2. Dizem que a arte tem o tênue papel de
amenizar a vida. Nas mãos de Théo Gomes
ela vai além: questiona, explica, confunde,
desterritorializa, mistura, desmistifica.
Théo encarna a contracultura dentro de
um meio ainda bastante elitizado e restrito
à galerias de arte. Mesclando trabalhos
entre um recorte intimista e outro mais
abrangente, aposta na tomada de espaços
públicos como forma de popularização.
Mesmo quando é abstrato, faz seu pincel
ou caneta nanquim ou o que que quer que
seja gritar o grito daqueles cujas vozes
acabam por serem caladas. No silêncio de
um desenho, ao som de um bom jazz, Théo
transmite terno conceito de liberdade: a
introspecção. Suas palavras não formam
frases. Prefere desenhá-las dar-lhes
contornos, silhuetas que nem o mais belo
alfabeto poderia imaginar. Incansável na
busca por superar aquilo que desconhece,
procura leitos de papel por onde possa
escoar seus excessos. Junta recortes de si
mesmo para reconstruir-se em traços
eternamente em construção. Afinal a vida
sempre tem seu fim. Pintada, ela se torna
alma.
Daniel Cóssio
3. O Percurso do Desenho
Desenhar é um relato pessoal do mundo
para o mundo.
O desenho nasce do interior e precisa de
tempo para florescer, esse processo de
reconhecer a espacialidade, descobrir as
necessidades da imagem para que seja
melhor transmitida requer envolvimento e
concentração, como num processo
meditativo. É preciso submergir no oceano
de nanquim e nadar até a margem.
Théo Gomes