[1] Hercule Romuald Florence foi um artista e inventor francês que se estabeleceu no Brasil em 1824 e produziu os primeiros registros fotográficos no país na década de 1830 em Campinas, antecipando inventores europeus.
[2] Em 1825, ele participou de uma expedição científica russa pelo interior do Brasil, onde produziu desenhos e registros científicos. Após o casamento em 1830, estabeleceu-se em Campinas e fundou um negócio de impressão chamado
2. HERCULES FLORENCE 1824/1825
Antoine Hercule Romuald Florence, conhecido como Hércules Florence, nasceu em Nice/França em 29/02/1804. Aos 16 anos tornou-se
grumete (aprendiz de marinheiro), viajando para a Holanda e Bélgica. Aos 20 anos, em 1824, chegou ao Rio de Janeiro a bordo da
fragata Maria Thereza, decidido a se estabelecer no Estado Imperial do Brasil. Por um ano permaneceu na cidade trabalhando como
caixeiro (vendedor) de uma casa de roupas e em seguida, como auxiliar numa livraria e tipografia pertencente ao francês Pierre Plancher.
Barão Heinrich von Langsdorff
Cubatão pinheiros próximos de Jundiaí
Em 1825, Hércules Florence interessa-se em participar de uma expedição científica russa pelo interior do Brasil, levada pelo naturalista
e Barão Georg Heinrich von Lansdorff e após contatos, consegue ser admitido como auxiliar e segundo desenhista da expedição em
conjunto com Aimé-Adrien Taunay.
3. HERCULES FLORENCE 1825 1825
A expedição deveria partir de Porto Feliz, no interior da província de São Paulo, para seguir pelo Rio Tietê ao Mato Grosso, ocasião em
que Hércules Florence se instala na residência do médico e político Francisco Álvares Machado, e ali conhece sua filha, Maria Angélica.
Francisco Álvares Machado e sua Família
“Maria Angélica, de pé, à esquerda, apoiada na mãe, que está bordando.
No primeiro plano, também à esquerda, está colocada estrategicamente,
apoiado na cadeira um objeto que parece ser uma câmera escura”
(herculesflorence.polens.com.br)
A expedição percorre 13 mil km pelas províncias de São Paulo,
Mato Grosso, Pará e Amazonas. No mapa ao lado, são utilizadas
duas cores para assinalar o trajeto pelos sertões brasileiros,
registrando-se a divisão da expedição em Cuiabá/Mato Grosso,
ocasião em que formam-se dois grupos que deveriam se
reencontrar no Pará. O traçado amarelo seria seguida por Riedel;
o vermelho, por Langsdorff, com quem ficou Hércules. A cor verde
refere-se ao retorno para o Rio de Janeiro.
(herculesflorence.polens.com.br)
4. HERCULES FLORENCE 1825/1829
No longo trajeto da expedição, que durou 4 anos (de
1825 a 1829), Hércules Florence produz um relato
Partida de Porto Feliz
detalhado das atividades, registrando com desenhos
as mais variadas situações, além de produzir registros
científicos da natureza e dos costumes indígenas.
"A tarde variou o panorama. Não era mais uma paisagem
avivada alegremente por maciços floridos, mas um quadro
grandioso. Cortamos (passamos por) florestas de guacuris,
coqueiros de grosso caule, folhas compridas, espessas e curvas
em arco de círculo. Os folículos inferiores de umas,
encontravam-se com os das outras, formavam abóbadas, cujas
colunas eram os troncos das palmeiras." Relato de Hercules
Florence
Interior de Cabana Mundurucu
5. HERCULES FLORENCE 1829/1830
“Com o fim de seu trabalho como segundo desenhista, o artista radica-se
a partir de 1830 na Vila de São Carlos, atual Campinas (..) Continua
registrando a paisagem e as transformações pelas quais passa a região
no decorrer do século XIX. Documenta o incremento da lavoura de cana-
de-açúcar e café, o trabalho escravo nos engenhos, as queimadas e
derrubada das matas para plantio e, em menor número, a capital
paulista.”(Enciclopédia Itaú Cultural).
6. HERCULES FLORENCE 1829/1830
Após seu retorno Florence procura pela família Machado e
através dela conhece a Vila de São Carlos (Campinas).
"Campinas, cidade nascente e arrabaldes simpáticos. Francisco Álvares
Machado, que eu tinha conhecido em 1825 em Porto Feliz, me convida
para vir a Campinas; e nesta cidade, então vila de São Carlos, fixei a
minha residência.“
"Campinas, também chamada São Carlos, cidade nascente, bastante
vasta, bem povoada, rica pela cultura em grande escala da cana-de-
açucar, e pela fabricação desse produto e da aguardente. Seus
arrabaldes são agradáveis em razão dos sítios cultivados,
multiplicidade de casas e engenhos de açucar. O comércio sobrepuja
ao das outras cidades próximas, com exceção de Itú. A concorrência
traz a barateza das mercadorias”
“...era Antônio Manoel Teixeira o mais importante fazendeiro. Esse
homem, notável por vários títulos, fora nomeado prefeito do
município em virtude da lei n. 18 de 11 de abril de 1835, logo
revogada, e possuía 192 escravos de ambos os sexos, 2 fábricas de
açucar produzindo anualmente 3.500 arrobas do redondo, 500 do
mascavo e 5.000 do branco. Colhia em suas propriedades 1.800
arrobas de café e davam-lhe os engenhos, por ano, 3.000 canadas de
aguardente”.
Fazenda de Antonio Manoel Teixeira, nas proximidades da Vila de São Carlos
7. HERCULES FLORENCE 1830/1850
Em 4 de janeiro de 1830, na Igreja da Sé em São Paulo, Hercules Florence se casa com
Maria Angélica A. M. Vasconcelos, filha de Francisco Álvares Machado e Vasconcellos
e Cândida Maria de Vasconcellos Barro, e com ela tem 12 filhos.
Filhos:
Amador (18 de janeiro de 1831)
Celestina (18 de novembro de 1832)
Adelaide (19 de março de 1834)
Francisco (27 de março de 1835)
Francisco (2o. 06 de novembro de 1837)
Cândida (5 de abril de 1839)
Antônio Hércules (27 de janeiro de 1841)
Arnaud (16 de fevereiro de 1843)
Angelique (16 de setembro de 1844)
Arnaldo (14 de abril de 1846)
Paul (31 de dezembro de 1847)
Ataliba (11 de junho de 1849)
Enquanto esteve casado com Maria Angélica, Hercules Florence produziu seus maiores inventos, a começar pelo trabalho que denomina de
"zoophonie“, e que consistia num estudo sobre os sons emitidos pelos animais registrado durante a expedição. Ao tentar publicá-lo na Vila de
São Carlos ele se dá conta de que a Província de São Paulo não contava com oficinas impressoras, razão pela qual Hercules Florence resolve
montar um negócio baseado no seu próprio método de impressão, a Poligraphie (criada em 1830). Em 1832, já se achava instalado com seu
negócio; “além das atividades comerciais, reproduzindo (cópias) documentos, em sua poligrafia, realizou também incursões em comércio de
tecidos que trazia do Rio de Janeiro e uma fábrica de chapéus” (herculesflorence.polens.com.br)
8. HERCULES FLORENCE 1830/1832
“As dificuldades, encontradas por Hércules, para publicação de seus estudos, fizeram com que,
entre 1832 e 1836, pesquisasse uma forma alternativa de impressão. Esse estudo foi chamado
Poligraphye, e seu objetivo inicial fora a impressão das partituras sobre a Zoofonia. (Erivam M.
Oliveira. O pioneiro da fotografia no Brasil)
Hercule Florence é precursor (...) dos processos químicos de reprodução de imagens. Em
busca da simplificação dos procedimentos comuns na época (restritos aos diferentes tipos
de gravura como, por exemplo, a litografia e a xilogravura), inventa, em 1830, o que chama
de polygraphie [poligrafia], método de impressão em cores semelhante ao atual
mimeógrafo. (Enciclopédia Itaú Cultural)
“Com a Poligrafia, tornou-se possível imprimir numa mistura de litografia e gravura em
diversas cores. Foi então que Florence teve a idéia de utilizar a câmera obscura”. (Erivam
M. Oliveira. O pioneiro da fotografia no Brasil)
Mesa de impressão usada na Polygraphia
9. HERCULES FLORENCE 1832
A partir de 1832, começa a investigar as possibilidades de fixação da imagem
utilizando a câmera escura por meio de um elemento que mude de cor pela
ação da luz. Com a ajuda do boticário Joaquim Correa de Mello, realiza
experiências fotoquímicas que dão origem a imagens batizadas de
photographie [fotografia] em 1833. Ou seja, quase na mesma época que
Joseph Nicéphore Niépce (1765 - 1833) e Louis Jacques Mandé Daguerre
(1781 - 1851), na França, e William Henry Fox Talbot (1800 - 1877), na
Inglaterra, e sob condições científicas muito diversas, Florence produz cópias
fotográficas de desenhos em Campinas.1 Entre os exemplares realizados,
restam hoje as impressões fotográficas do "Diploma da Maçonaria"
(ca.1833) e de rótulos de farmácia (s.d). (Enciclopédia Itaú Cultural).
“Hércules Florence chegou, com essa pesquisa, a obter uma série de
exemplares, de diplomas maçônicos e rótulos de farmácia em papel
fotossensível, sensibilizado por sais de prata. Utilizou, para isso, o princípio
da câmera obscura, aplicado a um processo que chamou de “photographie”.
A seriedade das pesquisas e a documentação deixada pelo pesquisador
franco brasileiro colocam-no como um dos grandes inventores do século XIX,
ao lado de Bartolomeu Lourenço Gusmão, o “Padre Voador”, (Aerostação),
Vila de S. Carlos, Campinas. Rótulos de farmácia, cópia fotográfica Alberto Santos Dumont (Aviação) e Padre Roberto Landell de Moura
por contato sob ação da luz solar, cerca de 1833
(transmissão radiofônica), que antecederam outros pesquisadores, cujos
inventos também não foram reconhecidos pelos meios científicos e
culturais” (Enciclopédia Itaú Cultural).
"Neste ano de 1832, no dia 15 de agosto, estando a passear na minha varanda, vem-me à idéia que talvez se possam fixar as imagens na câmara
escura, por meio de um corpo que mude de cor pela ação da luz. Esta idéia é minha, porque o menor início nunca antes tocou o meu espírito. Vou
ter com Joaquim Correa de Mello, boticário do meu sogro, homem instruído, que me diz existir o nitrato de prata. Dei-me pois, a fazer experiências
onde tudo me sai perfeitíssimo quanto à gravura sobre o vidro. Quanto a câmara obscura fixei a negativa da vista da cadeia, um busto de La Fayette,
etc. O Sr. Mello me ajuda a formar a palavra: Photographia".
10. HERCULES FLORENCE 1833
Suas observações acerca do poder do sol sobre os tecidos (em particular, sobre a ação de descolorimento), somadas aos ensinamentos
oferecidos pelo jovem boticário (e futuro botânico), Joaquim Correia de Melo, em especial, sobre a ação do nitrato de prata, levam-no a
trabalhar com a câmara escura a partir de 1832 e a produzir o que chamaria de “photographie” (anos antes desta denominação ser utilizada na
Europa). Com base num processo científico metódico, H Florence chegou à impressão pela ação da luz.
“Personagem importante para o aperfeiçoamento da fotografia foi o boticário
Joaquim Corrêa de Mello, que trabalhava na farmácia de Francisco Álvares Machado
e Vasconcellos, sogro de Florence, e o auxiliava em suas Experiências”. (Erivam M.
Oliveira. O pioneiro da fotografia no Brasil)
15 de janeiro (1833) "Creio antever que um dia se imprimirá pela ação da luz.
Toda gente sabe que a luz descolore os objetos; vi, pelo menos, que isso acontece
com as dobras das peças de indianas expostas à claridade. Se eu fosse químico,
talvez conhecesse uma substância susceptível de colorir-se ou descolorir-se à
ação da luz, ou de mudar de cor, ou de escurecer. A única substância que sei
possuir a virtude de enegrecer ao sol, mas que seria preferível a tudo, é a que de
preta se tornasse branca, ou cuja cor, ao menos, se tornasse facilmente mais
clara. Ora, se assim acontecesse, como creio, colocar-se-ia uma folha de papel, ou
outro qualquer corpo de superfície lisa, coberta de uma camada dessa substância,
numa câmara escura. A própria escuridão dessa câmara seria favorabilíssima,
para impedir a descolorização que se deveria conservar intacto; as meias tintas
favoreceriam a descoloração só pela metade e as claridades do objeto que seria
Câmara Escura e Prensas usadas na Photographie representado na câmara escura, apresentando-se formadas pela própria luz, esta
descoloriria perfeitamente nesses lugares. Dessa maneira, sendo a ação da luz
proporcional à sua intensidade sobre a citada superfície, o objeto permaneceria
nela representado, mesmo após ter sido retirado da câmara escura. Ele não
estaria caracterizado pela coloração, mas suas diferentes tintas lhe marcariam a
aparência.“ (Manuscrito "Correspondence" n. 1, p. 132) (Hércules Florence)
11. HERCULES FLORENCE 1833
“Em frente à cadeia de Campinas, então Vila de São Carlos, o guarda de
sentinela permanecia estático. Devia estar desatento à pequena caixa
coberta com paleta de pintor, instalada havia horas em algum ponto dos
arredores. O orifício na improvisada câmara escura acomodava a lente
dos óculos de Hércules Florence, que pretendia fixar a imagem da fachada
da cadeia em papel sensibilizado com nitrato de prata. “Queira Deus que
se possa imprimir com a luz”, anotou no seu diário, em 3 de julho de
1833. Já sabia que o papel escureceria no sol – como os tecidos indianos
que perdiam a cor – e, por isso, lavou-o em água para diminuir a reação
fotoquímica e guardou-o dentro de um livro. Segundo relatos, assim ele
conservou várias imagens, que apreciava somente à noite, sob luz de vela.
Mas as provas se perderam. Inclusive aquela, que seria a primeira
fotografia de um ser humano produzida no planeta”. (Luiz Sugimoto.
“Retrato do homem bicentenário”. Jornal da Unicamp)
“Hércules Florence conseguiu gravar imagens, na Vila de São
Carlos, com câmera obscura e sais de prata, seis anos antes de
Daguerre,na Europa, valer-se desse mesmo material”. (Elevam
M. Oliveira. O pioneiro da fotografia no Brasil)
“Sem conhecer o trabalho do francês Nicéphore Niépce - responsável
pela fixação da primeira fotografia em 1826 -, Florence imprime imagens
pela ação da luz em 1832, com base no princípio de negativo/positivo,
que permite a reprodução das chapas. O mesmo processo só seria
desenvolvido pelo inglês William Talbot em 1839”. (Enciclopédia Itaú
Cultural)
“Hércules Florence, durante toda sua vida no Brasil conviveu com intelectuais e estrangeiros
ilustres, que enriqueceram seu conhecimento e ajudaram-no a desenvolver várias pesquisas e
inventos” (Erivam M. Oliveira. O pioneiro da fotografia no Brasil)”
12. HERCULES FLORENCE 1836/1839
Em 1836, com o apoio do sogro Álvares Machado, Hercules Florence instala uma tipografia
completa no largo da Matriz do Carmo, a primeira da Vila de São Carlos.
“Nela imprimiu-se o histórico jornal O Paulista, primeiro do interior da Província de S. Paulo
(1842), sendo o Padre Diogo Feijó, o diretor de redação. Nela Hércules Florence imprimiu
também as Cartas Pastoraes do Bispo Conde D. Antônio Joaquim de Mello e atendeu sua
clientela, como era seu objetivo, deixando a Poligrafia somente para imprimir desenhos.
Finalmente foi vendida aos jornalistas que fundaram o "Aurora Campineira".
(herculesflorence.polens.com.br)
“Ele possuiu uma casa à Rua do Rosário, n.20, da Vila São Carlos, doação do sogro Francisco
Álvares Machado: terreno e dinheiro para construção, em 1839. Na foto, é a casa com beiral. Ali
se dedicava à família e às suas invenções. Atualmente, sua localização seria à Rua Barão de
Jaguara, em frente ao monumento-túmulo do Maestro Antônio Carlos Gomes”.
(herculesflorence.polens.com.br)
“A vida em família foi vivida na residência simples, frente ao largo da Matriz Velha, atualmente,
Rua Barão de Jaguara, frente ao monumento-túmulo do Maestro Carlos Gomes. Essa casa
pertenceu à família Florence por diversas gerações”. (herculesflorence.polens.com.br)
Em 1839, Hercules Florence seria informado de que seu conterrâneo, Daguerre, havia criado o processo de reprodução que se chamou
daguerreotipia, e chegava primeiro ao reconhecimento público. Hércules ficou desolado e desistiu de aperfeiçoar seu invento (...) Mais
tarde chegou a ser solicitado por órgãos do governo francês para enviar informações sobre seu invento. Ele preferiu não dar continuidade
ao assunto.
13. HERCULES FLORENCE 1839/1842
“A partir desse momento, Florence abandonou suas
pesquisas com câmera obscura e sais de prata e escreveu em
uma cópia do diploma maçônico, conseguido através do
processo da câmera obscura sensibilizada com nitrato de
prata, que outros tiveram mais sorte. Fez a divulgação de
suas pesquisas por meio do jornal O Pharol Paulistano e
Jornal do Commércio do Rio de Janeiro, sem obter êxito e o
reconhecimento esperado”. (Elevam M. Oliveira. O pioneiro
da fotografia no Brasil)
"Estou certo de que se estivesse em Paris..."
"Inventei a fotografia. Fixei as imagens na câmara escura. Inventei a poligrafia, a impressão simultânea de todas as cores, a prancha
definitivamente carregada de tinta, os novos sinais estenográficos. Concebi uma máquina que me parecia infalível, cujo movimento seria
independente de um agente qualquer e cuja força teria alguma importância. Comecei a fazer uma coleção de estudos de céus, com novas
observações, muitas aliás, e meus descobrimentos estão comigo, sepultados na sombra. Meu talento, minhas vigílias, meus pesares,
minhas privações são estéreis para os outros. Não me socorrem as artes peculiares às grandes cidades, para desenvolver e aperfeiçoar
alguns de meus descobrimentos, para que eu me cientificasse da exatidão de algumas de minhas idéias. Estou certo de que, se estivesse
em Paris, um único de meus descobrimentos poderia, talvez, suavizar-me a sorte, ser útil à sociedade. Lá, talvez, não me faltassem
pessoas que me ouviriam, me adivinhariam e me protegeriam. Estou certo de que o público, o verdadeiro protetor dos talentos, me
compensaria de meus sacrifícios. Aqui, porém, ninguém vejo a quem possa comunicar minhas idéias. Os em condições de as entenderem,
seriam dominados por suas próprias idéias, por suas especulações, pela política, etc.“ (Hércules Florence)
14. HERCULES FLORENCE 1842/1847
Nos anos seguintes, ele desenvolve um novo método de impressão de notas
de dinheiro para evitar falsificações, o papel inimitável, lançado em 1842, e
em 1847 cria os "Typo-sílabas", ideia precursora da taquigrafia
“O súbdito francez Hercule Florence, que era um scientista notável. Develhe a
sciencia as descobertas que fez da polygraphia, aperfeiçoada depois sob a
denominação de pulvographia, do papel inimitável, cuja importância maior era
evitar falsificações em quaesquer títulos de valor, firmados naquelle papel muito
propriamente denominado inimitável...” Florence preparou uma chapa de vidro
como matriz, escurecida com a fumaça de um lampião, e aplicou uma camada de
goma arábica. Após o endurecimento da cola, com uma agulha, desenhava ou
escrevia nessa superfície, retirando a cola endurecida do fundo do vidro”. (Erivam
M. Oliveira. O pioneiro da fotografia no Brasil)
Em 1842, em sua tipografia no Largo da Matriz, Hercules Florence funda O
Paulista, primeiro jornal do interior da Província de São Paulo. Ali seria impresso
também o Aurora Campineira, em 1858..
Reprodução em Poligraphia na ocasião da visita de DPedro II a Campinas, em 1846. Imagens atribuídas a Hercules Florence, 2ª metade do
século XIX.
15. HERCULES FLORENCE 1854/1863
Em 17 de janeiro de 1850 falece Maria Angélica, deixando Hercules viúvo aos 46 anos de idade.
Quatro anos depois, em 1854 e já com 50 anos, Hercules Florence casa-se novamente,
agora com Carolina Krug, de família alemã há muito estabelecida em Campinas, e com
ela tem 7 filhos.
Filhos:
Ataliba (nascido em 3 de maio de 1855)
Jorge (nascido em 18 de outubro de 1857)
Augusta ( nascida em 24 de maio de 1859)
Henrique (nascido em 3 de agosto de 1861)
Guilherme (nascido em 19 de junho de 1864)
Paulo (irmão gêmeo de Guilherme) (nascido em 19 de junho de 1864)
Izabel (nascida em 22 de outubro de 1867)
16. HERCULES FLORENCE 1855/1863
Em 1855, ele viaja a Europa em companhia de Carolina para rever a mãe,
interrompendo um longo isolamento no interior da Província de São Paulo.
Em 1856, após seu retorno da Europa, Hércules Florence passa a se dedicar
as atividades da Fazenda Soledade, nos arredores de Campinas, sem deixar
de trabalhar em suas invenções e estudos. A Fazenda, herdada da sogra,
Sra. Cândida Maria de Vasconcellos Barros, localizava-se na Estrada para
Amparo.
Em 1860, Hercules Florence inventa a "pulvografia" (impressão por meio
do pó) e no ano de 1863, participa da fundação do Colégio Florence com a
esposa Carolina Krug Florence, deixando as atividades agrícolas para se
dedicar ao Colégio.
O Colégio Florence, fundado em 3 de novembro de 1863 se manteria em
instalações provisórias por dois anos; em 1865, seria transferido para um
prédio próprio. Destinado à educação feminina, trazia em sua concepção
fundamentos pedagógicos suiços.
“Nesse Colégio, Hercules Florence foi professor de desenho e cuidou
também das atividades administrativas (...) Segundo a pesquisadora e autora
do livro "Educação Feminina", Carolina e Hércules formaram ao que se
depreende, o primeiro casal participante da vida pública, principalmente no
que se referia à formação educacional. O endereço era rua das Flores, atual
José Paulino, entre Benjamin Constant e Bernardino de Campos”.
Hercules Florence permanece no colégio até sua morte, em 27/03/1879, atuando com sua esposa por 16 anos no campo educacional. Em 1889,
depois de 25 anos funcionando em Campinas, o Colégio foi transferido para a cidade de Jundiaí, tentando escapar da febre amarela que atacava a
cidade.
17. HERCULES FLORENCE 1879
Hércules Florence falece em 27 de março de 1879, achando-se sepultado no
Cemitério da Saudade.
“No Centro de Memória da Unicamp (CMU), encontra-se uma autobiografia de
Hércules Florence - ou Hercule, seu prenome em francês -, de 1832 (...) desenhos,
reproduções de telas e dez rolos microfilmados com os manuscritos narrando a saga
da famosa Expedição Langsdorff” (Luiz Sugimoto. “Retrato do homem bicentenário”.
Jornal da Unicamp)