Desde a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano, realizada em Estocolmo, na Suécia em 1972, aquecimento global e as mudanças climáticas têm sido pautas mundiais. A discussão sobre as questões ambientais afetam todos os processos de produção e, de acordo com estudos recentes, as mudanças de temperatura e dos níveis climáticos ao redor do mundo podem fazer com que os vinhos percam a qualidade tradicional. É o que aponta um artigo publicado no site australiano The Conversation, de autoria de Douglas Bardsley, professor sênior de geografia, meio-ambiente e populações, da Universidade de Adelaide. Segundo o autor, o Vale McLaren, na Austrália, já sofre com as temperaturas extremas e a queda no nível de pluviosidade (quantidade de chuvas). “As ondas de calor estão queimando as uvas do Vale McLaren, isso deve piorar e os verões serão menos confortáveis para todos. Verões secos aumentam as chances de incêndios na periferia de nossas cidades na mesma medida que limitam a complexidade dos sabores dos nossos vinhos”, afirmou o docente, sendo complementado por Lee Hannaj, pesquisador sênior na área de mudanças climáticas em biologia na Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos. Segundo Lee, 80% das terras francesas, italianas e espanholas, atualmente utilizadas para a produção da bebida, serão consideradas impróprias até meados deste século, dando lugar a locais mais próximos aos pólos. “As regiões que têm as condições mais adequadas para determinadas variedades de uvas, como a pinot noir e a chardonnay, devem mudar. Esperávamos ver mudanças significativas com as pesquisas, só não imaginamos que seriam tão significativas assim”, concluiu.