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UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO
FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS – FCM
RESIDÊNCIA MULTIPROFISSIONAL INTEGRADA EM SAÚDE DA FAMÍLIA
ELINANDO SILVESTRE DA SILVA FILHO
PERFIL DOS USUÁRIOS ATENDIDOS NO CAPS ÁLCOOL E DROGAS E A
ASSOCIAÇÃO DO USO DO CRACK COM TRANSTORNOS MENTAIS
RECIFE, 2013
UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO
FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS – FCM
RESIDÊNCIA MULTIPROFISSIONAL INTEGRADA EM SAÚDE DA FAMÍLIA
Autores:
Elinando Silvestre da Silva Filho
Orientadora: Prof.ª Danielle Maria Silva Oliveira
(Fonoaudióloga do HUOC e Pesquisadora em Saúde Coletiva pela UPE,
Recife)
Banca
Charmênia Maria Braga Cartaxo
(Professora do ICB Tutora ICB/UPE, Recife)
Bernadete de Cerqueira Antunes
(Professora da FCM/UPE UPE. Coordenadora- PET)
PERFIL DOS USUÁRIOS ATENDIDOS NO CAPS ÁLCOOL E DROGAS E A
ASSOCIAÇÃO DO USO DO CRACK COM TRANSTORNOS MENTAIS
RECIFE, 2013
Projeto apresentado à Coordenação do
Programa de Residência
Multiprofissional Integrada em Saúde
da Família da Universidade de
Pernambuco, como critério para
obtenção do certificado de
Especialização em Saúde da Família.
Residente em Saúde da Família/UPE, Recife.
Endereço: Av. Ayrton Senna da Silva, 274. Edf. Joaquim
Cardozo. Apt. 501, Piedade, Jaboatão dos Guararapes-PE. CEP:
54400-020.
Email:elinandofilho@hotmail.com
ELINANDO SILVESTRE DA SILVA FILHO
PERFIL DOS USUÁRIOS ATENDIDOS NO CAPS ÁLCOOL E DROGAS E A
ASSOCIAÇÃO DO USO DO CRACK COM TRANSTORNOS MENTAIS
Aprovado em _______ de __________________ de 2013.
_______________________________________________________________
1ª Examinador: DSc. Charmênia Maria Braga Cartaxo
(Professora do ICB Tutora ICB/UPE)
_______________________________________________________________
2ª Examinador: MSc Maria Bernadete de Cerqueira Antunes
(Professora da FCM/UPE UPE. Coordenadora- PET Saúde Mental)
_______________________________________________________________
3ª Examinador: MSc. Danielle Maria da Silva Oliveira
(Tutora da Residencia Multiprofissional em Saúde da Família- UPE)
Projeto apresentado à Coordenação do Programa de Residência Multiprofissional Integrada
em Saúde da Família da Universidade de Pernambuco, como critério para obtenção do
certificado de Especialização em Saúde da Família
LISTA DE TABELAS
Artigo1.
Tabela 1. Distribuição dos usuários de crack segundo variáveis demográficas e
sociais atendidos nos CAPS AD distritos sanitários II e III do Recife, no período
01/07/2010 e 31/06/2011............................................................................................17
Tabela 2. Resultado do teste do Qui-quadrado (X2) comparando as variáveis
socioeconômicas com o uso de crack (frequência e tempo) em indivíduos
atendidos nos CAPS –AD, dos distritos sanitários II e III- Recife, 2011.............20
Artigo2.
Tabela 1. Frequência e Tempo de uso de crack dos usuários atendidos nos
CAPS –AD, dos distritos sanitários II e III- Recife, 2011.......................................37
Tabela 2. Presença e Tipo de transtorno mental dos usuários de crack
atendidos nos CAPS –AD, dos distritos sanitários II e III- Recife, 2011.............38
Tabela 3. Resultado do teste do Qui-quadrado (X2) comparando as variáveis
de Transtorno Mental com o uso de crack (frequência e tempo) em indivíduos
atendidos nos CAPS –AD, dos distritos sanitários II e III- Recife, 2011.............39
LISTA DE ABREVIATURAS
FCM – FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS
UPE – UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO
UFPE – UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO
ICB – INSTITUTO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
PET – PROGRAMA DE EDUCAÇÃO TUTORIAL
CAPS AD – CENTRO DE APOIO PSICOSOCIAL ÁLCOOL E OUTRAS
DROGAS
EUA – ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA
FACEPE – FUNDAÇÃO DE AMPARO À CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO
ESTADO DE PERNAMBUCO
DS – DISTRITO SANITARIO
AIDS – ACQUIRED IMMUNODEFICIENCY SYNDROME
SAMU – SERVIÇO DE ATENDIMENTO MÓVEL DE URGÊNCIA
CAPS I – CENTRO DE APOIO PSICOSOCIAL (CIDADES DE PEQUENO
PORTE)
CAPS II – CENTRO DE APOIO PSICOSOCIAL (CIDADES DE MÉDIO PORTE)
CAPS III – CENTRO DE APOIO PSICOSOCIAL 24H (GRANDES CIDADES)
CAPS i – CENTRO DE APOIO PSICOSOCIAL INFANTIL
HIV - HUMAN IMMUNODEFICIENCY VIRUS
AB – ATENÇÂO BÁSICA
ESF – ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA
SUS – SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE
CPTRA - CENTRO DE PREVENÇÃO E REABILITAÇÃO DE ALCOOLISMO
CNPQ - CONSELHO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO CIENTÍFICO E
TECNOLÓGICO
CEP- COMITÊ DE ÉTICA E PESQUISA
CAAE- CERTIFICADO DE APRESENTAÇÃO PARA APRECIAÇÃO ÉTICA
ST - SEM TRANSTORNO
TRUD - TRANSTORNO MENTAL DEVIDO AO USO DE SUBSTÂNCIA
PSICOATIVA
TRUD + ASSOC: TRANSTORNO MENTAL DEVIDO AO USO DE
SUBSTÂNCIA PSICOATIVA + ASSOCIAÇÃO DE TIPOS DE TRANSTORNOS
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO GERAL.................................................................................................8
Artigo 1...........................................................................................................................11
RESUMO ...................................................................................................................12
INTRODUÇÃO..........................................................................................................14
METODOLOGIA .......................................................................................................16
Desenho do Estudo.............................................................................................16
Localização do Estudo........................................................................................16
População a ser estudada. ................................................................................16
Coleta de Dados. .................................................................................................16
Análise dos Dados................................................................................................16
Considerações Éticas ..........................................................................................16
RESULTADOS .........................................................................................................16
DISCUSSÃO.............................................................................................................25
CONCLUSÃO ...........................................................................................................26
REFERÊNCIAS ........................................................................................................27
Artigo 2...........................................................................................................................31
RESUMO ...................................................................................................................32
INTRODUÇÃO..........................................................................................................34
METODOLOGIA .......................................................................................................36
Desenho do Estudo..........................................Error! Bookmark not defined.
Localização do Estudo.....................................Error! Bookmark not defined.
População a ser estudada. .............................Error! Bookmark not defined.
Coleta de Dados ................................................Error! Bookmark not defined.
Análise dos Dados.............................................Error! Bookmark not defined.
Considerações Éticas. .....................................Error! Bookmark not defined.
RESULTADOS .........................................................................................................37
DISCUSSÃO.............................................................................................................41
CONCLUSÃO ...........................................................................................................43
REFERÊNCIAS........................................................................................................43
AGRADECIMENTOS ..................................................................................................48
ANEXO I – FICHA DE CADASTRO DO USUÁRIO ...............................................49
APENDICE I – REGRAS DA REVISTA BRASILEIRA DE PSIQUIATRIA..........51
8
INTRODUÇÃO GERAL
A Organização Mundial de Saúde (OMS) conceitua droga como qualquer
substância não produzida pelo organismo que tem a propriedade de atuar
sobre um ou mais de seus sistemas, produzindo alterações em seu
funcionamento 1.
Quando uma droga é utilizada para produzir efeitos benéficos, como
tratamento de doenças, são denominadas medicamentos. Entretanto algumas
substâncias podem trazer malefícios à saúde devido os efeitos tóxicos ou
venenosos. Em alguns casos uma mesma droga pode ter efeito
medicamentoso em uma situação e tóxico em outro 2.
As drogas podem ser classificadas, de acordo com o aspecto legal em
lícitas, isto é, sem restrição de uso, como por exemplo o álcool e o cigarro, e
ilícitas, com restrição de uso, como por exemplo a cocaína e a maconha. Neste
sentido, uma droga quando usada com propósitos recreativos, pode apresentar
controvérsia pelo fato de ser ilegal ou em casos quando seu uso é ritualístico
(espiritual) 2 .
As drogas que atuam no sistema nervoso são denominadas de
substâncias psicoativas. Os efeitos dependem do modo como alteram o
sistema nervoso central (SNC) sendo classificadas como depressoras, quando
diminuem a atenção, concentração e geram sonolência (p.ex. álcool);
estimulantes, provocando aumento da atividade motora, maior vigília e
diminuição do sono (p.ex crack) e perturbadoras, induzindo ação desordenada
ao provocar alucinações e delírios como no caso do LSD (diatilamina do ácido
lisérgico) 3.
A cocaína é um estimulante do SNC que pode ser consumida na forma
de cloridrato de cocaína, podendo ser inalado ou injetado. Também pode ser
fumado nas suas formas de merla, cocaína base e crack 4.
De acordo com a lista de substâncias na Classicação Internacional de
Doenças, 10ª Revisão (CID-10), em seu capítulo V (Transtornos Mentais e de
Comportamento), inclui o álcool, opióides (mofina, heroína e derivados
9
sintéticos), canabinóides (maconha), sedativos ou hipnóticos (barbitúricos,
benzodiazepínicos), cocaína, outros estimulantes (anfetaminas e outras
substâncias relacionadas à cafeína), alucinógenos, tabaco e solventes voláteis
2.
Estudos indicam que o crack surgiu nos estados unidos no final do
século XX, particularmente na década de 80, principalmente nas cidades de
Los Angeles e Nova Iorque 5. Estudos sobre o uso de crack no Brasil são
recentes e surgiram em consequência ao aumento do número de usuários, da
maior visibilidade social e da demanda aos serviços de saúde 6. Os primeiros
indícios de uso são relatados na cidade de São Paulo, após apreensão da
droga em 1991, período onde a atenção das autoridades estava voltada para
as drogas injetáveis pelo potencial de aumento da transmissão da AIDS 5.
Na época de introdução da droga no pais o uso se restringia às classes
menos abastardas, das periferias das cidades, que a preferiam devido o baixo
custo e efeito mais rápido, fazendo com que a preferissem em substituição a
maconha, cola e álcool. As autoridades acreditando que essa “nova” droga iria
ficar restrita a população pobre e moradora de rua, possibilitou o aumento do
uso que irrompeu barreiras, atingindo diversas classes sociais (classe média e
classe alta 7 , sob status de epidemia do uso, com grande impacto familiar e
social 8. Deste então a droga torna-se popular nos grandes centros urbanos
também atingindo zonas rurais 9.
O uso do crack é por meio da queima da “pedra” de crack em um
cachimbo, cujos vapores inalados durante a combustão, atingem o SNC de
forma rápida, gerando efeitos eufóricos e prazerosos, com alto poder de
toxicodepedência e uso contínuo devido à fissura ou craving, isto é, desejo pelo
uso da droga 5. Por ser estimulante do SNC, a cocaína (na forma de crack) têm
efeitos neuroquímicos capazes de estimular diretamente a via dopaminérgica,
esta envolvida no circuito de recompensa de drogas ou dependência química
10.
No último levantamento sobre consumo de drogas no país, o crack não
figurou entre as drogas ilícitas mais consumidas, porém a urgência pelo uso da
droga e a intensidade dos efeitos da fissura colocam o risco associado ao
10
consumo à violência e comportamentos sexuais de risco como problema de
saúde pública entre o usuário e o contexto social que o cerca 10.
O uso de crack é capaz de causar diversos danos como sintomas
depressivos e ansiosos, sejam causados por comorbidades ou pelo próprio uso
da droga, influenciando a mudança e a menor adesão ao tratamento 6.
Indivíduos com transtorno de personalidade antissocial apresentaram
maior tendência ao uso do crack do que os usuários de cocaína em pó e outros
usuários de psicotrópicos (maioria maconha e álcool), revelando a importância
de considerar esse tipo de desordem no tratamento 12.
O consumo de crack associado a outras substâncias, por exemplo, o
álcool, está associado a significativos problemas econômicos e sociais,
ocasionando graves problemas aos usuários e à saúde pública, por uma série
de complicações médicas e psiquiátricas que aumentam os índices de
morbidade e mortalidade. Pacientes com transtornos psiquiátricos graves,
apresentam maiores taxas de suicídio, agressividade, detenção por atos
ilegais, recaídas, internações, mais gastos com tratamento, falta de moradia,
maior período de hospitalização e utilizam mais os serviços de saúde 11.
Com isso, esse trabalho será composto de dois artigos, com objetivos
diferentes. O primeiro trata-se de um estudo descritivo com o objetivo de
caracterizar os aspectos demográficos e sociais de usuários atendidos na
CAPS AD de dois distritos da cidade do Recife. O segundo será realizado com
a mesma população, porém com o objetivo de verificar a relação entre o uso de
crack e a presença ou não de transtornos mentais.
11
Artigo 1
Usuários de crack atendidos em centros de atenção psicossocial: dados
sócio-demograficos na cidade do Recife.
Elinando Silvestre da Silva FilhoI; Danielle Maria da Silva OliveiraII;
Bernadete de Cerqueira AntunesIII; Charmênia Maria Braga CartaxoIV;
Paulette de Albuquerque Cavalcante
I Farmacêutico Residente em Saúde da Família, Universidade de Pernambuco,
Recife, Brasil*
II Fonoaudióloga do Hospital Oswaldo Cruz e Pesquisadora em Saúde Coletiva
pela Universidade de Pernambuco, Recife, Brasil
III Professora daFaculdade de Ciências Médicas e Coordenadora do Programa
de Educação Tutorial da Universidade de Pernambuco, Recife, Brasil
IV Professora e Tutora do Instituto de Ciências Biológicas, Universidade de
Pernambuco, Recife, Brasil
Correspondência
Elinando Silvestre da Silva Filho
Endereço: Av. Ayrton Senna da Silva, 274. Edf. Joaquim Cardozo. Apt. 501,
54400-020, Bairro Piedade, Jaboatão dos Guararapes,PE.
Telefone: (0xx81) 33610744.
Email: elinandofilho@hotmail.com
12
RESUMO
OBJETIVOS: Conhecer os aspectos sócio-demográficos dos usuários
atendidos em centros de atenção psicossocial estabelecendo relações com as
variáveis de frequência e tempo de uso de crack. MÉTODO: Trata-se de um
estudo descritivo e transversal do tipo documental (prontuários) com
abordagem quantitativa baseada em uma pesquisa realizada pela UPE no
período de 31/06/2010 à 10/07/2011. RESULTADOS: Dos 219 usuários de
crack e outras drogas, a maioria era gênero masculino (84,4%), idade de 25-34
(49,7%), solteiros (61,6%), com ensino fundamental incompleto (46,1%),
desempregado e/ou procurando emprego (47,9%), nenhuma religião (17,8%),
morando em casa própria (44,7%) e coabitando com os familiares (76,2%). A
variável raça/cor foi excluída por ter um número ignorado maior de 14%. Não
houve significância estatística entre o uso de crack e as variáveis gênero,
raça/cor e condição marital (p-valor >0.05), porém, houve significância
estatística com a idade (25 a 34 anos), escolaridade (ensino fundamental
incompleto), condição laboral (desempregados), religião (não possuem),
habitação (casa própria), coabitação (junto aos familiares) e frequência de uso
diária (p-valor <0.05). CONCLUSÃO: Os resultados encontrados revelaram
semelhança com os dados da literatura, entretanto, é necessário mudanças no
processo de trabalho no intuito de melhorar o preenchimento dos prontuários
pelos profissionais para melhor conhecimento dessa população.
Palavras-chaves
Crack. CAPS AD. Aspectos sócio-demográficos
13
ABSTRACT
PURPOSE: To assess the socio-demographic of users in psychosocial care
centers by establishing relations with the variables of frequency and time of use
of crack. METHOD: This was a descriptive and cross-sectional document
(records) with a quantitative approach based on a survey conducted by the UPE
period 31/06/2010 to 10/07/2011. RESULTS: From 219 users of crack and
other drugs, most were male (84.4%), age 25-34 (49.7%), single (61.6%) with
incomplete primary education (46, 1%), unemployed and / or looking for
employment (47.9%), no religion (17.8%), living in their own home (44.7%) and
cohabiting with family members (76.2%). The race / color variable was excluded
for having a ignored number greater than 14%. There was no statistical
significance between the use of crack and gender, race / color and marital
status (p-value> 0.05), although there was statistical significance only with with
age (25-34 years), education (primary education), employment status
(unemployed), religion (not have), housing (homeownership), cohabitation (with
relatives) and frequency of daily use (p-value <0,05). CONCLUSION: The
results showed resemblance to the literature, however, it is necessary to
change the work process in order to improve the filling of records by
professionals to better understand this population.
Key words
Crack. CAPS AD. Socio-demographic
14
INTRODUÇÃO
O uso de drogas é uma prática presente desde os primórdios da
humanidade, atualmente o seu abuso adquiriu dimensões preocupantes,
configurando-se como um problema de saúde pública. O surgimento do crack,
droga derivada da pasta de coca, agravou ainda mais esse quadro ao
aumentar os danos sociais e à saúde dos usuários 13.
O uso de crack associado à infecção pela AIDS tem causado
preocupação ao governo brasileiro. Apesar do termo “epidemia do crack” ser
apontado pelo Governo Federal, pela sociedade brasileira e exacerbado pela
mídia, pesquisas revelam o não aumento do consumo na vida (de 2004 a 2010)
entre jovens e adolescentes do Ensino Médio e Fundamental 13.
O cuidado aos usuários de crack deve estar fundamentado nos
referenciais de atenção em rede com acesso universal e integralidade na
atenção. O CAPS (Centro de Apoio Psicossocial) tem que estar em articulação
com os diferentes serviços da rede, tais como ambulatórios de saúde mental,
residências terapêuticas, atenção básica, leitos de saúde mental 15.
Nos CAPS AD devem ser realizados atendimentos aos usuários, em
situação de crise ou não, de desintoxicação leve e abstinência leve, suporte
aos familiares, além do matriciamento aos serviços: SAMU, CAPS I, II, III e
CAPS i e de AB. Trabalho apoiado na Redução de Danos (RD), em atividades
de promoção à saúde: esportes, lazer, socialização, inserção no mercado de
trabalho. Os casos onde é necessário maiores cuidados clínicos, o usuário é
encaminhado às unidades de pronto-atendimento e leitos de hospital geral 15.
A Atenção Básica em Saúde, estruturada no País pela Estratégia de
Saúde da Família (ESF), não inclui a atenção ao usuário de drogas no rol de
suas ações, situação que dificulta a construção da rede de atenção psicosocial
a estes usuários, ainda mais agravada pela sua baixa cobertura da estratégia.
Em consequência sobrecarrega os CAPSad, em atividades que poderiam ser
desenvolvidas pela AB, comprometendo a essência de sua função:
atendimento clínico em regime de atenção diária, evitando as internações,
15
coordenar e articular as ações de saúde mental e atenção ao uso de álcool e
outras drogas no território 16.
O conhecimento da população usuária de crack torna-se importante para
conhecer o perfil e as características desse grupo, pois esse conhecimento
ajuda na compreensão do problema em suas implicações individuais, coletivas,
familiares e na busca de estratégias para oferta e modalidade de tratamento 17.
A identificação do perfil dos usuários que estão inseridos na estratégia
do CAPS acrescenta conhecimento sobre a atuação deste dispositivo no
território e pode oferecer subsídios que direcionem as condutas clínicas,
psicossociais e políticas públicas na atenção a esses usuários. Desta forma
este artigo tem por objetivo traçar o perfil sócio-demográfico dos usuários de
crack atendidos no CAPS-AD da cidade do Recife no período de julho de 2010
à junho de 2011.
16
METODOLOGIA
Realizou-se um estudo descritivo e transversal do tipo documental com
abordagem quantitativa dos prontuários dos usuários de crack e outras drogas.
A pesquisa foi realizada nos CAPS AD dos Distritos Sanitários II
(Estação Vicente Araújo) e III (Centro de Prevenção e Reabilitação de
Alcoolismo-CPTRA) da cidade do Recife/PE.
A população do estudo foi composta pela população usuária de crack,
atendida nos CAPS ad acima referidos, com idade igual ou maior de 18 anos,
de ambos os sexos, no período de 01/07/2010 e 31/06/2011, totalizando 219
(39,6%), entre os 553 usuários atendidos no período, usuários de álcool, crack
e outras drogas nestas unidades.
A coleta de dados foi orientada pelo livro de registro de cada unidade
estudada e realizada por meio de ficha de cadastro (ANEXO I) desenvolvida
pelo Programa de Educação pelo Trabalho em Saúde (PET) saúde mental 18
em conjunto com a FACEPE (UFPE) e grupo de pesquisa em atenção primária
e saúde coletiva da UPE- através da pesquisa ampliada denominada “O
cuidado na atenção básica com usuários de crack: um estudo da rede de
saúde recife e garanhuns/pe” também aprovado pelo Comitê de ética da
Universidade de Pernambuco sob CAE: 0642113.1.0000.5207 para coleta dos
dados de cada prontuário pesquisado 19.
Esta ficha de cadastro (ANEXO I) foi adaptada do documento usado pelo
serviço para registro de atendimento inicial, que engloba características
socioeconômicas (gênero, idade, raça, condição marital, grau de escolaridade,
condição laboral, religião, habitação e coabitação) uso, frequência e tempo de
uso da droga.
A digitação e análise dos dados foi processada utilizando o programa
estatístico Epi Info, versão 3.5.2 for Windows e as análises estatísticas
realizadas pelo Stata SE/12.0 na busca de significância estatística (p<0.05),
pelo teste chi-quadrado (χ2), entre as variáveis socio-demográficas e o uso de
crack (frequências, tempo)
Esta pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UPE
sob CAAE - 0201.0.097.000-11.
RESULTADOS
De acordo com a Tabela 1. que dispõe sobre a distribuição dos usuários de
crack segundo os aspectos demográficos e sociais atendidos nos CAPS AD
dos Distritos II e III do Recife (2011), observou-se um total de 219 prontuários
17
de usuários de crack e outras drogas, maioria do gênero masculino (84,4%),
idade de 25-34 (49,7%), solteiro (61,6%), ensino fundamental incompleto
(46,1%), desempregado e/ou procurando emprego (47,9%), nenhuma religião
(17,8%), morando em casa própria (44,7%) e coabitando com os familiares
(76,2%). A variável raça/cor foi excluída por ter um número ignorado maior de
14%.
Tabela 1. Distribuição dos usuários de crack segundo variáveis demográficas e
sociais atendidos nos CAPS AD distritos sanitários II e III do Recife, no período
01/07/2010 e 31/06/2011.
Variável N %
Gênero
Masculino
Feminino
Total
185
34
219
84,4
15,5
100
Faixa Etária
19-24
25-34
35-44
45-61
>60
Total
54
109
38
17
1
219
24,6
49,7
17,3
7,7
0,4
100
Condição marital
Solteiro
Vive maritalmente
Viúvo
Ignorado
Total
135
61
1
22
219
61,6
27,8
0,4
10,0
100
Grau de escolaridade
Não sabe ler
Só sabe ler e/ou escrever
Ensino fundamental completo
Ensino fundamental incompleto
Ensino médio
3
5
40
101
41
1,3
2,2
18,2
46,1
18,7
18
Ensino superior
Ignorado
Total
6
23
219
2,7
10,5
100
Condição Laboral
Estudante
Empregado formal
Empregado informal
Desempregado e/ou procurando emprego
Aposentado
Ignorado
Outra
Total
4
28
36
105
8
22
16
219
1,8
12,7
16,4
47,9
3,6
10,0
7,3%
100
Religião
Nenhuma
Católica
Evangélica
Espírita
Matriz africana
Ignorada
Outra
Total
39
38
34
6
1
6
95
219
17,8
17,3
15,5
2,7
0,4
2,7
43,3
100
Habitação
Própria
Alugada
Invasão
Cedida
Ignorada
Outra
Total
98
32
5
13
19
52
219
44,7
14,6
2,2
5,9
8,6
23,7
100
Coabitação
Com familiares
Com amigos
167
4
76,2
1,8
19
Com ninguém
Ignorado
Outro
Total
15
11
22
219
6,8
5,0
10,0
100
Segundo a Tabela 2. ao ser realizada a análise estatística relacionando
os usuários de crack (219), com seus aspectos demográficos e sociais, ficou
demonstrada que não houve significância estatística entre as variáveis gênero,
raça/cor e condição marital (p-valor >0.05), porém, houve significância
estatística entre o uso de crack com a idade (25 a 34 anos), escolaridade
(ensino fundamental incompleto), condição laboral (desempregados), religião
(não possuem), habitação (casa própria), coabitação (junto aos familiares) e
frequência de uso diária (p-valor <0.05). A variável raça/cor foi excluída por ter
um número ignorado maior de 14%.
20
Tabela 2. Resultado do teste do Qui-quadrado (X2) comparando as variáveis socioeconômicas com o uso de crack (frequência e
tempo) em indivíduos atendidos nos CAPS –AD, dos distritos sanitários II e III- Recife, 2011.
Variáveis
(n=219)
Uso de crack Frequência Tempo de Uso (em anos)
Sim Diária Eventual Semanal Abstinênci
a
NI Até 10 >10 Ignorado
Gênero
Mas
Fem
185(84,4%)
34(15,5%)
88(80,7%)
21(19,2%)
6(85,7%)
1(14,2%)
25(92,6%)
2(7,4%)
30(83,3%)
6(16,6%)
36(90%)
4(10,0%)
155 (85,1%)
27 (14,8%)
27 (81,8%)
6 (18,1%)
3 (75%)
1 (25%)
P-valor=
0.238
P valor=0.479 P valor= 0.772
Idade
19-24
25-34
35-44
45-60
>60
54(24,6%)
109(49,7%)
38(17,3%)
17(7,7%)
1(0,4%)
34(31,1%)
49(44,9%)
17(15,6%)
8(7,3%)
1(0,9%)
1(14,2%)
2(28,5%)
2(28,5%)
2(28,5%)
-
3(11,1%)
17(62,9%)
4(14,8%)
3(11,1%)
-
7(19,4%)
19(52,7%)
9(25%)
1(2,7%)
-
9(22,5%)
22(55%)
6(15%)
3(7,5%)
-
46 (25,2%)
91 (50%)
30 (16.4%)
14 (7,6%)
1 (0.5%)
4 (12.1%)
18 (54.5%)
8 (24.2%)
3 (9.0%)
0 (0%)
3 (75%)
1 (25%)
0 (0%)
0 (0%)
0 (0%)
P-valor
<0.050
P valor=0.476 P valor= 0.323
Condição
21
Marital
Solteiro
Vive
maritalmente
Ignora
135(61,6%)
61(27,8%)
22(10%)
68(62,3%)
31(28,4%)
10(9,1%)
6(85,7%)
1(14,2%)
4(14,8%)
12(44,4%)
11(40,7%)
4(14,8%)
24(66,6%)
11(30,5%)
1(2,7%)
27(62,5%)
7(17,5%)
7(17,5%)
115(63,1%)
49(26,9%)
17(9,3%)
17(51,5%)
12(36,3%)
4(12,1%)
3(75%)
-
1(25%)
P-
valor=0.071
P valor=0.200 P valor= 0.665
Escolaridade
Não sabe ler
Só sabe ler
e/ou escrever
Ensino
fundamental
completo
Ensino
fundamental
incompleto
Ensino médio
Ensino
superior
Ignorado
3(1,3%)
5(2,2)
40(18,2%)
101(46,1%)
41(18,7%)
6(2,7%)
23(10,5%)
1(0,9%)
3(2,7%)
19(17,4%)
59(54,1%)
17(15,6%)
3(7,7%)
7(6,4%)
-
-
-
4(57,1%)
1(14,2%)
-
2(28,5%)
1(3,7%)
1(3,7%)
6(22,2%)
8(29,6%)
8(29,6%)
1(3,7%)
2(7,4%)
-
1(2,8%)
8(22,2%)
14(38,8%)
10(27,7%)
1(2,7%)
2(5,5%)
1(2,5%)
-
7(17,5%)
16(40%)
5(12,5%)
1(2,5%)
10(25%)
2(1,1%)
5(2,7%)
33(18,1%)
84(46,1%)
37(20,3%)
5(2,7%)
16(8,7%)
1(3,3%)
-
8(24,2%)
14(44,4%)
4(12,1%)
1(3,0%)
5(15,1%)
-
-
-
3(75,0%)
-
-
1(25,0%)
P-valor P valor=0.277 P valor=0.793
22
<0.050
Condição
Laboral
Estudante
Empregado
formal
Empregado
informal
Desempregad
o e/ou
procurando
emprego
Aposentado
Ignorado
Outra
4(1,8%)
28(12,7%)
36(16,4%)
105(47,9%)
8(3,6%)
22(10%)
16(7,3%)
-
11(10%)
15(13,7%)
53(48,3%)
5(4,5%)
7(6,4%)
18(16,5%)
-
-
2(28,5%)
3(42,8%)
1(14,2%)
1(14,2%)
-
1(3,7%)
6(22,2%)
7(25,9%)
10(37%)
-
2(7,4%)
1(3,7%)
2(5,5%)
5(13,8%)
4(11,1%)
22(61,1%)
-
2(5,5%)
1(2,7%)
1(2,5%)
6(15%)
8(20%)
17(42,7%)
2(5%)
4(10%)
2(5%)
4(2,2%)
23(12,6%)
30(16,4%)
87(47,8%)
8(4,4%)
12(6,5%)
18(9,8%)
-
5(15,1%)
5(15,1%)
17(51,5%)
-
2(6,0%)
4(12,1%)
-
1(25,0%)
1(25,0%)
1(25,0%)
-
1(25,0%)
-
P-valor
<0.050
P valor=0.181 P valor=0.903
Religião
Nenhuma
Católica
Evangélica
39(17,8%)
38(17,3%)
34(15,5%)
20(18,3%)
15(13,7%)
24(22%)
1(14,2%)
2(28,5%)
1(14,2%)
4(14,8%)
5(18,5%)
3(11,1%)
7(19,4%)
10(27,7%)
3(8,3%)
7(17,5%)
6(15%)
3(7,5%)
33(18,1%)
32(17,5%)
28(15,3%)
6(18,1%)
5(17,5%)
6(18,1%)
-
1(25,0%)
-
23
Espírita
Matriz
africana
Ignorada
Outra
6(2,7%)
1(0,4%)
6(2,7%)
95(43,3%)
4(3,6%)
-
2(1,8%)
44(40,3%)
-
-
3(42,8%)
-
1(3,7%)
-
12(44,4%)
2(7,4%)
1(2,7%)
-
14(38,8%)
1(2,7%)
-
1(2,5%)
22(55%)
1(2,5%)
5(2,7%)
1(0,5%)
78(42,8%)
5(2,75%)
1(3,0%)
-
14(42,4%)
1(3,03%)
-
-
3(75,0%)
-
P-valor
<0.050
P valor=0.658 P valor=0.995
Habitação
Própria
Alugada
Invasão
Cedida
Ignorada
Outra
98(44,7%)
32(14,6%)
5(2,2%)
13(5,9%)
52(23,7%)
19(8,6%)
49(44,9%)
16(14,6%)
4(3,6%)
8(7,3%)
19(17,4%)
13(11,9%)
2(28,5%)
-
-
2(28,5%)
3(42,8%)
-
15(55,5%)
3(11,1%)
1(3,7%)
-
7(25,9%)
1(3,7%)
15(41,6%)
9(25%)
-
3(8,3%)
6(16,6%)
3(8,3%)
17(42,5%)
4(10%)
-
-
17(42,5%)
2(5%)
88(48,3%)
28(15,3%)
3(1,6%)
12(6,5%)
40(21,98%)
11(6,0%)
11(33,3%)
3(9,0%)
2(6,0%)
1(3,0%)
9(27,2%)
7(21,2%)
-
1(25,0%)
-
-
2(50,0%)
1(25,0%)
P-valor
<0.050
P-valor <0.050 P valor=0.058
Coabitação
Com
familiares
Com amigos
Com ninguém
167(76,2%)
4(1,8%)
15(6,8%)
22(10%)
82(75,2%)
1(0,9%)
4(3,6%)
12(11%)
4(57,1%)
-
3(42,8%)
-
24(88,8%)
-
-
3(11,1%)
30(83,3%)
1(2,7%)
4(11,1%)
1(2,7%)
27(67,5%)
2(5%)
4(10%)
6(15%)
140(76,9%)
4(2,2%)
13(7,1%)
18(9,9%)
23(69,7%)
-
3(9,0%)
4(12,1%)
3(75,0%)
-
-
-
24
Ignorado
Outro
11(5%) 10(9,1%) - - - 1(2,5%) 7(3,8%) 3(9,0%) 1(25,0%)
P-valor
<0.050
P-valor <0.050 P valor=0.562
25
DISCUSSÃO
Os usuários de crack atendidos nos serviços ambulatoriais da rede,
principalmente CAPS, são do gênero masculino, solteiros, adulto jovens,
baixa escolaridade (fundamental incompleto), desempregados, usam a
droga a mais de um ano 4,13,14,15,16 corroborando com os dados encontrados
nesse trabalho. Entretanto não houve significação estatística das variáveis
gênero e condição marital, enquanto em outro estudo foi encontrado 15.
Os resultados de uma pesquisa recente revelaram um tempo de uso
de crack de até 8 anos, que está dentro do tempo estipulado para esse
estudo que foi de 1 à 10 anos, porém não houve significância estatística com
relação às variáveis sociais e demográficas, entretanto essa informação
contrasta com o “tempo de vida” do usuário de crack que costuma ser
divulgado na imprensa como de 3 anos 15.
Foi encontrada significância estatística (p<0.05) entre o uso de crack
(frequência diária) e a variável habitação (própria) e coabitação (com
familiares). Esses dados corroboram com uma pesquisa recente, apesar do
fato da população usuária de crack em situação de rua ser expressiva,
especialmente nas capitais 15.
O uso das drogas por essa população geralmente começa na
adolescência, o que está associado ao abuso de álcool e outras drogas na
idade adulta. O predomínio de uma população jovem produtiva, como foi
demonstrado neste trabalho na (idades entre 25 e 34 anos) com significância
estatística com o uso de crack com essa faixa etária, pode promover
incapacidade física, social e mental, sugerindo a necessidade do
redirecionamento das ações de saúde para prevenção e redução de danos 1.
O baixo poder aquisitivo e a baixa escolaridade encontrada em alguns
grupos de usuários de crack podem estar relacionados à associação entre
uso de drogas e baixo desempenho escolar 7 (maioria desempregada e com
ensino fundamental incompleto) e a significância estatística dessas duas
variáveis com o fato de usar crack. quando eles se referem que a “epidemia
26
de crack” afetou a população em geral, porque de acordo com algumas
pesquisas, a “epidemia” não atingiu jovens do ensino Médio e Fundamental,
e portanto não afetou o desempenho escolar 14,22.
No que diz respeito à condição marital, a maioria dos usuários dos
usuários era solteira como se costuma observar em situações de
afrouxamento de laços familiares. 21
A maioria dos usuários estava desemprega e/ou procurando emprego,
porém estudos recentes revelam que essa população obtém dinheiro por
meio de trabalhos esporádicos ou autônomos. 21
O fato dos usuários não terem religião (17,8%), apesar de esta
porcentagem ter sido próxima das religiões católica e evangélica (17,3% e
15,5% respectivamente), houve significância estatística com o uso de crack.
Estudos revelam que a religião exerce fator de proteção/promoção à saúde
dos indivíduos, principalmente àqueles vulneráveis socialmente 13.
O uso diário da droga representa o reflexo das condições
socioculturais 23,25. Apesar dos indivíduos de melhor renda usarem crack de
forma compulsiva, suas condições de classe ajudam a garantir maior
discrição e abrandar os efeitos negativos da droga. Entretanto, em um
estudo não foi encontrada nenhuma relação da intensidade e frequência do
uso de crack e o nível econômico dos usuários 6.
CONCLUSÃO
Os resultados desse trabalho não diferem dos dados encontrados na
literatura, refletindo uma população vulnerável e cujas características
encontradas através das variáveis, oferecem subsídios para o
desenvolvimento de políticas públicas direcionadas aos aspectos
sociodemográficos encontrados, visto que estão intimamente relacionados
com o perfil dos usuários atendidos na rede de apoio.
27
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30
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31
Artigo 2
O uso de crack e a presença de transtornos mentais em usuários
atendidos nos Centros de Atenção Psicossocial- Álcool e Drogas da
cidade do Recife.
Elinando Silvestre da Silva FilhoI; Danielle Maria da Silva OliveiraII;
Bernadete de Cerqueira AntunesIII; Charmênia Maria Braga CartaxoIV;
IUniversidade de Pernambuco, Residência Multiprofissional Integrada em
Saúde da Família, Recife, Brasil*
IIHospital Oswaldo Cruz, Recife, Brasil
IIIUniversidade de Pernambuco, Faculdade de Ciências Médicas, Programa
de Educação Tutorial, Recife, Brasil
IVUniversidade de Pernambuco, Instituto de Ciências Biológicas, Recife,
Brasil
* Elinando Silvestre da Silva Filho
Telefone: 81 33610744.
Email: elinandofilho@hotmail.com
Endereço: Av. Ayrton Senna da Silva, 274. Edf. Joaquim Cardozo. Apt. 501,
Piedade, Jaboatão dos Guararapes-PE. CEP: 54400-020
32
RESUMO
OBJETIVOS: Quantificar a frequência e o tempo de uso de crack à partir de
dados de prontuários de usuários atendidos em centros de atenção
psicossocial da cidade do Recife/PE e estabelecer a influência e relações de
significância estatística dessas variáveis no desenvolvimento e no tipo de
transtornos mentais encontrados. METODOLOGIA: Trata-se de um estudo
descritivo e transversal do tipo documental com abordagem quantitativa
baseada em uma pesquisa realizada pela UPE no período de 31/06/2010 à
10/07/2011. RESULTADOS: Dentre os usuários de crack, a maioria exibia
uma frequência de uso diária (49,7%) por um período de 1 a10 anos
(83,1%), 90% apresentava transtorno mental do tipo relacionado ao uso de
droga (TRUD) (72,2%). Só houve significância estatística entre o TRUD com
a frequência de uso diária. CONCLUSÃO: Apesar da semelhança dos
resultados com os dados da literatura, é necessário um estudo qualitativo
para entender melhor a influência entre a frequência e tempo de uso de
crack e a saúde mental dos usuários. Dessa forma, para evitar intervenções
generalistas e/ou compulsórias, torna-se fundamental o conhecimento prévio
do contexto social dos usuários para que assim sejam fornecidas subsídios
para o desenvolvimento de ações mais efetivas de cuidado voltadas a esses
indivíduos.
Palavras-chaves
Transtorno metal. Crack. CAPS AD. Estudos transversais.
33
ABSTRACT
OBJECTIVES: To quantify the frequency and duration of use of crack from
medical records of patients seen in psychosocial care centers in Recife / PE
and establish the influence and relationships of statistical significance from
these variables in the development and type of mental disorders found.
METHODS: This was a descriptive and cross-sectional quantitative approach
to documentary based on a survey conducted by the UPE from 31/06/2010 to
10/07/2011. RESULTS: Among crack users, most exhibited a frequency of
daily use (49.7%) for a period of 1 to10 years (83.1%), 90% had mental
disorder related to drug use (MDRDU) (72.2%). Only statistical significance
between (MDRDU) with the frequency of daily use. CONCLUSION: Despite
the similarity of the results with the literature data, a qualitative study is
needed to better understand the influence between the time and frequency of
crack use and mental health of users. Thus, interventions to prevent
generalist and / or compulsory, it is essential prior knowledge of the social
context of the users so that subsidies are provided for the development of
more effective actions focused on care of these individuals.
Key words
Disorder metal. Crack. CAPS AD. cross-sectional studies
34
INTRODUÇÃO
No início da década de 1970 no Peru, era prática comum entre os
usuários de drogas, o processamento químico das folhas de coca
(Erythroxylon coca) produzindo um pó cinza-branco ou marrom que era
chamado de pasta de coca ou pasta base. Em 1972, traficantes do estado
da Califórnia, Estados Unidos da América (EUA) visitando este país,
observaram viciados fumando pasta de cocaína com maconha ou tabaco. Ao
voltarem para os EUA, desenvolveram o “Método bicarbonato”, uma forma
barata e de fácil produção de cocaína fumada à partir da cocaína em pó e
não pasta base 1.
Na início da década de 1980, sócioetonógrafos americanos
descreveram na literatura científica uma nova e potente forma de uso de
cocaína – a inalação do vapor expelido da queima de pedras, manufaturadas
a partir do “cozimento” da pasta básica combinada com bicarbonato de
sódio. Quando queimada em um cachimbo de vidro ou outro recipiente,
produzia um ruído típico de estalo, tendo sido, por isso, chamada de “crack”
2 . Constituía um negócio bastante rentável e por ser usada por via inalatória
e não injetável, era considerada “segura” por diminuir os riscos de
transmissão de doenças vinculadas pelo sangue, notadamente HIV e
Hepatite C 3.
As características do consumo de crack no Brasil apresentaram
semelhanças às ocorridas nos EUA, porém com um atraso de 10 anos. O
consumo de crack no Brasil, circunscrito no início a São Paulo, iniciou-se por
volta da década de 1990. Nesta cidade, os traficantes trouxeram essa nova
forma de uso da cocaína (crack), ou seja, de início o crack era ofertado a
usuários de drogas como única alternativa 4.
A cocaína é uma droga viciante que produz numerosos sintomas
psiquiátricos, síndromes e desordens. Os sintomas incluem agitação,
paranoia, alucinação, delírio, violência e tentativas de suicídio e homicídio.
35
Estes sintomas podem ser primários ao efeito da droga ou secundários pela
exacerbação de doenças psiquiátricas 5.
A maioria dos dependentes de drogas ilícitas apresentam sintomas
psicóticos no contexto de uso, ou quando retiram a droga. O risco de
sintomas psicóticos aumenta em indivíduos que abusam de drogas ou que
tiveram uso leve, moderado ou intenso de cocaína, comparados com
indivíduos que não foram diagnosticados 6.
A depressão é relacionada como uma desordem de significância
clínica entre usuários de crack. A frequência do uso de cocaína e a
necessidade de tratamento está relacionada com uma alta pontuação no
Beck Depression Inventory (BDI), um instrumento utilizado para avaliar a
depressão 7.
Transtornos relacionados ao uso de substâncias são prevalentes em
setores de emergência 8. No Brasil, estudos sobre comorbidades
psiquiátricas em dependentes de álcool, cocaína/crack e do uso
concomitante dessas drogas são escassos. Ao iniciar o tratamento dessa
população pode haver dificuldade na diferenciação entre transtornos
previamente existentes e transtornos secundários à dependência química
devido aos sintomas depressivos, ansiosos e manias prevalentes no período
de abstinência da droga 9.
Uma vez que o crack vem sendo considerado um problema de saúde
pública e que há transtornos mentais associados esse estudo teve por
objetivos Verificar a associação do uso do crack, com os transtornos mentais
de usuários atendidos nos Centros de Atenção Psicossociais (CAPS) Álcool
e Drogas (AD) no DS II e III no período de julho de 2010 à junho de 2011.
36
METODOLOGIA
Realizou-se um estudo descritivo e transversal do tipo documental
com abordagem quantitativa dos prontuários dos usuários de crack e outras
drogas.
A pesquisa foi realizada nos CAPS AD dos Distritos Sanitários II
(Estação Vicente Araújo) e III (Centro de Prevenção e Reabilitação de
Alcoolismo-CPTRA) da cidade do Recife/PE.
A população do estudo foi composta pela população usuária de crack,
atendida nos CAPS ad acima referidos, com idade igual ou maior de 18
anos, de ambos os sexos, no período de 01/07/2010 e 31/06/2011,
totalizando 219 (39,6%), entre os 553 usuários atendidos no período,
usuários de álcool, crack e outras drogas nestas unidades.
A coleta de dados foi orientada pelo livro de registro de cada unidade
estudada e realizada por meio de ficha de cadastro (ANEXO I) desenvolvida
pelo Programa de Educação pelo Trabalho em Saúde (PET) saúde mental 10
em conjunto com a FACEPE (UFPE) e grupo de pesquisa em atenção
primária e saúde coletiva da UPE- através da pesquisa ampliada
denominada “O cuidado na atenção básica com usuários de crack: um
estudo da rede de saúde recife e garanhuns/pe” também aprovado pelo
Comitê de ética da Universidade de Pernambuco sob CAE:
0642113.1.0000.5207 para coleta dos dados de cada prontuário pesquisado
11.
Esta ficha de cadastro (ANEXO I) foi adaptada do documento usado
pelo serviço para registro de atendimento inicial, que engloba características
socioeconômicas (gênero, idade, raça, condição marital, grau de
escolaridade, condição laboral, religião, habitação e coabitação) uso,
frequência e tempo de uso da droga além de variáveis de transtorno mental,
que foram organizadas segundo a presença ou não de transtorno e
associação com outros transtornos, onde foi adotada a seguinte legenda
para posterior análise em tabelas pelo teste Qui-quadrado (X2):
1. ST = Sem Transtorno (quando nenhum transtorno do item 28 do
ANEXO I foi marcado);
2. TRUD = Transtorno relacionado ao uso de drogas (item 28.1 do
ANEXO I);
3. TRUD + Assoc = item 28.1 associado com um ou mais transtornos
(itens 28.2, 28.3, 28.4. 28.5 ou 28.6 do ANEXO I);
4. Outros = Item 28.8 do ANEXO I (ex. déficit mental).
37
A digitação e análise dos dados foi processada utilizando o programa
estatístico Epi Info, versão 3.5.2 for Windows e as análises estatísticas
realizadas pelo Stata SE/12.0 na busca de significância estatística (p<0.05),
pelo teste chi-quadrado (χ2), entre as variáveis de transtorno mental e o uso
de crack (frequências, tempo)
Esta pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da
UPE sob CAAE - 0201.0.097.000-11.
RESULTADOS
Caracterização da amostra
De um total de 219 prontuários de usuários de crack e outras drogas,
maioria do gênero masculino (84,4%), idade de 25-34 (49,7%), solteiro
(61,6%), ensino fundamental incompleto (46,1%), desempregado e/ou
procurando emprego (47,9%), nenhuma religião (17,8%), morando em casa
própria (44,7%) e coabitando com os familiares (76,2%). A variável raça/cor
foi excluída por ter um número ignorado maior de 14%
Dos prontuários analisados foram encontrados 39,6% de indivíduos que
usavam crack , em que a maioria exibia uma frequência de uso diária
(49,7%) por um período de 1 a10 anos (83,1%) (Tabela 1).
Tabela 1. Frequência e Tempo de uso de crack dos usuários atendidos nos
CAPS –AD, dos distritos sanitários II e III- Recife, 2011
Variável (n) %
Frequência de uso de Crack
Uso diário
Uso semanal
Uso eventual
Abstinência
Ignorado
Total
109
27
7
36
40
219
49,7
12,3
3,2
16,4
18,2
100
38
Tempo de uso Crack (anos)
Até 10 anos
>10 anos
Ignorado
Total
182
33
4
219
83,1
15,0
1,8
100
Com relação a saúde mental (Tabela 2) da amostra analisada, a maioria
apresentava transtorno mental (90,5%) sendo maior parte relacionado ao
uso de droga (72,2%).
Tabela 2. Presença e Tipo de transtorno mental dos usuários de crack
atendidos nos CAPS –AD, dos distritos sanitários II e III- Recife, 2011
Variável (n) %
Presença de transtorno mental
Sim
Não
Total
Tipo de Transtorno Mental
Sem transtorno
Transtorno relacionado ao uso de droga
Transtorno relacionado ao uso de droga +
Outros transtornos não relacionados ao uso de
droga
Total
197
22
219
22
158
17
22
219
90,0
10,0
100
10,0
72,2
7,8
10,0
100
No que diz respeito à saúde mental, só houve significância estatística
em relação ao transtorno relacionado ao uso de drogas (TRUD) os quais
faziam uso de crack sob frequência diária (Tabela 3).
39
Tabela 3. Resultado do teste do Qui-quadrado (X2) comparando as variáveis de Transtorno Mental com o uso de crack (frequência e
tempo) em indivíduos atendidos nos CAPS –AD, dos distritos sanitários II e III- Recife, 2011.
Variáveis Uso de
crack
Frequência Tempo de Uso (em anos)
Sim
Não
Diária Eventual Semanal Abstinênci
a
NI Até 10 >10 Ignorado
Presença de
Transtorno
Sim
Não
197(89,9%)
22(10%)
98(89,9%)
11(10%)
7(100%)
-
22(81,4%)
5(18,5%)
34(94,4%)
2(5,5%)
36(90%)
4(10%)
164(90,1%)
18(9,8%)
30(90,9%)
3(9%)
3(75%)
1(25%)
P
valor=0.291
P valor=0.444 P valor=0.598
Associação
com outros
transtornos*
ST
TRUD
TRUD
+Assoc
Outros
22(10%)
158(72,1%)
17(7,7%)
22(10%)
11(10%)
72(66%)
10(9,1%)
16(14,6%)
-
3(42,8%)
2(28,5%)
2(28,5%)
5(18,5%)
18(66,6%)
-
4(14,8%)
2(5,5%)
31(86,1%)
3(8,3%)
-
4(10%)
34(85%)
2(5%)
-
18(9,8%)
134(73,6%)
16(8,7%)
14(7,6%)
3(9%)
20(60,6%)
2(6%)
8(24,2%)
1(25%)
3(75%)
-
-
40
P-valor <0.050 P-valor <0.050 P valor=0,116
41
DISCUSSÃO
A maioria dos usuários de crack usavam crack sob frequência diária o
que corrobora com dois estudos 12,13, entretanto quanto ao uso de crack pelos
jovens em situação de rua, uma pesquisa observou que os usuários utilizavam
o crack de forma compulsiva, o chamado binge, quando a droga é consumida
por várias horas ou dias, sem interrupção, porém seguido de dias de
abstinência, até meses. Assim sendo, o uso é diário apenas quando ocorre o
binge 13,14.
Dentre esses usuários, muitos adotam um uso mais racional e
controlado, como por exemplo, associado à maconha (o chamado “mesclado”),
e nem sempre se tornam adictos e vitimados pelos efeitos negativos e
devastadores da droga, dependendo do contexto social ao qual o usuário está
associado 13.
O tempo de uso do crack pelos usuários ficou de 1 a 10 anos, o que
equivale ao tempo em que esta droga foi implantada no estado 15. O transtorno
mental foi encontrado na maior parte dos usuários de crack, entretanto não
houve significância estatística (p<0.05) entre a presença de transtorno mental
comparado ao uso de crack, frequência e tempo.
Há uma correlação da dependência da cocaína (crack) ao longo do
tempo com o transtorno de personalidade antissocial e déficit de
atenção/hiperatividade 16, já outro estudo revelou maiores transtornos com os
usuários de crack do que com a cocaína em pó, apesar de esse fato estar
relacionado mais a intensidade de uso do que com a droga utilizada em si 17.
No que diz respeito aos tipos de transtornos associados, houve
significância estatística (p<0.05) entre o Transtorno relacionado ao uso de
drogas (TRUD) comparado ao uso de crack e a frequência, porém não houve
significância do TRUD comparado ao tempo de uso.
No que diz respeito ao TRUD comparado com o uso do crack, há uma
associação com sintomas psicóticos transitórios que diminuem de acordo com
a redução da dose da droga 18. O delírio de formigamento, isto é, quando o
42
usuário sente que está infestado por insetos, também é comum em usuários de
cocaína, entretanto o sintoma tende a parar com a retirada da droga 19.
Dificuldades de regulação emocional parecem ter influência no
desenvolvimento do transtorno de stress pós-traumático em dependentes de
crack 20. A disfunção pré-frontal do cérebro em indivíduos dependentes de
crack e cocaína estão relacionadas à disfunção social e dificuldades de tomar
decisões 21.
A maioria dos indivíduos afetados pela ansiedade não tem muito
sucesso nas intervenções devido as incapacidades que esse transtorno causa
na vida do usuário de crack. A ansiedade e precipita ataques de pânico, fobias,
compulsões e obcessões. As comorbidades tendem a ocorrer em indivíduos
com uso compulsivo de cocaína e com história de familiares com doenças
psiquiátricas 22.
O uso compulsivo de crack (binge) quando comparado com usuários não
compulsivos, revela valores maiores de depressão e ansiedade 23. No entanto,
outro estudo revelou que tanto o uso diário e não diário de crack, assim como o
uso de cocaína em pó, aumentou as chances de sintomas depressivos 24. Em
intoxicações agudas devido uso intenso de crack, são frequentes complicações
psiquiátricas como pânico, depressão e psicose, geralmente desaparecendo
após algumas horas 25.
O abuso de cocaína (crack) está associado a déficits neuropsicológicos
significativos, semelhantes aos que ocorrem em transtornos cognitivos,
possivelmente relacionados a problemas em regiões cerebrais pré-frontais e
temporais 20, enquanto a influência do tempo de consumo da droga interfere no
grau de comprometimento do fluxo cerebral dos pacientes usuários de
cocaína/crack 21.
Estudos revelam que é provável a existência de um ou mais transtornos
mentais em usuários de álcool e crack, sendo depressão e ansiedade os mais
prevalentes. Nesse sentido, identificar a existência desses transtornos contribui
significativamente para o bom prognóstico do tratamento 21.
43
A prática de estratégias para o alívio da fissura e táticas farmacológicas
e comportamentais tem sido usada por usuários e ex-usuários para evitar
recaída, como: comer, ter relação sexual, jogar futebol, trabalhar, evitar o
contexto social de uso de crack além do uso drogas que causam sonolência 22 .
CONCLUSÃO
O uso compulsivo geralmente provoca transtornos mentais que podem
ser decorrentes do uso agudo e também da fase de abstinência ou uso crônico,
onde o usuário pode apresentar sequelas neurológicas. Assim, sabendo que o
uso diário está relacionado ao binge (uso compulsivo), é necessário saber se o
usuário está sob os efeitos agudos da droga ou em abstinência durante a
avaliação no serviço de saúde (CAPS ad), pois o dependente de crack pode
apresentar sintomas diferentes dependendo da intensidade ou período que
usou a droga (recente ou não).
Os efeitos emocionais e cognitivos do uso das drogas podem estar
associados a outros transtornos psiquiátricos sendo necessário um estudo das
comorbidades associadas a essa população. A avaliação clínica também se
torna importante, pois muitos usuários ficam vulneráveis a doenças
transmissíveis como tuberculose, AIDS, ou apresentam distúrbios metabólicos
que prejudicam o tratamento.
Além disso, o conhecimento prévio do contexto psicossocial do usuário,
que evidencia uma melhor compreensão do cotidiano dessa população
específica (como por exemplo, as estratégias de uso para evitar os efeitos
negativos da droga, como uso associado ao álcool ou maconha), pode ajudar
no desenvolvimento de atividades de promoção/prevenção de saúde mais
racionais, evitando assim ações generalizantes, emergenciais e compulsórias.
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48
AGRADECIMENTOS
À orientadora Danielle Maria Silva Oliveira no apoio às análises
estatísticas e orientação do trabalho assim como à Bernadete de Cerqueira
Antunes e Charmênia Maria Braga Cartaxo por terem disponibilizado o banco
de dados da pesquisa.
49
ANEXO I – FICHA DE CADASTRO DO USUÁRIO
50
51
APENDICE I – REGRAS DA REVISTA BRASILEIRA DE PSIQUIATRIA
Escopo e política
A Revista Brasileira de Psiquiatria é uma publicação trimestral cujo objetivo é
publicar manuscritos originais de todas as áreas de psiquiatria, incluindo saúde
pública, epidemiologia clínica, ciência básica e problemas de saúde mental. Os
artigos devem ser escritos em língua inglesa.
Estas instruções foram escritas com base nos Uniform Requirements for
Manuscripts Submitted to Biomedical Journals: Writing and Editing for
Biomedical Publications, documento produzido e atualizado pelo International
Committee of Medical Journal Editors (ICMJE). O texto original está disponível
no endereço http://www.icmje.org/.
A Revista Brasileira de Psiquiatria apoia as políticas para registro de ensaios
clínicos da Organização Mundial da Saúde (OMS) e do ICMJE, reconhecendo
a importância dessas iniciativas para o registro e divulgação internacional de
informações sobre estudos clínicos, em acesso aberto. Sendo assim, seguindo
as orientações da BIREME/OPAS/OMS para a indexação de periódicos na
LILACS e SciELO, somente serão aceitos para publicação artigos de pesquisas
clínicas que tenham sido cadastrados em um dos Registros de Ensaios
Clínicos validados pelos critérios estabelecidos pela OMS e ICMJE (endereços
disponíveis no site http://www.icmje.org/faq_clinical.html; um registro brasileiro
também está disponível no endereço http://www.ensaiosclinicos.gov.br/). O
número de identificação do registro deverá ser informado ao final do resumo.
Processo de revisão por pares
A seleção de manuscritos para publicação é baseada em sua originalidade,
relevância do tema, qualidade metodológica e observação das normas
editoriais aqui descritas. Todos os manuscritos considerados para publicação
são submetidos ao processo de revisão por avaliadores externos anônimos.
Sempre que possível, uma decisão editorial (aceitação, necessidade de
revisões ou recusa) será feita em até um mês após a submissão.
Preparo do manuscrito
A Revista Brasileira de Psiquiatria publica artigos originais, comunicações
breves, artigos de revisão, artigos de atualização, editoriais e cartas ao Editor.
Sugere-se consultar um número recente da revista para verificar estilo e
formato dos artigos. O texto deve ser escrito utilizando espaço duplo, com
margens amplas.
Artigos originais, artigos de revisão, artigos de atualização e comunicações
breves devem seguir o formato descrito a seguir.
Folha de rosto: Título completo, nomes dos autores, seus departamentos e
instituições, incluindo cidade e país de origem. Deve-se incluir também um
título abreviado com até 50 caracteres (caracteres e espaços). O nome
completo, telefone, fax, e-mail e endereço completo do autor correspondente
devem ser informados.
52
Página 2: Deve conter um resumo estruturado com até 200 palavras, contendo
as seguintes seções: Objetivo, Métodos, Resultados e Conclusão. Devem ser
incluídas de três a cinco palavras-chave selecionadas a partir dos Descritores
em Ciência da Saúde (DeCS).
Texto principal: A Introdução deve ter entre uma e três páginas (não deve
incluir uma revisão extensa da literatura) e deve finalizar com uma frase que
anuncie claramente os objetivos do estudo. A seção de Métodos deve incluir
informações detalhadas sobre o desenho do estudo, o ambiente de pesquisa,
participantes, desfechos clínicos de interesse, análises estatísticas, registro de
ensaio clínico, aprovação pelo comitê de ética e procedimentos de obtenção de
consentimento informado (deve-se evitar referências a desenhos, métodos ou
materiais descritos em outros artigos publicados). Os Resultados devem ser
claros; não é permitida a repetição de dados no texto e em tabelas/figuras. A
Discussão não deve incluir uma seção à parte chamada Conclusão; as
conclusões do estudo devem ser apresentadas no último parágrafo do texto.
Agradecimentos: Deve incluir informações sobre bolsas, financiamento e outros
tipos de apoio ao estudo. Alguns autores podem desejar prestar
agradecimentos a colaboradores que contribuíram de forma significativa para o
manuscrito porém não preenchem critérios de autoria. Obter permissão das
pessoas citadas é responsabilidade do autor.
Declaração de conflitos de interesse: Cada autor deve declarar potenciais
conflitos de interesse em geral, e não apenas relacionados ao presente estudo.
Exemplos incluem empregos/cargos atuais ou passados, verbas de pesquisa
recebidas, honorários de palestrante, participação acionária, serviço prestado
como consultor ou conselho consultivo de organizações, entre outros. Estudos
que, de alguma forma, envolvam empresas farmacêuticas ou outras entidades
privadas ou públicas devem descrever claramente o papel dessas
organizações no estudo. Além disso, se o estudo, de alguma forma, investiga
compostos farmacêuticos, a declaração de conflitos de interesse deve incluir
informações sobre quem ou que instituições realizaram as análises estatísticas,
além de um e-mail para a possível obtenção do protocolo.
Lista de referências: As referências devem ser limitadas ao menor número
possível e devem ser numeradas consecutivamente na ordem em que
aparecem no texto, conforme o sistema Vancouver. Recomendamos o uso de
ferramentas como Reference Manager ou Endnote para apoiar a organização e
formatação das referências. As referências no texto, em tabelas e em legendas
devem ser identificadas utilizando algarismos arábicos sobrescritos.
Referências citadas apenas em tabelas ou figuras devem ser numeradas
levando em consideração a primeira citação dos itens no texto.
O estilo apresentado nos exemplos abaixo deve ser observado. Para incluir
manuscritos aceitos, porém ainda não publicados, deve-se informar o título
abreviado da revista seguido de (in press). Artigos publicados eletronicamente,
mas ainda não disponíveis em forma impressa, devem ser identificados por seu
número de DOI. Informações sobre manuscritos ainda não aceitos devem ser
citadas no texto apenas, como comunicação pessoal. A exatidão das
referências é responsabilidade dos autores. Os títulos das revistas devem ser
53
abreviados conforme o Index Medicus.
Exemplos:
Artigo de revista padrão: Listar todos os autores quando forem seis ou menos.
Quando forem sete ou mais, listar os primeiros seis e acrescentar "et al.".
Coelho FM, Pinheiro RT, Silva RA, Quevedo LA, Souza LD, Castelli RD, et al.
Major depressive disorder during teenage pregnancy: socio-demographic,
obstetric and psychosocial correlates. Rev Bras Psiquiatr. 2013;35:51-6.
Livro: Gabbard GO. Gabbard’s treatment of psychiatric disorders. 4th ed.
Arlington: American Psychiatric Publishing; 2007.
Capítulo de livro: Kennedy SH, Rizvi SJ, Giacobbe P. The nature and treatment
of therapy-resistant depression. In: Cryan JF, Leonard BE, editors. Depression:
from psychopathology to pharmacotherapy. Basel: Karger; 2010. p. 243-53.
Dissertações e teses: Trigeiro A. Central nervous system corticotropin releasing
factor (CRF) systems contribute to increased anxiety-like behavior during opioid
withdrawal: an analysis of neuroanatomical substrates [dissertation]. San Diego:
University of California; 2011.
Tabelas e figuras: Todas as figuras e tabelas devem esclarecer/complementar
(e não repetir) o texto, e devem ser limitadas ao menor número possível. Todas
as ilustrações devem ser submetidas em páginas separadas, de acordo com
sua ordem de aparecimento no texto, e devem ser numeradas
consecutivamente utilizando algarismos arábicos. Todas as tabelas e figuras
devem incluir legendas descritivas e a definição de abreviações utilizadas.
Qualquer tabela ou figura extraída de trabalhos já publicados deve ser
acompanhada de uma autorização por escrito do atual detentor dos direitos
autorais, já no momento da submissão.
Siglas, abreviaturas e símbolos: Todas as siglas e abreviaturas devem ser
definidas (expressas por extenso) na primeira ocorrência e também nas
legendas de tabelas e figuras. Todas as unidades devem ser apresentadas
conforme o sistema métrico. O uso de algarismos romanos deve ser evitado.
Material suplementar on-line
A Revista Brasileira de Psiquiatria não publica material suplementar on-line.
Tipos de artigos publicados
Artigos originais: Devem descrever de forma completa, mas tão concisa
quanto possível, os resultados de pesquisa original, incluindo informações
relevantes para aqueles que desejarem reproduzir o estudo ou avaliar seus
resultados e conclusões. Artigos originais não devem ultrapassar 5.000
palavras, sem contar tabelas, figuras e referências.
São permitidas, no máximo, seis tabelas ou figuras e 40 referências. O texto
deve ser organizado utilizando as seções Introdução, Métodos, Resultados e
54
Discussão. As implicações clínicas e as limitações do estudo devem ser
explicitadas. Ensaios clínicos randomizados devem ter sido cadastrados em
bases de dados on-line (o número de identificação do registro deve ser
informado ao final do resumo).
Comunicações breves: São manuscritos originais, porém mais curtos,
abordando temas de interesse na área da psiquiatria, com resultados
preliminares ou de relevância imediata. Esses artigos devem ter até 1.500
palavras, uma tabela ou figura e 15 referências.
Artigos de revisão: Esses artigos são preferencialmente escritos por experts
no tópico abordado e a convite dos Editores. Consistem em avaliações
sistemáticas e críticas da literatura e fontes de dados, com o objetivo de revisar
e avaliar criticamente o conhecimento existente sobre um determinado assunto,
além de comentar sobre estudos conduzidos por outros autores. A estratégia
de busca e seleção de artigos (incluindo os critérios de inclusão e exclusão)
deve ser descrita em detalhe. Artigos de revisão devem ter até 6.000 palavras,
excluindo tabelas, figuras e referências. O número total de tabelas e figuras
não deve ultrapassar seis.
Artigos de atualização: Esses artigos abordam informações atuais relevantes
à prática clínica e são menos abrangentes que artigos de revisão. Artigos de
atualização devem ter até 2.000 palavras e 30 referências.
Editoriais: Comentários críticos e aprofundados feitos a convite dos editores
ou escritos por pessoa com autoridade reconhecida no assunto. Editoriais não
devem ultrapassar 900 palavras e cinco referências. Uma folha de rosto deve
ser incluída, conforme descrito acima.
Cartas ao Editor: Cartas podem conter relatos de casos pouco usuais,
comentários sobre temas científicos relevantes, avaliação crítica da política
editorial da revista ou opiniões sobre conteúdo publicado na revista. Cartas
devem ter no máximo 500 palavras, uma tabela, uma figura e cinco referências.
Transferência de direitos autorais (copyright)
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Agreement apresentado abaixo e enviá-lo para o e-mail
editorial@abpbrasil.org.br. A fim de evitar atrasos na publicação, o formulário
assinado deve ser enviado à equipe de produção assim que um manuscrito é
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Copyright Transfer Agreement
I, the undersigned author, certify that I and all other co-authors of the
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Revista Brasileira de Psiquiatria, have participated sufficiently in the
intellectual content, data analysis, and writing of the manuscript, and take public
responsibility for it. Also, I and each of the co-authors have reviewed the final
version of the manuscript, believe it represents valid work, and approve it for
55
publication. On behalf of all coauthors, I certify that the manuscript has not been
previously published or accepted for publication, nor is it currently under
consideration for publication elsewhere, either in whole or in part.
Finally, I do hereby agree to transfer copyright of above mentioned article
Associação Brasileira de Psiquiatria. I am aware that all the contents of the
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  • 1. UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS – FCM RESIDÊNCIA MULTIPROFISSIONAL INTEGRADA EM SAÚDE DA FAMÍLIA ELINANDO SILVESTRE DA SILVA FILHO PERFIL DOS USUÁRIOS ATENDIDOS NO CAPS ÁLCOOL E DROGAS E A ASSOCIAÇÃO DO USO DO CRACK COM TRANSTORNOS MENTAIS RECIFE, 2013
  • 2. UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS – FCM RESIDÊNCIA MULTIPROFISSIONAL INTEGRADA EM SAÚDE DA FAMÍLIA Autores: Elinando Silvestre da Silva Filho Orientadora: Prof.ª Danielle Maria Silva Oliveira (Fonoaudióloga do HUOC e Pesquisadora em Saúde Coletiva pela UPE, Recife) Banca Charmênia Maria Braga Cartaxo (Professora do ICB Tutora ICB/UPE, Recife) Bernadete de Cerqueira Antunes (Professora da FCM/UPE UPE. Coordenadora- PET) PERFIL DOS USUÁRIOS ATENDIDOS NO CAPS ÁLCOOL E DROGAS E A ASSOCIAÇÃO DO USO DO CRACK COM TRANSTORNOS MENTAIS RECIFE, 2013 Projeto apresentado à Coordenação do Programa de Residência Multiprofissional Integrada em Saúde da Família da Universidade de Pernambuco, como critério para obtenção do certificado de Especialização em Saúde da Família. Residente em Saúde da Família/UPE, Recife. Endereço: Av. Ayrton Senna da Silva, 274. Edf. Joaquim Cardozo. Apt. 501, Piedade, Jaboatão dos Guararapes-PE. CEP: 54400-020. Email:elinandofilho@hotmail.com
  • 3. ELINANDO SILVESTRE DA SILVA FILHO PERFIL DOS USUÁRIOS ATENDIDOS NO CAPS ÁLCOOL E DROGAS E A ASSOCIAÇÃO DO USO DO CRACK COM TRANSTORNOS MENTAIS Aprovado em _______ de __________________ de 2013. _______________________________________________________________ 1ª Examinador: DSc. Charmênia Maria Braga Cartaxo (Professora do ICB Tutora ICB/UPE) _______________________________________________________________ 2ª Examinador: MSc Maria Bernadete de Cerqueira Antunes (Professora da FCM/UPE UPE. Coordenadora- PET Saúde Mental) _______________________________________________________________ 3ª Examinador: MSc. Danielle Maria da Silva Oliveira (Tutora da Residencia Multiprofissional em Saúde da Família- UPE) Projeto apresentado à Coordenação do Programa de Residência Multiprofissional Integrada em Saúde da Família da Universidade de Pernambuco, como critério para obtenção do certificado de Especialização em Saúde da Família
  • 4. LISTA DE TABELAS Artigo1. Tabela 1. Distribuição dos usuários de crack segundo variáveis demográficas e sociais atendidos nos CAPS AD distritos sanitários II e III do Recife, no período 01/07/2010 e 31/06/2011............................................................................................17 Tabela 2. Resultado do teste do Qui-quadrado (X2) comparando as variáveis socioeconômicas com o uso de crack (frequência e tempo) em indivíduos atendidos nos CAPS –AD, dos distritos sanitários II e III- Recife, 2011.............20 Artigo2. Tabela 1. Frequência e Tempo de uso de crack dos usuários atendidos nos CAPS –AD, dos distritos sanitários II e III- Recife, 2011.......................................37 Tabela 2. Presença e Tipo de transtorno mental dos usuários de crack atendidos nos CAPS –AD, dos distritos sanitários II e III- Recife, 2011.............38 Tabela 3. Resultado do teste do Qui-quadrado (X2) comparando as variáveis de Transtorno Mental com o uso de crack (frequência e tempo) em indivíduos atendidos nos CAPS –AD, dos distritos sanitários II e III- Recife, 2011.............39
  • 5. LISTA DE ABREVIATURAS FCM – FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS UPE – UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO UFPE – UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO ICB – INSTITUTO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS PET – PROGRAMA DE EDUCAÇÃO TUTORIAL CAPS AD – CENTRO DE APOIO PSICOSOCIAL ÁLCOOL E OUTRAS DROGAS EUA – ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA FACEPE – FUNDAÇÃO DE AMPARO À CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO ESTADO DE PERNAMBUCO DS – DISTRITO SANITARIO AIDS – ACQUIRED IMMUNODEFICIENCY SYNDROME SAMU – SERVIÇO DE ATENDIMENTO MÓVEL DE URGÊNCIA CAPS I – CENTRO DE APOIO PSICOSOCIAL (CIDADES DE PEQUENO PORTE) CAPS II – CENTRO DE APOIO PSICOSOCIAL (CIDADES DE MÉDIO PORTE) CAPS III – CENTRO DE APOIO PSICOSOCIAL 24H (GRANDES CIDADES) CAPS i – CENTRO DE APOIO PSICOSOCIAL INFANTIL HIV - HUMAN IMMUNODEFICIENCY VIRUS AB – ATENÇÂO BÁSICA ESF – ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA SUS – SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE CPTRA - CENTRO DE PREVENÇÃO E REABILITAÇÃO DE ALCOOLISMO CNPQ - CONSELHO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO CIENTÍFICO E TECNOLÓGICO CEP- COMITÊ DE ÉTICA E PESQUISA CAAE- CERTIFICADO DE APRESENTAÇÃO PARA APRECIAÇÃO ÉTICA ST - SEM TRANSTORNO
  • 6. TRUD - TRANSTORNO MENTAL DEVIDO AO USO DE SUBSTÂNCIA PSICOATIVA TRUD + ASSOC: TRANSTORNO MENTAL DEVIDO AO USO DE SUBSTÂNCIA PSICOATIVA + ASSOCIAÇÃO DE TIPOS DE TRANSTORNOS
  • 7. SUMÁRIO INTRODUÇÃO GERAL.................................................................................................8 Artigo 1...........................................................................................................................11 RESUMO ...................................................................................................................12 INTRODUÇÃO..........................................................................................................14 METODOLOGIA .......................................................................................................16 Desenho do Estudo.............................................................................................16 Localização do Estudo........................................................................................16 População a ser estudada. ................................................................................16 Coleta de Dados. .................................................................................................16 Análise dos Dados................................................................................................16 Considerações Éticas ..........................................................................................16 RESULTADOS .........................................................................................................16 DISCUSSÃO.............................................................................................................25 CONCLUSÃO ...........................................................................................................26 REFERÊNCIAS ........................................................................................................27 Artigo 2...........................................................................................................................31 RESUMO ...................................................................................................................32 INTRODUÇÃO..........................................................................................................34 METODOLOGIA .......................................................................................................36 Desenho do Estudo..........................................Error! Bookmark not defined. Localização do Estudo.....................................Error! Bookmark not defined. População a ser estudada. .............................Error! Bookmark not defined. Coleta de Dados ................................................Error! Bookmark not defined. Análise dos Dados.............................................Error! Bookmark not defined. Considerações Éticas. .....................................Error! Bookmark not defined. RESULTADOS .........................................................................................................37 DISCUSSÃO.............................................................................................................41 CONCLUSÃO ...........................................................................................................43 REFERÊNCIAS........................................................................................................43 AGRADECIMENTOS ..................................................................................................48 ANEXO I – FICHA DE CADASTRO DO USUÁRIO ...............................................49 APENDICE I – REGRAS DA REVISTA BRASILEIRA DE PSIQUIATRIA..........51
  • 8. 8 INTRODUÇÃO GERAL A Organização Mundial de Saúde (OMS) conceitua droga como qualquer substância não produzida pelo organismo que tem a propriedade de atuar sobre um ou mais de seus sistemas, produzindo alterações em seu funcionamento 1. Quando uma droga é utilizada para produzir efeitos benéficos, como tratamento de doenças, são denominadas medicamentos. Entretanto algumas substâncias podem trazer malefícios à saúde devido os efeitos tóxicos ou venenosos. Em alguns casos uma mesma droga pode ter efeito medicamentoso em uma situação e tóxico em outro 2. As drogas podem ser classificadas, de acordo com o aspecto legal em lícitas, isto é, sem restrição de uso, como por exemplo o álcool e o cigarro, e ilícitas, com restrição de uso, como por exemplo a cocaína e a maconha. Neste sentido, uma droga quando usada com propósitos recreativos, pode apresentar controvérsia pelo fato de ser ilegal ou em casos quando seu uso é ritualístico (espiritual) 2 . As drogas que atuam no sistema nervoso são denominadas de substâncias psicoativas. Os efeitos dependem do modo como alteram o sistema nervoso central (SNC) sendo classificadas como depressoras, quando diminuem a atenção, concentração e geram sonolência (p.ex. álcool); estimulantes, provocando aumento da atividade motora, maior vigília e diminuição do sono (p.ex crack) e perturbadoras, induzindo ação desordenada ao provocar alucinações e delírios como no caso do LSD (diatilamina do ácido lisérgico) 3. A cocaína é um estimulante do SNC que pode ser consumida na forma de cloridrato de cocaína, podendo ser inalado ou injetado. Também pode ser fumado nas suas formas de merla, cocaína base e crack 4. De acordo com a lista de substâncias na Classicação Internacional de Doenças, 10ª Revisão (CID-10), em seu capítulo V (Transtornos Mentais e de Comportamento), inclui o álcool, opióides (mofina, heroína e derivados
  • 9. 9 sintéticos), canabinóides (maconha), sedativos ou hipnóticos (barbitúricos, benzodiazepínicos), cocaína, outros estimulantes (anfetaminas e outras substâncias relacionadas à cafeína), alucinógenos, tabaco e solventes voláteis 2. Estudos indicam que o crack surgiu nos estados unidos no final do século XX, particularmente na década de 80, principalmente nas cidades de Los Angeles e Nova Iorque 5. Estudos sobre o uso de crack no Brasil são recentes e surgiram em consequência ao aumento do número de usuários, da maior visibilidade social e da demanda aos serviços de saúde 6. Os primeiros indícios de uso são relatados na cidade de São Paulo, após apreensão da droga em 1991, período onde a atenção das autoridades estava voltada para as drogas injetáveis pelo potencial de aumento da transmissão da AIDS 5. Na época de introdução da droga no pais o uso se restringia às classes menos abastardas, das periferias das cidades, que a preferiam devido o baixo custo e efeito mais rápido, fazendo com que a preferissem em substituição a maconha, cola e álcool. As autoridades acreditando que essa “nova” droga iria ficar restrita a população pobre e moradora de rua, possibilitou o aumento do uso que irrompeu barreiras, atingindo diversas classes sociais (classe média e classe alta 7 , sob status de epidemia do uso, com grande impacto familiar e social 8. Deste então a droga torna-se popular nos grandes centros urbanos também atingindo zonas rurais 9. O uso do crack é por meio da queima da “pedra” de crack em um cachimbo, cujos vapores inalados durante a combustão, atingem o SNC de forma rápida, gerando efeitos eufóricos e prazerosos, com alto poder de toxicodepedência e uso contínuo devido à fissura ou craving, isto é, desejo pelo uso da droga 5. Por ser estimulante do SNC, a cocaína (na forma de crack) têm efeitos neuroquímicos capazes de estimular diretamente a via dopaminérgica, esta envolvida no circuito de recompensa de drogas ou dependência química 10. No último levantamento sobre consumo de drogas no país, o crack não figurou entre as drogas ilícitas mais consumidas, porém a urgência pelo uso da droga e a intensidade dos efeitos da fissura colocam o risco associado ao
  • 10. 10 consumo à violência e comportamentos sexuais de risco como problema de saúde pública entre o usuário e o contexto social que o cerca 10. O uso de crack é capaz de causar diversos danos como sintomas depressivos e ansiosos, sejam causados por comorbidades ou pelo próprio uso da droga, influenciando a mudança e a menor adesão ao tratamento 6. Indivíduos com transtorno de personalidade antissocial apresentaram maior tendência ao uso do crack do que os usuários de cocaína em pó e outros usuários de psicotrópicos (maioria maconha e álcool), revelando a importância de considerar esse tipo de desordem no tratamento 12. O consumo de crack associado a outras substâncias, por exemplo, o álcool, está associado a significativos problemas econômicos e sociais, ocasionando graves problemas aos usuários e à saúde pública, por uma série de complicações médicas e psiquiátricas que aumentam os índices de morbidade e mortalidade. Pacientes com transtornos psiquiátricos graves, apresentam maiores taxas de suicídio, agressividade, detenção por atos ilegais, recaídas, internações, mais gastos com tratamento, falta de moradia, maior período de hospitalização e utilizam mais os serviços de saúde 11. Com isso, esse trabalho será composto de dois artigos, com objetivos diferentes. O primeiro trata-se de um estudo descritivo com o objetivo de caracterizar os aspectos demográficos e sociais de usuários atendidos na CAPS AD de dois distritos da cidade do Recife. O segundo será realizado com a mesma população, porém com o objetivo de verificar a relação entre o uso de crack e a presença ou não de transtornos mentais.
  • 11. 11 Artigo 1 Usuários de crack atendidos em centros de atenção psicossocial: dados sócio-demograficos na cidade do Recife. Elinando Silvestre da Silva FilhoI; Danielle Maria da Silva OliveiraII; Bernadete de Cerqueira AntunesIII; Charmênia Maria Braga CartaxoIV; Paulette de Albuquerque Cavalcante I Farmacêutico Residente em Saúde da Família, Universidade de Pernambuco, Recife, Brasil* II Fonoaudióloga do Hospital Oswaldo Cruz e Pesquisadora em Saúde Coletiva pela Universidade de Pernambuco, Recife, Brasil III Professora daFaculdade de Ciências Médicas e Coordenadora do Programa de Educação Tutorial da Universidade de Pernambuco, Recife, Brasil IV Professora e Tutora do Instituto de Ciências Biológicas, Universidade de Pernambuco, Recife, Brasil Correspondência Elinando Silvestre da Silva Filho Endereço: Av. Ayrton Senna da Silva, 274. Edf. Joaquim Cardozo. Apt. 501, 54400-020, Bairro Piedade, Jaboatão dos Guararapes,PE. Telefone: (0xx81) 33610744. Email: elinandofilho@hotmail.com
  • 12. 12 RESUMO OBJETIVOS: Conhecer os aspectos sócio-demográficos dos usuários atendidos em centros de atenção psicossocial estabelecendo relações com as variáveis de frequência e tempo de uso de crack. MÉTODO: Trata-se de um estudo descritivo e transversal do tipo documental (prontuários) com abordagem quantitativa baseada em uma pesquisa realizada pela UPE no período de 31/06/2010 à 10/07/2011. RESULTADOS: Dos 219 usuários de crack e outras drogas, a maioria era gênero masculino (84,4%), idade de 25-34 (49,7%), solteiros (61,6%), com ensino fundamental incompleto (46,1%), desempregado e/ou procurando emprego (47,9%), nenhuma religião (17,8%), morando em casa própria (44,7%) e coabitando com os familiares (76,2%). A variável raça/cor foi excluída por ter um número ignorado maior de 14%. Não houve significância estatística entre o uso de crack e as variáveis gênero, raça/cor e condição marital (p-valor >0.05), porém, houve significância estatística com a idade (25 a 34 anos), escolaridade (ensino fundamental incompleto), condição laboral (desempregados), religião (não possuem), habitação (casa própria), coabitação (junto aos familiares) e frequência de uso diária (p-valor <0.05). CONCLUSÃO: Os resultados encontrados revelaram semelhança com os dados da literatura, entretanto, é necessário mudanças no processo de trabalho no intuito de melhorar o preenchimento dos prontuários pelos profissionais para melhor conhecimento dessa população. Palavras-chaves Crack. CAPS AD. Aspectos sócio-demográficos
  • 13. 13 ABSTRACT PURPOSE: To assess the socio-demographic of users in psychosocial care centers by establishing relations with the variables of frequency and time of use of crack. METHOD: This was a descriptive and cross-sectional document (records) with a quantitative approach based on a survey conducted by the UPE period 31/06/2010 to 10/07/2011. RESULTS: From 219 users of crack and other drugs, most were male (84.4%), age 25-34 (49.7%), single (61.6%) with incomplete primary education (46, 1%), unemployed and / or looking for employment (47.9%), no religion (17.8%), living in their own home (44.7%) and cohabiting with family members (76.2%). The race / color variable was excluded for having a ignored number greater than 14%. There was no statistical significance between the use of crack and gender, race / color and marital status (p-value> 0.05), although there was statistical significance only with with age (25-34 years), education (primary education), employment status (unemployed), religion (not have), housing (homeownership), cohabitation (with relatives) and frequency of daily use (p-value <0,05). CONCLUSION: The results showed resemblance to the literature, however, it is necessary to change the work process in order to improve the filling of records by professionals to better understand this population. Key words Crack. CAPS AD. Socio-demographic
  • 14. 14 INTRODUÇÃO O uso de drogas é uma prática presente desde os primórdios da humanidade, atualmente o seu abuso adquiriu dimensões preocupantes, configurando-se como um problema de saúde pública. O surgimento do crack, droga derivada da pasta de coca, agravou ainda mais esse quadro ao aumentar os danos sociais e à saúde dos usuários 13. O uso de crack associado à infecção pela AIDS tem causado preocupação ao governo brasileiro. Apesar do termo “epidemia do crack” ser apontado pelo Governo Federal, pela sociedade brasileira e exacerbado pela mídia, pesquisas revelam o não aumento do consumo na vida (de 2004 a 2010) entre jovens e adolescentes do Ensino Médio e Fundamental 13. O cuidado aos usuários de crack deve estar fundamentado nos referenciais de atenção em rede com acesso universal e integralidade na atenção. O CAPS (Centro de Apoio Psicossocial) tem que estar em articulação com os diferentes serviços da rede, tais como ambulatórios de saúde mental, residências terapêuticas, atenção básica, leitos de saúde mental 15. Nos CAPS AD devem ser realizados atendimentos aos usuários, em situação de crise ou não, de desintoxicação leve e abstinência leve, suporte aos familiares, além do matriciamento aos serviços: SAMU, CAPS I, II, III e CAPS i e de AB. Trabalho apoiado na Redução de Danos (RD), em atividades de promoção à saúde: esportes, lazer, socialização, inserção no mercado de trabalho. Os casos onde é necessário maiores cuidados clínicos, o usuário é encaminhado às unidades de pronto-atendimento e leitos de hospital geral 15. A Atenção Básica em Saúde, estruturada no País pela Estratégia de Saúde da Família (ESF), não inclui a atenção ao usuário de drogas no rol de suas ações, situação que dificulta a construção da rede de atenção psicosocial a estes usuários, ainda mais agravada pela sua baixa cobertura da estratégia. Em consequência sobrecarrega os CAPSad, em atividades que poderiam ser desenvolvidas pela AB, comprometendo a essência de sua função: atendimento clínico em regime de atenção diária, evitando as internações,
  • 15. 15 coordenar e articular as ações de saúde mental e atenção ao uso de álcool e outras drogas no território 16. O conhecimento da população usuária de crack torna-se importante para conhecer o perfil e as características desse grupo, pois esse conhecimento ajuda na compreensão do problema em suas implicações individuais, coletivas, familiares e na busca de estratégias para oferta e modalidade de tratamento 17. A identificação do perfil dos usuários que estão inseridos na estratégia do CAPS acrescenta conhecimento sobre a atuação deste dispositivo no território e pode oferecer subsídios que direcionem as condutas clínicas, psicossociais e políticas públicas na atenção a esses usuários. Desta forma este artigo tem por objetivo traçar o perfil sócio-demográfico dos usuários de crack atendidos no CAPS-AD da cidade do Recife no período de julho de 2010 à junho de 2011.
  • 16. 16 METODOLOGIA Realizou-se um estudo descritivo e transversal do tipo documental com abordagem quantitativa dos prontuários dos usuários de crack e outras drogas. A pesquisa foi realizada nos CAPS AD dos Distritos Sanitários II (Estação Vicente Araújo) e III (Centro de Prevenção e Reabilitação de Alcoolismo-CPTRA) da cidade do Recife/PE. A população do estudo foi composta pela população usuária de crack, atendida nos CAPS ad acima referidos, com idade igual ou maior de 18 anos, de ambos os sexos, no período de 01/07/2010 e 31/06/2011, totalizando 219 (39,6%), entre os 553 usuários atendidos no período, usuários de álcool, crack e outras drogas nestas unidades. A coleta de dados foi orientada pelo livro de registro de cada unidade estudada e realizada por meio de ficha de cadastro (ANEXO I) desenvolvida pelo Programa de Educação pelo Trabalho em Saúde (PET) saúde mental 18 em conjunto com a FACEPE (UFPE) e grupo de pesquisa em atenção primária e saúde coletiva da UPE- através da pesquisa ampliada denominada “O cuidado na atenção básica com usuários de crack: um estudo da rede de saúde recife e garanhuns/pe” também aprovado pelo Comitê de ética da Universidade de Pernambuco sob CAE: 0642113.1.0000.5207 para coleta dos dados de cada prontuário pesquisado 19. Esta ficha de cadastro (ANEXO I) foi adaptada do documento usado pelo serviço para registro de atendimento inicial, que engloba características socioeconômicas (gênero, idade, raça, condição marital, grau de escolaridade, condição laboral, religião, habitação e coabitação) uso, frequência e tempo de uso da droga. A digitação e análise dos dados foi processada utilizando o programa estatístico Epi Info, versão 3.5.2 for Windows e as análises estatísticas realizadas pelo Stata SE/12.0 na busca de significância estatística (p<0.05), pelo teste chi-quadrado (χ2), entre as variáveis socio-demográficas e o uso de crack (frequências, tempo) Esta pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UPE sob CAAE - 0201.0.097.000-11. RESULTADOS De acordo com a Tabela 1. que dispõe sobre a distribuição dos usuários de crack segundo os aspectos demográficos e sociais atendidos nos CAPS AD dos Distritos II e III do Recife (2011), observou-se um total de 219 prontuários
  • 17. 17 de usuários de crack e outras drogas, maioria do gênero masculino (84,4%), idade de 25-34 (49,7%), solteiro (61,6%), ensino fundamental incompleto (46,1%), desempregado e/ou procurando emprego (47,9%), nenhuma religião (17,8%), morando em casa própria (44,7%) e coabitando com os familiares (76,2%). A variável raça/cor foi excluída por ter um número ignorado maior de 14%. Tabela 1. Distribuição dos usuários de crack segundo variáveis demográficas e sociais atendidos nos CAPS AD distritos sanitários II e III do Recife, no período 01/07/2010 e 31/06/2011. Variável N % Gênero Masculino Feminino Total 185 34 219 84,4 15,5 100 Faixa Etária 19-24 25-34 35-44 45-61 >60 Total 54 109 38 17 1 219 24,6 49,7 17,3 7,7 0,4 100 Condição marital Solteiro Vive maritalmente Viúvo Ignorado Total 135 61 1 22 219 61,6 27,8 0,4 10,0 100 Grau de escolaridade Não sabe ler Só sabe ler e/ou escrever Ensino fundamental completo Ensino fundamental incompleto Ensino médio 3 5 40 101 41 1,3 2,2 18,2 46,1 18,7
  • 18. 18 Ensino superior Ignorado Total 6 23 219 2,7 10,5 100 Condição Laboral Estudante Empregado formal Empregado informal Desempregado e/ou procurando emprego Aposentado Ignorado Outra Total 4 28 36 105 8 22 16 219 1,8 12,7 16,4 47,9 3,6 10,0 7,3% 100 Religião Nenhuma Católica Evangélica Espírita Matriz africana Ignorada Outra Total 39 38 34 6 1 6 95 219 17,8 17,3 15,5 2,7 0,4 2,7 43,3 100 Habitação Própria Alugada Invasão Cedida Ignorada Outra Total 98 32 5 13 19 52 219 44,7 14,6 2,2 5,9 8,6 23,7 100 Coabitação Com familiares Com amigos 167 4 76,2 1,8
  • 19. 19 Com ninguém Ignorado Outro Total 15 11 22 219 6,8 5,0 10,0 100 Segundo a Tabela 2. ao ser realizada a análise estatística relacionando os usuários de crack (219), com seus aspectos demográficos e sociais, ficou demonstrada que não houve significância estatística entre as variáveis gênero, raça/cor e condição marital (p-valor >0.05), porém, houve significância estatística entre o uso de crack com a idade (25 a 34 anos), escolaridade (ensino fundamental incompleto), condição laboral (desempregados), religião (não possuem), habitação (casa própria), coabitação (junto aos familiares) e frequência de uso diária (p-valor <0.05). A variável raça/cor foi excluída por ter um número ignorado maior de 14%.
  • 20. 20 Tabela 2. Resultado do teste do Qui-quadrado (X2) comparando as variáveis socioeconômicas com o uso de crack (frequência e tempo) em indivíduos atendidos nos CAPS –AD, dos distritos sanitários II e III- Recife, 2011. Variáveis (n=219) Uso de crack Frequência Tempo de Uso (em anos) Sim Diária Eventual Semanal Abstinênci a NI Até 10 >10 Ignorado Gênero Mas Fem 185(84,4%) 34(15,5%) 88(80,7%) 21(19,2%) 6(85,7%) 1(14,2%) 25(92,6%) 2(7,4%) 30(83,3%) 6(16,6%) 36(90%) 4(10,0%) 155 (85,1%) 27 (14,8%) 27 (81,8%) 6 (18,1%) 3 (75%) 1 (25%) P-valor= 0.238 P valor=0.479 P valor= 0.772 Idade 19-24 25-34 35-44 45-60 >60 54(24,6%) 109(49,7%) 38(17,3%) 17(7,7%) 1(0,4%) 34(31,1%) 49(44,9%) 17(15,6%) 8(7,3%) 1(0,9%) 1(14,2%) 2(28,5%) 2(28,5%) 2(28,5%) - 3(11,1%) 17(62,9%) 4(14,8%) 3(11,1%) - 7(19,4%) 19(52,7%) 9(25%) 1(2,7%) - 9(22,5%) 22(55%) 6(15%) 3(7,5%) - 46 (25,2%) 91 (50%) 30 (16.4%) 14 (7,6%) 1 (0.5%) 4 (12.1%) 18 (54.5%) 8 (24.2%) 3 (9.0%) 0 (0%) 3 (75%) 1 (25%) 0 (0%) 0 (0%) 0 (0%) P-valor <0.050 P valor=0.476 P valor= 0.323 Condição
  • 21. 21 Marital Solteiro Vive maritalmente Ignora 135(61,6%) 61(27,8%) 22(10%) 68(62,3%) 31(28,4%) 10(9,1%) 6(85,7%) 1(14,2%) 4(14,8%) 12(44,4%) 11(40,7%) 4(14,8%) 24(66,6%) 11(30,5%) 1(2,7%) 27(62,5%) 7(17,5%) 7(17,5%) 115(63,1%) 49(26,9%) 17(9,3%) 17(51,5%) 12(36,3%) 4(12,1%) 3(75%) - 1(25%) P- valor=0.071 P valor=0.200 P valor= 0.665 Escolaridade Não sabe ler Só sabe ler e/ou escrever Ensino fundamental completo Ensino fundamental incompleto Ensino médio Ensino superior Ignorado 3(1,3%) 5(2,2) 40(18,2%) 101(46,1%) 41(18,7%) 6(2,7%) 23(10,5%) 1(0,9%) 3(2,7%) 19(17,4%) 59(54,1%) 17(15,6%) 3(7,7%) 7(6,4%) - - - 4(57,1%) 1(14,2%) - 2(28,5%) 1(3,7%) 1(3,7%) 6(22,2%) 8(29,6%) 8(29,6%) 1(3,7%) 2(7,4%) - 1(2,8%) 8(22,2%) 14(38,8%) 10(27,7%) 1(2,7%) 2(5,5%) 1(2,5%) - 7(17,5%) 16(40%) 5(12,5%) 1(2,5%) 10(25%) 2(1,1%) 5(2,7%) 33(18,1%) 84(46,1%) 37(20,3%) 5(2,7%) 16(8,7%) 1(3,3%) - 8(24,2%) 14(44,4%) 4(12,1%) 1(3,0%) 5(15,1%) - - - 3(75,0%) - - 1(25,0%) P-valor P valor=0.277 P valor=0.793
  • 22. 22 <0.050 Condição Laboral Estudante Empregado formal Empregado informal Desempregad o e/ou procurando emprego Aposentado Ignorado Outra 4(1,8%) 28(12,7%) 36(16,4%) 105(47,9%) 8(3,6%) 22(10%) 16(7,3%) - 11(10%) 15(13,7%) 53(48,3%) 5(4,5%) 7(6,4%) 18(16,5%) - - 2(28,5%) 3(42,8%) 1(14,2%) 1(14,2%) - 1(3,7%) 6(22,2%) 7(25,9%) 10(37%) - 2(7,4%) 1(3,7%) 2(5,5%) 5(13,8%) 4(11,1%) 22(61,1%) - 2(5,5%) 1(2,7%) 1(2,5%) 6(15%) 8(20%) 17(42,7%) 2(5%) 4(10%) 2(5%) 4(2,2%) 23(12,6%) 30(16,4%) 87(47,8%) 8(4,4%) 12(6,5%) 18(9,8%) - 5(15,1%) 5(15,1%) 17(51,5%) - 2(6,0%) 4(12,1%) - 1(25,0%) 1(25,0%) 1(25,0%) - 1(25,0%) - P-valor <0.050 P valor=0.181 P valor=0.903 Religião Nenhuma Católica Evangélica 39(17,8%) 38(17,3%) 34(15,5%) 20(18,3%) 15(13,7%) 24(22%) 1(14,2%) 2(28,5%) 1(14,2%) 4(14,8%) 5(18,5%) 3(11,1%) 7(19,4%) 10(27,7%) 3(8,3%) 7(17,5%) 6(15%) 3(7,5%) 33(18,1%) 32(17,5%) 28(15,3%) 6(18,1%) 5(17,5%) 6(18,1%) - 1(25,0%) -
  • 23. 23 Espírita Matriz africana Ignorada Outra 6(2,7%) 1(0,4%) 6(2,7%) 95(43,3%) 4(3,6%) - 2(1,8%) 44(40,3%) - - 3(42,8%) - 1(3,7%) - 12(44,4%) 2(7,4%) 1(2,7%) - 14(38,8%) 1(2,7%) - 1(2,5%) 22(55%) 1(2,5%) 5(2,7%) 1(0,5%) 78(42,8%) 5(2,75%) 1(3,0%) - 14(42,4%) 1(3,03%) - - 3(75,0%) - P-valor <0.050 P valor=0.658 P valor=0.995 Habitação Própria Alugada Invasão Cedida Ignorada Outra 98(44,7%) 32(14,6%) 5(2,2%) 13(5,9%) 52(23,7%) 19(8,6%) 49(44,9%) 16(14,6%) 4(3,6%) 8(7,3%) 19(17,4%) 13(11,9%) 2(28,5%) - - 2(28,5%) 3(42,8%) - 15(55,5%) 3(11,1%) 1(3,7%) - 7(25,9%) 1(3,7%) 15(41,6%) 9(25%) - 3(8,3%) 6(16,6%) 3(8,3%) 17(42,5%) 4(10%) - - 17(42,5%) 2(5%) 88(48,3%) 28(15,3%) 3(1,6%) 12(6,5%) 40(21,98%) 11(6,0%) 11(33,3%) 3(9,0%) 2(6,0%) 1(3,0%) 9(27,2%) 7(21,2%) - 1(25,0%) - - 2(50,0%) 1(25,0%) P-valor <0.050 P-valor <0.050 P valor=0.058 Coabitação Com familiares Com amigos Com ninguém 167(76,2%) 4(1,8%) 15(6,8%) 22(10%) 82(75,2%) 1(0,9%) 4(3,6%) 12(11%) 4(57,1%) - 3(42,8%) - 24(88,8%) - - 3(11,1%) 30(83,3%) 1(2,7%) 4(11,1%) 1(2,7%) 27(67,5%) 2(5%) 4(10%) 6(15%) 140(76,9%) 4(2,2%) 13(7,1%) 18(9,9%) 23(69,7%) - 3(9,0%) 4(12,1%) 3(75,0%) - - -
  • 24. 24 Ignorado Outro 11(5%) 10(9,1%) - - - 1(2,5%) 7(3,8%) 3(9,0%) 1(25,0%) P-valor <0.050 P-valor <0.050 P valor=0.562
  • 25. 25 DISCUSSÃO Os usuários de crack atendidos nos serviços ambulatoriais da rede, principalmente CAPS, são do gênero masculino, solteiros, adulto jovens, baixa escolaridade (fundamental incompleto), desempregados, usam a droga a mais de um ano 4,13,14,15,16 corroborando com os dados encontrados nesse trabalho. Entretanto não houve significação estatística das variáveis gênero e condição marital, enquanto em outro estudo foi encontrado 15. Os resultados de uma pesquisa recente revelaram um tempo de uso de crack de até 8 anos, que está dentro do tempo estipulado para esse estudo que foi de 1 à 10 anos, porém não houve significância estatística com relação às variáveis sociais e demográficas, entretanto essa informação contrasta com o “tempo de vida” do usuário de crack que costuma ser divulgado na imprensa como de 3 anos 15. Foi encontrada significância estatística (p<0.05) entre o uso de crack (frequência diária) e a variável habitação (própria) e coabitação (com familiares). Esses dados corroboram com uma pesquisa recente, apesar do fato da população usuária de crack em situação de rua ser expressiva, especialmente nas capitais 15. O uso das drogas por essa população geralmente começa na adolescência, o que está associado ao abuso de álcool e outras drogas na idade adulta. O predomínio de uma população jovem produtiva, como foi demonstrado neste trabalho na (idades entre 25 e 34 anos) com significância estatística com o uso de crack com essa faixa etária, pode promover incapacidade física, social e mental, sugerindo a necessidade do redirecionamento das ações de saúde para prevenção e redução de danos 1. O baixo poder aquisitivo e a baixa escolaridade encontrada em alguns grupos de usuários de crack podem estar relacionados à associação entre uso de drogas e baixo desempenho escolar 7 (maioria desempregada e com ensino fundamental incompleto) e a significância estatística dessas duas variáveis com o fato de usar crack. quando eles se referem que a “epidemia
  • 26. 26 de crack” afetou a população em geral, porque de acordo com algumas pesquisas, a “epidemia” não atingiu jovens do ensino Médio e Fundamental, e portanto não afetou o desempenho escolar 14,22. No que diz respeito à condição marital, a maioria dos usuários dos usuários era solteira como se costuma observar em situações de afrouxamento de laços familiares. 21 A maioria dos usuários estava desemprega e/ou procurando emprego, porém estudos recentes revelam que essa população obtém dinheiro por meio de trabalhos esporádicos ou autônomos. 21 O fato dos usuários não terem religião (17,8%), apesar de esta porcentagem ter sido próxima das religiões católica e evangélica (17,3% e 15,5% respectivamente), houve significância estatística com o uso de crack. Estudos revelam que a religião exerce fator de proteção/promoção à saúde dos indivíduos, principalmente àqueles vulneráveis socialmente 13. O uso diário da droga representa o reflexo das condições socioculturais 23,25. Apesar dos indivíduos de melhor renda usarem crack de forma compulsiva, suas condições de classe ajudam a garantir maior discrição e abrandar os efeitos negativos da droga. Entretanto, em um estudo não foi encontrada nenhuma relação da intensidade e frequência do uso de crack e o nível econômico dos usuários 6. CONCLUSÃO Os resultados desse trabalho não diferem dos dados encontrados na literatura, refletindo uma população vulnerável e cujas características encontradas através das variáveis, oferecem subsídios para o desenvolvimento de políticas públicas direcionadas aos aspectos sociodemográficos encontrados, visto que estão intimamente relacionados com o perfil dos usuários atendidos na rede de apoio.
  • 27. 27 REFERÊNCIAS 1. Silva ALMA, Frazão IS, Bezerra SMMSl, Araújo EC. Adolescentes e Jovens usuários de crack: Revisão Integrativa da Literatura.[periódico na internet]. R. pesq.: findam. online 2012 [acesso em 2012 ago 12) 4(4): 2874- 80. Disponível em: http://www.seer.unirio.br/index.php/cuidadofundamental/article/view/1753/pdf _628 2. BRASIL. Prevenção ao uso indevido de drogas : Capacitação para Conselheiros e Lideranças Comunitárias. 4. ed. Brasília: Ministério da Justiça. Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas – SENAD, 2011 3. Castro BLG, Feitosa LGGC, Noronha CKC, Carvalho PMAA, Castro ILPGM. Levantamento sociodemográfico do uso/abuso do crack e adictos em tratamento. In: Anais do 15º Congresso Brasileiro dos Conselhos de Enfermagem – CBCENF, 2012; Fortaleza. v. 15º, 2012. 4. Duailibi LB, Ribeiro M, Laranjeira R. Cad. Profile of cocaine and crack users in Brazil. [periódico na internet] Revista de Saúde Pública. 2008 [acesso em 2012] 24(4): S545-S557. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/csp/v24s4/07.pdf. 5 5. Kessler F, Pechansky F. Uma visão psiquiátrica sobre o fenômeno do crack na atualidade. Ver Psiquiatr RS [periódico na internet]. 2008 [acesso em 2012 nov 8];30(2). Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rprs/v30n2/v30n2a03.pdf 6. Horta RL, Horta BL, Rosset AP, Horta CL. Perfil dos usuários de crack que buscam atendimento em Centros de Atenção Psicosocial. [periódico na internet]. Cad. Saúde Pública. [acesso em 2013 ago 12]. 2011 nov [acesso em 2012 nov 8]; 27(11):2263-2270. Disponível em: http://www.scielosp.org/pdf/csp/v27n11/19.pdf
  • 28. 28 7. Freire SD, Santos PL, Bortolini M, João Moraes FD, Oliveira MS. Intensidade de uso de crack de acordo com a classe econômica de usuários internados na cidade de Porto Alegre/Brasil. [periódico na internet]. J. bras. psiquiatr. [acesso em 2013 ago 12];2012 61(4). Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0047- 20852012000400005 8. Santos CC. O avanço do crack na sociedade brasileira e seus males na saúde pública - uma revisão teórica. [monografia] [internet]. João Pessoa: Faculdade de Ciências Sociais Aplicadas; 2011. Disponível em: http://monografias.brasilescola.com/saude/o-avanco-crack-sociedade- brasileira-seus-males-saude-publica.htm 9. Júnior AB. Dependência do crack: repercussões para o usuário e sua família. [trabalho de conclusão] [internet]. Porto Alegre: UFGRS; 2010. Disponível em: http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/24707/000748967.pdf?...1 10. Chaves TV, Sanchez ZM, Ribeiro LA, Nappo SA. Fissura por crack: comportamentos e estratégias de controle de usuários e ex-usuários. Rev Saúde Pública [periódico de internet] 2011 [acesso em 2013 ago 2013]; 45(6):1168-75. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rsp/v45n6/2774.pdf 11. Silva CR, Kolling NM, Carvalho JCN, Cunha SM, Kristensen CH. Comorbidade psiquiátrica em dependentes de cocaína/crack e alcoolistas: um estudo exploratório. Aletheia [periódico de internet] 2009 dez [acesso em 2013 abr 23]; 30. Disponível em : http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413- 03942009000200009 12. Kessler FHP, Terra MB, Faller S, Stolf AR, Peuker AC, Benzano D. Brazilian ASI Group, Pechansky F. Crack users show high rates of antisocial personality disorder, engagement in illegal activities and other psychosocial problems. Am J Addict. 2012 Jul-Aug;21(4):370-80. doi: 10.1111/j.1521- 0391.2012.00245.x. Epub 2012 May 16.
  • 29. 29 13. Raupp L, Adorno RCF. Uso de crack na cidade de São Paulo / Brasil. Toxicodependências [periódico de internet] 2010 [acesso em 2013 ago 20];16(2). Disponível em: http://www.scielo.oces.mctes.pt/scielo.php?pid=S0874- 48902010000200004&script=sci_arttext 14. Nappo SA, Sanchez ZM, Ribeiro LA. Há uma epidemia de crack entre estudantes no Brasil? Comentários sobre aspectos da mídia e da saúde pública. Cad. Saúde Pública. [periódico de internet] 2012 sep. [acesso em 2013 jun 23];28(9). Disponível em: http://www.scielosp.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102- 311X2012000900004 15. BRASIL. Abordagens Terapêuticas a Usuários de Cocaína/Crack no Sistema Único de Saúde. Ministério da Saúde, Área Técnica de Saúde Mental, Álcool e outras Drogas. Brasília-DF, 2010. Disponível em: http://portal.saude.gov.r/portal/arquivos/pdf/abordagemsus.pdf. Acesso em: 21/02/2013 16. Andrade TM. Reflexões sobre políticas de drogas no Brasil. Ciênc. saúde coletiva. [periódico de internet] 2011 Dec [acesso em 2013 ago 20];16(12). Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413- 81232011001300015. 17. Garcia EL, Zacharias DG, Winter GF, Sontag J. (Re)conhecendo o perfil do usuário de crack de santa cruz do sul. Babarói, Santa Cruz do Sul. [periódico de internet] 2012 jan/jun[acesso em 2013 abr 13];36(ed. esp):83- 95. Disponível em: https://online.unisc.br/seer/index.php/barbaroi/article/view/2922/2106 18. Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde Pet/Saúde/Saúde Mental. Projeto de Pesquisa: A Situação do Transtorno Mental, do Crack e Outras Drogas no Território: Mapeando os Usuários e Integrando as ações de Atenção a Saúde na área de abrangência das Unidades de Saúde da Família do Recife-PE. Universidade de Pernambuco, Recife, 2011.
  • 30. 30 19. Grupo De Pesquisa Em Atenção Primária E Saúde Coletiva. Projeto De Pesquisa: O Cuidado Na Atenção Básica Com Usuários De Crack: Um Estudo Da Rede De Saúde De Recife E Garanhuns/Pe. Universidade de Pernambuco, Recife, 2011. 20. Brum LFS, Souza ZG. Caracterização do perfil de usuários de crack cadastrados no CAPS-AD do município de Canoas - RS. In: XVIII Salão de Iniciação Científica e Inovação Tecnológica, 2012; Canoas. Disponível em: http://www.conferencias.ulbra.br/index.php/sic/xviii/paper/view/223/0 21. BRASIL. Perfil dos usuários de crack e/ou similares no Brasil. Fundação Oswaldo Cruz – FIOCRUZ, Ministério da Saúde, 2013. 22. Scheffer M; Pasa GG, Almeida RMM. Dependência de Álcool, Cocaína e Crack e Transtornos Psiquiátricos. Psicologia: Teoria e Pesquisa. [periódico na internet] Jul-Set 2010 [acesso 2013 ago 20]; 26 (3). Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/ptp/v26n3/a16v26n3.pdf 23. Teixeira TM. Comorbidade Psiquiátrica: Uso de Substâncias Psicoativas na Ocorrência da Esquizofrenia. Universidade Paulista – UNIP, São Paulo, 2013. 24. Backes DS, Backes MS, Medeiros HMF, SiqueiraI DF, Pereira SB; Dalcin CB, Rupolo I. Oficinas de espiritualidade: alternativa de cuidado para o tratamento integral de dependentes químicos. Rev. esc. enferm. USP. [periódico de internet] 2012 Oct [acesso em 2013 ago 20];46(5). Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0080- 62342012000500030 25. Seleghim MR, Marangoni SR; Marcon SS, Oliveira MLF. Vínculo familiar de usuarios de crack atendidos en una unidad de emergencia psiquiátrica. Rev Lat Am Enfermagem. [periódico de internet] 2011 Sept.-Oct [acesso em 2013 ago 20]; 19(5): 1163-1170. Disponível em: http://pesquisa.bvsalud.org/regional/resource/pt/lil-602823
  • 31. 31 Artigo 2 O uso de crack e a presença de transtornos mentais em usuários atendidos nos Centros de Atenção Psicossocial- Álcool e Drogas da cidade do Recife. Elinando Silvestre da Silva FilhoI; Danielle Maria da Silva OliveiraII; Bernadete de Cerqueira AntunesIII; Charmênia Maria Braga CartaxoIV; IUniversidade de Pernambuco, Residência Multiprofissional Integrada em Saúde da Família, Recife, Brasil* IIHospital Oswaldo Cruz, Recife, Brasil IIIUniversidade de Pernambuco, Faculdade de Ciências Médicas, Programa de Educação Tutorial, Recife, Brasil IVUniversidade de Pernambuco, Instituto de Ciências Biológicas, Recife, Brasil * Elinando Silvestre da Silva Filho Telefone: 81 33610744. Email: elinandofilho@hotmail.com Endereço: Av. Ayrton Senna da Silva, 274. Edf. Joaquim Cardozo. Apt. 501, Piedade, Jaboatão dos Guararapes-PE. CEP: 54400-020
  • 32. 32 RESUMO OBJETIVOS: Quantificar a frequência e o tempo de uso de crack à partir de dados de prontuários de usuários atendidos em centros de atenção psicossocial da cidade do Recife/PE e estabelecer a influência e relações de significância estatística dessas variáveis no desenvolvimento e no tipo de transtornos mentais encontrados. METODOLOGIA: Trata-se de um estudo descritivo e transversal do tipo documental com abordagem quantitativa baseada em uma pesquisa realizada pela UPE no período de 31/06/2010 à 10/07/2011. RESULTADOS: Dentre os usuários de crack, a maioria exibia uma frequência de uso diária (49,7%) por um período de 1 a10 anos (83,1%), 90% apresentava transtorno mental do tipo relacionado ao uso de droga (TRUD) (72,2%). Só houve significância estatística entre o TRUD com a frequência de uso diária. CONCLUSÃO: Apesar da semelhança dos resultados com os dados da literatura, é necessário um estudo qualitativo para entender melhor a influência entre a frequência e tempo de uso de crack e a saúde mental dos usuários. Dessa forma, para evitar intervenções generalistas e/ou compulsórias, torna-se fundamental o conhecimento prévio do contexto social dos usuários para que assim sejam fornecidas subsídios para o desenvolvimento de ações mais efetivas de cuidado voltadas a esses indivíduos. Palavras-chaves Transtorno metal. Crack. CAPS AD. Estudos transversais.
  • 33. 33 ABSTRACT OBJECTIVES: To quantify the frequency and duration of use of crack from medical records of patients seen in psychosocial care centers in Recife / PE and establish the influence and relationships of statistical significance from these variables in the development and type of mental disorders found. METHODS: This was a descriptive and cross-sectional quantitative approach to documentary based on a survey conducted by the UPE from 31/06/2010 to 10/07/2011. RESULTS: Among crack users, most exhibited a frequency of daily use (49.7%) for a period of 1 to10 years (83.1%), 90% had mental disorder related to drug use (MDRDU) (72.2%). Only statistical significance between (MDRDU) with the frequency of daily use. CONCLUSION: Despite the similarity of the results with the literature data, a qualitative study is needed to better understand the influence between the time and frequency of crack use and mental health of users. Thus, interventions to prevent generalist and / or compulsory, it is essential prior knowledge of the social context of the users so that subsidies are provided for the development of more effective actions focused on care of these individuals. Key words Disorder metal. Crack. CAPS AD. cross-sectional studies
  • 34. 34 INTRODUÇÃO No início da década de 1970 no Peru, era prática comum entre os usuários de drogas, o processamento químico das folhas de coca (Erythroxylon coca) produzindo um pó cinza-branco ou marrom que era chamado de pasta de coca ou pasta base. Em 1972, traficantes do estado da Califórnia, Estados Unidos da América (EUA) visitando este país, observaram viciados fumando pasta de cocaína com maconha ou tabaco. Ao voltarem para os EUA, desenvolveram o “Método bicarbonato”, uma forma barata e de fácil produção de cocaína fumada à partir da cocaína em pó e não pasta base 1. Na início da década de 1980, sócioetonógrafos americanos descreveram na literatura científica uma nova e potente forma de uso de cocaína – a inalação do vapor expelido da queima de pedras, manufaturadas a partir do “cozimento” da pasta básica combinada com bicarbonato de sódio. Quando queimada em um cachimbo de vidro ou outro recipiente, produzia um ruído típico de estalo, tendo sido, por isso, chamada de “crack” 2 . Constituía um negócio bastante rentável e por ser usada por via inalatória e não injetável, era considerada “segura” por diminuir os riscos de transmissão de doenças vinculadas pelo sangue, notadamente HIV e Hepatite C 3. As características do consumo de crack no Brasil apresentaram semelhanças às ocorridas nos EUA, porém com um atraso de 10 anos. O consumo de crack no Brasil, circunscrito no início a São Paulo, iniciou-se por volta da década de 1990. Nesta cidade, os traficantes trouxeram essa nova forma de uso da cocaína (crack), ou seja, de início o crack era ofertado a usuários de drogas como única alternativa 4. A cocaína é uma droga viciante que produz numerosos sintomas psiquiátricos, síndromes e desordens. Os sintomas incluem agitação, paranoia, alucinação, delírio, violência e tentativas de suicídio e homicídio.
  • 35. 35 Estes sintomas podem ser primários ao efeito da droga ou secundários pela exacerbação de doenças psiquiátricas 5. A maioria dos dependentes de drogas ilícitas apresentam sintomas psicóticos no contexto de uso, ou quando retiram a droga. O risco de sintomas psicóticos aumenta em indivíduos que abusam de drogas ou que tiveram uso leve, moderado ou intenso de cocaína, comparados com indivíduos que não foram diagnosticados 6. A depressão é relacionada como uma desordem de significância clínica entre usuários de crack. A frequência do uso de cocaína e a necessidade de tratamento está relacionada com uma alta pontuação no Beck Depression Inventory (BDI), um instrumento utilizado para avaliar a depressão 7. Transtornos relacionados ao uso de substâncias são prevalentes em setores de emergência 8. No Brasil, estudos sobre comorbidades psiquiátricas em dependentes de álcool, cocaína/crack e do uso concomitante dessas drogas são escassos. Ao iniciar o tratamento dessa população pode haver dificuldade na diferenciação entre transtornos previamente existentes e transtornos secundários à dependência química devido aos sintomas depressivos, ansiosos e manias prevalentes no período de abstinência da droga 9. Uma vez que o crack vem sendo considerado um problema de saúde pública e que há transtornos mentais associados esse estudo teve por objetivos Verificar a associação do uso do crack, com os transtornos mentais de usuários atendidos nos Centros de Atenção Psicossociais (CAPS) Álcool e Drogas (AD) no DS II e III no período de julho de 2010 à junho de 2011.
  • 36. 36 METODOLOGIA Realizou-se um estudo descritivo e transversal do tipo documental com abordagem quantitativa dos prontuários dos usuários de crack e outras drogas. A pesquisa foi realizada nos CAPS AD dos Distritos Sanitários II (Estação Vicente Araújo) e III (Centro de Prevenção e Reabilitação de Alcoolismo-CPTRA) da cidade do Recife/PE. A população do estudo foi composta pela população usuária de crack, atendida nos CAPS ad acima referidos, com idade igual ou maior de 18 anos, de ambos os sexos, no período de 01/07/2010 e 31/06/2011, totalizando 219 (39,6%), entre os 553 usuários atendidos no período, usuários de álcool, crack e outras drogas nestas unidades. A coleta de dados foi orientada pelo livro de registro de cada unidade estudada e realizada por meio de ficha de cadastro (ANEXO I) desenvolvida pelo Programa de Educação pelo Trabalho em Saúde (PET) saúde mental 10 em conjunto com a FACEPE (UFPE) e grupo de pesquisa em atenção primária e saúde coletiva da UPE- através da pesquisa ampliada denominada “O cuidado na atenção básica com usuários de crack: um estudo da rede de saúde recife e garanhuns/pe” também aprovado pelo Comitê de ética da Universidade de Pernambuco sob CAE: 0642113.1.0000.5207 para coleta dos dados de cada prontuário pesquisado 11. Esta ficha de cadastro (ANEXO I) foi adaptada do documento usado pelo serviço para registro de atendimento inicial, que engloba características socioeconômicas (gênero, idade, raça, condição marital, grau de escolaridade, condição laboral, religião, habitação e coabitação) uso, frequência e tempo de uso da droga além de variáveis de transtorno mental, que foram organizadas segundo a presença ou não de transtorno e associação com outros transtornos, onde foi adotada a seguinte legenda para posterior análise em tabelas pelo teste Qui-quadrado (X2): 1. ST = Sem Transtorno (quando nenhum transtorno do item 28 do ANEXO I foi marcado); 2. TRUD = Transtorno relacionado ao uso de drogas (item 28.1 do ANEXO I); 3. TRUD + Assoc = item 28.1 associado com um ou mais transtornos (itens 28.2, 28.3, 28.4. 28.5 ou 28.6 do ANEXO I); 4. Outros = Item 28.8 do ANEXO I (ex. déficit mental).
  • 37. 37 A digitação e análise dos dados foi processada utilizando o programa estatístico Epi Info, versão 3.5.2 for Windows e as análises estatísticas realizadas pelo Stata SE/12.0 na busca de significância estatística (p<0.05), pelo teste chi-quadrado (χ2), entre as variáveis de transtorno mental e o uso de crack (frequências, tempo) Esta pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UPE sob CAAE - 0201.0.097.000-11. RESULTADOS Caracterização da amostra De um total de 219 prontuários de usuários de crack e outras drogas, maioria do gênero masculino (84,4%), idade de 25-34 (49,7%), solteiro (61,6%), ensino fundamental incompleto (46,1%), desempregado e/ou procurando emprego (47,9%), nenhuma religião (17,8%), morando em casa própria (44,7%) e coabitando com os familiares (76,2%). A variável raça/cor foi excluída por ter um número ignorado maior de 14% Dos prontuários analisados foram encontrados 39,6% de indivíduos que usavam crack , em que a maioria exibia uma frequência de uso diária (49,7%) por um período de 1 a10 anos (83,1%) (Tabela 1). Tabela 1. Frequência e Tempo de uso de crack dos usuários atendidos nos CAPS –AD, dos distritos sanitários II e III- Recife, 2011 Variável (n) % Frequência de uso de Crack Uso diário Uso semanal Uso eventual Abstinência Ignorado Total 109 27 7 36 40 219 49,7 12,3 3,2 16,4 18,2 100
  • 38. 38 Tempo de uso Crack (anos) Até 10 anos >10 anos Ignorado Total 182 33 4 219 83,1 15,0 1,8 100 Com relação a saúde mental (Tabela 2) da amostra analisada, a maioria apresentava transtorno mental (90,5%) sendo maior parte relacionado ao uso de droga (72,2%). Tabela 2. Presença e Tipo de transtorno mental dos usuários de crack atendidos nos CAPS –AD, dos distritos sanitários II e III- Recife, 2011 Variável (n) % Presença de transtorno mental Sim Não Total Tipo de Transtorno Mental Sem transtorno Transtorno relacionado ao uso de droga Transtorno relacionado ao uso de droga + Outros transtornos não relacionados ao uso de droga Total 197 22 219 22 158 17 22 219 90,0 10,0 100 10,0 72,2 7,8 10,0 100 No que diz respeito à saúde mental, só houve significância estatística em relação ao transtorno relacionado ao uso de drogas (TRUD) os quais faziam uso de crack sob frequência diária (Tabela 3).
  • 39. 39 Tabela 3. Resultado do teste do Qui-quadrado (X2) comparando as variáveis de Transtorno Mental com o uso de crack (frequência e tempo) em indivíduos atendidos nos CAPS –AD, dos distritos sanitários II e III- Recife, 2011. Variáveis Uso de crack Frequência Tempo de Uso (em anos) Sim Não Diária Eventual Semanal Abstinênci a NI Até 10 >10 Ignorado Presença de Transtorno Sim Não 197(89,9%) 22(10%) 98(89,9%) 11(10%) 7(100%) - 22(81,4%) 5(18,5%) 34(94,4%) 2(5,5%) 36(90%) 4(10%) 164(90,1%) 18(9,8%) 30(90,9%) 3(9%) 3(75%) 1(25%) P valor=0.291 P valor=0.444 P valor=0.598 Associação com outros transtornos* ST TRUD TRUD +Assoc Outros 22(10%) 158(72,1%) 17(7,7%) 22(10%) 11(10%) 72(66%) 10(9,1%) 16(14,6%) - 3(42,8%) 2(28,5%) 2(28,5%) 5(18,5%) 18(66,6%) - 4(14,8%) 2(5,5%) 31(86,1%) 3(8,3%) - 4(10%) 34(85%) 2(5%) - 18(9,8%) 134(73,6%) 16(8,7%) 14(7,6%) 3(9%) 20(60,6%) 2(6%) 8(24,2%) 1(25%) 3(75%) - -
  • 40. 40 P-valor <0.050 P-valor <0.050 P valor=0,116
  • 41. 41 DISCUSSÃO A maioria dos usuários de crack usavam crack sob frequência diária o que corrobora com dois estudos 12,13, entretanto quanto ao uso de crack pelos jovens em situação de rua, uma pesquisa observou que os usuários utilizavam o crack de forma compulsiva, o chamado binge, quando a droga é consumida por várias horas ou dias, sem interrupção, porém seguido de dias de abstinência, até meses. Assim sendo, o uso é diário apenas quando ocorre o binge 13,14. Dentre esses usuários, muitos adotam um uso mais racional e controlado, como por exemplo, associado à maconha (o chamado “mesclado”), e nem sempre se tornam adictos e vitimados pelos efeitos negativos e devastadores da droga, dependendo do contexto social ao qual o usuário está associado 13. O tempo de uso do crack pelos usuários ficou de 1 a 10 anos, o que equivale ao tempo em que esta droga foi implantada no estado 15. O transtorno mental foi encontrado na maior parte dos usuários de crack, entretanto não houve significância estatística (p<0.05) entre a presença de transtorno mental comparado ao uso de crack, frequência e tempo. Há uma correlação da dependência da cocaína (crack) ao longo do tempo com o transtorno de personalidade antissocial e déficit de atenção/hiperatividade 16, já outro estudo revelou maiores transtornos com os usuários de crack do que com a cocaína em pó, apesar de esse fato estar relacionado mais a intensidade de uso do que com a droga utilizada em si 17. No que diz respeito aos tipos de transtornos associados, houve significância estatística (p<0.05) entre o Transtorno relacionado ao uso de drogas (TRUD) comparado ao uso de crack e a frequência, porém não houve significância do TRUD comparado ao tempo de uso. No que diz respeito ao TRUD comparado com o uso do crack, há uma associação com sintomas psicóticos transitórios que diminuem de acordo com a redução da dose da droga 18. O delírio de formigamento, isto é, quando o
  • 42. 42 usuário sente que está infestado por insetos, também é comum em usuários de cocaína, entretanto o sintoma tende a parar com a retirada da droga 19. Dificuldades de regulação emocional parecem ter influência no desenvolvimento do transtorno de stress pós-traumático em dependentes de crack 20. A disfunção pré-frontal do cérebro em indivíduos dependentes de crack e cocaína estão relacionadas à disfunção social e dificuldades de tomar decisões 21. A maioria dos indivíduos afetados pela ansiedade não tem muito sucesso nas intervenções devido as incapacidades que esse transtorno causa na vida do usuário de crack. A ansiedade e precipita ataques de pânico, fobias, compulsões e obcessões. As comorbidades tendem a ocorrer em indivíduos com uso compulsivo de cocaína e com história de familiares com doenças psiquiátricas 22. O uso compulsivo de crack (binge) quando comparado com usuários não compulsivos, revela valores maiores de depressão e ansiedade 23. No entanto, outro estudo revelou que tanto o uso diário e não diário de crack, assim como o uso de cocaína em pó, aumentou as chances de sintomas depressivos 24. Em intoxicações agudas devido uso intenso de crack, são frequentes complicações psiquiátricas como pânico, depressão e psicose, geralmente desaparecendo após algumas horas 25. O abuso de cocaína (crack) está associado a déficits neuropsicológicos significativos, semelhantes aos que ocorrem em transtornos cognitivos, possivelmente relacionados a problemas em regiões cerebrais pré-frontais e temporais 20, enquanto a influência do tempo de consumo da droga interfere no grau de comprometimento do fluxo cerebral dos pacientes usuários de cocaína/crack 21. Estudos revelam que é provável a existência de um ou mais transtornos mentais em usuários de álcool e crack, sendo depressão e ansiedade os mais prevalentes. Nesse sentido, identificar a existência desses transtornos contribui significativamente para o bom prognóstico do tratamento 21.
  • 43. 43 A prática de estratégias para o alívio da fissura e táticas farmacológicas e comportamentais tem sido usada por usuários e ex-usuários para evitar recaída, como: comer, ter relação sexual, jogar futebol, trabalhar, evitar o contexto social de uso de crack além do uso drogas que causam sonolência 22 . CONCLUSÃO O uso compulsivo geralmente provoca transtornos mentais que podem ser decorrentes do uso agudo e também da fase de abstinência ou uso crônico, onde o usuário pode apresentar sequelas neurológicas. Assim, sabendo que o uso diário está relacionado ao binge (uso compulsivo), é necessário saber se o usuário está sob os efeitos agudos da droga ou em abstinência durante a avaliação no serviço de saúde (CAPS ad), pois o dependente de crack pode apresentar sintomas diferentes dependendo da intensidade ou período que usou a droga (recente ou não). Os efeitos emocionais e cognitivos do uso das drogas podem estar associados a outros transtornos psiquiátricos sendo necessário um estudo das comorbidades associadas a essa população. A avaliação clínica também se torna importante, pois muitos usuários ficam vulneráveis a doenças transmissíveis como tuberculose, AIDS, ou apresentam distúrbios metabólicos que prejudicam o tratamento. Além disso, o conhecimento prévio do contexto psicossocial do usuário, que evidencia uma melhor compreensão do cotidiano dessa população específica (como por exemplo, as estratégias de uso para evitar os efeitos negativos da droga, como uso associado ao álcool ou maconha), pode ajudar no desenvolvimento de atividades de promoção/prevenção de saúde mais racionais, evitando assim ações generalizantes, emergenciais e compulsórias. REFERÊNCIAS 1. Cooper EF. The Emergency of Crack Cocaine Abuse. Nova Science Pub Inc. 2002. [acesso em 9 fev 2013]. Disponível em: books.google.com.br/books?isbn=159033512013.
  • 44. 44 2. Kessler F, Pechansky F. Uma visão psiquiátrica sobre o fenômeno do crack na atualidade. Ver Psiquiatr RS [periódico na internet]. 2008 [acesso em 2012 nov 8];30(2). Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rprs/v30n2/v30n2a03.pdf 3. Dunlap E, Johnson BD. The Setting for the Crack Era: Macro Forces, Micro Consequences (1960-1992). J Psychoactive Drugs. [periódico de internet] 1992 Oct-Dec [acesso em 2013 ago 20];24(4):307-21. Disponível em in: Pubmed PMID 1491281 4. Nappo S A, Sanchez ZVDM, Oliveira LG, Santos VER, Coradete JRJ, Pacca JCB et al. Comportamento de Risco de Mulheres. Usuárias de Crack em relação às DST/AIDS. UNIFESP. [periódico da internet] 2004 [acesso em Nov 2012]; 125p. Disponível em: http://www.obid.senad.gov.br/portais/OBID/biblioteca/documentos/Publicacoes/ 327986.pdf. 5. Morton WA. Cocaine and Psychiatric Symptoms. Prim Care Companion J Clin Psychiatry. [periódico de internet] 1999 August [acesso em Nov 2013; 1(4): 109–113. Disponível em in: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC181074/ 6. Smith MJ, Thirthalli J, Abdallah AB, Murray RM, Cottler LB. Prevalence of psychotic symptoms in substance users: a comparison across substances. . Compr Psychiatry; 50(3): 245-50, 2009 May-Jun. 7. Falck RS; Wang J; Carlson RG; Eddy M; Siegal HA. The prevalence and correlates of depressive symptomatology among a community sample of crack- cocaine smokers. J Psychoactive Drugs. [periódico de internet] 2002 Jul-Sep [acesso em 10 Nov 2013]; 34(3): 281-8. Disponível em: http://pesquisa.bvsalud.org/portal/resource/pt/mdl-12422938 8. Amaral RA, Malbergier A, Andrade AG. Manejo do paciente com transtornos relacionados ao uso de substância psicoativa na emergência psiquiátrica. Revista Brasileira de Psiquiatria [periódico de internet] 2010 out [acesso em Nov 2013]; 32 Supl II. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rbp/v32s2/v32s2a07.pdf
  • 45. 45 9. Scheffer M; Pasa GG, Almeida RMM. Dependência de Álcool, Cocaína e Crack e Transtornos Psiquiátricos. Psicologia: Teoria e Pesquisa. [periódico na internet] Jul-Set 2010 [acesso 2013 ago 20]; 26 (3). Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/ptp/v26n3/a16v26n3.pdf 10. Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde Pet/Saúde/Saúde Mental. Projeto de Pesquisa: A Situação do Transtorno Mental, do Crack e Outras Drogas no Território: Mapeando os Usuários e Integrando as ações de Atenção a Saúde na área de abrangência das Unidades de Saúde da Família do Recife-PE. Universidade de Pernambuco, Recife, 2011. 11. Grupo De Pesquisa Em Atenção Primária E Saúde Coletiva. Projeto De Pesquisa: O Cuidado Na Atenção Básica Com Usuários De Crack: Um Estudo Da Rede De Saúde De Recife E Garanhuns/Pe. Universidade de Pernambuco, Recife, 2011 12. Raupp L, Adorno RCF. Uso de crack na cidade de São Paulo / Brasil. Toxicodependências [periódico de internet] 2010 [acesso em 2013 ago 20];16(2). Disponível em: http://www.scielo.oces.mctes.pt/scielo.php?pid=S0874- 48902010000200004&script=sci_arttext 13. Brum LFS, Souza ZG. Caracterização do perfil de usuários de crack cadastrados no CAPS-AD do município de Canoas - RS. In: XVIII Salão de Iniciação Científica e Inovação Tecnológica, 2012; Canoas. Disponível em: http://www.conferencias.ulbra.br/index.php/sic/xviii/paper/view/223/0 14. BRASIL. Perfil dos usuários de crack e/ou similares no Brasil. Fundação Oswaldo Cruz – FIOCRUZ, Ministério da Saúde, 2013 15. Sarmento, Wagner. A década do crack. Jornal do Comércio [jornal online] 2013 out 26 [acesso em 2013 nov 10]. Disponível em: http://jconline.ne10.uol.com.br/canal/cidades/geral/noticia/2013/10/26/a- decada-do-crack-102883.php 16. Falck RS, Wang J, Carlson RG. Among long-term crack smokers, who avoids and who succumbs to cocaine addiction?. Drug Alcohol Depend.
  • 46. 46 [periódico na internet] 2008 Nov [acesso em 2013 ago 20]; 98(1-2): 24–29. Disponível em: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC2564618/ 17. Haasen C, Prinzleve M, Gossop M, Fischer G, Casas M, THE COCAINEEU-TEAM. Relationship between cocaine use and mental health problems in a sample of European cocaine powder or crack users. World Psychiatry. [periódico na internet] 2005 October [acesso em 2013 ago 20]; 4(3): 173–176. Disponível em: .http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC1414771/ 18. Vorspan F, Bloch V, Brousse G, Bellais L, Gascon J, Lépine JP. Prospective assessment of transient cocaine-induced psychotic symptoms in a clinical setting. Am J Addict. [periódico na internet] 2011 Nov-Dec [acesso em 2013 ago 20];20(6):535-7. Disponível em in: Pubmed PMID 21999499 19. CE Pilar. Delirio de formicación. A propósito de un caso / Formication delusion. A case report. Psiquiatr. biol. (Barc.); 17(4): 138-139, oct.-dic.2010. 20. McDermott MJ; Tull MT; Gratz KL; Daughters SB; Lejuez CW. The role of anxiety sensitivity and difficulties in emotion regulation in posttraumatic stress disorder among crack/cocaine dependent patients in residential substance abuse treatment. J Anxiety Disord [periódico na internet] 2009 Jun [acesso em 2013 nov 10];23(5): 591-9. Disponível em: http://pesquisa.bvsalud.org/portal/resource/pt/mdl-19233609 21. Cunha PJ; Bechara A; de Andrade AG; Nicastri S. . Decision-making deficits linked to real-life social dysfunction in crack cocaine-dependent individuals.Am J Addict. 2011 Jan-Feb; 20(1): 78-86. 22. Zubaran C. Foresti K. Thorell MR. Franceschini PR. Sintomas de ansiedade em usuários de crack e inalantes admitidos em uma unidade psiquiátrica na Região Sul do Brasil.Rev Assoc Med Bras. 2013; 59(4):360-7 23. Harzke AJ, Williams ML. Binge Use of Crack Cocaine and Sexual Risk Behaviors Among African-American, HIV-Positive Users. AIDS Behav. 2009 December; 13(6): 1106–1118.
  • 47. 47 24. Daniulaityte R; Falck R; Wang J; Carlson RG; Leukefeld CG; Booth BM. J Psychoactive Drugs. 2010 Dec;42(4):435-45. 25. Marques ACPR, Ribeiro M, Laranjeira RR, Andrada NC. Rev. Assoc. Med. Bras [periódico na internet] 2012 apr [acesso em 2013 ago 2013];58(2). Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0104- 42302012000200008&script=sci_arttext 26. Cunha PJ, NicastriI S, Gomes LP, Moino RM; Peluso MA. Alterações neuropsicológicas em dependentes de cocaína/crack internados: dados preliminares. Rev. Bras. Psiquiatr. [periódico na internet] 2004 Jun [acesso em 2013 ago 20]; 6(2). Disponível em:. http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516- 44462004000200007 27. Silveira DX, Fernandes M, Barbieri A, Labigalini E, Silveira ED. Fatores associados a perfusão cerebral anormal em dependentes de cocaína. Rev. Bras. Psiquiatr. 23(1) Mar. 2001 http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1516- 44462001000100004&script=sci_arttext 28. Guimarães CF, Santos DVV, Freitas RC, Araujo RB. Perfil do usuário de crack e fatores relacionados à criminalidade em unidade de internação para desintoxicação no Hospital Psiquiátrico São Pedro de Porto Alegre (RS). Rev. psiquiatr. Rio Gd. Sul vol.30 no.2 Porto Alegre May/Aug. 2008. http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0101- 81082008000300005&script=sci_arttext 29. Chaves TV, Sanchez ZM, Ribeiro LA, Nappo SA. Fissura por crack: comportamentos e estratégias de controle de usuários e ex-usuários. Rev Saúde Pública [periódico de internet] 2011 [acesso em 2013 ago 2013]; 45(6):1168-75. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rsp/v45n6/2774.pdf
  • 48. 48 AGRADECIMENTOS À orientadora Danielle Maria Silva Oliveira no apoio às análises estatísticas e orientação do trabalho assim como à Bernadete de Cerqueira Antunes e Charmênia Maria Braga Cartaxo por terem disponibilizado o banco de dados da pesquisa.
  • 49. 49 ANEXO I – FICHA DE CADASTRO DO USUÁRIO
  • 50. 50
  • 51. 51 APENDICE I – REGRAS DA REVISTA BRASILEIRA DE PSIQUIATRIA Escopo e política A Revista Brasileira de Psiquiatria é uma publicação trimestral cujo objetivo é publicar manuscritos originais de todas as áreas de psiquiatria, incluindo saúde pública, epidemiologia clínica, ciência básica e problemas de saúde mental. Os artigos devem ser escritos em língua inglesa. Estas instruções foram escritas com base nos Uniform Requirements for Manuscripts Submitted to Biomedical Journals: Writing and Editing for Biomedical Publications, documento produzido e atualizado pelo International Committee of Medical Journal Editors (ICMJE). O texto original está disponível no endereço http://www.icmje.org/. A Revista Brasileira de Psiquiatria apoia as políticas para registro de ensaios clínicos da Organização Mundial da Saúde (OMS) e do ICMJE, reconhecendo a importância dessas iniciativas para o registro e divulgação internacional de informações sobre estudos clínicos, em acesso aberto. Sendo assim, seguindo as orientações da BIREME/OPAS/OMS para a indexação de periódicos na LILACS e SciELO, somente serão aceitos para publicação artigos de pesquisas clínicas que tenham sido cadastrados em um dos Registros de Ensaios Clínicos validados pelos critérios estabelecidos pela OMS e ICMJE (endereços disponíveis no site http://www.icmje.org/faq_clinical.html; um registro brasileiro também está disponível no endereço http://www.ensaiosclinicos.gov.br/). O número de identificação do registro deverá ser informado ao final do resumo. Processo de revisão por pares A seleção de manuscritos para publicação é baseada em sua originalidade, relevância do tema, qualidade metodológica e observação das normas editoriais aqui descritas. Todos os manuscritos considerados para publicação são submetidos ao processo de revisão por avaliadores externos anônimos. Sempre que possível, uma decisão editorial (aceitação, necessidade de revisões ou recusa) será feita em até um mês após a submissão. Preparo do manuscrito A Revista Brasileira de Psiquiatria publica artigos originais, comunicações breves, artigos de revisão, artigos de atualização, editoriais e cartas ao Editor. Sugere-se consultar um número recente da revista para verificar estilo e formato dos artigos. O texto deve ser escrito utilizando espaço duplo, com margens amplas. Artigos originais, artigos de revisão, artigos de atualização e comunicações breves devem seguir o formato descrito a seguir. Folha de rosto: Título completo, nomes dos autores, seus departamentos e instituições, incluindo cidade e país de origem. Deve-se incluir também um título abreviado com até 50 caracteres (caracteres e espaços). O nome completo, telefone, fax, e-mail e endereço completo do autor correspondente devem ser informados.
  • 52. 52 Página 2: Deve conter um resumo estruturado com até 200 palavras, contendo as seguintes seções: Objetivo, Métodos, Resultados e Conclusão. Devem ser incluídas de três a cinco palavras-chave selecionadas a partir dos Descritores em Ciência da Saúde (DeCS). Texto principal: A Introdução deve ter entre uma e três páginas (não deve incluir uma revisão extensa da literatura) e deve finalizar com uma frase que anuncie claramente os objetivos do estudo. A seção de Métodos deve incluir informações detalhadas sobre o desenho do estudo, o ambiente de pesquisa, participantes, desfechos clínicos de interesse, análises estatísticas, registro de ensaio clínico, aprovação pelo comitê de ética e procedimentos de obtenção de consentimento informado (deve-se evitar referências a desenhos, métodos ou materiais descritos em outros artigos publicados). Os Resultados devem ser claros; não é permitida a repetição de dados no texto e em tabelas/figuras. A Discussão não deve incluir uma seção à parte chamada Conclusão; as conclusões do estudo devem ser apresentadas no último parágrafo do texto. Agradecimentos: Deve incluir informações sobre bolsas, financiamento e outros tipos de apoio ao estudo. Alguns autores podem desejar prestar agradecimentos a colaboradores que contribuíram de forma significativa para o manuscrito porém não preenchem critérios de autoria. Obter permissão das pessoas citadas é responsabilidade do autor. Declaração de conflitos de interesse: Cada autor deve declarar potenciais conflitos de interesse em geral, e não apenas relacionados ao presente estudo. Exemplos incluem empregos/cargos atuais ou passados, verbas de pesquisa recebidas, honorários de palestrante, participação acionária, serviço prestado como consultor ou conselho consultivo de organizações, entre outros. Estudos que, de alguma forma, envolvam empresas farmacêuticas ou outras entidades privadas ou públicas devem descrever claramente o papel dessas organizações no estudo. Além disso, se o estudo, de alguma forma, investiga compostos farmacêuticos, a declaração de conflitos de interesse deve incluir informações sobre quem ou que instituições realizaram as análises estatísticas, além de um e-mail para a possível obtenção do protocolo. Lista de referências: As referências devem ser limitadas ao menor número possível e devem ser numeradas consecutivamente na ordem em que aparecem no texto, conforme o sistema Vancouver. Recomendamos o uso de ferramentas como Reference Manager ou Endnote para apoiar a organização e formatação das referências. As referências no texto, em tabelas e em legendas devem ser identificadas utilizando algarismos arábicos sobrescritos. Referências citadas apenas em tabelas ou figuras devem ser numeradas levando em consideração a primeira citação dos itens no texto. O estilo apresentado nos exemplos abaixo deve ser observado. Para incluir manuscritos aceitos, porém ainda não publicados, deve-se informar o título abreviado da revista seguido de (in press). Artigos publicados eletronicamente, mas ainda não disponíveis em forma impressa, devem ser identificados por seu número de DOI. Informações sobre manuscritos ainda não aceitos devem ser citadas no texto apenas, como comunicação pessoal. A exatidão das referências é responsabilidade dos autores. Os títulos das revistas devem ser
  • 53. 53 abreviados conforme o Index Medicus. Exemplos: Artigo de revista padrão: Listar todos os autores quando forem seis ou menos. Quando forem sete ou mais, listar os primeiros seis e acrescentar "et al.". Coelho FM, Pinheiro RT, Silva RA, Quevedo LA, Souza LD, Castelli RD, et al. Major depressive disorder during teenage pregnancy: socio-demographic, obstetric and psychosocial correlates. Rev Bras Psiquiatr. 2013;35:51-6. Livro: Gabbard GO. Gabbard’s treatment of psychiatric disorders. 4th ed. Arlington: American Psychiatric Publishing; 2007. Capítulo de livro: Kennedy SH, Rizvi SJ, Giacobbe P. The nature and treatment of therapy-resistant depression. In: Cryan JF, Leonard BE, editors. Depression: from psychopathology to pharmacotherapy. Basel: Karger; 2010. p. 243-53. Dissertações e teses: Trigeiro A. Central nervous system corticotropin releasing factor (CRF) systems contribute to increased anxiety-like behavior during opioid withdrawal: an analysis of neuroanatomical substrates [dissertation]. San Diego: University of California; 2011. Tabelas e figuras: Todas as figuras e tabelas devem esclarecer/complementar (e não repetir) o texto, e devem ser limitadas ao menor número possível. Todas as ilustrações devem ser submetidas em páginas separadas, de acordo com sua ordem de aparecimento no texto, e devem ser numeradas consecutivamente utilizando algarismos arábicos. Todas as tabelas e figuras devem incluir legendas descritivas e a definição de abreviações utilizadas. Qualquer tabela ou figura extraída de trabalhos já publicados deve ser acompanhada de uma autorização por escrito do atual detentor dos direitos autorais, já no momento da submissão. Siglas, abreviaturas e símbolos: Todas as siglas e abreviaturas devem ser definidas (expressas por extenso) na primeira ocorrência e também nas legendas de tabelas e figuras. Todas as unidades devem ser apresentadas conforme o sistema métrico. O uso de algarismos romanos deve ser evitado. Material suplementar on-line A Revista Brasileira de Psiquiatria não publica material suplementar on-line. Tipos de artigos publicados Artigos originais: Devem descrever de forma completa, mas tão concisa quanto possível, os resultados de pesquisa original, incluindo informações relevantes para aqueles que desejarem reproduzir o estudo ou avaliar seus resultados e conclusões. Artigos originais não devem ultrapassar 5.000 palavras, sem contar tabelas, figuras e referências. São permitidas, no máximo, seis tabelas ou figuras e 40 referências. O texto deve ser organizado utilizando as seções Introdução, Métodos, Resultados e
  • 54. 54 Discussão. As implicações clínicas e as limitações do estudo devem ser explicitadas. Ensaios clínicos randomizados devem ter sido cadastrados em bases de dados on-line (o número de identificação do registro deve ser informado ao final do resumo). Comunicações breves: São manuscritos originais, porém mais curtos, abordando temas de interesse na área da psiquiatria, com resultados preliminares ou de relevância imediata. Esses artigos devem ter até 1.500 palavras, uma tabela ou figura e 15 referências. Artigos de revisão: Esses artigos são preferencialmente escritos por experts no tópico abordado e a convite dos Editores. Consistem em avaliações sistemáticas e críticas da literatura e fontes de dados, com o objetivo de revisar e avaliar criticamente o conhecimento existente sobre um determinado assunto, além de comentar sobre estudos conduzidos por outros autores. A estratégia de busca e seleção de artigos (incluindo os critérios de inclusão e exclusão) deve ser descrita em detalhe. Artigos de revisão devem ter até 6.000 palavras, excluindo tabelas, figuras e referências. O número total de tabelas e figuras não deve ultrapassar seis. Artigos de atualização: Esses artigos abordam informações atuais relevantes à prática clínica e são menos abrangentes que artigos de revisão. Artigos de atualização devem ter até 2.000 palavras e 30 referências. Editoriais: Comentários críticos e aprofundados feitos a convite dos editores ou escritos por pessoa com autoridade reconhecida no assunto. Editoriais não devem ultrapassar 900 palavras e cinco referências. Uma folha de rosto deve ser incluída, conforme descrito acima. Cartas ao Editor: Cartas podem conter relatos de casos pouco usuais, comentários sobre temas científicos relevantes, avaliação crítica da política editorial da revista ou opiniões sobre conteúdo publicado na revista. Cartas devem ter no máximo 500 palavras, uma tabela, uma figura e cinco referências. Transferência de direitos autorais (copyright) Autores de artigos aceitos devem complementar o Copyright Transfer Agreement apresentado abaixo e enviá-lo para o e-mail editorial@abpbrasil.org.br. A fim de evitar atrasos na publicação, o formulário assinado deve ser enviado à equipe de produção assim que um manuscrito é aceito para publicação (não é necessário enviá-lo na submissão). A produção do artigo só será iniciada após o recebimento do formulário assinado. Copyright Transfer Agreement I, the undersigned author, certify that I and all other co-authors of the manuscript no. _________________, entitled submitted for publication in Revista Brasileira de Psiquiatria, have participated sufficiently in the intellectual content, data analysis, and writing of the manuscript, and take public responsibility for it. Also, I and each of the co-authors have reviewed the final version of the manuscript, believe it represents valid work, and approve it for
  • 55. 55 publication. On behalf of all coauthors, I certify that the manuscript has not been previously published or accepted for publication, nor is it currently under consideration for publication elsewhere, either in whole or in part. Finally, I do hereby agree to transfer copyright of above mentioned article Associação Brasileira de Psiquiatria. I am aware that all the contents of the journal, except where otherwise noted, are licensed under a Creative Commons License, meaning that materials may be copied, distributed, transmitted, and adapted for noncommercial purposes only, provided the original source is cited. I am also aware that the reproduction of accepted articles in whole or in part is forbidden without written permission from the editors.