11oC_-_Mural_de_Portugues_4m35.pptxTrabalho do Ensino Profissional turma do 1...
Ebook_CIEG_VF.pdf CIEG Lisboa Ebbok 2023
1. Estudos de Género,
Feministas e sobre as Mulheres:
Reflexividade, Resistência
e Ação
Centro Interdisciplinar de Estudos de Género
Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas
UNIVERSIDADE DE LISBOA
ANÁLIA TORRES
DÁLIA COSTA
DIANA MACIEL
TERESA JANELA PINTO
(ORG.)
EDIÇÕES
ISCSP
5. Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas
universidade de lisboa
2023
ORGANIZAÇÃO
ANÁLIA TORRES
DÁLIA COSTA
DIANA MACIEL
TERESA JANELA PINTO
Estudos de Género,
Feministas e sobre as
Mulheres: Reflexividade,
Resistência e Ação
Centro Interdisciplinar de Estudos de Género
6. título
Estudos de Género, Feministas e sobre as Mulheres: Reflexividade, Resistência e Ação
ORGANIZAÇÃO
Anália Torres
Dália Costa
Diana Maciel
Teresa Janela Pinto
AUTORES/AS
Alexandra Cheira
Aline Cristina Cardoso Nunes
Allene Carvalho Lage
Ana Carolina Ferraz dos Santos
Ana Catarina Pereira
Ana Cristina Marques
Ana Espírito-Santo
Ana Isabel Teixeira
Ana Lúcia Teixeira
Anália Torres
Antonio Carlos de Oliveira
Barbara Poggio
Bernardo Coelho
Carla Carvalho
Carla Cerqueira
Carla Cruz
Daniela Rocha Drummond
Debora Ricci
Diana Maciel
Elisa Bellè
editor
ISCSP – Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas
Rua Almerindo Lessa, Campus Universitário do Alto da Ajuda
1300-663 Lisboa
www.iscsp.ulisboa.pt
Publicação eletrónica em formato PDF
ISBN 978-989-646-169-0
Fevereiro de 2023
Ellen Theodoro
Fábio Anunciação
Fernanda Insfran
Fernando Bessa Ribeiro
Francisco Rodrigues
Guiomar Topf Monge
Joana Freitas
Joana Vidal Maia
Joana Teixeira Ferraz da Silva
Joyce Miranda Leão Martins
Laura López Casado
Leda Maria Caira Gitahy
Lígia Amâncio
Luciana Moreira de Araujo
Mamilan Hussein
Manuela Tavares
Márcia Maria Tait Lima
Ma. Clara González Cragnolino
Maria Helena Santos
Maria de Lourdes Machado-Taylor
Maria José Magalhães
María Luisa Rodríguez Muñoz
María Reyes Ferrer
Márith Eiras Scot
Maya Levin Schtulberg
Mónica Lopes
Noa de Lacerda
Noemí González Carballés
Paloma Czapla
Patrícia da Silva Von Der Way
Paula Campos Pinto
Pedro Daniel Ferreira
Roberta Scatolini
Rosemary Deem
Sara Merlini
Sérgio Antônio Silva Rêgo
Susana Santos
Tânia Reigadinha
Este trabalho é financiado por fundos nacionais através da FCT – Fundação
para a Ciência e a Tecnologia, I.P., no âmbito do projeto UIDP/04304/2020.
15. 13
NOTAS SOBRE AS/OS AUTORAS/ES
Alexandra Cheira is a researcher at CEAUL/ULICES at the University of Lisbon, Portugal. She holds
a PhD in English Literature and Culture, with a dissertation focussing on A. S. Byatt’s fiction and crit-
ical work. Her current areas of research include contemporary women’s writing, gender and wom-
en’s studies, and wonder tales. She has published articles and book chapters on A. S. Byatt’s fiction,
The One Thousand and One Nights, the conteuses, Victorian women writers and contemporary gendered
sexual politics. She is the editor of (Re)Presenting Magic, (Un)Doing Evil: Of Human Inner Light and Dark-
ness (2012). She translated A. S. Byatt’s “Cold” into Portuguese and wrote an introduction to the tale
for Contar um Conto/ Storytelling (2014), an anthology of short fiction by contemporary British and
Irish authors in translation.
Aline Cristina Cardoso Nunes iniciou a sua licenciatura em Direito na Universidade Federal do
Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO). Nos dois últimos anos do curso, foi aceite em regime de trans-
ferência na Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, onde se licenciou. Na mesma Escola,
obteve o grau de mestre em Ciências Jurídicas-Civilísticas, com a dissertação “Discriminação como
ilícito civil e suas consequências jurídicas”. Atualmente, exerce a advocacia em Lisboa e é ativista
pelos Direitos das Mulheres.
Allene Carvalho Lage é doutora em Sociologia, professora titular e docente do PPGEduC-UFPE-CAA.
Coordenadora do Observatório dos Movimentos Sociais da América Latina.
Ana Carolina Ferraz dos Santos é professora do Ensino Básico, Técnico e Tecnológico (EBTT) do
CEFET/RJ (Brasil), mestre em Planejamento e Gestão Ambiental (UFRJ) e estudante de doutoramento
em Estudos de Género (ISCSP-ULisboa/NOVA FCSH/NOVA Direito). Tem interesse nas seguintes
áreas de investigação: género e espaço; educação, género e sexualidades; género e meio ambiente.
16. 14
ESTUDOS DE GÉNERO, FEMINISTAS E SOBRE AS MULHERES: REFLEXIVIDADE, RESISTÊNCIA E AÇÃO
Ana Catarina Pereira é docente na Universidade da Beira Interior e doutorada em Ciências da Co-
municação, na vertente Cinema e Multimedia, pela mesma universidade. É também representante
da Faculdade de Artes e Letras na Comissão para a Igualdade da UBI. Investigadora do centro Lab-
Com, é licenciada em Ciências da Comunicação pela Universidade Nova de Lisboa e mestre em Di-
reitos Humanos pela Universidade de Salamanca. É autora dos livros A Mulher-Cineasta: Da arte pela
arte a uma estética da diferenciação (2016) e do Estudo do Tecido Operário Têxtil da Cova da Beira (2007).
Co-organizou as obras Filmes (Ir)refletidos (2018), UBICinema 2007/2017 (2017), Geração Invisível: Os
novos cineastas portugueses (2013), e Colectânea de Poesia - Poetas do Fundão, entre outras.
Autora de diversos artigos científicos publicados em revistas nacionais e internacionais, já deu con-
ferências, ações de formação, workshops e masterclasses em Brasil, Espanha, Inglaterra e Suécia. Tra-
balhou vários anos como jornalista e colaborou com as publicações Notícias Sábado e Notícias Maga-
zine (Diário de Notícias), jornal I, revista Focus, entre outras. Foi cofundadora e diretora da revista
online Magnética Magazine.
É regularmente convidada para fazer curadoria de exposições e ciclos de cinema, integrando o júri de
festivais e de painéis da Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT). É uma das fundadoras da Con-
ferência Internacional de Cinema e Outras Artes, realizada anualmente, na Universidade da Beira
Interior, e coordenadora do GT de Estudos Fílmicos da Sopcom. Os seus interesses de investigação
incidem em estudos feministas fílmicos, pedagogia nas artes, cinema português e outras cinemato-
grafias minoritárias. Gere o site Universal Concreto, onde publica regularmente informações sobre o
seu trabalho: https://www.universalconcreto.org/
Ana Cristina Marques is an adjunct researcher at the University of Kurdistan Hewlêr, Kurdistan
Region of Iraq. She gained a PhD in Sociology from ISCTE-University Institute of Lisbon (ISCTE-IUL)
in 2014. Her work has appeared in the journals Symbolic Interaction, Culture, Health Sexuality, and
Gender, Place Culture. Her research interests include: gender; family, intimacy and personal lives;
and Kurdish studies.
Ana Espírito-Santo é doutorada em Ciências Políticas e Sociais pelo Instituto Universitário Euro-
peu (EUI), em Florença (2011). É, desde 2011, professora auxiliar no ISCTE-IUL e investigadora do
CIES-ISCTE. As suas principais áreas de investigação são: género e política, política comparada e
representação política. Especializou-se no tema da representação política numa perspetiva de género
e colabora ocasionalmente com o European Institute for Gender Equality (EIGE). É autora e coautora de
vários capítulos de livros e de artigos em revistas prestigiadas, incluindo a West European Politics,
a Electoral Studies e a Party Politics. Mais informação: http://www.anaespiritosanto.com/. E-mail:
ana.espirito.santo@iscte-iul.pt
Ana Isabel Teixeira é estudante do Programa Doutoral em Ciências da Educação da FPCEUP e bol-
seira de doutoramento da FCT (SFRH/BD/128591/2017), desenvolvendo o projeto “Género, Cidadania
e Educação: abordagens das Organizações da Sociedade Civil em Contexto Escolar”.
Ana Lúcia Teixeira é socióloga, licenciada e doutorada em Sociologia pela Faculdade de Ciências So-
ciais e Humanas (NOVA FCSH), professora auxiliar na mesma instituição e investigadora integrada
no Centro Interdisciplinar de Ciências Sociais (CICS.NOVA). É mestre em Prospeção e Análise de Da-
dos pelo Instituto Universitário de Lisboa (ISCTE-IUL). Realizou o seu projeto de doutoramento no
domínio das desigualdades de género, com a tese com o título “Desigualdades de género nos cargos
políticos em Portugal: do poder central ao poder local”. Ao nível dos estudos pós-graduados, colabora
nos mestrados em Sociologia e em Estudos Sobre as Mulheres (NOVA FCSH) e no doutoramento em
Estudos de Género (ISCSP, NOVA FCSH, NOVA School of Law). E-mail: analuciateixeira@fcsh.unl.pt
17. 15
NOTAS SOBRE AS/OS AUTORAS/ES
Anália Torres é Prof.ª Catedrática de Sociologia, coordenadora da Unidade de Sociologia no ISCSP,
Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa. É fundadora e coordena-
dora do CIEG, Centro Interdisciplinar de Estudos de Género, centro classificado com Excelente pela
FCT – Fundação para a Ciência e Tecnologia. Doutorada em Sociologia, foi entre outros cargos nacio-
nais e internacionais, Presidente da ESA, European Sociological Association (2009-2011). Investiga e
publica, a nível nacional e internacional na área do género.
Antonio Carlos de Oliveira é doutor em Serviço Social; psicólogo; líder do Grupo de Pesquisa do
CNPq “Famílias, Violência e Políticas Públicas”; professor do Departamento de Serviço Social da Pon-
tifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (Graduação e Pós-Graduação); autor de livros e artigos.
E-mail: antoniocarlos@puc-rio.br.
Barbara Poggio: Vice Rector for Equality and Diversity and Head of the Center of Interdisciplinary
Gender Studies at University of Trento. I am full professor of Sociology of Work and Organization at
the Department of Sociology and Social Research at the same university. I carried out several studies
and research about the social construction of gender, with a special focus on cultural and symbolic
dimensions. I coordinated several international projects on gender, work and organizations, and in
particular on gender and science, gender and entrepreneurship, work-life balance, fatherhood. My
current research interests mainly deal with gender and scientific careers and gender policies in or-
ganizations. Among my recent publications, Gender and Precarious Research Careers: A Comparative
Analysis, Routledge, 2018 (edited with A. Murgia).
Bernardo Coelho é Prof. Auxiliar Convidado no ISCSP-ULisboa, investigador e membro fundador do
CIEG. Os seus principais interesses são sociologia da família, género, relações íntimas e sexualidade,
planeamento e avaliação de políticas no domínio ou com impacto de género. Participa em pesquisas
nacionais e internacionais nestes domínios e é autor e coautor de artigos e capítulos em livros.
Carla Carvalho é doutora em Estudos de Desenvolvimento pelo Instituto Superior de Econo-
mia e Gestão da Universidade de Lisboa, mestre em Ciências Sociais pela Universidade de Cabo
Verde e licenciada em Sociologia pela Universidade Jean Piaget de Cabo Verde. Professora da Fa-
culdade de Ciências Sociais, Humanas e Artes da Universidade de Cabo Verde (UniCV). Colabora-
dora e pesquisadora do Centro de Investigação e Formação em Género e Família da UniCV. E-mail:
carla.carvalho@docente.unicv.edu.cv
Carla Cerqueira é doutorada e pós-doutorada em Ciências da Comunicação pela
Universidade do Minho. Atualmente, é professora auxiliar na Universidade Lusófona, investigadora
integrada no CICANT – Centro de Investigação em Comunicação Aplicada, Cultura e Novas Tecnolo-
gias, colaboradora no CECS - Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade. As suas áreas de inte-
resse incluem género, feminismos, interseccionalidade, ONGs e media. É PI do projeto “FEMGlocal
– Glocal feminist movements: interactions and contradictions” (PTDC/COM-CSS/4049/2021) e coor-
denadora do projeto “Network Voices: Women’s participation in development processes” (COFAC/
ILIND/CICANT/1/2021).
Carla Cruz é doutorada em Ciências da Comunicação, na especialidade de Sociologia da Comuni-
cação, e Professora Auxiliar no ISCSP – Universidade de Lisboa nas áreas científicas de Ciências da
Comunicação e de Sociologia. É investigadora do Centro de Investigação de Políticas Pública (CAPP),
em que coordena o projeto Representações Mediáticas de Públicos Sensíveis. Fora da Academia é
Vice-Presidente do Observatório da Criança, Associação ‘100 Violência’.
18. 16
ESTUDOS DE GÉNERO, FEMINISTAS E SOBRE AS MULHERES: REFLEXIVIDADE, RESISTÊNCIA E AÇÃO
Dália Costa é Prof.ª Auxiliar do ISCSP-ULisboa, onde leciona desde 1996. Doutorada em Sociologia da
Família; Mestre em Sociologia; tem Pós-graduação em Ciências Criminais e é licenciada em Política
Social pelo ISCSP. É co-coordenadora e cofundadora do CIEG. Coordena e tem participado em vários
projetos de investigação com financiamento nacional e internacional.
Daniela Rocha Drummond é doutora em Ciência Política pela Universidade Federal do Paraná com
período sanduíche na Universidade Lusófona do Porto, com bolsa CAPES. Atualmente, é pesquisa-
dora de pós-doutorado no Instituto de Estudos Sociais e Políticos da Universidade do Estado do Rio de
Janeiro (IESP-UERJ), bolsista Faperj. Graduada em Jornalismo pela Pontifícia Universidade Católica
do Paraná e em Ciências Sociais pela Universidade Federal do Paraná, mestre em Ciência Política.
Pesquisa sobre comunicação e política, jornalismo político, séries de televisão, gênero e movimento
feminista.
Debora Ricci é docente no Departamento de Linguística da Faculdade de Letras da Universidade de
Lisboa, onde conseguiu o Doutoramento europeu em Linguística (Análise Crítica do Discurso / Estu-
dos de Género) com uma tese sobre a representação do corpo feminino na paisagem sociossemiótica
urbana italiana. Colaboradora do CIEG - Centro Interdisciplinar Estudos de Género, faz investigação
em Análise Crítica do Discurso, Sócio-Semiótica Multimodal, língua, linguagem e didática inclu-
siva, toponímia feminina. Desde 2014 é coorganizadora do Congresso Internacional sobre Estudos
de Género em contexto lusófono e italiano. É curadora da coleção Estudos de Género em Contexto
lusófono e italiano cujo V volume está em fase de publicação. É sócia e colaboradora da “Associazione
Toponomastica Femminile Itália”, pela qual se ocupa da toponímia feminina em Portugal. É autora de
numerosas publicações sobre Estudos de Género e Estudos sobre as Mulheres.
Diana Maciel é Prof.ª Auxiliar Convidada do ISCSP-ULisboa e investigadora e membro fundador do
CIEG, Centro Interdisciplinar de Estudos do Género. Doutoranda em Sociologia pelo ISCTE-IUL. In-
vestiga na área da igualdade de género, juventude, toxicodependências e estudos longitudinais. Tem
apresentado comunicações em conferências nacionais e internacionais e publicado artigos e livros
dentro destas temáticas.
Elisa Bellè: Ph.D in Sociology and Social Research, I am currently Marie Curie fellow at the Centre
for European and Comparative Studies of Sciences Po, Paris, working on a comparative ethnography
of two European radical right parties. My main research interests are related to the study of gen-
der, masculinity and political participation, feminist movements, and the so-called populist radical
right. Among my publications: with A. Donà (2022), “Power to the People? The Populist Italian Lega,
the Anti-Gender Movement and the Defense of the Family”, in V. Bianka (Ed.), Gender and the Politics
of Crises in Times of De-Democratisation, Colchester, Rowmanamp; Littlefield/ECPR Press; with C.
Peroni and E. Rapetti, (2018), “One step up and two steps back? The Italian debate on secularism,
heteronormativity and LGBTQ citizenship”, Social Compass, 65(5), 591-607.
Ellen Theodoro é doutoranda em Estudos de Género e mestre em Sociologia pelo ISCSP-ULisboa.
Atualmente é bolseira de investigação do CIEG/ISCSP-ULisboa.
Fábio Anunciação é licenciado em Ciências da Comunicação pelo Instituto Superior de Ciências
Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa (ISCSP-UL). Frequentou o mestrado em Sociologia na
mesma faculdade. É tutor no Projeto QWERTY da associação de solidariedade social Causas XXI, que
procura dotar estudantes com as competências do século XXI. É também membro associado da SOP-
19. 17
COM (Associação Portuguesa de Ciências da Comunicação). Em 2018 venceu o prémio de mérito es-
colar ISCSP/CGD.
Fernanda Insfran é mulher, mãe, feminista, anticapitalista, antirracista, psicóloga e professora.
Desde 2013, dedica-se a defender a educação pública, gratuita, libertadora, desmedicalizada e so-
cialmente referenciada, como professora da Universidade Federal Fluminense. Entre 2019 e 2020 fez
pós-doutorado no PPGBIOS/ UFRJ, onde pesquisou “a maternagem e os feminismos interseccionais”.
É líder do grupo de pesquisas “Núcleo de Estudos Interseccionais em Psicologia e Educação (NEIPE/
UFF/CNPq)”. Membra do Fórum sobre Medicalização da Educação e da Sociedade e colaboradora do
núcleo de educação do Conselho Regional de Psicologia do Rio de Janeiro.
Fernando Bessa Ribeiro é professor associado com agregação do Departamento de Sociologia do Ins-
tituto de Ciências Sociais da Universidade do Minho e investigador integrado do CICS.Nova – polo da
Universidade do Minho, sendo o atual coordenador. Capitalismo e desenvolvimento, género e sexua-
lidade e infeção pelo VIH/sida constituem os seus principais temas de investigação, sobre os quais
publicou diversos livros e artigos em revistas nacionais e estrangeiras. Mais recentemente passou
a trabalhar também sobre questões urbanas, sendo membro do projeto “Modos de vida e formas de
habitar: Ilhas e Bairros Populares no Porto e em Braga”, financiado pela Fundação para a Ciência e
Tecnologia.
Francisco Rodrigues is a junior researcher at the Centre for Social Studies of the University of Coim-
bra, where he is part of the implementing team of the institution’s Gender Equality Plan. He holds a
Master’s degree in Sociology from the Faculty of Arts and Humanities of University of Porto (FLUP).
Previous work experiences include communication for sustainable development and consulting for
the social sector. Research interests include Gender, Symbolic Practices and Historical Sociology.
Guiomar Topf Monge es profesora de la Universidad de Sevilla, doctorada por la Universidad Pablo
de Olavide y licenciada por la Universidad de Granada y por la Universidad de Konstanz (Alemania).
Sus líneas de investigación se centran en la traducción de literatura alemana, los estudios de género y
la lingüística contrastiva alemán-español. Entre sus publicaciones más recientes cabe destacar “Tra-
ducir el género” (2020).
Joana Freitas é doutoranda em Ciências Musicais Históricas na NOVA FCSH com uma bolsa de douto-
ramento FCT (SFRH/BD/139120/2018). Concluiu o mestrado na mesma instituição com a dissertação
“The music is the only thing you don’t have to mod: a composição musical em ficheiros de modificação
para videojogos” e é investigadora integrada no Centro de Estudos em Sociologia e Estética Musical
(CESEM). É atualmente membro dos Núcleos de Estudos em Som e Música nos Media Digitais e Au-
diovisuais (CysMus), Género e Música (NEGEM) e Sociologia da Música (SociMus), os três integrados
no Grupo de Teoria Crítica e Comunicação (GTCC). As suas principais áreas de interesse são o estudo
da música em videojogos, música e audiovisuais, interatividade, cultura digital e comunidade online,
género e sexualidades. E-mail: joanareisfreitas@fcsh.unl.pt
Joana Vidal Maia é comunicadora social com habilitação em jornalismo; mestre em Comunicação,
Cultura e Tecnologia da Informação; atualmente, estudante do Doutoramento em Antropologia ISC-
TE-IUL/FCSH-Nova, bolseira de doutoramento (FCT) e doutoranda integrada no CRIA.
Joana Teixeira Ferraz da Silva: Frequência do Doutoramento em Sociologia pela Universidade do Mi-
nho, com bolsa FCT (2021.05582.BD). Mestre em Sociologia (Ramo: Políticas Sociais) pela Universi-
NOTAS SOBRE AS/OS AUTORAS/ES
20. 18
ESTUDOS DE GÉNERO, FEMINISTAS E SOBRE AS MULHERES: REFLEXIVIDADE, RESISTÊNCIA E AÇÃO
dade do Minho (2020). Pós-graduação lato sensu em Saúde Coletiva pelo Programa de Residência Mul-
tiprofissional em Saúde da Universidade Federal de São Paulo – UNIFESP (2015) (Brasil). Graduação
em Serviço Social pela Universidade de Taubaté (2011) (Brasil). Experiência na investigação acadêmica
nas áreas de habitação, políticas sociais, desigualdade social e gênero. Desempenhou atividades como
Assistente Social na Saúde Pública, Saúde Mental e Assistência Social na Alta Complexidade. Membro
do Grupo de Estudos Interdisciplinares em Ciências Sociais (GEICS) do CICS.NOVA.UMinho.
Joyce Miranda Leão Martins é socióloga, cientista política e escritora. Doutora em Ciência Política
pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, com pós-doutorado na área pela Pontifícia Universi-
dade Católica de São Paulo. Professora de Ciência Política na Universidade Federal de Alagoas.
Laura López Casado es licenciada en Periodismo a través de la Universidad Complutense de Madrid
(2009), y en Comunicación Audiovisual por la Universidad Rey Juan Carlos (2011). Así mismo, cursó
un máster en Igualdad de Género en las Ciencias Sociales en la Universidad Complutense de Madrid
(2016). En el año académico 2017/2018 fue admitida en el doctorado de Estudios Comparados de la
Universidad de Lisboa, y en 2018 le fue otorgada una beca de investigación (PD/BD/143049/2018) para
desarrollar su trabajo sobre fanzines feministas y los particulares discursos que desarrollan en Es-
paña y Portugal.
Leda Maria Caira Gitahy é professora do Programa de Pós-graduação em Política Científica e Tecno-
lógica do Instituto de Geociências da Unicamp e professora colaboradora do doutorado em Sociedade,
Natureza e Desenvolvimento da Universidade Federal do Oeste do Pará. Atualmente, é Professora
Livre Docente da Universidade Estadual de Campinas e coordenadora do Laboratório de Tecnologia
e Transformações Sociais. Membro do Grupo de Estudos sobre Desinformação nas Redes Sociais da
Unicamp e da Rede Infovid.
Lígia Amâncio é professora emérita do ISCTE – Instituto Universitário de Lisboa, desde 2019, onde
se doutorou em 1989, prestou provas de agregação em 1999 e se tornou professora catedrática em
2002. Atualmente é investigadora no Centro de Investigação e Intervenção Social (CIS-ISCTE) da
mesma instituição e no Centro Interdisciplinar de Estudos de Género. Os seus interesses de inves-
tigação centram-se nos estudos de género e feministas, com especial incidência, nos últimos anos,
pelas profissões mais qualificadas, desde os estudos que desenvolveu, nos anos 90, sobre as mulheres
e a ciência. Foi eleita para a Direção da Plataforma Europeia de Mulheres Cientistas (EPWS) em ju-
lho de 2021, onde representa a AMONET, Associação Portuguesa de Mulheres Cientistas de que foi
cofundadora em 2004.
Luciana Moreira de Araujo é doutoranda e mestre em Serviço Social pela Pontifícia Universidade
Católica (PUC-Rio); orientador Prof. Antonio Carlos de Oliveira. Especialista em Gênero e Sexua-
lidade pelo Instituto de Medicina Social da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Membro do
Grupo de Pesquisa do CNPq “Famílias, Violência e Políticas Públicas”. E-mail: lma17rj@gmail.com.
Mamilan Hussein is a lecturer at the University of Kurdistan Hewlêr, Kurdistan Region of Iraq. She
gained a MSc. in International Business Management from the University of West London in 2015.
She has experience working in international cooperation organizations, academia, family busi-
nesses, gender issues, entrepreneurship and business ethics. Her research interests include: leader-
ship qualities, women’s economic empowerment, and gender equality.
21. 19
Manuela Tavares é doutorada em Estudos sobre as Mulheres, com o tema: Feminismos, Percursos e
Desafios. (1947-2007). Membro da direção do CIEG – Centro Interdisciplinar de Estudos de Género
– ISCSP. Autora de diversos livros: Feminismos, Percursos e Desafios, (2011); Aborto e Contracepção em
Portugal, (2003). Movimentos de Mulheres em Portugal nas décadas de 70 e 80, (2000). Membro da equipa
de Investigação do projeto Mulheres e Associativismo em Portugal, 1914-1974 – WOMASS PTDC/HAR-
-HIS/29376/2017. Co-organizadora de diversos livros e autora de artigos na sua área de especialidade.
Márcia Maria Tait Lima é pesquisadora no Departamento de Política Científica e Tecnológica e Pro-
fessora do Mestrado em Divulgação Científica e Cultural da Unicamp. Autora dos livros Tecnociência e
Cientistas: Cientificismo e Controvérsias na política de biossegurança brasileira (Annablume, 2011) e Elas
dizem não! Mulheres camponesas e a resistência aos cultivos transgênicos (Librum, 2015), ganhador do
prêmio Marcel Roche 2016 da Asociación Latinoamericana de Estudios Sociales de la Ciencia y la
Tecnología.
Ma. Clara González Cragnolino é licenciada pela Universidade Nacional de Córdoba e mestre em
Antropologia pelo Instituto Universitário de Lisboa (ISCTE-IUL). Atualmente, é doutoranda na
mesma instituição e bolseira da FCT, desenvolvendo um projeto de investigação intitulado “A educa-
ção das mulheres durante o Estado Novo. Uma etnografia sobre a Obra das Mães e a Mocidade Portu-
guesa Feminina”.
Maria de Lourdes Machado-Taylor, PhD em Ciências Empresariais, Estudos de Pós-Graduação em
Administração, ambos os diplomas da Universidade do Minho (Portugal), e Licenciatura em Econo-
mia pela Universidade do Porto (Portugal). Professora da Universidade Lusófona, Diretora do Ga-
binete de Desenvolvimento Institucional (GDI) da mesma Universidade, Investigadora Sénior do
Centro de Investigação de Políticas do Ensino Superior (CIPES) e foi durante doze anos Colaboradora
da Agência de Avaliação e Acreditação do Ensino Superior (A3ES). As suas áreas de investigação in-
cluem Avaliação, Estratégias, Gestão, Liderança, Políticas do Ensino Superior e Estudos de Género.
Coordenou e integrou Equipas de projetos multidisciplinares e multi-institucionais de investigação
financiados nomeadamente pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT), Fundação Gulbenkian
(Portugal), Capes (Brasil) e Comissão Europeia. Recebeu bolsas de pesquisa pela Fundação Gulben-
kian e Fulbright (EUA). É autora e coautora de doze livros, editora de três livros, autora de 45 capítu-
los de livros e mais de 80 artigos científicos publicados em periódicos com referee na Europa, Ásia e
revistas americanas.
Maria Helena Santos é psicóloga social, licenciada, mestre e doutorada em Psicologia Social e Orga-
nizacional pelo Instituto Universitário de Lisboa (ISCTE-IUL) e investigadora integrada no Centro de
Investigação e Intervenção Social (CIS-ISCTE) da mesma instituição. Realizou o seu projeto de pós-
-doutorado no Centre en Études Genre LIEGE da Universidade de Lausanne, Suíça, e no CIS-ISCTE,
centrado nos estudos de género e nas medidas de ação positiva, especificamente em profissões mar-
cadamente masculinas (e.g., política e medicina) e femininas (e.g., enfermagem e ensino básico) com
o objetivo de explorar as dinâmicas de género que ocorrem nesse tipo de contextos. E-mail: helena.
santos@iscte-iul.pt
Maria José Magalhães é professora auxiliar da FPCEUP, investigadora do CIIE e co-orientadora do
projeto de doutoramento “Género, Cidadania e Educação: abordagens das Organizações da Sociedade
Civil em Contexto Escolar”.
NOTAS SOBRE AS/OS AUTORAS/ES
22. 20
ESTUDOS DE GÉNERO, FEMINISTAS E SOBRE AS MULHERES: REFLEXIVIDADE, RESISTÊNCIA E AÇÃO
María Luisa Rodríguez Muñoz se licenció en Traducción e Interpretación en la Universidad de Gra-
nada y se doctoró en Lenguas y Cultura en la Universidad de Córdoba, donde ejerce su labor como
profesora desde 2009. Actualmente forma parte del grupo de investigación HUM-940 “Oriens”. Sus
líneas de investigación son: Traducción de arte contemporáneo, traducción de literatura latinoame-
ricana y didáctica de la traducción jurada. Obtuvo una beca en la DGT de la UE Comisión Europea
en Luxemburgo (2003-2004) y ha trabajado como traductora autónoma y transcriptora de grupos
focales.
María Reyes Ferrer es licenciada en Filología Inglesa por la Universidad de Murcia y Filología Ita-
liana por la Universidad de Salamanca. Es doctora por la Universidad de Sevilla con una tesis sobre
la novela histórica italiana femenina. Actualmente imparte clases de lengua y cultura italiana en el
Departamento de Filología Francesa, Románica, Italiana y Árabe de la Universidad de Murcia. Forma
parte del grupo de investigación Escritoras y Escrituras (Hum 753) y sus investigaciones se centran en
la narrativa femenina italiana, la maternidad y los estudios de género.
Márith Eiras Scot é pai, feminista, antirracista, Biólogo, Analista Ambiental para Sistema de Ges-
tão, Tecnólogo em Segurança Pública Social, Mestre em Ensino pela Universidade Federal Flumi-
nense – UFF/INFES, graduando em Pedagogia pela UENF. Servidor Público Estadual – policial militar
do Rio de Janeiro.
Maya Levin Schtulberg is a medical anthropologist with specialisations in sexuality, gender, men-
tal health and education. She worked in the NGO sector in Lisbon to build a health program for ref-
ugees and migrants and has recently started retraining as a psychotherapist at Regent’s University
in London.
Mónica Lopes: With a background in Sociology, Mónica is a researcher and vice-director of the Cen-
tre for Social Studies, University of Coimbra (CES-UC), and lecturer in post-graduate programs in the
fields of Gender Studies and Social Economy. Since 2002, she has participated in a number of (action)
research projects and evaluation studies exploring gender norms and relations and assessing the
implementation and impact of public (gender) policies, as well as providing tools and instruments for
mainstreaming gender in different areas. Currently, she is responsible for the scientific review of the
EEAGrants project “Gender Equal-Research” and co-PI of the national project “ENGENDER – Gender
mainstreaming in curricula and pedagogical practices in Portuguese Public Universities.
Noa de Lacerda nasceu no Luso, Luena, Angola, em 16.03.1975. Médica pela Charles University of
Prague, Czech Republic. Mestre em Pedagogia do Ensino Superior pela Faculdade de Psicologia e de
Ciências da Educação da Universidade de Lisboa. Sexóloga Clínica e Terapeuta de Casal pelo Instituto
de Psicologia e outras Ciências, Porto, e pela European Society For Sexual Medicine. Hipnoterapeuta
pela Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa. Facilitadora de Mindfulness pela University
(UC San Diego Center for Mindfulness). Principais interesses: Medicina Sexual, Medicina de Género,
Ginecologia e Obstetrícia, Hipnose Médica.
Noemí González Carballés es Doctora en Estudios de las Mujeres, Discursos y Prácticas de Género
por la Universidad de Granada. Miembro del Grupo de Investigación OTRAS. Perspectivas feminis-
tas en Investigación Social. Experta en Género e Igualdad de Oportunidades. Políticas Migratorias
y Metodologías Participativas. Especialista en Agroecología y Desarrollo Rural. Habiendo ejercido
profesionalmente como Trabajadora Social en diferentes Administraciones Públicas del Gobierno de
España.
23. 21
Paloma Czapla é graduada em História pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
Mestra em História Cultural pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), onde foi orientada
pela Profa. Dra. Margareth Rago e teve a pesquisa financiada pela FAPESP. Doutoranda em História
na Indiana University, nos Estados Unidos. E-mail: paloma.czapla@hotmail.com
Patrícia da Silva Von Der Way é doutoranda em Estudos de Gênero pela Universidade de Lisboa
Universidade Nova de Lisboa, Mestre em Administração Pública pela Fundação Getúlio Vargas,
Graduada em Administração pela Universidade Estácio de Sá, Servidora Pública Federal da Fundação
Oswaldo Cruz (Fiocruz), Rio de Janeiro, Brasil. E-mail: patriciaway1@gmail.com.
Paula Campos Pinto é Prof.ª Associada do ISCSP-ULisboa, investigadora e cocoordenadora do CIEG.
Doutorada em Sociologia pela York University, ensina e investiga na área das políticas públicas, de-
sigualdades e interseccionalidades, incluindo as relacionadas com questões de género e de ciência.
Sobre estes temas tem publicado em revistas internacionais e coordenado pesquisas nacionais e in-
ternacionais.
Pedro Daniel Ferreira é professor auxiliar da FPCEUP, investigador do CIIE e orientador do projeto
de doutoramento “Género, Cidadania e Educação: abordagens das Organizações da Sociedade Civil
em Contexto Escolar”.
Roberta Scatolini é doutoranda em Estudos Feministas pela Universidade de Coimbra, com o pro-
jeto de tese “Educação Popular e corporeidade: diálogos possíveis para uma práxis de educação femi-
nista”, financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia de Portugal.
Rosemary Deem is a sociologist and Emerita Professor of HE Management and Doctoral School Sen-
ior Research Fellow, Royal Holloway (University of London), where she was also Dean of History/So-
cial Science (2009-11): Vice-Principal: Education (2011-17); Teaching Innovation Equality and Di-
versity (2017-19); Doctoral School Dean (2014-19). Full Professor and Faculty of Social Sciences Law
Postgraduate Dean (2004-6) and Faculty Research Director (2007-2009), at Bristol University. Full
Professor and Dean of Social Sciences (1994-1997) and Graduate School Director (1998-2000), at Lan-
caster University. Fellow, UK Academy of Social Sciences since 2006. Co-Convenor ECER Network
22 (Higher Education). Co-editor, Higher Education (Springer) since 2013. OBE in Queen’s Birthday
Honours list for services to HE Social Science, 2013. 2015-2018 Chair, UK Council for Graduate
Education. Chair of Trustees, Sociological Review Foundation 2020 – present. Research interests:
HE policy; governance; organisations; management: leadership: inequality, diversity, inclusion in
educational settings: doctoral education; public good in HE. E-mail: R.Deem@rhul.ac.uk
Sara Merlini, socióloga, é doutorada em Sociologia pelo ICS-ULisboa, mestre em Sociologia da Fa-
mília, Educação e Política Social e licenciada em Sociologia pelo ISCTE-IUL. É Investigadora Au-
xiliar no Centro Interdisciplinar de Estudos de Género (ISCSP-ULisboa) e foi bolseira no Projeto
TRANSRIGHTS, coord. Doutora Sofia Aboim (ERC Consolidator Grant no.:615594) no ICS-ULisboa, no
âmbito do qual desenvolveu este artigo. Possui dois capítulos de livros e cinco artigos científicos em
revistas internacionais com peer review sobre problemáticas distintas como Transgressão de Género,
Exclusão Social e Violência na Escola.
Sérgio Antônio Silva Rêgo é investigador colaborador do Centro Interdisciplinar de Ciências Sociais
– Polo da Universidade do Minho. Doutor em Sociologia na Universidade do Minho. Integrante do
Grupo de Estudos Interdisciplinares em Ciências Sociais e do Observatório dos Movimentos Sociais
da América Latina. E-mail: santoniorego@gmail.com
NOTAS SOBRE AS/OS AUTORAS/ES
24. 22
ESTUDOS DE GÉNERO, FEMINISTAS E SOBRE AS MULHERES: REFLEXIVIDADE, RESISTÊNCIA E AÇÃO
Susana Santos é socióloga, investigadora no CIES – ISCTE, professora auxiliar convidada do depar-
tamento de Sociologia do ISCTE, vogal da sessão temática de Sociologia do Direito e da Justiça da
Associação Portuguesa de Sociologia.
Tânia Reigadinha é Prof.ª Assistente no Instituto Politécnico de Setúbal e investigadora. Licenciada
em Organização e Gestão de Empresas pelo ISCTE-IUL, mestre em Sociologia, pelo ISCTE-IUL, é dou-
toranda em Gestão – Ciência Aplicada à Decisão na Universidade de Coimbra. Leciona unidades cur-
riculares na área de Marketing e Logística. Colabora com o ISCSP-ULisboa em investigação na área da
Sociologia. Faz investigação e publica nas áreas de Marketing, Sociologia e Retalho.
25. 23
AGRADECIMENTOS
O presente ebook, integrado na Coleção Estudos de Género (CIEG/ISCSP-ULisboa), resultou
da junção dos esforços de diversas pessoas e equipas de investigação que dinamizaram o
II Congresso Internacional de Estudos de Género e deram origem aos textos que aqui se
apresentam.
Agradecemos aos membros da Comissão Executiva do Congresso pelo cuidadoso traba-
lho de revisão cega dos textos recebidos, designadamente, Bernardo Coelho, Clara Oliveira,
Cláudia Casimiro, Débora Ricci, Ellen Theodoro, Fátima Assunção, Helena Pereira de Melo,
Helena Sant’Ana, Manuela Tavares, Maria João Cunha, Patrícia Pedrosa e Paula Campos
Pinto.
Para a edição do documento do ebook contámos ainda com o precioso trabalho de revisão
de Aryane Cararo.
Agradecemos ainda ao Presidente do ISCSP, Professor Doutor Ricardo Ramos Pinto, o
apoio institucional que se consubstanciou no apoio técnico de diversas áreas operacionais
e serviços do Instituto, com particular reconhecimento ao Diretor Executivo, Mestre Jorge
Martins, à Dra. Rute Manaia, à Dra. Antónia Vieira Pereira, à Dra. Carla Correia e Dra. Inês
Pereira e ao Dr. Henrique Pinto.
São ainda devidos agradecimentos à Doutora Andreia Carvalho e Dra. Maria João Gomes,
do secretariado do CIEG, pelo inestimável apoio na preparação desta publicação.
26.
27. 25
INTRODUÇÃO
O ebook que agora se apresenta tem origem num conjunto selecionado de comunicações
apresentadas no II Congresso Internacional promovido pelo CIEG, Centro Interdisciplinar
de Estudos de Género, do Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade
de Lisboa (ISCSP-ULisboa), intitulado Estudos de Género, Feministas e sobre as Mulheres: Re-
flexividade, Resistência e Ação. O Congresso contou com 217 participantes de diferentes par-
tes do mundo, incluindo 152 da Europa, 57 da América Latina e 8 de países da América do
Norte, África, Ásia e Austrália. Reuniu estudantes, investigadoras/es e especialistas, in-
cluindo representantes da Comissão Portuguesa para a Cidadania e Igualdade de Género
(CIG), da Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT) e da Secretaria de Estado da Cidadania
e Igualdade. A reflexividade, as resistências, planeadas e agidas, cooperativas ou mais frag-
mentadas e a ação, com distintos graus de organização, visibilidade, abrangência e empe-
nho político, estão presentes em cada um dos textos reunidos neste volume.
O texto que estimulava à apresentação de propostas para comunicações durante o Con-
gresso Internacional partia do pressuposto de que «a crise financeira, económica e mi-
gratória que tem acentuado a precariedade nas condições de vida das populações fazendo
emergir receios e sentimentos de insegurança, tem-se constituído como terreno fértil para
o surgimento de lideranças autoritárias e ditatoriais que recorrem ao sexismo, à homofobia
e à xenofobia, atacando diretamente a igualdade de género, quando não defendendo aber-
tamente o uso da violência». Este constituiu o pano de fundo para os debates e a partilha
de inquietações e questionamentos que se prolongaram pelos corredores e outras áreas co-
muns do ISCSP que, entre 24 e 26 de julho de 2019, acolheu o Congresso. Um ano depois, os
28. 26
ESTUDOS DE GÉNERO, FEMINISTAS E SOBRE AS MULHERES: REFLEXIVIDADE, RESISTÊNCIA E AÇÃO
lugares ficaram vazios de pessoas por imposição de um confinamento necessário por razões
de saúde pública, porém, as vozes não emudeceram os debates e a pesquisa científica não
parou. As trocas entre equipas de investigação, países, continentes, mas também discipli-
nas e áreas de estudo intensificaram-se. A tecnologia manifestou a sua importância e a pes-
quisa científica a sua vitalidade, estudando os impactos da pandemia sobre as violências de
género, contra as mulheres e doméstica, sobre as famílias e a sua organização quotidiana
em confinamento, sobre as áreas de trabalho feminizadas que, de tão frágeis, por estarem
tão pouco ligadas ao Direito e ao exercício dos direitos, muito rapidamente dão lugar a ex-
tremos: do desemprego das atividades do cuidar exercidas nos domicílios, ao excesso de
trabalho das atividade do cuidar exercidas nas áreas da saúde, das prestações sociais, do
apoio alimentar, da prevenção das violências.
Regressando ao texto que enquadrava o Congresso, questionava-se: “Mas porque é que
a igualdade de género está sob ataque? Por que razão os novos líderes autoritários usam o
sexismo e a homofobia como armas nos seus discursos políticos? Porque é que, mesmo em
países onde estas políticas não são tão expressivas, estamos também a assistir a uma espé-
cie de backlash, ou ao que alguns autores e autoras apelidam de anti-genderism? Por outro
lado, ainda, importa perceber como é que estas mudanças estão a afetar a vida académica
e os estudos de género, feministas e sobre as mulheres. E que estratégias estão a ser desen-
volvidas, a partir deste lugar, para fazer frente a tentativas de extinção, marginalização ou
silenciamento do campo?”
Os vários textos reunidos neste volume vão dando respostas parciais a estas questões,
enquanto vão deixando evidente a relação entre as perguntas e a complexidade das respos-
tas. A igualdade, incluindo a igualdade de género mantém-se sob ataque, recorrendo-se a
formas subtis de sexismo e homofobia nos discursos que constroem o medo e insegurança.
Estes discursos ressoam em tempos de pandemia e mudança global. O backlash, o anti-gen-
derism, as tentativas de extinção, marginalização ou silenciamento deste campo científico
são, em simultâneo, efeitos reativos à afirmação progressiva dos Estudos de Género en-
quanto campo científico, e causa ou motivo para mantermos a ação.
Os textos agora apresentados foram selecionados através de um processo de revisão
anónima por pares (blind peer review). As submissões foram revistas por uma comissão es-
pecialmente designada para o efeito que avaliou os textos elaborados a partir das comunica-
ções apresentadas no Congresso. Os textos selecionados, da autoria de investigadores e in-
vestigadoras dos mais variados contextos internacionais — Brasil, Espanha, Itália, França,
Reino Unido, Angola, Curdistão, entre outros — e do contexto nacional dão contributos
importantes para o debate no âmbito dos estudos de género, feministas e sobre as mulhe-
res, aprofundando questões teóricas e conceptuais e/ou apresentando resultados de estu-
dos empíricos. Em ambos os casos, trata-se de abordagens igualmente fundamentais para
o avanço e consolidação deste campo de estudos numa perspetiva inter e multidisciplinar.
No presente ebook os 37 textos distribuem-se por sete secções. A primeira, denomi-
nada Movimentos Feministas e Antifascistas, engloba cinco textos sobre Portugal e Brasil.
Manuela Tavares, utilizando a recolha de histórias de vida, debruça-se sobre o modo como
algumas mulheres portuguesas foram caminhando da luta contra o regime para a luta pe-
los seus direitos. Joyce Miranda Leão Martins, no seu texto, analisa, a partir do Brasil, as
29. 27
perceções das eleitoras de Bolsonaro sobre o feminismo e as feministas. Já Márcia Maria
Tait Lima e Leda Maria Caira Gitahy discutem os potenciais epistémicos, políticos e afetivos
das práxis coletivas protagonizadas por mulheres indígenas na América Latina e caminhos
para transformar modos hegemônicos de interpretação. Laura López Casado estuda fanzi-
nes feministas e queer enquanto espaços de resistência localizados em Portugal. Por fim,
Daniela Rocha Drummond e Carla Cerqueira analisam a cobertura noticiosa da chamada
quarta onda do movimento feminista em dois jornais diários considerados de referência em
Portugal e no Brasil: Público e Folha de S. Paulo.
A segunda secção do presente ebook discute e problematiza temáticas no âmbito de Dis-
cursos, pronomes e Ideologia de género. Ana Carolina Ferraz dos Santos reflete no seu texto
sobre o fortalecimento do combate à “ideologia de género” no contexto escolar brasileiro e
os seus impactos nas políticas educacionais, e apresenta um mapeamento das estratégias
de mobilização diante dos ataques aos estudos de género no campo da educação. Através da
análise qualitativa de diversos materiais textuais, Elisa Bellé Barbara Poggio analisam
as principais estratégias retóricas e discursivas adotadas pelo novo governo italiano para
deslegitimar a utilização de uma perspetiva de género em contextos educativos. Roberta
Scatolini elabora uma análise de discurso do abaixo-assinado de pedido de cancelamento
da palestra de Judith Butler num Seminário realizado no mês de novembro de 2017 na insti-
tuição Sesc São Paulo. María Luisa Rodríguez Muñoz recorre a uma vasta bibliografia com
o objetivo de apontar os pontos fracos da primeira tradução para o inglês de Segundo Sexo
de Simone de Beauvoir realizada por Parshley e que foi comercializada até 2009. Guiomar
Topf Monge debruça-se sobre o problema da tradução masculinizada de termos sem mor-
fologia de género, quer em espanhol, quer em alemão, constituindo uma forma de sexismo
linguístico. O texto de Sara Merlini encerra a segunda secção do presente ebook e discute a
história da emancipação da identidade de género como um direito inalienável de cidadania
e o seu enquadramento através da autodeterminação e/ou indeterminação, defendendo que
a análise dos processos de reflexividade, resistência e ação quanto às (des)igualdades entre
mulheres e homens e às (des)igualdades de géneros (no plural) beneficia da consideração
paralela dos campos do poder-saber.
A terceira secção, Corpos e representações do feminino, começa com o texto de Paloma
Czapla pretende desnaturalizar o imaginário discursivo que lê determinados estereótipos
criados sobre os corpos femininos como o reflexo da biologia e discutir como foi historica-
mente construído. Joana Freitas examina a produção das pianistas Yuja Wang e Lola Asta-
nova, e a forma como a sua receção online contribui para a construção da ideia de música
clássica sexy. Debora Ricci, recorrendo ao contexto publicitário italiano atual caracterizado
por um processo constante de objetificação da mulher, analisa os primeiros cartazes publi-
citários, concebidos por importantes pintores das vanguardas artísticas europeias, e vai
até à exposição atual, profundamente violenta e degradada. No cinema português e brasi-
leiro, que se configura como um exercício potencial de autoanálise e de representação para
muitas mulheres, Ana Catarina Pereira estuda vários filmes de revisitação da memória fa-
miliar. Noemí González Carballés reflete sobre a sua própria história sexual-reprodutiva
com o propósito de debater e propor uma abordagem crítica que chama de ‘decisões repro-
INTRODUÇÃO
30. 28
ESTUDOS DE GÉNERO, FEMINISTAS E SOBRE AS MULHERES: REFLEXIVIDADE, RESISTÊNCIA E AÇÃO
dutivas’, a partir de uma noção menos biologizada da história sexual-reprodutiva, a fim de
chegar a um relato mais real da vida como mulher por meio de narrativas autobiográficas.
Joana Teixeira Ferraz da Silva e Fernando Bessa Ribeiro dão início à quarta secção deste
ebook, Feminilidades e Masculinidades, ao problematizar questões de género em articu-
lação com algumas dimensões da discussão em torno da habitação social, tendo como con-
texto de análise o bairro social das Andorinhas, localizado no concelho de Braga. María
Reyes Ferrer pretende, no seu texto, conhecer e analisar o modo como as escritoras têm
contribuído para a elaboração de um novo pensamento sobre a maternidade e sobre o pa-
pel da mãe. Joana Vidal Maia e Susana Santos analisam, a partir de uma discussão teórica
sobre discurso, histórias de vida e visibilidade mediada, como um conjunto de narrativas
no âmbito da campanha #EuVouContarnoBrasil que coordena elementos que dão forma a
uma estratégia discursiva operada na Internet em defesa da legalização do aborto. Ellen
Theodoro, Diana Maciel, Anália Torres, Dália Costa, Paula Campos Pinto, Bernardo Coelho
e Tânia Reigadinha realçam a necessidade da integração de uma perspetiva de género na
análise das causas mais frequentes da mortalidade de jovens, que penalizam mais os jovens
homens por adesão a uma masculinidade associada a comportamentos violentos e/ou de
risco. António Carlos de Oliveira e Luciana Moreira de Araújo discutem possíveis lógicas
que fundamentam conceções e práticas postas em curso em grupos reflexivos realizados
com homens autores de violência contra mulheres no Brasil. Fábio Anunciação e Carla Cruz
analisam os usos domésticos de ecrãs por rapazes e raparigas entre os dez e 12 anos, e a
forma como os pais gerem e percebem o consumo de media pelos seus filhos, através do re-
curso a grupos focais a dez pré-adolescentes de ambos os géneros e a entrevistas a pais/
mães.
A secção Políticas de Cidadania e Igualdade de Género compreende um conjunto de tex-
tos, versando sobre a análise de políticas de igualdade em contextos tão diversificados como
Portugal, Brasil, Cabo Verde e o Curdistão Iraquiano. O primeiro texto, da autoria de Ana
Lúcia Teixeira, Maria Helena Santos e Ana Espírito-Santo, traz-nos uma análise da imple-
mentação da Lei da Paridade em Portugal, destacando o sucesso desigual no cumprimento
da paridade, mais notório nas eleições legislativas e europeias, mas ainda pouco expres-
sivo nas eleições locais. Um segundo texto, de Aline Cardoso Nunes, explora os desafios
— e constrangimentos — de definição e mobilização do conceito de discriminação ilícita,
a partir da perspetiva do Direito. Ana Cristina Marques e Mamilan Hussein analisam os
progressos recentes no domínio das políticas de igualdade de género desenvolvidos pelo go-
verno regional curdo observando-os a partir do prisma da ordem de género, destacando o
seu papel num processo de construção da nação no Curdistão Iraquiano. Um quarto texto,
da autoria de Carla Carvalho, mantém o fio condutor de reflexão sobre o papel das políti-
cas de igualdade de género no processo de construção das nações, desta feita, discutindo os
progressos recentes nas políticas de igualdade de género em Cabo Verde, alicerçada numa
análise dos planos nacionais e municipais para a igualdade e combate à violência de género.
Também a partir de uma análise dos planos nacionais de igualdade e de combate à violência
doméstica, no texto seguinte, Ana Isabel Teixeira, Maria José Magalhães e Pedro Daniel
Ferreira, propõem-nos uma análise da forma como as políticas para a Igualdade de Género
têm configurado a atuação do sistema educativo e sobre o papel desempenhado pelas Orga-
31. 29
nizações da Sociedade Civil neste processo. Esta secção termina com um texto de Márith
Eiras Scot e Fernanda Insfran sobre a perceção e atuação da polícia militar sobre a Lei Maria
da Penha, de combate à violência doméstica, no Brasil.
A secção Igualdade de Género na Educação Escolar compila cinco capítulos, iniciando-
-se com um texto de Alexandra Cheira sobre a desconstrução de estereótipos de género em
contexto escolar, numa análise alicerçada na sua própria experiência de ensino ao nível do
ensino secundário, em Portugal. Os textos seguintes versam também sobre o caso de Portu-
gal, desta feita centrando-se no ensino superior. Primeiro, com um capítulo de Mónica Lo-
pes e Francisco Rodrigues, sobre a implementação de um projeto de mudança institucional,
discutindo os requisitos, fatores decisivos, possibilidades e limitações do mainstreaming de
género no ensino superior, a partir do caso de estudo da aplicação de um Plano para a Igual-
dade de Género numa universidade portuguesa. Rosemary Deem e Maria de Lourdes Ma-
chado-Taylor, por sua vez, exploram os desafios e dilemas metodológicos da investigação so-
bre igualdade de género no ensino superior em Portugal, apoiando-se numa análise crítica
da experiência desenvolvida com um projeto recente (Ge-HEI – Gender Equality in Higher
Education Institutions). Os textos seguintes alargam esta análise a um contexto internacio-
nal. O quarto texto, da autoria de Sérgio Silva Rêgo e Allene Carvalho Lage procura perce-
ber como se processam as formas de combate ao conservadorismo no sistema educativo da
América Latina, deixando pistas para a efetivação de um regime de educação não-sexista.
Num quinto e último texto, Maya Levin Schtulberg aborda o papel da educação sobre o pra-
zer no confronto com o sexismo e homofobia que frequentemente persiste nos processos de
educação sexual nas escolas, a partir de uma análise do contexto inglês.
A última secção, dedicada à Igualdade de Género no Trabalho e no Emprego, integra qua-
tro capítulos, iniciando-se com um texto de Noa de Lacerda, em que a autora apresenta e
discute a influência de fatores de género na escolha das especialidades médicas, em Portu-
gal, e o seu possível impacto na profissão e na interação entre profissionais de saúde e uten-
tes. Maria Helena Santos e Lígia Amâncio dão continuidade à discussão sobre segregação de
género no mercado de trabalho, procurando aferir alguns dos fatores que contribuem para
obstaculizar o acesso das mulheres a profissões qualificadas e a sua progressão profissio-
nal, mostrando a determinação da ideologia de género nos processos que contribuem para a
genderização do mérito e desigualdades nas profissões e carreira. O terceiro texto, de Clara
González Cragnolino, aborda, a partir de um estudo etnográfico das carreiras judiciais de
magistrados e magistradas, o duplo processo de construção do género e Estado no Poder
Judiciário de Córdoba, na Argentina. Por fim, o último capítulo, de Patrícia Von Der Way,
procura interrogar, a partir de uma perspetiva interseccional, os lugares ocupados pelas
mulheres negras no mercado de trabalho, no Brasil.
INTRODUÇÃO
35. 33
Histórias de Vida Entrelaçadas
com a Militância Antifascista
e Pelos Direitos das Mulheres
1.
Manuela Tavares
Resumo
Pouco se conhece sobre histórias de vida de mulheres, que nas décadas de 1960/70 entrelaçaram as
suas vidas com a luta antifascista e pelos direitos das mulheres em Portugal. Ao utilizar como metodo-
logia a recolha de retalhos de histórias de vida, pretende-se conhecer a forma como algumas mulheres
foram construindo as suas agências, caminhando da luta contra o regime para a luta pelos seus direi-
tos. Neste capítulo, centramo-nos em Helena Neves, Helena Pato e Luísa Amorim, três fundadoras do
Movimento Democrático de Mulheres, criado em 1968. Pretende-se refletir sobre a necessidade de um
movimento de mulheres por parte da oposição democrática e como foi possível fazer a ligação entre a
luta antifascista e a luta pelos direitos das mulheres.
Palavras-chave: Movimentos de Mulheres; Luta Antifascista; Histórias de Vida
Abstract
There is little knowledge about women’s life histories in the 1960s/70s, as well as their lives with an an-
ti-fascist struggle and women’s rights in Portugal. By using as a methodology the collection of pieces of
36. 34
I. MOVIMENTOS FEMINISTAS E ANTIFASCISTAS
life stories, it is intended to know the way some women have been building their agencies, moving from
the fight against the regime to the fight for their rights. In this chapter we focus on Helena Neves, He-
lena Pato and Luísa Amorim, three founders of the Democratic Women’s Movement, created in 1968. It
is intended to reflect on the need for a women’s movement by the democratic opposition and how it was
possible make the connection between the anti-fascist struggle and the struggle for women’s rights.
Keywords: Women’s Movements; Anti-Fascist Struggle; Life Stories
Introdução
Para o desenvolvimento da História dos Feminismos da segunda metade do século XX é de
fundamental importância a preservação da memória histórica das mulheres. A história
oral permitiu novos objetos de estudo, como o corpo e os quotidianos, estimulando um diá-
logo interdisciplinar com a sociologia, a antropologia e a psicologia. Trazer a voz de quem
ficou silenciado na história constitui um caminho epistemológico, um processo de produção
de ciência e não apenas uma forma de acrescentar novas fontes à investigação histórica.
Todo ato de memória é uma construção subjetiva do passado e como tal suscetível de
deformações. Deste modo, cada mulher acaba por refletir no seu discurso de construção
da memória os papéis sociais a que as mulheres foram destinadas. De facto, existe sempre
uma origem social da memória mesmo quando esta é individual. Na construção social da
memória, colocam-se questões relativas ao género, ao espaço e ao tempo do “não dito”, aos
conflitos entre o discurso coletivo dominante e as interpretações individuais do passado.
Tal implica que ao longo da investigação se possa fazer uma reflexão crítica sobre a memória
e que, através das fontes escritas, sejam aprofundados contextos sociais e políticos assim
como a precisão de datas dos acontecimentos relatados.
O recurso às histórias de vida e a outras fontes orais como entrevistas, recolha de con-
versas entre mulheres, testemunhos, trouxe a emergência de factos novos, não reproduzi-
dos nas fontes escritas, assim como novos campos de análise interdisciplinar para a histó-
ria, a antropologia, a sociologia, a psicologia, o direito e outras disciplinas. A utilização de
tais fontes permite, ainda, compreender melhor alguns documentos escritos e dar a palavra
à subjetividade das mulheres. Não é possível uma História dos Feminismos sem a memória
de mulheres de diversos setores sociais, etnias, idades, orientações sexuais, mais ou menos
envolvidas no ativismo, que são portadoras de um património histórico ainda desconhe-
cido. Os feminismos precisam de uma memória histórica. Construir essa memória é um
desafio político e historiográfico, tal como afirmava a historiadora Anne Cova, na sessão de
abertura do seminário evocativo do I Congresso Feminista e da Educação realizado em maio
de 2004 em Lisboa.
Nos feminismos a questão da memória é, de facto, fundamental por duas outras razões:
a história tradicional não abriu espaço para que as mulheres surgissem como sujeitos his-
tóricos; o eclodir dos movimentos feministas situa-se numa “história do tempo presente”,
para a qual a reconstituição da memória, o recurso a fontes orais e a fontes escritas de al-
guma especificidade são imprescindíveis (Tavares, 2011, p. 29). Também a investigadora
37. 35
1. HISTÓRIAS DE VIDA ENTRELAÇADAS COM A MILITÂNCIA ANTIFASCISTA E PELOS DIREITOS DAS MULHERES
galega Carmen Adán (2003, p. 79) acrescenta uma outra razão, ao referir que tornar visíveis
as mulheres na história, refletir sobre as suas experiências, devolver-lhes a palavra, fazer
ouvir as suas vozes, recuperar memórias silenciadas, se integra no movimento teórico “das
margens para o centro”, no qual se insere o feminismo, enquanto movimento político ao
pretender que as mulheres deixem de ocupar as margens da sociedade e se situem no centro
do conhecimento e da política. Segundo a historiadora Françoise Thébaud (2008 p. 11): “A
história oral e a história das mulheres constituem-se como acontecimentos paralelos nos
finais da década de 1960 e durante a década de 1970”.
Um novo patamar de afirmação da história dos feminismos e da história oral surge com
o interesse crescente por parte de historiadores/as pela descoberta de aspetos da vida quoti-
diana, em especial das mulheres, e pela relação entre representações públicas e individuais
do passado. A reflexão feminista sobre as questões metodológicas na história oral, ultra-
passando a celebração da experiência das mulheres para uma compreensão mais complexa
no campo da história oral, onde a análise, a interpretação e a compreensão dos contextos
sociais e culturais, deram maior consistência à intervenção feminista.
Se é certo que historiadores de renome fizeram as suas teses de doutoramento sem re-
curso a fontes orais, existe um conjunto de trabalhos de investigação onde as fontes orais
foram utilizadas e nomeadas. Segundo Luísa Tiago de Oliveira (2010), no seu artigo “Histó-
ria Oral em Portugal”[1]
, existem trabalhos de investigação como o de Paula Godinho sobre
“Memórias de resistência rural no Sul” (1958-1962) onde a “história oral é utilizada como
metodologia fundamental”. Este trabalho de Paula Godinho cruza com a história das mu-
lheres ou do género por via dos testemunhos de mulheres que foram presas e resistiram ao
regime de ditadura fascista.
Em termos de produção de conhecimento histórico, o desafio é grande. Não se trata ape-
nas de contestar o androcentrismo das fontes ou a busca de sujeitos históricos silenciados.
Quebrar a invisibilidade das mulheres na história é importante, mas não é suficiente fazer
ouvir as suas vozes. É preciso que essas vozes surjam como instrumentos de emancipação,
não só delas próprias no seu refazer crítico do passado, como também contribuam para uma
perspetiva histórica de reinterpretação dos factos e dos discursos dominantes.
Para além do momento de questionamento dos saberes dominantes, os estudos feminis-
tas, segundo Françoise Collin (2008, p. 43), devem ter momentos constitutivos de saberes
alternativos. Também a história das mulheres ou do género se tem de abrir aos diálogos
interdisciplinares, aos conhecimentos situados evitando generalizações que ocultam as di-
ferenças entre as mulheres em termos de classe social, etnia, regiões de pertença, sexuali-
dades e idade.
Para Gisela Bock (1989), as investigações sobre mulheres em história não se devem li-
mitar à busca de um objeto negligenciado, mas alargar-se para as relações negligenciadas
entre seres humanos. Estas relações sociais produzem-se em contextos culturais e sociais
diferentes e são marcadas pelos quotidianos, pela linguagem e por saberes pessoais que não
são valorizados pela ciência na sua postura mais ortodoxa. As histórias de vida permitem a
1. Revista Sociologia, Problemas e Práticas, n.º 63, 2010, pp. 139-156.
38. 36
I. MOVIMENTOS FEMINISTAS E ANTIFASCISTAS
emergência desses saberes alternativos, em especial por parte das mulheres, nas respostas
que estas acabam por dar perante situações diversas dos seus quotidianos.
Ainda, segundo Sofia Neves, “O conhecimento da realidade, que é sempre parcial e sub-
jetivo, depende do acesso às experiências individuais e coletivas, sendo este acesso viabili-
zado pela linguagem e influenciado pela interação entre investigadores/as e investigados/
as” (Neves, 2012, p. 74).
O trabalho em histórias de vida exige uma grande ligação à narradora da história, afirma
Maria José Magalhães, que da sua experiência metodológica e epistemológica nesta área
realça que o sujeito deixa de ser objeto de estudo para interagir com a própria investigação,
o que requer por parte de cada investigador/a a disponibilidade para poder redirecionar o
percurso da pesquisa (Magalhães, 2012, p. 27).
No estudo “Histórias de vida entrelaçadas com a militância antifascista e pelos direitos
das mulheres”, de que se apresentam apenas os resultados de uma primeira análise, preten-
de-se que a interação com a investigação seja de facto uma realidade, na medida em que as
mulheres que nos falam das suas vivências foram protagonistas de lutas contra regime de
ditadura e ao mesmo tempo fundadoras da única organização de mulheres que surgiu no
contexto de ditadura salazarista, após o encerramento compulsivo do Conselho Nacional
das Mulheres Portuguesas em 1947, o MDM (Movimento Democrático de Mulheres), for-
mado em 1968.
Este trabalho de investigação centra-se em Helena Neves e Helena Pato, duas das princi-
pais fundadoras do MDM. Pretende-se com este trabalho entender o tecido social e político
da época em que foi possível formar uma associação de mulheres em contexto de ditadura.
Pretende-se, ainda, obter algumas respostas a interrogações que se colocam tais como: até
que ponto a necessidade de um movimento de mulheres era algo entendido junto dos seto-
res da oposição e como era visto o feminismo; como era possível fazer a ligação entre a luta
antifascista e a luta pelos direitos das mulheres; que contradições de género foram surgindo
na sociedade e abordadas pelo movimento de mulheres, ainda antes do 25 de abril de 1974,
data da queda do regime de ditadura salazarista.
Nesta primeira fase do trabalho considerámos, ainda, notas biográficas de Luísa Amo-
rim[2]
, outra dirigente do MDM. Numa segunda fase, o trabalho de investigação será alar-
gado a outras fundadoras e dirigentes como Dulce Rebelo, Berta Monteiro, Ana Rosa Pardal,
Isabel Hernandez e Xica Velez.
1.1 A rebeldia e os primeiros envolvimentos políticos antes do 25 de Abril de 1974
Sem se conhecerem, naquela época — década de 1950 e primeira metade da década de 1960
—, Helena Pato, Helena Neves e Luísa Amorim, com diferentes origens sociais, tiveram tra-
jetos políticos semelhantes. E todas elas tiveram como ponto de encontro a formação do
MDM em 1968 e a pertença ao PCP.
Helena Pato tem origem numa família de tradições democráticas republicanas, do lado
do seu pai. O seu avô esteve ligado ao Reviralho e chegou a estar preso. A mãe teve as suas
origens em pequenos proprietários da Bairrada, sem nenhuma consciência política. Era
2. As notas biográficas foram retiradas do dossier Mulheres de Abril, esquerda net de 2 de maio de 2019.
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1. HISTÓRIAS DE VIDA ENTRELAÇADAS COM A MILITÂNCIA ANTIFASCISTA E PELOS DIREITOS DAS MULHERES
professora do ensino primário, católica e antifascista. O seu pai, regente agrícola, traba-
lhava na Estação Agronómica Nacional e, apesar da sua pouca atividade política, era um
convicto antifascista vigiado pela PIDE. Tinha dois irmãos gémeos e o quotidiano era orien-
tado por valores democráticos e cristãos. As dificuldades eram sentidas. Foram criados com
pouco, na roupa e na mesa. Os livros também não eram muitos, para além de alguns clássi-
cos, obras do Eça, Camus e Tolstói, mas havia toda a Biblioteca Cosmos. Reuniam-se todos, à
noite, na pequena salinha onde estudavam ou trabalhavam, aquecidos por uma salamandra
de briquetes.
Na família de Helena Neves cruzavam-se raízes proletárias com a nostalgia materna de
uma família burguesa arruinada. O avô paterno tinha sido anarquista. O seu pai era fun-
cionário da Fundação para a Alegria no Trabalho, FNAT, de índole fascizante e simpatizante
de Salazar. A mãe, professora primária, acabou por ceder às pressões do marido para deixar
a profissão e dedicar-se à casa e à família, como era defendido pela ideologia da ditadura.
Filha única, cresceu mimada, orientada para ser “uma menina bem-comportada”, sabendo
bordar, o que odiava, aprendendo a tocar piano. Aos 13 anos, foi em casa da sua professora
de piano que vislumbrou dois livros considerados inconvenientes: Na Cova dos Leões e Ser-
mões da Montanha, de Tomás da Fonseca, que leu e que a ajudaram no seu percurso de ateia,
rompendo com o hábito instituído pela sua bisavó Maria, que, viúva, passava muito tempo
na casa da família a rezar.
Luísa Amorim nasceu um ano depois de Helena Neves, em março de 1946. Filha de um
casal da pequena burguesia, com um pai que fez um percurso de merceeiro a pequeno em-
presário de uma fábrica de plásticos, ainda na década de 1950. Sendo um homem muito
simples, praticamente analfabeto, teve papel importante para que ela tirasse um curso e
pudesse “ser alguém”, mas que nunca se esquecesse de que a sua família era uma família
de dificuldades. Contava-lhe que a avó paterna tinha morrido de tuberculose por trabalhar
para sustentar os filhos, na medida em que o pai das cinco crianças, um agricultor minhoto,
nunca casou com ela devido ao seu estatuto social. Falava que, após a morte da mãe, teve de
ir trabalhar para uma mercearia, na sua terra natal, Monção, onde tinha um banquinho
para chegar ao balcão.
Helena Pato esteve envolvida nas lutas académicas de 1957/58 contra o Decreto-Lei
40900. Foi membro do MUD Juvenil (1956) e da Direção da Associação Académica da Fa-
culdade de Ciências (1962), altura em que entra para o PCP (Partido Comunista Português),
tendo saído em 1991. Quando chega à crise académica de 1962, já tinha passado pela colabo-
ração com a associação académica, num grupo de apoio à propaganda.
Nessa época, uma das experiências mais traumatizantes para Helena Pato foi relatada
no seu livro A noite mais longa de todas as noites (2018, pp. 130-131), quando da sua prisão pela
PIDE em 1967.
Comigo entalada entre dois PIDES seguimos viagem num dos carros. Passá-
vamos em frente à Igreja de S. João de Deus, quando um dos homens, que me
ladeavam, o da direita, pôs a mão sobre a minha perna. Era Verão, a saia usa-
va-se acima do joelho e eu não tinha meias. Dei-lhe prontamente um safanão,
mas o meu coração começou a bater apressadamente. De raiva. Acreditei que
o imbecil ficasse por ali, mas não. Insistiu no toque. (…) Lembro-me do nojo e
da gigantesca irritação perante aqueles energúmenos, da vontade de despir a