A Boneca e o Caminhãozinho: a magia do Natal na fazenda
1. O Sapatinho na Janela
Mãe, mãe!
O que é menina? Para de gritar!
Mãe..., sabe quem é o Papai Noel?
Papai Noel? Sei não quem é.
É que Marina, minha amiguinha lá da escola, disse que
o Papai Noel vai trazer pra ela um presente de Natal.
Que ele é um velhinho de barba branca e comprida,
carrega nas costas um saco cheio de brinquedos pra
dar pras crianças no Natal...
Nunca ouvi falar isso. Ele nunca passou por estas
bandas, não...
Ela disse que a gente tem que deixar nosso sapato na
janela, com uma cartinha dizendo qual brinquedo quer
receber. Eu vou pedir um também. Um pra mim e um
pro Paulinho.
Sapato na janela...Nunca ouvi falar isso, não. Deixa
de pensar besteiras, menina. Onde já se viu, deixar
presente na janela...velhinho de barba branca... Deve
ser invenção da sua amiga. Vê lá se vou acreditar
nessas bobagens...
Ela disse que em todo Natal, ele deixa pra ela um
brinquedo. Eu também quero um presente de Natal.
Quero uma boneca. Eu nunca ganhei nenhum
presente, nenhum brinquedo...Será que se eu deixar o
meu sapatinho com uma cartinha na janela, ele vai
trazer minha boneca?
Sei não, menina... Mas se você acredita, deixa lá seu
2. sapato... e do seu irmão também. Quem sabe ele não
deixa dois.
Paulinho, o que você quer ganhar do Papai Noel?
Papai Noel? Quem é Papai Noel...?
A Marina, minha amiguinha da escola, disse que é um
velhinho muito bonzinho e que dá presentes no Natal
pras criancinhas. Ele tem barba branca e comprida.
Eu vou escrever uma cartinha pra ele e pedir uma
boneca. Você quer que eu escreva uma cartinha
pedindo um brinquedo pra você também?
Quero, sim.
Só que a gente tem que deixar nosso sapato na
janela. Ele passa na noite de Natal, bem noitinha
mesmo. A gente vai estar dormindo. Aí, ele vai deixar
lá, bem pertinho do sapato, o nosso presente.
A gente nunca ganhou brinquedo no Natal...
É que a gente não sabia que para o Papai Noel deixar
presente tem que colocar o sapato na janela com uma
cartinha.
Ahn... Então, por isso que ele nunca deixou nada na
nossa. A gente nunca deixou nosso sapato lá.
É, sim. É por isso. Vou escrever já a nossa cartinha
com o nosso pedido. O que você quer ganhar?
Eu quero ganhar um caminhão bem grandão, assim, ó.
Aí, eu vou poder brincar com o Marquinhos da
fazenda. Ele já tem um.
Eu vou pedir uma boneca bem grande também, com
cabelos compridos pra pentear, com olhos que abrem
e fecham, com uma roupinha bem bonita .
3. Esperança está tão feliz que vai ganhar uma boneca, sua
primeira boneca, que nem consegue se concentrar na sua
tarefa diária que é ajudar sua mãe em casa, depois da
escola.
A família de Esperança vive e trabalha numa grande
fazenda longe da cidade. Todos trabalham muito, e, às
vezes, Esperança também precisa ajudar os pais.
Paulinho ainda não ajuda porque é pequeno.
Eles moram numa casinha branca, bem branquinha mesmo,
no alto da montanha, de onde se vê o mundo todo.
Perto da casa, eles têm uma horta com muitos legumes e
verduras, um pomar imenso cheio de frutas da época. Há
galinhas, vacas, cavalos e muitos outros bichos e pássaros
da região; muitas árvores, riachos, montanhas e céu azul.
Esperança e Paulinho adoram subir nas mangueiras, nadar
nos riachos, correr atrás das borboletas quando vêm
brincar nas flores no jardim da casa.
Entao... assim é a vida na fazenda.
A Noite de Natal se aproxima. Esperança está
extremamente ansiosa; Paulinho também. Será que o
Papai Noel vai poder deixar a boneca da Esperança e o
caminhãozinho do Paulinho na sua janela? Tomara que sim,
não é?
Esperança diz a Marina, sua amiguinha da escola, que
também vai deixar o seu sapato e o do Paulinho na janela
junto com a cartinha que escreveu, pedindo ao Papai Noel
uma boneca para ela e um caminhaozinho para o Paulinho.
4. À noite, durante o jantar, Marinha comenta com sua mãe,
o que Esperança lhe contou:
Sabe, mamãe, a Esperança, minha amiguinha lá da
escola, ela também vai deixar seu sapatinho na janela
pro Papai Noel deixar uma boneca pra ela e também
um caminhãozinho pro seu irmãozinho, Paulinho.
Coitadinha, mamãe, ela disse que nunca ganhou um
brinquedo. Mas desta vez, ela vai ganhar um...e o
Paulinho também, tenho certeza. Papai Noel é um
velhinho muito bonzinho. Ele vai deixar lá na janela da
Esperança um presente pra ela e um pro Paulinho.
Chega a noite de Natal, Esperança pega a cartinha com os
pedidos, seu sapato e o do Paulinho, põe tudo,
cuidadosamente, na janela. Olha para cima e fica
imaginando de onde será que vem esse tal Papai Noel.
Será que ele vem do céu? Marina não disse de onde ele
vinha, pensa. Também não importa de onde ele vem, o
mais importante é que ele deixe lá a sua boneca.. Com
certeza ele vem do céu. Será que ele tem asas? Ah... é
melhor ir dormir... aí, a noite passa logo.
Mãe, está tudo pronto. Espero que Papai Noel não
esqueça de passar por aqui!
É, eu também...
Paulinho, vamos dormir porque amanhã quero acordar
5. bem cedo para brincar com a minha boneca.
Eu também quero brincar com o meu caminhãozinho.
Benção, mãe, benção pai.
Deus abençoe!
Os dois vão para a cama e demoram para dormir.
E assim a noite passa entre sonhar e acordar, acordar e
sonhar... e acordar.
São 6 horas da manhã. É Natal. Esperança levanta-se num
pulo da cama, chama o Paulinho – sua mãe e seu pai ainda
dormem! Correm para a janela onde puseram os
sapatinhos, dão um grito!
Mãe, pai!
O que é, crianças? Para com essa gritaria!
Mãe, Papai Noel veio e trouxe a minha boneca!
E o meu caminhãozinho também, mãe. - gritou o
Paulinho, radiante de alegria.
Nossa mãe do céu! E mesmo! Esse Papai Noel existe
mesmo!
Que caminhão bonito! Como ele é grande...dá pra
carregar um monte de coisa, pai! Esperança, vamos
brincar, vamos!
Vamos, Paulinho! Vamos brincar!
Crianças, ainda é muito cedo. Deixa prá brincar mais
tarde. Acho melhor dormir mais um bocadinho...
Não, mãe, a gente não quer dormir mais, não. Hoje é
6. Natal! Eu quero brincar com a minha boneca. Olhe,
como ela é linda! Tem cabelos compridos e olhos que
abrem e fecham, do jeitinho que eu queria, mãe.
O meu caminhão também é muito grande... Eu vou
poder carregar bastante terra nele... e brincar com o
Marquinhos.
Esperança e Paulinho saem brincando pela casa, felizes
com os brinquedos trazidos pelo Papai Natal. Dona Rosa e
seu José observam a cena, coçam a cabeça,
pensativamente, e confirmam:
É..., hoje é Natal!
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O Sapatinho na Janela, um conto de Natal, escrito por
mim, Maria Aparecida Roque -Kottkamp
Lübbecke, 20.12.2010