nos ajude a culti-
fase no direito à alimentação. Estes temas estão
vamos, também nos hábitos alimentares e na
muito próximos da realidade de cada pessoa,
relação com os/as outros e com o mundo, nossa
que vive no campo ou na cidade. Comer é uma
Casa, o Bem-Viver tendo em vista a defesa da
necessidade básica de todos/as nós. É também
vida e a construção da Civilização do Amor.
um direito social fundamental para nossa cida-
dania. Por isso, este tema nos propõe refletir
o acesso que cada pessoa tem aos alimentos
Semana do Estudante
necessários; o modo como se produz os alimen-
06 a 12 de agosto de 2012
tos que consumimos; o cuidado com o planeta
Tema: Semana do Estudante - 10 anos so-
e com a vida das pessoas no processo de pro-
nhando e construindo a civilização do amor
dução alimentícia; e a igualdade e a justiça no
Lema: No caminho da história, a opção
campo e na cidade.
por uma educação libertadora
O referencial bíblico Jo 6, 27 deve ilumi-
nar a SdC. Nesta passagem do evangelho nar-
10. 10
Com a SdE teremos a oportunidade de Com a pergunta “que vida vale a pena ser
conversar sobre o modelo de educação que so- vivida?” poderemos refletir sobre a realização da
,
nhamos. Em 2012, com a realização da décima vida plena, através de nossos projetos de vida
Semana do Estudante, poderemos fazer memó- pessoais e dos projetos de sociedade.
ria histórica dos passos dados na construção Enfim, que neste ano em que a Igreja cele-
da Civilização do Amor. Será uma oportunidade bra os 50 anos do Concílio Vaticano II, as Ativida-
para refletir as opções no campo da educação e des Permanentes nos ajudem a entrar na mística
da sociedade e renovar os compromissos, para de Nazaré, isto é, a estarmos dispostos a realizar
alimentar as utopias. a vida, comprometidos com o Reino, na simplici-
dade, na cultura, no cotidiano, na missão.
Dia Nacional da Juventude
28 de outubro de 2012
Tema: Juventude e Vida
Lema: Que vida vale a pena ser vivida?
O DNJ em 2012 e 2013 estará sob respon-
sabilidade da Comissão Episcopal Pastoral para a
Juventude. As Pastorais da Juventude, por meio
de seus secretários nacionais, acompanham e
participam da Coordenação Nacional de Jovens
(CEPJ) da CNBB, composta por pastorais, movi-
mentos e novas comunidades.
11. 11
vida diferente, não o do consumismo e do indi-
Apresentação
vidualismo, mas o da integralidade da vida, com
uma espiritualidade comunitária e ecológica.
Nosso Senhor Jesus Cristo veio para dar
dignidade e vida aos seres humanos. Veio pro-
Caros Irmãos e Irmãs! A Campanha da por uma vida digna aonde não falte o alimento
Fraternidade 2012 (CF) neste ano nos propõe do cotidiano e nem o alimento espiritual. No
um caminho de reflexão bastante ousado – Evangelho de João “Eu vim para que todos te-
“Fraternidade e Saúde Pública” Um tema que
. nham vida, e a tenham em abundância” (Jo 10,
exige conversão e mudança de mentalidade. A 10b), Jesus assumiu o compromisso de dar a
vida é o maior presente que Deus deu ao ser vida para outras tenham vida em abundância.
humano, assim somos convidados a ampliar Essa é a maior prova de amor pelo outro. Ain-
a solidariedade com o enfermo, no cultivo de da no Evangelho (Jo 6,27), Jesus nos convida a
uma vida saudável e no compromisso com a crer Nele, pois Ele “alimento que permanece”
garantia do direito a um bom sistema de saúde e que nos faz viver.
pública de qualidade. O Bem Viver pode ilustrar nossa busca,
A Semana da Cidadania (SdC) se soma à porque falar de saúde é falar de cuidado. Nin-
CF Com o tema “Saúde Alimentar” propõe que
. guém está saudável se não cuida de si, se não
a juventude, nos seus diversos espaços, reflita é cuidado pelo/a outro/a, se não cuida do próxi-
sobre as práticas de cuidado consigo, com os mo, da terra, das relações, da alimentação, do
outros e com planeta, práticas que geram Bem corpo, do espírito. O cuidado, a integralidade,
Viver. A idéia do Bem Viver, fruto da sabedoria a relação, que tanto estão relacionados com o
dos povos indígenas, nos aponta um modo de modo de vida dos povos originários de nosso
12. 12
continente latino-americano. Como aprende- os anos e nos ajuda a refletir e valorizar o Ser
mos com a CF a melhor forma de cuidar da
, Humano Criatura amada de Deus.
saúde de uma pessoa é evitar que ela adoeça. Boa Semana da Cidadania a todos e a to-
Assim, a SdC propõe três eixos temáticos para das.
trabalhar o tema: saúde, agricultura e direi-
tos. Os três eixos nos ajudam a dar uma volta Fraternalmente,
ampla pelo tema, tendo como pano de fundo
a idéia do cultivo do Bem Viver. Pensemos nas P Antonio Ramos do Prado, sdb
.
pessoas, no cuidado com o corpo, com uma Assessor para a Comissão Episcopal
vida saudável, que passa pelo consumo de ali- Pastoral para a Juventude da Cnbb
mentos adequados. Pensemos nos modelos de
produção de alimentos, nas práticas que geram
saúde para as pessoas e para o planeta e nas
práticas que geram doença e morte. Pensemos
em garantir o direito à saúde e à segurança
alimentar a todos/as, com acesso igualitário e
adequado, com qualidade e segurança.
Desejamos que você, sua família, seu
grupo, sua comunidade, sua escola, sua fa-
culdade que aprofundem e alimentem sua Fé,
pois Jesus é o alimento que nos faz viver. Fé
na Vida, Fé no Homem e Fé na Terra. A Semana
da Cidadania é uma porta que nos abre todos
13. 13
necessário planejar com antecedência e cuidado
as atividades. Podemos começar pelo estudo des-
Como organizar te material e de outros que possam nos inteirar do
tema, formar as parcerias, planejar, realizar e ava-
a Semana liar as atividades e ações.
Compreendendo que a SdC é realizada por
muitos tipos de grupos, o subsídio foi preparado
A Semana da Cidadania (SdC) pode ser de modo a favorecer a realização de diferentes
realizada de muitas formas, por muitos modelos tipos de atividades. As atividades da SdC podem
de grupos e coletivos. O tema proposto é sem- e devem acontecer em diversos espaços da so-
pre um tema relacionado à vida dos/as jovens, por ciedade: igrejas, praças, escolas, ruas, câmaras,
isso, sabemos muitas coisas a respeito dele. No sindicatos, comunidades rurais, acampamentos,
entanto, com o subsídio, as Pastorais da Juventu- etc. O importante é ter criatividade tanto na ativi-
de apresentam mais do que o tema, apresentam dade a ser realizada como em onde realizá-la. Para
uma reflexão. Este subsídio propõe alguns modos cada um dos temas abordados, dentro da temá-
de abordagem e questões, dados e ideias sobre o tica central da SdC, são apresentados: um texto
tema para o debate e a ação dos grupos. Ele nos de aprofundamento, um referencial bíblico, suges-
ajuda a entender melhor alguns aspectos do tema tão de dinâmicas e indicação de subsídios (filmes,
e pode ser usado em conjunto com outros mate- músicas, poesias). Assim, temos em mãos um
riais aos quais tenhamos acesso e com as informa- conjunto de possibilidades que podem ser mon-
ções que já sabemos a respeito do tema da SdC. tadas e usadas da maneira que melhor atender às
Para que a SdC cumpra seus objetivos e expectativas e necessidades dos grupos. Abaixo,
seja oportunidade de formação e mobilização, é sugerimos algumas atividades para realizar a SdC.
14. 14
Sugestoes de atividades: • Gincanas;
• Propor e realizar ações conjuntas com a
• Rodas de Conversa; Campanha da Fraternidade 2012;
• Reuniões/encontros para debate das temáticas; • Seções solenes nas Câmaras Municipais e/
• Plenárias; ou Assembleias Legislativas;
• Palestras; • Criação e divulgação de pequenos filmes
• Pesquisas sobre temáticas relacionadas; no na internet;
• Seminários; • Criação e divulgação de textos, poemas,
• Oficinas; jornais, teatros, etc;
• Campanhas ou apoio às Campanhas já • Elaboração de paródias e/ou músicas;
existentes relacionadas às temáticas; • Criação de jogos;
• Feiras; • Visitas nas escolas;
• Painéis; • Acampamentos;
• Tardes de Formação; • Celebrações;
• Ofícios Divino; • Festivais;
• Audiências Públicas; • Pesquisar os movimentos e pastorais so-
• Conversas com profissionais da saúde; ciais que têm se dedicado à conquista de
• Visita à pequenos agricultores; direito alimentar;
• Visita à entidades que trabalham ou estudam te- • Estudar com o grupo/coletivo/movimento o
máticas diretamente ligadas à temática da SdC; Marco legal brasileiro que garante o direito
• Planfletagem; à alimentação.
• Passeatas ou Marchas; • Organizar atividades preparatórias para a
• Cine-Fórum; Conferência Rio +20
15. 15
Saúde Para trabalhar o tema:
” Que a saúde se difunda pela terra” (Eclo 38,8) 1. Texto de apoio:
A promoção da saúde e de uma vida sau-
Sabemos que fomos criados para a vida em
dável não está relacionada somente com os
abundância. Temos de cuidar da vida, do corpo, da
serviços médicos. Diz respeito à garantia de um
alimentação. A saúde é um dos aspectos funda-
conjunto de direitos que inclui saneamento, mo-
mentais para pensarmos uma vida plena, para culti-
radia, educação, lazer, emprego e alimentação.
varmos o Bem Viver. Mas saúde não é apenas a au-
No entanto, não prescinde de um bom Sistema
sência de doença. Aprendemos com a Organização
Único de Saúde (SUS), que funcione adequada-
Mundial da Saúde (OMS) que saúde é “a situação
mente e que efetivamente garanta os seus prin-
de perfeito bem-estar físico, mental, social e espi-
cípios de universalidade, integralidade e equida-
ritual” Ela é também um direito de todos, previsto
.
de. E, além disso, que garanta um serviço espe-
em nossa Constituição Federal no artigo 196.
cializado e qualificado no atendimento de jovens
Um dos pontos que queremos discutir na
e adolescentes.
SdC é a saúde alimentar, pois este assunto está
relacionado diretamente com nossa vida cotidia-
É preciso ter certeza do que
na. Todos os dias ingerimos alimentos para obter
se põe na mesa
energia, prazer, saúde, disposição para realizar nos-
sas atividades. Mas sabemos o que colocamos na
Em ranking da Agência Nacional de Vigi-
mesa? Será que o que consumimos está nos tra-
lância Sanitária (Anvisa), publicado em dezembro
zendo mais vida?
16. 16
de 2011, foi detectada a presença de resíduos de meio ambiente e a nossa saúde.
agrotóxicos em níveis acima do permitido em ali- A saúde também tem a ver com os hábitos
mentos como pimentão, morango e pepino, além alimentares. Estes hábitos estão relacionados à
da utilização de agrotóxicos não autorizados. Um cultura, mas podem sofrer influência da indústria
dos diretores da Anvisa considerou a situação pre- alimentícia e de um estilo de vida acelerado, que
ocupante, pois a ingestão contínua de alimentos contribui para o sucesso dos “fast-food’s” os quais
,
contaminados por agrotóxicos pode contribuir para têm contribuído para o aumento da obesidade
o surgimento de doenças como o câncer. infantil e adulta. A obesidade é considerada pela
Assim, todos os dias, quando comemos Organização Mundial da Saúde (OMS) um dos dez
algum alimento, podemos estar ingerindo uma principais problemas de saúde pública no mundo.
quantidade enorme de venenos. Nossos alimen- E, de acordo com o IBGE, metade da população
tos estão cada dia mais contaminados em função adulta de nosso país está com sobrepeso.
das toneladas de agrotóxicos que são jogadas nas Alguns alimentos industrializados que
lavouras, em especial nos monocultivos do agro- fazem parte do dia a dia de muitos brasileiros
negócio. Só no ano de 2009 foram jogados mais causam muitos malefícios à saúde: uma lata de
de um bilhão de litros de agrotóxicos no campo refrigerante equivale em média a 10 colheres de
brasileiro e, desde 2008, o Brasil se transformou chá de açúcar e um pacote de biscoito recheado,
no maior consumidor de agrotóxicos do mundo, além da mesma quantidade de açúcar, contém
segundo dados da Campanha Nacional contra os grande quantidade de gordura.
agrotóxicos. Os agrotóxicos contaminam os ali- Esses e tantos outros fatos nos indicam
mentos que comemos e a água que bebemos, a importância de estarmos atentos à origem e à
além dos rios, lagos, chuvas e os lençóis freáti- composição dos alimentos que ingerimos, pois
cos. Toda essa contaminação afeta diretamente o nossas escolhas e hábitos alimentares afetam
17. 17
diretamente a nossa saúde, o nosso bem-estar, para dar vida plena. Quando cura algum doente,
nossa disposição para servir ao Reino, além de não apenas o cura da doença, mas restaura-lhe
estarem relacionados a questões mais profundas, a dignidade, devolve-lhe a integridade. Este ver-
que envolvem o conjunto da sociedade, como os sículo pode ajudar a lançar luz sobre o fato de
modelos de produção agrícola e o estilo de vida que devemos não apenas acabar com a fome
da sociedade contemporânea. Conscientes de e com a doença, mas alimentar-nos de maneira
nossas atitudes e de dos nossos direitos, somos saudável, prazerosa, com alimentos que tragam
capazes de transformar nossas vidas e daqueles vida, que sejam produzidos de maneira adequa-
que estão ao redor, seja no campo, na cidade, na da, sem exploração no campo, sem substâncias
escola ou em qualquer outro espaço que estiver- que nos causem danos à saúde.
mos ocupando.
A gente não quer só comida, a gente quer
comida boa! Temos direito não só à alimentação, 3. Sugestão de dinâmicas
mas a uma alimentação adequada. Vamos fazer
valer nosso grito por políticas publicas de juventu- • Em uma mesa, com os jovens ao redor,
de e também de saúde! como se fossem participar de uma refei-
ção, colocam-se diversas embalagens de
venenos (rato, barata, etc) em pratos, que
2. Sugestão bíblica: são distribuídos sobre a mesa.,
• Ao som de um fundo musical tenso, é dito
“Eu vim para que tenham vida, e a te- aos jovens que algumas substâncias usa-
nham em abundância” (João 10, 10b). das na produção de venenos para matar
Jesus vem para libertar o povo oprimido, insetos e bichos são os mesmo usados na
18. 18
produção de nossos alimentos. Envene- Tenho Sede!
nam nossa comida, podendo deixar resídu- Tu tens sede de quê, ó fonte viva?
os em nossos corpos e afetar diretamente No manancial quebrado de teu corpo
nossa saúde. se saciam os anjos.
• Após alguns instantes de silêncio para que E todos os humanos
olhem a mesa, convida-se para que for- bebemos em teus olhos moribundos
mem pequenos grupos a fim de debater o a luz que não se apaga.
tema. Sugestões de questões:
• Após a discussão, canta-se uma música re- Terra de nossa carne, calcinada
lacionada ao tema. por todo o egoísmo que a humanidade brota,
• Os jovens são, então, convidados a escrever Tens a sede do amor que nós não temos,
em pedaços de papel que atitudes podem Ébrios de tantas águas suicidas...
tomar para realizar o desejo de mais saúde,
assim como a protagonista da canção. Entretanto, sabemos
• As embalagens de venenos são retiradas que será dessa boca, ressecada pela sede,
para dar lugar ao papéis em que os jovens que nos virá o hino da alegria, o vinho da
escreveram seus desejos. No centro da irmandade,
mesa é, então, colocado um cesto com al- a enchente jubilosa da terra prometida!
gumas frutas, legumes e verduras.
• Ao som de “Casa no campo” de Elis Regi-
, Dá-nos sede da sede!
na, são oferecidos pedaços de frutas aos Dá-nos sede de Deus!
jovens para serem saboreadas.
• Termina-se com a seguinte leitura: (Pedro Casaldáliga e Johnny Alf)
19. 19
4. Anexos para os animais e para o meio-ambiente.
*sugestão de filmes, poesias, músicas, fontes
O veneno nosso de cada dia
Mostra os efeitos que os produtos químicos
Filmes utilizados na agricultura têm para a saúde
humana.
Maus hábitos
O filme conta a história de uma família
unida por uma variedade de distúrbios Musicas
alimentares.
Saúde Mental (Vibrações Rasta)
Nação fast food Muitos dos meus irmãos,
filme fala sobre os riscos à saúde da po- Sufocados pela opressão,
pulação e ao meio ambiente que a indús- Acabaram se entregando
tria do fast-food provoca. de bandeja à banalização. (Repete)
Corrupção do seu corpo
Super size me - a dieta do palhaço
Joga a sua vida no esgoto
Mostra a dieta de um cineasta que duran-
E a possibilidade de se libertar e aos demais
te um mês comeu somente comida fast
e aos demais fica pra trás
food nos EUA, provando os efeitos men-
E a possibilidade de se libertar
tais e físicos deste tipo de alimento.
E encontrar a paz, a paz
A carne é fraca Logo se vai...
Mostra os impactos que o ato de comer Então, não se deixe levar pela pedra
carne representa para a saúde humana, do mal, não.]
20. 20
Porque ela iria te roubar a saúde mental e geral Dos amigos do peito e nada mais
Então, não se deixe levar pela pedra do Eu quero uma casa no campo
mal, não.] Onde eu possa ficar no tamanho da paz
Porque ela iria te roubar a saúde mental e E tenha somente a certeza
geral.(Refrão)] Dos limites do corpo e nada mais
Corrupção de um corpo Eu quero carneiros e cabras pastando
pode jogar tua vida no esgoto solenes]
e a possibilidade de se libertar e aos demais No meu jardim
E aos demais ficam pra trás. Eu quero o silêncio das línguas cansadas
E a possibilidade de se libertar Eu quero a esperança de óculos
E encontrar a paz, paz Meu filho de cuca legal
Logo se vai... Eu quero plantar e colher com a mão
Então, não se deixe levar pela pedra do A pimenta e o sal
mal, não...] Eu quero uma casa no campo
Saúde, Saúde, Saúde Mental... Do tamanho ideal, pau-a-pique e sapé
Saúde, Saúde, Saúde Mental... Onde eu possa plantar meus amigos
Saúde, Saúde, Saúde Mental... Meus discos e livros
E geral... E nada mais
Casa No Campo (Elis Regina)
Eu quero uma casa no campo
Onde eu possa compor muitos rocks rurais
E tenha somente a certeza
21. 21
5. Fontes para quem quer saber mais
* Estes materiais foram consultados para construir o
texto de apoio
1. Texto sobre ranking da ANVISA sobre ali-
mentos contaminados por agrotóxicos
(http://www.cartamaior.com.br/templates/mate-
riaMostrar.cfm?materia_id=19160)
2. Texto de Eduardo Galeano sobre algumas
características da sociedade contemporânea.
Versa sobre novos hábitos alimentares
(http://www.cartacapital.com.br/economia/o-
-imperio-do-consumo/)
3. Documento Direito Humano à alimentação
adequada no contexto da segurança
alimentar e nutricional
(http://www.abrandh.org.br/downlo-
ad/20101101121244.pdf)
22. 22
dio). Pode ser desenvolvida com cuidado ao meio
Agricultura ambiente ou maltratando o planeta e restringindo
a oferta de alimentos de qualidade à população
“Nós também somos do (monocultivos). Pode ser uma produção limpa (or-
mato como o pato e o leão gânica) ou suja e prejudicial à saúde (agrotóxicos).
Aguardaremos, brincaremos no Na SdC, com o tema saúde alimentar,
regato até que nos tragam frutos, propõe-se que o seu grupo organize debates e
teu amor, teu coração” (Gilberto Gil) ações em torno da questão da agricultura. Como
são produzidos os alimentos que vão para a nossa
Você já pensou se perguntou de onde vem mesa? De onde vem o que consumimos? Quem
o alimento que come todos os dias? Quem o e como o produz?
produz? Como produz? Ao pensar nestas ques-
tões, nos deparamos com uma das atividades
mais importantes de nosso país: a agricultura. Para trabalhar o tema:
Ela é muito importante na promoção do Bem Vi-
ver. A nossa saúde alimentar e outros aspectos 1. Texto de apoio:
de nossa vida estão muito relacionados à ativi-
dade agrícola. O modelo de produção agrícola predomi-
Sabemos, no entanto, que há muitas nante no Brasil se sustenta com base nas gran-
formas de exercer esta atividade. A agricultura des propriedades de terra (o latifúndio) com pro-
pode ser realizada por pequenos proprietários dução de monocultivos (só um tipo de planta),
rurais (agricultura familiar) ou por grupos que voltado principalmente para a exportação, com
controlam grandes propriedades de terra (latifún- uso de máquinas pesadas que degradam a terra
23. 23
e com uso intensivo de agrotóxicos. Além dis- alimentos consumidos no Brasil, emprega 75%
so, os latifundiários, que controlam a atividade da mão de obra do setor agrícola, é responsável
agrícola, pagam baixos salários aos/às trabalha- por 70% da produção de feijão, 34% do arroz,
dores/as, chegando a utilizar trabalho escravo e 58% do leite, 38% do café, etc.
causando a expulsão de milhares de famílias do No entanto, a concentração de terra é um
campo. Esse modelo, chamado de agronegócio, grave problema da estrutura agrária brasileira e
só gera exploração para os trabalhadores e mui- gera inúmeros desafios para o desenvolvimento
to lucro para poucas e gigantes empresas trans- da agricultura familiar camponesa e da agroeco-
nacionais. Estas empresas detêm o monopólio logia. De acordo com o mesmo Censo, a agri-
da produção de sementes, remédio e agrotóxi- cultura familiar corresponde a 84,4% dos esta-
cos. Este modelo ameaça a saúde alimentar da belecimentos agrários brasileiros. No entanto,
população brasileira. esses agricultores ocupam somente 24,3% da
área ocupada pelos estabelecimentos agropecu-
ários brasileiros. Os estabelecimentos não fami-
Há possibilidade de mudar essa lógica? liares, apesar de representarem 15,6% do total
dos estabelecimentos, ocupam 75,7% da área
Em oposição a este modelo, temos a ocupada. Esses dados denunciam o alto grau de
agricultura familiar (regulamentada pela lei nº concentração da estrutura agrária brasileira e o
11.326, de 24 de julho de 2006) e a prática da sistema que privilegia um modelo que não é o
agroecologia. A agricultura familiar camponesa mais vantajoso para a vida da população nem do
é a principal abastecedora de alimentos para planeta.
consumo interno. Além disso, segundo o último
Censo Agropecuário (2006), ela produz 60% dos
24. 24
Meio ambiente e natureza, integrando os aspectos ambientais,
sociais, econômicos, políticos e culturais, em
A atividade agrícola está muito relaciona- vista de um desenvolvimento que seja susten-
da às questões ambientais, seja porque as con- tável. É impossível construir uma sociedade sau-
dições ambientais interferem nela, seja porque dável sem a agroecologia, porque ela é a base
ela interfere nas condições ambientais. Outra para uma atividade agrícola sustentável.
agricultura possível, que já existe, deve propor Os movimentos e pastorais sociais assu-
modos de produção que garanta: a sustentabili- miram essa luta há muitas décadas. As lutas pelo
dade e o cuidado com o meio ambiente, a justiça acesso à terra e pelo triunfo de um novo mode-
social e a geração de empregos justos, a oferta lo de produção agrícola é a bandeira de muita
de alimentos saudáveis que gere saúde. Vise gente, tendo, inclusive, como consequência, a
uma produção que não permite o monopólio das queda de muitos, assassinados pelas forças do
multinacionais sobre os/as camponeses/as nem latifúndio. Mas esta não é uma tarefa somente
das empresas sobre o planeta. Vise a respon- destes movimentos sociais nem só das pessoas
sabilidade de uma produção de alimento limpo, que vivem no campo. É uma missão de todos/
saudável sem veneno, para toda a população. as que desejamos cultivar o Bem Viver, ter uma
Uma nova prática agrícola já existe e tem alimentação saudável e digna e garantir a vida
de ser assumida, ampliada e difundida. A agroe- do planeta.
cologia, como prática da agricultura familiar cam-
ponesa, nos lembra que é preciso estabelecer
outro modo de cultivar, produzir e distribuir os
alimentos. Ela é uma ciência que estuda e tra-
balha a agricultura e as relações entre humano
25. 25
2. Sugestões bíblicas das arvores da vida que alimentam e curam as
nações nos enviem sempre em missão no com-
“O que a terra der durante o ano de des- promisso com o Bem-Viver e a defesa da vida
canso, servirá de alimento a ti, a teu servo, tua para todos/as.
serva, teu empregado e ao agregado que mo-
ram contigo” (Levítico 25, 6)
A Palavra sempre nos ensina um jeito de 3. Sugestão de dinâmicas
viver, de ser feliz, de Bem Viver. Em Levítico, em
uma passagem sobre o ano jubilar, lemos que a Objetivo: propor um modo concreto de se
terra nos dá o alimento e este deve ser de todos/ posicionar e atuar em vista de uma agricultura
as. Que nossa vida seja jubilar, uma oferenda a mais sustentável e justa.
Deus e aos pobres garantido que todos/as tem • Verificar quem do seu grupo/coletivo/movi-
acesso a seus direito. mento conhece a Campanha Nacional Con-
tra os Agrotóxicos;
OU • Conhecer a Campanha e suas ações;
• Discutir modos de aderir a Campanha no
“No meio da praça, de cada lado do rio, es- âmbito coletivo (práticas dos grupos e com-
tão plantadas árvores da vida; elas dão fruto doze promissos coletivos) e pessoal (práticas
vezes por ano; todo mês elas frutificam; suas fo- pessoais de consumo, etc)
lhas servem para curar as nações” Ap 22,2
. • Combinar com o grupo alguma ação com a
A Palavra de Deus nos aponta que da na- comunidade local (escola, paróquia, bairro,
tureza, presente e obra de Deus, vem os frutos coletivo, etc), pode ser alguma formação,
que servem para mais vida. Que esses frutos feira, seminário, plaestra, etc
26. 26
4. Anexos O Veneno está na mesa
* sugestões de poesias, músicas, filmes, fontes Informa sobre como as pessoas se alimen-
tam mal, por causa de um modelo agrário
perverso.
Filmes
O Mundo segundo a Monsanto
O filme realiza uma ampla investigação
Poemas
sobre a Monsanto - líder mundial na pro-
Dificuldade de governar (Bertolt Brecht)
dução de organismos geneticamente mo-
Todos os dias os ministros dizem ao povo
dificados.
Como é difícil governar. Sem os ministros
Cruzando o deserto verde O trigo cresceria para baixo em vez de
Narra a vida das pequenas populações que crescer para cima.]
habitam as regiões onde a cultura ribeirinha foi Nem um pedaço de carvão sairia das minas
substituída pela monocultura do eucalipto. Se o chanceler não fosse tão inteligente.
Sem o ministro da Propaganda]
O futuro dos alimentos
Mais nenhuma mulher poderia ficar grávida.
Apresenta uma investigação profunda à
Sem o ministro da Guerra]
verdade perturbadora dos alimentos mani-
Nunca mais haveria guerra. E atrever-se ia a
pulados geneticamente, não etiquetados
nascer o sol]
e patenteados, que, aos poucos, vão con-
Sem a autorização do Führer?
quistando lugar nos nossos mercados.
Não é nada provável e se o fosse
Ele nasceria por certo fora do lugar.
27. 27
E também difícil, ao que nos é dito, E só porque toda a gente é tão estúpida
Dirigir uma fábrica. Sem o patrão Que há necessidade de alguns tão
As paredes cairiam e as máquinas inteligentes.]
encher-se-iam de ferrugem.]
Se algures fizessem um arado Ou será que
Ele nunca chegaria ao campo sem Governar só é assim tão difícil porque a
As palavras avisadas do industrial aos exploração e a mentira]
camponeses: quem,] São coisas que custam a aprender?
De outro modo, poderia falar-lhes na
existência de arados? E que]
Seria da propriedade rural sem o pro O açúcar (Ferreira Gullar)
prietário rural?] O branco açúcar que adoçará meu café
Não há dúvida nenhuma que se semearia nesta manhã de Ipanema
centeio onde já havia batatas.] não foi produzido por mim
nem surgiu dentro do açucareiro por milagre.
Se governar fosse fácil
Não havia necessidade de espíritos tão Vejo-o puro
esclarecidos como o do Führer.] e afável ao paladar
Se o operário soubesse usar a sua máquina como beijo de moça, água
E se o camponês soubesse distinguir um na pele, flor
campo de uma forma para tortas] que se dissolve na boca. Mas este açúcar
Não haveria necessidade de patrões nem não foi feito por mim.
de proprietários.] Este açúcar veio
28. 28
da mercearia da esquina e tampouco o com que adoço meu café esta manhã em
fez o Oliveira, dono da mercearia.] Ipanema.]
Este açúcar veio
de uma usina de açúcar em Pernambuco
ou no Estado do Rio Musicas
e tampouco o fez o dono da usina.
Aroma (Gilberto Gil)
Este açúcar era cana A-a-a-a-aroma
e veio dos canaviais extensos A-a-a-a-aroma
que não nascem por acaso Vem pelo vento
no regaço do vale. Aroma
Em lugares distantes, onde não há hospital Fragrância, odor
nem escola, Vem da pitanga
homens que não sabem ler e morrem de Da manga
fome aos 27 anos] Perfume da flor
plantaram e colheram a cana Vem do estrume
que viraria açúcar. Cheiro do gado
Vem do pecado (aroma-amor)
Em usinas escuras, Do corpo dela (aroma-amor)
homens de vida amarga Todo molhado
e dura Aroma
produziram este açúcar Um cheiro de suor
branco e puro Ah, ah, ah, ah, aroma
29. 29
Ah, ah, ah, ah, aroma Até que nos tragam frutos teu amor, teu
Vem pelas ventas coração]
Aroma Abacateiro teu recolhimento é justamente
Do pobre ou rico O significado da palavra temporão
Embriagado Enquanto o tempo não trouxer teu abacate
Tu ficas Amanhecerá tomate e anoitecerá mamão
Eu também fico Abacateiro sabes ao que estou me referindo
Vem da macela Porque todo tamarindo tem o seu agosto azedo
Da graviola Cedo, antes que o janeiro doce manga
Vem do pé de manjericão venha ser também]
Há que cheirar, manjericão Abacateiro serás meu parceiro solitário
Todo o planeta Nesse itinerário da leveza pelo ar
Aroma Abacateiro saiba que na refazenda
De planta do sertão Tu me ensina a fazer renda que eu te
Todo o planeta (que cheirinho gostoso) ensino a namorar]
Aroma (de capim cheiroso) Refazendo tudo
De planta do sertão Refazenda
Refazenda toda
Refazenda (Gilberto Gil) Guariroba
Abacateiro acataremos teu ato
Nós também somos do mato como o
pato e o leão]
Aguardaremos brincaremos no regato
30. 30
Fazenda (Milton Nascimento)
Água de beber 5. Fontes para saber mais
* Estes materiais foram consultados para construir
Bica no quintal o texto de apoio
Sede de viver tudo
1. Campanha contra os agrotóxicos
E o esquecer (www.contraosagrotoxicos.org )
Era tão normal que o tempo parava
2. Censo Agropecuário 2006 (www.ibge.gov.br)
E a meninada respirava o vento
Até vir a noite e os velhos falavam coisas 3. Texto da Carta Capital sobre o agronegócio
dessa vida] (http://www.cartacapital.com.br/carta-verde/
Eu era criança, hoje é você, e no amanhã, agronegocio-nao-garante-seguranca-alimentar/)
nós(2x)]
4. Londres, Flavia. Agrotóxicos no Brasil: um
Água de beber
guia para ação em defesa da vida. – Rio de
Bica no quintal, sede de viver tudo
Janeiro:AS-PTA – Assessoria e Serviços a Proje-
E o esquecer
tos em Agricultura Alternativa, 2011.
Era tão normal que o tempo parava
Tinha sabiá, tinha laranjeira, tinha manga rosa
Tinha o sol da manhã
E na despedida,
tios na varanda, jipe na estrada
E o coração lá(4x)
31. 31
Direitos rado ao pacote lançado pelo governo norte-ame-
ricano para ajudar os bancos, em 2009.
Como já vimos neste subsídio, cidadania
“Como pode a voz que vem das casas ser a da tem a ver com direitos. Por isto, a SdC nos pro-
justiça se os pátios estão desabrigados?”
põe mobilizar debates e ações sobre a questão
(Bertold Brecht)
do direito à alimentação e à segurança alimentar.
Como poderemos aprender no texto de apoio e
nos outros materiais disponibilizados para nos
Nos últimos anos, o mundo viveu grandes motivar a tratar o tema, o direito à alimentação
crises econômicas que afetaram, sobretudo, os está relacionada com questões amplas que di-
países e as pessoas mais pobres. Neste quadro, zem respeito a cada cidadão/ã.
o problema da fome se agravou, apesar dos inú-
meros tratados e compromissos internacionais
assumidos para sua erradicação. Há no mundo Para trabalhar o tema:
2 bilhões de pessoas que passam fome. No en-
tanto, os dados nos mostram que não há escas- 1.Texto de apoio:
sez de alimentos e sim má distribuição.
Um estudo recente de um dos organis- O número de pessoas que passam fome
mos da ONU, estimou que um investimento de no mundo denuncia uma violação de direito. Ao
cerca de 30 bilhões de dólares anuais em países dizermos que somos portadores de direitos,
pobres seria o suficiente para erradicar a fome concordamos que há um portador da obrigação
no mundo todo, num prazo de dez anos. Esse de efetivar estes direitos. Em relação aos direi-
dinheiro, na verdade, é muito pouco se compa- tos humanos, a obrigação é do Estado, afinal, é
32. 32
ele quem tem controle sobre recursos públicos de produção e acesso; qualidade dos alimentos.
disponíveis e deve usar estes recursos para pro- Em 2004, tivemos no Brasil a II Conferên-
mover e garantir os direitos das pessoas. cia Nacional de segurança alimentar e nutricio-
A compreensão de que a falta de alimen- nal, onde se teceu o seguinte conceito de Saúde
tação é uma violação dos direitos humanos é re- alimentar e nutricional (SAN): “a SAN consiste
cente. E uma grande parcela da população des- na realização do direito de todos ao acesso re-
conhece que o acesso à alimentação adequada gular e permanente a alimentos de qualidade,
e segura é um direito humano. Com o final da em quantidade suficiente, sem comprometer o
segunda guerra mundial e a fome que se alas- acesso a outras necessidades essenciais, ten-
trou entre os países envolvidos, surgiu a idéia do como base práticas alimentares promotoras
de segurança alimentar. Mas só na década de de saúde que respeitem a diversidade cultural
1970, a Organização das Nações Unidas para a e que sejam ambiental, cultural, econômica e
Agricultura e Alimentação (FAO) passou a deba- socialmente sustentáveis” Também em âmbi-
.
ter o conceito e, somente na década de 1990, na to internacional, em 2002, a ONU, por meio de
Cúpula Mundial da Alimentação, realizada pela seu relator especial para o direito à alimentação,
Organização das Nações Unidas (ONU), os paí- definiu que o direito à alimentação adequada é
ses definiram o que é segurança alimentar e de- “um Direito Humano inerente a todas as pesso-
terminaram as ações necessárias para garanti-la. as de ter acesso regular, permanente e irrestrito,
De acordo com o pacto assumido pelos países, quer diretamente ou por meio de aquisições fi-
para assegurar o direito alimentar, seria neces- nanceiras, a alimentos seguros e saudáveis, em
sário garantir à população: disponibilidade de ali- quantidade e qualidade adequadas e suficientes,
mentos suficientes; acesso de todos ao consu- correspondentes às tradições culturais do seu
mo destes alimentos; continuidade/estabilidade povo e que garanta uma vida livre do medo, dig-
33. 33
na e plena nas dimensões física e mental, indi- ampla sobre o problema da fome. Na verdade,
vidual e coletiva” Além disso, o Direito Humano
. nos ajuda a perceber que a questão da insegu-
à Alimentação Adequada está previsto na Decla- rança alimentar não está necessariamente rela-
ração Universal dos Direitos Humanos (art. 25º), cionada à escassez de alimentos. Há países que
como garantia de qualidade de vida. mesmo sendo autossuficientes na produção de
Vimos nestas concepções a respeito do alimentos, e que exportam, mantêm parte de
nosso direito à alimentação uma integralidade sua população faminta. Garantir o direito destas
de elementos: pessoas trata-se de uma questão mais estru-
1. Temos direito de acessar permanente- tural, que envolve justiça social. Neste sentido,
mente os alimentos necessários para a vida; também as políticas e ações de combate ao
2. Temos direito à garantia de qualidade problema têm de ser estruturais, não podem se
destes alimentos, promovendo saúde; reduzir a doações de alimentos ou verbas emer-
3. Temos direito a ter nossa cultura ali- genciais. É necessário:
mentar respeitada, já que sabemos que cada • Garantir acesso e distribuição igualitária, com
povo (ver os indígenas, os indianos, os judeus, políticas estruturais e redistribuição de renda;
etc) tem seu próprio modo de se alimentar; • Garantir uma produção autosuficiente;
4. Temos direito de estar livres da questão • Promover a reforma agrária;
fome e ter promovida nossa saúde na integralida- • Fortalecer a agricultura familiar camponesa;
de (física, mental, individual, espiritual e coletiva); • Incentivar práticas agroecológicas;
5. Temos direito a uma produção e oferta • Incentivar práticas de vigilância sanitária
de alimentos que seja sustentável (ambiental, que garanta a qualidade dos alimentos;
econômica, social e culturalmente). • Promover abastecimento adequado de
Esta concepção nos ajuda a ter uma visão água e saneamento básico;
34. 34
No Brasil, nos últimos anos, cresceu mui- cheios! Ora, os que tinham comido eram cerca
to o marco legal que tem como intenção assegu- de cinco mil homens, sem contar as mulheres e
rar e promover o direito humano à alimentação. crianças” (Mt 14. 20-21)
Desde 2002, como lançamento do Programa
A vida de Jesus e sua prática nos animam, por-
Fome Zero, a questão do combate à fome ga-
que mostra que o Reino só é possível onde to-
nhou destaque. Um conjunto de ações foram
dos têm direito de comer. No entanto, nos mos-
adotadas e ajudaram a fortalecer a questão. Mas
tra que esse direito só se realiza na partilha e na
ainda nos restam muitos desafios e não é possí-
fraternidade. É a Palavra que nos anima na busca
vel ter cidadania plena no Brasil enquanto tiver-
da garantia dos direitos de todos, partilhando não
mos pessoas que não têm segurança alimentar.
só o pão, mas partilhando a luta dos que buscam
Como todos os outros direitos de cidada-
pão. Ele mesmo é o alimento (eucarístico) que
nia, a conquista do direito alimentar é fruto de
mata nossa fome e nos dá o exemplo na bus-
processos históricos e mobilização popular que
ca do Bem Viver, que se realiza na partilha e na
pressionou os Estados nacionais e as organiza-
igualdade, como sinal do Reino de Deus.
ções internacionais a avançar na compreensão
e garantia de direitos . Essa tarefa continua, e OU
é nossa.
“Trabalhai, não pela comida que perece, mas
pela que subsiste para a vida eterna, a qual o
2. Sugestão bíblica Filho do Homem vos dará; porque Deus, o Pai, o
confirmou com o seu selo. (Jo 6,27)
”
“Todos eles comeram e ficaram saciados; e re-
Jesus de Nazaré, conhecedor da realidade do
colheram os pedaços que sobraram: doze cestos
35. 35
povo e extremamente apaixonado pelos seus a • Convide os jovens para se sentarem em
ponto de amá-los até o fim, intui e assumi tam- círculo no chão deixando a frente uma ca-
bém para sua vida que alimentação, como parte neca ou copo.
essencial para a vida dos povos, é um direito ine- • Despeje quase toda a água na caneca/
gociável a todos/as. Tanto que Ele mesmo se faz copo do jovem, deixando apenas um pou-
pão, sendo o Pão da Vida, que permanece para co na sua. Deixe que cada um despeje a
sempre e que, ao partilhamos Dele, nos envia quantidade que quiser. Repita a ação até
na luta para que a vida plena para todos/as seja que a água se acabe.
garantida e tal qual o direito a alimentação de OU
qualidade seja realidade para todos/as em todos
os tempos. • É possível também organizar com seu
grupo ou com outros grupos atividades
preparatórias para a Rio +20, Conferência
3. Sugestão de dinâmicas da Organização das Nações Unidas sobre
desenvolvimento sustentável, que será
Partilhando a Água e/ou Pão
realizada no mês de junho no Rio de Ja-
Materiais: Uma caneca ou copo com
neiro. Saiba mais sobre a Conferência e
água e pães círios.
as formas de participar em rio20.info/
Objetivo: Motivar o gesto da partilha, in-
dependente da quantidade que se tenha, como
compromisso comunitário e cultivo do Bem Vi-
ver. Pode ser feito com a água que (passos da-
dos abaixo) e/ou com o pão.
36. 36
4.Anexos
* sugestões de poesias, músicas, filmes, fontes
Musicas
Filmes Canção Do Sal (Gilberto Gil)
Trabalhando o sal é amor é o suor que
Garapa me sai]
Acompanha a vida de três famílias e a ro- Vou viver cantando o dia tão quente que faz
tina de crianças mal nutridas que bebem Homem ver criança buscando conchinhas
garapa para combater a fome. no mar]
Trabalho o dia inteiro pra vida de gente levar
Food, Inc. Água vira sal lá na salina
Um olhar por dentro da indústria de co- Quem diminuiu água do mar
mida dos Estados Unidos, e como ela se Água enfrenta sol lá na salina
desenvolveu nas últimas décadas. Hoje, Sol que vai queimando até queimar
apenas poucas grandes empresas contro- Trabalhando o sal pra ver a mulher se vestir
lam basicamente tudo o que a população E ao chegar em casa encontrar a família sorrir
consome, e isso certamente não é algo Filho vir da escola problema maior é o
positivo, nem para as pessoas e muito de estudar]
menos para os animais. Que é pra não ter meu trabalho e vida de
gente levar]
37. 37
não cabe no poema.
Poemas Não cabem no poema o gás
a luz o telefone
Compaixão, Fome e Justiça
a sonegação
(Bertold Brecht)
do leite
Como pode a voz que vem das casas
da carne
Ser a da justiça
do açúcar
Se os pátios estão desabrigados?
do pão.
Como pode não ser um embusteiro
O funcionário público
aquele que ensina aos famintos outras coisas
não cabe no poema
Que não a maneira de abolir a fome?
com seu salário de fome
Quem não dá o pão ao faminto
sua vida fechada
Quer a violência.
em arquivos.
Quem na canoa não tem
Como não cabe no poema
Lugar para os que se afogam
o operário
Não tem compaixão.
que esmerila seu dia de aço
Quem não sabe de ajuda
e carvão
Que cale.
nas oficinas escuras
– porque o poema, senhores,
Não há vagas (Ferreira Gullar)
está fechado: “não há vagas”
O preço do feijão
Só cabe no poema
não cabe no poema. O preço
o homem sem estômago
do arroz
a mulher de nuvens
38. 38
a fruta sem preço de Alimentação Escolar (PNAE), Progra-
O poema, senhores, ma Nacional de Fortalecimento da Agri-
não fede cultura Familiar (PRONAF), Programa de
nem cheira. Desenvolvimento Integrado e Sustentável
do Semi-Árido (CONVIVER), Programa de
Aquisição de Alimentos (PAA), etc.
5. Fontes para saber mais
5. Texto Um bilhão de famintos (Walter
* Estes materiais/sites foram consultados para
Belik), publicado em 08/10/2011, na Carta
construir o texto de apoio
Capital Escola.
1. Ministério do Desenvolvimento Social e 6. Cartilha do governo federal sobre o di-
Combate à fome: (www.mds.gov.br) reito humano à alimentação adequada e
meios para fazer valer esse direito (http://
2. Conselho Nacional de Segurança Ali-
www4.planalto.gov.br/consea/publicaco-
mentar: (www.planalto.gov.br/consea)
es/folheto-direito-humano-a-alimentacao-
-adequada)
3. Lei Orgânica de Segurança Alimentar
e Nutricional (LOSAN), sancionada em 15 7 Livro da Associação Brasileira pela Nu-
.
de setembro de 2006. trição e Direitos Humanos (http://www.
fao.org/righttofood/publi10/BRAZIL_5_
4. Iniciativas relacionadas à Saúde Ali-
ApostiladoCursoOnlineExigibilidade.pdf)
mentar e Nutricional no Brasil: Estraté-
gia de Saúde da Família (ESF); Programa
Bolsa Família (PBF), Programa Nacional
39. 39
Pastoral da Juventude Estudantil
Contatos
secretaria@pjebr.org
www.pjebr.org
Importantes Pastoral da Juventude
secretarianacional@pj.org.br
www.pj.org.br
Comissão Episcopal Pastoral para a Juventude
SES Q 801 Conj. B CEP 70410-900 Projeto de Revitalização da Pastoral da
Brasília - DF Juventude Latino-Americana
Tel: (61) 2103-8341 www.pjlatino.redejuventude.org.br
juventude2@cnbb.org.br
www.jovensconectados.org.br Rede Brasileira de Centros e Institutos
www.redejuventude.org.br
Pastoral da Juventude Rural
pastoraldajuventuderural@gmail.com CAJU - Casa da Juventude Pe. Burnier
http://pastoraldajuventuderural-pjr.blogspot. 11ª Avenida, 953 - Cx. Postal 944, Setor Universitário
com/ CEP: 74605-060 - Goiânia/GO.
www.pjr.org.br Fone: (62) 4009-0339 - Fax: (62) 4009-0315
caju@casadajuventude.org.br
Pastoral da Juventude do Meio Popular www.casadajuventude.org.br
pjmpcomunica@gmail.com
www.pjmp.org
40. 40
CCJ - Centro de Capacitação da Juventude Centro Marista de Juventude - Montes Claros/ MG
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