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No 160
Um retrato de duas décadas
do mercado de trabalho
brasileiro utilizando a Pnad

 

07 de outubro de 2013

1 
Comunicados do Ipea
Governo Federal
Secretaria de Assuntos Estratégicos da
Presidência da República
Ministro Marcelo Cortes Neri (interino)
Fundação pública vinculada à Secretaria de
Assuntos Estratégicos da Presidência da
República, o Ipea fornece suporte técnico e
institucional às ações governamentais –
possibilitando a formulação de inúmeras políticas
públicas e programas de desenvolvimento
brasileiro – e disponibiliza, para a sociedade,
pesquisas e estudos realizados por seus
técnicos.

Presidente
Marcelo Côrtes Neri
Diretor de Desenvolvimento Institucional
Luiz Cezar Loureiro de Azeredo
Diretor de Estudos e Relações Econômicas
e Políticas Internacionais
Renato Coelho Baumann das Neves

Os Comunicados do Ipea têm por objetivo
antecipar estudos e pesquisas mais amplas
conduzidas pelo Instituto de Pesquisa
Econômica
Aplicada,
com
uma
comunicação sintética e objetiva e sem a
pretensão de encerrar o debate sobre os
temas que aborda, mas motivá-lo. Em geral,
são sucedidos por notas técnicas, textos
para discussão, livros e demais publicações.

Os Comunicados são elaborados pela
assessoria técnica da Presidência do
Instituto e por técnicos de planejamento e
pesquisa de todas as diretorias do Ipea.
Desde 2007, mais de cem técnicos
participaram da produção e divulgação de
tais documentos, sob os mais variados
temas. A partir do número 40, eles deixam
de ser Comunicados da Presidência e
passam a se chamar Comunicados do Ipea.
A nova denominação sintetiza todo o
processo produtivo desses estudos e sua
institucionalização em todas as diretorias e
áreas técnicas do Ipea.

Diretor de Estudos e Políticas do Estado,
das Instituições e da Democracia
Daniel Ricardo de Castro Cerqueira
Diretor de Estudos e Políticas
Macroeconômicas, Substituto
Cláudio Hamilton Matos dos Santos
Diretor de Estudos e Políticas Regionais,
Urbanas e Ambientais
Rogério Boueri Miranda
Diretora de Estudos e Políticas Setoriais de
Inovação, Regulação e Infraestrutura
Fernanda De Negri
Diretor de Estudos e Políticas Sociais
Rafael Guerreiro Osorio
Chefe de Gabinete
Sergei Suarez Dillon Soares

 
 
Assessor-chefe de Imprensa e Comunicação
João Cláudio Garcia Rodrigues Lima
URL: http://www.ipea.gov.br
Ouvidoria: http://www.ipea.gov.br/ouvidoria

 

2 
 
 
 
 

Um Retrato de Duas Décadas do Mercado 
de Trabalho Brasileiro Utilizando a Pnad 
 
 
1 

INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 5 

2 

ANÁLISE DOS PRINCIPAIS INDICADORES DO MERCADO DE TRABALHO ................... 7 
2.1  TAXA DE DESEMPREGO .................................................................................................. 7 
2.2  TAXA DE PARTICIPAÇÃO ................................................................................................. 7 
2.3  TAXA DE OCUPAÇÃO ..................................................................................................... 8 
2.4  INFORMALIDADE .......................................................................................................... 9 

3 

RENDIMENTOS DO TRABALHO.............................................................................. 10 
3.1  DESIGUALDADE DE RENDIMENTOS  ................................................................................ 11 
.
3.2  DIFERENCIAIS DE RENDIMENTOS POR GÊNERO, RAÇA E FORMAL‐INFORMAL .......................... 14 

4 

EXAMINADO ALGUMAS GRANDES QUESTÕES DO MERCADO DE TRABALHO ........ 16 
4.1  HÁ ESCASSEZ DE MÃO DE OBRA QUALIFICADA? ................................................................ 17 
4.2  ESTAMOS NA TAXA DE PLENO EMPREGO OU HÁ ESPAÇO PARA A EXPANSÃO DA OFERTA DE 
TRABALHO?  ....................................................................................................................... 19 
.
4.3  HÁ DESINDUSTRIALIZAÇÃO NO MERCADO DE TRABALHO? .................................................. 22 

CONCLUSÕES ............................................................................................................... 25 

 

APÊNDICE .................................................................................................................... 26 
 

3 
 
 

 

4 
 
Um Retrato de Duas Décadas do Mercado de Trabalho 
Brasileiro Utilizando a Pnad1 
 

1

Introdução 

O objetivo deste documento é duplo. Primeiro, oferecemos um panorama do mercado de 
trabalho  brasileiro  nas  duas  últimas  décadas  a  partir  dos  dados  da  Pesquisa  Nacional  por 
Amostra  de  Domicílios  (PNAD)  do  Instituto  Brasileiro  de  Geografia  e  Estatística  (IBGE).  2 
Analisa‐se a evolução, entre 1992 e 2012, dos principais indicadores do mercado de trabalho 
brasileiro, tais como taxa de desemprego, participação, ocupação e informalidade. A análise é 
feita tanto para o Brasil como um todo quanto para os recortes por regiões, gênero e idade. 
Em  seguida  analisamos  mais  detidamente  a  evolução  dos  rendimentos  do  trabalho,  sua 
distribuição  entre  os  ocupados  e  as  diferenças  salariais  entre  homens  e  mulheres,  brancos, 
negros e pardos, e entre trabalhadores formais e informais. 
Em  uma  perspectiva  de  longo  prazo,  todos  os  indicadores  do  mercado  de  trabalho 
mostram  uma  melhora  significativa  no  período  analisado.  Após  um  período  de  crescimento 
durante  os  anos  1990,  a  taxa  de  desemprego  e  informalidade  tiveram  um  longo  ciclo  de 
declínio ao longo dos anos 2000. A taxa de participação agregada mostrou uma tendência de 
relativa estabilidade, resultado de uma redução contínua da taxa de participação masculina e 
aumento  da  feminina.  Após  um  ciclo  de  crescimento  e  subsequente  declínio  entre  1992  e 
2002,  o  rendimento  médio  real  no  mercado  de  trabalho  apresentou  uma  trajetória  de 
crescimento contínuo entre 2003 e 2012. Quanto à desigualdade de rendimentos (medida pelo 
índice de Gini), esta apresentou  uma tendência de longo prazo de redução, iniciada em 1993. 
Este comportamento foi resultado de uma série de fatores, mas em particular do aumento da 
escolaridade da força de trabalho brasileira, que levou a uma redução contínua dos retornos 
(salariais) da educação.  
Na comparação com o ano anterior, o ano de 2012 apresentou boas e más notícias. Por 
um  lado,  a  renda  do  trabalho  cresceu  substancialmente  em  termos  reais  no  país  como  um 
todo (6,3%) e em particular na região Nordeste (8,7%). A taxa de desemprego no país caiu de 
forma  expressiva,  atingindo  seu  menor  nível  histórico.  Porém,  as  regiões  Norte  e  Nordeste 
apresentaram a menor redução e continuam com uma taxa de desemprego substancialmente 
acima  da  taxa  agregada  (8%  e  8,8%,  respectivamente).  Por  outro  lado,  as  notícias 
potencialmente preocupantes ficaram por conta da taxa de participação, que se manteve nos 
mesmos níveis de 2011, após sofrer uma redução significativa entre 2009 e 2011. Da mesma 
forma,  o  ritmo  de  redução  da  desigualdade  de  rendimentos  e,  em  menor  medida,  da 
informalidade  mostraram  um  arrefecimento.  A  desigualdade  de  rendimentos  se  manteve 
estável entre 2011 e 2012, bem como a informalidade nas regiões metropolitanas. Assim como 
                                                            
1

 Este Comunicado foi elaborado por Gabriel Ulyssea (Coordenador de Estudos e Pesquisa em Trabalho e Renda, DISOC/IPEA) e  
Ana  Luiza  Neves  de  Holanda  Barbosa  (Técnica  de  Planejamento  e  Pesquisa  DISOC/IPEA).  Os  autores  agradecem  a  preciosa 
colaboração de Alessandra Brito, Maíra Albuquerque Penna Franca e Ítalo de Souza. 
2
 Para realizar comparações com dados anteriores a 2004, foram retiradas as informações dos indivíduos moradores da área rural 
da região Norte, não coberta pela PNAD até 2003. Cabe assinalar que as definições de ocupação e desocupação aqui utilizadas são 
um  pouco  distintas  das  empregadas  pelo  IBGE.  Os  ocupados  são  definidos  como  os  indivíduos  que  exerceram  trabalho 
remunerado  na  semana  de  referência,  os  que  exerceram  trabalho  não  remunerado  nessa  mesma  semana  por  pelo  menos  15 
horas e os que tiveram trabalho remunerado do qual estavam temporariamente afastados. Os indivíduos que exerceram trabalho 
para o próprio consumo ou na construção para uso próprio não foram  considerados como ocupados. Foram classificados como 
desocupados  os  indivíduos  que  não  trabalharam,  mas  procuraram  trabalho  na  semana  de  referência.  Foram  incluídos  entre  os 
desocupados  os  indivíduos  que  tiveram  trabalho  não  remunerado  com  menos  de  15  horas  na  semana  de  referência  e  que 
procuraram trabalho nessa semana. Foram também classificados como desocupados os indivíduos que exerceram trabalho para o 
próprio consumo ou construção e que buscaram trabalho na semana de referência. 

5 
 
na  taxa  de  desemprego,  os  indicadores  de  participação  no  mercado  de  trabalho  e 
informalidade das regiões Nordeste e Norte continuam a ser significativamente piores do que 
nas demais regiões. 
Na  segunda  parte  deste  documento,  nossa  analise  se  concentra  em  algumas  grandes 
questões  que  têm  dominado  o  debate  recente  acerca  do  comportamento  do  mercado  de 
trabalho brasileiro. Mais especificamente, analisamos as seguintes questões: 




Há escassez de mão de obra qualificada no país? 
Estamos  na  taxa  de  pleno  emprego  ou  há  espaço  para  a  expansão  da  oferta  de 
trabalho? 
Como tem sido o desempenho da indústria no mercado de trabalho brasileiro? 

Novamente utilizamos a Pnad para analisar em que medida os dados podem nos ajudar a 
entender  e  esclarecer  essas  questões.  Nossa  análise  indica  que  tanto  a  oferta  relativa  quanto 
absoluta de mão de obra qualificada vêm crescendo de forma substancial no país. Isso é verdade 
para o período como um todo, mas de forma especialmente acentuada a partir do final do anos 
1990 e início dos 2000. Coerente com esse aumento, os retornos para os mais diferentes níveis 
de qualificação (ensino médio completo, superior incompleto e pelo menos superior completo) 
vêm caindo ao longo do mesmo período. Portanto, a evidência apresentada é incompatível com 
a ideia de que há escassez de mão de obra qualificada no país.  
Em relação à possibilidade de expandir a oferta de trabalho no Brasil, nossa análise indica 
que  a  capacidade  de  aumentar  a  taxa  de  participação  da  população  em  idade  ativa 
desempenhará  um  papel  fundamental  nesse  processo.  Em  particular,  a  taxa  de  participação 
entre  as  mulheres  permanece  muito  baixa  e  bem  abaixo  de  países  como  os  EUA.  A  taxa  de 
participação  entre  os  jovens  também  caiu  de  forma  expressiva,  mas  sem  a  contrapartida  de 
uma  maior  frequência  ao  sistema  formal  de  ensino.  Dessa  forma,  é  importante  entender  os 
determinantes  da  decisão  dos  jovens  de  não  participar  do  mercado  de  trabalho  e  não 
frequentar a escola.  
Finalmente, analisamos o desempenho da indústria no mercado de trabalho brasileiro. Ao 
longo  dos  últimos  20  anos  a  indústria  reduziu  em  6  p.p.  sua  participação  no  emprego  total, 
sendo que esta redução se concentrou no final da década de 1990 e entre 2008 e 2011 (com 
um  período  de  estabilidade  entre  esses  dois  períodos).  Quando  colocada  em  perspectiva 
internacional,  essa  redução  é  menor  do  que  aquela  observada  em  países  altamente 
industrializados, tal como EUA e Alemanha. Mais ainda, esta redução na participação até 2008 
não se deveu a uma contração do emprego total da indústria, mas sim a um crescimento em 
ritmo  inferior  àquele  observado  nos  setores  de  serviços  e  comércio.  Apenas  entre  2008  e 
2011,  a  indústria  sofreu  uma  redução  no  total  de  ocupados.  Porém,  esta  redução  foi 
inteiramente  devida  a  uma  redução  no  total  de  emprego  informal  (sem  carteira  de  trabalho 
assinada).  O  total  de  emprego  formal  (com  carteira  assinada)  na  indústria  tem  crescido  de 
forma  ininterrupta  desde  1999,  incluindo  os  últimos    anos.  Esses  dados  trazem,  portanto, 
novas  evidências  para  o  debate  sobre  a  possível  existência  e  a  magnitude  do  processo  de 
desindustrialização no mercado de trabalho brasileiro. 
O restante deste documento está organizado da seguinte forma. A Seção 2 apresenta  a 
análise dos principais indicadores do mercado de trabalho nos últimos 20 anos, enquanto que 
a Seção 3 analisa apenas os rendimentos do trabalho, sua evolução, distribuição e diferenciais. 
A Seção 4 analisa as três questões colocadas acima e a Seção 5 conclui. 

6 
 
2

Análise dos principais indicadores do mercado de trabalho 

2.1

Taxa de desemprego 

Após  uma  alta  significativa  em  2009,  a  taxa  de  desemprego  voltou  a  apresentar  uma 
trajetória  de  queda  contínua  nos  anos  seguintes,  chegando  a  6,7%  em  2012.  Este  é  o  valor 
mais baixo  para a taxa  de desemprego agregada  nos últimos 20  anos, apenas observado em 
1994  e  1995.  Para  homens,  a  taxa  em  2012  já  é  a  mais  baixa  nos  últimos  20  anos,  mas  o 
mesmo  não  é  verdade  para  as  mulheres,  uma  vez  que  as  taxas  observadas  em  meados  da 
década  de  1990  foram  ligeiramente  menores.  No  período  como  um  todo,  o  desemprego 
apresenta um comportamento de “U invertido”, tendo atingido seu pico ao final da década de 
1990 e início dos anos 2000.  
De maneira geral, o mesmo comportamento da taxa de desemprego agregada pode ser 
observado nos diferentes grupos etários, mas de forma mais acentuada entre os jovens de 15 
a 24 anos (Gráfico A.1, Apêndice). Em termos regionais, as taxas de desemprego das 5 grandes 
regiões também reproduziram o comportamento da taxa agregada, ainda que as regiões Norte 
e  Nordeste  tenham  reduzido  menos  o  desemprego  do  que  as  demais  regiões  (Gráfico  A.1, 
Apêndice).  
Gráfico 1 ‐ Taxa de desocupação agregada por gênero (%) 
15,0
13,6

13,6

14,0

13,0 12,8

12,9
13,0

13,6
12,9
12,3

11,9

12,1

12,0
11,2
10,4

11,0
9,9
10,0

7,0
6,0

10,5

9,9
9,2

8,6
7,2

10,6

10,2
9,7

9,3

9,0
8,0

9,7

10,0 9,9

8,5

8,3

8,4
7,7

7,6
6,8

6,0 5,7

8,0 7,8

9,1
7,4

7,8

7,7
6,9

6,7

6,7

8,9

8,9

8,3

6,2

7,3
6,7

6,6
5,7

5,6

6,7
5,3

5,1

5,0
1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012

Brasil

Mulheres

Homens

 
Fonte: PNAD/IBGE. Elaboração: Ipea. 
 

2.2

Taxa de participação3 

A taxa de participação no Brasil tem se mantido relativamente estável ao longo das duas 
últimas décadas. Esta relativa estabilidade é o resultado de uma tendência de queda na taxa 
de participação dos homens e uma tendência de elevação entre as mulheres, fenômeno este 
que é comum a maior parte dos países no mundo.  
 

 

                                                            
3

 A taxa de participação é definida como a  razão entre a população economicamente ativa (PEA) e a população em idade ativa 
(PIA). 

7 
 
Porém,  entre  2009  e  2011  observou‐se  uma  queda  expressiva  na  taxa  de  participação, 
que se mantém em 2012. Esta queda é surpreendente, tendo em vista o cenário de aparente 
reaquecimento  do  mercado  de  trabalho  e  contínuo  aumento  dos  rendimentos  do  trabalho, 
como será visto a seguir. Como discutiremos na seção 4.2, entender os determinantes da taxa 
de  participação  no  Brasil  é  um  tema  central  para  a  agenda  pública,  tendo  em  vista  sua 
importância na determinação do nível da oferta de trabalho no país.  
Quanto ao recorte etário, os jovens de 15 a 24 anos apresentam uma queda expressiva 
em sua taxa de participação já a partir de 2005, mas de forma especialmente acentuada entre 
2009 e 2012.  Esta queda pode representar uma tendência positiva, caso estes jovens estejam 
saindo  do  mercado  de  trabalho  para  se  educarem  mais,  ou  negativa  caso  não  estejam 
aumentando  seu  capital  humano  (ver  seção  4.2  à  frente).  Quanto  ao  recorte  regional, 
novamente o destaque negativo é o comportamento da região nordeste, que apresenta uma 
acentuada queda na sua taxa de participação entre 2009 e 2011, de mais de 3 p.p.. 
 
Gráfico 2 ‐ Taxa de participação agregada e por gênero (%) 
Brasil

Mulheres

Homens

80,0
75,0
75,0 74,4
70,0

73,6

71,5 72,3

72,0

71,1

70,9

71,3

69,9

69,9
68,3 68,2

65,0
60,0
55,0

58,3 57,9

58,1
56,4

57,4 58,0

57,9 58,6 58,6

59,8

59,0

59,5

50,0
45,0
40,0

57,5 57,5

49,7
42,4

49,0
42,2
43,5

43,7

44,9

45,6

48,9

47,1

47,6 47,7

1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012

 
Fonte: PNAD/IBGE. Elaboração: Ipea. 

 

2.3

Taxa de ocupação4 

O gráfico 3 mostra que a taxa de ocupação no Brasil apresentou uma tendência de alta ao 
longo dos anos 2000, tendência esta que apresentou uma leve reversão entre 2009 e 2011 e se 
manteve relativamente constante entre 2011 e 2012. Os movimentos na taxa de ocupação ao 
longo dos anos 2000 refletiram essencialmente os movimentos da taxa de participação, pois a 
taxa de desemprego manteve uma tendência de queda ao longo de quase toda a década.  
O mesmo pode ser dito para o recorte por gênero: ao longo de todo o período analisado, 
as mulheres apresentaram uma tendência de elevação em sua taxa de ocupação enquanto os 
homens  observaram  uma  tendência  de  queda,  novamente  refletindo  os  movimentos 
observados  na  taxa  de  participação.  Essa  relação  entre  a  taxa  de  ocupação  e  a  taxa  de 
participação é explorada com maior nível de detalhes na seção 4.2. Finalmente, os diferentes 
                                                            
4

 A taxa de ocupação é definida como a razão entre o total de ocupados e a população em idade ativa (PIA). 

8 
 
grupos  etários  apresentaram  comportamentos  divergentes.  Enquanto  os  jovens  de  15  a  24 
anos de idade reduziram sua taxa de ocupação ao longo dos últimos 20 anos, os adultos de 25 
a 49 anos a ampliaram. Estas tendências na taxa de ocupação levaram à diminuição da parcela 
de  jovens  e  ao  aumento  da  proporção  dos  adultos  mais  velhos  no  mercado  de  trabalho 
(gráfico  A.6).  Examinando  o  comportamento  da  taxa  de  ocupação  dentro  das  diferentes 
regiões,  novamente  a  região  nordeste  apresentou  uma  evolução  destacadamente  distinta, 
com uma significativa tendência de redução da taxa de ocupação (A.7).  
 
Gráfico 3: Taxa de ocupação agregada e por gênero (%) 
80,0
70,5 70,1 69,5
70,0

60,0

54,0 53,9 54,2

67,1 67,4 66,4 66,0
65,4 65,8 65,0 65,9 65,8 65,5 65,3 65,9 65,2 64,7 64,7

53,5 53,7 53,8 53,8 54,4 54,1 53,3 53,7
52,1 52,3 51,8 51,9 52,0 52,8 52,4

50,0

40,0
39,8
39,6 40,7 40,7
38,5 38,6
38,0 38,3 38,0 38,8

43,7 43,7 42,9 43,4
42,0 42,4 42,9 43,0

30,0
Mulheres

Homens

Brasil

20,0
1992 1993 1995 1996 1997 1998 1999 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2011 2012

 

Fonte: PNAD/IBGE. Elaboração: Ipea. 

 

2.4

Informalidade5 

Após  um  longo  período  de  expansão  durante  a  década  de  1990,  a  informalidade  caiu 
continuamente durante os anos 2000, atingindo em 2012 seu menor nível dos últimos 20 anos. 
Cabe notar, no entanto, que o ritmo da queda também arrefeceu entre 2011 e 2012, e mais 
claramente  nas  regiões  metropolitanas.  De  fato,  as  regiões  metropolitanas  tiveram  um 
comportamento  diferenciado  do  restante  do  país,  tanto  durante  o  período  de  expansão 
quanto no período de redução da informalidade.  
As  regiões  Sul,  Sudeste  e  Centro‐Oeste  apresentaram  forte  redução  no  grau  de 
informalidade  e  parecem  ter  ampliado  o  seu  diferencial  em  relação  às  regiões  Norte  e 
Nordeste, que permanecem aquelas com maior grau de informalidade (Gráfico A.8). 
 

 

                                                            
5

 O grau de informalidade é definido aqui como a soma de trabalhadores por conta própria que não contribuem para a previdência 
e  sem  carteira  de  trabalho  assinada,  dividida  pela  soma  dos  trabalhadores  por  conta  própria,  sem  carteira,  com  carteira, 
estatutários e militares. 

9 
 
Gráfico  4  ‐  Evolução  do  grau  de  informalidade  –  Brasil,  Regiões  Metropolitanas  e  Não‐
Metropolitanas 
60

56,4 57,0

57,0

55,8

56,6 57,2 57,1

55

50

49,0

49,8

50,2 49,7 50,3

51,1 51,7

51,2 51,6

54,7

54,0

50,4 50,0

53,0
49,2

52,0
50,2
48,1
46,6

45
40,5
40

35

55,9 55,9

36,6
33,9

37,5 37,5

41,8

42,9

38,7

41,5 41,6 41,5

40,3

39,5

48,9
45,5

38,8

48,2
44,6

44,2
40,1

43,1
39,3

37,5

34,9
32,2 31,9

30
1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012
Brasil

Região Metropolitana

Região Não Metropolitana

 

Fonte: PNAD/IBGE. Elaboração: Ipea. 

 

3

Rendimentos do trabalho 

Após  um  ciclo  de  expansão  do  rendimento  real  entre  1992  e  1996,  o  mesmo  alternou 
períodos de relativa estabilidade e de declínio, resultando em uma tendência geral de queda 
entre 1996 e 2003. A partir de 2004, porém, o rendimento médio (tanto do trabalho principal 
quanto de todos os trabalhos) passou por um período ininterrupto de crescimento, com uma 
taxa de crescimento anual média de 4,7%, tendo sido 6,3% entre 2011 e 2012. 
 
Gráfico 5 ‐ Evolução do rendimento médio real do trabalho (base: set./2012) 
R$ 1.500,00
Rendimentos de todos os trabalhos

1.475,7
1.432,6

R$ 1.400,00

Rendimentos do trabalho principal

R$ 1.300,00
R$ 1.200,00
R$ 1.100,00
R$ 1.000,00
923,2
R$ 900,00

891,1

R$ 800,00
199219931994199519961997199819992000200120022003200420052006200720082009201020112012

base: setembro de 2012
Fonte: PNAD/IBGE. Elaboração: Ipea. 

 

 
10 
 
No  entanto,  a  evolução  dos  rendimentos  apresenta  trajetórias  distintas  quando  analisada 
por diferentes grupos de  trabalhadores (tabela 1). Na comparação por gênero, por exemplo, 
notamos  que  a  taxa  de  crescimento  do  rendimento  médio  real  das  mulheres  entre  2001  e 
2012 (39,3%) foi superior à taxa de crescimento dos homens para o mesmo período (30%), e 
muito  maior  quando  considerados  os  últimos  20  anos  (90,2%  e  54,6%,  respectivamente). 
Tendo em vista o aumento da participação das mulheres no total de ocupados nesse mesmo 
período,  esse  resultado  representa  uma  melhora  significativa  na  inserção  das  mulheres  no 
mercado  de  trabalho,  o  que  decorre  em  grande  parte  do  seu  grande  avanço  em  termos  de 
escolaridade.  O  mesmo  ocorre  para  os  trabalhadores  pretos  e  pardos  em  relação  aos 
trabalhadores  brancos,  para  os  trabalhadores  mais  novos  e  mais  velhos  em  relação  aos 
trabalhadores entre 24 e 50 anos de e para os trabalhadores com menor escolaridade. 
 
 
Tabela  1  ‐  Evolução  do  rendimento  real  médio  do  trabalho  principal  por  subgrupo 
(R$ de set./2012) 
1992

Brasil
Por Gênero
   Homens
   Mulheres
Por Cor/Raça
   Brancos
   Pretos
   Pardos
Por Idade
   15 a 24 anos
   25 a 49 anos
   50 ou mais de idade
Por Escolaridade
   0 a 3 anos
   4 a 7 anos
   8 a 10 anos
   11 ou mais
Por Ocupação
   Com Carteira
   Sem Carteira
   Conta Própria
   Empregador
   Funcionário Público
Por Região
   Norte
   Nordeste
   Centro‐Oeste
   Sudeste
   Sul

2001

2009

2011

2012

Cresc. (%) 92‐12

Cresc. (%) 01‐12

Cresc. (%) 09‐12

Cresc. (%) 11‐12

891,1

1.087,8

1.220,98

1.347,8

1.432,6

60,77%

31,70%

17,33%

6,29%

1.055,2

1.254,8

1.406,99

1.531,9

1.631,7

54,64%

30,03%

15,97%

6,52%

609,2

831,8

964,38

1.092,9

1.158,6

90,17%

39,28%

20,13%

6,01%

1.146,0

1.395,2

1.531,77

1.679,7

1.815,1

58,39%

30,09%

18,50%

8,06%

556,60

729,7

900,84

994,7

1.052,5

89,10%

44,24%

16,84%

5,82%

559,92

675,3

892,21

1.007,2

1.057,2

88,81%

56,55%

18,49%

4,96%

459,8

536,2

654,8

753,9

783,4

70,38%

46,09%

19,64%

3,91%

1.147,4

1.267,7

1.316,4

1.431,2

1.505,4

31,21%

18,76%

14,35%

5,18%

958,5

1.340,6

1.528,0

1.672,9

1.812,9

89,13%

35,23%

18,65%

8,37%

401,7

455,0

559,5

670,2

689,4

71,62%

51,53%

23,21%

2,87%

677,6

686,5

746,7

848,9

907,1

33,87%

32,13%

21,48%

6,85%

981,9

903,4

870,7

958,0

998,4

1,69%

10,52%

14,67%

4,22%

2.083,8

2.097,8

1.811,4

1.894,1

1.983,0

‐4,84%

‐5,47%

9,47%

4,70%

1.204,5

1.173,5

1.241,3

1.301,5

1.362,6

13,13%

16,12%

9,78%

4,70%

409,0

606,6

687,9

772,7

818,7

100,19%

34,95%

19,01%

5,95%

818,1

987,1

1.011,4

1.237,0

1.328,6

62,40%

34,60%

31,37%

7,40%

3.032,4

3.766,8

3.731,0

4.262,9

4.523,4

49,17%

20,09%

21,24%

6,11%

1.462,1

1.969,7

2.298,6

2.433,2

2.450,7

67,61%

24,42%

6,62%

0,72%
3,25%

780,3

941,6

1.069,6

1.172,9

1.211,1

55,21%

28,61%

13,22%

474,82

598,01

765,25

871,99

948,12

99,68%

58,55%

23,90%

8,73%

931,6

1.213,5

1.465,7

1.643,4

1.728,6

85,55%

42,45%

17,93%

5,18%

1140,36

1370,02

1.410,5

1543,51

1638,85

43,71%

19,62%

16,19%

6,18%

925,7

1.113,9

1.355,3

1.439,1

1.540,1

66,37%

38,27%

13,64%

7,02%

Fonte: PNAD/IBGE. Elaboração: Ipea. 
 
 
3.1

 

Desigualdade de rendimentos 

Quando medida pelo índice de Gini, a desigualdade de salários mostra uma tendência de 
longo  prazo  de  redução  da  desigualdade,  iniciada  em  1993.  Há  dois  períodos  de  relativa 
aceleração  dessa  tendência:  (i)  entre  1993  e  1996; e  (ii)  2003  a 2011,  em  particular  o  biênio 
2009‐2011. Não obstante, entre 2011 e 2012, o que se observa é um arrefecimento da queda e 
uma estabilidade (no sentido estatístico) entre esses dois anos. 
 
 
 

11 
 
Gráfico 6 ‐ Evolução da Desigualdade do Rendimento Real (índice de Gini) 
 
0,600
0,580
0,560
0,549
0,540
0,520
0,500
0,480

0,486

0,460
1992 1993 1995 1996 1997 1998 1999 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2011 2012

 
Fonte: PNAD/IBGE. Elaboração: Ipea 
 
Ao examinarmos a medida de desigualdade dada pela razão 90/106, o cenário é um pouco 
diferente.  Após  1995  o  cenário  é  de  relativa  estabilidade  e  somente  a  partir  2006‐2007  se 
observa  uma  queda  mais  acelerada  desse  indicador.  Porém,  novamente  se  observa  um 
arrefecimento  da  queda  e  estabilidade  do  indicador  entre  2011  e  2012.  Este  indicador  é 
diferente do anterior no sentido de que este é muito sensível a diferenças entre os extremos 
da distribuição de rendimentos e mais insensível a movimentos no meio da distribuição. Assim, 
a  primeira  medida  oferece  um  cenário  mais  amplo  da  distribuição  de  renda  como  um  todo, 
enquanto o segundo capta melhor as diferenças entre os extremos. 
 

 

                                                            
6

 Essa medida é dada pela razão entre a renda que define os 10% com maiores salários e a renda que define os 10% com menos 
rendimentos. 

12 
 
Gráfico 7 ‐ Evolução da Razão 90/10 do Rendimento Real 
 
16
14
12
10
8
6
4
1992 1993 1995 1996 1997 1998 1999 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2011 2012

 
Fonte: PNAD/IBGE. Elaboração: Ipea 
 
Outra  forma  de  examinar  o  que  ocorreu  com  os  rendimentos  dos  diferentes  grupos  de 
remuneração  –  e,  portanto,  com  a  desigualdade  –  é  examinar  o  padrão  de  crescimento  de 
rendimentos  dos  diferentes  pontos  da  distribuição.  O  Gráfico  8  abaixo  mostra  a  variação  no 
rendimento  médio  dos  trabalhadores  nos  diferentes  vintis  da  distribuição  de  rendimentos,7 
para o período 2001 a 2012 e 2011 a 2012. Para o período mais longo, o gráfico 8 mostra um 
padrão declinante de ganhos de rendimentos entre os 5% mais pobres e os 5% mais ricos no 
mercado  de  trabalho.  Enquanto  os  primeiros  observaram  um  ganho  acumulado  de  69,2% 
entre 2001 e 2012, os 5% mais ricos tiveram um ganho de 17,5%. Esses dados indicam que a 
redução no grau de desigualdade de rendimentos durante esse período se deveu a um ganho 
maior entre os menos qualificados (com menores salários) e menor entre os mais qualificados 
(com maiores salários). 
O  cenário  é  diferente  entre  2011  e  2012.  Como  mostra  o  mesmo  gráfico,  os  maiores 
ganhos  nesse  período  foram  observados  entre  aqueles  no  topo  da  distribuição  de 
rendimentos.  Ainda  assim,  exceto  pelos  5%  de  menores  rendimentos  –  que  sofreram  uma 
queda  de  rendimentos  reais  de  7,5%  –  os  ganhos  salariais  foram  distribuídos  de  forma  mais 
equilibrada  entre  todos  os  trabalhadores.  Esse  gráfico  explica,  portanto,  porque  observou‐se 
um arrefecimento do ritmo de redução de desigualdade de rendimentos entre 2011 e 2012.   
 
 

 

                                                            
7

 Os percentis são numerados de 1 a 20, correspondendo desde os 5% mais pobres, 5% mais ricos, respectivamente. 

13 
 
Gráfico  8  ‐  Evolução  do  rendimento  por  percentil  da  distribuição  de  rendimentos  –  2001  a 
2012 e 2011 a 2012 
100,0%
2011‐2012

2001‐2012

Brasil ‐ 1992 a 2012

Brasil ‐ 2011 a 2012

80,0%

60,0%
60,8%
40,0%

20,0%
6,3%
0,0%
0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

‐20,0%
Percentis da Distribuição de Rendimentos

 

Fonte: PNAD/IBGE. Elaboração: Ipea 
 
 
3.2

Diferenciais de rendimentos por gênero, raça e formal‐informal 

Nesta seção analisamos os diferenciais salariais por gênero e raça, controlando por outras 
características  observáveis  dos  trabalhadores.  Com  isso,  é  possível  contrastar  o  diferencial 
salarial  entre,  por  exemplo,  homens  e  mulheres  que  são  observacionalmente  iguais  –  com 
mesma  escolaridade,  idade,  vivendo  na  mesma  UF,  entre  outros.  Analisando  primeiro  o 
diferencial por gênero, nota‐se que a diferença de rendimentos entre homens e mulheres vem 
diminuindo ao longo da última década. Tal tendência acentua‐se de 2009 a 2011 e mantem‐se 
entre 2011 e 2012. Não obstante, este diferencial continua a ser alto, pois em 2012 mulheres 
ainda  recebiam,  em  média,  um  salário  27,5%  inferior  a  homens  que  possuem  as  mesmas 
características produtivas observáveis. 
 
 

 

14 
 
Gráfico 9 – Diferencial de rendimentos por gênero 
‐25,0%

‐27,5%

‐27,5%

‐27,9%
‐28,9%
‐29,6%
‐30,3%

‐30,0%
‐31,6%

‐30,3%

‐30,5%

‐31,2%

‐31,4%
‐32,0%

‐32,5%

‐35,0%
2001

2002

2003

2004

2005

2006

2007

2008

2009

2011

2012

Fonte: PNAD/IBGE. Elaboração: Ipea. 

 

 
O  gráfico  10  mostra  que  o  diferencial  de  remuneração  entre  brancos  e  pretos  oscilou 
significativamente ao longo do período, com uma tendência de aumento desde 2007 que foi 
revertida a partir de 2011. Apesar de também  ter oscilado ao longo da década, o diferencial 
entre brancos e pardos mostra uma tendência de queda mais clara desde 2003, apesar de uma 
leve  reversão  em  2009.  Embora  estes  diferenciais  estejam  controlados  por  características 
observáveis,  eles  não  conseguem  controlar  por  características  não  observáveis,  tais  como 
qualidade  da  educação  obtida  por  estes  trabalhadores.  Sendo  assim,  estes  resultados  não 
podem ser diretamente interpretados como evidência direta de discriminação no mercado de 
trabalho. 
Gráfico 10 ‐ Evolução do diferencial de rendimento por raça/cor 
‐20,0%

‐22,0%

‐22,6%

‐22,2%

‐22,4%

‐21,5%

‐21,9%

‐22,2%
‐22,9%

‐23,8%
‐24,3%

‐24,0%

‐24,9%

‐25,3%

‐26,0%

‐26,1%

‐25,8%

‐22,2%

‐22,6%

‐22,8%
‐22,9%
‐23,6%
‐24,1%

‐24,9%

‐25,8%
‐27,1%

‐28,0%

‐30,0%
2001

2002

Pretos

2003

2004

Pardos

2005

2006

2007

Polinômio (Pretos)

2008

2009

2011

2012

Polinômio (Pardos)

 

Fonte: PNAD/IBGE. Elaboração: Ipea. 

 
 

 
15 

 
Por  fim,  é  interessante  analisar  o  diferencial  salarial  entre  trabalhadores  formais  e 
informais. Como ressaltado na Tabela 1, trabalhadores sem carteira de trabalho assinada têm 
observado  elevações  salariais  maiores  do  que  os  trabalhadores  com  carteira.  Este  resultado, 
porém,  compara  trabalhadores  com  características  diversas  e  que  não  são  diretamente 
comparáveis. O gráfico 8 mostra os diferenciais entre trabalhadores formais e informais com 
as  mesmas  características  observáveis  e,  portanto,  mais  diretamente  comparáveis.  O  gráfico 
mostra  que  os  trabalhadores  informais  começaram  a  reduzir  a  distância  para  os  formais 
apenas a partir de 2009. Até então o diferencial apresentou ora tendência de elevação, ora de 
estabilidade. 
 
Gráfico 11 ‐ Evolução do rendimento por setor formal X informal ( % ) 
‐15,0%

‐20,0%
‐22,1%

‐25,0%

‐25,6%

‐21,5%

‐25,7%
‐26,4%
‐27,1%

‐27,1%
‐27,9%

‐28,1%

2004

2005

2006

‐27,5%

‐28,2%

‐30,0%
2001

2002

2003

2007

2008

2009

2011

2012

 

Fonte: PNAD/IBGE. Elaboração: Ipea. 

 
4

EXAMINADO ALGUMAS GRANDES QUESTÕES DO MERCADO DE TRABALHO 

O  objetivo  desta  quarta  e  última  seção  é  utilizar  os  dados  da  Pnad  2012  e  sua  série 
histórica para examinar alguns grandes temas e perguntas que vêm permeando boa parte do 
debate recente acerca do mercado de trabalho brasileiro. As questões examinadas aqui são as 
seguintes: 




Há escassez de mão de obra qualificada no país? 
Estamos  na  taxa  de  pleno  emprego  ou  há  espaço  para  a  expansão  da  oferta  de 
trabalho? 
Como tem sido o desempenho da indústria no mercado de trabalho brasileiro? 

No que segue examinaremos estas questões de forma individual, trazendo evidências que 
possam aclarar potenciais respostas, mas sem a pretensão de prover  respostas completas ou 
definitivas. 
 
 

 

16 
 
4.1

Há escassez de mão de obra qualificada? 

Um tema que tem ocupado um lugar de certo destaque no debate recente sobre mercado 
de  trabalho  no  Brasil  é  a discussão  acerca  da  existência  ou  não  de  escassez  de  mão  de  obra 
qualificada  no  país.  O  foco  sobre  este  tema  no  debate  mais  amplo  (mídia,  sociedade  civil  e 
academia) é recente, o que sugere que a esta potencial escassez teria surgido, ou ao menos se 
agravado, recentemente. 
Para  examinar  esta  questão,  analisamos  primeiro  a  oferta  relativa  de  mão  de  obra  por 
diferentes níveis de qualificação. A única medida de qualificação dos trabalhadores disponível 
na  Pnad  é  o  seu  nível  de  escolaridade,  o  que  certamente  é  uma  medida  imperfeita.  Não 
obstante, essa é a medida mais amplamente utilizada não apenas no Brasil, mas também no 
mundo,  e  que  fornece  uma  aproximação  razoável  do  nível  de  capital  humano  dos 
trabalhadores.  Ainda  assim,  para  obter  uma  melhor  medida  da  qualidade  relativa  dos 
trabalhadores,  utilizamos  o  conceito  de  “unidades  de  eficiência”  para  medir  o  total  de 
trabalhadores  por  nível  de  qualificação,  o  que  é  um  procedimento  usual  na  literatura 
internacional.8  O  gráfico  13  exibe  a  evolução  do  total  de  trabalhadores  em  cada  grupo 
educacional  –  fundamental  completo,  mas  ensino  médio  (EM)  incompleto  (0  a  10);  EM 
completo (11 anos); algum ensino superior (11 a 14); e pelo menos ensino superior completo 
(15  ou  mais)  –  relativo  ao  total  de  trabalhadores  no  grupo  menos  qualificado,  ou  seja,  com 
fundamental incompleto. 
Gráfico 12 – Oferta relativa de mão de obra por diferentes níveis de qualificação. 
1,6
1,4

8 a 10

11 a 14

EMC

15+

1,2
1
0,8
0,6
0,4
0,2
0
1992 1993 1995 1996 1997 1998 1999 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2011 2012
Fonte: PNAD/IBGE. Elaboração: Ipea. 

 

 
O gráfico 12 mostra que durante todo o período analisado há uma expansão substancial 
da  oferta  relativa  de  mão  de  obra  mais  qualificada  (em  relação  ao  grupo  de  menor 
qualificação), especialmente nos grupos de ensino médio completo (EMC) e com algum ensino 
superior  (11  a  14  anos  de  escolaridade).  Ao  longo  dos  anos  2000,  especialmente  a  partir  da 
                                                            
8

  Ver,  por  exemplo,  Acemoglu,  Daron.  "Skills,  tasks  and  technologies:  Implications  for  employment  and  earnings."  Handbook  of 
Labor Economics 4 (2011): 1043‐1171.  
O procedimento consiste em dividir os trabalhadores na PEA em grupos de escolaridade, gênero e escolaridade. Na prática, são 
células  caracterizadas  pela  interação  entre  50  anos  de  experiência  potencial,  duas  categorias  de  gênero,  e  cinco  grupos 
educacionais  –  0  a  7,  8  a  10,  11,  12  a  14  e  15  anos  ou  mais  de  escolaridade.  Para  cada  uma  dessas  500  células  (=50x2x5), 
computamos o salário médio em todo o período e definimos os salários relativos de cada célula em função do salário médio da 
célula com menor rendimento médio. Esses salários relativos definem, portanto, o peso relativo de cada unidade dentro de suas 
respectivas células. 

17 
 
segunda  metade  da  década,  as  ofertas  relativas  de  trabalhadores  com  pelo  menos  ensino 
superior completo (15+) e com algum superior (11 a 14) apresentam uma aceleração em seu 
crescimento.  O  gráfico  A.9  (no  apêndice)  mostra  que  quando  examinamos  a  evolução  da 
oferta  absoluta  de  trabalho  esse  cenário  se  mantém,  sendo  que  a  expansão  do  grupo  com 
ensino médio completo se inicia mais claramente no final dos anos 1990. 
Passando  agora  para  a  análise  do  “preço”  da  qualificação,  ou  seja,  dos  retornos  da 
escolaridade  para  cada  grupo  de  qualificação,  vemos  os  resultados  no  Gráfico  14.  Para 
computar  estes  retornos,  utilizamos  regressões  de  salários  para cada  ano,  controlando  pelas 
demais  características  observáveis  dos  trabalhadores  (ex.:  gênero,  raça,  idade,  localização, 
entre outros). Assim, esses retornos capturam os ganhos salariais advindos de maiores níveis 
de  escolaridade  relativos  a  indivíduos  com  fundamental  incompleto,  mas  com  as  demais 
características  observáveis  idênticas.  O  gráfico  14  mostra  que  todos  os  grupos  de  maior 
qualificação  apresentaram  retornos  decrescentes  em  relação  aos  trabalhadores  menos 
qualificados,  e  de  forma  especialmente  acentuada  a  partir  dos  anos  200  para  os  grupos  de 
maior qualificação (11 a 15 e 15 ou mais anos de escolaridade). 
 
Gráfico 13 – Retornos da Escolaridade 
2,200

0,950

0,850

0,845
2,000

2,048

0,750
1,800
1,606

0,650

1,600

1,501
0,550
0,451
0,450

1,400

0,484
1,079

0,350
8 a 11

EMC

11 a 15

1,200

15+
1,000

0,250
0,224

0,150

1995 1996 1997 1998 1999 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2011 2012

0,800

 

Fonte: PNAD/IBGE. Elaboração: Ipea. 

 
Finalmente, o gráfico 14 mostra a composição do desemprego por níveis de escolaridade, 
dessa  vez  agregados  todos  os  trabalhadores  qualificados  em  um  grupo  apenas  (aqueles  com 
11  anos  de  escolaridade  ou  mais).  O  que  este  gráfico  mostra  é  que  a  participação  dos 
trabalhadores qualificados no estoque de desempregados vem aumentando continuamente ao 
longo dos últimos 20 anos, enquanto que a participação dos menos qualificados (fundamental 
incompleto  –  0  a  7)  vem  se  reduzindo.  Assim,  o  contingente  daqueles  dispostos  a  trabalhar, 
mas  que  por  algum  motivo  não  conseguiram  um  posto  de  trabalho,  está  concentrado  em 
trabalhadores de maior qualificação e não o contrário. 
 
 
 

18 
 
Gráfico 14 – Composição do desemprego por escolaridade 
100%
90%
80%
70%
60%
50%
40%
30%
20%
10%
0%
1992 1993 1995 1996 1997 1998 1999 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2011 2012
0 a7

8 a 10

11+

 
Fonte: PNAD/IBGE. Elaboração: Ipea. 

 
Dessa forma, as evidências discutidas nessa seção oferecem fortes evidências contrárias à 
noção de que haveria uma escassez de mão de obra qualificada no país. De um lado, a oferta – 
tanto  relativa  quanto  absoluta  –  de  trabalho  qualificado  vem  aumentando  quase  que 
continuamente, especialmente  na última década.  De outro, o preço relativo da mão de obra 
mais  qualificada  vem  caindo  também  quase  que  continuamente.  Mais  ainda,  os 
desempregados  hoje  são  em  sua  maioria  qualificados  e  não  o  contrário.  Sendo  assim,  essas 
evidências  sugerem  que,  se  há  escassez,  é  de  mão  de  obra  não‐qualificada.  Cabe  notar,  no 
entanto,  que  essa  análise  não  elimina  a  possibilidade  que  setores  específicos  podem  ter 
experimentado uma escassez de profissionais qualificados e especializados. Porém, este não é 
o cenário para o mercado de trabalho como um todo. Não obstante, o nível de qualificação da 
força  de  trabalho  no  Brasil  segue  baixo  e  com  baixa  produtividade,  o  que  deixa  aberta  uma 
ampla avenida para ganhos futuros. 
 
4.2

Estamos  na  taxa  de  pleno  emprego  ou  há  espaço  para  a  expansão  da  oferta  de 
trabalho? 

Como antecipado na seção 2, a taxa de participação é um determinante fundamental na 
determinação da oferta de trabalho de qualquer país. Quanto maior for esta taxa, tudo mais 
constante, maior será a oferta de trabalho e, portanto, menor a pressão sobre o mercado de 
trabalho. Isso se torna especialmente central quando o país atinge taxas de desemprego muito 
baixas,  como  é  o  caso  brasileiro,  pois  a  capacidade  de  ampliar  o  contingente  de  ocupados 
torna‐se muito limitada. 
Sendo  assim,  nossa  análise  se  concentrará  na  investigação  da  taxa  de  participação  no 
mercado  de  trabalho  brasileiro.  Para  tanto,  revisitamos  o  Gráfico  2  apresentado  na  Seção  2, 
porém agora com a inclusão das taxas de participação feminina e masculina nos EUA durante 
os últimos 20 anos. Como pode ser visto, o Gráfico 15 revela diferenças marcantes nas taxas 
de  participação  de  homens  e  mulheres  no  Brasil  vis‐à‐vis  àquelas  observadas  nos  Estados 
Unidos. Enquanto a taxa de participação dos homens é semelhante nos dois países – ainda que 
19 
 
inferior no Brasil – a taxa de participação feminina é muito inferior no Brasil. É especialmente 
sintomático  que  a  taxa  de  participação  das  mulheres  nos  EUA,  que  é  tradicionalmente  mais 
baixa que a  dos homens, seja maior ou igual à taxa do mercado de trabalho brasileiro como 
um  todo.  Mais  ainda,  a  partir  de  2009  a  mesma  apresentou  uma  significativa  reversão  na 
tendência de elevação apresentada nos anos anteriores. 
 
Gráfico 15 – Taxa de participação: Brasil s. EUA 
Brasil

Mulheres

Homens

EUA ‐ Homens

EUA ‐ Mulheres

Brasil

80,0
75,8 75,4

75,0

75,0

74,7

74,4

73,5

75,0
75,0 74,4

73,6

70,0

71,5

72,3

72,0

71,1

73,3

73,2

71,3

70,9

72,0
70,5 70,2
69,9

69,9

68,3 68,2

65,0
60,0
55,0

57,8
58,3 57,9

59,3

58,8
58,1

56,4

59,8

57,4 58,0

59,9

59,6

57,9 58,6 58,6

59,5

59,4

59,2
59,8

59,0

57,7

59,5
57,5 57,5

50,0

49,7
49,0

45,0
45,6

40,0

58,6

47,1

48,9

47,6 47,7

44,9
43,7
43,5
42,4
42,2
1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012

 Fonte: PNAD/IBGE e Bureau of Labor Statistics/EUA. Elaboração: Ipea. 

 
De fato, a taxa de participação no país como um todo caiu entre 2009 e 2011 e se manteve 
relativamente  estável  entre  2011  e  2012,  o  que  é  preocupante  diante  dos  argumentos  já 
expostos. Para examinar o impacto que esta redução na taxa de participação teve na taxa de 
ocupação, é possível utilizar uma decomposição na qual as variações na segunda se devem a 
mudanças na taxa de participação ou na taxa de desemprego.9 Assim, uma queda na taxa de 
ocupação deve‐se, necessariamente, a uma redução na taxa de participação, ou a um aumento 
da taxa de desemprego (ou ambos).  
A  tabela  2  mostra  que  a  queda  na  taxa  de  ocupação  no  Brasil  entre  2009  e  2012  foi 
inteiramente  devida  à  queda  na  taxa  de  participação.  Embora  a  taxa  de  desemprego  tenha 
caído  substancialmente,  parte  dessa  queda  não  se  reverteu  em  mais  ocupados  porque  uma 
parcela  desses  trabalhadores  saiu  do  mercado  de  trabalho.  Assim,  a  queda  na  taxa  de 
participação foi tão forte que mais do que compensou a forte redução no desemprego. Esse 
fenômeno foi especialmente acentuado entre os jovens de 15 a 24 e na região nordeste.  
 
 

 

                                                            
9

 A taxa de ocupação (txocupt) é a razão entre a população ocupada (Ot) e a PIAt no ano t. Essa taxa pode ser escrita como: txocupt 
= (Ot/PIAt) = (PEAt/PIAt) × (Ot/PEAt) = (PEAt/PIAt) × (1‐(Dt/PEAt)) = txpartt × (1 – txdest), onde D representa o total de desocupados e 
PEA (=O+D) a população economicamente ativa.  

20 
 
Tabela 2 – Impactos da taxa de participação na taxa de ocupação 
Taxa de Ocupação

Taxa de Participação

 Taxa de Desemprego

2009

2012

Variação 
Relativa 

2009

2012

Variação 
Relativa 

2009

2012

Variação 
Relativa 

Brasil

54,1

53,7

‐0,8

59,5

57,5

‐3,4

9,1

6,7

‐29,8

Homens
Mulheres

65,2
43,7

64,7
43,4

‐0,7
‐0,7

69,9
49,7

68,2
47,7

‐2,5
‐4,2

6,7
12,1

5,1
8,9

‐27,9
‐30,5

Faixa Etária
15 a 24
25 a 49
50 e mais

49,5
75,8
41,2

48,6
75,9
40,3

‐1,8
0,2
‐2,3

61,0
81,6
42,8

57,5
80,0
41,3

‐5,9
‐1,9
‐3,6

18,9
7,1
3,7

15,5
5,1
2,5

‐20,0
‐32,5
‐38,3

Região
SE
S
CO
NE
N

55,3
58,6
57,3
49,4
51,9

55,7
58,1
58,0
47,2
52,3

0,7
‐0,8
1,3
‐4,5
0,7

60,9
62,7
62,6
55,0
58,0

59,5
60,9
61,4
51,8
56,8

‐2,3
‐3,0
‐2,0
‐6,0
‐2,0

9,2
6,5
8,5
10,2
10,4

6,4
4,5
5,4
8,8
8,0

‐36,4
‐36,6
‐44,7
‐14,8
‐26,1

Fonte: PNAD/IBGE. Elaboração: Ipea. 

 

 
Para investigar o perfil etário dessa redução na taxa de participação, o Gráfico 16 apresenta 
a  variação  da  mesma  entre  2009  e  2012,  para  cada  ano  de  idade.  O  gráfico  confirma  que 
houve  uma  redução  substantiva  entre  os  indivíduos  com  idade  até  25  anos,  mas  também 
mostra  que  o  mesmo  é  verdade  para  trabalhadores  mais  velhos  e,  em  menor  medida  (mas 
ainda assim surpreendentemente), para o grupo entre 40 e 50 anos de idade. 
 
Gráfico 16 – Variação na taxa de participação 2009 a 2012 
1,00

0,00
15 17 19 21 23 25 27 29 31 33 35 37 39 41 43 45 47 49 51 53 55 57 59 61 63 65 67 69
‐1,00

‐2,00

‐3,00

‐4,00

‐5,00

 

Fonte: PNAD/IBGE. Elaboração: Ipea. 

A queda na taxa de participação entre os jovens merece uma análise um pouco mais detida, 
pois  ela  pode  ter  um  impacto  positivo  no  médio  e  longo  prazo  caso  esses  jovens  estejam 
21 
 
saindo do mercado de trabalho para se educar mais. Porém, se estes jovens estão fora da força 
de trabalho e fora da escola, então esse número pode representar um sinal de alerta. O gráfico 
17 mostra que o percentual tanto de homens quanto de mulheres de 15 a 24 anos de idade 
fora da PEA e fora da escola é expressivo, e muito maior para as mulheres. Mais ainda, esse 
percentual aumentou entre 2009 e 2012 para ambos os grupos. Uma ressalva importante que 
deve  ser  feita  é  que  os  dados  da  Pnad  não  permitem  captar  aqueles  frequentando  ensino 
técnico  e,  portanto,  esse  percentual  pode  estar  superestimado,  uma  vez  que  parte  desses 
jovens  pode  estar  frequentando  esse  tipo  de  curso.  Ainda  assim,  esses  resultados  são 
preocupantes em termos de políticas públicas, especialmente no que tange as mulheres. 
 
Gráfico 17 – Jovens de 15 a 24 anos fora da PEA e que não frequentam a escola 
Homens

Mulheres

45,0%
40,6%

39,4%

38,4%

40,0%
35,0%
30,0%

25,7%
25,0%

25,7%

23,2%

20,0%
15,0%
10,0%
5,0%
0,0%
2009

2011

2012

 

Fonte: PNAD/IBGE. Elaboração: Ipea. 

 
4.3

Há desindustrialização no mercado de trabalho? 

O  último  tema  a  ser  analisado  nesta  nota  é  o  desempenho  da  indústria  no  mercado  de 
trabalho e, em particular, analisar em que medida há um processo de desindustrialização, sob 
a  ótica  dos  indicadores  de  mercado  de  trabalho.  Iniciamos  nossa  análise  examinando  a 
evolução  da  composição  setorial  do  emprego  nos  últimos  20  anos.  O  gráfico  18  mostra  que 
enquanto comércio e serviços aumentaram ligeiramente sua participação no emprego total – 
em  torno  de  um  ponto  percentual  entre  o  início  e  o  fim  do  período  –  a  indústria  acumulou 
uma  redução  de  6  pontos  percentuais  entre  1992  e  2012  (de  27  para  21%).  Durante  este 
período  de  20  anos,  no  entanto,  a  participação  da  indústria  não  decaiu  uniformemente:  ela 
caiu cerca de 4 pontos entre 1992 e 1998, se manteve estável até 2008, quando novamente 
voltou  a  apresentar  uma  queda  mais  acentuada  entre  2009  e  2011,  com  leve  reversão  em 
2012. 
Esta  queda  mais  recente  motivou  um  intenso  debate  acerca  de  um  possível  processo  de 
desindustrialização  que  o  país  estaria  atravessando.  Porém,  examinado  a  evolução  da 
participação  da  indústria  no  emprego  na  Alemanha,  país  reconhecido  por  sua  força  no  setor 
industrial, o que se observa é uma queda de maior intensidade (de cerca de 30 para 20%). O 
mesmo pode ser dito a respeito dos EUA: em 1972 o país tinha o mesmo nível de participação 
22 
 
no emprego observado no Brasil em 1992 (cerca de 27%); em 1992 esse percentual já era de 
apenas  15%  e  em  2012  atingiu  10,3%.  De  fato,  a  tendência  de  redução  da  importância  da 
indústria no emprego total – e crescimento do setor serviços – tem sido observada na maioria 
dos  países  e,  como  mostra  o  gráfico  18,  muitas  vezes  com  intensidade  superior  àquela 
observada no Brasil.  
 
Gráfico 18 – Composição setorial do emprego (em %) 
35,2
31,2

26,7

26,4

32,6

32,5

32,5

32,0

31,2

31,8

32,4
30,7

30,0
30,2
27,0

27,8

25,2
25,7

25,0

24,1

20,2

15,2

27,9

27,5

23,1

26,9

26,7

23,2

26,9

26,8

22,2
20,9

23,1

15,9 15,4 15,5
15,3 15,2

15

10,2

22,9

14,3

13,5

22,6

12,6 12,3
11,8 11,5 11,3
11,2 10,9

10,2 10,2 10,3

5,2
Indústria

Comércio

Serviços

Indústria ‐ EUA

Indústria ‐ Alemanha

0,2
1992 1993 1995 1996 1997 1998 1999 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2011 2012

Fonte: PNAD/IBGE. Elaboração: Ipea. 

 

Ainda assim, é importante analisar porque a partir  de 2008 a indústria apresentou uma 
redução em sua participação no emprego após um longo período de relativa estabilidade. Para 
tanto,  analisamos  a  evolução  do  emprego  total  dentro  dos  setores  serviços,  comércio  e 
indústria  (Gráfico  19).  Os  dados  revelam  que,  a  partir  de  1998  o  emprego  industrial  cresceu 
ininterruptamente  até  2008,  ainda  que  em  ritmo  inferior  ao  emprego  no  setor  de  serviços  e 
comércio. Porém, a partir de 2008 há uma forte reversão nessa tendência de crescimento e há 
um declínio no emprego total entre 2008 e 2011, com leve reversão em 2012. 
Surpreendentemente,  quando  desagregamos  o  emprego  industrial  entre  trabalhadores 
com  e  sem  carteira  de  trabalho  assinada,  o  que  se  observa  é  que  o  emprego  formal  seguiu 
crescendo ininterrupta e aceleradamente desde 1998, inclusive durante o período 2008‐2011. 
Portanto, a queda no emprego industrial total observada entre 2008 e 2011 – e a consequente 
redução  em  sua  participação  no  emprego  agregado  –  se  deveu  exclusivamente  a  uma 
acentuada queda no emprego informal, iniciada em 2007. Da mesma forma, a leve alta entre 
2011 e 2012 parece ter sido induzida pela mudança de comportamento no emprego informal.  
 

 

23 
 
Gráfico 19 – Evolução do emprego total por setor 
1,8
1,7
1,6
1,5
1,4
1,3
1,2
1,1
1
0,9
0,8
1992 1993 1995 1996 1997 1998 1999 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2011 2012
Indústria

Comércio

Serviços

 

Fonte: PNAD/IBGE. Elaboração: Ipea.   

Gráfico 20 – Evolução do emprego total na indústria – com e sem carteira 
1,8

1,4

1

0,6
1992 1993 1995 1996 1997 1998 1999 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2011 2012
Emprego Total ‐ Sem Carteira

Emprego Total ‐ Com Carteira

 
Fonte: PNAD/IBGE. Elaboração: Ipea. 
 

 

 

24 
 
Conclusões 
Este  Comunicado  teve  dois  objetivos.  Primeiro,  oferecer  um  panorama  do  mercado  de 
trabalho brasileiro nas duas últimas décadas a partir dos dados da Pnad. Segundo, abordar três 
questões  que  têm  dominado  o  debate  recente  sobre  o  comportamento  do  mercado  de 
trabalho brasileiro.  
No que diz respeito à análise da evolução do mercado de trabalho, os resultados mostram 
que  todos  os  indicadores  do  mercado  de  trabalho  mostraram  uma  melhora  significativa  ao 
longo  do  período.  Porém,  a  comparação  de  2012  com  o  ano  anterior  mostrou  boas  e  más 
notícias. Por um lado, a renda do trabalho cresceu substancialmente em termos reais e a taxa 
de  desemprego  caiu  de  forma  expressiva.  Por  outro  lado,  a  taxa de  participação  se  manteve 
em nos mesmo níveis baixos de 2011 e o ritmo de redução da desigualdade de rendimentos e, 
em menor medida, da informalidade mostraram um arrefecimento.  
A análise da segunda parte deste Comunicado indica que não há escassez de mão de obra 
qualificada  no  país.  Ao  contrário,  as  evidências  mostram  que  a  oferta  de  mão  de  obra 
qualificada  tem  aumentado  de  forma  substancial  e  contínua  nos  últimos  15  anos,  o  que  é 
coerente  com  a  redução  observada  nos  retornos  da  escolaridade  no  mercado  de  trabalho 
brasileiro.  Em  relação  à  possibilidade  de  expandir  a  oferta  de  trabalho  no  Brasil,  a  análise 
destaca a importância de entender os determinantes da decisão de participação no mercado 
de trabalho das mulheres e dos jovens. Em particular, o grupo crítico entre os jovens é aquele 
composto  por  indivíduos  que  não  participam  do  mercado  de  trabalho  e  não  frequentam  a 
escola. Por fim, mostramos que quando colocada em perspectiva internacional, a redução da 
importância  da  indústria  no  emprego  total  é  menor  do  que  aquela  observada  em  países 
desenvolvidos tal como EUA e Alemanha. Mais ainda, a redução na participação da indústria 
observada entre 2008 e 2011 decorreu de uma redução no total de ocupados causada por uma 
redução no total de emprego informal (sem carteira de trabalho assinada). O total de emprego 
com carteira assinada na indústria apresentou um crescimento contínuo desde 1999, incluindo 
o período 2008‐2012.  
 

 

25 
 
Apêndice 
Gráfico A.1 - Taxa de desocupação por faixa etária (%)
21,0
20,0
19,0
18,0
17,0
16,0
15,0
14,0
13,0
12,0
11,0
10,0
9,0
8,0
7,0
6,0
5,0
4,0
3,0
2,0
1,0

20,0

19,3

18,8 18,9

18,2

20,7
19,3

19,0

18,9
18,0
16,6

16,3
15,5

15,2
12,6

13,3
12,2

12,1
10,4

9,7
8,5
7,2
5,3

2,4

7,6

6,8

6,7

5,0

4,9

3,3

2,5

2,1

1992

5,6

1994

7,6

7,3

10,5
7,9

9,7
7,2

10,2
9,2
7,4

9,1

8,9
7,8

7,3

7,1

6,9

6,8

5,9
4,5

4,4

4,1

3,4

1996

7,9

7,1

6,3

10,0 9,9

1998

2000

4,3

4,6

2002

3,9

2004

4,1

3,6

3,6

2006

5,1

3,7

2,9

2,8

2008

Brasil

6,7

5,7

2010

2,5

2012

De 15 a 24 anos

Fonte: PNAD/IBGE. Elaboração: Ipea.

Gráfico A.2 - Taxa de desocupação por região (%)
12,0

11,4

11,0
10,0

10,4
10,2
10,1
9,7
9,1
8,8 8,8
8,8

10,0
9,1

9,3

9,0

8,5

9,2

8,0 8,0
8,0
7,0

7,2

7,3
6,7 6,7

7,2

6,9

6,5

6,4

6,1
6,0

7,3

5,4

5,3
4,74,5

5,0
4,0
Brasil

Centro‐Oeste

Nordeste

Norte

Sudeste
1992

Sul
2001

2009

Fonte: PNAD/IBGE. Elaboração: Ipea.

26 
 
Gráfico A3 - Taxa de participação por idade (%)
90,0
85,0
80,0

76,8

75,2 75,6

75,5

80,4 80,4 80,3 80,5
79,1 80,1
77,9 78,9

77,8
76,5 76,9

81,6

79,9 80,0

75,0
70,0
65,0

65,2 64,3

63,1

60,9 61,2 61,1 61,4

60,1

61,2 60,8 62,0

63,2

61,8 61,5 61,2 61,0
57,5 57,5

60,0
55,0

58,3 57,9

58,1

42,5 41,9

42,0

59,2 59,8 59,3 59,0 59,0 59,5
57,9 58,6 58,6

41,9
40,3 40,8 41,2

57,5 57,5

43,1 42,4 43,0 42,8
41,8 41,9 42,1 42,0 42,5

58,0
56,4 57,3 57,4

41,3 41,3

50,0
45,0
40,0
1992

1994

1996

1998

2000

2002

2004

2006

Brasil

2008

2010

2012

De 15 a 24 anos

Fonte: PNAD/IBGE. Elaboração: Ipea.

Gráfico A4 - Taxa de participação por região (%)
64

63,1

62,6
62
60
58

60,9
60,8

61,6

61,5
61,4

60,9

61,1
60,9

59,6
59,5

59,5
58,3
57,9

62,7

58,0

57,5
57,5

56,8 57,1
56,3

57,1
56,3

56

58,3

55,1

55,0
54,8

54
51,8
51,6

52
50
Brasil

Centro‐Oeste

Nordeste
1992

2001

Norte
2009

Sudeste

Sul

Fonte: PNAD/IBGE. Elaboração: Ipea.

27 
 
Gráfico A.5 - Taxa de ocupação por idade (%)
80,0
75,0

73,1

71,2 71,9

75,7 75,8
74,3 74,5 74,9 74,8

75,4 75,9

53,7 53,8 53,8 54,4 54,1
52,8 52,4 53,5

53,3 53,7

73,1 72,8

71,2 71,7 71,5 71,7

72,0

70,0
65,0
60,0

57,0 56,4

54,2

55,0

52,3 51,8 51,9
52,1

55,5
52,8

54,0 53,9

50,0

52,0
51,9
48,7
49,6

50,0 49,6

45,0
40,0

41,5 41,1

41,0

35,0

1992

1994

1998

51,1
50,0 50,1 50,1 50,5
49,5

48,1 48,6

41,5 40,9 41,7 41,2
39,9 40,2 40,1 40,3 40,7

40,0
39,0 39,4 39,5

1996

48,6

2000

2002

2004

2006

Brasil

2008

40,2 40,3

2010

2012

De 15 a 24 anos

Fonte: PNAD/IBGE. Elaboração: Ipea.

Gráfico A.6 - Composição da população ocupada por faixa etária (%)
100,0%
90,0%

20,5%
19,7% 20,0%

16,0% 16,3% 16,8% 16,8% 17,3% 18,1% 18,3%
19,1%

80,0%
70,0%
60,0%
50,0%

59,3% 59,5%

60,1% 59,9% 60,1% 60,5%
60,5%

61,3% 61,6% 61,3%

21,7% 21,4% 20,6% 20,0% 19,5%

18,3% 17,8% 17,6%

40,0%
30,0%
20,0%
10,0%

22,6%

22,4%

0,0% 2,0% 1,8%
2001 2002

2003

1,4%
2004

De 15 a 24 anos

1,4%
2005

1,2%
2006

1,2%
2007

0,9%
2008

De 25 a 49 anos

2009

0,8%
2010

0,7%
2011

0,5%
2012

50 anos ou mais

Fonte: PNAD/IBGE. Elaboração: Ipea.

28 
 
Gráfico A.7 - Taxa de ocupação por região (%)
65,0
1992

2001

2009

2011

2012

60,0

55,0

50,0

45,0

40,0
Brasil

Norte

Nordeste

Sudeste

Sul

Centro‐Oeste

Fonte: PNAD/IBGE. Elaboração: Ipea.

 

Gráfico A.8 - Taxa de informalidade por região (%),
75
70
65
60
55
50
45
40
35
30
Brasil

Norte

Nordeste
1992

Fonte: PNAD/IBGE. Elaboração: Ipea.

Sudeste
2001

Sul
2009

2011

Centro‐Oeste
2012

 

29 
 
Gráfico A.9 – Oferta absoluta de mão de obra por níveis de qualificação
5
0 a 7

8 a 10

EMC

11 a 14

15+

4,5

Oferta Absoluta (1992=1)

4
3,5
3
2,5
2
1,5
1
0,5
0
1992 1993 1995 1996 1997 1998 1999 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2011 2012

Fonte: PNAD/IBGE. Elaboração: Ipea.

 
 

 

 

30 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

31 
 

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Ipea comunicado 160_analise_trabalho

  • 1.   No 160 Um retrato de duas décadas do mercado de trabalho brasileiro utilizando a Pnad   07 de outubro de 2013 1 
  • 2. Comunicados do Ipea Governo Federal Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República Ministro Marcelo Cortes Neri (interino) Fundação pública vinculada à Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República, o Ipea fornece suporte técnico e institucional às ações governamentais – possibilitando a formulação de inúmeras políticas públicas e programas de desenvolvimento brasileiro – e disponibiliza, para a sociedade, pesquisas e estudos realizados por seus técnicos. Presidente Marcelo Côrtes Neri Diretor de Desenvolvimento Institucional Luiz Cezar Loureiro de Azeredo Diretor de Estudos e Relações Econômicas e Políticas Internacionais Renato Coelho Baumann das Neves Os Comunicados do Ipea têm por objetivo antecipar estudos e pesquisas mais amplas conduzidas pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, com uma comunicação sintética e objetiva e sem a pretensão de encerrar o debate sobre os temas que aborda, mas motivá-lo. Em geral, são sucedidos por notas técnicas, textos para discussão, livros e demais publicações. Os Comunicados são elaborados pela assessoria técnica da Presidência do Instituto e por técnicos de planejamento e pesquisa de todas as diretorias do Ipea. Desde 2007, mais de cem técnicos participaram da produção e divulgação de tais documentos, sob os mais variados temas. A partir do número 40, eles deixam de ser Comunicados da Presidência e passam a se chamar Comunicados do Ipea. A nova denominação sintetiza todo o processo produtivo desses estudos e sua institucionalização em todas as diretorias e áreas técnicas do Ipea. Diretor de Estudos e Políticas do Estado, das Instituições e da Democracia Daniel Ricardo de Castro Cerqueira Diretor de Estudos e Políticas Macroeconômicas, Substituto Cláudio Hamilton Matos dos Santos Diretor de Estudos e Políticas Regionais, Urbanas e Ambientais Rogério Boueri Miranda Diretora de Estudos e Políticas Setoriais de Inovação, Regulação e Infraestrutura Fernanda De Negri Diretor de Estudos e Políticas Sociais Rafael Guerreiro Osorio Chefe de Gabinete Sergei Suarez Dillon Soares     Assessor-chefe de Imprensa e Comunicação João Cláudio Garcia Rodrigues Lima URL: http://www.ipea.gov.br Ouvidoria: http://www.ipea.gov.br/ouvidoria   2   
  • 3.       Um Retrato de Duas Décadas do Mercado  de Trabalho Brasileiro Utilizando a Pnad      1  INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 5  2  ANÁLISE DOS PRINCIPAIS INDICADORES DO MERCADO DE TRABALHO ................... 7  2.1  TAXA DE DESEMPREGO .................................................................................................. 7  2.2  TAXA DE PARTICIPAÇÃO ................................................................................................. 7  2.3  TAXA DE OCUPAÇÃO ..................................................................................................... 8  2.4  INFORMALIDADE .......................................................................................................... 9  3  RENDIMENTOS DO TRABALHO.............................................................................. 10  3.1  DESIGUALDADE DE RENDIMENTOS  ................................................................................ 11  . 3.2  DIFERENCIAIS DE RENDIMENTOS POR GÊNERO, RAÇA E FORMAL‐INFORMAL .......................... 14  4  EXAMINADO ALGUMAS GRANDES QUESTÕES DO MERCADO DE TRABALHO ........ 16  4.1  HÁ ESCASSEZ DE MÃO DE OBRA QUALIFICADA? ................................................................ 17  4.2  ESTAMOS NA TAXA DE PLENO EMPREGO OU HÁ ESPAÇO PARA A EXPANSÃO DA OFERTA DE  TRABALHO?  ....................................................................................................................... 19  . 4.3  HÁ DESINDUSTRIALIZAÇÃO NO MERCADO DE TRABALHO? .................................................. 22  CONCLUSÕES ............................................................................................................... 25    APÊNDICE .................................................................................................................... 26    3   
  • 5. Um Retrato de Duas Décadas do Mercado de Trabalho  Brasileiro Utilizando a Pnad1    1 Introdução  O objetivo deste documento é duplo. Primeiro, oferecemos um panorama do mercado de  trabalho  brasileiro  nas  duas  últimas  décadas  a  partir  dos  dados  da  Pesquisa  Nacional  por  Amostra  de  Domicílios  (PNAD)  do  Instituto  Brasileiro  de  Geografia  e  Estatística  (IBGE).  2  Analisa‐se a evolução, entre 1992 e 2012, dos principais indicadores do mercado de trabalho  brasileiro, tais como taxa de desemprego, participação, ocupação e informalidade. A análise é  feita tanto para o Brasil como um todo quanto para os recortes por regiões, gênero e idade.  Em  seguida  analisamos  mais  detidamente  a  evolução  dos  rendimentos  do  trabalho,  sua  distribuição  entre  os  ocupados  e  as  diferenças  salariais  entre  homens  e  mulheres,  brancos,  negros e pardos, e entre trabalhadores formais e informais.  Em  uma  perspectiva  de  longo  prazo,  todos  os  indicadores  do  mercado  de  trabalho  mostram  uma  melhora  significativa  no  período  analisado.  Após  um  período  de  crescimento  durante  os  anos  1990,  a  taxa  de  desemprego  e  informalidade  tiveram  um  longo  ciclo  de  declínio ao longo dos anos 2000. A taxa de participação agregada mostrou uma tendência de  relativa estabilidade, resultado de uma redução contínua da taxa de participação masculina e  aumento  da  feminina.  Após  um  ciclo  de  crescimento  e  subsequente  declínio  entre  1992  e  2002,  o  rendimento  médio  real  no  mercado  de  trabalho  apresentou  uma  trajetória  de  crescimento contínuo entre 2003 e 2012. Quanto à desigualdade de rendimentos (medida pelo  índice de Gini), esta apresentou  uma tendência de longo prazo de redução, iniciada em 1993.  Este comportamento foi resultado de uma série de fatores, mas em particular do aumento da  escolaridade da força de trabalho brasileira, que levou a uma redução contínua dos retornos  (salariais) da educação.   Na comparação com o ano anterior, o ano de 2012 apresentou boas e más notícias. Por  um  lado,  a  renda  do  trabalho  cresceu  substancialmente  em  termos  reais  no  país  como  um  todo (6,3%) e em particular na região Nordeste (8,7%). A taxa de desemprego no país caiu de  forma  expressiva,  atingindo  seu  menor  nível  histórico.  Porém,  as  regiões  Norte  e  Nordeste  apresentaram a menor redução e continuam com uma taxa de desemprego substancialmente  acima  da  taxa  agregada  (8%  e  8,8%,  respectivamente).  Por  outro  lado,  as  notícias  potencialmente preocupantes ficaram por conta da taxa de participação, que se manteve nos  mesmos níveis de 2011, após sofrer uma redução significativa entre 2009 e 2011. Da mesma  forma,  o  ritmo  de  redução  da  desigualdade  de  rendimentos  e,  em  menor  medida,  da  informalidade  mostraram  um  arrefecimento.  A  desigualdade  de  rendimentos  se  manteve  estável entre 2011 e 2012, bem como a informalidade nas regiões metropolitanas. Assim como                                                               1  Este Comunicado foi elaborado por Gabriel Ulyssea (Coordenador de Estudos e Pesquisa em Trabalho e Renda, DISOC/IPEA) e   Ana  Luiza  Neves  de  Holanda  Barbosa  (Técnica  de  Planejamento  e  Pesquisa  DISOC/IPEA).  Os  autores  agradecem  a  preciosa  colaboração de Alessandra Brito, Maíra Albuquerque Penna Franca e Ítalo de Souza.  2  Para realizar comparações com dados anteriores a 2004, foram retiradas as informações dos indivíduos moradores da área rural  da região Norte, não coberta pela PNAD até 2003. Cabe assinalar que as definições de ocupação e desocupação aqui utilizadas são  um  pouco  distintas  das  empregadas  pelo  IBGE.  Os  ocupados  são  definidos  como  os  indivíduos  que  exerceram  trabalho  remunerado  na  semana  de  referência,  os  que  exerceram  trabalho  não  remunerado  nessa  mesma  semana  por  pelo  menos  15  horas e os que tiveram trabalho remunerado do qual estavam temporariamente afastados. Os indivíduos que exerceram trabalho  para o próprio consumo ou na construção para uso próprio não foram  considerados como ocupados. Foram classificados como  desocupados  os  indivíduos  que  não  trabalharam,  mas  procuraram  trabalho  na  semana  de  referência.  Foram  incluídos  entre  os  desocupados  os  indivíduos  que  tiveram  trabalho  não  remunerado  com  menos  de  15  horas  na  semana  de  referência  e  que  procuraram trabalho nessa semana. Foram também classificados como desocupados os indivíduos que exerceram trabalho para o  próprio consumo ou construção e que buscaram trabalho na semana de referência.  5   
  • 6. na  taxa  de  desemprego,  os  indicadores  de  participação  no  mercado  de  trabalho  e  informalidade das regiões Nordeste e Norte continuam a ser significativamente piores do que  nas demais regiões.  Na  segunda  parte  deste  documento,  nossa  analise  se  concentra  em  algumas  grandes  questões  que  têm  dominado  o  debate  recente  acerca  do  comportamento  do  mercado  de  trabalho brasileiro. Mais especificamente, analisamos as seguintes questões:     Há escassez de mão de obra qualificada no país?  Estamos  na  taxa  de  pleno  emprego  ou  há  espaço  para  a  expansão  da  oferta  de  trabalho?  Como tem sido o desempenho da indústria no mercado de trabalho brasileiro?  Novamente utilizamos a Pnad para analisar em que medida os dados podem nos ajudar a  entender  e  esclarecer  essas  questões.  Nossa  análise  indica  que  tanto  a  oferta  relativa  quanto  absoluta de mão de obra qualificada vêm crescendo de forma substancial no país. Isso é verdade  para o período como um todo, mas de forma especialmente acentuada a partir do final do anos  1990 e início dos 2000. Coerente com esse aumento, os retornos para os mais diferentes níveis  de qualificação (ensino médio completo, superior incompleto e pelo menos superior completo)  vêm caindo ao longo do mesmo período. Portanto, a evidência apresentada é incompatível com  a ideia de que há escassez de mão de obra qualificada no país.   Em relação à possibilidade de expandir a oferta de trabalho no Brasil, nossa análise indica  que  a  capacidade  de  aumentar  a  taxa  de  participação  da  população  em  idade  ativa  desempenhará  um  papel  fundamental  nesse  processo.  Em  particular,  a  taxa  de  participação  entre  as  mulheres  permanece  muito  baixa  e  bem  abaixo  de  países  como  os  EUA.  A  taxa  de  participação  entre  os  jovens  também  caiu  de  forma  expressiva,  mas  sem  a  contrapartida  de  uma  maior  frequência  ao  sistema  formal  de  ensino.  Dessa  forma,  é  importante  entender  os  determinantes  da  decisão  dos  jovens  de  não  participar  do  mercado  de  trabalho  e  não  frequentar a escola.   Finalmente, analisamos o desempenho da indústria no mercado de trabalho brasileiro. Ao  longo  dos  últimos  20  anos  a  indústria  reduziu  em  6  p.p.  sua  participação  no  emprego  total,  sendo que esta redução se concentrou no final da década de 1990 e entre 2008 e 2011 (com  um  período  de  estabilidade  entre  esses  dois  períodos).  Quando  colocada  em  perspectiva  internacional,  essa  redução  é  menor  do  que  aquela  observada  em  países  altamente  industrializados, tal como EUA e Alemanha. Mais ainda, esta redução na participação até 2008  não se deveu a uma contração do emprego total da indústria, mas sim a um crescimento em  ritmo  inferior  àquele  observado  nos  setores  de  serviços  e  comércio.  Apenas  entre  2008  e  2011,  a  indústria  sofreu  uma  redução  no  total  de  ocupados.  Porém,  esta  redução  foi  inteiramente  devida  a  uma  redução  no  total  de  emprego  informal  (sem  carteira  de  trabalho  assinada).  O  total  de  emprego  formal  (com  carteira  assinada)  na  indústria  tem  crescido  de  forma  ininterrupta  desde  1999,  incluindo  os  últimos    anos.  Esses  dados  trazem,  portanto,  novas  evidências  para  o  debate  sobre  a  possível  existência  e  a  magnitude  do  processo  de  desindustrialização no mercado de trabalho brasileiro.  O restante deste documento está organizado da seguinte forma. A Seção 2 apresenta  a  análise dos principais indicadores do mercado de trabalho nos últimos 20 anos, enquanto que  a Seção 3 analisa apenas os rendimentos do trabalho, sua evolução, distribuição e diferenciais.  A Seção 4 analisa as três questões colocadas acima e a Seção 5 conclui.  6   
  • 7. 2 Análise dos principais indicadores do mercado de trabalho  2.1 Taxa de desemprego  Após  uma  alta  significativa  em  2009,  a  taxa  de  desemprego  voltou  a  apresentar  uma  trajetória  de  queda  contínua  nos  anos  seguintes,  chegando  a  6,7%  em  2012.  Este  é  o  valor  mais baixo  para a taxa  de desemprego agregada  nos últimos 20  anos, apenas observado em  1994  e  1995.  Para  homens,  a  taxa  em  2012  já  é  a  mais  baixa  nos  últimos  20  anos,  mas  o  mesmo  não  é  verdade  para  as  mulheres,  uma  vez  que  as  taxas  observadas  em  meados  da  década  de  1990  foram  ligeiramente  menores.  No  período  como  um  todo,  o  desemprego  apresenta um comportamento de “U invertido”, tendo atingido seu pico ao final da década de  1990 e início dos anos 2000.   De maneira geral, o mesmo comportamento da taxa de desemprego agregada pode ser  observado nos diferentes grupos etários, mas de forma mais acentuada entre os jovens de 15  a 24 anos (Gráfico A.1, Apêndice). Em termos regionais, as taxas de desemprego das 5 grandes  regiões também reproduziram o comportamento da taxa agregada, ainda que as regiões Norte  e  Nordeste  tenham  reduzido  menos  o  desemprego  do  que  as  demais  regiões  (Gráfico  A.1,  Apêndice).   Gráfico 1 ‐ Taxa de desocupação agregada por gênero (%)  15,0 13,6 13,6 14,0 13,0 12,8 12,9 13,0 13,6 12,9 12,3 11,9 12,1 12,0 11,2 10,4 11,0 9,9 10,0 7,0 6,0 10,5 9,9 9,2 8,6 7,2 10,6 10,2 9,7 9,3 9,0 8,0 9,7 10,0 9,9 8,5 8,3 8,4 7,7 7,6 6,8 6,0 5,7 8,0 7,8 9,1 7,4 7,8 7,7 6,9 6,7 6,7 8,9 8,9 8,3 6,2 7,3 6,7 6,6 5,7 5,6 6,7 5,3 5,1 5,0 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 Brasil Mulheres Homens   Fonte: PNAD/IBGE. Elaboração: Ipea.    2.2 Taxa de participação3  A taxa de participação no Brasil tem se mantido relativamente estável ao longo das duas  últimas décadas. Esta relativa estabilidade é o resultado de uma tendência de queda na taxa  de participação dos homens e uma tendência de elevação entre as mulheres, fenômeno este  que é comum a maior parte dos países no mundo.                                                                    3  A taxa de participação é definida como a  razão entre a população economicamente ativa (PEA) e a população em idade ativa  (PIA).  7   
  • 8. Porém,  entre  2009  e  2011  observou‐se  uma  queda  expressiva  na  taxa  de  participação,  que se mantém em 2012. Esta queda é surpreendente, tendo em vista o cenário de aparente  reaquecimento  do  mercado  de  trabalho  e  contínuo  aumento  dos  rendimentos  do  trabalho,  como será visto a seguir. Como discutiremos na seção 4.2, entender os determinantes da taxa  de  participação  no  Brasil  é  um  tema  central  para  a  agenda  pública,  tendo  em  vista  sua  importância na determinação do nível da oferta de trabalho no país.   Quanto ao recorte etário, os jovens de 15 a 24 anos apresentam uma queda expressiva  em sua taxa de participação já a partir de 2005, mas de forma especialmente acentuada entre  2009 e 2012.  Esta queda pode representar uma tendência positiva, caso estes jovens estejam  saindo  do  mercado  de  trabalho  para  se  educarem  mais,  ou  negativa  caso  não  estejam  aumentando  seu  capital  humano  (ver  seção  4.2  à  frente).  Quanto  ao  recorte  regional,  novamente o destaque negativo é o comportamento da região nordeste, que apresenta uma  acentuada queda na sua taxa de participação entre 2009 e 2011, de mais de 3 p.p..    Gráfico 2 ‐ Taxa de participação agregada e por gênero (%)  Brasil Mulheres Homens 80,0 75,0 75,0 74,4 70,0 73,6 71,5 72,3 72,0 71,1 70,9 71,3 69,9 69,9 68,3 68,2 65,0 60,0 55,0 58,3 57,9 58,1 56,4 57,4 58,0 57,9 58,6 58,6 59,8 59,0 59,5 50,0 45,0 40,0 57,5 57,5 49,7 42,4 49,0 42,2 43,5 43,7 44,9 45,6 48,9 47,1 47,6 47,7 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012   Fonte: PNAD/IBGE. Elaboração: Ipea.    2.3 Taxa de ocupação4  O gráfico 3 mostra que a taxa de ocupação no Brasil apresentou uma tendência de alta ao  longo dos anos 2000, tendência esta que apresentou uma leve reversão entre 2009 e 2011 e se  manteve relativamente constante entre 2011 e 2012. Os movimentos na taxa de ocupação ao  longo dos anos 2000 refletiram essencialmente os movimentos da taxa de participação, pois a  taxa de desemprego manteve uma tendência de queda ao longo de quase toda a década.   O mesmo pode ser dito para o recorte por gênero: ao longo de todo o período analisado,  as mulheres apresentaram uma tendência de elevação em sua taxa de ocupação enquanto os  homens  observaram  uma  tendência  de  queda,  novamente  refletindo  os  movimentos  observados  na  taxa  de  participação.  Essa  relação  entre  a  taxa  de  ocupação  e  a  taxa  de  participação é explorada com maior nível de detalhes na seção 4.2. Finalmente, os diferentes                                                               4  A taxa de ocupação é definida como a razão entre o total de ocupados e a população em idade ativa (PIA).  8   
  • 9. grupos  etários  apresentaram  comportamentos  divergentes.  Enquanto  os  jovens  de  15  a  24  anos de idade reduziram sua taxa de ocupação ao longo dos últimos 20 anos, os adultos de 25  a 49 anos a ampliaram. Estas tendências na taxa de ocupação levaram à diminuição da parcela  de  jovens  e  ao  aumento  da  proporção  dos  adultos  mais  velhos  no  mercado  de  trabalho  (gráfico  A.6).  Examinando  o  comportamento  da  taxa  de  ocupação  dentro  das  diferentes  regiões,  novamente  a  região  nordeste  apresentou  uma  evolução  destacadamente  distinta,  com uma significativa tendência de redução da taxa de ocupação (A.7).     Gráfico 3: Taxa de ocupação agregada e por gênero (%)  80,0 70,5 70,1 69,5 70,0 60,0 54,0 53,9 54,2 67,1 67,4 66,4 66,0 65,4 65,8 65,0 65,9 65,8 65,5 65,3 65,9 65,2 64,7 64,7 53,5 53,7 53,8 53,8 54,4 54,1 53,3 53,7 52,1 52,3 51,8 51,9 52,0 52,8 52,4 50,0 40,0 39,8 39,6 40,7 40,7 38,5 38,6 38,0 38,3 38,0 38,8 43,7 43,7 42,9 43,4 42,0 42,4 42,9 43,0 30,0 Mulheres Homens Brasil 20,0 1992 1993 1995 1996 1997 1998 1999 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2011 2012   Fonte: PNAD/IBGE. Elaboração: Ipea.    2.4 Informalidade5  Após  um  longo  período  de  expansão  durante  a  década  de  1990,  a  informalidade  caiu  continuamente durante os anos 2000, atingindo em 2012 seu menor nível dos últimos 20 anos.  Cabe notar, no entanto, que o ritmo da queda também arrefeceu entre 2011 e 2012, e mais  claramente  nas  regiões  metropolitanas.  De  fato,  as  regiões  metropolitanas  tiveram  um  comportamento  diferenciado  do  restante  do  país,  tanto  durante  o  período  de  expansão  quanto no período de redução da informalidade.   As  regiões  Sul,  Sudeste  e  Centro‐Oeste  apresentaram  forte  redução  no  grau  de  informalidade  e  parecem  ter  ampliado  o  seu  diferencial  em  relação  às  regiões  Norte  e  Nordeste, que permanecem aquelas com maior grau de informalidade (Gráfico A.8).                                                                   5  O grau de informalidade é definido aqui como a soma de trabalhadores por conta própria que não contribuem para a previdência  e  sem  carteira  de  trabalho  assinada,  dividida  pela  soma  dos  trabalhadores  por  conta  própria,  sem  carteira,  com  carteira,  estatutários e militares.  9   
  • 10. Gráfico  4  ‐  Evolução  do  grau  de  informalidade  –  Brasil,  Regiões  Metropolitanas  e  Não‐ Metropolitanas  60 56,4 57,0 57,0 55,8 56,6 57,2 57,1 55 50 49,0 49,8 50,2 49,7 50,3 51,1 51,7 51,2 51,6 54,7 54,0 50,4 50,0 53,0 49,2 52,0 50,2 48,1 46,6 45 40,5 40 35 55,9 55,9 36,6 33,9 37,5 37,5 41,8 42,9 38,7 41,5 41,6 41,5 40,3 39,5 48,9 45,5 38,8 48,2 44,6 44,2 40,1 43,1 39,3 37,5 34,9 32,2 31,9 30 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 Brasil Região Metropolitana Região Não Metropolitana   Fonte: PNAD/IBGE. Elaboração: Ipea.    3 Rendimentos do trabalho  Após  um  ciclo  de  expansão  do  rendimento  real  entre  1992  e  1996,  o  mesmo  alternou  períodos de relativa estabilidade e de declínio, resultando em uma tendência geral de queda  entre 1996 e 2003. A partir de 2004, porém, o rendimento médio (tanto do trabalho principal  quanto de todos os trabalhos) passou por um período ininterrupto de crescimento, com uma  taxa de crescimento anual média de 4,7%, tendo sido 6,3% entre 2011 e 2012.    Gráfico 5 ‐ Evolução do rendimento médio real do trabalho (base: set./2012)  R$ 1.500,00 Rendimentos de todos os trabalhos 1.475,7 1.432,6 R$ 1.400,00 Rendimentos do trabalho principal R$ 1.300,00 R$ 1.200,00 R$ 1.100,00 R$ 1.000,00 923,2 R$ 900,00 891,1 R$ 800,00 199219931994199519961997199819992000200120022003200420052006200720082009201020112012 base: setembro de 2012 Fonte: PNAD/IBGE. Elaboração: Ipea.      10   
  • 11. No  entanto,  a  evolução  dos  rendimentos  apresenta  trajetórias  distintas  quando  analisada  por diferentes grupos de  trabalhadores (tabela 1). Na comparação por gênero, por exemplo,  notamos  que  a  taxa  de  crescimento  do  rendimento  médio  real  das  mulheres  entre  2001  e  2012 (39,3%) foi superior à taxa de crescimento dos homens para o mesmo período (30%), e  muito  maior  quando  considerados  os  últimos  20  anos  (90,2%  e  54,6%,  respectivamente).  Tendo em vista o aumento da participação das mulheres no total de ocupados nesse mesmo  período,  esse  resultado  representa  uma  melhora  significativa  na  inserção  das  mulheres  no  mercado  de  trabalho,  o  que  decorre  em  grande  parte  do  seu  grande  avanço  em  termos  de  escolaridade.  O  mesmo  ocorre  para  os  trabalhadores  pretos  e  pardos  em  relação  aos  trabalhadores  brancos,  para  os  trabalhadores  mais  novos  e  mais  velhos  em  relação  aos  trabalhadores entre 24 e 50 anos de e para os trabalhadores com menor escolaridade.      Tabela  1  ‐  Evolução  do  rendimento  real  médio  do  trabalho  principal  por  subgrupo  (R$ de set./2012)  1992 Brasil Por Gênero    Homens    Mulheres Por Cor/Raça    Brancos    Pretos    Pardos Por Idade    15 a 24 anos    25 a 49 anos    50 ou mais de idade Por Escolaridade    0 a 3 anos    4 a 7 anos    8 a 10 anos    11 ou mais Por Ocupação    Com Carteira    Sem Carteira    Conta Própria    Empregador    Funcionário Público Por Região    Norte    Nordeste    Centro‐Oeste    Sudeste    Sul 2001 2009 2011 2012 Cresc. (%) 92‐12 Cresc. (%) 01‐12 Cresc. (%) 09‐12 Cresc. (%) 11‐12 891,1 1.087,8 1.220,98 1.347,8 1.432,6 60,77% 31,70% 17,33% 6,29% 1.055,2 1.254,8 1.406,99 1.531,9 1.631,7 54,64% 30,03% 15,97% 6,52% 609,2 831,8 964,38 1.092,9 1.158,6 90,17% 39,28% 20,13% 6,01% 1.146,0 1.395,2 1.531,77 1.679,7 1.815,1 58,39% 30,09% 18,50% 8,06% 556,60 729,7 900,84 994,7 1.052,5 89,10% 44,24% 16,84% 5,82% 559,92 675,3 892,21 1.007,2 1.057,2 88,81% 56,55% 18,49% 4,96% 459,8 536,2 654,8 753,9 783,4 70,38% 46,09% 19,64% 3,91% 1.147,4 1.267,7 1.316,4 1.431,2 1.505,4 31,21% 18,76% 14,35% 5,18% 958,5 1.340,6 1.528,0 1.672,9 1.812,9 89,13% 35,23% 18,65% 8,37% 401,7 455,0 559,5 670,2 689,4 71,62% 51,53% 23,21% 2,87% 677,6 686,5 746,7 848,9 907,1 33,87% 32,13% 21,48% 6,85% 981,9 903,4 870,7 958,0 998,4 1,69% 10,52% 14,67% 4,22% 2.083,8 2.097,8 1.811,4 1.894,1 1.983,0 ‐4,84% ‐5,47% 9,47% 4,70% 1.204,5 1.173,5 1.241,3 1.301,5 1.362,6 13,13% 16,12% 9,78% 4,70% 409,0 606,6 687,9 772,7 818,7 100,19% 34,95% 19,01% 5,95% 818,1 987,1 1.011,4 1.237,0 1.328,6 62,40% 34,60% 31,37% 7,40% 3.032,4 3.766,8 3.731,0 4.262,9 4.523,4 49,17% 20,09% 21,24% 6,11% 1.462,1 1.969,7 2.298,6 2.433,2 2.450,7 67,61% 24,42% 6,62% 0,72% 3,25% 780,3 941,6 1.069,6 1.172,9 1.211,1 55,21% 28,61% 13,22% 474,82 598,01 765,25 871,99 948,12 99,68% 58,55% 23,90% 8,73% 931,6 1.213,5 1.465,7 1.643,4 1.728,6 85,55% 42,45% 17,93% 5,18% 1140,36 1370,02 1.410,5 1543,51 1638,85 43,71% 19,62% 16,19% 6,18% 925,7 1.113,9 1.355,3 1.439,1 1.540,1 66,37% 38,27% 13,64% 7,02% Fonte: PNAD/IBGE. Elaboração: Ipea.      3.1   Desigualdade de rendimentos  Quando medida pelo índice de Gini, a desigualdade de salários mostra uma tendência de  longo  prazo  de  redução  da  desigualdade,  iniciada  em  1993.  Há  dois  períodos  de  relativa  aceleração  dessa  tendência:  (i)  entre  1993  e  1996; e  (ii)  2003  a 2011,  em  particular  o  biênio  2009‐2011. Não obstante, entre 2011 e 2012, o que se observa é um arrefecimento da queda e  uma estabilidade (no sentido estatístico) entre esses dois anos.        11   
  • 12. Gráfico 6 ‐ Evolução da Desigualdade do Rendimento Real (índice de Gini)    0,600 0,580 0,560 0,549 0,540 0,520 0,500 0,480 0,486 0,460 1992 1993 1995 1996 1997 1998 1999 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2011 2012   Fonte: PNAD/IBGE. Elaboração: Ipea    Ao examinarmos a medida de desigualdade dada pela razão 90/106, o cenário é um pouco  diferente.  Após  1995  o  cenário  é  de  relativa  estabilidade  e  somente  a  partir  2006‐2007  se  observa  uma  queda  mais  acelerada  desse  indicador.  Porém,  novamente  se  observa  um  arrefecimento  da  queda  e  estabilidade  do  indicador  entre  2011  e  2012.  Este  indicador  é  diferente do anterior no sentido de que este é muito sensível a diferenças entre os extremos  da distribuição de rendimentos e mais insensível a movimentos no meio da distribuição. Assim,  a  primeira  medida  oferece  um  cenário  mais  amplo  da  distribuição  de  renda  como  um  todo,  enquanto o segundo capta melhor as diferenças entre os extremos.                                                                   6  Essa medida é dada pela razão entre a renda que define os 10% com maiores salários e a renda que define os 10% com menos  rendimentos.  12   
  • 13. Gráfico 7 ‐ Evolução da Razão 90/10 do Rendimento Real    16 14 12 10 8 6 4 1992 1993 1995 1996 1997 1998 1999 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2011 2012   Fonte: PNAD/IBGE. Elaboração: Ipea    Outra  forma  de  examinar  o  que  ocorreu  com  os  rendimentos  dos  diferentes  grupos  de  remuneração  –  e,  portanto,  com  a  desigualdade  –  é  examinar  o  padrão  de  crescimento  de  rendimentos  dos  diferentes  pontos  da  distribuição.  O  Gráfico  8  abaixo  mostra  a  variação  no  rendimento  médio  dos  trabalhadores  nos  diferentes  vintis  da  distribuição  de  rendimentos,7  para o período 2001 a 2012 e 2011 a 2012. Para o período mais longo, o gráfico 8 mostra um  padrão declinante de ganhos de rendimentos entre os 5% mais pobres e os 5% mais ricos no  mercado  de  trabalho.  Enquanto  os  primeiros  observaram  um  ganho  acumulado  de  69,2%  entre 2001 e 2012, os 5% mais ricos tiveram um ganho de 17,5%. Esses dados indicam que a  redução no grau de desigualdade de rendimentos durante esse período se deveu a um ganho  maior entre os menos qualificados (com menores salários) e menor entre os mais qualificados  (com maiores salários).  O  cenário  é  diferente  entre  2011  e  2012.  Como  mostra  o  mesmo  gráfico,  os  maiores  ganhos  nesse  período  foram  observados  entre  aqueles  no  topo  da  distribuição  de  rendimentos.  Ainda  assim,  exceto  pelos  5%  de  menores  rendimentos  –  que  sofreram  uma  queda  de  rendimentos  reais  de  7,5%  –  os  ganhos  salariais  foram  distribuídos  de  forma  mais  equilibrada  entre  todos  os  trabalhadores.  Esse  gráfico  explica,  portanto,  porque  observou‐se  um arrefecimento do ritmo de redução de desigualdade de rendimentos entre 2011 e 2012.                                                                       7  Os percentis são numerados de 1 a 20, correspondendo desde os 5% mais pobres, 5% mais ricos, respectivamente.  13   
  • 14. Gráfico  8  ‐  Evolução  do  rendimento  por  percentil  da  distribuição  de  rendimentos  –  2001  a  2012 e 2011 a 2012  100,0% 2011‐2012 2001‐2012 Brasil ‐ 1992 a 2012 Brasil ‐ 2011 a 2012 80,0% 60,0% 60,8% 40,0% 20,0% 6,3% 0,0% 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 ‐20,0% Percentis da Distribuição de Rendimentos   Fonte: PNAD/IBGE. Elaboração: Ipea      3.2 Diferenciais de rendimentos por gênero, raça e formal‐informal  Nesta seção analisamos os diferenciais salariais por gênero e raça, controlando por outras  características  observáveis  dos  trabalhadores.  Com  isso,  é  possível  contrastar  o  diferencial  salarial  entre,  por  exemplo,  homens  e  mulheres  que  são  observacionalmente  iguais  –  com  mesma  escolaridade,  idade,  vivendo  na  mesma  UF,  entre  outros.  Analisando  primeiro  o  diferencial por gênero, nota‐se que a diferença de rendimentos entre homens e mulheres vem  diminuindo ao longo da última década. Tal tendência acentua‐se de 2009 a 2011 e mantem‐se  entre 2011 e 2012. Não obstante, este diferencial continua a ser alto, pois em 2012 mulheres  ainda  recebiam,  em  média,  um  salário  27,5%  inferior  a  homens  que  possuem  as  mesmas  características produtivas observáveis.        14   
  • 15. Gráfico 9 – Diferencial de rendimentos por gênero  ‐25,0% ‐27,5% ‐27,5% ‐27,9% ‐28,9% ‐29,6% ‐30,3% ‐30,0% ‐31,6% ‐30,3% ‐30,5% ‐31,2% ‐31,4% ‐32,0% ‐32,5% ‐35,0% 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2011 2012 Fonte: PNAD/IBGE. Elaboração: Ipea.      O  gráfico  10  mostra  que  o  diferencial  de  remuneração  entre  brancos  e  pretos  oscilou  significativamente ao longo do período, com uma tendência de aumento desde 2007 que foi  revertida a partir de 2011. Apesar de também  ter oscilado ao longo da década, o diferencial  entre brancos e pardos mostra uma tendência de queda mais clara desde 2003, apesar de uma  leve  reversão  em  2009.  Embora  estes  diferenciais  estejam  controlados  por  características  observáveis,  eles  não  conseguem  controlar  por  características  não  observáveis,  tais  como  qualidade  da  educação  obtida  por  estes  trabalhadores.  Sendo  assim,  estes  resultados  não  podem ser diretamente interpretados como evidência direta de discriminação no mercado de  trabalho.  Gráfico 10 ‐ Evolução do diferencial de rendimento por raça/cor  ‐20,0% ‐22,0% ‐22,6% ‐22,2% ‐22,4% ‐21,5% ‐21,9% ‐22,2% ‐22,9% ‐23,8% ‐24,3% ‐24,0% ‐24,9% ‐25,3% ‐26,0% ‐26,1% ‐25,8% ‐22,2% ‐22,6% ‐22,8% ‐22,9% ‐23,6% ‐24,1% ‐24,9% ‐25,8% ‐27,1% ‐28,0% ‐30,0% 2001 2002 Pretos 2003 2004 Pardos 2005 2006 2007 Polinômio (Pretos) 2008 2009 2011 2012 Polinômio (Pardos)   Fonte: PNAD/IBGE. Elaboração: Ipea.        15   
  • 16. Por  fim,  é  interessante  analisar  o  diferencial  salarial  entre  trabalhadores  formais  e  informais. Como ressaltado na Tabela 1, trabalhadores sem carteira de trabalho assinada têm  observado  elevações  salariais  maiores  do  que  os  trabalhadores  com  carteira.  Este  resultado,  porém,  compara  trabalhadores  com  características  diversas  e  que  não  são  diretamente  comparáveis. O gráfico 8 mostra os diferenciais entre trabalhadores formais e informais com  as  mesmas  características  observáveis  e,  portanto,  mais  diretamente  comparáveis.  O  gráfico  mostra  que  os  trabalhadores  informais  começaram  a  reduzir  a  distância  para  os  formais  apenas a partir de 2009. Até então o diferencial apresentou ora tendência de elevação, ora de  estabilidade.    Gráfico 11 ‐ Evolução do rendimento por setor formal X informal ( % )  ‐15,0% ‐20,0% ‐22,1% ‐25,0% ‐25,6% ‐21,5% ‐25,7% ‐26,4% ‐27,1% ‐27,1% ‐27,9% ‐28,1% 2004 2005 2006 ‐27,5% ‐28,2% ‐30,0% 2001 2002 2003 2007 2008 2009 2011 2012   Fonte: PNAD/IBGE. Elaboração: Ipea.    4 EXAMINADO ALGUMAS GRANDES QUESTÕES DO MERCADO DE TRABALHO  O  objetivo  desta  quarta  e  última  seção  é  utilizar  os  dados  da  Pnad  2012  e  sua  série  histórica para examinar alguns grandes temas e perguntas que vêm permeando boa parte do  debate recente acerca do mercado de trabalho brasileiro. As questões examinadas aqui são as  seguintes:     Há escassez de mão de obra qualificada no país?  Estamos  na  taxa  de  pleno  emprego  ou  há  espaço  para  a  expansão  da  oferta  de  trabalho?  Como tem sido o desempenho da indústria no mercado de trabalho brasileiro?  No que segue examinaremos estas questões de forma individual, trazendo evidências que  possam aclarar potenciais respostas, mas sem a pretensão de prover  respostas completas ou  definitivas.        16   
  • 17. 4.1 Há escassez de mão de obra qualificada?  Um tema que tem ocupado um lugar de certo destaque no debate recente sobre mercado  de  trabalho  no  Brasil  é  a discussão  acerca  da  existência  ou  não  de  escassez  de  mão  de  obra  qualificada  no  país.  O  foco  sobre  este  tema  no  debate  mais  amplo  (mídia,  sociedade  civil  e  academia) é recente, o que sugere que a esta potencial escassez teria surgido, ou ao menos se  agravado, recentemente.  Para  examinar  esta  questão,  analisamos  primeiro  a  oferta  relativa  de  mão  de  obra  por  diferentes níveis de qualificação. A única medida de qualificação dos trabalhadores disponível  na  Pnad  é  o  seu  nível  de  escolaridade,  o  que  certamente  é  uma  medida  imperfeita.  Não  obstante, essa é a medida mais amplamente utilizada não apenas no Brasil, mas também no  mundo,  e  que  fornece  uma  aproximação  razoável  do  nível  de  capital  humano  dos  trabalhadores.  Ainda  assim,  para  obter  uma  melhor  medida  da  qualidade  relativa  dos  trabalhadores,  utilizamos  o  conceito  de  “unidades  de  eficiência”  para  medir  o  total  de  trabalhadores  por  nível  de  qualificação,  o  que  é  um  procedimento  usual  na  literatura  internacional.8  O  gráfico  13  exibe  a  evolução  do  total  de  trabalhadores  em  cada  grupo  educacional  –  fundamental  completo,  mas  ensino  médio  (EM)  incompleto  (0  a  10);  EM  completo (11 anos); algum ensino superior (11 a 14); e pelo menos ensino superior completo  (15  ou  mais)  –  relativo  ao  total  de  trabalhadores  no  grupo  menos  qualificado,  ou  seja,  com  fundamental incompleto.  Gráfico 12 – Oferta relativa de mão de obra por diferentes níveis de qualificação.  1,6 1,4 8 a 10 11 a 14 EMC 15+ 1,2 1 0,8 0,6 0,4 0,2 0 1992 1993 1995 1996 1997 1998 1999 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2011 2012 Fonte: PNAD/IBGE. Elaboração: Ipea.      O gráfico 12 mostra que durante todo o período analisado há uma expansão substancial  da  oferta  relativa  de  mão  de  obra  mais  qualificada  (em  relação  ao  grupo  de  menor  qualificação), especialmente nos grupos de ensino médio completo (EMC) e com algum ensino  superior  (11  a  14  anos  de  escolaridade).  Ao  longo  dos  anos  2000,  especialmente  a  partir  da                                                               8   Ver,  por  exemplo,  Acemoglu,  Daron.  "Skills,  tasks  and  technologies:  Implications  for  employment  and  earnings."  Handbook  of  Labor Economics 4 (2011): 1043‐1171.   O procedimento consiste em dividir os trabalhadores na PEA em grupos de escolaridade, gênero e escolaridade. Na prática, são  células  caracterizadas  pela  interação  entre  50  anos  de  experiência  potencial,  duas  categorias  de  gênero,  e  cinco  grupos  educacionais  –  0  a  7,  8  a  10,  11,  12  a  14  e  15  anos  ou  mais  de  escolaridade.  Para  cada  uma  dessas  500  células  (=50x2x5),  computamos o salário médio em todo o período e definimos os salários relativos de cada célula em função do salário médio da  célula com menor rendimento médio. Esses salários relativos definem, portanto, o peso relativo de cada unidade dentro de suas  respectivas células.  17   
  • 18. segunda  metade  da  década,  as  ofertas  relativas  de  trabalhadores  com  pelo  menos  ensino  superior completo (15+) e com algum superior (11 a 14) apresentam uma aceleração em seu  crescimento.  O  gráfico  A.9  (no  apêndice)  mostra  que  quando  examinamos  a  evolução  da  oferta  absoluta  de  trabalho  esse  cenário  se  mantém,  sendo  que  a  expansão  do  grupo  com  ensino médio completo se inicia mais claramente no final dos anos 1990.  Passando  agora  para  a  análise  do  “preço”  da  qualificação,  ou  seja,  dos  retornos  da  escolaridade  para  cada  grupo  de  qualificação,  vemos  os  resultados  no  Gráfico  14.  Para  computar  estes  retornos,  utilizamos  regressões  de  salários  para cada  ano,  controlando  pelas  demais  características  observáveis  dos  trabalhadores  (ex.:  gênero,  raça,  idade,  localização,  entre outros). Assim, esses retornos capturam os ganhos salariais advindos de maiores níveis  de  escolaridade  relativos  a  indivíduos  com  fundamental  incompleto,  mas  com  as  demais  características  observáveis  idênticas.  O  gráfico  14  mostra  que  todos  os  grupos  de  maior  qualificação  apresentaram  retornos  decrescentes  em  relação  aos  trabalhadores  menos  qualificados,  e  de  forma  especialmente  acentuada  a  partir  dos  anos  200  para  os  grupos  de  maior qualificação (11 a 15 e 15 ou mais anos de escolaridade).    Gráfico 13 – Retornos da Escolaridade  2,200 0,950 0,850 0,845 2,000 2,048 0,750 1,800 1,606 0,650 1,600 1,501 0,550 0,451 0,450 1,400 0,484 1,079 0,350 8 a 11 EMC 11 a 15 1,200 15+ 1,000 0,250 0,224 0,150 1995 1996 1997 1998 1999 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2011 2012 0,800   Fonte: PNAD/IBGE. Elaboração: Ipea.    Finalmente, o gráfico 14 mostra a composição do desemprego por níveis de escolaridade,  dessa  vez  agregados  todos  os  trabalhadores  qualificados  em  um  grupo  apenas  (aqueles  com  11  anos  de  escolaridade  ou  mais).  O  que  este  gráfico  mostra  é  que  a  participação  dos  trabalhadores qualificados no estoque de desempregados vem aumentando continuamente ao  longo dos últimos 20 anos, enquanto que a participação dos menos qualificados (fundamental  incompleto  –  0  a  7)  vem  se  reduzindo.  Assim,  o  contingente  daqueles  dispostos  a  trabalhar,  mas  que  por  algum  motivo  não  conseguiram  um  posto  de  trabalho,  está  concentrado  em  trabalhadores de maior qualificação e não o contrário.        18   
  • 19. Gráfico 14 – Composição do desemprego por escolaridade  100% 90% 80% 70% 60% 50% 40% 30% 20% 10% 0% 1992 1993 1995 1996 1997 1998 1999 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2011 2012 0 a7 8 a 10 11+   Fonte: PNAD/IBGE. Elaboração: Ipea.    Dessa forma, as evidências discutidas nessa seção oferecem fortes evidências contrárias à  noção de que haveria uma escassez de mão de obra qualificada no país. De um lado, a oferta –  tanto  relativa  quanto  absoluta  –  de  trabalho  qualificado  vem  aumentando  quase  que  continuamente, especialmente  na última década.  De outro, o preço relativo da mão de obra  mais  qualificada  vem  caindo  também  quase  que  continuamente.  Mais  ainda,  os  desempregados  hoje  são  em  sua  maioria  qualificados  e  não  o  contrário.  Sendo  assim,  essas  evidências  sugerem  que,  se  há  escassez,  é  de  mão  de  obra  não‐qualificada.  Cabe  notar,  no  entanto,  que  essa  análise  não  elimina  a  possibilidade  que  setores  específicos  podem  ter  experimentado uma escassez de profissionais qualificados e especializados. Porém, este não é  o cenário para o mercado de trabalho como um todo. Não obstante, o nível de qualificação da  força  de  trabalho  no  Brasil  segue  baixo  e  com  baixa  produtividade,  o  que  deixa  aberta  uma  ampla avenida para ganhos futuros.    4.2 Estamos  na  taxa  de  pleno  emprego  ou  há  espaço  para  a  expansão  da  oferta  de  trabalho?  Como antecipado na seção 2, a taxa de participação é um determinante fundamental na  determinação da oferta de trabalho de qualquer país. Quanto maior for esta taxa, tudo mais  constante, maior será a oferta de trabalho e, portanto, menor a pressão sobre o mercado de  trabalho. Isso se torna especialmente central quando o país atinge taxas de desemprego muito  baixas,  como  é  o  caso  brasileiro,  pois  a  capacidade  de  ampliar  o  contingente  de  ocupados  torna‐se muito limitada.  Sendo  assim,  nossa  análise  se  concentrará  na  investigação  da  taxa  de  participação  no  mercado  de  trabalho  brasileiro.  Para  tanto,  revisitamos  o  Gráfico  2  apresentado  na  Seção  2,  porém agora com a inclusão das taxas de participação feminina e masculina nos EUA durante  os últimos 20 anos. Como pode ser visto, o Gráfico 15 revela diferenças marcantes nas taxas  de  participação  de  homens  e  mulheres  no  Brasil  vis‐à‐vis  àquelas  observadas  nos  Estados  Unidos. Enquanto a taxa de participação dos homens é semelhante nos dois países – ainda que  19   
  • 20. inferior no Brasil – a taxa de participação feminina é muito inferior no Brasil. É especialmente  sintomático  que  a  taxa  de  participação  das  mulheres  nos  EUA,  que  é  tradicionalmente  mais  baixa que a  dos homens, seja maior ou igual à taxa do mercado de trabalho brasileiro como  um  todo.  Mais  ainda,  a  partir  de  2009  a  mesma  apresentou  uma  significativa  reversão  na  tendência de elevação apresentada nos anos anteriores.    Gráfico 15 – Taxa de participação: Brasil s. EUA  Brasil Mulheres Homens EUA ‐ Homens EUA ‐ Mulheres Brasil 80,0 75,8 75,4 75,0 75,0 74,7 74,4 73,5 75,0 75,0 74,4 73,6 70,0 71,5 72,3 72,0 71,1 73,3 73,2 71,3 70,9 72,0 70,5 70,2 69,9 69,9 68,3 68,2 65,0 60,0 55,0 57,8 58,3 57,9 59,3 58,8 58,1 56,4 59,8 57,4 58,0 59,9 59,6 57,9 58,6 58,6 59,5 59,4 59,2 59,8 59,0 57,7 59,5 57,5 57,5 50,0 49,7 49,0 45,0 45,6 40,0 58,6 47,1 48,9 47,6 47,7 44,9 43,7 43,5 42,4 42,2 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012  Fonte: PNAD/IBGE e Bureau of Labor Statistics/EUA. Elaboração: Ipea.    De fato, a taxa de participação no país como um todo caiu entre 2009 e 2011 e se manteve  relativamente  estável  entre  2011  e  2012,  o  que  é  preocupante  diante  dos  argumentos  já  expostos. Para examinar o impacto que esta redução na taxa de participação teve na taxa de  ocupação, é possível utilizar uma decomposição na qual as variações na segunda se devem a  mudanças na taxa de participação ou na taxa de desemprego.9 Assim, uma queda na taxa de  ocupação deve‐se, necessariamente, a uma redução na taxa de participação, ou a um aumento  da taxa de desemprego (ou ambos).   A  tabela  2  mostra  que  a  queda  na  taxa  de  ocupação  no  Brasil  entre  2009  e  2012  foi  inteiramente  devida  à  queda  na  taxa  de  participação.  Embora  a  taxa  de  desemprego  tenha  caído  substancialmente,  parte  dessa  queda  não  se  reverteu  em  mais  ocupados  porque  uma  parcela  desses  trabalhadores  saiu  do  mercado  de  trabalho.  Assim,  a  queda  na  taxa  de  participação foi tão forte que mais do que compensou a forte redução no desemprego. Esse  fenômeno foi especialmente acentuado entre os jovens de 15 a 24 e na região nordeste.                                                                      9  A taxa de ocupação (txocupt) é a razão entre a população ocupada (Ot) e a PIAt no ano t. Essa taxa pode ser escrita como: txocupt  = (Ot/PIAt) = (PEAt/PIAt) × (Ot/PEAt) = (PEAt/PIAt) × (1‐(Dt/PEAt)) = txpartt × (1 – txdest), onde D representa o total de desocupados e  PEA (=O+D) a população economicamente ativa.   20   
  • 21. Tabela 2 – Impactos da taxa de participação na taxa de ocupação  Taxa de Ocupação Taxa de Participação  Taxa de Desemprego 2009 2012 Variação  Relativa  2009 2012 Variação  Relativa  2009 2012 Variação  Relativa  Brasil 54,1 53,7 ‐0,8 59,5 57,5 ‐3,4 9,1 6,7 ‐29,8 Homens Mulheres 65,2 43,7 64,7 43,4 ‐0,7 ‐0,7 69,9 49,7 68,2 47,7 ‐2,5 ‐4,2 6,7 12,1 5,1 8,9 ‐27,9 ‐30,5 Faixa Etária 15 a 24 25 a 49 50 e mais 49,5 75,8 41,2 48,6 75,9 40,3 ‐1,8 0,2 ‐2,3 61,0 81,6 42,8 57,5 80,0 41,3 ‐5,9 ‐1,9 ‐3,6 18,9 7,1 3,7 15,5 5,1 2,5 ‐20,0 ‐32,5 ‐38,3 Região SE S CO NE N 55,3 58,6 57,3 49,4 51,9 55,7 58,1 58,0 47,2 52,3 0,7 ‐0,8 1,3 ‐4,5 0,7 60,9 62,7 62,6 55,0 58,0 59,5 60,9 61,4 51,8 56,8 ‐2,3 ‐3,0 ‐2,0 ‐6,0 ‐2,0 9,2 6,5 8,5 10,2 10,4 6,4 4,5 5,4 8,8 8,0 ‐36,4 ‐36,6 ‐44,7 ‐14,8 ‐26,1 Fonte: PNAD/IBGE. Elaboração: Ipea.      Para investigar o perfil etário dessa redução na taxa de participação, o Gráfico 16 apresenta  a  variação  da  mesma  entre  2009  e  2012,  para  cada  ano  de  idade.  O  gráfico  confirma  que  houve  uma  redução  substantiva  entre  os  indivíduos  com  idade  até  25  anos,  mas  também  mostra  que  o  mesmo  é  verdade  para  trabalhadores  mais  velhos  e,  em  menor  medida  (mas  ainda assim surpreendentemente), para o grupo entre 40 e 50 anos de idade.    Gráfico 16 – Variação na taxa de participação 2009 a 2012  1,00 0,00 15 17 19 21 23 25 27 29 31 33 35 37 39 41 43 45 47 49 51 53 55 57 59 61 63 65 67 69 ‐1,00 ‐2,00 ‐3,00 ‐4,00 ‐5,00   Fonte: PNAD/IBGE. Elaboração: Ipea.  A queda na taxa de participação entre os jovens merece uma análise um pouco mais detida,  pois  ela  pode  ter  um  impacto  positivo  no  médio  e  longo  prazo  caso  esses  jovens  estejam  21   
  • 22. saindo do mercado de trabalho para se educar mais. Porém, se estes jovens estão fora da força  de trabalho e fora da escola, então esse número pode representar um sinal de alerta. O gráfico  17 mostra que o percentual tanto de homens quanto de mulheres de 15 a 24 anos de idade  fora da PEA e fora da escola é expressivo, e muito maior para as mulheres. Mais ainda, esse  percentual aumentou entre 2009 e 2012 para ambos os grupos. Uma ressalva importante que  deve  ser  feita  é  que  os  dados  da  Pnad  não  permitem  captar  aqueles  frequentando  ensino  técnico  e,  portanto,  esse  percentual  pode  estar  superestimado,  uma  vez  que  parte  desses  jovens  pode  estar  frequentando  esse  tipo  de  curso.  Ainda  assim,  esses  resultados  são  preocupantes em termos de políticas públicas, especialmente no que tange as mulheres.    Gráfico 17 – Jovens de 15 a 24 anos fora da PEA e que não frequentam a escola  Homens Mulheres 45,0% 40,6% 39,4% 38,4% 40,0% 35,0% 30,0% 25,7% 25,0% 25,7% 23,2% 20,0% 15,0% 10,0% 5,0% 0,0% 2009 2011 2012   Fonte: PNAD/IBGE. Elaboração: Ipea.    4.3 Há desindustrialização no mercado de trabalho?  O  último  tema  a  ser  analisado  nesta  nota  é  o  desempenho  da  indústria  no  mercado  de  trabalho e, em particular, analisar em que medida há um processo de desindustrialização, sob  a  ótica  dos  indicadores  de  mercado  de  trabalho.  Iniciamos  nossa  análise  examinando  a  evolução  da  composição  setorial  do  emprego  nos  últimos  20  anos.  O  gráfico  18  mostra  que  enquanto comércio e serviços aumentaram ligeiramente sua participação no emprego total –  em  torno  de  um  ponto  percentual  entre  o  início  e  o  fim  do  período  –  a  indústria  acumulou  uma  redução  de  6  pontos  percentuais  entre  1992  e  2012  (de  27  para  21%).  Durante  este  período  de  20  anos,  no  entanto,  a  participação  da  indústria  não  decaiu  uniformemente:  ela  caiu cerca de 4 pontos entre 1992 e 1998, se manteve estável até 2008, quando novamente  voltou  a  apresentar  uma  queda  mais  acentuada  entre  2009  e  2011,  com  leve  reversão  em  2012.  Esta  queda  mais  recente  motivou  um  intenso  debate  acerca  de  um  possível  processo  de  desindustrialização  que  o  país  estaria  atravessando.  Porém,  examinado  a  evolução  da  participação  da  indústria  no  emprego  na  Alemanha,  país  reconhecido  por  sua  força  no  setor  industrial, o que se observa é uma queda de maior intensidade (de cerca de 30 para 20%). O  mesmo pode ser dito a respeito dos EUA: em 1972 o país tinha o mesmo nível de participação  22   
  • 23. no emprego observado no Brasil em 1992 (cerca de 27%); em 1992 esse percentual já era de  apenas  15%  e  em  2012  atingiu  10,3%.  De  fato,  a  tendência  de  redução  da  importância  da  indústria no emprego total – e crescimento do setor serviços – tem sido observada na maioria  dos  países  e,  como  mostra  o  gráfico  18,  muitas  vezes  com  intensidade  superior  àquela  observada no Brasil.     Gráfico 18 – Composição setorial do emprego (em %)  35,2 31,2 26,7 26,4 32,6 32,5 32,5 32,0 31,2 31,8 32,4 30,7 30,0 30,2 27,0 27,8 25,2 25,7 25,0 24,1 20,2 15,2 27,9 27,5 23,1 26,9 26,7 23,2 26,9 26,8 22,2 20,9 23,1 15,9 15,4 15,5 15,3 15,2 15 10,2 22,9 14,3 13,5 22,6 12,6 12,3 11,8 11,5 11,3 11,2 10,9 10,2 10,2 10,3 5,2 Indústria Comércio Serviços Indústria ‐ EUA Indústria ‐ Alemanha 0,2 1992 1993 1995 1996 1997 1998 1999 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2011 2012 Fonte: PNAD/IBGE. Elaboração: Ipea.    Ainda assim, é importante analisar porque a partir  de 2008 a indústria apresentou uma  redução em sua participação no emprego após um longo período de relativa estabilidade. Para  tanto,  analisamos  a  evolução  do  emprego  total  dentro  dos  setores  serviços,  comércio  e  indústria  (Gráfico  19).  Os  dados  revelam  que,  a  partir  de  1998  o  emprego  industrial  cresceu  ininterruptamente  até  2008,  ainda  que  em  ritmo  inferior  ao  emprego  no  setor  de  serviços  e  comércio. Porém, a partir de 2008 há uma forte reversão nessa tendência de crescimento e há  um declínio no emprego total entre 2008 e 2011, com leve reversão em 2012.  Surpreendentemente,  quando  desagregamos  o  emprego  industrial  entre  trabalhadores  com  e  sem  carteira  de  trabalho  assinada,  o  que  se  observa  é  que  o  emprego  formal  seguiu  crescendo ininterrupta e aceleradamente desde 1998, inclusive durante o período 2008‐2011.  Portanto, a queda no emprego industrial total observada entre 2008 e 2011 – e a consequente  redução  em  sua  participação  no  emprego  agregado  –  se  deveu  exclusivamente  a  uma  acentuada queda no emprego informal, iniciada em 2007. Da mesma forma, a leve alta entre  2011 e 2012 parece ter sido induzida pela mudança de comportamento no emprego informal.       23   
  • 24. Gráfico 19 – Evolução do emprego total por setor  1,8 1,7 1,6 1,5 1,4 1,3 1,2 1,1 1 0,9 0,8 1992 1993 1995 1996 1997 1998 1999 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2011 2012 Indústria Comércio Serviços   Fonte: PNAD/IBGE. Elaboração: Ipea.    Gráfico 20 – Evolução do emprego total na indústria – com e sem carteira  1,8 1,4 1 0,6 1992 1993 1995 1996 1997 1998 1999 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2011 2012 Emprego Total ‐ Sem Carteira Emprego Total ‐ Com Carteira   Fonte: PNAD/IBGE. Elaboração: Ipea.        24   
  • 25. Conclusões  Este  Comunicado  teve  dois  objetivos.  Primeiro,  oferecer  um  panorama  do  mercado  de  trabalho brasileiro nas duas últimas décadas a partir dos dados da Pnad. Segundo, abordar três  questões  que  têm  dominado  o  debate  recente  sobre  o  comportamento  do  mercado  de  trabalho brasileiro.   No que diz respeito à análise da evolução do mercado de trabalho, os resultados mostram  que  todos  os  indicadores  do  mercado  de  trabalho  mostraram  uma  melhora  significativa  ao  longo  do  período.  Porém,  a  comparação  de  2012  com  o  ano  anterior  mostrou  boas  e  más  notícias. Por um lado, a renda do trabalho cresceu substancialmente em termos reais e a taxa  de  desemprego  caiu  de  forma  expressiva.  Por  outro  lado,  a  taxa de  participação  se  manteve  em nos mesmo níveis baixos de 2011 e o ritmo de redução da desigualdade de rendimentos e,  em menor medida, da informalidade mostraram um arrefecimento.   A análise da segunda parte deste Comunicado indica que não há escassez de mão de obra  qualificada  no  país.  Ao  contrário,  as  evidências  mostram  que  a  oferta  de  mão  de  obra  qualificada  tem  aumentado  de  forma  substancial  e  contínua  nos  últimos  15  anos,  o  que  é  coerente  com  a  redução  observada  nos  retornos  da  escolaridade  no  mercado  de  trabalho  brasileiro.  Em  relação  à  possibilidade  de  expandir  a  oferta  de  trabalho  no  Brasil,  a  análise  destaca a importância de entender os determinantes da decisão de participação no mercado  de trabalho das mulheres e dos jovens. Em particular, o grupo crítico entre os jovens é aquele  composto  por  indivíduos  que  não  participam  do  mercado  de  trabalho  e  não  frequentam  a  escola. Por fim, mostramos que quando colocada em perspectiva internacional, a redução da  importância  da  indústria  no  emprego  total  é  menor  do  que  aquela  observada  em  países  desenvolvidos tal como EUA e Alemanha. Mais ainda, a redução na participação da indústria  observada entre 2008 e 2011 decorreu de uma redução no total de ocupados causada por uma  redução no total de emprego informal (sem carteira de trabalho assinada). O total de emprego  com carteira assinada na indústria apresentou um crescimento contínuo desde 1999, incluindo  o período 2008‐2012.       25   
  • 26. Apêndice  Gráfico A.1 - Taxa de desocupação por faixa etária (%) 21,0 20,0 19,0 18,0 17,0 16,0 15,0 14,0 13,0 12,0 11,0 10,0 9,0 8,0 7,0 6,0 5,0 4,0 3,0 2,0 1,0 20,0 19,3 18,8 18,9 18,2 20,7 19,3 19,0 18,9 18,0 16,6 16,3 15,5 15,2 12,6 13,3 12,2 12,1 10,4 9,7 8,5 7,2 5,3 2,4 7,6 6,8 6,7 5,0 4,9 3,3 2,5 2,1 1992 5,6 1994 7,6 7,3 10,5 7,9 9,7 7,2 10,2 9,2 7,4 9,1 8,9 7,8 7,3 7,1 6,9 6,8 5,9 4,5 4,4 4,1 3,4 1996 7,9 7,1 6,3 10,0 9,9 1998 2000 4,3 4,6 2002 3,9 2004 4,1 3,6 3,6 2006 5,1 3,7 2,9 2,8 2008 Brasil 6,7 5,7 2010 2,5 2012 De 15 a 24 anos Fonte: PNAD/IBGE. Elaboração: Ipea. Gráfico A.2 - Taxa de desocupação por região (%) 12,0 11,4 11,0 10,0 10,4 10,2 10,1 9,7 9,1 8,8 8,8 8,8 10,0 9,1 9,3 9,0 8,5 9,2 8,0 8,0 8,0 7,0 7,2 7,3 6,7 6,7 7,2 6,9 6,5 6,4 6,1 6,0 7,3 5,4 5,3 4,74,5 5,0 4,0 Brasil Centro‐Oeste Nordeste Norte Sudeste 1992 Sul 2001 2009 Fonte: PNAD/IBGE. Elaboração: Ipea. 26   
  • 27. Gráfico A3 - Taxa de participação por idade (%) 90,0 85,0 80,0 76,8 75,2 75,6 75,5 80,4 80,4 80,3 80,5 79,1 80,1 77,9 78,9 77,8 76,5 76,9 81,6 79,9 80,0 75,0 70,0 65,0 65,2 64,3 63,1 60,9 61,2 61,1 61,4 60,1 61,2 60,8 62,0 63,2 61,8 61,5 61,2 61,0 57,5 57,5 60,0 55,0 58,3 57,9 58,1 42,5 41,9 42,0 59,2 59,8 59,3 59,0 59,0 59,5 57,9 58,6 58,6 41,9 40,3 40,8 41,2 57,5 57,5 43,1 42,4 43,0 42,8 41,8 41,9 42,1 42,0 42,5 58,0 56,4 57,3 57,4 41,3 41,3 50,0 45,0 40,0 1992 1994 1996 1998 2000 2002 2004 2006 Brasil 2008 2010 2012 De 15 a 24 anos Fonte: PNAD/IBGE. Elaboração: Ipea. Gráfico A4 - Taxa de participação por região (%) 64 63,1 62,6 62 60 58 60,9 60,8 61,6 61,5 61,4 60,9 61,1 60,9 59,6 59,5 59,5 58,3 57,9 62,7 58,0 57,5 57,5 56,8 57,1 56,3 57,1 56,3 56 58,3 55,1 55,0 54,8 54 51,8 51,6 52 50 Brasil Centro‐Oeste Nordeste 1992 2001 Norte 2009 Sudeste Sul Fonte: PNAD/IBGE. Elaboração: Ipea. 27   
  • 28. Gráfico A.5 - Taxa de ocupação por idade (%) 80,0 75,0 73,1 71,2 71,9 75,7 75,8 74,3 74,5 74,9 74,8 75,4 75,9 53,7 53,8 53,8 54,4 54,1 52,8 52,4 53,5 53,3 53,7 73,1 72,8 71,2 71,7 71,5 71,7 72,0 70,0 65,0 60,0 57,0 56,4 54,2 55,0 52,3 51,8 51,9 52,1 55,5 52,8 54,0 53,9 50,0 52,0 51,9 48,7 49,6 50,0 49,6 45,0 40,0 41,5 41,1 41,0 35,0 1992 1994 1998 51,1 50,0 50,1 50,1 50,5 49,5 48,1 48,6 41,5 40,9 41,7 41,2 39,9 40,2 40,1 40,3 40,7 40,0 39,0 39,4 39,5 1996 48,6 2000 2002 2004 2006 Brasil 2008 40,2 40,3 2010 2012 De 15 a 24 anos Fonte: PNAD/IBGE. Elaboração: Ipea. Gráfico A.6 - Composição da população ocupada por faixa etária (%) 100,0% 90,0% 20,5% 19,7% 20,0% 16,0% 16,3% 16,8% 16,8% 17,3% 18,1% 18,3% 19,1% 80,0% 70,0% 60,0% 50,0% 59,3% 59,5% 60,1% 59,9% 60,1% 60,5% 60,5% 61,3% 61,6% 61,3% 21,7% 21,4% 20,6% 20,0% 19,5% 18,3% 17,8% 17,6% 40,0% 30,0% 20,0% 10,0% 22,6% 22,4% 0,0% 2,0% 1,8% 2001 2002 2003 1,4% 2004 De 15 a 24 anos 1,4% 2005 1,2% 2006 1,2% 2007 0,9% 2008 De 25 a 49 anos 2009 0,8% 2010 0,7% 2011 0,5% 2012 50 anos ou mais Fonte: PNAD/IBGE. Elaboração: Ipea. 28   
  • 29. Gráfico A.7 - Taxa de ocupação por região (%) 65,0 1992 2001 2009 2011 2012 60,0 55,0 50,0 45,0 40,0 Brasil Norte Nordeste Sudeste Sul Centro‐Oeste Fonte: PNAD/IBGE. Elaboração: Ipea.   Gráfico A.8 - Taxa de informalidade por região (%), 75 70 65 60 55 50 45 40 35 30 Brasil Norte Nordeste 1992 Fonte: PNAD/IBGE. Elaboração: Ipea. Sudeste 2001 Sul 2009 2011 Centro‐Oeste 2012   29   
  • 30. Gráfico A.9 – Oferta absoluta de mão de obra por níveis de qualificação 5 0 a 7 8 a 10 EMC 11 a 14 15+ 4,5 Oferta Absoluta (1992=1) 4 3,5 3 2,5 2 1,5 1 0,5 0 1992 1993 1995 1996 1997 1998 1999 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2011 2012 Fonte: PNAD/IBGE. Elaboração: Ipea.         30