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1ª Conferência do PNUM Morfologia Urbana em Portugal: Abordagens e Perspectivas
Cidade e Sociedade: Forma Urbana e Modelos Urbanos
Teresa Marat-Mendes
DINÂMIA-CET, Escola de Tecnologias e Arquitectura, Instituto Universitário de Lisboa (ISCTE-IUL)
Av. Das Forças Armadas 1649-026 Lisboa, telef. 00 351 217903060
teresa.marat-mendes@iscte.pt
Cidade e Forma Urbana sempre se constituíram como dois factores intrínsecos do habitat das
civilizações humanas. Desde a antiguidade até meados do sec. XX, através da morfologia e da
tipologia das cidades, podemos rever na história, os modelos urbanos que configuraram as
diferentes cidades na história da civilização humana. Essa leitura é possível, pois conhecemos as
sociedades que moldaram essas mesmas cidades, incluindo os seus modelos sociais.
Vivemos contudo numa época em que não existe consenso do próprio conceito de Cidade.
Sustenta esta observação as inúmeras designações que tem surgido procurando classificar aquilo
que é o fenómeno urbano do habitat da civilização de hoje. Desde megacidade, megalópole,
metrópolis, conurbação, subúrbio, etc., várias têm sido as designações procurando estabelecer o
fenómeno urbano que constitui o actual modelo urbano de cidade.
Vivemos numa época onde Forma Urbana também é frequentemente questionada. Sustenta esta
observação a transformação que tem ocorrido, por exemplo, ao nível do espaço público e da
habitação. Com efeito, desde a privatização do espaço publico, com as novas ‘praças’ e ‘ruas’ que
se encontram no interior dos centros comerciais, à proliferação selvagem de um elevado número
de ‘habitats’ por uma extensa área urbana e suburbana, fruto de uma acção imobiliária promovida
primordialmente por agentes privados, também a Forma Urbana tem sido alvo de novas
designações, por forma a classificar os fenómenos urbanos que a reclamam no actual modelo
urbano de cidade.
Vivemos também numa época em que mais de metade da população mundial vive em cidades, o
que configura um aumento de 41% desde 1900 (World Bank, 1984). Mas vivemos também numa
época em que sociedade se consciencializou dos problemas ambientais que enfrenta.
Testemunho disso são as várias publicações e directivas governamentais que reconhecem a
influência destrutiva do crescimento urbano sobre o ambiente local, regional e global, tal como
enunciado no Relatório Brundtland (WCDE, 1987), o Livro Verde sobre Ambiente Urbano (CCE,
1990), os Indicadores de Desenvolvimento Urbano Sustentável das Nações Unidas (ONU, 1993),
a Agenda 21, A Urban Task Force (1999) e as Políticas Urbanas (Portas, 2003).
Esta consciencialização dos problemas ambientais, contribuiu contudo para uma
consciencialização da sua intrínseca relação com a cidade. Nesse sentido, tem-se assistido a uma
Author 1, Author 2 (First name initial and last name) Title of paper 2
procura de novas formas urbanas para a cidade, tal como a 'Cidade Compacta' (Urban Task
Force, 1999). No entanto, estes modelos têm sido questionados na forma como respondem ao
actual desenvolvimento urbano e expansão da cidade, sendo considerados socialmente
inaceitáveis e economicamente incontroláveis (Frey, 2000). Nesse sentido Frey (2000) reclama
uma necessária integração das áreas construídas e não construídas.
Na área da morfologia urbana, este problema também tem sido questionado. Tendo-se inclusive
exigido um maior conhecimento dos "Fringe Belts". Nesta linha de orientação, Whitehand & Morton
(2006) propõe numa análise mais focalizada (na formação e transformação do tecido urbano ao
longo do tempo, e na forma como os vários componentes do tecido urbano se articulam entre si) e
numa integração (de entendimento entre as diferentes ciências para o entendimento dos vários
fenómenos que actuam na superfície da Terra, e como é que estes actuam e geram os ambientes
em que pessoas vivem) para melhor informar os decisores e aqueles que actuam na prática de
planeamento.
Perante o exposto, torna-se particularmente importante esclarecer: (i) o porquê deste fenómeno
urbano, onde a própria classificação de modelo urbano de hoje se encontra tão difícil de
estabelecer; (ii) a urgência em renovar este modelo urbano por um modelo que vá ao encontro das
necessidades da sociedade e que não ponha em risco o ambiente; (iii) a validade da Forma
Urbana como parte da solução para definição desse necessário modelo urbano; e finalmente (iv) a
necessária articulação dos valores sociais, ambientais e económicos no desenvolvimento desse
mesmo modelo.
Assim, a presente comunicação será organizada em três partes. Numa primeira parte identificam-
se, ao longo da história urbana, os modelos urbanos de cidade e suas respectivas Formas
Urbanas. Relacionam-se esses mesmos modelos com os modelos de sociedade que moldaram
esses mesmos modelos urbanos, definindo qual o peso e o papel dos seus diferentes valores
sociais, ambientais e económicos.
Numa segunda parte, dedica-se a nossa atenção à análise critica do fenómeno urbano actual,
seguindo a metodologia aplicada na fase anterior. Pretende-se assim identificar o modelo urbano
actual e estabelecer qual a sua relação directa com o modelo de sociedade actual, identificando
ainda qual o peso que os diferentes valores sociais, ambientais e económicos desempenham
neste mesmo modelo urbano.
Numa terceira parte estabelecem-se as análises criticas aos modelos urbanos identificados e
reclama-se à Forma Urbana o papel determinante na articulação equilibrada dos diferentes
elementos sociais, ambientais e económicos de um modelo urbano desejável.
1ª Conferência do PNUM Morfologia Urbana em Portugal: Abordagens e Perspectivas
Palavras-chave: Cidade, Forma Urbana, Sociedade, Modelo Urbano
Referências
Commission of the European Commissions (1990) The Green Paper on Urban Environment, European
Commission, Brussels.
Frey, H. W. (2000) Not green belts but green wedges: the precarious relationship between city and country,
Urban Design International, 5 (1), 13-25.
Portas, N, Domingues, A & Cabral, J (2003) Políticas Urbanas. Tendências, Estratégias e Oportunidades.
Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa. ISBN 972-31-1061-X.
United Nations (1993) Earth Summit Agenda 21: The UN Programme of Action from Rio, United Nations,
New York.
Urban Task Force Report (1999) Towards an Urban Renaissance. E & FN SPON, Routledge, London. ISBN:
185112165X.
World Bank (1984) World Development Report. Oxford University Press, Oxford, UK.
World Commission on Environment and Development (1987) Our Common Future. Oxford University Press,
Oxford.

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  • 1. 1ª Conferência do PNUM Morfologia Urbana em Portugal: Abordagens e Perspectivas Cidade e Sociedade: Forma Urbana e Modelos Urbanos Teresa Marat-Mendes DINÂMIA-CET, Escola de Tecnologias e Arquitectura, Instituto Universitário de Lisboa (ISCTE-IUL) Av. Das Forças Armadas 1649-026 Lisboa, telef. 00 351 217903060 teresa.marat-mendes@iscte.pt Cidade e Forma Urbana sempre se constituíram como dois factores intrínsecos do habitat das civilizações humanas. Desde a antiguidade até meados do sec. XX, através da morfologia e da tipologia das cidades, podemos rever na história, os modelos urbanos que configuraram as diferentes cidades na história da civilização humana. Essa leitura é possível, pois conhecemos as sociedades que moldaram essas mesmas cidades, incluindo os seus modelos sociais. Vivemos contudo numa época em que não existe consenso do próprio conceito de Cidade. Sustenta esta observação as inúmeras designações que tem surgido procurando classificar aquilo que é o fenómeno urbano do habitat da civilização de hoje. Desde megacidade, megalópole, metrópolis, conurbação, subúrbio, etc., várias têm sido as designações procurando estabelecer o fenómeno urbano que constitui o actual modelo urbano de cidade. Vivemos numa época onde Forma Urbana também é frequentemente questionada. Sustenta esta observação a transformação que tem ocorrido, por exemplo, ao nível do espaço público e da habitação. Com efeito, desde a privatização do espaço publico, com as novas ‘praças’ e ‘ruas’ que se encontram no interior dos centros comerciais, à proliferação selvagem de um elevado número de ‘habitats’ por uma extensa área urbana e suburbana, fruto de uma acção imobiliária promovida primordialmente por agentes privados, também a Forma Urbana tem sido alvo de novas designações, por forma a classificar os fenómenos urbanos que a reclamam no actual modelo urbano de cidade. Vivemos também numa época em que mais de metade da população mundial vive em cidades, o que configura um aumento de 41% desde 1900 (World Bank, 1984). Mas vivemos também numa época em que sociedade se consciencializou dos problemas ambientais que enfrenta. Testemunho disso são as várias publicações e directivas governamentais que reconhecem a influência destrutiva do crescimento urbano sobre o ambiente local, regional e global, tal como enunciado no Relatório Brundtland (WCDE, 1987), o Livro Verde sobre Ambiente Urbano (CCE, 1990), os Indicadores de Desenvolvimento Urbano Sustentável das Nações Unidas (ONU, 1993), a Agenda 21, A Urban Task Force (1999) e as Políticas Urbanas (Portas, 2003). Esta consciencialização dos problemas ambientais, contribuiu contudo para uma consciencialização da sua intrínseca relação com a cidade. Nesse sentido, tem-se assistido a uma
  • 2. Author 1, Author 2 (First name initial and last name) Title of paper 2 procura de novas formas urbanas para a cidade, tal como a 'Cidade Compacta' (Urban Task Force, 1999). No entanto, estes modelos têm sido questionados na forma como respondem ao actual desenvolvimento urbano e expansão da cidade, sendo considerados socialmente inaceitáveis e economicamente incontroláveis (Frey, 2000). Nesse sentido Frey (2000) reclama uma necessária integração das áreas construídas e não construídas. Na área da morfologia urbana, este problema também tem sido questionado. Tendo-se inclusive exigido um maior conhecimento dos "Fringe Belts". Nesta linha de orientação, Whitehand & Morton (2006) propõe numa análise mais focalizada (na formação e transformação do tecido urbano ao longo do tempo, e na forma como os vários componentes do tecido urbano se articulam entre si) e numa integração (de entendimento entre as diferentes ciências para o entendimento dos vários fenómenos que actuam na superfície da Terra, e como é que estes actuam e geram os ambientes em que pessoas vivem) para melhor informar os decisores e aqueles que actuam na prática de planeamento. Perante o exposto, torna-se particularmente importante esclarecer: (i) o porquê deste fenómeno urbano, onde a própria classificação de modelo urbano de hoje se encontra tão difícil de estabelecer; (ii) a urgência em renovar este modelo urbano por um modelo que vá ao encontro das necessidades da sociedade e que não ponha em risco o ambiente; (iii) a validade da Forma Urbana como parte da solução para definição desse necessário modelo urbano; e finalmente (iv) a necessária articulação dos valores sociais, ambientais e económicos no desenvolvimento desse mesmo modelo. Assim, a presente comunicação será organizada em três partes. Numa primeira parte identificam- se, ao longo da história urbana, os modelos urbanos de cidade e suas respectivas Formas Urbanas. Relacionam-se esses mesmos modelos com os modelos de sociedade que moldaram esses mesmos modelos urbanos, definindo qual o peso e o papel dos seus diferentes valores sociais, ambientais e económicos. Numa segunda parte, dedica-se a nossa atenção à análise critica do fenómeno urbano actual, seguindo a metodologia aplicada na fase anterior. Pretende-se assim identificar o modelo urbano actual e estabelecer qual a sua relação directa com o modelo de sociedade actual, identificando ainda qual o peso que os diferentes valores sociais, ambientais e económicos desempenham neste mesmo modelo urbano. Numa terceira parte estabelecem-se as análises criticas aos modelos urbanos identificados e reclama-se à Forma Urbana o papel determinante na articulação equilibrada dos diferentes elementos sociais, ambientais e económicos de um modelo urbano desejável.
  • 3. 1ª Conferência do PNUM Morfologia Urbana em Portugal: Abordagens e Perspectivas Palavras-chave: Cidade, Forma Urbana, Sociedade, Modelo Urbano Referências Commission of the European Commissions (1990) The Green Paper on Urban Environment, European Commission, Brussels. Frey, H. W. (2000) Not green belts but green wedges: the precarious relationship between city and country, Urban Design International, 5 (1), 13-25. Portas, N, Domingues, A & Cabral, J (2003) Políticas Urbanas. Tendências, Estratégias e Oportunidades. Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa. ISBN 972-31-1061-X. United Nations (1993) Earth Summit Agenda 21: The UN Programme of Action from Rio, United Nations, New York. Urban Task Force Report (1999) Towards an Urban Renaissance. E & FN SPON, Routledge, London. ISBN: 185112165X. World Bank (1984) World Development Report. Oxford University Press, Oxford, UK. World Commission on Environment and Development (1987) Our Common Future. Oxford University Press, Oxford.