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TOPICOS AVANCADOS
MORAIS, Igor A. C. Indicadores Antecedentes para a indústria de bens
de capital. In: Igor Alexandre Clemente de Morais; Ricardo Richiniti
Hingel. (Org.). A crise econômica internacional e os impactos no Rio
Grande do Sul. 1 ed. Viamão - RS: Entremeios, 2009, v. 1, p. 125-154.

CHAUVET, Marcele; MORAIS, Igor A. C. Crise Internacional, Ciclo e
Não-Linearidade na indústria do Rio Grande do Sul.




                                           Rafael Pentiado Poerschke
Objetivos
   Morais (2009) comparou diferentes metodologias a fim de
    datar os ciclos com seus picos e vales na série de produção
    industrial do Rio Grande do Sul, utilizando dados trimestrais
    entre 1991-I até 2008-IV.
   Chauvet e Morais (2009) objetivando construir modelos de
    antecedentes para a previsão da indústria de bens de capital no
    Brasil dataram os ciclos econômicos brasileiros pelo método
    de Bry e Boschan (1971), a fim de comparar com a datação
    trimestral do CODACE para a série do PIB do Brasil entre
    janeiro de 1991 e abril de 2009.
   Modelos de previsão baseados nos indicadores antecedentes
    da série de referência.
                                                   2
Ciclo de Negócios
 Por definição de Burns e Mitchell (1946, p.3)
  o ciclo de negócios significa uma flutuação na
  atividade econômica agregada das nações.
  Consiste de expansões que ocorrem
  simultaneamente nas várias atividades da
  economia, seguido geralmente de uma fase
  recessiva (exaustão), que culmina com uma
  nova fase de crescimento, ou seja, um novo
  ciclo.
                                    3
Tourning Points
 São  datas de transição entre os momentos de
  expansão e de recessão do ciclo dos negócios,
  ou seja, momentos de mudanças no comportamento;
 Os ciclos são tradicionalmente divididos na literatura
  em duas fases: as expansões e as contrações.




                                          4
Picos e Vales
O   término de um período de expansão, que
 caracteriza a formação de pico, sempre é seguido por
 uma recessão. Quando se forma um vale, é um
 indicativo de que o período recessivo encerrou,
 inicia-se a expansão novamente.




                                       5
A datação dos ciclos: ciclos de referência
   Diversos   institutos internacionais já realizam como
    rotina a datação dos ciclos dos negócios, com base
    em critérios técnicos. Nos Estados Unidos, destaca-se
    o NBER e o The Conference Board (TCB). Na
    Europa, o Centre of Economic Policy Research
    (CEPR) e a Organization for Economic Cooperation
    and Development (OECD). No Brasil, o Comitê de
    Datação de Ciclos Econômicos (CODACE) foi criado
    em 2005 nos moldes do NBER e do CEPR, tendo
    como objetivo principal, a datação dos ciclos
    econômicos no Brasil, divulgando relatórios mensais
    sobre a atividade econômica agregada da economia.
                                           6
Datação Morais (2009)
  Tabela 1 – Estimativas dos ciclos recessivos da indústria do RS
        Regra de Bolso               Bry-Boschan (1971)              Hamilton (1989)
      1991-III a 1991-IV              1994-IV a 1995-III              1996-I a 1996-I
       1993-IV a 1994-I                 1997-II a 1999-I            1997-III a 1998-II
       1995-I a 1995-III               2000-III a 2002-I             1998-IV a 1999-I
       1997-IV a 1998-I               2002-III a 2003-III            2000-II a 2000-II
       1998-IV a 1999-I                2004-II a 2006-II            2000-IV a 2001-II
       2000-IV a 2001-II                                             2001-IV a 2002-I
       2001-IV a 2002-I                                             2002-IV a 2003-III
       2003-I a 2003-III                                            2004-III a 2006-II
       2004-IV a 2005-I                                             2006-IV a 2006-IV
       2005-III a 2006-II                                           2007-III a 2007-III
                                                                     2008-II a 2008-II
  Média de duração dos ciclos recessivos em trimestres
              2,5                              5,4                          2,6



 Dados que vão de 1991-I a 2008-IV, comparando a
 regra de bolso, B-B e Hamilton.
                                                                        7
Datação Morais (2009)
 Desconsiderando os ciclos de curta duração, como os
    de um trimestre, e preservando os de similaridade nos
    três métodos, observamos que após o Plano Real a
    indústria do RS passou por 5 ciclos recessivos.
 Tabela 2 - Ciclos Recessivos da ind. do Rio Grande do Sul
                                 Pico                 Vale            Duração
 Ciclo 1                      1994-IV               1995-III   4 trim.
 Ciclo 2                       1997-III              1999-I    7 trim.
 Ciclo 3                      2000-IV                2002-I    6 trim.
 Ciclo 4                      2002-IV               2003-III   4 trim.
 Ciclo 5                       2004-III              2006-I    8 trim.

   A produção do RS cai a uma taxa média de 1,36% ao
    trimestre, enquanto a expansão se da com uma taxa média de
    3,2% de crescimento ao trimestre. Os ciclos datados pelo autor
    estão sumarizados abaixo.                     8
Datação Morais (2009)
 Os dois ciclos mais longos estiveram relacionados
 com a menor atividade econômica mundial decorrente
 das crises internacionais. O primeiro entre 1997-III e
 1999-I dada a crise na Ásia (1997) e na Rússia
 (1998), e um segundo, entre 2002-IV e 2003-III, em
 função da crise na Argentina (2002). A mais longa
 delas, com 8 trimestres, decorreu em função de uma
 forte estiagem que atingiu o estado gaúcho, afetando
 fortemente a agricultura. Já as crises mais curtas,
 foram derivadas em função do Plano Real e taxa de
 câmbio valorizada.

                                         9
Datação em Chauvet e Morais (2009)
  Tabela 3 – Datas dos Ciclos de Negócios
                PIB – CODACE (1)                          Setor de produção de Bens de Capital (2)
            Pico                Vale                              Pico                Vale
          1989-II              1992-I                           1991-III             1992-I
           1995-I             1995-III                           1995-!             1996-II
          1997-IV              1999-I                           1997-IV             1999-III
           2001-I             2001-IV                           2001-III             2003-I
          2002-IV              2003-II                              -                  -
          2008-III             2009-I                           2008-IV
  (1) Comitê de Datação de Ciclos Econômicos – IBRE/FGV
  (2) Datação obtida em Chauvet e Morais (2009).




 Dados que vão de janeiro de 1991 a abril de 2009, por
  B-B.



                                                                             10
Datação em Chauvet e Morais (2009)
   Enquanto as durações médias das recessões para o Brasil
    duram cerca de três trimestres, a duração média para indústria
    de bens de capital atingiu 5 meses.
   Três dessas atingiram a indústria de bens de capital até 2003,
    sendo a mais severa relacionada aos primeiros anos do Real,
    refletindo a forte sensibilidade cambial nessa indústria, assim
    como, o quarto ciclo ocorrido entre julho de 2001 e março de
    2003. Contudo, os autores destacam que a partir de 2003, a
    produção de bens de capital apresentou um forte crescimento
    que só foi interrompido pela crise financeira mundial de 2008.



                                                  11
Indicadores Antecedentes em Morais (2009)

  Indicadores antecedentes tem como objetivo
   principal determinar quais indicadores podem
   sem usados para prever, com antecedência, os
   picos e vales de diversas variáveis
   econômicas.




                                    12
Indicadores Antecedentes em Morais (2009)

  Os     indicadores podem ser antecedentes,
     coincidentes e defasados.
  Indicadores     coincidentes: Séries que acompanham
     contemporaneamente os movimentos da série de
     referência, suas oscilações seguem o ciclo econômico
     de referência.
    Indicadores antecedentes: Séries que antecipam os
     movimentos da série de referência, servindo para
     sinalizar tendências (direção de oscilações cíclicas).
    Indicadores defasados: Séries cujos movimentos
     confirmam as tendências observadas na série de
     referência.                              13
Indicadores Antecedentes em Morais (2009)

  Para a indústria do Rio Grande do Sul, Morais
   (2009) seguiu a proposta de Stock e Watson
   (1989, 1993). Nesse sentido, o procedimento
   parte da seleção de um grande conjunto de
   variáveis da economia brasileira, relacionadas
   ao mercado de trabalho, produção industrial
   por subsetores, consumo, vendas do comércio,
   de caráter fiscal, mercado financeiro e de
   capitais e, se possível, dados regionais;
  Dado os critérios de seleção, restaram apenas 4
   séries.
                                      14
Indicadores Antecedentes
Tabela 4 – Séries antecedentes da produção industrial do Rio Grande do Sul
Série                                                 Defasagens    Fonte
Produção Industrial – Metalurgia dos não-ferrosos                  6                IBGE
Vendas – ônibus – nacionais - Unidade                              6 e 12           Anfavea
Pessoal ocupado – indústria – índice (media 2006=100) – SP         3e6              Fiesp
Taxa de juros – Over / Selic – (% a.m.)                            3, 6 e 12        BCB
Fonte: Morais (2009).



Tabela 05 – Séries antecedentes da produção de bens de capital do Brasil
Série                                                     Código Fonte
Extração de carvão mineral                                                  S1      IBGE
Artefatos têxteis                                                           S21     IBGE
Produtos químicos inorgânicos                                               S31     IBGE
Tratores, máquinas e equipamentos agrícolas, inclusive pecas e acessórios   S60     IBGE
Material elétrico para veículos                                             S65     IBGE
Carrocerias e reboques                                                      S71     IBGE
Fonte: Chauvet e Morais (2009).




                                                                               15
Indicadores Antecedentes em Morais (2009)

  Selecionadas  as séries antecedentes, elas assumiram
   papel de variáveis exógenas em um modelo de
   correção de erros, que permite obter informações de
   curto e longo prazo, da produção industrial do RS. De
   posse dos resultados os autores apontaram que a
   atividade industrial no Rio Grande do Sul continuaria
   enfraquecida durante o primeiro semestre do ano de
   2009, dada uma maior retração no primeiro trimestre.



                                          16
Indicadores Antecedentes em Morais (2009)

  Considerando que as crises no RS duram cerca
   de seis semestres, a queda da produção em
   função do choque da crise financeira em 2008-
   IV só cessaria no quarto trimestre de 2009 ou
   no primeiro de 2010.




                                    17
Indicadores Antecedentes em Chauvet e Morais (2009)

  Os    autores selecionaram quatro modelos, um probit
     simples e outro probit autoregressivo, para horizontes
     de deslocamentos curtos e longos.
    Para o curto prazo, o melhor modelo combina todas as
     séries eleitas, menos a extração de carvão mineral,
     contudo, para horizontes mais longos, o modelo inclui
     essa série, contudo, carrocerias e reboques não foram
     incluídos.
    Modelo 1 – dc simples
    Modelo 2 – dc autoregressivo
    Modelo 3 – dl simples
    Modelo 4 – dl autoregressivo             18
Indicadores Antecedentes em Chauvet e Morais (2009)

  Amostrador de Gibbs.
  Modelo 2 – dc autoregressivo apresentou um R2 de
     78%, novamente o modelo autoregressivo, o
    Modelo 4 – dl autoregressivo, apresnetou o melhor
     desempenho de previsao, e o R2 de MacFadden
     apresentou o valor de 82% contra os 57% do modelo
     simples.




                                            19
Indicadores Antecedentes e a probabilidade de recessão
             em Chauvet e Morais (2009)
  Modelo     2 – dc autoregressivo apresentou melhor as
     recessões e expansões, ou seja, menos incerteza.
    Modelo 4 – dl autoregressivo, apresentou também
     substancial poder preditivo em relação ao modelo
     probit simples.




                                              20
Previsão de recessão em tempo real 2008-09 Chauvet e
                    Morais (2009)
  Diferente    do modelo de B-B, o atual modelo tem
     poder de prever com ate 14 meses de antecedência as
     recessões. Assim o modelo 1dc simples falhou em
     prever a crise, pois, seu sinal aconteceu apenas um
     mês depois;
    Em tempo real, a probabilidade acumulada de que a
     recessão continue nos primeiros meses de 2009 chega
     a 96% para o modelo probit simples de lp e 75% para
     o autoregressivo, ainda, a probabilidade do modelo
     auto de lp de uma expansão em outubro e de 68%
    Os autores salientam a importância do modelo
     autoregressivo dado sua melhor confiança.
                                             21

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Indicadores antecedentes

  • 1. TOPICOS AVANCADOS MORAIS, Igor A. C. Indicadores Antecedentes para a indústria de bens de capital. In: Igor Alexandre Clemente de Morais; Ricardo Richiniti Hingel. (Org.). A crise econômica internacional e os impactos no Rio Grande do Sul. 1 ed. Viamão - RS: Entremeios, 2009, v. 1, p. 125-154. CHAUVET, Marcele; MORAIS, Igor A. C. Crise Internacional, Ciclo e Não-Linearidade na indústria do Rio Grande do Sul. Rafael Pentiado Poerschke
  • 2. Objetivos  Morais (2009) comparou diferentes metodologias a fim de datar os ciclos com seus picos e vales na série de produção industrial do Rio Grande do Sul, utilizando dados trimestrais entre 1991-I até 2008-IV.  Chauvet e Morais (2009) objetivando construir modelos de antecedentes para a previsão da indústria de bens de capital no Brasil dataram os ciclos econômicos brasileiros pelo método de Bry e Boschan (1971), a fim de comparar com a datação trimestral do CODACE para a série do PIB do Brasil entre janeiro de 1991 e abril de 2009.  Modelos de previsão baseados nos indicadores antecedentes da série de referência. 2
  • 3. Ciclo de Negócios  Por definição de Burns e Mitchell (1946, p.3) o ciclo de negócios significa uma flutuação na atividade econômica agregada das nações. Consiste de expansões que ocorrem simultaneamente nas várias atividades da economia, seguido geralmente de uma fase recessiva (exaustão), que culmina com uma nova fase de crescimento, ou seja, um novo ciclo. 3
  • 4. Tourning Points  São datas de transição entre os momentos de expansão e de recessão do ciclo dos negócios, ou seja, momentos de mudanças no comportamento;  Os ciclos são tradicionalmente divididos na literatura em duas fases: as expansões e as contrações. 4
  • 5. Picos e Vales O término de um período de expansão, que caracteriza a formação de pico, sempre é seguido por uma recessão. Quando se forma um vale, é um indicativo de que o período recessivo encerrou, inicia-se a expansão novamente. 5
  • 6. A datação dos ciclos: ciclos de referência  Diversos institutos internacionais já realizam como rotina a datação dos ciclos dos negócios, com base em critérios técnicos. Nos Estados Unidos, destaca-se o NBER e o The Conference Board (TCB). Na Europa, o Centre of Economic Policy Research (CEPR) e a Organization for Economic Cooperation and Development (OECD). No Brasil, o Comitê de Datação de Ciclos Econômicos (CODACE) foi criado em 2005 nos moldes do NBER e do CEPR, tendo como objetivo principal, a datação dos ciclos econômicos no Brasil, divulgando relatórios mensais sobre a atividade econômica agregada da economia. 6
  • 7. Datação Morais (2009) Tabela 1 – Estimativas dos ciclos recessivos da indústria do RS Regra de Bolso Bry-Boschan (1971) Hamilton (1989) 1991-III a 1991-IV 1994-IV a 1995-III 1996-I a 1996-I 1993-IV a 1994-I 1997-II a 1999-I 1997-III a 1998-II 1995-I a 1995-III 2000-III a 2002-I 1998-IV a 1999-I 1997-IV a 1998-I 2002-III a 2003-III 2000-II a 2000-II 1998-IV a 1999-I 2004-II a 2006-II 2000-IV a 2001-II 2000-IV a 2001-II 2001-IV a 2002-I 2001-IV a 2002-I 2002-IV a 2003-III 2003-I a 2003-III 2004-III a 2006-II 2004-IV a 2005-I 2006-IV a 2006-IV 2005-III a 2006-II 2007-III a 2007-III 2008-II a 2008-II Média de duração dos ciclos recessivos em trimestres 2,5 5,4 2,6  Dados que vão de 1991-I a 2008-IV, comparando a regra de bolso, B-B e Hamilton. 7
  • 8. Datação Morais (2009)  Desconsiderando os ciclos de curta duração, como os de um trimestre, e preservando os de similaridade nos três métodos, observamos que após o Plano Real a indústria do RS passou por 5 ciclos recessivos. Tabela 2 - Ciclos Recessivos da ind. do Rio Grande do Sul Pico Vale Duração Ciclo 1 1994-IV 1995-III 4 trim. Ciclo 2 1997-III 1999-I 7 trim. Ciclo 3 2000-IV 2002-I 6 trim. Ciclo 4 2002-IV 2003-III 4 trim. Ciclo 5 2004-III 2006-I 8 trim.  A produção do RS cai a uma taxa média de 1,36% ao trimestre, enquanto a expansão se da com uma taxa média de 3,2% de crescimento ao trimestre. Os ciclos datados pelo autor estão sumarizados abaixo. 8
  • 9. Datação Morais (2009)  Os dois ciclos mais longos estiveram relacionados com a menor atividade econômica mundial decorrente das crises internacionais. O primeiro entre 1997-III e 1999-I dada a crise na Ásia (1997) e na Rússia (1998), e um segundo, entre 2002-IV e 2003-III, em função da crise na Argentina (2002). A mais longa delas, com 8 trimestres, decorreu em função de uma forte estiagem que atingiu o estado gaúcho, afetando fortemente a agricultura. Já as crises mais curtas, foram derivadas em função do Plano Real e taxa de câmbio valorizada. 9
  • 10. Datação em Chauvet e Morais (2009) Tabela 3 – Datas dos Ciclos de Negócios PIB – CODACE (1) Setor de produção de Bens de Capital (2) Pico Vale Pico Vale 1989-II 1992-I 1991-III 1992-I 1995-I 1995-III 1995-! 1996-II 1997-IV 1999-I 1997-IV 1999-III 2001-I 2001-IV 2001-III 2003-I 2002-IV 2003-II - - 2008-III 2009-I 2008-IV (1) Comitê de Datação de Ciclos Econômicos – IBRE/FGV (2) Datação obtida em Chauvet e Morais (2009).  Dados que vão de janeiro de 1991 a abril de 2009, por B-B. 10
  • 11. Datação em Chauvet e Morais (2009)  Enquanto as durações médias das recessões para o Brasil duram cerca de três trimestres, a duração média para indústria de bens de capital atingiu 5 meses.  Três dessas atingiram a indústria de bens de capital até 2003, sendo a mais severa relacionada aos primeiros anos do Real, refletindo a forte sensibilidade cambial nessa indústria, assim como, o quarto ciclo ocorrido entre julho de 2001 e março de 2003. Contudo, os autores destacam que a partir de 2003, a produção de bens de capital apresentou um forte crescimento que só foi interrompido pela crise financeira mundial de 2008. 11
  • 12. Indicadores Antecedentes em Morais (2009)  Indicadores antecedentes tem como objetivo principal determinar quais indicadores podem sem usados para prever, com antecedência, os picos e vales de diversas variáveis econômicas. 12
  • 13. Indicadores Antecedentes em Morais (2009)  Os indicadores podem ser antecedentes, coincidentes e defasados.  Indicadores coincidentes: Séries que acompanham contemporaneamente os movimentos da série de referência, suas oscilações seguem o ciclo econômico de referência.  Indicadores antecedentes: Séries que antecipam os movimentos da série de referência, servindo para sinalizar tendências (direção de oscilações cíclicas).  Indicadores defasados: Séries cujos movimentos confirmam as tendências observadas na série de referência. 13
  • 14. Indicadores Antecedentes em Morais (2009)  Para a indústria do Rio Grande do Sul, Morais (2009) seguiu a proposta de Stock e Watson (1989, 1993). Nesse sentido, o procedimento parte da seleção de um grande conjunto de variáveis da economia brasileira, relacionadas ao mercado de trabalho, produção industrial por subsetores, consumo, vendas do comércio, de caráter fiscal, mercado financeiro e de capitais e, se possível, dados regionais;  Dado os critérios de seleção, restaram apenas 4 séries. 14
  • 15. Indicadores Antecedentes Tabela 4 – Séries antecedentes da produção industrial do Rio Grande do Sul Série Defasagens Fonte Produção Industrial – Metalurgia dos não-ferrosos 6 IBGE Vendas – ônibus – nacionais - Unidade 6 e 12 Anfavea Pessoal ocupado – indústria – índice (media 2006=100) – SP 3e6 Fiesp Taxa de juros – Over / Selic – (% a.m.) 3, 6 e 12 BCB Fonte: Morais (2009). Tabela 05 – Séries antecedentes da produção de bens de capital do Brasil Série Código Fonte Extração de carvão mineral S1 IBGE Artefatos têxteis S21 IBGE Produtos químicos inorgânicos S31 IBGE Tratores, máquinas e equipamentos agrícolas, inclusive pecas e acessórios S60 IBGE Material elétrico para veículos S65 IBGE Carrocerias e reboques S71 IBGE Fonte: Chauvet e Morais (2009). 15
  • 16. Indicadores Antecedentes em Morais (2009)  Selecionadas as séries antecedentes, elas assumiram papel de variáveis exógenas em um modelo de correção de erros, que permite obter informações de curto e longo prazo, da produção industrial do RS. De posse dos resultados os autores apontaram que a atividade industrial no Rio Grande do Sul continuaria enfraquecida durante o primeiro semestre do ano de 2009, dada uma maior retração no primeiro trimestre. 16
  • 17. Indicadores Antecedentes em Morais (2009)  Considerando que as crises no RS duram cerca de seis semestres, a queda da produção em função do choque da crise financeira em 2008- IV só cessaria no quarto trimestre de 2009 ou no primeiro de 2010. 17
  • 18. Indicadores Antecedentes em Chauvet e Morais (2009)  Os autores selecionaram quatro modelos, um probit simples e outro probit autoregressivo, para horizontes de deslocamentos curtos e longos.  Para o curto prazo, o melhor modelo combina todas as séries eleitas, menos a extração de carvão mineral, contudo, para horizontes mais longos, o modelo inclui essa série, contudo, carrocerias e reboques não foram incluídos.  Modelo 1 – dc simples  Modelo 2 – dc autoregressivo  Modelo 3 – dl simples  Modelo 4 – dl autoregressivo 18
  • 19. Indicadores Antecedentes em Chauvet e Morais (2009)  Amostrador de Gibbs.  Modelo 2 – dc autoregressivo apresentou um R2 de 78%, novamente o modelo autoregressivo, o  Modelo 4 – dl autoregressivo, apresnetou o melhor desempenho de previsao, e o R2 de MacFadden apresentou o valor de 82% contra os 57% do modelo simples. 19
  • 20. Indicadores Antecedentes e a probabilidade de recessão em Chauvet e Morais (2009)  Modelo 2 – dc autoregressivo apresentou melhor as recessões e expansões, ou seja, menos incerteza.  Modelo 4 – dl autoregressivo, apresentou também substancial poder preditivo em relação ao modelo probit simples. 20
  • 21. Previsão de recessão em tempo real 2008-09 Chauvet e Morais (2009)  Diferente do modelo de B-B, o atual modelo tem poder de prever com ate 14 meses de antecedência as recessões. Assim o modelo 1dc simples falhou em prever a crise, pois, seu sinal aconteceu apenas um mês depois;  Em tempo real, a probabilidade acumulada de que a recessão continue nos primeiros meses de 2009 chega a 96% para o modelo probit simples de lp e 75% para o autoregressivo, ainda, a probabilidade do modelo auto de lp de uma expansão em outubro e de 68%  Os autores salientam a importância do modelo autoregressivo dado sua melhor confiança. 21