1. LIÇÃO 2
QUAL A IMPORTÂNCIA DAS CÉLULAS?
1. Dê uma nota de 0 a 10 quanto a importância que você dá às células como
prioridade para a vida de sua igreja. Explique sua nota.
2. Indique um dos aspetos da vida da igreja que seria muito prejudicado se ela não
tiver células e descreva as conseqüências disso.
Por não responderem a estas perguntas, a grande maioria dos pastores, e das igrejas,
não tem uma visão correta da dinâmica da Igreja Primitiva, nem uma convicção clara
da prioridade desses grupos em sua igreja. Esperamos que sua visão seja ampliada
pela constatação de que as células são o alicerce para o crescimento da igreja,
evangelizando novas pessoas, integrando-as, e tornando-as líderes que evangelizam
e discipulam a outros.
Algumas pessoas poderiam perguntar: “Se esses grupos são tão importantes, por que,
desde a Reforma não se deu ênfase a eles até recentemente?” Boa pergunta! A
cultura evangélica se desenvolveu basicamente como uma expressão rural e de
cidades pequenas até depois da Segunda Guerra Mundial. Nessa cultura os
relacionamentos familiares e o tamanho das igrejas se prestavam à prática de vida
comunitária de forma natural.
Hoje, especialmente nas grandes cidades de nosso país, não existe mais comunidade.
Se a igreja não despertar para essa realidade e instituir a “Segunda Reforma” (quanto
à eclesiologia), (sistema e estrutura da igreja), terá dificuldade em ser uma
comunidade de amor onde Deus se manifesta.
Uma igreja com células saudáveis cresce como a Igreja Primitiva. Neste capítulo
veremos como as células geram crescimento de três formas:
1. Crescimento Qualitativo - aprofundando os relacionamentos, a participação e
a maturidade individual e coletiva da igreja.
2. Crescimento Quantitativo - acrescentando o número de membros,
congregados, células e equipes de ministério.
3. Crescimento Orgânico - desenvolvendo as estruturas da igreja, os odres, que
permitem um maior crescimento qualitativo e quantitativo.
2. 1. As células geram comunhão. Através das células as pessoas se aproximam mais.
Há oportunidade para um conhecimento mais íntimo dos irmãos; nascem laços de
amizade; a comunhão fica mais forte.
É impossível cumprir os mandamentos recíprocos (os “uns aos outros”) quando os
“uns” só se encontram com os “outros” no meio de multidões reunidas para grandes
eventos. Com as células, abre-se a possibilidade de levar a sério esses mandamentos.
Retoma-se o hábito de ir às casas uns dos outros. Os irmãos e vizinhos passam a se
visitar, pelo menos nas reuniões.
Nesse ponto as células são quase inigualáveis, se forem comparadas a outros
trabalhos normais da igreja. As células possuem alguns elementos fortalecedores e
facilitadores de comunhão que não estão presentes em outras reuniões:
A) Maior Intimidade: Numa sociedade urbana é difícil desenvolver amizades. Este é
um dos pontos mais fortes das células. Paul Yonggi Cho comenta o seguinte: “Um dos
maiores problemas da sociedade hoje em dia é a despersonalização dos seres
humanos. Com o aumento da população, as pessoas tornam-se apenas um rosto a
mais na multidão” (Grupos Familiares e o Crescimento da Igreja, Ed. Vida, p. 57).
B) Maior Flexibilidade: Como o grupo é pequeno, os ajustes são mais fáceis e
possibilitam adaptações às diversas realidades. Segundo o contexto e a liderança,
células podem ser desenvolvidas de forma bem diferente. Mesmo usando o mesmo
material de estudo, as células serão bastante distintas.
C) Maior Integração Social: As estruturas sociais tradicionais geralmente se
desfazem quando as pessoas migram para as cidades ou dentro delas. As células
podem preencher esta lacuna, ajudando a desenvolver uma relação familiar dentro de
uma sociedade onde a importância e a presença da família estão sumindo.
D) Maior Mobilidade: As células dão mobilidade à igreja, pois são os “braços” dela
estendidos por toda a cidade.
E) Maior Sensibilidade: Ao mesmo tempo em que as células são extensões da igreja,
são também seus olhos e ouvidos na comunidade. Por meio das células a igreja pode
saber o que está acontecendo na comunidade e servi-la.
3. 2. As células geram suprimento das necessidades. As necessidades pessoais
podem ser mais bem assistidas. Nas grandes reuniões há o “Eu te amo em Jesus”.
Nas células, há o “Eu te amo e tenho tempo para ouvi-lo”. “Eu te amo e posso levá-lo
ao hospital”. “Eu te amo e posso ajudar a sua família enquanto você estiver
desempregado”. As células geralmente abrangem pessoas de uma vizinhança ou de
um grupo social (atletas, médicos, universitários, etc.).
Assim, existe uma sensibilidade maior com relação aos acontecimentos que
preocupam o grupo. Quando pedimos aos participantes que compartilhem pedidos de
oração, as necessidades apresentadas muitas vezes são bem específicas. Orando
com base nisto, e mantendo um relatório dos pedidos, observaremos grandes
mudanças nas vidas dos presentes e do bairro. Em nossa célula, geralmente
começamos o tempo de oração perguntado se houve respostas às orações anteriores.
Quando existem problemas sociais, o grupo tem um potencial maior para ajudar
aquele indivíduo ou família necessitada, pois convive com a sua realidade. As células
estão afinadas com as necessidades locais e aptas para responder de forma prática.
3. As células geram pastoreio individualizado. As células fortalecem e assistem aos
membros da igreja. A célula possibilita um pastoreio mais eficaz. Uma vez
multiplicadas e havendo células suficientes, cada pessoa da igreja deve pertencer a
uma célula devidamente dirigida por um líder, que se torna o líder pastoral da célula.
Muitos problemas do rebanho são resolvidos com desabafos, intercessão e
aconselhamento mútuos, troca de experiências ou exortações amorosas, o que pode
acontecer muito bem nas células. Por meio delas, a sobrecarga pastoral é tirada,
havendo uma melhor distribuição de funções que anteriormente eram somente
responsabilidade do pastor titular. Lembre-se do conselho de Jetro para Moisés (Êx
18).
4. As células geram ensino prático. Jesus ordenou: “. . .fazei discípulos. . .
ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado” (Mt 28.19-20). Nas
grandes reuniões a Bíblia é generalizada; nas pequenas, é particularizada. O ensino
passa a ser mais eficaz e a prática é facilitada. Reunir poucas pessoas e colocar a
Bíblia em suas mãos gera o ambiente e a ocasião para que todos contribuam com
seus conhecimentos e testemunhos, e compartilhem suas dúvidas. Desta maneira a
Palavra de Deus é aplicada a situações específicas.
4. No desenvolvimento das células, fazemos da Bíblia a pedra fundamental do ministério.
Duas coisas são importantes: a Palavra é base do ensinamento, e este ensino é feito
de maneira informal. Precisamos trazer estudos simples da Bíblia que se apliquem à
realidade das pessoas, estudos que sejam práticos e aumentem o desejo de conhecer e
obedecer a Deus. Tais estudos não devem somente chamar-nos à obediência e sim
ajudar-nos como obedecê-lo.
5. As células geram evangelização via relacionamentos. As células têm como um
de seus principais objetivos a evangelização. Cada crente torna-se um missionário e
cada lar uma agência missionária! A evangelização é mais completa e concreta
através de relacionamentos pessoais. A grande maioria das pessoas evangelizadas
não fica na igreja, a não ser que encontrem amigos.
As células são uma ponte de ligação relacional entre o indivíduo e a igreja e abrem
portas para muitas pessoas que não aceitariam um convite para ir à igreja. Uma
reunião de célula não exige o mesmo grau de compromisso que um culto na igreja. O
lar, por ter um ambiente familiar e mais descontraído, oferece boas condições para se
apresentar as Boas Novas de Cristo. A resistência ao evangelho é bem menor. Assim
podemos despertar-lhes o interesse e a fé. A igreja precisa “por todos os modos,
salvar alguns” (1Co 9.19-22).
6. As células geram visitantes na igreja. Com base nas células pode haver sempre
um crescente número de novas pessoas nos demais trabalhos da igreja. Houve
épocas em que ter um visitante no culto era algo raro e comemorado por todos. Hoje
em dia, após a criação das células, é comum ter muitos visitantes em todos os
trabalhos da igreja.
7. As células geram membros responsáveis. Cada crente torna-se um missionário e
cada lar uma agência missionária. Os cristãos passam a participar de outras
atividades de suas comunidades. Com a célula, as pessoas se sentem mais
responsáveis com a Igreja e com a
Obra do Senhor, pois elas se sentem úteis e valorizadas naquilo que fazem. Depois
que implantamos grupos familiares em nossa igreja, podemos testemunhar que isso é
verdade.
8. As células geram integração de novos convertidos. Na célula fica mais fácil
integrar e acompanhar os novos decididos. É preciso que os líderes estejam atentos
5. às pessoas que se decidem na igreja, pois deverão integrá-las o mais rápido possível
nas células. Também devem estar atentos para os que chegam para morar nas
proximidades, convidando essas pessoas que estão em transição, muitas delas,
abertas a novas amizades.
Novos decididos dificilmente se integrarão à igreja, a não ser, através de uma célula.
Uma pesquisa feita nos Estados Unidos mostrou que para uma pessoa ficar na igreja
precisa basicamente de três coisas:
1. Ter pelo menos três amigos.
2. Fazer parte de um grupo pequeno para se relacionar.
3. Sentir-se útil.
As células se prestam a fornecer estes três elementos de forma que o grande culto
nunca fará. Numa célula as pessoas sentem apoio, encorajamento pessoal e um amor
tangível em seus primeiros passos de vida cristã. As igrejas que dependem do grande
culto para manter seus membros integrados, sempre terão uma porta traseira bem
ampla.
9. As células geram novos campos e novas igrejas. À medida que novas células
vão surgindo, novas bases são estabelecidas para a evangelização nos bairros. A
maioria das denominações estabelece novas igrejas através de pontos de pregação e
depois congregações. As células oferecem várias vantagens:
A) O trabalho surge baseado em relacionamentos e amizades.
B) A nova igreja surge naturalmente através da multiplicação de células num bairro.
C) A nova igreja já nasce com bons líderes ligados ao bairro.
10. As células geram envolvimento pessoal. Através da “célula” cada pessoa tem a
oportunidade de envolvimento pessoal na obra do Senhor. O membro deixa de ser
mero espectador, veste a camisa e entra no jogo!
Grupos grandes despersonalizam as pessoas, tornando-as meros números de
estatísticas. Quando as pessoas ficam mais próximas umas das outras, rompem a
barreira do anonimato e passam a compartilhar suas riquezas, sejam elas dons
espirituais, experiências de vida, recursos financeiros, oportunidades, etc.
Muitas necessidades físicas e financeiras nem chegam ao conhecimento de toda a
igreja porque são resolvidas nas células. As células atraem as pessoas justamente por
6. possibilitarem que cada uma, independente de sua cultura ou capacidade, possa ter
uma participação significativa. Tal participação traz outros benefícios muito
importantes:
A) Maior Mobilização: Diferente de um culto com um dirigente e um público, as
oportunidades para o serviço e operação de Deus são abundantemente multiplicadas!
Lembra-se da parábola do semeador? A semente semeada de forma certa se
multiplica trinta, sessenta, ou até cem vezes. Já pensou que esta parábola pudesse
aplicar-se não só a um indivíduo, mas também a uma igreja? Desta possibilidade
surgiu o lema da Igreja em Células: “Cada crente um ministro, cada casa uma igreja!”.
Mais e mais pessoas são integradas, tendo este tipo de visão desde o começo.
Acontece um contágio santo.
B) Maior Responsabilidade: Com a célula as pessoas se sentem mais responsáveis,
pois são valorizadas naquilo que fazem. A presença se torna tão importante numa
célula como num grande culto.
C) Maior Uso dos Dons: O uso dos dons cresce em proporção à participação. Quanto
maior envolvimento, maiores serão as oportunidades para serem usados os talentos e
dons espirituais.
D) Maior Crescimento Espiritual: As pessoas se desenvolvem em proporção a sua
participação. Há um ditado que diz: “Eu ouço e esqueço; eu escrevo e lembro; eu faço
e aprendo.”
11. As células geram novos líderes. As células ajudam a formar e descobrir líderes
que, certamente, não teriam oportunidade num grupo maior. As células possibilitam e
requerem o crescimento da liderança com dois aspectos:
A) Interno: desenvolvendo as habilidades de determinado líder em sua célula.
B) Externo: aumentando o número de líderes preparados para assumir outras células
que possam surgir.
As reuniões das células têm uma estrutura simples que possibilita à maioria dos
crentes, não neófitos, a chance de dirigir uma reunião sem muitos problemas.
12. As células geram mobilização dos membros. São multiplicadas as
oportunidades para serviço e operação de Deus. Cria-se um vínculo de compromisso
7. e ajuda mútua. Ao invés de uma reunião, um dirigente, um público, você multiplica
cada um desses muitas vezes.
13. As células geram sensibilidade aos problemas da vizinhança. A célula ajuda a
igreja a estar atenta para o que está acontecendo à sua volta. A igreja não fica
alienada às realidades do seu bairro ou cidade. A habilidade de a igreja entender e
responder a essas necessidades cresce através das células.
Perguntas para Reflexão
1. Para obter crescimento qualitativo, em qual das áreas nossa igreja mais precisa
crescer: na qualidade da comunhão, no suprimento de necessidades, no pastoreio
individualizado, de ensino prático, ou alguma outra área?
2. As células poderiam ajudar no crescimento qualitativo e quantitativo?
3. Qual dos dois tipos de crescimento, você estaria mais disposto a sacrificar:
qualitativo ou quantitativo? Por quê?
4. Volte agora para a primeira pergunta deste capítulo e leia sua resposta. Anote
abaixo de que formas sua resposta inicial mudou ou se aprofundou?
Encerrando com Deus
1. O que Deus está falando para você pessoalmente em relação ao seu envolvimento
nas células? Escreva sua resposta.
2. Procure alguém com quem orar sobre o que você escreveu. Se estiver num
contexto com outros, em grupos de quatro ou em sua equipe, orem baseado no que
escreveram.