SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 25
Baixar para ler offline
1
2
Anais do 2º Seminário Internacional “Representar Brasil 2013”
As representações na Arquitetura, Urbanismo e Design
07 a 09 de agosto de 2013
3
Anais do 2º Seminário Internacional “Representar Brasil 2013”
As representações na Arquitetura, Urbanismo e Design
07 a 09 de agosto de 2013
Comitê organizador:
Prof. Dr. Artur Simões Rozestraten (FAUUSP) - Presidente
Prof. Ms. Claudia Bertero (FADU – UNL)
Prof. Dra. Eneida de Almeida (USJT)
Prof. Dr. Fernando G. Vázquez Ramos (USJT)
Prof. Dr. Jorge Bassani (FAUUSP)
Prof. Leonardo Bortolloto (FADU – UNL)
Prof. Nidia Maidana (FADU – UNL)
PRof. Ms. Mario Lasar Segall (FAUUPM)
Prof. Dra. Myrna Nascimento (FAUUSP / Centro Universtário Senac)
Prof. Dra. Valéria Santos Fialho (Centro Universtário Senac)
Comitê científico
Prof. Dr. Fernando Guillermo Vázquez Ramos (USJT) - Presidente
Profa. Dra. Anja Pratschke (IAUUSP)
Prof. Dr. Arthur Hunold Lara (FAUUSP)
Profa. Dra. Cibele Haddad Taralli (FAUUSP)
Profa. Dra. Clice de Toledo Sanjar Mazzilli (FAUUSP)
Prof. Dr. David Moreno Sperling (IAUUSP)
Profa. Dra. Eunice Helena Sguizzardi Abascal (FAUUPM)
Prof. Dr. Fernando Duro da Silva (UNISINOS)
Prof. Dr. João Carlos de Oliveira Cesar (FAUUSP)
Prof. Dr. Joubert Jose Lancha (IAUUSP)
Profa. Dra. Kátia Azevedo Teixeira (USJT)
Prof. Dr. Luís Antonio Jorge (FAUUSP)
Prof. Dr. Marcelo Eduardo Giacaglia (FAUUSP)
Prof. Dra. Paula De Vincenzo Fidelis Belfort Mattos (USJT)
Prof. Dr. Paulo César Castral (IAUUSP)
Profa. Dra. Regiane Trevisan Pupo (UFSC)
Prof. Dr. Rogério de Castro Oliveira (UFRGS)
Profa. Dra. Vera Maria Pallamin (FAUUSP)
4
Sumário
10 APRESENTAÇÃO
ARTIGOS
EIXO 01
13 Síntesis y contenido en la elaboración de imágenes 2d: Aplicado en la elaboración de
propuestas de Arquitectura y Urbanismo
Pablo Nicolás Páez; Magnus Luiz Emmendoerfer; Regina Esteves Lustoza
27 A criação pela imagem no projeto urbano
Paulo Edison Belo Reyes
42 A função social das imagens produzidas por Geraldo de Barros
Ana Luiza Rodrigues Gambardella; Paulo César Castral
58 Caderno de viagem: práticas de ensinagem em desenho de observação para a
formação de arquitetos e urbanistas
Ana Laura Assumpção; Paulo César Castral
73 De pinturas murais às tecnologias eletrônicas: a busca para a criação do espaço
híbrido perfeito.
Gisele Pinna Braga
91 Modelos de Referência na Gestão de Processos e Projetos: o papel das
representações nas práticas de trabalho em Administração e Negócios
Marcio Rodrigues Zenker
112 O desenho no processo projetivo: estudo das representações gráficas de projetos de
Paulo Mendes da Rocha
Paula Ramos Pacheco; Simone Helena Tanoue Vizioli
127 O design da mídia livro na construção de um discurso projetual: o caso da Villa
Dall’Ava de Rem Koolhaas em S,M,L,XL
Gabriel Girnos Elias de Souza
141 De lá pra cá - do olhar urbano ao percurso fotográfico no bairro do Pari
Daniele Queiroz dos Santos
152 Residência Hélio Olga: processo projetual e representações
Miguel Falci
171 A representação gráfica na revista Projeto & Design
Flávia Massaro Fonseca, Simone Helena Tanoue Vizioli
5
185 O tablet gráfico na recuperação do desenho a mão livre
Paulo Edi Rivero Martins, Mauricio Machado Oliveira; Cínthia Costa Kulpa
196 Exploração e análise das novas interfaces digitais relacionadas à representação
gráfica na arquitetura
Renato Tamaoki Figueiredo; Simone Helena Tanoue Vizioli
208 Processo de projeto como espacialização da informação: uma leitura sobre as
estratégias diagramáticas do Grupo BIG – Bjarke Ingels Group
Camila Cardoso Pelá Rosado; David Moreno Sperling
219 Retrospecto histórico da HQ e conceituação variantes no projeto do design.
João Carlos Riccó Plácido Silva; Milton Koji Nakata; Luis Carlos Paschoarelli; José Carlos
Plácido Silva
234 Glamour doméstico: a casa californiana moderna na ótica de Julius Shullman.
Sonia Marques; Daniel Macedo; Pablo Sousa; Wylnna Vidal
244 O desenho no processo projetual: estudo na obra de Andrea Palladio
Monika Maria Stumpp
261 Os cadernos de desenho de Eduardo Souto de Moura
Edilene Silveira Alessi; Rafael Antonio Cunha Perrone
271 Representações sobre o espaço público em Curitiba na década de 1970
Alexandre Fabiano Benvenutti
284 O Mapa da Cidade e a Cidade do Mapa
José Paulo Gouvêa
301 O computador doméstico documentado na planta de venda
Artur Vasconcelos Cordeiro
312 Arquitectura e Urbanismo através de Histórias em Quadrinhos: Dreams of the city de
Jean Nouvel
Tânia Cardoso
330 Arte-concreta como referência para a expressão bidimensional em arquitetura e
urbanismo
Marko Alexandre Lisboa dos Santos
345 A representação de espaços naturais de arquitetura: o desenho arquitetônico no
processo de intervenção em cavernas
Marcos Otavio Silverio
357 Diários Gráficos: mediação do desenho nas percepções do cotidiano
Beatriz Ribeiro; Paulo César Castral
6
375 Diários Gráficos: uma análise sobre os Diários de Dan Eldon
Mateus Segnini Tiberti; Paulo César Castral
391 Cartografias: espaço + informação. Leituras urbanas experimentais
David Moreno Sperling; Fábio Lopes de Souza Santos; Beatriz Pereira Masias Marcos
409 A expressão gráfica do projeto acadêmico: estudo dos atributos de projetos de
concursos para estudantes de Arquitetura e Urbanismo nacionais e internacionais de
2012
Ana Paula Ribeiro de Araújo; Helio Herbst; Juan Diego Nery de Andrade
424 A representação peculiar de Lina Bo Bardi: o caso específico do projeto do Sesc
Pompeia
Carlos Quedas Campoy
438 O desenho e a fotografia como instrumentos documentais e poéticos para o
reconhecimento do espaço urbano e idealização de novas formas espaciais -
interstícios urbanos e estruturas ficcionais
Pedro Leão Neto, Andrea Pera Vieira
EIXO 02
452 Patrimônio arquitetônico, design e educação: Desenvolvimento de sistemas interativos
lúdicos (blocos tridimensionais de montar)
Renata Cecilia Gonçalves; Joubert José Lancha
467 O uso da maquete física como ferramenta de leitura do patrimônio cultural
Jéssica Ragonha; Simone Helena Tanoue Vizioli
481 Praça Tiradentes de Curitiba: recuperação da memória e reconstrução virtual da praça
de 1940
Gisele Pinna Braga; Eduardo Cecco; Jessica Monteiro; Sanábio Ferreira
492 Modelagem tridimensional digital e concepção de projetos arquitetônicos: Um estudo
comparativo entre as potencialidades dos softwares AutoCAD, SketchUp e
Rhinoceros+Grasshopper na proposição arquitetônica.
Fernando Lima; Vinicius Morais
508 O Porto Maravilha e a nova forma urbana da zona portuária do Rio de Janeiro
Ana Carolina de Freitas Trindade; Marina Lima Medeiros
523 O uso do modelo físico e digital nos processos de projeto da arquitetura
contemporânea
Jéssica Salmaso ; Simone Helena Tanoue Vizioli
537 Obras plásticas concretistas como referência para a expressão tridimensional em
arquitetura e urbanismo
Marko Alexandre Lisboa dos Santos
7
552 O Papel da Modelagem Tridimensional no Processo Projetual de Oscar Niemeyer a
partir de seu colaborador-maquetista Gilberto Antunes
Juliana Eiko Hiroki
570 Maquetes híbridas: diálogos entre as técnicas tradicionais e as tecnologias digitais
Frederico Braida; Aline Calazans Marques; Lara Scanapieco Barreto; Felipe Arlindo Silva
584 Integração de Dispositivos Robotizados na Representação em Arquitetura e no Design
Stefano Mega; Arthur Hunold Lara
EIXO 03
605 Uma cartografia do cotidiano para colorir o Centro de Vitória
Camila Benezath Rodrigues Ferraz
619 Desconstrução e reconstrução da casa Guper: desenho e investigação projetual
Ana Elísia da Costa; Marina Barreto da Luz
636 Re-construção como modo de aprender arquitetura
Edson da Cunha Mahfuz
644 Hipótese sobre Hipótese: desenho e análise do processo projetual de Rino Levi
Ana Elísia da Costa; Bruna Brilmann
661 O uso de modelos em etapas iniciais do processo de design
Gil Barros; Carlos Zibel Costa; Leandro Manuel Reis Velloso
673 Modelagem gráfica de espécies da caatinga
Erick Vinicius Silva da Cunha; Luciana Andrade dos Passos; Heitor de Andrade Silva
685 Guia de arquitetura: estudo de aplicativo utilizando a realidade aumentada
Ana Luiza Zimmermann de Quadros; Gisele Pinna Braga
702 Inter-relações entre os processos de concepção, desenvolvimento e comunicação do
projeto: metodologia de projeto e estratégias de expressão gráfica em arquitetura e
urbanismo
Cezar Rabel; André Augusto de Almeida Alves
715 Objeto variável: entre a representação e a imagem
Adriana Ricciardi Rodrigues Lima
727 Relações histórico-conceituais entre representação e projeto: de Alberti à plataforma
BIM de trabalho, da abstração ao modelo da informação.
Vinicius Morais; Fernando Lima
8
737 Entre desenhos e maquetes: uma experiência de análise gráfica fundamentada no
hibridismo e na complementariedade das técnicas de representação bi e
tridimensionais
Frederico Braida; Juliane Fonseca
752 Quatro Desenhos de Frank Lloyd Wright
Paulo Yassuhide Fujioka
770 Sobre o Memorial dos Judeus Assassinados da Europa
João Yamamoto
786 Confecção de objeto luminoso: uma experiência na exploração da forma e do espaço
em arquitetura.
Marko Alexandre Lisboa dos Santos
800 Para pensar o projeto do objeto: ideias no papel e de papel.
Juliano Aparecido Pereira; Patricia Pimenta Azevedo Ribeiro
814 Memória reapresentada em Itu: ensaio sobre a conversão de imagens urbanas
históricas da cidade em modelos tridimensionais digitais.
André Luís de Lima
832 Entre o lápis e o mouse, ainda: implicações didáticas no uso do computador e do
desenho tradicional no ensino de projeto
Juliano Carlos Cecílio Batista Oliveira; Patricia Pimenta Azevedo Ribeiro
846 Visão celeste: pintura paulista colonial
Danielle Manoel dos Santos Pereira
857 Arte e resistência urbana. A cidade como suporte e documento de processo.
Anna Lúcia dos Santos Vieira e Silva; Cláudia Teixeira Marinho; Levi Holanda Castelo Branco
878 Ateliers de história da arquitetura: de desenhos e modelos descritivos a desenhos e
modelos analíticos.
Marcio Cotrim; Nelci Tinem; Wylnna Vidal
887 A lógica da favela pela gramática da forma
Maria Angela Dias; Danusa Chini Gani; Margaret Lica Chokyu
896 Design computacional como ferramenta para processos participativos em arquitetura
Ivan Custódio dos Santos Souto
915 Desenho e fotografia: além da questão do suporte no processo de criação em
arquitetura
Daniela Mendes Cidade
930 Representación, lenguajes gráficos y proyectación: lo que se juega en la enseñanza
del diseño.
Nidia B. Maidana; Leonardo Bortolotto; Claudia G. Bertero
9
942 Produção cartográfica e iconográfica como instrumento de análise
Silvio Soares Macedo; Rafael Lopez Pegoraro; Ana Cecília M. de Arruda Campos; Fernanda
Lobão; Luis Felipe do Nascimento; Patricia Eiko Aguchuki
952 Entre a imagem e o objeto, o manual e o digital: a representação em uma experiência
acadêmica de projeto arquitetônico.
Matheus José Rigon; Jamile de Bastiani; Christine Martins Scherer
977 Utilização de tablets e materiais didáticos interativos multimídia no ensino de
arquitetura e urbanismo
Elena Furlan da França; Daniel de Carvalho Moreira
PÔSTERES
992 EIXO 01
1021 EIXO 02
1032 EIXO 03
10
Apresentação
O Seminário Internacional “Representar Brasil 2013: As representações na Arquitetura,
Urbanismo e Design” é uma iniciativa inédita de cinco instituições de ensino superior (quatro
brasileiras: USP, USJT, UPM, SENAC; e uma da República Argentina: FADU-UNL) que
somaram esforços e iniciativas, capital humano e pedagógico, recursos físicos e de pesquisa,
para dar continuidade à proposta de criação e consolidação de um amplo campo internacional
de estudos sobre um importante tema, que é inerente e imprescindível à compreensão e à
concepção da arquitetura, do urbanismo e do design: as representações.
O Seminário Internacional “Representar”, Brasil 2013, promoverá atividades de comunicação,
reflexão e debate sobre as representações e suas relações e contatos com os processos de
projeto em arquitetura, urbanismo e design. Ao reunir diferentes pensadores, críticos,
historiadores, teóricos e profissionais, com visões e posturas variadas e abrangentes sobre o
tema, colocar-se-á em discussão a natureza das representações, seus papéis,
potencialidades e interações no mundo contemporâneo. O intuito desta iniciativa é estimular
perspectivas críticas e revisões teórico-conceituais que motivam a prática e que poderão vir a
repercutir tanto na atuação profissional, quanto nas propostas pedagógicas, assim como no
desenvolvimento de linhas de pesquisa atuais e futuras, vinculadas aos diferentes programas
de pós-graduação em arquitetura, urbanismo e design.
Considerando a necessidade da consolidação de espaços de participação e experimentação,
que ponham em pauta as possibilidades de interações complementares entre as
representações manuais e eletrônicas, o Seminário reunirá pesquisadores, docentes,
arquitetos e estudantes para o diálogo, o debate e a construção de perspectivas sobre o
“estado da arte” quanto ao tema, e o reconhecimento das frentes que possam vir a demandar
pesquisas. A constituição de um fórum acadêmico sobre as representações pretende,
também, atender à necessidade de intercâmbio de experiências internacionais, de articulação
e colaboração entre grupos de pesquisa de vários países, assim como promover publicações
específicas sobre o assunto através de iniciativas editoriais de caráter científico que
contribuam para os objetivos de renovação temática dos programas de pós-graduação
existentes no país e no exterior.
11
ARTIGOS
12
Eixo temático 01:
Reúne as experiências que elegem o plano como suporte,
compreendendo assim qualquer tipo de material que possa ser
traduzido como superfície bidimensional de apoio à imagem
produzida; ou seja, toda diversidade de imagens que
compartilhem a condição de estarem construídas em um plano.
Assim, incluem-se neste eixo desenhos e expressões gráficas de
toda natureza, fotografias, colagem e imagens em geral,
impressões, texturas e relevos, e registros executados sobre
papéis, lâminas, chapas, painéis, pisos e toda sorte de extensão
material capaz de abrigar elementos particulares da
representação visual plana.
345
A representação de espaços naturais de arquitetura: o desenho
arquitetônico no processo de intervenção em cavernas
The representation of natural spaces of architecture: the architectural design in the
intervention process in caves
Marcos Otavio Silverio,
Arquiteto e Urbanista, mestrando em Projeto de Arquitetura -
FAUUSP, pesquisador do Grupo de Pesquisa em Arquitetura:
Projeto, Pesquisa e Ensino da USP, associado ao Grupo
Bambuí de Pesquisas Espeleológicas.
email: msilverio@usp.br
RESUMO
As cavernas caracterizam-se por ter sua gênese e desenvolvimento decorrentes de
complexos processos geológicos, pela ausência de luz, pelo equilíbrio instável de níveis de
energia e por frágeis interações bióticas. Expressão mais rudimentar do significado da
arquitetura, as cavernas foram o primeiro abrigo do homem. Locais simbólicos que desde a
pré-história estimulam a curiosidade humana em busca de aventura, mistério e beleza. Por
ser compatível com os propósitos de conservação e educação ambiental o uso público de
cavernas é uma importante alternativa econômica e a base para o seu planejamento é o
desenho. Na medida em que é necessária a compreensão das características e dos
processos complexos que atuaram e atuam no ambiente das cavernas para a representação
de seu espaço, o processo arquitetônico de formulação e análise de hipóteses de projeto
nestes ambientes somente é possível com a utilização de recursos imagéticos, conduzido por
meio de raciocínio projetual e sobretudo com a utilização de desenhos analíticos, cognitivos
e propositivos.
Palavras-chave: Arquitetura; Cavernas; Desenho; Uso público de cavernas.
346
ABSTRACT
The caves are characterized for their genesis and development arising from complex
geological processes, the absence of light, the unstable equilibrium of energy levels and fragile
biotic interactions. Most rudimentary expression of the meaning of architecture, the caves were
the first shelterm of the man. Symbolic place since prehistory keep to inspire human curiosity
in search of adventure, mystery and beauty. To be compatible with the purposes of
conservation and environmental education, the public use of caves is an important economic
alternative and the fundamental for your planning is the design. Because is necessary to
understand the features and the complex processes operating and operate yet in the
environment caves, for the representation of its space, the architectural process for elaboration
and analysis of the project hypothesis in these environments is only possible with the use of
resources pictorial, conducted by project logic and mainly with the use of analytical, cognitive
and proposals drawings.
Key words: architecture; caves; drawing; public use of caves
1. INTRODUÇÃO
1.1 CAVERNAS
As cavernas são cavidades naturais subterrâneas formadas por processos naturais,
independentemente do tipo de rocha, incluídos a rocha encaixante, seu ambiente, seu
conteúdo mineral, as comunidades animais e vegetais ali existentes e sua área de influência,
a qual é definida por meio de estudos técnico-científicos. São ambientes de singular
importância científica, ambiental e cultural.
A espeleologia é a ciência que estuda as cavernas e compreende diversas áreas do
conhecimento técnico-científico. Informações sobre o clima, fauna e flora passados e as
primeiras representações e registros humanos estão registrados em suas paredes, pisos e
sedimentos e compõem o Patrimônio Espeleológico Brasileiro.
As cavernas desenvolvem-se em diferentes litologias tais como quartzitos, arenitos, granitos,
formações ferríferas e carbonatos. Porém é nas rochas carbonáticas, como calcários,
mármores e dolomitos, nas quais estão inseridas a maioria das cavernas conhecidas e as
mais extensas e ornamentadas, com formações típicas como estalagmites e estalactites.
Estas cavernas em rochas carbonáticas geralmente estão associadas à outras formas de
relevo e hidrologia decorrentes de processos de dissolução química das rochas, como dolinas,
vales secos, sumidouros e nascentes, que configuram uma paisagem conhecida como carste.
347
As principais regiões com ocorrência de cavernas do Brasil, conhecidas como
províncias espeleológicas, incluindo as não cársticas, estão nos estados da Bahia, Minas
Gerais, Goiás, Tocantins, Pará, Mato Grosso do Sul, São Paulo e Paraná. No Brasil, há 5.831
cavernas registradas no Cadastro Nacional de Cavernas da Sociedade Brasileira de
Espeleologia (SBE, 2013) e mais de 10.000 na base de dados do Centro Nacional de Estudos
e Conservação de Cavernas do ICMBio (CECAV, 2013). Em relação a extensão das cavernas
brasileiras há pelo menos dez com mais de 10 km mapeados, com destaque para a Toca da
Boa Vista na Bahia, com 107 km (SBE, 2013).
1.2 USO PÚBLICO DE CAVERNAS
Os aspectos culturais, científicos e ambientais, tornam as cavernas importantes
atrativos naturais. Seu uso responsável é uma alternativa econômica para a sociedade e
compatível com os propósitos de conservação e educação ambiental. O uso público das
cavernas requer um planejamento transdisciplinar, apoiado em informações técnicas e
científicas de diferentes campos do conhecimento, integradas no âmbito da espeleologia. O
plano de manejo espeleológico é o documento técnico elaborado com objetivo de estabelecer
o zoneamento e o ordenamento do uso da caverna em função de suas características
ambientais e das atividades previstas, inclusive a implantação das estruturas físicas
necessárias à sua gestão (CONAMA, 2004).
Em 2008 havia no Brasil 175 cavernas com visitação turística (LOBO et al., 2008)
sendo que destas apenas 11 com um plano de manejo espeleológico elaborado e aprovado
e 36 em processo de finalização (LOBO et al., 2010). As cavernas com visitação turística no
Brasil recebem entre 20.000 e 50.000 visitas anuais, um número comparativamente baixo em
relação à cavernas em outros países, que recebem até 1 milhão de visitas anuais (LOBO et
al., 2010), o qual revela um grande potencial de crescimento.
2. O DESENHO ESPELEOLÓGICO
Ao contrário da superfície da Terra, o subterrâneo não pode ser analisado por meio
de recursos remotos tais como satélites, radares ou fotos aéreas. Tampouco podem ser
analisados em sua totalidade in loco. A representação de suas feições e processos por meio
de mapas, diagramas e esquemas, então, é de fundamental importância devido às
características complexas do sistema subterrâneo, as quais dificultam a sua compreensão.
348
Este olhar vai além do visível, é panorâmico e exploratório e soma-se ao domínio da
síntese do que é relevante representar das características visíveis e não visíveis. Por seu
caráter sintético e analítico esta representação gráfica da complexidade do espaço-tempo
subterrâneo, seus espaços físicos e seus processos atuantes, torna mais visíveis as
características do objeto representado. A imagem assume então o lugar do objeto e é
fundamental na formulação e análise das hipóteses de intervenção.
Figura1. Croquis de mapeamento de uma caverna com as principais características morfológicas. Os
cortes mostram informações sobre o seu desenvolvimento como fraturas e acamamento da rocha.
Desenho do autor, 2009.
Os desenhos espeleológicos permitem compreender a morfologia, as proporções,
as dimensões e as inter-relações dos espaços naturais subterrâneos e entre estes a as formas
de relevo da superfície. Também auxiliam na elaboração de hipóteses sobre sua gênese,
dinâmica e evolução, representando processos não visíveis diretamente, como a
representação de uma imagem baseada em um processo de criação mental, a hipotetigrafia
(MASSIRONI, 1982, p.139-190).
349
Figura 2. Mapa topográfico da Gruta do Lago Subterrâneo na região Sul de São Paulo. Na parte
superior a planta e cortes transversais e na parte inferior o corte longitudinal com a indicação do
desnível total. Desenho do autor, 2011.
Os desenhos espeleológicos podem ser classificados como
documental : mapas de cavernas e registros de exploração
representativo : ilustrações e croquis esquemáticos
analítico : diagramas, esquemas e mapas que auxiliam a comprensão do sistema subterrâneo
reflexivo conceitual : diagramas, esquemas e mapas que auxiliam na formulação e
apresentação de hipóteses sobre a gênese, evolução, dinâmica e processos atuantes
propositivo projetual : compreende as representações gráficas de projetos e propostas de
intervenção
2.1 HISTÓRICO DO MAPEAMENTO DE CAVERNAS NO BRASIL
O primeiro registro iconográfico de cavernas brasileiras foi realizado em 1824 pelo
desenhista alemão Johann Moritz Rugendas, participante da expedição do alemão Georg
Heinrich Freiherr von Langsdorff, que realizou os desenhos da Gruta Casa de Pedra em São
João del-Rei, Minas Gerais. (CASSIMIRO & RENGER, 2005).
350
Em 1835 o artista norueguês Peter Andreas Brandt, que acompanhava o naturalista
dinamarquês Peter Wilhelm Lund em suas pesquisas paleontológicas, elaborou os primeiros
mapas das cavernas brasileiras na região de Cordisburgo e Curvelo em Minas Gerais
(AULER, 2001). Lund é considerado o pai da espeleologia brasileira.
Após Lund o alemão Richard Krone foi o mais importante naturalista do ponto de
vista espeleológico no Brasil, atuando no Vale do Ribeira de Iguape, Sul do estado de São
Paulo, entre os anos 1895 e 1906 com a exploração de pouco mais de 30 cavernas e a
produção de alguns esboços das cavernas visitadas (AULER et al, 2001; BRANDI, 2007).
Em 1894 o naturalista mineiro Álvaro da Silveira mapeou a Gruta Casa de Pedra,
em São João del-Rei, utilizando bússola de mão, trena e clinômetro, produzindo a planta e
perfil da cavidade (CASSIMIRO & RENGER, 2005).
Em 1937 Victor Dequech e alunos da Escola de Minas de Ouro Preto fundam a
Sociedade Excursionista e Espeleológica - SEE, o primeiro grupo dedicado à exploração e ao
mapeamento de cavernas do Brasil. Na década de 1960 a espeleologia brasileira ganha
grande impulso com a atuação de imigrantes estrangeiros (LINO, 1989).
Em 1969 é fundada a Sociedade Brasileira de Espeleologia (SBE) e na década de
1970 é criado o primeiro cadastro de cavernas do Brasil, surgem grupos como o Centro
Excursionista Universitário (CEU), o Grupo Opiliões e o Clube Alpino Paulista (CAP), que
ligados ao meio acadêmico iniciam uma nova fase de mapeamentos e estudos científicos em
cavernas, (LINO, 1989; AULER, 2001).
À partir da década de 1980 surgem novos grupos que unem integrantes amadores
e acadêmicos. Sendo as principais atividades a prospecção e o mapeamento de cavernas, a
contribuição à pesquisa científica e o aprimoramento de técnicas de exploração e
mapeamento.
Após a publicação do Decreto 6.640/2008, que permite a supressão de cavernas,
deu-se um novo impulso ao mapeamento espeleológico devido à demanda por estudos
ambientais, especialmente para licenciamento de mineração e obras de infraestrutura de
grande porte, os quais levaram ao aprimoramento de técnicas de levantamento de campo e
de representação gráfica dos mapas, especialmente quanto à sua precisão e detalhamento.
3. APLICAÇÕES DO MAPEAMENTO DE CAVERNAS
O mapa de caverna, como documento cartográfico, é a base à qual se referem os estudos técnicos
e científicos ligados à espeleologia. Para fins cartográficos é imprescindível que se tenha a
morfometria do espaço subterrâneo, que aliada a localização da caverna, em relação a superfície,
permite que a mesma seja caracterizada com o entidade geográfica (AULER, 1997 p.83).
351
O mapa de caverna é fundamental para documentar a sua existência, para o
entendimento de sua forma, gênese e evolução. A sua relacão com com a superfície, a
localização de sua entrada, para os trabalhos de exploração e dados espeleométricos
(extensão, área, volume, desnível). É a base para estudos científicos (biologia, geologia,
hidrogeologia, paleontologia, arqueologia, paleoclima etc). Estudos técnicos para implantação
de uso público, manejo, infraestrutura, fragilidade e segurança e conservação do patrimônio
espeleológico. E para o planejamento urbano em áreas de ocorrência de cavidades naturais
subterrâneas.
Figura 3. Mapa topográfico da Gruta da Tapagem (Caverna do Diabo) na região Sul de São Paulo. A
planta mostra o percurso de visitação existente e o projetado sobre o mapa temático de risco ao
visitante. Verde baixo, amarelo médio, vermelho elevado, marrom muito elevado. Desenho do autor
2013, sobre mapa do autor, 2008.
4. INTERVENÇÃO ARQUITETÔNICA POR MEIO DO DESENHO
Embora as ciências tenham priorizado o raciocínio lógico e reduzido a importância
da experiência prática, na arquitetura, e nas artes em geral, a experiência é fundamental para
a construção de conhecimento, sendo necessário conhecer para transformar.
Segundo ROBBINS (1994):
O desenho é crucial para conceituação cultural e manifestação do projeto e é fundamental para
transmitir todos as intrincadas características do projeto arquitetônico. É um importante
352
instrumento para ordenar e estruturar interações e relações sociais dos que participam do processo
de projeto, como projetistas, clientes e construtores.
Para Tadao Ando (1991) a criação arquitetônica não é um método para soluções de
questões técnicas, ela deve ser acompanhada de uma ação crítica, e pede a contemplação
das origens e da essência dos requisitos funcionais de um projeto, conjuntamente à
identificação dos problemas essenciais.
Sendo o processo arquitetônico investigativo e conduzido por meio de raciocínio
projetual, pois enseja a construção de raciocínios teóricos e de resultados efetivos que não
seriam possíveis de serem alcançados pelo emprego exclusivo de métodos textuais (LIMA et
al, 2011), este só pode ser efetivado por meio de desenhos de significado cognitivo, no qual
formulam-se hipóteses e selecionam-se as soluções mais adequadas à questão em vista, em
aproximações sucessivas. Estes recursos imagéticos, portanto, são fundamentais para
demonstrar elementos que não seriam passíveis de descrição, ou compreensão, por outros
métodos que não pelo desenho. O desenho retoma então a definição original de desejo,
intenção, desígnio (ARTIGAS, 1967), ferramenta básica da intervenção.
Figura 4. Desenho ilustrativo de intervenção em galeria do rio de uma caverna. Desenho do autor 2013.
353
5. O DESENHO ARQUITETÔNICO NO PROCESSO DE INTERVENÇÃO EM
CAVERNAS
Os estudos realizados na fase de diagnóstico ambiental são consolidados durante a fase
de análise integrada. Nesta etapa os estudos de meio físico, fauna, flora, riscos, atrativos,
arqueologia, paleontologia, recursos hídricos, uso público, impactos existentes, estado de
conservação entre outros são espacializados, tomando como base o mapa topográfico,
gerando mapas temáticos, que, sobrepostos e/ou analisados conjuntamente possibilitam uma
visão mais completa e integrada das características do espaço.
Os mapas temáticos de fragilidade, estado de conservação, riscos ao visitante, atrativos,
zoneamento espeleológico, em conjunto com os objetivos de uso público e de gestão, são a
base para a elaboração das hipóteses de percursos e, por consequência, do fluxo de
visitantes, capacidade de carga e infraestruturas.
Figura 5. Desenho sobre foto de uma galeria de caverna na costa Oeste da Austrália representando o
percurso de caminhamento demarcado no piso até seu atrativo, com objetivo de restringir o pisoteio do
sedimento. Desenho do autor 2013 sobre foto do autor, 2012.
Nesta fase são formuladas as possíveis hipóteses de intervenção e discutidas as
soluções em projetos mais adequadas para viabilizar os objetivos do uso público em função
354
das características do ambiente. A importância da participação da arquitetura nesta fase
justifica-se pela possibilidade de criar cenários e validar os resultados antes de prosseguir
com o projeto. Questões como alternativas técnicas para contornar fragilidades do ambiente
ou riscos de segurança ao visitante, tipos de estruturas mais adequadas em função da
execução, manutenção e vida útil. Materiais mais adequados ao ambiente cavernícola.
Sistemas e equipamentos hidráulicos, de iluminação entre outros, quando necessários.
Interferência visual das estruturas no ambiente. Valorização do aspecto cênico do ambiente.
Mínimo impacto no caso de retirada das estruturas, entre outros aspectos podem ser
antecipadas na fase de estudos de projeto. como as melhores práticas
Nesta abordagem, considerada uma boa prática de projeto, são utilizados recursos de
desenho que permitem a visualização das intervenções. As representações do ambiente com
a espacialização de suas características e as hipóteses de intervenção em plantas, cortes,
fotoinserção, perspectivas ou modelos 3D, são de simples interpretação pelos especialistas e
permitem a sua validação e possíveis ajustes antes do projeto executivo e da execução,
garantindo as melhores soluções.
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AB'SABER, Aziz Nacib. Os domínios de natureza no Brasil: potencialidades paisagísticas.
São Paulo, Ateliê Editorial, 2003.
ANDO, Tadao. Por novos horizontes na arquitetura, 1991, in NESBIT, Kate (org), Uma nova
agenda para a arquitetura, São Paulo, Cosac Naify, 2006, pp 493 a 498;
ARTIGAS, João Batista Vilanova. Caminhos da arquitetura. São Paulo, Pini, 1986.
AULER, Augusto. Espeleometria no Brasil: Uma abordagem histórica. Espeleo-Tema, V.18
p.23-30, Sociedade Brasileira de Espeleologia, Monte Sião, MG, 1997.
AULER, Augusto. Aplicações técnico científicas da topografia de cavernas, in Manual de
Cadastro e Topografia de Cavernas no Brasil. Sociedade Brasileira de Espeleologia,
Curitiba, 1997, p.83-86.
AULER, Augusto; RUBBIOLI, Ezio; BRANDI, Roberto. As Grandes Cavernas do Brasil. Belo
Horizonte: GBPE, 2001.
AULER, Augusto; ZOGBI, Leda. Michel Le Bret, francês e brasileiro, espeleólogo e
desenhista. São Paulo: Redespeleo Brasil, 2006.
AULER, Augusto; ZOGBI, Leda. Espeleologia Noções Básicas. São Paulo: Redespeleo Brasil,
2005.
BECK, Sérgio. Ratos de caverna. São Paulo. Ed do Autor. 1999.
BRANDI, Roberto. Ricardo Krone e Lourenço Granato: Influências na história da espeleologia
paulista no final do século XIX e início do século XX. O Carste, Belo Horizonte v.19 n.2
2007, pp. 36-61.
BRANDI, Roberto; A preservação dos mapas espeleológicos. Um Compromisso com as
futuras gerações. O Carste, Belo Horizonte v.16 n.2, abril/2004, pp. 46-51.
BRANDI, Roberto; Uma visão do traço artístico e gráfico da topografia subterrânea. O Carste,
Belo Horizonte v.21 n.1, abril/2009, pp. 28-29
355
Büchler, Daniela; BIGGS, Michael. Pesquisa acadêmica em áreas de prática projetual. Revista
da Pós n. 26, p 168 – 183. São Paulo, FAUUSP, 2009.
Büchler, Daniela; BIGGS, Michael. Oito critérios para a pesquisa acadêmica em áreas de
prática projetual. Revista da Pós n. 27, p 136 – 152. São Paulo, FAUUSP, 2010.
CASSIMIRO, Roberto e RENGER, Friedrich Ewald. Visita da Expedição Langsdorff à Gruta
Casa da Pedra, município de São João del-Rei - Minas Gerais. Belo Horizonte: Grupo
Bambuí de Pesquisas Espeleológicas, O Carste, v.17, no 1, p. 12 - 21, janeiro de 2005.
CECAV – CENTRO NACIONAL DE ESTUDO, PROTEÇÃO E MANEJO DE CAVERNAS.
Termo de referência para o plano de manejo espeleológico de cavernas com atividades
turísticas implantadas. Brasília: CECAV, 2006.
CECAV – CENTRO NACIONAL DE ESTUDO, PROTEÇÃO E MANEJO DE CAVERNAS.
Cadastro de cavernas. http://www.icmbio.gov.br/cecav/, acessado em 25.06.2013.
CONAMA – CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE. Resolução CONAMA n° 347 de
10 de setembro de 2004. In: Diário Oficial da União, Brasília, ed.176, seção 01, p.54. 13
set. 2004.
FLORENZANO, Teresa Gallotti (org). Geomorfologia: conceitos e tecnologias atuais. São
Paulo, Oficina de Textos, 2008.
FOQUÉ, Richard. Building Knowledge by Design. Texto apresentado na IV JORNADAS
INTERNACIONALES SOBRE INVESTIGACIÓN EN ARQUITECTURA Y URBANISMO.
GREGOTTI, Vittorio. Territorio e arquitetura, 1985, in NESBIT, Kate (org), Uma nova agenda
para a arquitetura, São Paulo, Cosac Naify, 2006, pp 371 a 376.
LE BRET, Michel. Maravilhoso Brasil Subterrâneo. Jundiaí: Editora Japi Ltda, 1995.
LE BRET, Michel. Estudos espeleológicos no vale do alto Ribeira. Boletim do Instituto
Geográfico e Geológico, São Paulo: Instituto Geográfico e Geológico, v. 47, p. 71-129,
1966.
LIMA, Ana Gabriela Godinho et al. Indicadores de pesquisa acadêmica em áreas de prática
projetual. Artigo elaborado pelo Grupo de Pesquisa Arquitetura: Projeto & Pesquisa &
Ensino da Universidade Presbiteriana Mackenzie de São Paulo, Brasil, em colaboração
acadêmica com a University of Hertfordshire, Reino Unido, 2011.
LINO, Clayton F. ; ALLIEVI, João. Cavernas Brasileiras. São Paulo: Melhoramentos, 1980.
LINO, Clayton F. Cavernas: O Fascinante Brasil Subterrâneo. 1.ed. São Paulo: Ed. Rios, 1989
LOBO, Heros Augusto Santos; BOGGIANI, Paulo César.; PERINOTTO, José Alexandre de
Jesus. Espeleoturismo no Brasil: Panorama Geral e Perspectivas de Sustentabilidade.
Revista Brasileira de Ecoturismo, v. 1, n. 1, p. 62-83. 2008.
LOBO, Heros Augusto Santos.; SALLUN FILHO, Willian; VERÍSSIMO, César Ulisses Vieira;
TRAVASSOS, Luiz Eduardo Panisset; FIGUEIREDO, Luiz Afonso Vaz de; RASTEIRO,
Marcelo Augusto. Espeleoturismo: oferta e demanda em recente expansão e
consolidação no Brasil. In: CASTRO, Saskia Freire Lima de; SOUTO, Wilken; RANGEL,
Bárbara Blaudt (Coords.) Segmentação do turismo: experiências, tendências e inovações
– artigos acadêmicos. Brasília: Ministério do Turismo, 2010. p.35-58.
MASSIRONI, Manfredo. Ver pelo desenho. Aspectos técnicos, cognitivos, comunicativos.
Edições 70, Lisboa, 1982.
MEDRANO, Leandro. Complexidade e método na arquitetura contemporânea. 19ºCBA -
Congresso Brasileiro de Arquitetos. Recife / Olinda, junho de 2010.
MORIN, Edgar. Introdução ao Pensamento Complexo. Porto Alegre: Sulina, 2007.
ROBBINS, Edward. Why architects draw. The MIT Press, 1994 Cambridge, Massachusetts
RUBBIOLI, Ezio.; MOURA, Vitor. Mapeamento de Cavernas: Guia prático. Redespeleo Brasil,
São Paulo, 2005
356
RUBBIOLI, Ezio. O papel do croquista na topografia subterrânea. O Carste vol.12, nº4 p.187-
191 out/2000
RUBBIOLI, Ezio; Auler, Augusto. Peter Andreas Brandt e os levantamentos topográficos das
grutas pesquisadas por Lund. O Carste vol.14, nº1 p.18-23 out/2002
SÁNCHEZ, Luis Enrique. Avaliação de Impacto Ambiental: conceitos e métodos. São Paulo,
Oficina de Textos, 2008.
SOCIEDADE BRASILEIRA DE ESPELEOLOGIA - SBE. Manual de cadastro e topografia de
cavernas no Brasil. Curitiba, 1997.
SOCIEDADE BRASILEIRA DE ESPELEOLOGIA - SBE. Cadastro Nacional de Cavernas do
Brasil. http://cavernas.org.br/cnc, acessado em 25.06.2013.
SOCIEDADE BRASILEIRA DE ESPELEOLOGIA - SBE CCEPE - Comissão de Cadastro,
Espeleometria e Províncias Espeleológicas. Normas e convenções espeleométricas.
Sociedade Brasileira de Espeleologia, Curitiba, 1991.
THOMSON, Kenneth C.; TAYLOR, Robert L. The art of cave mapping. Journal of the Missouri
Speleological Survey, Inc. Missouri Speleology V.31, N.1-4, 1991.
TEIXEIRA, Wilson et al. Decifrando a Terra. São Paulo: Oficina de Textos, 2000.
VENI, George et al. Living With Karst: A Fragile Foundation. American Geological Institute,
2001
WATSON, JOHN, HAMILTON-SMITH, ELERY, GILLIESON, DAVID, KIERNAN, KEVIN.
Guidelines for Cave and Karst Protection. IUCN, Suiça, 1997.
WERKER, Val Hildreth; WERKER, Jim C. Cave Conservation and Restoration. Alabama, NSS,
2006
1059

Mais conteúdo relacionado

Semelhante a marcos_silverio_representar_anais

Livro Iluminação Urbana
Livro Iluminação UrbanaLivro Iluminação Urbana
Livro Iluminação UrbanaPlinio Godoy
 
Portfólio Portfólio Portfólio Portfóliop
Portfólio Portfólio Portfólio PortfóliopPortfólio Portfólio Portfólio Portfóliop
Portfólio Portfólio Portfólio Portfólioppjsa1978
 
Visualização e análise espacial nas humanidades: o que ganhamos, o que perdemos?
Visualização e análise espacial nas humanidades: o que ganhamos, o que perdemos?Visualização e análise espacial nas humanidades: o que ganhamos, o que perdemos?
Visualização e análise espacial nas humanidades: o que ganhamos, o que perdemos?Universidade Nova de Lisboa
 
Unesco Paraná - Projeto de Vida - Aula 37 - Arquitetura.pptx
Unesco Paraná - Projeto de Vida - Aula 37 - Arquitetura.pptxUnesco Paraná - Projeto de Vida - Aula 37 - Arquitetura.pptx
Unesco Paraná - Projeto de Vida - Aula 37 - Arquitetura.pptxCELIMARACORDACO
 
Janela de oportunidade, CV Agosto 2018
Janela de oportunidade, CV Agosto 2018Janela de oportunidade, CV Agosto 2018
Janela de oportunidade, CV Agosto 2018Pedro Soares Neves
 
Apresentação do Workshop Colaborativo com Professores - Felipe Sobral
Apresentação do Workshop Colaborativo com Professores - Felipe SobralApresentação do Workshop Colaborativo com Professores - Felipe Sobral
Apresentação do Workshop Colaborativo com Professores - Felipe SobralErika Marion Robrahn-González
 
Um seculo em cartaz
Um seculo em cartazUm seculo em cartaz
Um seculo em cartazVenise Melo
 
VIVA O DIA DO ARQUITETO E URBANISTA DO BRASIL, UM DOS GRANDES RESPONSÁVEIS PE...
VIVA O DIA DO ARQUITETO E URBANISTA DO BRASIL, UM DOS GRANDES RESPONSÁVEIS PE...VIVA O DIA DO ARQUITETO E URBANISTA DO BRASIL, UM DOS GRANDES RESPONSÁVEIS PE...
VIVA O DIA DO ARQUITETO E URBANISTA DO BRASIL, UM DOS GRANDES RESPONSÁVEIS PE...Faga1939
 
Apostila desenho-tecnico ifc
Apostila desenho-tecnico ifcApostila desenho-tecnico ifc
Apostila desenho-tecnico ifcrvaidelloalves
 

Semelhante a marcos_silverio_representar_anais (20)

Livro Iluminação Urbana
Livro Iluminação UrbanaLivro Iluminação Urbana
Livro Iluminação Urbana
 
Pré-Projeto de um site
Pré-Projeto de um sitePré-Projeto de um site
Pré-Projeto de um site
 
Grupos2012
Grupos2012Grupos2012
Grupos2012
 
Design e Planejamento
Design e PlanejamentoDesign e Planejamento
Design e Planejamento
 
Plano mobilidades - AGUDOS
Plano mobilidades - AGUDOSPlano mobilidades - AGUDOS
Plano mobilidades - AGUDOS
 
Portfólio Portfólio Portfólio Portfóliop
Portfólio Portfólio Portfólio PortfóliopPortfólio Portfólio Portfólio Portfóliop
Portfólio Portfólio Portfólio Portfóliop
 
Francis eduardo
Francis eduardoFrancis eduardo
Francis eduardo
 
Visualização e análise espacial nas humanidades: o que ganhamos, o que perdemos?
Visualização e análise espacial nas humanidades: o que ganhamos, o que perdemos?Visualização e análise espacial nas humanidades: o que ganhamos, o que perdemos?
Visualização e análise espacial nas humanidades: o que ganhamos, o que perdemos?
 
Teoria do projeto
Teoria do projetoTeoria do projeto
Teoria do projeto
 
Teoria do projeto
Teoria do projetoTeoria do projeto
Teoria do projeto
 
Unesco Paraná - Projeto de Vida - Aula 37 - Arquitetura.pptx
Unesco Paraná - Projeto de Vida - Aula 37 - Arquitetura.pptxUnesco Paraná - Projeto de Vida - Aula 37 - Arquitetura.pptx
Unesco Paraná - Projeto de Vida - Aula 37 - Arquitetura.pptx
 
Janela de oportunidade, CV Agosto 2018
Janela de oportunidade, CV Agosto 2018Janela de oportunidade, CV Agosto 2018
Janela de oportunidade, CV Agosto 2018
 
Apresentação do Workshop Colaborativo com Professores - Felipe Sobral
Apresentação do Workshop Colaborativo com Professores - Felipe SobralApresentação do Workshop Colaborativo com Professores - Felipe Sobral
Apresentação do Workshop Colaborativo com Professores - Felipe Sobral
 
Abstract book «Participation in planning and public policy» 23/24 Feb 2017 Un...
Abstract book «Participation in planning and public policy» 23/24 Feb 2017 Un...Abstract book «Participation in planning and public policy» 23/24 Feb 2017 Un...
Abstract book «Participation in planning and public policy» 23/24 Feb 2017 Un...
 
Um seculo em cartaz
Um seculo em cartazUm seculo em cartaz
Um seculo em cartaz
 
VIVA O DIA DO ARQUITETO E URBANISTA DO BRASIL, UM DOS GRANDES RESPONSÁVEIS PE...
VIVA O DIA DO ARQUITETO E URBANISTA DO BRASIL, UM DOS GRANDES RESPONSÁVEIS PE...VIVA O DIA DO ARQUITETO E URBANISTA DO BRASIL, UM DOS GRANDES RESPONSÁVEIS PE...
VIVA O DIA DO ARQUITETO E URBANISTA DO BRASIL, UM DOS GRANDES RESPONSÁVEIS PE...
 
Urbanismo
UrbanismoUrbanismo
Urbanismo
 
Apostila desenho-tecnico ifc
Apostila desenho-tecnico ifcApostila desenho-tecnico ifc
Apostila desenho-tecnico ifc
 
Redesenho de sistemas
Redesenho de sistemasRedesenho de sistemas
Redesenho de sistemas
 
Arquitectura
ArquitecturaArquitectura
Arquitectura
 

marcos_silverio_representar_anais

  • 1. 1
  • 2. 2 Anais do 2º Seminário Internacional “Representar Brasil 2013” As representações na Arquitetura, Urbanismo e Design 07 a 09 de agosto de 2013
  • 3. 3 Anais do 2º Seminário Internacional “Representar Brasil 2013” As representações na Arquitetura, Urbanismo e Design 07 a 09 de agosto de 2013 Comitê organizador: Prof. Dr. Artur Simões Rozestraten (FAUUSP) - Presidente Prof. Ms. Claudia Bertero (FADU – UNL) Prof. Dra. Eneida de Almeida (USJT) Prof. Dr. Fernando G. Vázquez Ramos (USJT) Prof. Dr. Jorge Bassani (FAUUSP) Prof. Leonardo Bortolloto (FADU – UNL) Prof. Nidia Maidana (FADU – UNL) PRof. Ms. Mario Lasar Segall (FAUUPM) Prof. Dra. Myrna Nascimento (FAUUSP / Centro Universtário Senac) Prof. Dra. Valéria Santos Fialho (Centro Universtário Senac) Comitê científico Prof. Dr. Fernando Guillermo Vázquez Ramos (USJT) - Presidente Profa. Dra. Anja Pratschke (IAUUSP) Prof. Dr. Arthur Hunold Lara (FAUUSP) Profa. Dra. Cibele Haddad Taralli (FAUUSP) Profa. Dra. Clice de Toledo Sanjar Mazzilli (FAUUSP) Prof. Dr. David Moreno Sperling (IAUUSP) Profa. Dra. Eunice Helena Sguizzardi Abascal (FAUUPM) Prof. Dr. Fernando Duro da Silva (UNISINOS) Prof. Dr. João Carlos de Oliveira Cesar (FAUUSP) Prof. Dr. Joubert Jose Lancha (IAUUSP) Profa. Dra. Kátia Azevedo Teixeira (USJT) Prof. Dr. Luís Antonio Jorge (FAUUSP) Prof. Dr. Marcelo Eduardo Giacaglia (FAUUSP) Prof. Dra. Paula De Vincenzo Fidelis Belfort Mattos (USJT) Prof. Dr. Paulo César Castral (IAUUSP) Profa. Dra. Regiane Trevisan Pupo (UFSC) Prof. Dr. Rogério de Castro Oliveira (UFRGS) Profa. Dra. Vera Maria Pallamin (FAUUSP)
  • 4. 4 Sumário 10 APRESENTAÇÃO ARTIGOS EIXO 01 13 Síntesis y contenido en la elaboración de imágenes 2d: Aplicado en la elaboración de propuestas de Arquitectura y Urbanismo Pablo Nicolás Páez; Magnus Luiz Emmendoerfer; Regina Esteves Lustoza 27 A criação pela imagem no projeto urbano Paulo Edison Belo Reyes 42 A função social das imagens produzidas por Geraldo de Barros Ana Luiza Rodrigues Gambardella; Paulo César Castral 58 Caderno de viagem: práticas de ensinagem em desenho de observação para a formação de arquitetos e urbanistas Ana Laura Assumpção; Paulo César Castral 73 De pinturas murais às tecnologias eletrônicas: a busca para a criação do espaço híbrido perfeito. Gisele Pinna Braga 91 Modelos de Referência na Gestão de Processos e Projetos: o papel das representações nas práticas de trabalho em Administração e Negócios Marcio Rodrigues Zenker 112 O desenho no processo projetivo: estudo das representações gráficas de projetos de Paulo Mendes da Rocha Paula Ramos Pacheco; Simone Helena Tanoue Vizioli 127 O design da mídia livro na construção de um discurso projetual: o caso da Villa Dall’Ava de Rem Koolhaas em S,M,L,XL Gabriel Girnos Elias de Souza 141 De lá pra cá - do olhar urbano ao percurso fotográfico no bairro do Pari Daniele Queiroz dos Santos 152 Residência Hélio Olga: processo projetual e representações Miguel Falci 171 A representação gráfica na revista Projeto & Design Flávia Massaro Fonseca, Simone Helena Tanoue Vizioli
  • 5. 5 185 O tablet gráfico na recuperação do desenho a mão livre Paulo Edi Rivero Martins, Mauricio Machado Oliveira; Cínthia Costa Kulpa 196 Exploração e análise das novas interfaces digitais relacionadas à representação gráfica na arquitetura Renato Tamaoki Figueiredo; Simone Helena Tanoue Vizioli 208 Processo de projeto como espacialização da informação: uma leitura sobre as estratégias diagramáticas do Grupo BIG – Bjarke Ingels Group Camila Cardoso Pelá Rosado; David Moreno Sperling 219 Retrospecto histórico da HQ e conceituação variantes no projeto do design. João Carlos Riccó Plácido Silva; Milton Koji Nakata; Luis Carlos Paschoarelli; José Carlos Plácido Silva 234 Glamour doméstico: a casa californiana moderna na ótica de Julius Shullman. Sonia Marques; Daniel Macedo; Pablo Sousa; Wylnna Vidal 244 O desenho no processo projetual: estudo na obra de Andrea Palladio Monika Maria Stumpp 261 Os cadernos de desenho de Eduardo Souto de Moura Edilene Silveira Alessi; Rafael Antonio Cunha Perrone 271 Representações sobre o espaço público em Curitiba na década de 1970 Alexandre Fabiano Benvenutti 284 O Mapa da Cidade e a Cidade do Mapa José Paulo Gouvêa 301 O computador doméstico documentado na planta de venda Artur Vasconcelos Cordeiro 312 Arquitectura e Urbanismo através de Histórias em Quadrinhos: Dreams of the city de Jean Nouvel Tânia Cardoso 330 Arte-concreta como referência para a expressão bidimensional em arquitetura e urbanismo Marko Alexandre Lisboa dos Santos 345 A representação de espaços naturais de arquitetura: o desenho arquitetônico no processo de intervenção em cavernas Marcos Otavio Silverio 357 Diários Gráficos: mediação do desenho nas percepções do cotidiano Beatriz Ribeiro; Paulo César Castral
  • 6. 6 375 Diários Gráficos: uma análise sobre os Diários de Dan Eldon Mateus Segnini Tiberti; Paulo César Castral 391 Cartografias: espaço + informação. Leituras urbanas experimentais David Moreno Sperling; Fábio Lopes de Souza Santos; Beatriz Pereira Masias Marcos 409 A expressão gráfica do projeto acadêmico: estudo dos atributos de projetos de concursos para estudantes de Arquitetura e Urbanismo nacionais e internacionais de 2012 Ana Paula Ribeiro de Araújo; Helio Herbst; Juan Diego Nery de Andrade 424 A representação peculiar de Lina Bo Bardi: o caso específico do projeto do Sesc Pompeia Carlos Quedas Campoy 438 O desenho e a fotografia como instrumentos documentais e poéticos para o reconhecimento do espaço urbano e idealização de novas formas espaciais - interstícios urbanos e estruturas ficcionais Pedro Leão Neto, Andrea Pera Vieira EIXO 02 452 Patrimônio arquitetônico, design e educação: Desenvolvimento de sistemas interativos lúdicos (blocos tridimensionais de montar) Renata Cecilia Gonçalves; Joubert José Lancha 467 O uso da maquete física como ferramenta de leitura do patrimônio cultural Jéssica Ragonha; Simone Helena Tanoue Vizioli 481 Praça Tiradentes de Curitiba: recuperação da memória e reconstrução virtual da praça de 1940 Gisele Pinna Braga; Eduardo Cecco; Jessica Monteiro; Sanábio Ferreira 492 Modelagem tridimensional digital e concepção de projetos arquitetônicos: Um estudo comparativo entre as potencialidades dos softwares AutoCAD, SketchUp e Rhinoceros+Grasshopper na proposição arquitetônica. Fernando Lima; Vinicius Morais 508 O Porto Maravilha e a nova forma urbana da zona portuária do Rio de Janeiro Ana Carolina de Freitas Trindade; Marina Lima Medeiros 523 O uso do modelo físico e digital nos processos de projeto da arquitetura contemporânea Jéssica Salmaso ; Simone Helena Tanoue Vizioli 537 Obras plásticas concretistas como referência para a expressão tridimensional em arquitetura e urbanismo Marko Alexandre Lisboa dos Santos
  • 7. 7 552 O Papel da Modelagem Tridimensional no Processo Projetual de Oscar Niemeyer a partir de seu colaborador-maquetista Gilberto Antunes Juliana Eiko Hiroki 570 Maquetes híbridas: diálogos entre as técnicas tradicionais e as tecnologias digitais Frederico Braida; Aline Calazans Marques; Lara Scanapieco Barreto; Felipe Arlindo Silva 584 Integração de Dispositivos Robotizados na Representação em Arquitetura e no Design Stefano Mega; Arthur Hunold Lara EIXO 03 605 Uma cartografia do cotidiano para colorir o Centro de Vitória Camila Benezath Rodrigues Ferraz 619 Desconstrução e reconstrução da casa Guper: desenho e investigação projetual Ana Elísia da Costa; Marina Barreto da Luz 636 Re-construção como modo de aprender arquitetura Edson da Cunha Mahfuz 644 Hipótese sobre Hipótese: desenho e análise do processo projetual de Rino Levi Ana Elísia da Costa; Bruna Brilmann 661 O uso de modelos em etapas iniciais do processo de design Gil Barros; Carlos Zibel Costa; Leandro Manuel Reis Velloso 673 Modelagem gráfica de espécies da caatinga Erick Vinicius Silva da Cunha; Luciana Andrade dos Passos; Heitor de Andrade Silva 685 Guia de arquitetura: estudo de aplicativo utilizando a realidade aumentada Ana Luiza Zimmermann de Quadros; Gisele Pinna Braga 702 Inter-relações entre os processos de concepção, desenvolvimento e comunicação do projeto: metodologia de projeto e estratégias de expressão gráfica em arquitetura e urbanismo Cezar Rabel; André Augusto de Almeida Alves 715 Objeto variável: entre a representação e a imagem Adriana Ricciardi Rodrigues Lima 727 Relações histórico-conceituais entre representação e projeto: de Alberti à plataforma BIM de trabalho, da abstração ao modelo da informação. Vinicius Morais; Fernando Lima
  • 8. 8 737 Entre desenhos e maquetes: uma experiência de análise gráfica fundamentada no hibridismo e na complementariedade das técnicas de representação bi e tridimensionais Frederico Braida; Juliane Fonseca 752 Quatro Desenhos de Frank Lloyd Wright Paulo Yassuhide Fujioka 770 Sobre o Memorial dos Judeus Assassinados da Europa João Yamamoto 786 Confecção de objeto luminoso: uma experiência na exploração da forma e do espaço em arquitetura. Marko Alexandre Lisboa dos Santos 800 Para pensar o projeto do objeto: ideias no papel e de papel. Juliano Aparecido Pereira; Patricia Pimenta Azevedo Ribeiro 814 Memória reapresentada em Itu: ensaio sobre a conversão de imagens urbanas históricas da cidade em modelos tridimensionais digitais. André Luís de Lima 832 Entre o lápis e o mouse, ainda: implicações didáticas no uso do computador e do desenho tradicional no ensino de projeto Juliano Carlos Cecílio Batista Oliveira; Patricia Pimenta Azevedo Ribeiro 846 Visão celeste: pintura paulista colonial Danielle Manoel dos Santos Pereira 857 Arte e resistência urbana. A cidade como suporte e documento de processo. Anna Lúcia dos Santos Vieira e Silva; Cláudia Teixeira Marinho; Levi Holanda Castelo Branco 878 Ateliers de história da arquitetura: de desenhos e modelos descritivos a desenhos e modelos analíticos. Marcio Cotrim; Nelci Tinem; Wylnna Vidal 887 A lógica da favela pela gramática da forma Maria Angela Dias; Danusa Chini Gani; Margaret Lica Chokyu 896 Design computacional como ferramenta para processos participativos em arquitetura Ivan Custódio dos Santos Souto 915 Desenho e fotografia: além da questão do suporte no processo de criação em arquitetura Daniela Mendes Cidade 930 Representación, lenguajes gráficos y proyectación: lo que se juega en la enseñanza del diseño. Nidia B. Maidana; Leonardo Bortolotto; Claudia G. Bertero
  • 9. 9 942 Produção cartográfica e iconográfica como instrumento de análise Silvio Soares Macedo; Rafael Lopez Pegoraro; Ana Cecília M. de Arruda Campos; Fernanda Lobão; Luis Felipe do Nascimento; Patricia Eiko Aguchuki 952 Entre a imagem e o objeto, o manual e o digital: a representação em uma experiência acadêmica de projeto arquitetônico. Matheus José Rigon; Jamile de Bastiani; Christine Martins Scherer 977 Utilização de tablets e materiais didáticos interativos multimídia no ensino de arquitetura e urbanismo Elena Furlan da França; Daniel de Carvalho Moreira PÔSTERES 992 EIXO 01 1021 EIXO 02 1032 EIXO 03
  • 10. 10 Apresentação O Seminário Internacional “Representar Brasil 2013: As representações na Arquitetura, Urbanismo e Design” é uma iniciativa inédita de cinco instituições de ensino superior (quatro brasileiras: USP, USJT, UPM, SENAC; e uma da República Argentina: FADU-UNL) que somaram esforços e iniciativas, capital humano e pedagógico, recursos físicos e de pesquisa, para dar continuidade à proposta de criação e consolidação de um amplo campo internacional de estudos sobre um importante tema, que é inerente e imprescindível à compreensão e à concepção da arquitetura, do urbanismo e do design: as representações. O Seminário Internacional “Representar”, Brasil 2013, promoverá atividades de comunicação, reflexão e debate sobre as representações e suas relações e contatos com os processos de projeto em arquitetura, urbanismo e design. Ao reunir diferentes pensadores, críticos, historiadores, teóricos e profissionais, com visões e posturas variadas e abrangentes sobre o tema, colocar-se-á em discussão a natureza das representações, seus papéis, potencialidades e interações no mundo contemporâneo. O intuito desta iniciativa é estimular perspectivas críticas e revisões teórico-conceituais que motivam a prática e que poderão vir a repercutir tanto na atuação profissional, quanto nas propostas pedagógicas, assim como no desenvolvimento de linhas de pesquisa atuais e futuras, vinculadas aos diferentes programas de pós-graduação em arquitetura, urbanismo e design. Considerando a necessidade da consolidação de espaços de participação e experimentação, que ponham em pauta as possibilidades de interações complementares entre as representações manuais e eletrônicas, o Seminário reunirá pesquisadores, docentes, arquitetos e estudantes para o diálogo, o debate e a construção de perspectivas sobre o “estado da arte” quanto ao tema, e o reconhecimento das frentes que possam vir a demandar pesquisas. A constituição de um fórum acadêmico sobre as representações pretende, também, atender à necessidade de intercâmbio de experiências internacionais, de articulação e colaboração entre grupos de pesquisa de vários países, assim como promover publicações específicas sobre o assunto através de iniciativas editoriais de caráter científico que contribuam para os objetivos de renovação temática dos programas de pós-graduação existentes no país e no exterior.
  • 12. 12 Eixo temático 01: Reúne as experiências que elegem o plano como suporte, compreendendo assim qualquer tipo de material que possa ser traduzido como superfície bidimensional de apoio à imagem produzida; ou seja, toda diversidade de imagens que compartilhem a condição de estarem construídas em um plano. Assim, incluem-se neste eixo desenhos e expressões gráficas de toda natureza, fotografias, colagem e imagens em geral, impressões, texturas e relevos, e registros executados sobre papéis, lâminas, chapas, painéis, pisos e toda sorte de extensão material capaz de abrigar elementos particulares da representação visual plana.
  • 13. 345 A representação de espaços naturais de arquitetura: o desenho arquitetônico no processo de intervenção em cavernas The representation of natural spaces of architecture: the architectural design in the intervention process in caves Marcos Otavio Silverio, Arquiteto e Urbanista, mestrando em Projeto de Arquitetura - FAUUSP, pesquisador do Grupo de Pesquisa em Arquitetura: Projeto, Pesquisa e Ensino da USP, associado ao Grupo Bambuí de Pesquisas Espeleológicas. email: msilverio@usp.br RESUMO As cavernas caracterizam-se por ter sua gênese e desenvolvimento decorrentes de complexos processos geológicos, pela ausência de luz, pelo equilíbrio instável de níveis de energia e por frágeis interações bióticas. Expressão mais rudimentar do significado da arquitetura, as cavernas foram o primeiro abrigo do homem. Locais simbólicos que desde a pré-história estimulam a curiosidade humana em busca de aventura, mistério e beleza. Por ser compatível com os propósitos de conservação e educação ambiental o uso público de cavernas é uma importante alternativa econômica e a base para o seu planejamento é o desenho. Na medida em que é necessária a compreensão das características e dos processos complexos que atuaram e atuam no ambiente das cavernas para a representação de seu espaço, o processo arquitetônico de formulação e análise de hipóteses de projeto nestes ambientes somente é possível com a utilização de recursos imagéticos, conduzido por meio de raciocínio projetual e sobretudo com a utilização de desenhos analíticos, cognitivos e propositivos. Palavras-chave: Arquitetura; Cavernas; Desenho; Uso público de cavernas.
  • 14. 346 ABSTRACT The caves are characterized for their genesis and development arising from complex geological processes, the absence of light, the unstable equilibrium of energy levels and fragile biotic interactions. Most rudimentary expression of the meaning of architecture, the caves were the first shelterm of the man. Symbolic place since prehistory keep to inspire human curiosity in search of adventure, mystery and beauty. To be compatible with the purposes of conservation and environmental education, the public use of caves is an important economic alternative and the fundamental for your planning is the design. Because is necessary to understand the features and the complex processes operating and operate yet in the environment caves, for the representation of its space, the architectural process for elaboration and analysis of the project hypothesis in these environments is only possible with the use of resources pictorial, conducted by project logic and mainly with the use of analytical, cognitive and proposals drawings. Key words: architecture; caves; drawing; public use of caves 1. INTRODUÇÃO 1.1 CAVERNAS As cavernas são cavidades naturais subterrâneas formadas por processos naturais, independentemente do tipo de rocha, incluídos a rocha encaixante, seu ambiente, seu conteúdo mineral, as comunidades animais e vegetais ali existentes e sua área de influência, a qual é definida por meio de estudos técnico-científicos. São ambientes de singular importância científica, ambiental e cultural. A espeleologia é a ciência que estuda as cavernas e compreende diversas áreas do conhecimento técnico-científico. Informações sobre o clima, fauna e flora passados e as primeiras representações e registros humanos estão registrados em suas paredes, pisos e sedimentos e compõem o Patrimônio Espeleológico Brasileiro. As cavernas desenvolvem-se em diferentes litologias tais como quartzitos, arenitos, granitos, formações ferríferas e carbonatos. Porém é nas rochas carbonáticas, como calcários, mármores e dolomitos, nas quais estão inseridas a maioria das cavernas conhecidas e as mais extensas e ornamentadas, com formações típicas como estalagmites e estalactites. Estas cavernas em rochas carbonáticas geralmente estão associadas à outras formas de relevo e hidrologia decorrentes de processos de dissolução química das rochas, como dolinas, vales secos, sumidouros e nascentes, que configuram uma paisagem conhecida como carste.
  • 15. 347 As principais regiões com ocorrência de cavernas do Brasil, conhecidas como províncias espeleológicas, incluindo as não cársticas, estão nos estados da Bahia, Minas Gerais, Goiás, Tocantins, Pará, Mato Grosso do Sul, São Paulo e Paraná. No Brasil, há 5.831 cavernas registradas no Cadastro Nacional de Cavernas da Sociedade Brasileira de Espeleologia (SBE, 2013) e mais de 10.000 na base de dados do Centro Nacional de Estudos e Conservação de Cavernas do ICMBio (CECAV, 2013). Em relação a extensão das cavernas brasileiras há pelo menos dez com mais de 10 km mapeados, com destaque para a Toca da Boa Vista na Bahia, com 107 km (SBE, 2013). 1.2 USO PÚBLICO DE CAVERNAS Os aspectos culturais, científicos e ambientais, tornam as cavernas importantes atrativos naturais. Seu uso responsável é uma alternativa econômica para a sociedade e compatível com os propósitos de conservação e educação ambiental. O uso público das cavernas requer um planejamento transdisciplinar, apoiado em informações técnicas e científicas de diferentes campos do conhecimento, integradas no âmbito da espeleologia. O plano de manejo espeleológico é o documento técnico elaborado com objetivo de estabelecer o zoneamento e o ordenamento do uso da caverna em função de suas características ambientais e das atividades previstas, inclusive a implantação das estruturas físicas necessárias à sua gestão (CONAMA, 2004). Em 2008 havia no Brasil 175 cavernas com visitação turística (LOBO et al., 2008) sendo que destas apenas 11 com um plano de manejo espeleológico elaborado e aprovado e 36 em processo de finalização (LOBO et al., 2010). As cavernas com visitação turística no Brasil recebem entre 20.000 e 50.000 visitas anuais, um número comparativamente baixo em relação à cavernas em outros países, que recebem até 1 milhão de visitas anuais (LOBO et al., 2010), o qual revela um grande potencial de crescimento. 2. O DESENHO ESPELEOLÓGICO Ao contrário da superfície da Terra, o subterrâneo não pode ser analisado por meio de recursos remotos tais como satélites, radares ou fotos aéreas. Tampouco podem ser analisados em sua totalidade in loco. A representação de suas feições e processos por meio de mapas, diagramas e esquemas, então, é de fundamental importância devido às características complexas do sistema subterrâneo, as quais dificultam a sua compreensão.
  • 16. 348 Este olhar vai além do visível, é panorâmico e exploratório e soma-se ao domínio da síntese do que é relevante representar das características visíveis e não visíveis. Por seu caráter sintético e analítico esta representação gráfica da complexidade do espaço-tempo subterrâneo, seus espaços físicos e seus processos atuantes, torna mais visíveis as características do objeto representado. A imagem assume então o lugar do objeto e é fundamental na formulação e análise das hipóteses de intervenção. Figura1. Croquis de mapeamento de uma caverna com as principais características morfológicas. Os cortes mostram informações sobre o seu desenvolvimento como fraturas e acamamento da rocha. Desenho do autor, 2009. Os desenhos espeleológicos permitem compreender a morfologia, as proporções, as dimensões e as inter-relações dos espaços naturais subterrâneos e entre estes a as formas de relevo da superfície. Também auxiliam na elaboração de hipóteses sobre sua gênese, dinâmica e evolução, representando processos não visíveis diretamente, como a representação de uma imagem baseada em um processo de criação mental, a hipotetigrafia (MASSIRONI, 1982, p.139-190).
  • 17. 349 Figura 2. Mapa topográfico da Gruta do Lago Subterrâneo na região Sul de São Paulo. Na parte superior a planta e cortes transversais e na parte inferior o corte longitudinal com a indicação do desnível total. Desenho do autor, 2011. Os desenhos espeleológicos podem ser classificados como documental : mapas de cavernas e registros de exploração representativo : ilustrações e croquis esquemáticos analítico : diagramas, esquemas e mapas que auxiliam a comprensão do sistema subterrâneo reflexivo conceitual : diagramas, esquemas e mapas que auxiliam na formulação e apresentação de hipóteses sobre a gênese, evolução, dinâmica e processos atuantes propositivo projetual : compreende as representações gráficas de projetos e propostas de intervenção 2.1 HISTÓRICO DO MAPEAMENTO DE CAVERNAS NO BRASIL O primeiro registro iconográfico de cavernas brasileiras foi realizado em 1824 pelo desenhista alemão Johann Moritz Rugendas, participante da expedição do alemão Georg Heinrich Freiherr von Langsdorff, que realizou os desenhos da Gruta Casa de Pedra em São João del-Rei, Minas Gerais. (CASSIMIRO & RENGER, 2005).
  • 18. 350 Em 1835 o artista norueguês Peter Andreas Brandt, que acompanhava o naturalista dinamarquês Peter Wilhelm Lund em suas pesquisas paleontológicas, elaborou os primeiros mapas das cavernas brasileiras na região de Cordisburgo e Curvelo em Minas Gerais (AULER, 2001). Lund é considerado o pai da espeleologia brasileira. Após Lund o alemão Richard Krone foi o mais importante naturalista do ponto de vista espeleológico no Brasil, atuando no Vale do Ribeira de Iguape, Sul do estado de São Paulo, entre os anos 1895 e 1906 com a exploração de pouco mais de 30 cavernas e a produção de alguns esboços das cavernas visitadas (AULER et al, 2001; BRANDI, 2007). Em 1894 o naturalista mineiro Álvaro da Silveira mapeou a Gruta Casa de Pedra, em São João del-Rei, utilizando bússola de mão, trena e clinômetro, produzindo a planta e perfil da cavidade (CASSIMIRO & RENGER, 2005). Em 1937 Victor Dequech e alunos da Escola de Minas de Ouro Preto fundam a Sociedade Excursionista e Espeleológica - SEE, o primeiro grupo dedicado à exploração e ao mapeamento de cavernas do Brasil. Na década de 1960 a espeleologia brasileira ganha grande impulso com a atuação de imigrantes estrangeiros (LINO, 1989). Em 1969 é fundada a Sociedade Brasileira de Espeleologia (SBE) e na década de 1970 é criado o primeiro cadastro de cavernas do Brasil, surgem grupos como o Centro Excursionista Universitário (CEU), o Grupo Opiliões e o Clube Alpino Paulista (CAP), que ligados ao meio acadêmico iniciam uma nova fase de mapeamentos e estudos científicos em cavernas, (LINO, 1989; AULER, 2001). À partir da década de 1980 surgem novos grupos que unem integrantes amadores e acadêmicos. Sendo as principais atividades a prospecção e o mapeamento de cavernas, a contribuição à pesquisa científica e o aprimoramento de técnicas de exploração e mapeamento. Após a publicação do Decreto 6.640/2008, que permite a supressão de cavernas, deu-se um novo impulso ao mapeamento espeleológico devido à demanda por estudos ambientais, especialmente para licenciamento de mineração e obras de infraestrutura de grande porte, os quais levaram ao aprimoramento de técnicas de levantamento de campo e de representação gráfica dos mapas, especialmente quanto à sua precisão e detalhamento. 3. APLICAÇÕES DO MAPEAMENTO DE CAVERNAS O mapa de caverna, como documento cartográfico, é a base à qual se referem os estudos técnicos e científicos ligados à espeleologia. Para fins cartográficos é imprescindível que se tenha a morfometria do espaço subterrâneo, que aliada a localização da caverna, em relação a superfície, permite que a mesma seja caracterizada com o entidade geográfica (AULER, 1997 p.83).
  • 19. 351 O mapa de caverna é fundamental para documentar a sua existência, para o entendimento de sua forma, gênese e evolução. A sua relacão com com a superfície, a localização de sua entrada, para os trabalhos de exploração e dados espeleométricos (extensão, área, volume, desnível). É a base para estudos científicos (biologia, geologia, hidrogeologia, paleontologia, arqueologia, paleoclima etc). Estudos técnicos para implantação de uso público, manejo, infraestrutura, fragilidade e segurança e conservação do patrimônio espeleológico. E para o planejamento urbano em áreas de ocorrência de cavidades naturais subterrâneas. Figura 3. Mapa topográfico da Gruta da Tapagem (Caverna do Diabo) na região Sul de São Paulo. A planta mostra o percurso de visitação existente e o projetado sobre o mapa temático de risco ao visitante. Verde baixo, amarelo médio, vermelho elevado, marrom muito elevado. Desenho do autor 2013, sobre mapa do autor, 2008. 4. INTERVENÇÃO ARQUITETÔNICA POR MEIO DO DESENHO Embora as ciências tenham priorizado o raciocínio lógico e reduzido a importância da experiência prática, na arquitetura, e nas artes em geral, a experiência é fundamental para a construção de conhecimento, sendo necessário conhecer para transformar. Segundo ROBBINS (1994): O desenho é crucial para conceituação cultural e manifestação do projeto e é fundamental para transmitir todos as intrincadas características do projeto arquitetônico. É um importante
  • 20. 352 instrumento para ordenar e estruturar interações e relações sociais dos que participam do processo de projeto, como projetistas, clientes e construtores. Para Tadao Ando (1991) a criação arquitetônica não é um método para soluções de questões técnicas, ela deve ser acompanhada de uma ação crítica, e pede a contemplação das origens e da essência dos requisitos funcionais de um projeto, conjuntamente à identificação dos problemas essenciais. Sendo o processo arquitetônico investigativo e conduzido por meio de raciocínio projetual, pois enseja a construção de raciocínios teóricos e de resultados efetivos que não seriam possíveis de serem alcançados pelo emprego exclusivo de métodos textuais (LIMA et al, 2011), este só pode ser efetivado por meio de desenhos de significado cognitivo, no qual formulam-se hipóteses e selecionam-se as soluções mais adequadas à questão em vista, em aproximações sucessivas. Estes recursos imagéticos, portanto, são fundamentais para demonstrar elementos que não seriam passíveis de descrição, ou compreensão, por outros métodos que não pelo desenho. O desenho retoma então a definição original de desejo, intenção, desígnio (ARTIGAS, 1967), ferramenta básica da intervenção. Figura 4. Desenho ilustrativo de intervenção em galeria do rio de uma caverna. Desenho do autor 2013.
  • 21. 353 5. O DESENHO ARQUITETÔNICO NO PROCESSO DE INTERVENÇÃO EM CAVERNAS Os estudos realizados na fase de diagnóstico ambiental são consolidados durante a fase de análise integrada. Nesta etapa os estudos de meio físico, fauna, flora, riscos, atrativos, arqueologia, paleontologia, recursos hídricos, uso público, impactos existentes, estado de conservação entre outros são espacializados, tomando como base o mapa topográfico, gerando mapas temáticos, que, sobrepostos e/ou analisados conjuntamente possibilitam uma visão mais completa e integrada das características do espaço. Os mapas temáticos de fragilidade, estado de conservação, riscos ao visitante, atrativos, zoneamento espeleológico, em conjunto com os objetivos de uso público e de gestão, são a base para a elaboração das hipóteses de percursos e, por consequência, do fluxo de visitantes, capacidade de carga e infraestruturas. Figura 5. Desenho sobre foto de uma galeria de caverna na costa Oeste da Austrália representando o percurso de caminhamento demarcado no piso até seu atrativo, com objetivo de restringir o pisoteio do sedimento. Desenho do autor 2013 sobre foto do autor, 2012. Nesta fase são formuladas as possíveis hipóteses de intervenção e discutidas as soluções em projetos mais adequadas para viabilizar os objetivos do uso público em função
  • 22. 354 das características do ambiente. A importância da participação da arquitetura nesta fase justifica-se pela possibilidade de criar cenários e validar os resultados antes de prosseguir com o projeto. Questões como alternativas técnicas para contornar fragilidades do ambiente ou riscos de segurança ao visitante, tipos de estruturas mais adequadas em função da execução, manutenção e vida útil. Materiais mais adequados ao ambiente cavernícola. Sistemas e equipamentos hidráulicos, de iluminação entre outros, quando necessários. Interferência visual das estruturas no ambiente. Valorização do aspecto cênico do ambiente. Mínimo impacto no caso de retirada das estruturas, entre outros aspectos podem ser antecipadas na fase de estudos de projeto. como as melhores práticas Nesta abordagem, considerada uma boa prática de projeto, são utilizados recursos de desenho que permitem a visualização das intervenções. As representações do ambiente com a espacialização de suas características e as hipóteses de intervenção em plantas, cortes, fotoinserção, perspectivas ou modelos 3D, são de simples interpretação pelos especialistas e permitem a sua validação e possíveis ajustes antes do projeto executivo e da execução, garantindo as melhores soluções. 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AB'SABER, Aziz Nacib. Os domínios de natureza no Brasil: potencialidades paisagísticas. São Paulo, Ateliê Editorial, 2003. ANDO, Tadao. Por novos horizontes na arquitetura, 1991, in NESBIT, Kate (org), Uma nova agenda para a arquitetura, São Paulo, Cosac Naify, 2006, pp 493 a 498; ARTIGAS, João Batista Vilanova. Caminhos da arquitetura. São Paulo, Pini, 1986. AULER, Augusto. Espeleometria no Brasil: Uma abordagem histórica. Espeleo-Tema, V.18 p.23-30, Sociedade Brasileira de Espeleologia, Monte Sião, MG, 1997. AULER, Augusto. Aplicações técnico científicas da topografia de cavernas, in Manual de Cadastro e Topografia de Cavernas no Brasil. Sociedade Brasileira de Espeleologia, Curitiba, 1997, p.83-86. AULER, Augusto; RUBBIOLI, Ezio; BRANDI, Roberto. As Grandes Cavernas do Brasil. Belo Horizonte: GBPE, 2001. AULER, Augusto; ZOGBI, Leda. Michel Le Bret, francês e brasileiro, espeleólogo e desenhista. São Paulo: Redespeleo Brasil, 2006. AULER, Augusto; ZOGBI, Leda. Espeleologia Noções Básicas. São Paulo: Redespeleo Brasil, 2005. BECK, Sérgio. Ratos de caverna. São Paulo. Ed do Autor. 1999. BRANDI, Roberto. Ricardo Krone e Lourenço Granato: Influências na história da espeleologia paulista no final do século XIX e início do século XX. O Carste, Belo Horizonte v.19 n.2 2007, pp. 36-61. BRANDI, Roberto; A preservação dos mapas espeleológicos. Um Compromisso com as futuras gerações. O Carste, Belo Horizonte v.16 n.2, abril/2004, pp. 46-51. BRANDI, Roberto; Uma visão do traço artístico e gráfico da topografia subterrânea. O Carste, Belo Horizonte v.21 n.1, abril/2009, pp. 28-29
  • 23. 355 Büchler, Daniela; BIGGS, Michael. Pesquisa acadêmica em áreas de prática projetual. Revista da Pós n. 26, p 168 – 183. São Paulo, FAUUSP, 2009. Büchler, Daniela; BIGGS, Michael. Oito critérios para a pesquisa acadêmica em áreas de prática projetual. Revista da Pós n. 27, p 136 – 152. São Paulo, FAUUSP, 2010. CASSIMIRO, Roberto e RENGER, Friedrich Ewald. Visita da Expedição Langsdorff à Gruta Casa da Pedra, município de São João del-Rei - Minas Gerais. Belo Horizonte: Grupo Bambuí de Pesquisas Espeleológicas, O Carste, v.17, no 1, p. 12 - 21, janeiro de 2005. CECAV – CENTRO NACIONAL DE ESTUDO, PROTEÇÃO E MANEJO DE CAVERNAS. Termo de referência para o plano de manejo espeleológico de cavernas com atividades turísticas implantadas. Brasília: CECAV, 2006. CECAV – CENTRO NACIONAL DE ESTUDO, PROTEÇÃO E MANEJO DE CAVERNAS. Cadastro de cavernas. http://www.icmbio.gov.br/cecav/, acessado em 25.06.2013. CONAMA – CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE. Resolução CONAMA n° 347 de 10 de setembro de 2004. In: Diário Oficial da União, Brasília, ed.176, seção 01, p.54. 13 set. 2004. FLORENZANO, Teresa Gallotti (org). Geomorfologia: conceitos e tecnologias atuais. São Paulo, Oficina de Textos, 2008. FOQUÉ, Richard. Building Knowledge by Design. Texto apresentado na IV JORNADAS INTERNACIONALES SOBRE INVESTIGACIÓN EN ARQUITECTURA Y URBANISMO. GREGOTTI, Vittorio. Territorio e arquitetura, 1985, in NESBIT, Kate (org), Uma nova agenda para a arquitetura, São Paulo, Cosac Naify, 2006, pp 371 a 376. LE BRET, Michel. Maravilhoso Brasil Subterrâneo. Jundiaí: Editora Japi Ltda, 1995. LE BRET, Michel. Estudos espeleológicos no vale do alto Ribeira. Boletim do Instituto Geográfico e Geológico, São Paulo: Instituto Geográfico e Geológico, v. 47, p. 71-129, 1966. LIMA, Ana Gabriela Godinho et al. Indicadores de pesquisa acadêmica em áreas de prática projetual. Artigo elaborado pelo Grupo de Pesquisa Arquitetura: Projeto & Pesquisa & Ensino da Universidade Presbiteriana Mackenzie de São Paulo, Brasil, em colaboração acadêmica com a University of Hertfordshire, Reino Unido, 2011. LINO, Clayton F. ; ALLIEVI, João. Cavernas Brasileiras. São Paulo: Melhoramentos, 1980. LINO, Clayton F. Cavernas: O Fascinante Brasil Subterrâneo. 1.ed. São Paulo: Ed. Rios, 1989 LOBO, Heros Augusto Santos; BOGGIANI, Paulo César.; PERINOTTO, José Alexandre de Jesus. Espeleoturismo no Brasil: Panorama Geral e Perspectivas de Sustentabilidade. Revista Brasileira de Ecoturismo, v. 1, n. 1, p. 62-83. 2008. LOBO, Heros Augusto Santos.; SALLUN FILHO, Willian; VERÍSSIMO, César Ulisses Vieira; TRAVASSOS, Luiz Eduardo Panisset; FIGUEIREDO, Luiz Afonso Vaz de; RASTEIRO, Marcelo Augusto. Espeleoturismo: oferta e demanda em recente expansão e consolidação no Brasil. In: CASTRO, Saskia Freire Lima de; SOUTO, Wilken; RANGEL, Bárbara Blaudt (Coords.) Segmentação do turismo: experiências, tendências e inovações – artigos acadêmicos. Brasília: Ministério do Turismo, 2010. p.35-58. MASSIRONI, Manfredo. Ver pelo desenho. Aspectos técnicos, cognitivos, comunicativos. Edições 70, Lisboa, 1982. MEDRANO, Leandro. Complexidade e método na arquitetura contemporânea. 19ºCBA - Congresso Brasileiro de Arquitetos. Recife / Olinda, junho de 2010. MORIN, Edgar. Introdução ao Pensamento Complexo. Porto Alegre: Sulina, 2007. ROBBINS, Edward. Why architects draw. The MIT Press, 1994 Cambridge, Massachusetts RUBBIOLI, Ezio.; MOURA, Vitor. Mapeamento de Cavernas: Guia prático. Redespeleo Brasil, São Paulo, 2005
  • 24. 356 RUBBIOLI, Ezio. O papel do croquista na topografia subterrânea. O Carste vol.12, nº4 p.187- 191 out/2000 RUBBIOLI, Ezio; Auler, Augusto. Peter Andreas Brandt e os levantamentos topográficos das grutas pesquisadas por Lund. O Carste vol.14, nº1 p.18-23 out/2002 SÁNCHEZ, Luis Enrique. Avaliação de Impacto Ambiental: conceitos e métodos. São Paulo, Oficina de Textos, 2008. SOCIEDADE BRASILEIRA DE ESPELEOLOGIA - SBE. Manual de cadastro e topografia de cavernas no Brasil. Curitiba, 1997. SOCIEDADE BRASILEIRA DE ESPELEOLOGIA - SBE. Cadastro Nacional de Cavernas do Brasil. http://cavernas.org.br/cnc, acessado em 25.06.2013. SOCIEDADE BRASILEIRA DE ESPELEOLOGIA - SBE CCEPE - Comissão de Cadastro, Espeleometria e Províncias Espeleológicas. Normas e convenções espeleométricas. Sociedade Brasileira de Espeleologia, Curitiba, 1991. THOMSON, Kenneth C.; TAYLOR, Robert L. The art of cave mapping. Journal of the Missouri Speleological Survey, Inc. Missouri Speleology V.31, N.1-4, 1991. TEIXEIRA, Wilson et al. Decifrando a Terra. São Paulo: Oficina de Textos, 2000. VENI, George et al. Living With Karst: A Fragile Foundation. American Geological Institute, 2001 WATSON, JOHN, HAMILTON-SMITH, ELERY, GILLIESON, DAVID, KIERNAN, KEVIN. Guidelines for Cave and Karst Protection. IUCN, Suiça, 1997. WERKER, Val Hildreth; WERKER, Jim C. Cave Conservation and Restoration. Alabama, NSS, 2006
  • 25. 1059