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Era a Chapeuzinho Amarelo.
Amarelada de medo.
Não subia escada nem
descia.
Nem em festa aparecia.
Não brincava de nada nem
de amarelinha.
Não estava resfriada,
Mas tossia.
Minhoca para ela era cobra.
Não tomava sopa para não ensopar.
Não tomava banho para não descolar.
Não dormia para não ter pesadelo.
Não ia para o sol com medo de sombra.
Não ficava de pé para não cair.
Então, vivia deitada na cama sem fazer nada.
Ele falou umas vinte e cinco vezes : Pô!
Eu sou o lobo!
O lobo bolo fofo tremendo que nem
pudim, com medo de Chapeuzim, com
medo de ser comido, com vela e tudo
interim.
Um lobo que ela nunca via, que morava
do outro lado da montanha, num
buraco da Alemanha, cheio de teia de
aranha, em uma terra tão estranha.
Mas o medo mais que medonho era o
medo do tal do lobo.
Mesmo assim, a Chapeuzinho tinha
medo de um dia encontrar o lobo.
Um lobo que não existia.
De tanto falar no lobo,
De tanto pensar no lobo,
Ela topou com ele e viu que ele tinha :
Um carão de lobo, um olhão de lobo, jeitão de
lobo, um bocão de lobo, que era capaz de comer
duas avós, um caçador, sete panelas de arroz, um
príncipe, uma rainha e de sobremesa um chapéu.
Quando ela foi conhecendo o lobo, foi perdendo
o medo do medo de encontrar o lobo.
E acabou só ficando com o lobo.
O lobo ficou chateado porque a Chapeuzinho
ficava olhando para ele sem medo dele.
O lobo foi ficando envergonhado, branco
azedo, parecia um lobo pelado sem pelo.
Mas ela não comeu aquele bolo, porque
sempre preferiu de chocolate.
Agora ela come de tudo, menos sola de sapato.
Brinca de tudo, trepa em árvore, rouba fruta e
vai para o mato brincar de amarelinha com o
primo da vizinha.
Mesmo quando está sozinha, inventa uma
brincadeira com os medos que ela tinha : a
bruxa virou xabru, o diabo bodiá, a barata para
ela virou tabará.

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  • 1. Era a Chapeuzinho Amarelo. Amarelada de medo. Não subia escada nem descia. Nem em festa aparecia. Não brincava de nada nem de amarelinha. Não estava resfriada, Mas tossia.
  • 2. Minhoca para ela era cobra. Não tomava sopa para não ensopar. Não tomava banho para não descolar. Não dormia para não ter pesadelo. Não ia para o sol com medo de sombra. Não ficava de pé para não cair. Então, vivia deitada na cama sem fazer nada.
  • 3. Ele falou umas vinte e cinco vezes : Pô! Eu sou o lobo! O lobo bolo fofo tremendo que nem pudim, com medo de Chapeuzim, com medo de ser comido, com vela e tudo interim.
  • 4. Um lobo que ela nunca via, que morava do outro lado da montanha, num buraco da Alemanha, cheio de teia de aranha, em uma terra tão estranha.
  • 5. Mas o medo mais que medonho era o medo do tal do lobo. Mesmo assim, a Chapeuzinho tinha medo de um dia encontrar o lobo. Um lobo que não existia.
  • 6. De tanto falar no lobo, De tanto pensar no lobo, Ela topou com ele e viu que ele tinha : Um carão de lobo, um olhão de lobo, jeitão de lobo, um bocão de lobo, que era capaz de comer duas avós, um caçador, sete panelas de arroz, um príncipe, uma rainha e de sobremesa um chapéu.
  • 7. Quando ela foi conhecendo o lobo, foi perdendo o medo do medo de encontrar o lobo. E acabou só ficando com o lobo.
  • 8. O lobo ficou chateado porque a Chapeuzinho ficava olhando para ele sem medo dele. O lobo foi ficando envergonhado, branco azedo, parecia um lobo pelado sem pelo.
  • 9. Mas ela não comeu aquele bolo, porque sempre preferiu de chocolate. Agora ela come de tudo, menos sola de sapato. Brinca de tudo, trepa em árvore, rouba fruta e vai para o mato brincar de amarelinha com o primo da vizinha.
  • 10. Mesmo quando está sozinha, inventa uma brincadeira com os medos que ela tinha : a bruxa virou xabru, o diabo bodiá, a barata para ela virou tabará.