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Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais
Curso de Relações Internacionais
“Hezbollah: Organização Terrorista ou Movimento de
Resistência?”
Josias de Matos
Belo Horizonte
“Hezbollah: Organização Terrorista ou
Movimento de Resistência?” por Josias de Matos
I. Hezbollah: Terrorismo ou Resistência?
O Hezbollah, do árabe “Partido de Alá”, surgiu no sul do Líbano em meados dos anos 80.
Três fatores geopolíticos foram essenciais para culminar em sua criação. Primeiramente, a
Revolução Iraniana “impulsionou o fundamentalismo islâmico anti-ocidental em todo o mundo
muçulmano” 1
, levando o Irã, nação de maioria xiita, a propor financiar econômica e
militarmente o Hezbollah. Em segundo, a invasão israelense ao sul do Líbano em 1982,
oficialmente conhecida como “Operação Paz na Galiléia”2
, impulsionou o surgimento do grupo
como milícia. Treinada e organizada pela Guarda Revolucionária Iraniana, a milícia tinha como
missão resistir à ocupação israelense no Líbano. Por último, a então “marginalização dos xiitas
na sociedade libanesa, tradicionalmente controlada por cristãos e, em menor escala, sunitas e
drusos” 3
também contribuiu para o surgimento do grupo, agora como representante político dos
xiitas, que constituíam 27% (1.160.000) 4
da população libanesa, de aproximadamente 4.3
milhões.
Em 1985, ainda se afirmando como ator político interno, o grupo publicou uma carta
aberta em um jornal de Beirute, com o título “An Open letter: The Hizballah Program”. A Carta
apresentou “o discurso político do Hezbollah em relação ao sistema político libanês”.5
O
manifesto também listava suas três metas principais:
1
CAMPOS, Denise. O Hezbollah no Contexto Político Libanês. 11/2008. Instituto de Educação Superior
de Brasília. Visitado em 04 de maio de 2014.
2
CHACRA, Gustavo. Entenda os diferentes braços do Hezbollah. 05/2013. Estado de São Paulo. Visitado em 04 de
maio de 2014. Disponível em: http://blogs.estadao.com.br/gustavo-chacra/entenda-os-diferentes-bracos-do-
hezbollah/.
3
United States Department of State. 2012 Report on International Religious Freedom - Lebanon. 20
May 2013. Visitado em 04 de maio de 2014.
4
CHOMSKY, Noam. The fateful triangle: the United States, Israel, and the Palestinians.
5
CAMPOS, Denise. O Hezbollah no Contexto Político Libanês. 11/2008. Instituto de Educação Superior de Brasília.
Visitado em 04 de maio de 2014.
1. "colocar um fim a qualquer entidade colonialista” 6
dentro do Líbano
(“entidade colonialista” estava relacionada à “identificação dos EUA como
uma grande abominação, juntamente com os seus aliados”) 7
;
2. Além disso, pelo Estado de Israel ter supostamente “usurpado as terras
sagradas da Palestina” 8
, deveria ser eliminado.
3. E o estabelecimento de um regime islâmico no país.9
A partir daí, o Hezbollah passou a definir seus objetivos de luta, como a retirada dos
americanos e de seus aliados no Líbano e o julgamento dos Falangistas10
"pelos crimes que
perpetraram” 11
. No final da mensagem, o Hezbollah ainda convida os cristãos a compartilhar
alguns assuntos governamentais, indicando reformas necessárias ao tentar-se construir a ideia de
uma República Islâmica. Além disso, adota um discurso de tolerância religiosa e harmonia para
com os cristãos pacíficos:
“Se tentaram enganá-lo fazendo acreditar que nós pretendemos vingança contra você -
seus temores são injustificados. Para aqueles de vocês que são pacíficos, continuem a
viver em nosso meio, sem que ninguém sequer pense a incomodá-los.” 12
II. O Movimento de Resistência
Para Heidekat13
, a Revolução Iraniana, em 1979, introduziu “um mundo de novas
possibilidades” para grupos de resistência no Oriente Médio. A forte influência do Irã (que
passou a ser governado por Ayatollah Ruhollah Khomeini) na região, e por consequência da
6
The Hizballah Program. Visitado em 04 de maio de 2014. Disponível em: http://www.cfr.org/terrorist-
organizations-and-networks/open-letter-hizballah-program/p30967.
7
CAMPOS, Denise. O Hezbollah no Contexto Político Libanês. 11/2008. Instituto de Educação Superior de Brasília.
Visitado em 04 de maio de 2014.
8
The Hizballah Program. Visitado em 04 de maio de 2014. Disponível em: http://www.cfr.org/terrorist-
organizations-and-networks/open-letter-hizballah-program/p30967.
9
As falanges libanesas se definem oficialmente como uma organização política secular, de maioria cristã maronita.
As Falanges estiveram envolvidas em numerosos atos de guerra e massacres durante a Guerra Civil
Libanesa (1975-1990).
10
STALINSKY, Steven. An Islamic Republic Is Hezbollah's Aim. The New York Sun, 2 de agosto 2006. Visitado em 04
de maio de 2014.
11
The Hizballah Program. Visitado em 04 de maio de 2014. Disponível em: http://www.cfr.org/terrorist-
organizations-and-networks/open-letter-hizballah-program/p30967.
12
Idem ao indicado acima.
13
HEIDEKAT, Jay P. Hezbollah's Resistance. Constructing the Past: Vol. 11: Iss. 1, Article 10. 2010.
Disponível em: http://digitalcommons.iwu.edu/constructing/vol11/iss1/10
ideologia fundamentalista da Revolução, ampliou a perspectiva de financiamento de grupos de
resistência de ideologia khomeinista pós-79. Em 1982, durante a ocupação de Israel, o Hezbollah
ofereceu empregos, comida, medicamentos e outros serviços à população xiita então
marginalizada e desalojada de suas casas. Ao prestar esses serviços necessários á população,
serviços que o Estado não conseguia prestar, o movimento ganhou a lealdade das massas xiitas.
Operações de ataque com carros-bomba e atentados suicidas contra militares israelenses, bem
como a alvos políticos, como a embaixada dos EUA no Líbano, foram classificados como
atividade terrorista por grande parte da mídia ocidental, porém, vistos por muitos libaneses como
violência defensiva e justificada.
Fadlallah,14
considerado o primeiro guia espiritual do partido, explica a “Jihad
Defensiva”: “Se alguém dispara um foguete contra mim, eu não posso responder oferecendo-lhe
uma rosa. Do ponto de vista islâmico, nós comparamos a violência á cirurgia: só se utiliza como
último recurso.” 15
Pode-se afirmar a partir desta citação, que a “Jihad Defensiva” (como é
chamada pela população simpáticas a ela) trata-se basicamente de recuperar o que lhes foi
tirado, por qualquer meio que se faça necessário. Esta filosofia teria produzido uma longa série
de violências entre forças de Israel e do Hezbollah.
Heidekat, porém, acredita que a rotina de violência entre a resistência libanesa e as forças
de Israel, se mostrou mais favorável ao discurso de resistência pregado pelo Hezbollah16
do que
ao de Israel. Segundo ele, qualquer agressão perpetrada contra israelenses que ocupavam o
Líbano era vista como contribuição para a causa do Islã, e pela defesa dos “oprimidos”. Ao
mesmo tempo, a violência contra libaneses ou palestinos por parte de israelenses, simplesmente
criava mais mártires venerados e aumentava o apoio à “resistência”. Ambas as situações
fortaleciam o Hezbollah e contribuíam para o processo de “demonização” de Israel aos olhos da
14
FADLALLAH, Mohamed Hussein. Islamic Unity. 1964.
15
Tradução livre do excerto: “If someone fires a rocket at me, I cannot respond by offering him a rose. From an
Islamic perspective, we compare violence to surgery: One only turns to it as a last resort.” FADLALLAH, Mohamed
Hussein. Islamic Unity. 1964.
16
Tradução livre do excerto: “In this instance, as will be shown in others, the back and forth between Lebanese
resistance and Israeli aggression and vice-versa worked favorably into Hezbollah’s discourse surrounding
resistance.” HEIDEKAT, Jay P. Hezbollah's Resistance. Constructing the Past: Vol. 11: Iss. 1, Article 10. 2010.
Disponível em: http://digitalcommons.iwu.edu/constructing/vol11/iss1/10
população libanesa. Heidekat nomeia este fenômeno de “ciclo de resistência” 17
, ou seja, a
oposição à ocupação de Israel, mesmo quando resultava em mortes do lado da “resistência”,
incentivava o sentimento de unidade e o fervor entre os “oprimidos”. Hassan Nasrallah, atual
secretário geral do Hezbollah, explicou que as medidas violentas tomadas pelo partido, são
respostas à agressão de Israel: “A Resistência é uma reação contra a agressão. Quando a
agressão termina, a resistência termina.” 18
Já consolidado dentro do Líbano como partido político legítimo e atuante, o Hezbollah
tem hoje em sua agenda diversas vertentes políticas em prol do desenvolvimento do país, porém
a resistência continua sendo a primeira da lista. O porta-voz do grupo, Nabih Berri, conclui sobre
a perpetuação do partido como movimento de resistência: “A resistência é uma necessidade
nacional vital, enquanto Israel continuar a ocupar parte do nosso território e violar nosso
espaço aéreo, fronteiras e territórios marítimos” 19
.
III. A Organização Terrorista
Azani20
, em sua análise do grupo, afirma que a discussão sobre a natureza terrorista do
Hezbollah é consequência da grande quantidade de evidências de que o grupo está envolvido em
atividades terroristas internacionalmente - inclusive em solo europeu - e que têm se envolvido
em atos de terrorismo e assassinato de civis no Líbano, Iraque, Egito, Bahrein e especialmente na
Síria. Segundo ele, o Hezbollah é uma organização terrorista hierárquica e unificada, com três
“braços” de atuação: o “braço político”, o “braço do bem-estar social” e o “braço militar-
terrorista”, que operam sob o controle de uma mesma liderança21
. Nos anos 80, o grupo realizou
vários atos considerados terroristas, como sequestro de cidadãos estrangeiros dentro e fora do
17
HEIDEKAT, Jay P. Hezbollah's Resistance. Constructing the Past: Vol. 11: Iss. 1, Article 10. 2010.
Disponível em: http://digitalcommons.iwu.edu/constructing/vol11/iss1/10
18
Tradução livre do excerto: “Resistance is a reaction against aggression. When the aggression ends, resistance
ends.”ALAGHA, Joseph. Hizballah after the Syrian Withdrawal. 37.
19
Tradução livre do excerto: “The choice of resistance is a vital national necessity as Israel continues to occupy part
of our land and to violate Lebanon’s airspace, boarder and territorial waters.”Lebanese Speaker Birri announces
Hezbollah-Amal election lists.
20
AZANI, Eitan. Hezbollah: The Story of the Party of God; From Revolution to Institutionalization. Palgrave
Macmillan, 2011.
21
A atual liderança do Hezbollah é composta pelo secretário geral Hassan Nasrallah, e o “Conselho Shura”, algo
como o “conselho de administração” (“board of directors”) do grupo.
Líbano, sequestro de um avião da TWA na rota Atenas/Roma22
e atentados terroristas contra a
embaixada americana em Beirute23
. Já nos anos 90, o grupo começou uma campanha com o
objetivo de “esconder” seu comportamento terrorista e a trabalhar para criar uma “marca” de
partido político legítimo no sistema político libanês. Azani, porém, aponta que durante década de
90, a “natureza puramente terrorista” do grupo foi refletida no seu envolvimento em ataques
terroristas contra alvos israelenses e judeus na Argentina24
. Para ele, o envolvimento do grupo
em atividades terroristas é produto de uma complexa organização interna, oriunda de apoio
logístico e estratégico iraniano e da infraestrutura estabelecida ao longo dos anos: “Ao longo de
sua existência, o Hezbollah construiu infraestrutura de terrorismo em todo o mundo” 25
.
Infraestrutura esta, também usada para outros crimes, “especialmente o seu envolvimento no
tráfico de drogas, que gera dezenas de milhões de dólares por ano – usados para reunir
inteligência, e para financiar ataques terroristas contra alvos judeus e israelenses de todo o
mundo.” 26
Levitt27
também cita as ligações do Hezbollah com outros tipos de crimes. Segundo
ele, o grupo depende de uma grande variedade de “empresas criminosas” 28
, que vão desde
contrabando e fraudes ao comércio de drogas e diamantes em todo o mundo, incluindo América
do Norte e do Sul. Segundo ele o dinheiro arrecadado é usado para “financiar as atividades
militares do Hezbollah”:
“Os relatórios publicados sugerem que a Al Qaeda e o Hezbollah têm formado alianças
táticas com várias organizações terroristas, cooperando entre si, em lavagem de
dinheiro e outras atividades ilegais.” 29
22
Em 14 de Junho de 1985, o vôo 847 da Trans World Airlines, durante o percurso entre Atenas e Roma. Os
sequestradores buscavam a liberação de 700 xiitas sob custódia de Israel (1 Morto).
23
Em 18 de Abril de 1983, um atentado suicida explodiu a embaixada americana em Beirute (63 mortos).
24
Atentado suicida contra a embaixada de Israel em Buenos Aires em 17 de Março de 1992 (29 mortos), e
atentado terrorista à “Asociación Mutual Israelita Argentina” (AMIA) em 18 de Julho de 1994 (85 mortos).
25
Tradução livre do trecho: “Throughout its existence, Hezbollah has built up terrorism infrastructure worldwide.”
AZANI, Eitan. Hezbollah: The Story of the Party of God; From Revolution to Institutionalization. Palgrave
Macmillan, 2011.
26
Tradução livre do excerto: “especially its involvement in the drug trade, which earns it tens of millions of dollars
a year – to gather intelligence, and to commit terrorist attacks against Jewish and Israeli targets all over the
world.” AZANI, Eitan. Hezbollah: The Story of the Party of God; From Revolution to Institutionalization. Palgrave
Macmillan, 2011.
27
LEVITT, Matthew Levitt. Hezbollah: Financing Terror through Criminal Enterprise. May 25, 2005.
28
“Criminal Enterprises”.
29
Tradução livre do trecho: “Published reports even suggest that al-Qaida and Hezbollah have formed additional
tactical, ad-hoc alliances with a variety of terrorist organizations to cooperate on money laundering and other
unlawful activities.” LEVITT, Matthew Levitt. Hezbollah: Financing Terror through Criminal Enterprise. May 25,
2005.
Já Schwartz, culpa o governo americano pela extensão do conflito. Segundo ele:
“Quando Washington declarou que a liberdade poderia ser antecipada em
eleições nas quais o Hezbollah participou, e pelo qual se tornou parte do governo do
Líbano, concedeu-se algo que uma entidade terrorista nunca poderia alcançar por si
própria: a legitimidade moral.” 30
Segundo ele, o governo americano concedeu legitimidade imerecida para o Hezbollah, assim
como o fez para com outros “inimigos” americanos, como o Hamas na Autoridade Palestina e os
teocratas no Iraque e no Afeganistão. Todos esses grupos chegaram ao poder através de eleições
democráticas promovidas pelos EUA. Logo, segundo o autor, ao legitimar o “braço político” do
Hezbollah, os EUA estariam dando legitimidade ao “braço militar-terrorista”, pois se trata de
uma organização unificada sob uma mesma liderança31
e sob os mesmo preceitos32
.
Azani conclui que os recentes resultados das investigações sobre o ataque terrorista em
Burgas33
e tentativas de ataques no Chipre e na Nigéria, provam que o Hezbollah está envolvido
em terrorismo não como um fenômeno esporádico ou aleatório, mas que sua estratégia de usar a
violência a nível internacional para alcançar seus objetivos é sua política estável e permanente.
IV. Conclusão
“Quando a administração Bush foi atrás do Hezbollah afirmando se tratar de uma
organização terrorista no Outono de 2001, os governos do Líbano e Síria vieram em
sua defesa, insistindo que era um grupo nacional de resistência legítimo, lutando contra
a ocupação israelense. No entanto, esta controvérsia “terrorismo vs. resistência” não
era novidade. Ela tem sido ponto de discórdia entre Beirute e Washington desde que
primeiro governo pós-guerra tomou posse no Líbano em 1990. Hoje, os confrontos
30
SCHWARTZ, Peter. "Liberdade versus Majoritarismo Absoluto". Portal Libertarianismo. 08, 2012. Acessado em 5
de maio de 2014. Disponível em: http://www.libertarianismo.org/index.php/artigos/liberdade-versus-
majoritarismo-absoluto/.
31
Em 2000, Na´im Qassem, vice de Nasrallah e membro do Conselho Shura, resumiu a natureza e o papel do
Conselho. Ele disse: "O Hezbollah tem uma liderança e seu nome é o Conselho. Ele comanda a política, a “jihad”
(militar), as atividades culturais e sociais... O líder do Hezbollah é o chefe do Conselho Shura e também o chefe do
Conselho Jihad. Isso significa que temos uma liderança e uma administração ". Al-Mustaqbal. 31 December 2000.
32
AZANI, Eitan. Hezbollah: The Story of the Party of God; From Revolution to Institutionalization. Palgrave
Macmillan, 2011
33
Em 18 de Julho de 2012, um atentado suicida explodiu um ônibus transportando turistas israelenses, no
aeroporto de Burgas, na Bulgária. Investigações constataram o envolvimento de dois membros do Hezbollah,
embora o grupo negue qualquer participação no ataque. (7 mortos). OBS: É de extrema importância citar que o
novo governo búlgaro voltou atrás na acusação, embora isso venha sendo ignorado por parte da imprensa e dos
governos europeus.
entre ambos os lados da questão parecem aumentar, e sinceramente não espero uma
resolução em um futuro próximo. ”34
Com estas palavras, Harik conclui a ideia presente em seu livro,35
de que a “simples”
nomenclatura para definir o Hezbollah, envolve um jogo de poder, influência e interesses muito
além do que é livremente publicado nos jornais. Segundo ela, exatamente um ano após o início
da “Guerra contra o Terror”, os EUA estavam na estaca zero nas negociações com o governo
libanês a respeito do Hezbollah. Mas havia, entretanto, uma mudança interessante. Questionado
sobre se os ataques do Hezbollah eram considerados atos de terrorismo, o embaixador americano
Vincent Battle afirmou: "não se inserem na rubrica do terrorismo, uma vez que Hezbollah foi
atrás apenas de 'alvos combatentes' e não civis.” 36
Essa admissão (a primeira de um oficial
americano), finalmente revelou que, independente do que o “Partido de Deus” estava fazendo no
sul do Líbano, seja em termos de terrorismo ou de resistência, os Estados Unidos da América,
por algum motivo, o queriam fora de ação.37
34
HARIK, Judith Palmer. The Changing Face of Terrorism. New York, USA. I.B.Tauris & Co Ltd. 2004.
35
HARIK, Judith Palmer. The Changing Face of Terrorism. New York, USA. I.B.Tauris & Co Ltd. 2004.
36
Daily Star. 7 September 2002. Página 1.
37
“Out of business”

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  • 1. Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais Curso de Relações Internacionais “Hezbollah: Organização Terrorista ou Movimento de Resistência?” Josias de Matos Belo Horizonte
  • 2. “Hezbollah: Organização Terrorista ou Movimento de Resistência?” por Josias de Matos I. Hezbollah: Terrorismo ou Resistência? O Hezbollah, do árabe “Partido de Alá”, surgiu no sul do Líbano em meados dos anos 80. Três fatores geopolíticos foram essenciais para culminar em sua criação. Primeiramente, a Revolução Iraniana “impulsionou o fundamentalismo islâmico anti-ocidental em todo o mundo muçulmano” 1 , levando o Irã, nação de maioria xiita, a propor financiar econômica e militarmente o Hezbollah. Em segundo, a invasão israelense ao sul do Líbano em 1982, oficialmente conhecida como “Operação Paz na Galiléia”2 , impulsionou o surgimento do grupo como milícia. Treinada e organizada pela Guarda Revolucionária Iraniana, a milícia tinha como missão resistir à ocupação israelense no Líbano. Por último, a então “marginalização dos xiitas na sociedade libanesa, tradicionalmente controlada por cristãos e, em menor escala, sunitas e drusos” 3 também contribuiu para o surgimento do grupo, agora como representante político dos xiitas, que constituíam 27% (1.160.000) 4 da população libanesa, de aproximadamente 4.3 milhões. Em 1985, ainda se afirmando como ator político interno, o grupo publicou uma carta aberta em um jornal de Beirute, com o título “An Open letter: The Hizballah Program”. A Carta apresentou “o discurso político do Hezbollah em relação ao sistema político libanês”.5 O manifesto também listava suas três metas principais: 1 CAMPOS, Denise. O Hezbollah no Contexto Político Libanês. 11/2008. Instituto de Educação Superior de Brasília. Visitado em 04 de maio de 2014. 2 CHACRA, Gustavo. Entenda os diferentes braços do Hezbollah. 05/2013. Estado de São Paulo. Visitado em 04 de maio de 2014. Disponível em: http://blogs.estadao.com.br/gustavo-chacra/entenda-os-diferentes-bracos-do- hezbollah/. 3 United States Department of State. 2012 Report on International Religious Freedom - Lebanon. 20 May 2013. Visitado em 04 de maio de 2014. 4 CHOMSKY, Noam. The fateful triangle: the United States, Israel, and the Palestinians. 5 CAMPOS, Denise. O Hezbollah no Contexto Político Libanês. 11/2008. Instituto de Educação Superior de Brasília. Visitado em 04 de maio de 2014.
  • 3. 1. "colocar um fim a qualquer entidade colonialista” 6 dentro do Líbano (“entidade colonialista” estava relacionada à “identificação dos EUA como uma grande abominação, juntamente com os seus aliados”) 7 ; 2. Além disso, pelo Estado de Israel ter supostamente “usurpado as terras sagradas da Palestina” 8 , deveria ser eliminado. 3. E o estabelecimento de um regime islâmico no país.9 A partir daí, o Hezbollah passou a definir seus objetivos de luta, como a retirada dos americanos e de seus aliados no Líbano e o julgamento dos Falangistas10 "pelos crimes que perpetraram” 11 . No final da mensagem, o Hezbollah ainda convida os cristãos a compartilhar alguns assuntos governamentais, indicando reformas necessárias ao tentar-se construir a ideia de uma República Islâmica. Além disso, adota um discurso de tolerância religiosa e harmonia para com os cristãos pacíficos: “Se tentaram enganá-lo fazendo acreditar que nós pretendemos vingança contra você - seus temores são injustificados. Para aqueles de vocês que são pacíficos, continuem a viver em nosso meio, sem que ninguém sequer pense a incomodá-los.” 12 II. O Movimento de Resistência Para Heidekat13 , a Revolução Iraniana, em 1979, introduziu “um mundo de novas possibilidades” para grupos de resistência no Oriente Médio. A forte influência do Irã (que passou a ser governado por Ayatollah Ruhollah Khomeini) na região, e por consequência da 6 The Hizballah Program. Visitado em 04 de maio de 2014. Disponível em: http://www.cfr.org/terrorist- organizations-and-networks/open-letter-hizballah-program/p30967. 7 CAMPOS, Denise. O Hezbollah no Contexto Político Libanês. 11/2008. Instituto de Educação Superior de Brasília. Visitado em 04 de maio de 2014. 8 The Hizballah Program. Visitado em 04 de maio de 2014. Disponível em: http://www.cfr.org/terrorist- organizations-and-networks/open-letter-hizballah-program/p30967. 9 As falanges libanesas se definem oficialmente como uma organização política secular, de maioria cristã maronita. As Falanges estiveram envolvidas em numerosos atos de guerra e massacres durante a Guerra Civil Libanesa (1975-1990). 10 STALINSKY, Steven. An Islamic Republic Is Hezbollah's Aim. The New York Sun, 2 de agosto 2006. Visitado em 04 de maio de 2014. 11 The Hizballah Program. Visitado em 04 de maio de 2014. Disponível em: http://www.cfr.org/terrorist- organizations-and-networks/open-letter-hizballah-program/p30967. 12 Idem ao indicado acima. 13 HEIDEKAT, Jay P. Hezbollah's Resistance. Constructing the Past: Vol. 11: Iss. 1, Article 10. 2010. Disponível em: http://digitalcommons.iwu.edu/constructing/vol11/iss1/10
  • 4. ideologia fundamentalista da Revolução, ampliou a perspectiva de financiamento de grupos de resistência de ideologia khomeinista pós-79. Em 1982, durante a ocupação de Israel, o Hezbollah ofereceu empregos, comida, medicamentos e outros serviços à população xiita então marginalizada e desalojada de suas casas. Ao prestar esses serviços necessários á população, serviços que o Estado não conseguia prestar, o movimento ganhou a lealdade das massas xiitas. Operações de ataque com carros-bomba e atentados suicidas contra militares israelenses, bem como a alvos políticos, como a embaixada dos EUA no Líbano, foram classificados como atividade terrorista por grande parte da mídia ocidental, porém, vistos por muitos libaneses como violência defensiva e justificada. Fadlallah,14 considerado o primeiro guia espiritual do partido, explica a “Jihad Defensiva”: “Se alguém dispara um foguete contra mim, eu não posso responder oferecendo-lhe uma rosa. Do ponto de vista islâmico, nós comparamos a violência á cirurgia: só se utiliza como último recurso.” 15 Pode-se afirmar a partir desta citação, que a “Jihad Defensiva” (como é chamada pela população simpáticas a ela) trata-se basicamente de recuperar o que lhes foi tirado, por qualquer meio que se faça necessário. Esta filosofia teria produzido uma longa série de violências entre forças de Israel e do Hezbollah. Heidekat, porém, acredita que a rotina de violência entre a resistência libanesa e as forças de Israel, se mostrou mais favorável ao discurso de resistência pregado pelo Hezbollah16 do que ao de Israel. Segundo ele, qualquer agressão perpetrada contra israelenses que ocupavam o Líbano era vista como contribuição para a causa do Islã, e pela defesa dos “oprimidos”. Ao mesmo tempo, a violência contra libaneses ou palestinos por parte de israelenses, simplesmente criava mais mártires venerados e aumentava o apoio à “resistência”. Ambas as situações fortaleciam o Hezbollah e contribuíam para o processo de “demonização” de Israel aos olhos da 14 FADLALLAH, Mohamed Hussein. Islamic Unity. 1964. 15 Tradução livre do excerto: “If someone fires a rocket at me, I cannot respond by offering him a rose. From an Islamic perspective, we compare violence to surgery: One only turns to it as a last resort.” FADLALLAH, Mohamed Hussein. Islamic Unity. 1964. 16 Tradução livre do excerto: “In this instance, as will be shown in others, the back and forth between Lebanese resistance and Israeli aggression and vice-versa worked favorably into Hezbollah’s discourse surrounding resistance.” HEIDEKAT, Jay P. Hezbollah's Resistance. Constructing the Past: Vol. 11: Iss. 1, Article 10. 2010. Disponível em: http://digitalcommons.iwu.edu/constructing/vol11/iss1/10
  • 5. população libanesa. Heidekat nomeia este fenômeno de “ciclo de resistência” 17 , ou seja, a oposição à ocupação de Israel, mesmo quando resultava em mortes do lado da “resistência”, incentivava o sentimento de unidade e o fervor entre os “oprimidos”. Hassan Nasrallah, atual secretário geral do Hezbollah, explicou que as medidas violentas tomadas pelo partido, são respostas à agressão de Israel: “A Resistência é uma reação contra a agressão. Quando a agressão termina, a resistência termina.” 18 Já consolidado dentro do Líbano como partido político legítimo e atuante, o Hezbollah tem hoje em sua agenda diversas vertentes políticas em prol do desenvolvimento do país, porém a resistência continua sendo a primeira da lista. O porta-voz do grupo, Nabih Berri, conclui sobre a perpetuação do partido como movimento de resistência: “A resistência é uma necessidade nacional vital, enquanto Israel continuar a ocupar parte do nosso território e violar nosso espaço aéreo, fronteiras e territórios marítimos” 19 . III. A Organização Terrorista Azani20 , em sua análise do grupo, afirma que a discussão sobre a natureza terrorista do Hezbollah é consequência da grande quantidade de evidências de que o grupo está envolvido em atividades terroristas internacionalmente - inclusive em solo europeu - e que têm se envolvido em atos de terrorismo e assassinato de civis no Líbano, Iraque, Egito, Bahrein e especialmente na Síria. Segundo ele, o Hezbollah é uma organização terrorista hierárquica e unificada, com três “braços” de atuação: o “braço político”, o “braço do bem-estar social” e o “braço militar- terrorista”, que operam sob o controle de uma mesma liderança21 . Nos anos 80, o grupo realizou vários atos considerados terroristas, como sequestro de cidadãos estrangeiros dentro e fora do 17 HEIDEKAT, Jay P. Hezbollah's Resistance. Constructing the Past: Vol. 11: Iss. 1, Article 10. 2010. Disponível em: http://digitalcommons.iwu.edu/constructing/vol11/iss1/10 18 Tradução livre do excerto: “Resistance is a reaction against aggression. When the aggression ends, resistance ends.”ALAGHA, Joseph. Hizballah after the Syrian Withdrawal. 37. 19 Tradução livre do excerto: “The choice of resistance is a vital national necessity as Israel continues to occupy part of our land and to violate Lebanon’s airspace, boarder and territorial waters.”Lebanese Speaker Birri announces Hezbollah-Amal election lists. 20 AZANI, Eitan. Hezbollah: The Story of the Party of God; From Revolution to Institutionalization. Palgrave Macmillan, 2011. 21 A atual liderança do Hezbollah é composta pelo secretário geral Hassan Nasrallah, e o “Conselho Shura”, algo como o “conselho de administração” (“board of directors”) do grupo.
  • 6. Líbano, sequestro de um avião da TWA na rota Atenas/Roma22 e atentados terroristas contra a embaixada americana em Beirute23 . Já nos anos 90, o grupo começou uma campanha com o objetivo de “esconder” seu comportamento terrorista e a trabalhar para criar uma “marca” de partido político legítimo no sistema político libanês. Azani, porém, aponta que durante década de 90, a “natureza puramente terrorista” do grupo foi refletida no seu envolvimento em ataques terroristas contra alvos israelenses e judeus na Argentina24 . Para ele, o envolvimento do grupo em atividades terroristas é produto de uma complexa organização interna, oriunda de apoio logístico e estratégico iraniano e da infraestrutura estabelecida ao longo dos anos: “Ao longo de sua existência, o Hezbollah construiu infraestrutura de terrorismo em todo o mundo” 25 . Infraestrutura esta, também usada para outros crimes, “especialmente o seu envolvimento no tráfico de drogas, que gera dezenas de milhões de dólares por ano – usados para reunir inteligência, e para financiar ataques terroristas contra alvos judeus e israelenses de todo o mundo.” 26 Levitt27 também cita as ligações do Hezbollah com outros tipos de crimes. Segundo ele, o grupo depende de uma grande variedade de “empresas criminosas” 28 , que vão desde contrabando e fraudes ao comércio de drogas e diamantes em todo o mundo, incluindo América do Norte e do Sul. Segundo ele o dinheiro arrecadado é usado para “financiar as atividades militares do Hezbollah”: “Os relatórios publicados sugerem que a Al Qaeda e o Hezbollah têm formado alianças táticas com várias organizações terroristas, cooperando entre si, em lavagem de dinheiro e outras atividades ilegais.” 29 22 Em 14 de Junho de 1985, o vôo 847 da Trans World Airlines, durante o percurso entre Atenas e Roma. Os sequestradores buscavam a liberação de 700 xiitas sob custódia de Israel (1 Morto). 23 Em 18 de Abril de 1983, um atentado suicida explodiu a embaixada americana em Beirute (63 mortos). 24 Atentado suicida contra a embaixada de Israel em Buenos Aires em 17 de Março de 1992 (29 mortos), e atentado terrorista à “Asociación Mutual Israelita Argentina” (AMIA) em 18 de Julho de 1994 (85 mortos). 25 Tradução livre do trecho: “Throughout its existence, Hezbollah has built up terrorism infrastructure worldwide.” AZANI, Eitan. Hezbollah: The Story of the Party of God; From Revolution to Institutionalization. Palgrave Macmillan, 2011. 26 Tradução livre do excerto: “especially its involvement in the drug trade, which earns it tens of millions of dollars a year – to gather intelligence, and to commit terrorist attacks against Jewish and Israeli targets all over the world.” AZANI, Eitan. Hezbollah: The Story of the Party of God; From Revolution to Institutionalization. Palgrave Macmillan, 2011. 27 LEVITT, Matthew Levitt. Hezbollah: Financing Terror through Criminal Enterprise. May 25, 2005. 28 “Criminal Enterprises”. 29 Tradução livre do trecho: “Published reports even suggest that al-Qaida and Hezbollah have formed additional tactical, ad-hoc alliances with a variety of terrorist organizations to cooperate on money laundering and other unlawful activities.” LEVITT, Matthew Levitt. Hezbollah: Financing Terror through Criminal Enterprise. May 25, 2005.
  • 7. Já Schwartz, culpa o governo americano pela extensão do conflito. Segundo ele: “Quando Washington declarou que a liberdade poderia ser antecipada em eleições nas quais o Hezbollah participou, e pelo qual se tornou parte do governo do Líbano, concedeu-se algo que uma entidade terrorista nunca poderia alcançar por si própria: a legitimidade moral.” 30 Segundo ele, o governo americano concedeu legitimidade imerecida para o Hezbollah, assim como o fez para com outros “inimigos” americanos, como o Hamas na Autoridade Palestina e os teocratas no Iraque e no Afeganistão. Todos esses grupos chegaram ao poder através de eleições democráticas promovidas pelos EUA. Logo, segundo o autor, ao legitimar o “braço político” do Hezbollah, os EUA estariam dando legitimidade ao “braço militar-terrorista”, pois se trata de uma organização unificada sob uma mesma liderança31 e sob os mesmo preceitos32 . Azani conclui que os recentes resultados das investigações sobre o ataque terrorista em Burgas33 e tentativas de ataques no Chipre e na Nigéria, provam que o Hezbollah está envolvido em terrorismo não como um fenômeno esporádico ou aleatório, mas que sua estratégia de usar a violência a nível internacional para alcançar seus objetivos é sua política estável e permanente. IV. Conclusão “Quando a administração Bush foi atrás do Hezbollah afirmando se tratar de uma organização terrorista no Outono de 2001, os governos do Líbano e Síria vieram em sua defesa, insistindo que era um grupo nacional de resistência legítimo, lutando contra a ocupação israelense. No entanto, esta controvérsia “terrorismo vs. resistência” não era novidade. Ela tem sido ponto de discórdia entre Beirute e Washington desde que primeiro governo pós-guerra tomou posse no Líbano em 1990. Hoje, os confrontos 30 SCHWARTZ, Peter. "Liberdade versus Majoritarismo Absoluto". Portal Libertarianismo. 08, 2012. Acessado em 5 de maio de 2014. Disponível em: http://www.libertarianismo.org/index.php/artigos/liberdade-versus- majoritarismo-absoluto/. 31 Em 2000, Na´im Qassem, vice de Nasrallah e membro do Conselho Shura, resumiu a natureza e o papel do Conselho. Ele disse: "O Hezbollah tem uma liderança e seu nome é o Conselho. Ele comanda a política, a “jihad” (militar), as atividades culturais e sociais... O líder do Hezbollah é o chefe do Conselho Shura e também o chefe do Conselho Jihad. Isso significa que temos uma liderança e uma administração ". Al-Mustaqbal. 31 December 2000. 32 AZANI, Eitan. Hezbollah: The Story of the Party of God; From Revolution to Institutionalization. Palgrave Macmillan, 2011 33 Em 18 de Julho de 2012, um atentado suicida explodiu um ônibus transportando turistas israelenses, no aeroporto de Burgas, na Bulgária. Investigações constataram o envolvimento de dois membros do Hezbollah, embora o grupo negue qualquer participação no ataque. (7 mortos). OBS: É de extrema importância citar que o novo governo búlgaro voltou atrás na acusação, embora isso venha sendo ignorado por parte da imprensa e dos governos europeus.
  • 8. entre ambos os lados da questão parecem aumentar, e sinceramente não espero uma resolução em um futuro próximo. ”34 Com estas palavras, Harik conclui a ideia presente em seu livro,35 de que a “simples” nomenclatura para definir o Hezbollah, envolve um jogo de poder, influência e interesses muito além do que é livremente publicado nos jornais. Segundo ela, exatamente um ano após o início da “Guerra contra o Terror”, os EUA estavam na estaca zero nas negociações com o governo libanês a respeito do Hezbollah. Mas havia, entretanto, uma mudança interessante. Questionado sobre se os ataques do Hezbollah eram considerados atos de terrorismo, o embaixador americano Vincent Battle afirmou: "não se inserem na rubrica do terrorismo, uma vez que Hezbollah foi atrás apenas de 'alvos combatentes' e não civis.” 36 Essa admissão (a primeira de um oficial americano), finalmente revelou que, independente do que o “Partido de Deus” estava fazendo no sul do Líbano, seja em termos de terrorismo ou de resistência, os Estados Unidos da América, por algum motivo, o queriam fora de ação.37 34 HARIK, Judith Palmer. The Changing Face of Terrorism. New York, USA. I.B.Tauris & Co Ltd. 2004. 35 HARIK, Judith Palmer. The Changing Face of Terrorism. New York, USA. I.B.Tauris & Co Ltd. 2004. 36 Daily Star. 7 September 2002. Página 1. 37 “Out of business”