O documento descreve os acontecimentos em Lisboa em 4 de Outubro de 1910 após o assassinato do Dr. Bombarda. Relata-se correrias no Rossio e pedras lançadas contra o jornal Portugal, enquanto a cidade se transformava em um "vulcão". Também menciona tiros ouvidos durante a manhã e grupos se reunindo nas esquinas, além de afirmar que os revolucionários não passavam de quinhentos, incluindo populares esfarrapados, galegos e mulheres.
George Orwell - Lutando na Espanha e Recordando a Guerra CivilWesley Guedes
utando na Espanha, escrito em 1937, é o relato de Orwell sobre sua participação na Guerra Civil espanhola, ao lado dos republicanos, e seu afastamento do front depois de levar um tiro no pescoço. Recordando a Guerra Civil, um texto bem mais breve, prossegue as lembranças do escritor em sua luta em prol da democracia e contra o avanço fascista na Espanha.
George Orwell - Lutando na Espanha e Recordando a Guerra CivilWesley Guedes
utando na Espanha, escrito em 1937, é o relato de Orwell sobre sua participação na Guerra Civil espanhola, ao lado dos republicanos, e seu afastamento do front depois de levar um tiro no pescoço. Recordando a Guerra Civil, um texto bem mais breve, prossegue as lembranças do escritor em sua luta em prol da democracia e contra o avanço fascista na Espanha.
1. Texto 1 | 4 de Outubro, in “Memórias v. II”, de Raul Brandão
O MEU DIÁRIO
4 de Outubro de 1910
Mataram o dr. Bombarda. Espalha-se na cidade que foram os padres
que instigaram um tenente a assassiná-lo. É falso, mas há correrias
no Rossio e o Portugal foi apedrejado. Toda a gente acredita num
crime planeado, toda a gente se insurge contra o facto brutal – toda a
cidade republicana se transforma num vulcão. (…)
*
De manhã até às quatro horas ouço o canhão e descargas de fuzilaria.
O meu bairro tranquilo: um vizinho sacha as suas couves com
indiferença. As lojas fecharam. Ajuntam-se grupos pelas esquinas.
De segundo em segundo a artilharia troa. (…)
*
Alguém que esteve de manhã na Rotunda afirma que os
revolucionários não passam de quinhentos. Entre eles populares
esfarrapados, galegos e mulheres da feira de Agosto. Algumas
davam beijos aos soldados, que as sacudiam:
– Deixa-me, isso não é para aqui.
Um homem descalço empunhava uma grande espada, dando ordens:
– Estamos à espera da artilharia de Queluz.