Este documento descreve o primeiro beijo da narradora com um colega de escola chamado Cultura no ônibus após as aulas. Cultura enviou um bilhete para a narradora declarando seu amor por ela e convidou-a para ir para casa juntos de ônibus. No trajeto, Cultura explicou os aspectos fisiológicos de um beijo e eles acabaram trocando seu primeiro beijo no ônibus. A narradora ficou apaixonada por Cultura por algumas semanas até que eles se
2. É difícil acreditar, mas meu primeiro beijo foi num ônibus, na volta da escola. E sabem com quem? Com o Cultura
Inútil! Pode? Até que foi legal. Nem eu nem ele sabíamos exatamente o que era "o beijo". Só de filme. Estávamos virgens
nesse assunto, e morrendo de medo. Mas aprendemos. E foi assim...
Não sei se numa aula de Biologia ou de Química, o Culta tinha me mandado um dos seus milhares de bilhetinhos:
" Você é a glicose do meu metabolismo.
Te amo muito!
Paracelso"
E assinou com uma letrinha miúda: Paracelso. Paracelso era outro apelido dele. Assinou com letrinha tão minúscula
que quase tive dó, tive pena, instinto maternal, coisas de mulher...E também não sei por que: resolvi dar uma chance
pra ele, mesmo sem saber que tipo de lance ia rolar.
No dia seguinte, depois do inglês, pediu pra me acompanhar até em casa. No ônibus, veio com o seguinte papo:
- Um beijo pode deixar a gente exausto, sabia? - Fiz cara de desentendida.
Mas ele continuou:
- Dependendo do beijo, a gente põe em ação 29 músculos, consome cerca de 12 calorias e acelera o coração de
70 para 150 batidaspor minuto. - Aí ele tomou coragem e pegou na minha mão. Mas continuou salivando seus
perdigotos:
- A gente também gasta, na saliva, nada menos que 9 mg de água; 0,7 mg de albumina; 0,18 g de substâncias
orgânica; 0,711 mg de matérias graxas; 0,45 mg de sais e pelo menos 250 bactérias...
Aí o bactéria falante aproximou o rosto do meu e, tremendo, tirou seus óculos, tirou os meus, e ficamos nos
olhando, de pertinho. O bastante para que eu descobrisse que, sem os óculos, seus olhos eram bonitos e
expressivos, azuis e brilhantes. E achei gostoso aquele calorzinho que envolvia o corpo da gente. Ele beijou a pontinha
do meu nariz, fechei os olhos e senti sua respiração ofegante. Seus lábios tocaram os meus. Primeiro de leve, depois com
mais força, e então nos abraçamos de bocas coladas, por alguns segundos.
E de repente o ônibus já havia chegado no ponto final e já tínhamos transposto , juntos, o abismo do primeiro beijo.
Desci, cheguei em casa, nos beijamos de novo no portão do prédio, e aí ficamos apaixonados por vária semanas.
Até que o mundo rolou, as luas vieram e voltaram, o tempo se esqueceu do tempo, as contas de telefone
aumentaram, depois diminuíram...e foi ficando nisso. Normal. Que nem meu primeiro beijo. Mas foi inesquecível!
BARRETO, Antonio. Meu primeiro beijo. Balada do primeiro amor. São Paulo: FTD, 1977. p. 134-6.
3. 1) Fazer uma sondagem sobre o título:
O que sabem, quem já beijou, o que
sentiram e o que acham que o texto
trará;
2) Distribuir os textos;
3) Leitura feita pela professora.
4. 1)O uso do dicionário para cada
palavra desconhecida ;
2) Os alunos, em seguida, fazem a
leitura compartilhada do texto;
3) Análise dos
personagens(características físicas e
psicológicas);
4) Interpretação textual (exploração dos
elementos da narrativa) ;
5. 1) Pesquisa na sala de informática sobre o
autor Antonio Barreto e textos e poemas
sobre o mesmo tema;
2) Criação de poemas ou relatos sobre o
amor e inseguranças em relação aos
mesmos;
3) Indicações e sugestões de livros, obras
de arte, poemas, filmes sobre o mesmo
assunto. Como por exemplo o poema
“Dúvidas”, de Carlos Queiroz Telles:
6. Às vezes
eu sinto que ela quer.
Outras vezes
eu acho que não.
Ah, como grita
o meu peito...
Cala a boca,
coração!
Ela não pode
desconfiar que
este vai ser
o meu primeiro...
Sufoco de vergonha
e de falta de jeito.
E agora, meu Deus?
O que é que eu faço
com as mãos?
Às vezes
eu sinto que ela quer.
Outras vezes
eu acho que não.
Beijo ou não beijo...
eis a questão.
7.
8. Neste livro justo quando Clara
sonhava com seu primeiro beijo
teve de usar óculos, na
escola, muita gozação. A mãe
de Clara, Nina, é linda...Perto
dela, a menina tem vontade
de sumir. Nina é ainda muito
moça, e viúva. Clara não se
conforma, quer ter um pai em
casa. Vivendo um a história
muito romântica, a garota
aprende que a beleza tem um
segredo - é se sentir bonita, se
dar valor. E percebe que ver a
diferença entre as pessoas
, tanto as qualidades quanto os
defeitos, depende da cabeça
de cada um.