Este documento apresenta informações sobre plantas raras do Brasil e as instituições envolvidas no estudo delas. Resume as seguintes informações essenciais:
1) O livro é resultado de uma parceria entre a Universidade Estadual de Feira de Santana e a Conservação Internacional, com a colaboração de mais de 170 cientistas de 55 instituições.
2) O livro cataloga 2.291 espécies de plantas raras do Brasil, identificando também 752 áreas-chave para a conservação da diversidade de plantas
3. Conservação Internacional (CI-Brasil)
Presidente
Roberto Brandão Cavalcanti
Vice-Presidente de Operações
Carlos Alberto Bouchardet
Diretores
Guilherme Fraga Dutra
Isabela Santos
Luiz Paulo Pinto
Patrícia Baião
Paulo Gustavo Prado
Ricardo Bomfim Machado
Universidade Estadual de Feira de Santana
Reitor
José Carlos Barreto de Santana
Diretor do Departamento de Ciências Biológicas
Carlos Costa Bichara Filho
Coordenador do Programa de Pós-Graduação em Botânica
Luciano Paganucci de Queiroz
4. Conservação Internacional
Universidade Estadual de Feira de Santana
Plantas Raras do Brasil
Organizadores
Ana Maria Giulietti
Alessandro Rapini
Maria José Gomes de Andrade
Luciano Paganucci de Queiroz
José Maria Cardoso da Silva
Belo Horizonte, MG – 2009
5. Coordenação Editorial
Isabela de Lima Santos
Projeto Gráfico
Lúcia Nemer
Designer Assistente
Fábio de Assis
Fotografias da Capa
M.Trovó
A. Rapini
A. Chautems
Ficha catalográfica elaborada pela bibliotecária Nina C. Mendonça CRB6/1288
P713 Plantas raras do Brasil / organizadores, Ana Maria Giulietti ... [et al.]. –
Belo Horizonte, MG : Conservação Internacional, 2009.
496 p. : il., fots. color., mapas; 26 cm.
Co-editora: Universidade Estadual de Feira de Santana.
Inclui referências.
ISBN: 978-85-98830-12-4.
1. Plantas raras – Brasil. 2. Diversidade biológica – Conservação. I. Conservação
Internacional. II. Giulietti, Ana Maria.
CDU : 582
12. PrefácioPrefácio
11
Um dos maiores desafios deste século é desenvolver modelos de desenvolvimento social
e econômico que tenham como sua base a conservação da biodiversidade. Esses modelos são especialmente importantes
em países como o Brasil, detentores de grande parte das espécies existentes no planeta.
O desenvolvimento sustentável de um país requer planejamento sistemático de conservação, com objetivos bem defini-
dos e métodos consistentes de análise. Para isso, informações precisas sobre a distribuição das espécies são fundamentais.
Nesse processo, nem todas as espécies são iguais. As espécies com distribuição restrita têm muito mais possibilidades de
serem extintas por um evento catastrófico qualquer ou simplesmente pela ocupação humana desordenada do que espécies
amplamente distribuídas. Por isso, elas recebem maior atenção por parte dos conservacionistas. O argumento é simples:
se protegermos as áreas onde estas espécies ocorrem, estaremos protegendo também populações de outras espécies que
possuem distribuições mais extensas e, assim, maximizando os esforços de conservação.
Este livro é uma contribuição fantástica para a conservação da biodiversidade no Brasil e no mundo. Produto de uma par-
ceria entre a Universidade Estadual de Feira de Santana e a Conservação Internacional, da qual orgulhosamente faço parte
do seu Conselho Global, ele sintetiza o trabalho intenso de mais de 170 cientistas de 55 instituições e nos revela o mundo
das plantas raras do Brasil. Plantas raras foram definidas como aquelas espécies que possuem distribuição menor do que
10.000 km2. O número final deste esforço impressiona. Foram reconhecidas 2.291 espécies de plantas raras brasileiras,
cerca de 4 a 6% de todas as espécies de plantas do país, muitas das quais se encontram à beira da extinção. As distribuições
das espécies de plantas raras ajudam também a delimitar 752 áreas que são chaves para garantir a conservação da diversi-
dade de plantas brasileiras. Essas áreas deveriam ser rapidamente reconhecidas por todos como prioridade imediata para
um trabalho intenso de preservação.
Conservar o capital natural brasileiro e promover o uso sustentável dos recursos é um dever de todos os setores da socie-
dade nacional. Sem o esforço conjunto dos cientistas e sem livros de síntese como este, às vezes torna-se difícil imaginar
a magnitude do desafio que ainda temos pela frente. Espero que esta obra sirva de inspiração para um pacto nacional mais
amplo que tenha como objetivo desenvolver ações concretas para evitar a extinção das espécies no Brasil.
André Esteves
Membro do Conselho Diretor
Conservação Internacional
13.
14. Agradecimentos Agradecimentos
13
Agradecemos a todas as instituições cujos pesquisadores colaboraram no estudo das
famílias relacionadas no livro. Em especial, à Universidade Estadual de Feira de Santana por ter fornecido toda a infra-
estrutura necessária ao projeto. Agradecemos ao Programa de Pesquisa em Biodiversidade (PPBio) e ao Instituto do Milê-
nio do Semi-Árido (IMSEAR), ambos do Ministério da Ciência e Tecnologia, pelos recursos para o trabalho de campo que
serviu de base para a avaliação de várias espécies raras. A.M. Giulietti, A. Rapini, L.P. Queiroz e J.M.C. Silva agradecem
ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) pela bolsa de produtividade em pesquisa.
M.J.G. Andrade agradece à Conservação Internacional (CI-Brasil) pela bolsa recebida por meio da Fundação Instituto para
o Desenvolvimento da Amazônia (FIDESA) para se dedicar à organização do livro. Este projeto foi desenvolvido graças ao
apoio da Gordon and Betty Moore Foundation, baseada em Palo Alto (EUA), e de André Esteves, membro do Conselho
da Conservação Internacional. Por fim, um agradecimento especial a todos os autores, que demonstraram envolvimento e
muita paciência ao longo deste projeto que, como qualquer grande trabalho de síntese, mostrou-se muito mais complexo
do que tínhamos inicialmente imaginado.
Comissão Organizadora
15.
16. Colaboradores e InstituiçõesColaboradores e Instituições
15
A lista a seguir inclui as pessoas que colaboraram para a produção deste livro: autores
dos capítulos, pesquisadores que contribuíram com a revisão do conteúdo e também aqueles que analisaram determinadas famí-
lias e não encontraram espécies raras segundo os critérios adotados neste trabalho.
Abel Augusto Conceição - Universidade Estadual de Feira de Santana, BA, Brasil
Adilva de Souza Conceição - Universidade do Estado da Bahia, BA, Brasil
Alain Chautems - Jardin Botanique de laVille de Genève, Genebra, Suíça
Alessandro Rapini - Universidade Estadual de Feira de Santana, BA, Brasil
Alessandro Silva do Rosário - Museu Paraense Emílio Goeldi, PA, Brasil
Alexa Araújo de Oliveira Paes Coelho - Universidade Estadual de Feira de Santana, BA, Brasil
Alexandre Quinet - Instituto de Pesquisa Jardim Botânico do Rio de Janeiro, RJ, Brasil
Aline Costa da Mota - Universidade Estadual de Feira de Santana, BA, Brasil
Ana Cláudia Araújo - Universidade Federal do Rio Grande do Sul, RS, Brasil
Ana du Bocage - Empresa Pernambucana de Pesquisa Agropecuária, PE, Brasil
Ana Luiza Andrade Côrtes - Universidade Estadual de Feira de Santana, BA, Brasil
Ana Maria Giulietti - Universidade Estadual de Feira de Santana, BA, Brasil
Ana Maria Goulart Azevedo Tozzi - Universidade Estadual de Campinas, SP, Brasil
Ana Paula Fortuna Pérez - Universidade Estadual de Campinas, SP, Brasil
Ana Paula M. Santos - Universidade Federal de Uberlândia, MG, Brasil
Anderson Alves-Araújo - Universidade Federal de Pernambuco, PE, Brasil
Anderson F. P. Machado - Universidade Federal do Rio de Janeiro, Museu Nacional, RJ, Brasil
Andrea Karla A. Santos - Universidade Estadual de Feira de Santana e Universidade Federal da Bahia, BA, Brasil
Andrea O. de Araujo - Universidade Estadual Paulista, SP, Brasil
Angela Borges Martins - Universidade Estadual de Campinas, SP, Brasil
Antônio Elielson S. Rocha - Museu Paraense Emílio Goeldi, PA, Brasil
17. 16 ColaboradoreS e inStituiçõeS
Ariane Luna Peixoto - Instituto de Pesquisa Jardim Botânico do Rio de Janeiro, RJ, Brasil
Aristônio M. Teles - Universidade Federal de Goiás, GO, Brasil
Armando Carlos Cervi - Universidade Federal do Paraná, PR, Brasil
Carlos Henrique Reif de Paula - Universidade Santa Úrsula, RJ, Brasil
Carmen Sílvia Zickel - Universidade Federal Rural de Pernambuco, PE, Brasil
Carolyn E. B. Proença - Universidade de Brasília, DF, Brasil
Cássio van den Berg - Universidade Estadual de Feira de Santana, BA, Brasil
Cecília O. Azevedo - Universidade Estadual de Feira de Santana, BA, Brasil
Cíntia Kameyama - Instituto de Botânica de São Paulo, SP, Brasil
Claudenir Simões Caires - Universidade de Brasília, DF, Brasil
Cláudia Elena Carneiro - Universidade Estadual de Feira de Santana, BA, Brasil
Claudio Augusto Mondin - Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, RS, Brasil
Claudio Nicoletti de Fraga - Instituto de Pesquisa Jardim Botânico do Rio de Janeiro, RJ, Brasil
Cristiana Koschnitzke - Universidade Federal do Rio de Janeiro, RJ, Brasil
Denise Monte Braz - Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, RJ, Brasil
Domingos Benício Oliveira Silva Cardoso - Universidade Estadual de Feira de Santana, BA, Brasil
Douglas C. Daly - The New York Botanical Garden, NY, EUA
Eduardo Bezerra de Almeida Jr. - Universidade Federal Rural de Pernambuco, PE, Brasil
Efigênia de Melo - Universidade Estadual de Feira de Santana, BA, Brasil
Eliane de Lima Jacques - Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, RJ, Brasil
Elnatan B. Souza - Universidade EstadualVale do Acaraú, CE, Brasil
Elsa L. Cabral - Universidad Nacional del Nordeste, Córdoba, Argentina
Elsie Franklin Guimarães – Instituto de Pesquisa Jardim Botânico do Rio de Janeiro, RJ, Brasil
Élvia Rodrigues de Souza - Universidade Estadual de Feira de Santana, BA, Brasil
Eric de Camargo Smidt - Universidade Federal do Paraná, PR, Brasil
18. ColaboradoreS e inStituiçõeS 17
Fábio de Barros - Instituto de Botânica de São Paulo, SP, Brasil
Fábio Vitta - Universidade Federal dosVales do Jequitinhonha e Mucuri, MG, Brasil
Fabrício Moreira Ferreira - Universidade Estadual de Feira de Santana, BA, Brasil
Fátima Regina Gonçalves Salimena - Universidade Federal de Juiz de Fora, MG, Brasil
Fernando Regis Di Maio - Universidade Estácio de Sá, RJ, Brasil
Fiorella F. Mazine - Universidade de São Paulo, SP, Brasil
Flávio França - Universidade Estadual de Feira de Santana, BA, Brasil
Frank Almeda - California Academy of Sciences, San Francisco, CA, EUA
Gardene Maria de Sousa - Universidade Federal do Piauí, PI, Brasil
Geórgia R. G. Figueirêdo - Universidade Federal da Paraíba, PB, Brasil
Gleidineia Leite Campos - Colégio Estadual Luiz Pinto de Carvalho, BA, Brasil
Gustavo Heiden - Instituto de Pesquisa Jardim Botânico do Rio de Janeiro, RJ, Brasil
Guy R. Chiron - Université Claude Bernard, Lyon, França
Hilda Maria Longhi-Wagner - Universidade Federal do Rio Grande do Sul, RS, Brasil
Heleno dias Ferreira - Universidade Federal de Goiás, GO, Brasil
Inês da Silva Santos - Instituto de Pesquisa Jardim Botânico do Rio de Janeiro, RJ, Brasil
Jarênio Rafael Ozeas de Santana - Universidade Federal de Goiás, GO, Brasil
Jimi Naoki Nakajima - Universidade Federal de Uberlândia, MG, Brasil
João B. A. Bringel Jr. - Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, DF, Brasil
João Batista Baitello - Instituto Florestal do Estado de São Paulo, SP, Brasil
João Luiz M. Aranha Filho - Universidade Estadual de Campinas, SP, Brasil
João Renato Stehmann - Universidade Federal de Minas Gerais, MG, Brasil
John D. Mitchell - The New York Botanical Garden, NY, EUA
Jorge Antônio Silva Costa - Universidade Federal da Bahia, BA, Brasil
Jorge P. P. Carauta - Universidade Federal do Rio de Janeiro, Museu Nacional, RJ, Brasil
19. 18 ColaboradoreS e inStituiçõeS
Josafá Carlos de Siqueira - Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, RJ, Brasil
José Floriano B. Pastore - Universidade Estadual de Feira de Santana, BA, Brasil
José Iranildo Miranda de Melo - Universidade Estadual da Paraíba, PB, Brasil
José Maria Cardoso da Silva - Conservação Internacional, PA, Brasil
José Rubens Pirani - Universidade de São Paulo, SP, Brasil
Juan Tun-Garrido - Facultad de MedicinaVeterinaria y Zootecnia,Yucatán, México
Juliana de Paula-Souza - Universidade de São Paulo, SP, Brasil
Júlio Antonio Lombardi - Universidade Estadual Paulista, SP, Brasil
Karina Fidanza Rodrigues Bernado - Universidade Estadual de Campinas, SP, Brasil
Laura Cristina Pires Lima - Universidade Estadual de Feira de Santana, BA, Brasil
Leandro Jorge Telles Cardoso - Instituto de Pesquisa Jardim Botânico do Rio de Janeiro, RJ, Brasil
Leila Macias - Universidade Federal de Pelotas, RS, Brasil
Leilane Naiara Pedreira Sampaio - Universidade Estadual de Feira de Santana, BA, Brasil
Leonardo de Melo Versieux - Instituto de Botânica de São Paulo, SP, Brasil
Leonardo Pessoa Felix - Universidade Federal da Paraíba, PB, Brasil
Leslie R. Landrum - School of Life Sciences, AZ, EUA
Ligia S. Funch - Universidade Estadual de Feira de Santana, BA, Brasil
Lívia G. Temponi - Universidade Estadual do Oeste do Paraná, PR, Brasil
Lúcia G. Lohmann - Universidade de São Paulo, SP, Brasil
Luciano Paganucci de Queiroz - Universidade Estadual de Feira de Santana, BA, Brasil
Luisa Ramos Senna - Universidade Estadual de Feira de Santana, BA, Brasil
Mara Ritter - Universidade Federal do Rio Grande do Sul, RG, Brasil
Marccus V. S. Alves - Universidade Federal de Pernambuco, PE, Brasil
Marcelo D. M. Vianna Filho - Universidade Federal do Rio de Janeiro, Museu Nacional, RJ, Brasil
Marcelo Fragomeni Simon - Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, DF, Brasil
Marcelo Reginato - Universidade Federal do Paraná, PR, Brasil
20. ColaboradoreS e inStituiçõeS 19
Marcelo Trovó - Universidade de São Paulo, SP, Brasil
Marcos da Costa Dórea - Universidade Estadual de Feira de Santana, BA, Brasil
Marcos Gonzalez - Instituto de Pesquisa Jardim Botânico do Rio de Janeiro, RJ, Brasil
Marcos Sobral - Universidade Federal de Minas Gerais, MG, Brasil
Marcos José da Silva - Universidade Estadual de Campinas, SP, Brasil
Marcus A. N. Coelho - Instituto de Pesquisa Jardim Botânico do Rio de Janeiro, RJ, Brasil
Maria Bernadete Costa-e-Silva - Empresa Pernambucana de Pesquisa Agropecuária, PE, Brasil
Maria das Graças Lapa Wanderley - Instituto de Botânica de São Paulo, SP, Brasil
Maria de Fátima Agra - Universidade Federal da Paraíba, PB, Brasil
Maria de Fátima Freitas - Instituto de Pesquisa Jardim Botânico do Rio de Janeiro, RJ, Brasil
Maria do Carmo Amaral - Universidade Estadual de Campinas, SP, Brasil
Maria do Socorro Pereira - Universidade Federal de Campina Grande, PB, Brasil
Maria Fernanda Calió - Universidade de São Paulo, SP, Brasil
Maria Iracema Bezerra Loiola - Universidade Federal do Rio Grande do Norte, RN, Brasil
Maria José Gomes de Andrade - Universidade Estadual de Feira de Santana, BA, Brasil
Maria Mercedes Arbo - Universidad Nacional del Nordeste, Córdoba, Argentina
Maria Natividad Sanchez de Stapf - Instituto Smithsonian de Investigaciones Tropicales, Panamá
Maria Regina de Vasconcelos Barbosa - Universidade Federal da Paraíba, PB, Brasil
Maria Rita Cabral Sales de Melo - Universidade Federal Rural de Pernambuco, PE, Brasil
Mariana Saavedra - Instituto de Pesquisa Jardim Botânico do Rio de Janeiro, RJ, Brasil
Mário Barroso Ramos-Neto - Conservação Internacional, DF, Brasil
Marla Ibrahim Uehbe de Oliveira - Universidade Estadual de Feira de Santana, BA, Brasil
Marlon C. Machado - Universidade Estadual de Feira de Santana, BA, Brasil
Marta Camargo de Assis - Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, SP, Brasil
Massimilliano Dematteis - Instituto de Botánica del Nordeste, Corrientes, Argentina
Matheus Fortes Santos - Universidade de São Paulo, SP, Brasil
21. 20 ColaboradoreS e inStituiçõeS
Milena Ferreira Costa - Universidade Estadual de Feira de Santana, BA, Brasil
Milene M. Silva-Castro - Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia e Universidade Estadual de Feira de Santana, BA, Brasil
Milton Groppo - Universidade de São Paulo, SP, Brasil
Nathan Smith - The New York Botanical Garden, NY, EUA
Patrícia Luz Ribeiro - Universidade Estadual de Feira de Santana, BA, Brasil
Paula Dib de Carvalho - Universidade Estadual de Feira de Santana, BA, Brasil
Paulo Takeo Sano - Universidade de São Paulo, SP, Brasil
Pedro Fiaschi - Virginia Commonwealth University, VA, EUA
Pedro Germano Filho - Instituto de Pesquisa Jardim Botânico do Rio de Janeiro, RJ, Brasil
Pedro Lage Viana - Universidade Federal de Minas Gerais, MG, Brasil
Pedro Luís Rodrigues de Moraes - Universidade Estadual de Feira de Santana, BA, Brasil
Peter W. Fritsch - California Academy of Sciences, CA, EUA
Rafael A. Xavier Borges - Instituto de Pesquisa Jardim Botânico do Rio de Janeiro, RJ, Brasil
Rafael Batista Louzada - Instituto de Botânica de São Paulo, SP, Brasil
Raymond Mervyn Harley - Royal Botanic Gardens, Kew, Reino Unido
Regina Andreata - Universidade Santa Úrsula, RJ, Brasil
Renato de Mello-Silva - Universidade de São Paulo, SP, Brasil
Renato Goldenberg - Universidade Federal do Paraná, PR, Brasil
Reyjane Patrícia de Oliveira - Universidade Federal da Bahia, BA, Brasil
Ricardo de Souza Secco - Museu Paraense Emílio Goeldi, PA, Brasil
Rita Cristina Seco Lee - Universidade Estadual de Campinas, SP, Brasil
Rita de Cássia Araújo Pereira - Empresa Pernambucana de Pesquisa Agropecuária, PE, Brasil
Rita Fabiana de Souza Silva - Universidade Estadual de Feira de Santana, BA, Brasil
Roberto Salas - Universidad Nacional del Nordeste, Córdoba, Argentina
Rodrigo B. Singer - Universidade Federal do Rio Grande do Sul, RS, Brasil
Rosana Romero - Universidade Federal de Uberlândia, MG, Brasil
22. ColaboradoreS e inStituiçõeS 21
Rosangela Simão Bianchini - Instituto de Botânica de São Paulo, SP, Brasil
Roseli Torres - Instituto Agronômico de Campinas, SP, Brasil
Roxana Cardoso Barreto - Universidade Federal de Pernambuco, PE, Brasil
Scott Mori - The New York Botanical Garden, NY, EUA
Sebastião José da Silva Neto - Instituto de Pesquisa Jardim Botânico do Rio de Janeiro, RJ, Brasil
Sergio Eustáquio Noronha - Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, DF, Brasil
Sergio Romaniuc Neto - Instituto de Botânica de São Paulo, SP, Brasil
Sheila R. Profice - Instituto de Pesquisa Jardim Botânico do Rio de Janeiro, RJ, Brasil
Silvana Aparecida Pires de Godoy - Universidade de São Paulo, SP, Brasil
Silvana H. N. Monteiro - Universidade Estadual de Feira de Santana, BA, Brasil
Simon J. Mayo - Royal Botanic Gardens, Kew, Reino Unido
Simone Fiuza Conceição - Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, BA, Brasil
Taciana Barbosa Cavalcanti - Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, DF, Brasil
Tânia Regina Santos Silva - Universidade Estadual de Feira de Santana, BA, Brasil
Tarciso de Souza Filgueiras - União Pioneira de Integração Social Faculdades Integradas, DF, Brasil
Tatiana Tavares Carrijo - Instituto de Pesquisa Jardim Botânico do Rio de Janeiro, RJ, Brasil
Teonildes Sacramento Nunes - Universidade Estadual de Feira de Santana, BA, Brasil
Thais Pacheco Kasecker - Conservação Internacional, PA, Brasil
Thais Trindade de Lima - Instituto de Botânica de São Paulo, SP, Brasil
Vanessa L. Rivera - Universidade de Brasília, DF, Brasil
Vera Lúcia Gomes Klein - Universidade Federal de Goiás, GO, Brasil
Vidal de Freitas Mansano - Instituto de Pesquisa Jardim Botânico do Rio de Janeiro, RJ, Brasil
Vinicius Castro Souza - Universidade de São Paulo, SP, Brasil
Volker Bittrich - Universidade Estadual de Campinas, SP, Brasil
Wellington Forster - Universidade Estadual de Campinas, SP, Brasil
William Antonio Rodrigues - Universidade Federal do Paraná, PR, Brasil
23.
24. IntroduçãoIntrodução
23
alessandro rapini, maria José Gomes de andrade, ana maria Giulietti, luciano Paganucci de Queiroz
& José maria Cardoso da Silva
Uma flora pouco conhecida e bastante ameaçada exigem atenção especial ao longo do ano todo. Para se ter
uma idéia, cerca de 40% da área de Caatinga nunca foi
Acredita-se que mais de 90% das espécies de angios- coletada e 80% dela é subamostrada (Tabarelli & Vicente,
permas já estejam descritas, mas a grande maioria delas 2004). Floristicamente, a Amazônia brasileira é especial-
continua praticamente desconhecida (Heywood, 2001) e mente subamostrada, possuindo uma intensidade de cole-
boa parte da flora tropical permanece subamostrada (e.g. tas menor do que nos países vizinhos. Suas coletas estão
Prance et al., 2000). Assim, diferente do que acontece concentradas basicamente nas proximidades de grandes
com grupos relativamente bem conhecidos, como aves e cidades, como Manaus e São Gabriel da Cachoeira, esten-
mamíferos, cujo número de espécies pode ser considera- dendo-se pelas principais rotas de acesso ao longo dos rios
do estável (Diamond, 1985; May, 1986), as estimativas mais importantes, de modo que uma porção considerável
para o número de espécies de fanerógamas ainda podem de sua área nunca foi coletada (Schulman et al., 2007).
variar consideravelmente. Baseados em extrapolações
a partir da taxa média de sinônimos em determinados Ainda assim, vale ilustrar a diversidade da flora brasileira
grupos, Govaerts (2001) e Scotland & Wortley (2003) a partir de um conhecimento que, apesar de incipiente,
chegaram a números discrepantes: 422.127 e 223.300 tem avançado consideravelmente desde a Flora Brasilien-
espécies, respectivamente. Wilson (1988) havia sugerido sis. Dada a fase exploratória que ainda domina os estudos
cerca de 290.000 espécies vegetais, sendo 248.500 só de taxonômicos no Brasil, qualquer estimativa para o nú-
angiospermas. Entre 130.000 e 155.000 dessas espécies mero de espécies brasileiras de angiospermas será ine-
são tropicais e quase metade delas estará ameaçada nas vitavelmente imprecisa e os números têm girado entre
próximas décadas, uma proporção bem maior do que os 35.000 e 55.000 (Groombridge, 1992; Govaerts, 2001;
10% estimados para a flora temperada (Prance, 1977; Ra- Shepherd, 2003; Lewinsohn & Prado, 2005; Giulietti et
ven, 1987). Os Neotrópicos, com 15,8 milhões de km2, al., 2005), o que deve corresponder a um índice em tor-
incluem seis dos 17 países considerados megadiversos no de 15% de toda a flora mundial. O Brasil é o quinto
(Mittermeier et al., 1997) e cerca de 90.000 espécies de maior país em extensão territorial, mas esses números
angiospermas (Prance & Campbell, 1988), 85.000 só na superam o de qualquer outro país: a China (o terceiro
América do Sul (Groombridge, 1992). país em extensão territorial) possui em torno de 30.000
espécies de angiospermas, duas vezes mais do que as
O Brasil é o país que abriga a flora mais rica do planeta, floras dos Estados Unidos (quarto país em extensão ter-
o que certamente está relacionado à sua extensão terri- ritorial) e do Canadá (segundo) juntas (http://www.
torial, mais de 8.500.000 km², associada à enorme di- foc.org/china/mss/intro.htm); a Austrália (sexto país
versidade edáfica, climática e geomorfológica, levando a em extensão territorial) e a Rússia (primeiro) possuem
uma ampla gama de tipos vegetacionais. Como em outras em torno de 20.000 espécies cada, destacando-se a alta
partes do mundo, no Brasil as angiospermas também do- proporção (cerca de 90%) de endemismos na Austrália
minam praticamente todos os ambientes terrestres. Es- (Chapman, 2006); e a Índia, um país essencialmente tro-
timativas para o número de espécies de fanerógamas no pical e o sétimo em extensão territorial, possui cerca de
país, no entanto, ainda são deficientes. Isso se deve em 15.000 espécies de angiospermas (Molnar et al., 1995).
parte à falta de estudos taxonômicos e florísticos em esca-
la nacional, em vez de regional, e em parte à necessidade A falta de conhecimento da flora brasileira é especialmen-
de mais coletas intensivas, especialmente em áreas de difí- te preocupante frente à atual crise ambiental e estima-se
cil acesso, como regiões montanhosas, pontos remotos da que cerca de metade das espécies de plantas pode estar
Amazônia e ambientes com sazonalidade marcada, como ameaçada de extinção (Pitman & Jorgensen, 2002). Extin-
as caatingas, as florestas semideciduais e o pantanal, que ções são processos naturais, mas a superexploração dos re-
25. 24 introdução
cursos, eliminação e fragmentação dos ambientes naturais, que elas ainda são insuficientes para proteger a maior par-
introdução de espécies exóticas e liberação de poluentes te das espécies ameaçadas. Algumas dessas áreas não saí-
têm aumentado em mais de 1.000 vezes a taxa natural ram do papel ou não foram planejadas cuidadosamente, e
de extinção (Pimm et al., 1995; Gallagher & Carpenter, uma grande parcela delas está localizada em porções re-
1997). Em 2008, a lista vermelha da IUCN (http:// motas e pouco diversas, como regiões polares, tundras e
www.iucnredlist.org) apontou 87 espécies de plantas ex- desertos (Mulongoy & Chape, 2004). A seleção de novas
tintas (incluindo cinco espécies brasileiras) e 28 extintas áreas para a conservação, portanto, continua sendo foco
na natureza (uma delas do Brasil), além de indicar 8.457 de atenção especial. Mas, como eleger áreas relevantes
espécies de plantas ameaçadas (mais de 90% são angios- biologicamente a partir de um conhecimento tão incom-
permas), sendo 32 brasileiras. Esses números mostram-se pleto? E quais critérios devem ser considerados durante
alarmantes se considerarmos que apenas 3% das plantas uma tomada de decisão desse tipo? As respostas a estas
descritas foram avaliadas e que dessas, 70% foram consi- questões ainda são controversas (e.g. Vane-Wright et al.,
deradas ameaçadas. A lista oficial das espécies brasileiras 1991; Freitag & Jaarsveld, 1997; Prendergast et al. 1999;
ameaçadas de extinção, publicada em setembro de 2008 Szumik et al., 2002; Hortal & Lobo, 2006).
pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA), no entanto,
considerou 472 espécies ameaçadas, um número quase 15 A seleção de áreas com base exclusivamente no número de
vezes maior do que aquele apresentado pela IUCN. Ele é espécies não necessariamente atingirá de maneira eficien-
bem maior do que aqueles indicados pelo MMA em maio te seus objetivos, já que a riqueza observada em algumas
de 1968 (13 espécies) e em janeiro de 1993 (108 espé- regiões pode denotar apenas a sobreposição de espécies
cies), mas ainda ficou muito abaixo do resultado do le- comuns e não ameaçadas (Reid, 1998). Biodiversidade
vantamento feito pelo consórcio de 300 especialistas, que também não deve ser encarada apenas como número de
apontou 1.472 espécies para a lista atual (2008), muitas espécies; a discrepância entre elas, seu patrimônio evolu-
das quais não foram reconhecidas pelo MMA. tivo, é um fator que precisa ser considerado (Vane-Wright
et al., 1991; Forest et al., 2007; Mooers, 2007). Quaisquer
Buscando evitar que espécies nativas sejam ameaçadas que sejam os critérios para o planejamento de unidades de
pelo comércio internacional, aproximadamente 29.000 conservação é imprescindível que se tenha um bom co-
espécies de plantas já estão sob a proteção da Convenção nhecimento sobre a distribuição das espécies e que se pos-
sobre o Comércio Internacional de Espécies Selvagens sa apontar aquelas com distribuição restrita a sítios pon-
da Fauna e da Flora, a CITES (http://www.cites.org/ tuais (Prance, 1994). É necessário que sejam realizadas,
eng/disc/species.shtml). Cerca de 450 espécies brasilei- então, avaliações quantitativas sobre biodiversidade e que
ras foram incluídas em um dos três apêndices da CITES, essas medidas possam ser mapeadas de modo a apontar
porém essa lista se restringe basicamente a Orchidaceae, áreas que mereçam atenção especial e mais investimentos
Cactaceae e espécies de samambaias arbóreas (Cyathea para sua conservação (Margules & Pressey, 2000).
spp. e Dicksonia sellowiana, o xaxim). Além desses grupos,
apenas quatro espécies brasileiras de Euphorbia (Euphor- Uma das alternativas mais difundidas para a seleção de re-
biaceae), três de Tillandsia (Bromeliaceae), três de Zamia giões prioritárias biologicamente são os hotspots, áreas in-
(Zamiaceae), duas de Leguminosae e duas de Meliaceae substituíveis pela alta concentração de espécies exclusivas
foram incluídas nessa lista. e sob forte ameaça de desaparecerem por já terem perdi-
do uma grande proporção de sua área original. Myers et
A redução da biodiversidade está em grande parte rela- al. (2000) apontaram 25 hostpots espalhados pelo mundo,
cionada à eliminação dos habitats naturais. Unidades de áreas que abrigam pelo menos 0,5% de espécies de plantas
conservação são reconhecidas internacionalmente como endêmicas (cerca de 1.500 espécies de plantas exclusivas)
o instrumento mais poderoso de proteção da biodiversi- e com mais de 70% de sua área original devastada. Dois
dade (UNEP-WCMC, 2008). Atualmente, existem mais deles foram considerados para o Brasil: a Mata Atlântica,
de 102.000 áreas protegidas. Elas ocupam 18.764.958 com cerca de 20.000 espécies de plantas e 92,5% de sua
km2 (3,4% da superfície da Terra), abrangendo 11,57% área original perdida, e o Cerrado, com 10.000 espécies
da porção terrestre (pouco mais de 1.500.000 km2 no de plantas e 80% de sua área original modificada. Quase
Brasil) e 0,45% dos oceanos. Todavia, existe uma grande 3% das espécies de plantas do mundo todo estão restritas
desproporcionalidade de área protegida entre os biomas, à Mata Atlântica e 1,5% ao Cerrado. Proteger todos os
desde 4,6% a 26,3% (Hoekstra et al, 2005), de modo remanescentes desses dois biomas talvez ainda seja utópi-
26. introdução 25
co e focar esforços exclusivamente neles deixaria desam- bastante restrita, as mais suscetíveis a distúrbios antró-
paradas formações também relevantes biologicamente, picos ou eventos estocásticos naturais. Por isso, devem
como áreas da Amazônia, da Caatinga ou do Pantanal. Por ser tratadas como vulneráveis. O mapeamento dessas
esta razão, foi sugerido também a adoção do conceito de espécies raras, portanto, revelará sítios que são biologi-
Regiões Naturais de Alta Biodiversidade (High Biodiversity camente insubstituíveis e, na maioria dos casos, com vá-
Wilderness Regions, em inglês) que são áreas grandes (mais rias espécies ameaçadas (Callamander et al., 2005). Com
de 750.000 km2), com alta concentração de espécies en- isso em mente, surgiu a idéia de se preparar um catálogo
dêmicas (pelo menos 1.500 espécies endêmicas) e com das espécies raras de fanerógamas do Brasil que pudesse
mais de 70% de sua área original ainda intacta. No Brasil, servir de base para a identificação de ACBs (Catálogo de
apenas a Amazônia, com 30.000 espécies endêmicas de Plantas, neste volume).
plantas e 80% de sua área intacta, foi classificada nesta
categoria (Mittermeier et al., 2002). Certamente, existem regiões que podem apresentar um
conjunto maior de espécies exclusivas de plantas em
decorrência da especialização em resposta a fatores edá-
E spécies raras como base para detecção de Áreas-
ficos ou topográficos particulares ou devido a restrições
à dispersão ou ainda associadas a processos recentes de
Chave para Biodiversidade (ACBs)
diversificação responsáveis pela ampliação do número de
Um dos objetivos da Convenção sobre Diversidade Bio- espécies neoendêmicas que ainda não ocuparam toda sua
lógica (Convention on Biological Diversity, CBD) é estabe- distribuição potencial (Lesica et al., 2006). Essas áreas
lecer e fortalecer sistemas regionais de áreas de proteção apresentam relevância biológica particular e devem ter sí-
dentro de um âmbito global, tendo como metas para tios de tamanho suficiente à manutenção das espécies con-
2010 a proteção de pelo menos 10% de cada uma das sideradas durante o planejamento de uma rede de áreas de
ecorregiões do mundo, que segundo Olson et al. (2001) proteção nacional. No entanto, a percepção dessas áreas
totalizam 867 unidades distribuídas em 14 biomas ter- com composição florística singular, como os refúgios na
restres, e proteger as áreas de relevância biológica. Nesse Amazônia, vem sendo questionada (Nelson et al., 1990).
sentido, a detecção de Áreas-Chave para Biodiversidade Elas freqüentemente denotam áreas mais exploradas pelos
(ACBs, mas Key Biodiversity Areas, KBAs, em inglês; Eken botânicos, estando geralmente associadas a centros urba-
et al., 2004; Langhammer et al., 2007) tem surgido como nos (Moerman & Estabrook, 2006), mas não necessaria-
uma estratégia prática em escalas menores do que aque- mente são diferenciadas biologicamente. Mapear as espé-
las delineadas pelos hotspots e compatível com implanta- cies raras em países megadiversos, amplos e heterogêneos
ção de unidades de conservação. Essas ACBs são sítios de como o Brasil, portanto, não é uma tarefa simples e seus
interesse global que devem ser identificados e protegidos resultados devem ser constantemente reavaliados.
em âmbito regional ou nacional através de uma rede de
áreas de proteção. Em se tratando de plantas, destacam- Uma espécie geralmente é considerada rara quando seus
se entre esses sítios aqueles que abrangem as populações representantes estão confinados a uma pequena área (área
de uma proporção relativamente alta de espécies amea- de ocorrência restrita), quando ocorrem sob condições
çadas e/ou com distribuição restrita e que por isso são específicas (área de ocupação restrita) e/ou quando são
insubstituíveis e estão vulneráveis à extinção, precisando escassos ao longo de sua distribuição (baixa densidade)
de proteção imediata. (Rabinowitz, 1981; Kruckeberg & Rabinowitz, 1985).
Cerca de 20% da flora mundial, no entanto, é caracteri-
A maioria das espécies de plantas pode ser considerada zada por dados deficientes, e os estudos em conservação
rara e são poucas as espécies cosmopolitas; um quarto dependem da complementação e da atualização constante
da Terra, no entanto, é ocupado por cerca de 200 espé- dos dados taxonômicos (Callamander et al., 2005). Diante
cies apenas (Kruckeberg & Rabinowitz, 1985). A maioria da atual lacuna no conhecimento da flora brasileira, a área
dos estudos indica que a preservação de algumas poucas de ocorrência é o critério mais objetivo para se classificar
espécies comuns pode ser suficiente para manter os prin- uma espécie como rara com base em materiais de herbá-
cipais processos biológicos de um ecossistema; porém, rio, na literatura e na experiência dos especialistas. Dessa
pouco se sabe sobre a funcionalidade das espécies raras maneira, foram estabelecidos limites de distribuição geo-
neste contexto (Lyons et al., 2005). Por outro lado, são gráfica restritivos para o enquadramento das espécies nes-
as espécies raras, especialmente aquelas com distribuição te levantamento e consultados mais de 170 especialistas
27. 26 introdução
de 55 instituições de pesquisa nacionais e internacionais. próximo, o que as enquadraria também na categoria Vul-
Com essa vultosa colaboração foi possível, então, aces- nerável (VU) de acordo com o critério D2. Muitas das
sar obras raras ou pouco conhecidas, teses e trabalhos no espécies mais ameaçadas, no entanto, não foram incluídas
prelo, bancos de dados pessoais, além de observações de no catálogo. São aquelas que ainda não foram descritas ou
campo de vários pesquisadores. cujo conhecimento parco impede que sua identidade seja
estabelecida com segurança. Desamparadas, várias delas
Neste catálogo, foram incluídas apenas espécies exclu- serão extintas antes mesmo de serem descobertas.
sivamente brasileiras e com distribuição pontual. A lista
se restringe às espécies com registros até 150 km distan- Os sítios de relevância biológica detectados a partir
tes entre si, o equivalente a cerca de 1º de latitude e 1º dessa flora de espécies raras não devem ser automati-
de longitude de diferença entre eles. Isso corresponde a camente igualados às IPAs (Important Plant Areas, IPAs;
uma área de ocorrência de até 10.000 km2. Espécies com Anderson, 2002), conforme definido para os países da
distribuição linear, ao longo da costa brasileira ou de ca- Europa a partir de fungos, algas, liquens e embriófitas.
deias montanhosas, por exemplo, estarão restritas a áreas Diferente daquela proposta, eles não abordam número
bem menores que essa, no entanto. Esse limite foi estabe- de espécies, nem espécies ameaçadas ou biomas únicos
lecido de maneira arbitrária, visando uma detecção práti- de maneira direta; além disso, para as IPAs, os endemis-
ca e objetiva das espécies raras. Ele é bem menor do que mos foram definidos com base em limites políticos. A
os 50.000 km2 sugerido com base na congruência global presença de espécies endêmicas com distribuição restri-
de centros de endemismos de aves, anfíbios e mamíferos ta é um dos vários critérios utilizados para a identifica-
(Eken et al., 2004), mas coincide com aquele utilizado ção de ACBs (Langhammer et al., 2007). Desse modo,
em outros levantamentos de espécies de plantas com dis- os 752 sítios detectados neste estudo como importan-
tribuição restrita, próximo a 100 milhas (e.g. Sivinki & tes para as plantas raras brasileiras (Kasecker et al., este
Knight, 1996). Na realidade, a definição dos limites para volume) representam um subconjunto das informações
endemismos pontuais em plantas e invertebrados ainda necessárias para a definição de todas as ACBs do país.
exige análises mais detalhadas, já que eles possuem, em Estes sítios têm um valor imenso por dois motivos. Pri-
sua maioria, áreas de distribuição relativamente menores meiro, eles devem servir de base tanto para análises de
e mais específicas (Langhammer et al., 2007). lacunas e complementaridade utilizadas na seleção de
novas áreas para conservação e, como muitos deles são
Como o catálogo refere-se exclusivamente às espécies definidos por espécies com áreas de ocorrência menores
endêmicas restritas de fanerógamas, extrapolações des- de 1.000 km2, eles devem ser protegidos em sua inte-
ses resultados para outros grupos taxonômicos ou para gridade (Rodrigues et al., 2004). Segundo, esses sítios
o número total de espécies devem ser vistas com reserva devem ser percebidos pelos órgãos ambientais como os
(Prendergast et al., 1993; Reid, 1998). Também não se setores mais frágeis do território brasileiro e que por
pode assumir que essas espécies estejam necessariamente isso exigem uma atenção maior no que diz respeito ao
ameaçadas. No entanto, com exceção de 2% das espé- licenciamento ambiental, dado que um planejamento
cies com dados deficientes (não contam com localidade inadequado poderá levar à perda de espécies únicas do
de coleta), as demais possuem limites restritos de ocor- patrimônio biológico brasileiro.
rência (<10.000 km2), se enquadrando no critério B1 da
IUCN (2001; IUCN Standards and PetitionsWorking Group, As espécies raras estão organizadas segundo a classifica-
2008), e poderão ser classificadas como ameaçadas de- ção proposta pela APG II (2003; Souza & Lorenzi, 2008)
pendendo do número de localidades ou fragmentação (a) e os registros estão sustentados em revisões taxonômicas
e se apresentarem declínio (b) e/ou flutuações extremas e floras recentes, mas dados de herbários e a experiência
(c) dos: limites de ocorrência (i), área de ocupação (ii), dos especialistas também foram considerados. Nem to-
condições ambientais (iii), número de localidades ou das as famílias foram avaliadas de maneira homogênea.
subpopulações (iv) e/ou número de indivíduos madu- Entretanto, a detecção de ACBs está baseada em valores
ros (v). A grande maioria das espécies é composta por individuais e não no seu significado comparativo (Lan-
até cinco subpopulações (e possivelmente apresentam ghammer et al., 2007) e portanto essas lacunas não de-
área de ocupação reduzida) e muitas poderão estar cri- verão prejudicar os resultados. Espécies novas continuam
ticamente ameaçadas ou mesmo extintas em um futuro sendo descritas a partir de coletas recentes, mesmo em
28. introdução 27
Estados brasileiros relativamente bem amostrados como espécies brasileiras dessa família foram indicadas como
São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro. Em muitos raras, o que corresponde a praticamente um quarto das
casos, essas espécies apresentam distribuição pontual e espécies de Turneraceae. Além de 11 famílias com pou-
representarão acréscimos importantes ao catálogo. Estu- ca representatividade na flora brasileira (menos de 100
dos mais abrangentes e levantamentos em áreas pouco espécies), Lythraceae, Velloziaceae, Malpighiaceae, Cac-
exploradas botanicamente, por outro lado, poderão re- taceae e Verbenaceae se destacam por possuírem pelo
velar representantes de espécies atualmente consideradas menos um quinto de suas espécies brasileiras apontadas
raras, mas que então serão desenquadradas em relação como raras. No caso de Lythraceae, tal montante repre-
aos critérios utilizados aqui. Estes resultados, portanto, senta quase metade das espécies brasileiras e 11,5% da
não são absolutos; eles refletem um momento do conhe- família como um todo e, no de Velloziaceae, um pouco
cimento dessa combinação particular de especialistas que mais 21% da família. Por outro lado, sem ter sido avaliada
gentilmente se comprometeram com o projeto. por um especialista, Malvaceae se destaca negativamente,
com apenas uma das 400 espécies brasileiras (0,025%)
indicada como rara (Tabela 1). Entre as famílias avaliadas,
Espécies raras de fanerógamas do Brasil 69 não apresentaram espécies raras (Tabela 2).
A partir dos comentários de cada família, a estimativa para Existe, em média, uma espécie rara de angiosperma para
o número de fanerógamas estaria próxima daquela suge- cada 3.730 km2 do território brasileiro (1:3.730). Ob-
rida por Scotland & Wortley (2003), cerca de 225.000, viamente, elas não estão homogeneamente distribuídas
enquanto o total de espécies de angiospermas brasileiras – muito pelo contrário. Com mais de 1.000 espécies ra-
seria em torno de 30.000, mais próximo das 35.000 es- ras, a Região Sudeste apresenta a maior média (1:876),
pécies sugeridas por Govaerts (2001). De acordo com es- destacando-se os Estados do Rio de Janeiro (1:175) e
sas estimativas, portanto, o Brasil abriga cerca de 13,5% do Espírito Santo (1:342), com uma quantidade relati-
de toda a flora mundial. Esses dados, no entanto, estão vamente alta de espécies raras em relação às respectivas
baseados apenas nas famílias com espécies raras indicadas, extensões territoriais. A Região Norte, ocupando 45,3%
não incluindo dezenas de famílias de angiospermas que, do território nacional, por outro lado, apresenta a menor
apesar de pouco significativas individualmente, podem relação espécie rara: extensão territorial (1:16.466). No
alterar consideravelmente essa perspectiva quando inclu- Nordeste, estão os menores Estados brasileiros e tam-
ídas coletivamente nesse cálculo. Nove famílias apresen- bém aqueles com a menor quantidade de espécies raras;
tam pelo menos 1.000 espécies brasileiras e podem ser o Rio Grande do Norte foi o único Estado sem espécies
consideradas hiperdiversas no país: Leguminosae (3.200 raras indicadas, enquanto a Paraíba e o Sergipe apresen-
espécies), Orchidaceae (2.650), Bromeliaceae (2.150), taram apenas uma espécie rara cada. A Região Sul pos-
Asteraceae (2.000), Rubiaceae (2.000), Poaceae (1.368), sui o menor número de espécies raras, o que pode estar
Euphorbiaceae (1.000), Melastomataceae (1.000) e Myr- associado ao clima subtropical e a sua menor extensão
taceae (1.000). Apenas Bromeliaceae, com distribuição territorial (Tabelas 3 e 4).
essencialmente neotropical, não desponta entre as 11
maiores famílias de angiospermas, com pelo menos 5.000 Os Estados com maior quantidade de espécies raras fo-
espécies, ao passo que Lamiaceae é a única dentre elas que ram Minas Gerais (550) e Bahia (484), seguidos por Rio
não alcança 500 espécies brasileiras (Tabela 1). de Janeiro (250), Goiás (incluindo Distrito Federal, 202),
Amazonas (164), Espírito Santo (135) e São Paulo (123)
O Catálogo de Plantas Raras do Brasil inclui 2.291 espé- (Tabela 4). Essa ordem de representatividade reflete a
cies de fanerógamas. Elas representam 108 das 177 fa- grande quantidade de endemismos pontuais nos campos
mílias avaliadas e correspondem entre 4 e 6,5% da flora rupestres da Cadeia do Espinhaço, em Minas Gerais e
brasileira. Cinco famílias apresentaram mais de 100 espé- Bahia, e na Chapada dos Veadeiros, em Goiás. Uma gran-
cies raras: Leguminosae (190), Melastomataceae (120), de concentração de endemismos pontuais pode ser nota-
Asteraceae (109), Eriocaulaceae (109) e Bromeliaceae da também nas florestas úmidas da Mata Atlântica, desde
(107). Por outro lado, 21 famílias apresentaram apenas o Sul da Bahia até o Paraná – passando pela reserva da
uma espécie rara e 61 até 10 espécies raras. Turneraceae Companhia Vale do Rio Doce, no Espírito Santo, a Serra
se destaca pela alta proporção de espécies raras: 60% das dos Órgãos, no Rio de Janeiro, e a Serra do Mar, em São
29. 28 introdução
Paulo –, e da Amazônia Central. Apesar de apresentarem Giulietti, A.M., Harley, R.M., Queiroz, L.P., Wanderley,
fitofisionomias distintas, tanto os campos rupestres quan- M.G.L. & van den Berg, C. 2005. Biodiversity and con-
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e sem restrições hídricas severas, geralmente associadas Heywood, V. 2001. Floristic and monography – an uncer-
a condições edáficas heterogêneas e barreiras geográficas tain future? Taxon 50: 361-380.
de diferentes ordens, associadas à topografia acidentada
Hoekstra, J.M., Boucher, T.M., Ricketts, T.H. & Roberts,
ou a uma rede hidrográfica profusa. Além disso, são áreas C. 2005. Confronting a biome crisis: global disparities
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tabela 1. Relação do número de espécies raras brasileiras e total de espécies por família.
FamÍlia nº de espécies raras nº de espécies no brasil nº total de espécies
Leguminosae 190 3.200 20.000
Melastomataceae 120 1.000 5.000
Asteraceae 109 2.000 23.000
Eriocaulaceae 109 800 1.200
Bromeliaceae 107 2.150 3.100
Poaceae 94 1.368 10.000
Apocynaceae 85 750 5.000
Orchidaceae 72 2.650 25.000
Malpighiaceae 71 300 1.300
Lamiaceae 69 475 7.180
Lythraceae 69 150 600
Piperaceae 63 500 2.500
Rubiaceae 53 2.000 13.000
Cactaceae 52 240 1.400
Verbenaceae 50 250 1.150
Turneraceae 48 80 190
Velloziaceae 48 200 221
Chrysobalanaceae 41 250 500
Acanthaceae 40 500 3.200
Lauraceae 40 400 2.750
Cyperaceae 35 664 5.000
Bignoniaceae 33 350 800
Sapotaceae 33 207 1.250
Xyridaceae 31 170 430
Solanaceae 30 500 3.000
Rutaceae 28 160 1.900
Araceae 27 350 3.750
Begoniaceae 27 200 1.400
34. introdução 33
tabela 2. Famílias analisadas que não apresentaram espécies raras no Brasil e os respectivos autores das
análises.
FamÍliaS autor(a) da análise
Achatocarpaceae Patricia Luz Ribeiro
Adoxaceae Patricia Luz Ribeiro
Agavaceae Patricia Luz Ribeiro
Aizoaceae Alexa Araújo O. Paes Coelho
Anacardiaceae John D. Mitchell
Anisophylleaceae Patricia Luz Ribeiro
Basellaceae Patricia Luz Ribeiro
Bataceae Patricia Luz Ribeiro
Bixaceae Patricia Luz Ribeiro
Bonnetiaceae Maria José Gomes de Andrade
Cabombaceae Patricia Luz Ribeiro
Calceolariaceae Patricia Luz Ribeiro
Cannabaceae Patricia Luz Ribeiro
Cannaceae Maria José Gomes de Andrade
Cardiopteridaceae Patricia Luz Ribeiro
Ceratophyllaceae Maria José Gomes de Andrade
Chloranthaceae Maria José Gomes de Andrade
Cistaceae Maria José Gomes de Andrade
Clethraceae Maria José Gomes de Andrade
Costaceae Ana Maria Giulietti
Crassulaceae Maria José Gomes de Andrade
Cyclanthaceae Maria José Gomes de Andrade
Cymodoceaceae Maria José Gomes de Andrade
Cyrillaceae Maria José Gomes de Andrade
Elatinaceae Maria José Gomes de Andrade
Euphroniaceae Maria José Gomes de Andrade
Gelsemiaceae Maria José Gomes de Andrade
Goodeniaceae Maria José Gomes de Andrade
Goupiaceae Maria José Gomes de Andrade
Griseliniaceae Maria José Gomes de Andrade
Haloragaceae Maria José Gomes de Andrade
Heliconiaceae Maria José Gomes de Andrade
Hydrocharitaceae Maria do Carmo Amaral
Hydroleaceae Maria José Gomes de Andrade
Hypoxidaceae Maria José Gomes de Andrade
Juncaceae Patricia Luz Ribeiro
Juncaginaceae Patricia Luz Ribeiro
Krameriaceae Ana Maria Giulietti
Laxmanniaceae Maria José Gomes de Andrade
35. 34 introdução
Limnocharitaceae Maria José Gomes de Andrade
Linaceae Maria José Gomes de Andrade
Linderniaceae Maria José Gomes de Andrade
Magnoliaceae Maria José Gomes de Andrade
Marcgraviaceae Maria José Gomes de Andrade
Martyniaceae Ana Maria Giulietti
Mayacaceae Maria José Gomes de Andrade
Menyanthaceae Maria José Gomes de Andrade
Nyctaginaceae Alessandro Silva do Rosário
Peridiscaceae Maria José Gomes de Andrade
Plumbaginaceae Ana Maria Giulietti
Pontederiaceae Marccus V. S. Alves
Quillajaceae Maria José Gomes de Andrade
Ranunculaceae Maria José Gomes de Andrade
Rhizophoraceae Maria José Gomes de Andrade
Rosaceae Maria José Gomes de Andrade
Ruppiaceae Ana Maria Giulietti
Sarraceniaceae Maria José Gomes de Andrade
Siparunaceae Ariane Luna Peixoto
Smilacaceae Regina Andreata
Sphenocleaceae Maria José Gomes de Andrade
Staphyleaceae Maria José Gomes de Andrade
Stemonuraceae Maria José Gomes de Andrade
Strelitziaceae Maria José Gomes de Andrade
Surianaceae Maria José Gomes de Andrade
Theaceae William Antonio Rodrigues
Thurniaceae Ana Maria Giulietti
Tropaeolaceae Juliana de Paula-Souza
Winteraceae Ana Maria Giulietti
Zygophyllaceae Ana Maria Giulietti
tabela 3. Número de espécies raras, extensão territorial e número de espécies raras por km2 em cada Região.
reGião nº de espécies raras extensão territorial (km2) espécie rara: área (km2)
Sudeste 1058 927.286 1:876,5
Nordeste 565 1.558.200 1:2.758
Centro-Oeste 273 1.612.088 1:5.905
Norte 235 3.869.638 1:16.466
Sul 125 577.214 1:4.618
36. introdução 35
tabela 4. Número de espécies raras e extensão territorial dos Estados brasileiros.
eStado nº de espécies raras extensão territorial (km2)
Acre 14 153.150
Alagoas 3 27.933
Amapá 15 143.454
Amazonas 164 1.577.820
Bahia 484 567.295
Ceará 13 146.348
Goiás & Distrito Federal 202 341.300
Espírito Santo 135 46.184
Maranhão 13 333.366
Mato Grosso 53 363.981
Mato Grosso do Sul 18 906.807
Minas Gerais 550 588.384
Pará 68 1.253.164
Paraíba 1 56.585
Paraná 39 199.709
Pernambuco 34 98.938
Piauí 17 252.378
Rio de Janeiro 250 43.910
Rio Grande do Norte 0 53.307
Rio Grande do Sul 31 282.062
Rondônia 13 238.513
Roraima 7 225.116
Santa Catarina 55 95.443
São Paulo 123 248.809
Sergipe 1 22.050
Tocantins 22 278.421
40. Acanthaceae
ACANTHACEAE
39
1
Cíntia Kameyama, 2ana luiza a. Côrtes, 3Sheila r. Profice, 4denise monte braz & 5douglas C. daly
Ervas ou arbustos, raramente trepadeiras ou árvores. Folhas decussadas, geralmente
com cistólitos, sem estípula. Inflorescências com brácteas folhosas, geralmente vistosas. Flores actinomorfas a zigomorfas,
mais comumente bilabiadas, pentâmeras, gamopétalas, monoclinas; androceu com 2 ou 4 estames, às vezes com estami-
nóides, geralmente com anteras biloculares; gineceu com ovário súpero, bilocular, e estilete filiforme. Cápsulas loculici-
das, geralmente com poucas sementes e deiscência elástica, raramente drupas.
Acanthaceae compreende cerca de 250 gêneros e 3.200 espécies, possuindo distribuição pantropical, com centros de di-
versidade na região da Indo-Malásia, África (incluindo Madagascar), Brasil, Andes e América Central (Wasshausen, 2004).
Inclui várias espécies de valor ornamental e algumas espécies de Justicia também têm importância forrageira e ecológica
(Ezcurra, 2002). No Brasil, é representada por 44 gêneros, destacando-se Justicia e Ruellia, e cerca de 500 espécies (Souza
& Lorenzi et al., 2008), sendo pelo menos 40 raras.
Aphelandra acrensis lindau 5 Comentários: Subarbusto com até 70 cm de altura. In-
florescência com brácteas amarelas, passando a verme-
distribuição: ACRE: Assis Brasil, Alto Rio Acre lhas no ápice, e flores amarelas. (Wasshausen, 1975)
(10º56’S, 69º34’W).
Comentários: Erva terrestre. Conhecida apenas da ba-
cia do rio Purus. Encontrada com flores entre setembro e
Aphelandra espirito-santensis Profice & Wassh. 3
fevereiro e com frutos em fevereiro. (Lindau, 1914; Daly distribuição: ESPÍRITO SANTO: Linhares, Reserva Na-
et al., no prelo) tural da CompanhiaVale do Rio Doce (19º10’S, 39º53’W).
Comentários: Erva com caule rasteiro. Inflorescência
Aphelandra bahiensis (nees) Wassh. 3 com flores amarelas. Ocorre na Mata Atlântica do norte
do Espírito Santo. (Profice & Wasshausen, 1993)
distribuição: BAHIA: Porto Seguro, Reserva Florestal
de Porto Seguro (16º26’S, 39º04’W).
Comentários: Subarbusto com até 1 m de altura. Espiga
Aphelandra grazielae Profice 2
com brácteas e flores amarelas. Espécie conhecida apenas distribuição: ESPÍRITO SANTO: Ibiraçu, Estação
pelo material-tipo e por uma coleta em floresta de tabu- Ecológica do Morro da Vargem (19º53’S, 40º23’W).
leiro, no sul da Bahia. (Profice, inéd.) Comentários: Subarbusto com até 1 m de altura. Inflo-
rescência com brácteas e flores róseas. Conhecida apenas
Aphelandra blanchetiana (nees) Hook. 3 pelo material-tipo, coletado em Mata Atlântica, entre
300 e 400 m s.n.m. (Profice, 2005)
distribuição: BAHIA: Ilhéus (14º47’S, 39º04’W).
Comentários: Subarbusto com até 60 cm de altura. In-
florescência com brácteas avermelhadas e flores amare-
Aphelandra hymenobracteata Profice 2
las. (Wasshausen, 1975) distribuição: ESPÍRITO SANTO: Santa Teresa, Alto do
Julião (19º56’S, 40º36’W).
Aphelandra bradeana rizzini 2 Comentários: Subarbusto com até 1 m de altura. Brác-
teas e bractéolas membranáceas, as brácteas com as ner-
distribuição: RIO DE JANEIRO: Itatiaia (22o29’S, vuras evidentes. Conhecida apenas pelo material-tipo,
44o33’W). coletado em Mata Atlântica. (Profice, 2005)
41. 40 aCantHaCeae
Aphelandra margaritae e.morr. 3
Aphelandra stephanophysa nees 2
distribuição: ESPÍRITO SANTO: SantaTeresa (19º56’S, distribuição: RIO DE JANEIRO: Macaé, Alto de Macaé
40º34’W). (22º22’S, 41º47’W); Nova Friburgo (22o28’S, 42o53’W).
Comentários: Subarbusto. Espiga com flores alaranjadas. Comentários: Arbusto ereto, com até 1 m de altura.
Ocorre em Mata Atlântica. (Profice & Wasshausen, 1993) Inflorescência com brácteas amarelo-pálidas e flores ver-
melhas. Ocorre na Serra do Mar, em florestas até 1.100
m s.n.m. (Wasshausen, 1975)
Aphelandra maximiliana (nees) benth. 3
distribuição: ESPÍRITO SANTO: Domingos Martins Dyschoriste smithii leonard 2
(20º21’S, 40º39’W); Santa Teresa, Estação Biológica de
Santa Lúcia (19º56’S, 40º36’W). distribuição: SANTA CATARINA: Concórdia, Vale do
Comentários: Subarbusto a arbusto com até 3 m de al- Rio Uruguai (27º14’S, 52º01’W).
tura. Inflorescência com brácteas e flores róseas. Ocorre Comentários: Erva com até 25 cm de altura. Flores
na Mata Atlântica, em lugares úmidos e sombrios, entre roxas, vistosas. Ocorre apenas nas ilhas rochosas do rio
550 e 800 m s.n.m. (Profice, 2003) Uruguai, na altura da Barra do Arroio do Veado, onde
forma densas aglomerações. (Wasshausen & Smith, 1969)
Aphelandra nuda nees 3
Justicia clivalis Wassh. 1
distribuição: PERNAMBUCO: Recife (08º05’S,
34º54’W). distribuição: DISTRITO FEDERAL: Brasília (15º45’S,
Comentários: Subarbusto. Espiga laxa, com flores ver- 47º45’W).
melhas. Conhecida apenas pelo material-tipo e uma cole- Comentários: Subarbusto a arbusto ereto, de 1 a 3 m de
ta da metade do séc. 19. (Profice, 1997/1998) altura. Espigas com flores vermelhas. Ocorre em aflora-
mentos de calcário e matas de galeria. (Wasshausen, 1989)
Aphelandra paulensis Wassh. 2
Justicia concavibracteata lindau 5
distribuição: SÃO PAULO: Cunha (23º04’S, 44º57’W).
Comentários: Arbusto ereto. Inflorescência com brácteas distribuição: ACRE: Marechal Thaumaturgo, Reserva
vermelhas e flores amarelas. Conhecida apenas pelo mate- Extrativista do Alto Juruá, (09º07’S, 72º42’W).
rial-tipo, coletado na Mata Atlântica. (Wasshausen, 1975) Comentários: Erva terrestre, com cerca 80 cm de al-
tura. Inflorescências com brácteas verdes e flores verdes
com estrias lilás internamente. Conhecida apenas da ba-
Aphelandra phrynioides lindau 3
cia do rio Juruá. Encontrada com flores em maio. (Lin-
dau, 1904; Daly et al., no prelo)
distribuição: BAHIA: Ilhéus (14º47’S, 39º02’W).
Comentários: Erva. Espiga com flores amarelas. Co-
nhecida apenas pelo material-tipo (Wasshausen, 1975) Justicia cyrtantheriformis (rizzini) Profice 2
distribuição: RIO DE JANEIRO: Itatiaia (22º29’S,
Aphelandra rigida Glaz. ex mildbr. 2 44º33’W); Parati (23º21’S, 44º07’W).
Comentários: Erva. Espiga unilateral, laxa, peduncula-
distribuição: RIO DE JANEIRO: Macaé, Frade de da, dispostas no ápice do ramo. Ocorre na Mata Atlânti-
Macaé (22º22’S, 41º47’W); Nova Friburgo, Alto de ca. (Profice, 1997a)
Macaé (22º16’S, 42º31’W); Santa Maria Madalena
(21º57’S, 42º00’W).
Comentários: Subarbusto a arbusto, com até 2 m de
Justicia meyeniana (nees) lindau 2
altura. Inflorescência com brácteas vermelhas e flores distribuição: RIO DE JANEIRO: Angra dos Reis
vermelhas com fauce amarela. Ocorre na Mata Atlântica. (23º00’S, 44º19’W); Parati (23º13’S, 44º43’W). SÃO
(Wasshausen, 1975) PAULO: Ubatuba (23º26’S, 45º04’W).