1. O documento descreve um projeto de pesquisa sobre o curta-metragem sobre a história dos trabalhadores da Feira da Manaus Moderna e do Porto da Manaus Moderna.
2. O objetivo é apresentar a história do local e os desafios enfrentados pelos trabalhadores, coletando depoimentos e analisando fatores históricos, sociais, econômicos e políticos.
3. Os estudantes irão realizar visitas ao local, gravar depoimentos, editar o curta-metragem e apresentá-lo como trabalho
DOCUMENTÁRIO CURTA METRAGEM – A IMPORTÂNCIA LOGÍSTICA DO PORTO MANAUS MODERNA PARA O ABASTECIMENTO DA FEIRA COL. JORGE TEIXEIRA
1. UNIVERSIDADE NILTON LINS
C.S. DE TECNOLOGIA EM LOGÍSTICA
DOCUMENTÁRIO CURTA METRAGEM – A IMPORTÂNCIA
LOGÍSTICA DO PORTO MANAUS MODERNA PARA O
ABASTECIMENTO DA FEIRA COL. JORGE TEIXEIRA
Manaus/AM
2016
2. ALINE OLIVEIRA PANTOJA
ANTÔNIO FELIPE BASTOS CARDOSO
BRUNA LALESSA DO CARMO PINTO
BRUNA DOS SANTOS OLIVEIRA
CRISLANE DA SILVA TAVARES
FRANCY VIANA DOS SANTOS
JAILSO FRANCISCO BATISTA ZAMBRANO
JOZE MARTHA PARENTE MENEZES
JULIANE FARIAS NOGUEIRA
LEONARDO FELIPE CASTILHO FEIJÓ
MARIANA DE OLIVEIRA BARROZO
VALDENIR DO NASCIMENTO ALVES
DOCUMENTÁRIO CURTA METRAGEM – A IMPORTÂNCIA
LOGÍSTICA DO PORTO MANAUS MODERNA PARA O
ABASTECIMENTO DA FEIRA COL. JORGE TEIXEIRA
Trabalho de pesquisa desenvolvido para a
obtenção da 2ª nota da disciplina Tópicos
Especiais em Logística I, ministrado pelo Professor
Luiz Cláudio para os acadêmicos do 3º período do
Curso Superior de Tecnologia em Logística,
Turma: LOG031 na Universidade Nilton Lins –
Campus Japiim.
Manaus/AM
2016
3. SUMÁRIO
1.JUSTIFICATIVA........................................................................................................5
2. OBJETIVOS.............................................................................................................6
2.1 GERAL...................................................................................................................6
2.2 ESPECÍFICOS.......................................................................................................6
3. METODOLOGIA......................................................................................................7
4. CONOGRAMA.........................................................................................................7
1a ETAPA (MÊS: Abril).................................................................................................7
2a ETAPA (MÊS: Maio).................................................................................................7
3a ETAPA (MÊS: Junho)..............................................................................................8
5. RECURSOS.............................................................................................................8
5.1 HUMANOS.............................................................................................................8
5.2 MATERIAIS............................................................................................................8
6. FINANCEIROS.........................................................................................................9
7. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA...............................................................................9
7.1 FATOR “HISTÓRICO”............................................................................................9
7.2 FATOR “SEGURANÇA NO TABALHO E HUMANO”...........................................14
7.3 FATOR “INFRAESTRUTURA”.............................................................................17
7.4 FATOR “GEOGRÁFICO”......................................................................................19
7.5 FATOR SOCIAL...................................................................................................20
7.6 FATOR POLÍTICO...............................................................................................25
7.6.1 A revitalização.................................................................................................25
4.7 FATOR ECONÔMICO..........................................................................................27
7.8 A LOGÍSTICA NO PORTO DA MANAUS MODERNA.........................................28
7.9 A FUNCIONALIDADE DAS BALSAS ATRACADAS NO PORTO DA MANAUS
MODERNA.................................................................................................................31
8. CONCLUSÃO........................................................................................................33
9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................................34
4. LISTA DE FIGURAS
Figura 1- FEIRA DA MANAUS MODERNA ANO 1990...............................................9
Figura 2- TRABALHADOR CARREGADOR DE BAGAGENS.................................14
FIGURA 3: Projeto de Revitalização da Manaus Moderna em 2014.....................17
Figura 4: LOCALIZAÇÃO DA FEIRA E PORTO DA MANAUS MODERNA............19
Figura 5: FEIRANTE..................................................................................................20
Figura 6: PROJETO DE REVITALIZAÇÃO DA ORLA DO PORTO DA MANAUS
MODERNA.................................................................................................................25
Figura 7: PORTO DA MANAUS MODERNA-“BALSA DO BOIZÃO”......................27
LISTA DE TABELAS
Tabela 1: CRONOGRAMA...........................................................................................7
Tabela 2: GASTOS......................................................................................................9
5. 5
1. JUSTIFICATIVA
O objetivo deste trabalho é apresentar algumas reflexões acerca do curta
metragem que vínhamos desenvolvendo junto aos trabalhadores da Feira da
Manaus Moderna na cidade de Manaus/AM. Neste projeto buscamos, a partir das
fontes orais, refletir e problematizar as vivências e experiências desses
trabalhadores na constituição das relações sociais urbanas em Manaus/AM. As
fontes orais são as principais fontes deste trabalho pelo fato de que na pesquisa, a
perspectiva que buscamos é a dos próprios trabalhadores, aliadas a nossa visão
geral e pesquisas sobre a vida destes trabalhadores, que sustentam principalmente
a primeira parte do estudo, bem como documentos oficiais como a legislação sobre
as feiras, mensagens e outros estudos realizados, procuramos desnudar as
contradições, sonhos, conquistas e derrotas vivenciadas no cotidiano desses
trabalhadores bem como suas relações com o trabalho, suas condições e conflitos,
enfim, as maneiras como se inserem ou intervém na cidade a partir das
interpretações deles. No primeiro momento procuramos refletir acerca do espaço da
Feira Manaus Moderna como um espaço de conflitos, mostrando que ela se situa
numa área constituída tradicionalmente por um comércio de gêneros alimentícios,
que a princípio eram realizados principalmente por ambulantes e pequenos
produtores que traziam dos interiores produtos agrícolas e pescados a serem
comercializadas na capital. Abordo a área percebendo como ela se configura em um
espaço de conflitos trazendo à tona as lutas por interesses diferentes que
constituem o próprio sentido da história. Assim, de um lado têm-se os interesses das
classes dominantes que na figura do poder público municipal busca conformar o
local de acordo com seus padrões estéticos e voltados para os interesses
financeiros e de outros diversos trabalhadores que lutam quotidianamente pela
sobrevivência e pelo direito de permanecerem naquele local, estabelecendo ali as
mais diversas relações, forjando modos de vida, ora resistindo às imposições do
poder público, ora se conformando a elas. No segundo momento procuramos
apontar os conflitos vivenciados pelos trabalhadores no âmbito da feira, seu
cotidiano, suas lutas, conquistas e derrotas, enfim seus modos de vida.
6. 6
2. OBJETIVOS
2.1 GERAL
Desenvolver um trabalho de pesquisa junto com um curta metragem, leitura e
análise descritiva, utilizando a linguagem fílmica, com os alunos do Curso Superior
de Tecnologia em Logística, da Universidade Nilton Lins – Campus Japiim, através
da realização do curta metragem, sobre a História dos Trabalhadores da Manaus
Moderna.
2.2 ESPECÍFICOS
- Realizar pesquisa, montagem e mostra de filmes em curta metragem na Feira da
Manaus Moderna.
- Proporcionar, o entendimento sobre os problemas sofrido pelos trabalhadores que
retiram seu sustento daquele local.
- Permitir que maior quantidade de alunos, professores e comunidade
escolar venham conheçam a História que está no dia-a-dia dos trabalhares e no
árduo trabalho exercido por eles, através do uso de curta metragem em salas de
aula;
- Estimular os professores e nós alunos a conhecer como é feito o abastecimento
dos produtos que consumimos e como é distribuídos por estes trabalhadores;
- Estimular as estruturas mentais, para que o aluno participe ativamente do processo
de ensino;
- Criam formas de trabalho pedagógico com estes recursos culturais.
- Fomentar entre os professores um maior envolvimento com o uso dos curtas
metragens em sala.
- Fazer rodas de conversa nas escolas e espaços onde houver mostra dos filmes
com diretores dos filmes e participantes;
- Realizar a exibição do nosso documentário.
7. 7
3. METODOLOGIA
O trabalho será desenvolvido na Universidade Nilton Lins do Campus – Japiim,
Respeitando as seguintes etapas:
4. CONOGRAMA
ABRIL MAIO JUNHO
1a ETAPA 2a ETAPA 3a ETAPA
Tabela 1: CRONOGRAMA
1a ETAPA (MÊS: Abril)
- Delimitação do tema do Curta Metragem;
- Reunião para planejamento da visita Técnica na Feira da Manaus Moderna;
- 1a Visita Técnica na Feira e Porto da Manaus Moderna, para coleta de dados;
- 2a Visita Técnica na Feira e Porto da Manaus Moderna, para coleta de dados;
- 3a Visita Técnica na Feira e Porto da Manaus Moderna, para coleta de dados.
2a ETAPA (MÊS: Maio)
- Pesquisa de Estúdios para edição dos vídeos;
- Escolha do Estúdio;
- Entrega do Material para Edição;
- 1a Edição – Corte dos vídeos;
- 2a Edição – Gravação dos Áudios;
- 3a Edição – Recebimento da Parcial do Curta Metragem;
- Apresentação da Parcial do Curta para o Professor na sala de aula;
- 4a Edição – Junção dos Vídeos e Edição Final.
8. 8
3a ETAPA (MÊS: Junho)
- Apresentação do Curta Metragem;
- Defesa do Curta Metragem;
- Entrega do Trabalho Escrito.
5. RECURSOS
5.1 HUMANOS
- Alunos;
- Professores (as);
- Coordenadores;
- Gestores;
- Carregadores de Bagagens;
- Permissionários;
- Editor de vídeo;
- Técnica de segurança no Trabalho.
5.2 MATERIAIS
- Carros;
- Celulares;
- Notebook;
- Bastão do Self;
- Studio de Edição;
- Data show, Som (caixa amplificada);
- Biblioteca;
- Livros “Para pesquisa”;
- Aparelhagem de som com microfone.
9. 9
6. FINANCEIROS
ITENS GASTOS
COMBUSTÍVEL R$ 120,00
STUDIO E EDIÇÃO DE
VÍDEOS R$ 200,00
ALIMENTAÇÃO R$ 150,00
IMPRESSÃO R$ 120,00
FOLDER R$ 120,00
CAMISAS R$ 240,00
TOTAL R$ 1.070,00
Tabela 2: GASTOS
7. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
7.1 FATOR “HISTÓRICO”
Figura 1- FEIRA DA MANAUS MODERNA ANO 1990 -- FONTE: HISTORIADOR LUIZ MAIA -
https://historiadorluizmaia.w ordpress.com/
A Feira Municipal Col. Jorge Teixeira existe, no mínimo, desde a década de 1970,
tem sua inauguração oficial datada de 1994. Popularmente conhecida como Feira da
Manaus Moderna, esta se consolidou na década de 1990 (Figura 1) como a mais
importante feira de Manaus. O papel atual da Feira da Manaus Moderna pode sofrer
grandes modificações com as novas políticas em torno do abastecimento. Nesse
10. 10
sentido, o objetivo desta pesquisa é analisar a importância atual da Feira Cel. Jorge
Teixeira no abastecimento de Manaus a partir da análise da abrangência de sua
rede comercial em relação às demais feiras e mercados municipais de Manaus. Os
aspectos da comercialização agrícola relativos a distribuição de alimentos em nível
de varejo tem sido estudados no Brasil sob o conceito de abastecimento. Poucos
são os estudos aprofundados quanto à estrutura e organização dos mercados, sobre
os equipamentos de comércio de alimentos e mais raros ainda os que se referem
aos mercados municipais.
Neste contexto as feiras se destacam pelo seu surpreendente desempenho no
abastecimento alimentar das cidades e na grande quantidade de empregos que
gera, absorvendo significativa parcela de mão de obra que vaga na maré
inconstante do desemprego. As feiras possuem uma função importante na vida
urbana e no desenvolvimento regional devido ao processo de comercialização e de
trocas inter-regionais. As feiras no Brasil foram uma herança do colonizador
português. As primeiras surgiram por volta do Século XVII sempre pela necessidade
de abastecimento alimentar e da comercialização do excedente produzido no
campo. Se caracterizam como uma das instituições mais antigas e primitivas as
feiras se originado, quando as pessoas se reuniam periodicamente em algum ponto
pré-determinado da cidade para vender seus produtos ou mesmo realizar trocas e
com o tempo, os números de pessoas foi aumentando e posteriormente com a
intervenção do governo. Surgiram no Brasil da forma como a conhecemos hoje
representando uma intervenção do poder público para minimizar as irregularidades
no abastecimento de alimentos. No caso da região amazônica, o abastecimento
possui características distintas de outras regiões como a sazonalidade peculiar de
seus rios. O preço médio dos produtos inatura nas cidades tem diferenças
substanciais com a sazonalidade, sendo estes responsáveis por 84% da variação do
custo média da cesta básica regionalizada do período de vazante para o de
enchente. Essa sazonalidade interfere diretamente na produção agrícola da região,
na utilização dos solos produtivos existentes: várzea e terra firme e nos preços dos
produtos. Essa característica do cultivo do solo na várzea e a terra firme aliado a um
sistema de transporte fluvial precário, em uma região onde os rios são as estradas,
torna distinta a análise do sistema de abastecimento das cidades do Amazonas.
Historicamente as feiras em Manaus se consolidaram próximas a orla e aos Portos
por onde eram escoadas as mercadorias para o abastecimento local e
11. 11
posteriormente próximas as rodovias BR174 e AM 010. Historicamente, as feiras se
consolidaram como uma crucial estrutura de abastecimento de alimentos das
cidades. A feira não se limita à realização de transações comerciais, nela, as
tradições locais são reproduzidas e valorizadas. Diante de modelos econômicos
promovedores de exclusão social, a feira produz muitas oportunidades de trabalho e
fomenta o desenvolvimento local. A complexidade do sistema de abastecimento e
comercialização agrícola se intensifica a medida em que o desenvolvimento
econômico tem lugar, em decorrência da libertação de mão de obra pelo setor
primário e sua transferência para os setores secundário e terciário da economia.
Historicamente as grandes feiras de Manaus surgiram no compasso do
desenvolvimento econômico da região. Em decorrência da implantação da Zona
Franca de Manaus com toda sua exclusão social e da ausência de políticas públicas
eficientes para fixar o homem no interior, Manaus sofreu uma explosão demográfica,
de 300 mil habitantes na década de 1970 para 1,5 milhões na década de 1990
tornando ainda mais complexo o abastecimento da capital amazonense. A partir do
início do século XIX as feiras no Brasil têm sido utilizadas como uma forma de sanar
o problema do abastecimento de alimentos. Destacar a figura do abastecimento no
poder público municipal é essencial para entender essa dinâmica em Manaus.
Quase todos os municípios do Amazonas têm secretaria de abastecimento. Com o
crescimento da cidade de Manaus e a criação da Região Metropolitana de Manaus
questiona-se o abastecimento alimentar da cidade. Segundo Gato (et al., 2008) a
política de abastecimento das cidades circunvizinhas a Manaus é voltado para suprir
a capital do Estado sendo inexistente uma política pública para o abastecimento
deles próprios. Este fato pode ser uma evidência da influência da política de
abastecimento da capital. A feira Coronel Jorge Teixeira surge da forma como a
conhecemos hoje em 1990 após intervenção do poder público em uma feira livre que
existia na área e tornou-se um bastante frequentado e importante centro de
comercialização de alimentos e o seu aparente caos esconde o cerne de uma
complexa rede de abastecimento. A feira conhecida hoje como Feira da Manaus
Moderna é uma das principais feiras que abastecem Manaus por ser o principal
entreposto entre a capital e as demais cidades do Amazonas. Atualmente Manaus
abriga 43 feiras legalizadas, instaladas em diversos bairros da cidade situando-se
em locais com características econômicas e sociais distintas, porém em sua maioria
concentrando-se ao sul de Manaus. O número de permissionários por feira é
12. 12
variável, de doze a quase mil. Estima-se que gere renda para aproximadamente
dezoito mil pessoas.
Os trabalhos de campo foram realizados em vários dias e horários escolhidos de
acordo com o movimento da feira onde se realizou entrevistas abertas com os
feirantes, lideranças sindicais e funcionários do poder público municipal que atuam
na administração da feira vinculados a Secretaria de Produção e Abastecimento de
Manaus – SEMPAB nos autorizaram e auxiliaram nas pesquisas. Além disso,
procedeu-se com a aplicação de questionários junto aos feirantes no entorno da
feira vinculados à Associação dos Táxis-frete da Feira Manaus Moderna
ASTAFMAN. Ainda foi realizado um croqui para representação espacial interna da
feira considerando a setorização por tipo de produto comercializado. Os feirantes
foram classificados pelos seguintes critérios que puderam destacados in loco: I. Nº
de boxes por estabelecimento II. Estrutura e equipamentos utilizados (refrigeração,
informatização, etc.) III. Tipo de produto comercializado IV. Tipo de comercialização
(atacado, varejo ou ambos) V. Volume de mercadorias.
O Resgate histórico da feira da Manaus Moderna no período áureo da economia
gomífera no Amazonas surge o Mercado Adolpho Lisboa, inaugurado no dia 15 de
julho de 1883. O mercado foi por algum tempo o principal responsável pelo
abastecimento de gêneros alimentícios em Manaus. As transformações ocorridas na
área central de Manaus, referência para o abastecimento, principalmente pela
construção de um Porto Flutuante, deslocou o comércio de alimentos para a área do
mercado e arredores. De igual modo, todo o pequeno comércio de gêneros
alimentícios vindos do interior foi deslocado, passando a ser comercializados na
praia do mercado e seu entorno. Toda a orla nas proximidades do Porto de Manaus
recebem produtos e realizavam transações comerciais. Com destaque para a Rua
Barão de são Domingos até a rampa ao lado do mercado Adolpho Lisboa e a
escadaria dos Remédios. A área permaneceu sem intervenções significativas do
poder público desde a construção do Porto Flutuante e consolidou-se como espaço
de abastecimento e como área de abrigo de uma população local e muitas vezes
vindas do interior e até mesmo de outros estados, que construíram ali suas casas
avançando inclusive para dentro do Rio Negro, dando origem à famosa Cidade
Flutuante. Desde a década de 1920 surgem flutuantes em Manaus. Mas somente
em 1967 o poder público e capitania dos portos somaram forças em uma campanha
ressaltando a insalubridade da cidade flutuante e encomendando estudos que
13. 13
comprovassem a necessidade de remover os moradores. Não podemos esquecer
que em 1967 é efetivada a Zona Franca de Manaus, criada em 1957. Portanto
remover os 4.100 habitantes da cidade flutuante fazia parte da necessidade de
limpar a frente da cidade transferindo seus moradores para as áreas periféricas. Em
12 de Agosto de 1980 os atacadistas que atuavam na feira tiveram garantida sua
transferência para a Feira da Panair que se localiza no bairro de Educandos. Já os
pequenos varejistas seriam distribuídos pelas feiras e mercados situados nas
adjacências. Muitos pequenos varejistas resistiram permanecendo no local, se não
morando, mas pelo menos trabalhando, com barracas de madeira, o que foi
aumentando ao longo de uma década. Apesar da resistência engendrada pelos
trabalhadores para permanecerem ali, cumprindo a ameaça, em novembro de 1991,
o prefeito Arthur Neto manda tocar fogo em tudo. Diante dessa grande tragédia
desencadeada pela prefeitura, muitos feirantes abandonaram o trabalho, outros
migraram para diferentes feiras da cidade, muitos foram para a Feira da Panair e
quando em Março de 1994 é inaugurada a feira Cel. Jorge Teixeira, a Manaus
Moderna, e alguns dos antigos feirantes retornaram. Segundo a Secretaria Municipal
de Produção e Abastecimento SEMPAB a feira Cel. Jorge Teixeira, conhecida como
Feira Manaus Moderna possui hoje uma área total de 8.251,84 m 2 e passou por
três reformas: 1996, 2000 e 2001. Possuindo 674 boxes, 240 bancas e 17 pedras.
Existe na feira várias atividades entre as quais a comercialização de pescado,
carnes, hortifrútis, laticínios etc. Com sua posição espacial estratégica e fruto de um
processo histórico a feira se consolidou como o maior centro de abastecimento de
Manaus. Devido a sua importância, logística e turística. A Articulação Regional via
Alimentação, a feira cel. Jorge Teixeira no contexto das Feiras e Mercados de
Manaus Segundo Santos (1979) a feira insere-se no circuito inferior da economia,
por ser evidenciada a restrição de sua área de abrangência. Porém, o
desenvolvimento das feiras é parte integrante do desenvolvimento capitalista, tendo
a sua existência, de um lado como escoadouro da produção rural e de outro, como
participante do processo de reprodução social por meio do consumo de produtos
necessitados por uma população produtora de mercadorias e não mais de seus
próprios meios de subsistência. As maiores feiras de Manaus surgiram após grandes
taxas de crescimento da população decorrente dos vários ciclos econômicos pelo
qual o Amazonas atravessou. Podemos dizer que as feiras em geral pertencem ao
circuito inferior da economia. O "circuito superior" engloba as atividades econômicas
14. 14
"modernas", voltadas para a acumulação de capital, como os grandes
conglomerados orientados pela economia globalizada; incorpora tecnologia de
ponta, emprega trabalhadores com nível de escolarização/qualificação elevado; as
atividades de comércio voltam-se para segmentos das classes média e alta. Por sua
vez, o "circuito inferior" orienta sua atividade para a população e economia locais; é
trabalho-intensivo utilizando tecnologia pouco sofisticada; os vínculos de trabalho
são precários em termos de proteção social; a atividade comercial dirige-se,
prioritariamente, para as camadas médias e populares e visa, também
prioritariamente, garantir a sobrevivência. Por ser hegemônico, o "circuito superior".
7.2 FATOR “SEGURANÇA NO TABALHO E HUMANO”
Figura 2- TRABALHADOR CARREGADOR DE BAGAGENS – FONTE: Da NASSAU--
http://w w w .efdeportes.com/efd181/atividade-de-transporte-de-carga-do-porto-de-manaus.htm
Historicamente a figura do trabalhador carregador de bagagens (Figura 2)
disputa o espaço de trabalho nos Portos de Manaus. Eles fazem parte, portanto, da
memória da cidade, no entanto, permanecem esquecidos sem sequer aparecerem
nas estatísticas dos trabalhadores informais amazonenses. Em um espaço sem
quase nenhuma infraestrutura pública, sujeitos aos fatores climáticos, físicos e
15. 15
químicos do ambiente, os carregadores de bagagens e cargas dividem o espaço do
Porto não apenas com outros trabalhadores, mas também, com a insalubridade do
local. Nesse cenário, tais trabalhadores têm, de maneira improvisada, que se
adequar a dinâmica da cheia e da seca dos rios e suas respectivas dificuldades,
tendo que carregar vários volumes além da capacidade estabelecida pelas Normas
Regulamentadoras. Aqueles indivíduos, sem ofício e sem trabalho, que chagavam a
Manaus por seus próprios meios e, que não se mostravam propensos a trabalhar
nos seringais, iam ser carregadores e estivadores no Porto de Manaus. Ao
observador desatento pode parecer que o trabalho do carregador de bagagens é
extremamente simples, baseado apenas na força física para o manuseio das cargas.
Importa então evidenciar que este trabalhador em seu cotidiano articula
conhecimentos construídos no exercício de seu trabalho, inserindo-se numa
complexa malha de relações com aqueles que dividem com ele o espaço do porto
vários carregadores, proprietários das balsas, comerciantes, passageiros, e mais
uma série de outras ramificações de trabalhadores que têm importância garantida
para a dinâmica deste Porto. Para se analisar as condições de trabalho dos
carregadores devem ser levados em considerações os seguintes fatores: condições
degradantes de trabalho, saúde, qualidade de vida a que estes sujeitos encontram-
se expostos, ocasionadas e/ou agravadas pelo transporte inadequado do peso por
entre as pontes dos barcos e as escadarias do Porto e, sobretudo, ao
condicionamento ao enorme esforço físico no qual se traduz o trabalho cotidiano.
Submetidos a periculosidade de um trabalho que ao menor descuido pode acarretar
acidentes que podem atingir não apenas a carga, mas, sobretudo o próprio
trabalhador e, inseridos no contexto adverso que caracteriza o mercado de trabalho
na atualidade, os carregadores de bagagens da Manaus Moderna estão sujeitos a
um trabalho sem nenhuma proteção social. Contudo, tal problemática nunca
apresentou muita visibilidade política e social, ficando secundarizada pelo poder
público. Não se trata aqui de romantizar a figura do carregador de bagagens como
um elemento típico da realidade amazônica, mas de mostrar que este também é
parte integrante da classe que vive do trabalho, uma vez que para Antunes (2005, p.
48-49) esta:
16. 16
“compreende a totalidade [...] de homens e mulheres que vivem da venda
de sua força de trabalho e são despossuídos dos meios de produção, não
tendo alternativa de sobrevivência senão a de vender sua força de
trabalho...”.
Para Martins (2000) “esse homem que luta para viver a vida de todo dia que
trabalha não só às margens dos rios, mas que vive à margem da história”, merece
ser colocado como pauta na agenda das políticas públicas e de
organização/reivindicação social, pois este universo de trabalho sem nenhuma
proteção trabalhista, sem ganhos fixos e em condições degradantes de trabalho
expressa o distanciamento do Estado, no qual estas pessoas não se sentem
representadas.
Cabe pontuar também, que apesar de a categoria existir desde a formação dos
Portos, ainda encontra-se desorganizada e desamparada quanto aos direitos.
Grande parte não usufruiu da modernização pela qual passou o Porto de Manaus
com a privatização no início de 2002. Sob a insígnia da eficiência, da produtividade e
da qualidade observou-se a privatização do antigo Roadway. No bojo desse
processo os carregadores foram organizados em categorias, dentre as quais apenas
os selecionados pelo sindicato poderiam atuar no novo Porto.
Assim, portanto, inúmeros carregadores foram obrigados a se deslocarem e
passaram a disputar no Porto da Manaus Moderna outro espaço de sobrevivência.
Tal processo favoreceu de forma mais intensa a reprodução do capital e não as
condições de sobrevivência e qualidade de vida das classes trabalhadoras que
cotidianamente construíram naquele espaço suas condições de sobrevivência,
podendo atuar naquele local somente os escolhidos pelo sindicato, o que aumentou
a concorrência no Porto da Manaus Moderna.
A presença dos carregadores é imprescindível para a dinâmica do Porto, uma
vez que são eles que levam a mercadoria dos passageiros e viajantes das ruas para
dentro dos barcos. Alguns impressionam pela força e destreza com que equilibram
os produtos transportados, disputando espaço com os vendedores ambulantes de
tudo quanto é tipo de mercadoria, que aproveitam a presença de milhares de
pessoas para oferecer uma infinidade de produtos: óculos de sol, doces, salgados,
frutas, biscoitos, panos de prato e de chão, rádios, fones de ouvido, DVD’s, redes
para dormir e mais uma série de artigos que sempre encontram sua utilidade na
hora da partida. E ainda existe o comércio feito pelos próprios passageiros, que
17. 17
adquirem os produtos na capital do Estado por preços mais em conta e os revendem
em suas cidades, fazendo dessas viagens um meio de sobrevivência.
7.3 FATOR “INFRAESTRUTURA”
FIGURA 3: Projeto de Revitalização da Manaus Moderna em 2014 - Fonte: Prefeitura Municipal de Manaus-AM/2014
Na verdade, desde os primeiros anos de planejamento e implantação
infraestruturais na orla do Porto da Manaus Moderna (Figura 3) pelo poder público,
se teve como objetivo maior, fiéis às diretrizes impostas pelo capital, à construção de
uma via de ligação estratégica entre a Estação Hidroviária de Manaus (antigo
Roadway) ao Pólo Industrial de Manaus. E ainda, desde as últimas décadas do
século XIX, em função da expansão da economia gomífera, que tornou necessário
dotar a cidade de uma infraestrutura portuária adaptada às necessidades das
configurações assumidas por Manaus enquanto entreposto comercial. Assim, a
modernização do Porto de Manaus foi realizada no mesmo momento em que estava
em marcha uma política governamental que previa a reestruturação e a
modernização dos Portos do país. Esta conexão rápida possibilitaria a redução de
custos através do eficiente escoamento de cargas pesadas e insumos via Avenida
Lourenço Braga. Contudo, hoje o que se vê no entorno da Manaus Moderna são
18. 18
filas de carros estacionados estrangulando o cruzamento das ruas estreitas. Sobre
este aspecto é importante ressaltar que as políticas de intervenção e modernização
da Estação Hidroviária foi uma exigência de adaptação do capital, enquanto o Porto
da Manaus Moderna continua relegado a segundo plano, evidenciando uma
segregação espacial que demarca um Porto “popular”. A orla do Porto da Manaus
Moderna é um território de inúmeras relações sociais. A realidade frenética dessas
relações chega a causar espanto a quem não está acostumado. Quem chega ao
mais movimentado Porto de Manaus, logo precisa se ajustar à correria de caixas e
engradados, de pessoas com malas, pacotes, de vendedores, de mudanças inteiras.
São verdureiros, peixeiros, fruteiros, barraqueiros e tarefeiros postados ou
circulando com mercadorias, caixotes e fardos no entorno da “Manaus Moderna”,
esbarrando nos transeuntes. Todos têm pressa de embarcar ou desembarcar suas
mercadorias nos porões das dezenas de barcos ancorados, que em breve vão partir
tendo o Rio Negro como sua estrada. As pessoas espremem-se num ambiente
caótico, sujo, com grande risco de acidentes no interior e fora dos barcos. No mais
movimentado Porto da capital amazonense, não é fácil decifrar a lógica dos valores
cobrados no embarque de produtos. As tarifas seguem uma ordem pouco
compreensível para quem está à margem desse universo que tem o Rio Negro como
via de acesso a centenas de cidades do norte do país. Todo o comércio entre essas
localidades depende de uma complicada matemática que dá preços a tudo que se
pode imaginar, sem que as cifras façam sentido para quem desconhece o mundo
das águas e dos porões dos barcos. Uma moto embarca por R$ 60,00. Um carneiro
pode ir por R$ 4,00. Cachorro com dono vai de graça. A dinâmica desse espaço,
assim como o cotidiano da vida amazônica, é determinada pelas condições naturais,
ou seja, pelo ecossistema da cheia e da vazante dos rios da Amazônia. Como diz
Pinheiro (1999, p. 31) “tanto a atividade portuária quanto o cotidiano da própria
cidade refletem o caráter sazonal da economia amazonense”.
19. 19
7.4 FATOR “GEOGRÁFICO”
Figura 4: LOCALIZAÇÃO DA FEIRA E PORTO DA MANAUS MODERNA – FONTE: Skyscraper City -
http://w w w .skyscrapercity.com/show thread.php?t=1345125&page=5
O Porto da Manaus Moderna está localizado na Zona Sul de Manaus, em um
local bastante estratégico (no Centro da cidade). Este Porto está localizado entre os
igarapés do Educandos e São Raimundo. Este aspecto geográfico é um importante
ponto estratégico para a circulação, acesso e comunicação entre aquele espaço e
os referidos igarapés. Ele está próximo aos mais importantes entrepostos da capital
amazonense, como a Feira da Panair e o secular Mercado Municipal Adolpho
Lisboa, tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional como
Patrimônio Histórico Nacional (IPHAN). Também está próximo a outro ancoradouro
da cidade, o antigo Roadway, construído no início do século XX para dar vazão à
riqueza da borracha. Tanto a localidade onde está situado como o Porto receberam
esta denominação na década de 80, no mandato do então governador Gilberto
Mestrinho, durante um projeto de urbanização que transformou a área em zona
portuária e de comércio. O projeto objetivava o melhoramento da fluidez do tráfego
de automóveis e cargas na área portuária de Manaus. O chamado Porto da Manaus
Moderna se resume a um muro de concreto e os ancoradouros são feitos por balsas
de propriedade particular. Hoje, verifica-se que a pretendida modernização não se
concretizou, pois a realidade do Porto da Manaus Moderna confronta-se diretamente
20. 20
com as novas instalações o antigo Porto de Manaus, agora da Estação Hidroviária
de Manaus, local oficial de embarque para destinos nacionais e internacionais.
7.5 FATOR SOCIAL
Figura 5: FEIRANTE – FONTE: Foto do Grupo 03.
A Organização Mundial de Saúde define qualidade de vida como a percepção do
indivíduo de sua posição na vida, no contexto da cultura e sistema de valores nos
quais ele vive e em relação aos seus objetivos, expectativas, padrões e
preocupações. Ao analisar os resultados referentes aos dados pessoais dos
feirantes (Figura 5) verificou-se maior prevalência do sexo feminino em relação ao
masculino. Além disso, observou-se um grande número de pessoas com 1° e o 2°
grau completo. Segundo o relato dos feirantes, a maioria trabalha entre 1 ano e 9
anos com feiras, trabalhando mais de 8 horas por dia e no mínimo 2 dias por
semana e sem intervalo para descanso. Semelhante ao estudo realizados ao
estudar a caracterização dos trabalhadores nas Feiras, segundo dados, 26% dos
feirantes trabalham aproximadamente à 10 anos; 22% à 10 anos; 21% à 5 anos;
17% à 3 anos e, os demais, 13% à 1 ano.
21. 21
Já é evidente que a extensão da carga horária laboral, jornada de trabalho acima
dos padrões estabelecidos pode causar danos ao trabalhador. Desta forma, criou-se
em 23/11/1990 a Norma Regulamentadora NR-17, esta preconiza que a organização
do trabalho deve ser adequada às características psicológicas dos trabalhadores e a
natureza do trabalho a ser executado. A organização do trabalho deve levar em
consideração, o ritmo de trabalho, o conteúdo de tarefas e a determinação do
conteúdo de tempo. Nas atividades que exijam sobrecarga muscular estática ou
dinâmica dos membros inferiores, superiores e da coluna, deve-se incluir atividades
preventivas e pausas para descanso. Desta forma, sugere-se que os feirantes para
cada hora trabalhada tenham uma pausa de 10 minutos e nessas pausas realizem
atividades preventivas como a cinesioterapia laboral, alongamentos e fortalecimento.
Os fatores de adoecimento relacionados à organização do trabalho em geral se
associam as condições ou agentes de risco ergonômicos.
Segundo os resultados obtidos, a maioria dos feirantes relatou sentir dores de
origem musculoesquelética. A maioria deles relata sentir dores em mais de um local,
enquanto os demais relatam sentir dores em apenas um local do corpo. Na
distribuição de dor, os locais mais acometidos foram as pernas, a coluna lombar, os
pés e os membros superiores. Estas aparecem no fim do dia e acometem a mais de
um ano a maioria dos feirantes. Segundo os resultados pode-se sugerir que alguns
fatores puderam contribuir para o desencadeamento destas algias, pode-se citar, por
exemplo, a manutenção da posição ortostática, o sobrepeso, a ausência de preparo
físico. Todos estes fatores acarretam em sobrecarga das estruturas corporais
resultando nas algias.
Segundo os resultados obtidos na atual pesquisa, 8% dos feirantes já tiveram
que se ausentar do trabalho decorrente dos problemas e algias de origem
musculoesquelética.
A ausência do funcionário no emprego pode trazer uma série de problemas tanto
para ele como para o empregador. Os dias de trabalho perdidos por acidentes de
trabalho representam um total de 509.062 dias. Ainda foi verificado que os ramos de
alimentação, comércio e alojamento foram os mais propensos a ocorrer o
afastamento. Os resultados do atual trabalho demonstram que a maioria dos
feirantes permanece na postura em pé quando estão na feira, os outros 45%
permanecem sentados e pouquíssimos intercalam na postura em pé e sentado. É
evidente que o trabalhador que permanece na postura em pé durante toda jornada
22. 22
de trabalho, tem um número maior de grupos musculares atuando contra a
gravidade, este sentirá maior desconforto e dor, e poderá acionar precocemente o
mecanismo de fadiga orgânica.
A qualidade de vida no trabalho assimila duas posições antagônicas, por um
lado, a reivindicação dos empregados quanto ao bem-estar e satisfação no trabalho
e de outro o interesse das organizações quanto aos efeitos potenciais sobre a
produtividade e qualidade. Segundo os pesquisadores 66,87% dos pesquisados
apresentaram um alto grau de satisfação com a qualidade de vida no trabalho
oferecido pela empresa, e 33,12% demonstraram algum grau de insatisfação. Ao
avaliar os resultados obtidos nesta pesquisa, pode-se perceber que o alto índice de
acometimento de dor apresentado, está relacionado possivelmente com os
movimentos realizados, sobrecarga do trabalho e a falta de atividades físicas.
A dor e os distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho são responsáveis
pela maior parte dos afastamentos do trabalho e pelos custos com pagamentos de
indenizações, tanto no Brasil como na maior parte dos países industrializados. Além
disso, os resultados indicam que 16% dos feirantes utilizam analgésicos e outros
10% foram submetidos a sessões de fisioterapia para alívio das dores. De acordo
com a Associação Brasileira das Indústrias Farmacêuticas (ABIFARMA), existe uma
crescente preocupação dos profissionais da saúde, uma vez que cerca de 80
milhões de pessoas são adeptas a automedicação, uma vez que na maioria das
vezes o não-cumprimento da obrigatoriedade da apresentação da receita médica e a
carência de informação ou ainda a falta de instrução na população possibilitam este
ato. Os prejuízos mais frequentes decorrentes da automedicação incluem, entre
outros, os gastos supérfluos, o atraso no diagnóstico e na terapêutica adequados, as
reações adversas ou alérgicas e as intoxicações. Alguns efeitos adversos
permanecem mascarados, enquanto outros se confundem com os da doença que
motivou o consumo e desencadeiam novos problemas, sendo que os mais graves
podem levar o paciente à internação hospitalar ou à morte. Conforme os resultados
obtidos, 33% dos feirantes apresentam atividades físicas no seu tempo de lazer. As
atividades de lazer, estão associadas à destruição da rotina e são caracterizadas
pelo “descontrole controlado” diante das restrições dos impulsos e das emoções.
Estas atividades proporcionam ao indivíduo oportunidades para vivenciar
experiências que normalmente são alheias a setores altamente rotineiros da vida
social e que precisam de um ambiente próprio ou situações especiais para que
23. 23
sejam aprovadas socialmente. A grande maioria dos feirantes relatou produzir as
próprias mercadorias, o restante compra e revende a mercadoria. Os resultados
obtidos do total de entrevistas, 82% dos produtos vendidos são de fabricação própria
e somente 18% a terceirizam. A partir dos dados, percebe-se que a maioria dos
vendedores fabrica os seus próprios, o que corrobora com os números sobre
empregos diretos e indiretos. Sobre o transporte utilizado por eles, verificou-se que
os feirantes utilizam o transporte próprio para chegarem ao local da feira. Entretanto,
outro autor que também realizou uma pesquisa com trabalhadores informais,
verificou que estes adquirem seus produtos de atacadistas, representantes e, até
mesmo, de camelôs. Desta forma, os feirantes da atual pesquisa têm maior
sobrecarga osteomuscular, uma vez que, além de comercializarem também
produzem. Quanto à alimentação pode-se constatar que 50% dos feirantes
consomem marmitex caseiro, 29% “fastfood” e os restantes 21% em marmitex
comercial. Não foram encontrados na literatura resultados referentes a esta
temática. Contudo, uma das sugestões apontadas para melhoramento das
condições de vida destes é referente à alimentação. A maioria dos feirantes realiza
mais de uma feira por semana. É sabido que o trabalho excessivo pode gerar o
estresse e consequentemente a fadiga, as dores músculo esqueléticas e a fadiga.
Os resultados apresentados apontam que a maioria dos feirantes possuem uma
carga horária dupla de trabalho, sendo que trabalham na feira e em casa realizam as
atividades domésticas. Não foram encontrados trabalhos referentes a esta
temática.A maioria dos feirantes não pratica atividade física regular. A prática de
atividade física possibilita uma redução do risco de desenvolvimento de diversas
doenças crônicas. A prática da atividade física regular (6 a 7 dias na semana), em
intensidades moderadas, de forma contínua, previne doenças ocupacionais.
De acordo com os resultados obtidos na atual pesquisa, a maioria dos feirantes cita
como principais dificuldades no trabalho a alimentação, a ventilação, o ruído, a falta
de armários para guardar mercadorias, a ausência de intervalo de descanso e de
cadeiras adequadas, o bebedor mais perto, ambiente mais higiênico, mais conforto,
falta de umidificador, sala de descanso, cadeiras e ainda relatam que o
estacionamento não é gratuito para os feirantes. A Norma Regulamentadora 17
dispõe que, sempre que o trabalho puder ser executado na posição sentada, o posto
de trabalho deve ser planejado ou adaptado para esta posição (os assentos
utilizados nos postos de trabalho devem atender aos seguintes requisitos mínimos
24. 24
de conforto: altura ajustável à estatura do trabalhador e à natureza da função
exercida; características de pouca ou nenhuma conformação na base do assento;
borda frontal arredondada; encosto com forma levemente adaptada ao corpo para
proteção da região lombar), para as atividades em que os trabalhos devam ser
realizados de pé, devem ser colocados assentos para descanso em locais em que
possam ser utilizados por todos os trabalhadores durante as pausas, o nível de ruído
aceitável para efeito de conforto será de até 65 dB e a curva de avaliação de ruído
(NC) de valor não superior a 60 dB e devem ser incluídas pausas para descanso.
Com relação à qualidade de vida dos trabalhadores avaliados, o presente estudo
mostrou que na maioria das dimensões do questionário de qualidade de vida estes
obtiveram boas médias gerais, sendo todas acima de 50. Após analisar a média dos
domínios, as que apresentaram melhores valores foram a Capacidade Funcional, a
Limitação por Aspectos Emocionais e a Saúde Mental, respectivamente. Já as
dimensões com os menores valores foram os aspectos do Estado Geral de Saúde,
Limitações por Aspectos Emocionais e Dor, todas estas com médias menores que
63. Possivelmente estes resultados podem estar relacionados com o desgaste
diário, que estes feirantes estão submetidos, tanto na atividade profissional (como
levantar objetos, ficar por um tempo prolongado trabalhando na posição em pé e
andar muito durante o dia). Os domínios, Estado Geral de Saúde e Limitação por
Aspectos Emocionais apresentam os menores valores médios, representando que
estes funcionários necessitam de avaliações e consultas clínicas que identifiquem os
fatores que estejam interferindo nestes domínios. Como sugestões para melhorar a
qualidade do trabalho dos participantes algumas medidas podem ser implantadas:
apresentação de palestras para orientar posturas que devem ser adotadas durante o
trabalho, avaliação ergonômica do posto de trabalho, com a inclusão da
cinesioterapia laboral, a fim de minimizar ou ainda evitar as dores apresentadas por
estes feirantes. Ao analisar de modo geral os resultados, pode-se constatar que os
feirantes têm uma boa qualidade de vida no trabalho, sendo a maioria dos domínios
avaliados a pontuação foi superior a 50. Quanto ao estado geral de saúde e a
limitação por aspectos emocionais, sugere-se que estes feirantes façam uma
avaliação clínica para identificar os fatores que estão deficientes. Dos feirantes
avaliados 71% apresentaram elevada ocorrência de sintomas musculoesqueléticos,
sendo as regiões mais acometidas as pernas e a coluna lombar. Para minimizar as
queixas, sugere-se que os feirantes façam pausas, participem de palestras
25. 25
educativas que orientem quanto as posturas que devem ser adotadas durante o
trabalho, além da necessidade de uma avaliação ergonômica do posto de trabalho,
inclusão da cinesioterapia laboral.
7.6 FATOR POLÍTICO
A importância do Porto, dentre todos os outros da cidade, é importante perceber
que o Porto da Manaus Moderna é um território estratégico, pois este é o elo que
alimenta reciprocamente a cidade de Manaus e o interior do Estado. De um lado
têm-se o abastecimento do comercio local, através da variada produção das
localidades da região que transportam para cá, através dos barcos e sua vasta
produção. Do outro lado, têm-se essas mesmas localidades que “importam” para lá,
gêneros que lá não se fabricam. A maioria dos comerciantes do interior do Estado
tem viagem semanal certa para a capital do Amazonas, quando levam ou
encomendam através dos barcos os produtos comercializados no interior.
7.6.1 A revitalização:
Figura 6: PROJETO DE REVITALIZAÇÃO DA ORLA DO PORTO DA MANAUS MODERNA – FONTE: Blog da Floresta -
http://w w w .blogdafloresta.com.br/implurb-reafirma-condicionantes-para-obra-do-porto-da-manaus-moderna/
26. 26
O Projeto de revitalização da orla do Porto da Manaus Moderna (Figura 6),
orçado em R$ 250 milhões, prevê a construção de um terminal portuário no Rio
Negro até a foz do Igarapé do Educandos, com 1.300 metros de atracadouro, desde
a saída do Porto de Manaus, em frente ao Mercado Adolpho Lisboa.
O novo Porto Manaus Moderna proporcionará maior conforto a todos os usuários
e, principalmente a segurança dos passageiros e carregadores, promovendo
também uma maior circulação de renda e geração de empregos.
O projeto contempla a implantação das seguintes atividades e estruturas:
Sistema em módulo, formado por pontes e flutuante, sendo 1 módulo exclusivo para
os passageiros e 2 módulos para cargas, Extensão de atracação nos flutuantes de
quase um quilômetro e meio (1.440m) , Estacionamentos com 80 vagas externas
para veículos leves, 65 vagas internas para veículos leves e 57 internas para
caminhões, Terminal de passageiros com cerca de 1.700m2 , Pátios de Carga com
quase 3.000m2, Guaritas de controle de acesso, Sanitários, salas de espera e
lanchonetes, Salas de administração e de fiscalização e controle. As obras estão
previstas para estarem concluídas em 24 meses e estão previstos 1.500 postos de
trabalho diretos. Em 1950, quando foi iniciada a feira da Escadaria do Remédio,
símbolo do êxodo rural provocada pela Zona Franca de Manaus onde se tem como
um cartão postal mais na realidade um lugar praticamente desfavorecido do poder
público. Na época a Feira da Escadaria do Remédios levou o nome por causa da
Igreja Nossa senhora do Remédio e a Escadaria que as pessoas desciam para os
barcos. Com o passar do tempo o poder público mudou para Feira Manaus
moderna, esse Projeto “Manaus Moderna” foi do Governador Gilberto Mestrinho a
finalidade de modernizar a orla de Manaus. Ainda em 1991 o Prefeito Arthur neto
queria desativar a feira para ai sim modernizar a orla. Com a precariedade da feira, o
prefeito Arthur Virgílio Neto foi ao local, fazer o anúncio de um projeto de R$ 950 mil.
O valor parece muito, mas não é. Dá para fazer, no máximo, uma pequena reforma
no local. A secretaria de comunicação da prefeitura distribui o projeto para o
conhecimento público. “O projeto contempla a recuperação de todo o pavimento
asfáltico, a implantação de iluminação LED, novo mobiliário urbano, boxes, faixas
para pedestres com ponto de travessia elevado, sinalizações horizontais e verticais,
restauração das calçadas com espaço mais amplo para passeio, instalação de
guarda-corpo, entre outras melhorias na infraestrutura da orla”. Como o próprio
27. 27
nome do local sugere, a nova feira deveria ter uma arquitetura moderna onde hoje
temos um lugar centenário.
4.7 FATOR ECONÔMICO
Figura 7: PORTO DA MANAUS MODERNA-“BALSA DO BOIZÃO” FONTE: Site BRASIL 247-
http://w w w .brasil247.com/pt/247/amazonas247/127037/MPF-apura-ilegalidades-no-Porto-da-Manaus-Moderna.htm
O Porto da Manaus Moderna é maior ponto da cidade de Manaus em embarque
e desembarque de passageiros e cargas para o interior. Ele é responsável pelo
abastecimento de produtos para a Feira Col. George Teixeira e o escoamento da
produção agrícola vinda do interior. Aproximadamente 5 mil pessoas utilizam o Porto
da Manaus Moderna semanalmente, partindo ou chegando em 600 embarcações
regionais, segundo a Capitania Fluvial da Amazônia Ocidental. Pelo menos duas
balsas, a do “Boizão” e “Amarela”, recebem os barcos regionais. Como alternativa
ao ordenamento do Porto da Manaus Moderna, o MPF sugere a implantação de uma
instalação portuária pública de pequeno porte, a ser gerenciada pelo Departamento
Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit). O promotor Rafael da Silva Rocha
destaca, na abertura do inquérito civil, que o porto dá suporte ao abastecimento de
produtos da Feira da Col. George Teixeira, Feira da Banana e Mercado Adolpho
Lisboa, além do grande fluxo de embarque e desembarque de mercadorias e
transporte de passageiros, "tudo de forma desorganizada e sem qualquer controle
público".o MP-AM apurou que as balsas ancoradas na Manaus Moderna
abrigavam lanchonetes e outros tipos de comércio, causando danos
ambientais, urbanísticos e paisagísticos devido a operação irregular. O
MP-AM também observou que as precárias condições de higiene no local
28. 28
contribuem para a poluição das águas da orla do Rio Negro, além de
oferecerem risco às pessoas que consomem os alimentos ali manipulados
e comercializados. A falta de um porto amplo e moderno na capital do
Amazonas comprometeu por muitos anos a economia da região. Dentre as
constantes lamentações governamentais, repetiu-se, por muitos anos, a
falta de condições de serviços de embarque e desembarque de
mercadorias em Manaus, cujo sistema era rudimentar e muito deficiente,
pois a cidade não dispunha de um porto devidamente equipado,
recorrendo-se com frequência ao porto de Belém para escoar grande parte
da produção extrativa que era exportada. Esta situação, além de produzir
grandes prejuízos ao comércio local, afetava também a receita do cofre
estadual. Durante o período provincial, e mesmo nos dez primeiros anos
da República, os administradores mencionavam abras e reparos de
rampas e trapiches no litoral da cidade; no entanto, estas obras não
superavam definitivamente os velhos problemas, principalmente no
período de seca, quando o rio Negro baixava o seu nível sensivelmente,
impedindo que os barcos aportassem nas rampas. As obras executadas
naquela época não tinham estrutura nem porte para solucionar os
problemas de embarque e armazenamento de mercadorias com segurança
e eficiência.
7.8 A LOGÍSTICA NO PORTO DA MANAUS MODERNA
O Porto da Manaus Moderna foi construído em meados do século XX, localizado
na orla fluvial da cidade de Manaus, próximo ao Mercado Municipal Adolpho Lisboa,
e também próximo ao Roadway, encontra-se em um Ponto bastante estratégico bem
no centro da cidade, é um dos Portos mais importantes para o embarque e
desembarque de cargas e passageiros, e o ponto de partida e de destino da
navegação dos barcos conhecidos como recreios ou regionais.
29. 29
As embarcações ficam ancoradas nas balsas de propriedade particular, mas essa
infraestrutura é precária em todo seu entorno. As embarcações que atracam no
Porto da Manaus Moderna são geralmente de médio e pequeno porte, a principal
característica dessas embarcações é o fato de transportarem passageiros e cargas
ao mesmo tempo.
No Porto da Manaus Moderna foi possível constatar que o mesmo é
caracterizado pela infraestrutura precária, prejudicando as atividades portuárias;
existe um fluxo intenso de carregadores, passageiros e comerciantes que dividem o
mesmo espaço no Porto, sujeitos ao mesmo baixo nível de segurança.
O Porto é um local de entrada e saída de pessoas que chegam e que vão para o
interior do Amazonas, pessoas que seguem para a capital Manaus, levando sua
produção regional (macaxeira, banana, farinha, laranja etc.), que irá abastecer as
feiras e mercados da cidade, os comerciantes que vão a Manaus fazer suas
compras utilizam o Porto da Manaus Moderna também para embarcar mercadorias
compradas na capital, que irão abastecer as mercearias localizadas em várias
partes da região, mas apesar de tantas dificuldades, o interiorano da região sempre
buscou os meios e formas de transportar o que produz de acordo com a criatividade
de cada um, usando os mais variados tipos de embarcações ao seu dispor,
subordinando-se aos perigos dos rios.
É importante compreender como funciona essa interação com os donos dos
barcos, de um lado ocorre o abastecimento do comércio local com produtos
regionais, do outro lado realiza-se o envio de produtos de vários gêneros que lá não
são produzidos. Muitas vezes os próprios comerciantes atacadistas de Manaus
embarcam as mercadorias encomendadas, as quais seguem para outros municípios
utilizando esse Porto, pois, além de ser estrategicamente bem localizado, as taxas
cobradas são mais baixas, diferentemente das taxas cobradas para as embarcações
ancoradas no Porto Roadway.
A maioria dos passageiros prefere o Porto da Manaus Moderna para embarque
desembarque de passageiros e cargas. Um dos fatores a ser considerado é o preço
cobrado pelas passagens nas embarcações que atracam nesse Porto, geralmente
as passagens são vendidas pelos agenciadores que ficam na orla do Porto, ou
podem ser compradas diretamente com os armadores (donos dos barcos). Outro
fator é a facilidade no embarque de cargas e de passageiros, que é feito com mais
30. 30
agilidade e não tem cobrança de taxas pelo volume da carga, por isso explica-se
esse intenso fluxo de passageiros e cargas.
Em visita ao Porto da Manaus Moderna pode-se observar a ausência dos
equipamentos de transporte e de movimentação de cargas, sem esses
equipamentos os esforços dos carregadores para transportar as cargas durante o
embarque e o desembarque são maiores, verificou-se também que a rampa de
acesso às embarcações é bastante escorregadia, podendo causar vários acidentes
de trabalho. Para que a logística de serviços de transporte de passageiros funcione
com eficiência, há necessidade de investimentos em equipamentos de segurança,
sem esses investimentos, esse Porto que é tão necessário para o escoamento de
mercadorias e transporte de passageiros continuará em situação delicada.
O desenvolvimento logístico nesse Porto só irá acontecer quando existir uma
ação conjunta de todos os participantes, governo, proprietários de balsas e donos de
embarcações, pois existe um grande gargalo nesse desenvolvimento que é o alto
custo logístico.
Conforme explica Barbosa (2013, p.149). “Os altos custos logísticos na Amazônia
indicam a necessidade de políticas estaduais e municipais nas áreas da construção
naval, de estruturas portuárias e de vias fluviais. A ausência de clareza nas decisões
dos poderes públicos nessas áreas impede os investimentos privados mais
significativos, em razão da baixa expectativa de retorno do capital a ser investido na
área. Em relação à ampliação de Portos já existentes e a construção de novos
Portos, tecnologicamente adequados para a logística na Amazônia, a estrutura
portuária deve ser pensada como um empreendimento gerador de crescimento
econômico”.
A dificuldade de utilização desse Porto, por falta de infraestrutura, reflete-se na
organização atual no embarque e desembarque de cargas e passageiros, onde
ficam evidentes a desordem, a insegurança, a infraestrutura inadequada e a falta de
manutenção das balsas disponíveis no Porto da Manaus Moderna.
Dessa forma, fica claro, a importância da manutenção, preservação e
investimento nesse Porto, que é caracterizado pelo caos urbano e falta de
infraestrutura que dificulta o desenvolvimento econômico prejudicando o direito de ir
e vir da população.
31. 31
7.9 A FUNCIONALIDADE DAS BALSAS ATRACADAS NO PORTO DA
MANAUS MODERNA
O Porto da Manaus Moderna é composto por três balsas atracadas para o acesso
às embarcações; essas balsas são conhecidas popularmente como “Balsa Amarela
ou do Pescado”, “Balsa do Boizão” e “Balsa do Produtor”, para que as balsas fiquem
atracadas nesse Porto é preciso que os seus proprietários paguem um valor
referente ao licenciamento das mesmas junto à Capitania dos Portos.
As balsas funcionam como cais, onde circulam pessoas, vendedores de verduras,
ambulantes e carregadores, sobre essas balsas também existem pequenos
comércios, lanches e pequenas barracas de venda de alimentos. Como essas
balsas são de propriedade privada, cobra-se uma taxa de cada usuário que utiliza o
espaço para exercer suas atividades comerciais; dos comerciantes é cobrada a taxa
semanal; dos carregadores de bagagens é cobrada uma taxa diária, pagando essa
taxa eles têm acesso às embarcações. No entanto, os barcos que atracam nas
balsas, pagam um determinado valor, de acordo com o tamanho das embarcações,
o valor cobrado da diária varia de R$ 40,00 (quarenta reais) a R$ 250,00 (duzentos e
cinquenta reais).
Existe uma grande movimentação de embarcações nas balsas do Porto da
Manaus Moderna, originárias de vários municípios do Amazonas, um intenso fluxo
de passageiros que preferem embarcar nesse Porto, onde os preços das passagens
são mais baixos, e onde não se paga taxas por limites de bagagens. Essas três
balsas servem de atracadouros para os barcos regionais, de casco de madeira.
Nesses barcos de viagens acontecem embarque e desembarque de passageiros e
cargas, utilizando as balsas como ligação entre as embarcações e a terra firme.
Cada embarcação costuma utilizar o mesmo local junto à balsa; dependendo do
município de origem dos barcos, já existe a balsa certa para aportar e assim a sua
localização torna-se mais facilitada.
O fato de existir uma intensa movimentação de barcos, passageiros, comerciantes
e carregadores que pagam por usar o espaço para desempenharem suas atividades
comerciais, logo, é correto afirmar que existe um lucro significativo com as taxas
cobradas. Esse lucro, segundo os administradores das balsas, é revertido para a
32. 32
manutenção das mesmas (CODE, 2011). Entretanto, pode-se observar que as
estruturas das balsas encontram-se enferrujadas; as pranchas de madeiras erguidas
para dar acesso à terra firme são precárias; em uma das balsas observam-se os fios
de energia elétrica expostos, podendo causar acidentes graves, porque o fluxo de
pessoas é muito intenso naquele local.
As balsas atracadas no Porto da Manaus Moderna têm a função de interligar as
embarcações à terra firme, servem como ponte e porto flutuantes, na vazante e na
cheia do Rio Negro, as balsas acompanham o nível das águas e continuam nas
suas funções.
33. 33
8. CONCLUSÃO
A construção do processo de aprendizagem neste trabalho surge com a interação
do saber com a realidade. A dinâmica da aprendizagem é relacional, ou seja, o
saber científico deve encontrar aporte na realidade próxima do teórico, onde o
mesmo se apropria e recria tal conhecimento nesse contexto.
A visita que ocorreu em um espaço como a Feira Col. Jorge Teixeira e o Porto
Manaus Moderna destaca a necessidade de reconhecer o meio de pesquisa,
postulando uma base de investigação, onde todos trabalhadores foram ouvidos e
entendidos como parceiros no processo ensino-aprendizagem.
Assim, a construção desse documentário se deu, fundamentalmente, na
perspectiva que visou uma maior participação dos trabalhadores, pessoas técnicas
que nos orientaram e onde são construtores de um conhecimento. E ainda, o
processo de todo o trabalho se deu por finalidade uma importante experiência
prática, que futuramente irá nos frutificar em nossa carreira profissional.
34. 34
9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ABRAMOVAY, R. Conselhos além dos limites. Estudos Avançados, São Paulo,
SP, v. 15, n.43, 2001.
ASSIS, R. L. de. Desenvolvimento rural sustentável no Brasil: perspectivas a partir
da integração de ações públicas e privadas com base na agroecologia. Economia
Aplicada, Ribeirão Preto, SP, v.10, n. 1, 2006.
BRANDENBURG, A. Sócio-ambientalismo e novos atores na agricultura. In:
CALZAVARA,O.; Lima, R.de O. (Org.). Brasil rural contemporâneo: estratégias
para um desenvolvimento rural de inclusão. Londrina, PR: Eduel, 2004. p. 253-277.
COÊLHO, J.D.; PINHEIRO, J.C.V. Grau de organização entre os feirantes e
problemas por eles enfrentados nas feiras livres de Cascavel e de Ocara, no Ceará.
In: CONGRESSO DE ECONOMIA E SOCIOLOGIA RURAL - SOBER, 47, 2009,
Porto Alegre: Anais... Porto Alegre: SOBER, 2009.
CAMPANHOLA, C.; VALARINI, P J.A agricultura orgânica e seu potencial para o
pequeno agricultor. Cadernos de Ciência e Tecnologia, Brasília, DF, v. 18, n.3, p.
69-101, set./dez. 2001.
CAMAGO FILHO, W.P. de. CAMARGO, F.P.de.; CAMARGO, A.M.M.P. de.; ALVES,
H.S.Algumas considerações sobre a construção da cadeia de produtos orgânicos.
Informações Econômicas, SP, v.34, n.2, fev. 2004.
COLLA, C.; STADUTO, J.A.R.S.; JÚNIOR, W.F.da R.; RINALDI, R.N.A Escolha da
feira livre como canal de distribuição para produtos da Agricultura Familiar de
Cascavel - PR. In: CONGRESSO DE ECONOMIA E SOCIOLOGIA RURAL -
SOBER, 45, 2007, Londrina: Anais... Londrina: SOBER, 2007.
35. 35
COSTA, M. dos S.; SILVA, M. da.; FEIDEN, A.; CAMPOLIN, A. I.Perfil
socioeconômico de feirantes brasileiros e bolivianos que comercializam hortaliças
folhosas em feiras-livres no município fronteiriço Corumbá-Brasil/Bolívia. Revista
Brasileira de Agroecologia ,Mato Grosso do Sul, MS,v. 3,n. 1, suplemento
especial, 2008.
COUTINHO, E.P.; NEVES, H.C. da N.; NEVES, H.C. da N.; SILVA, E.M.G. das feiras
livres do brejo paraibano: crise e perspectivas. In: CONGRESSO DE ECONOMIA E
SOCIOLOGIA RURAL - SOBER, 44, 2006, Fortaleza: Anais... Fortaleza: SOBER,
2006.
SILVA FILHO ,C. F. da. Mercado varejista: um estudo das feiras livres no município
de Campinas – SP. Cadernos da FACECA, Campinas, SP, v. 12, n. 2, p. 35-51,
jul./dez. 2003 GODOY, I.W.; ANJOS, F.S. dos. A importância das feiras livres
ecológicas: um espaço de trocas e saberes da economia local. Revista Brasileira
de Agroecologia, v.2, n.1, fev. 2007a.
GODOY, W.I.; ANJOS, F.S. dos.O perfil dos feirantes ecológicos de Pelotas-RS.
Revista Brasileira de Agroecologia, v.2, n.1, fev. 2007b.
JESUS, G.M. de. O lugar da feira livre na grande cidade capitalista: conflito,
mudança e persistência. Rio de Janeiro, RJ: 1964 –1988. Originalmente
apresentada como dissertação de mestrado, Instituto de Geociências da
Universidade Federal do Rio de Janeiro, 1991.
LEITE, L.A.P.; JÚNIOR, S.S.; SANTOS, J.E.; THEODORO, V.C.A.; LIMA, L.C. Perfil
socioeconômico dos comerciantes de espécies hortícolas da Feira Central de
Cáceres/MT/Brasil. Horticultura Brasileira, v. 26, n. 2, jul-ago. 2008.
BUAINAIN, A. M.; BATALHA, M.O. Cadeia produtiva de produtos orgânicos.
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Secretaria de Política Agrícola,
Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura. Brasília, DF: Série
Agronegócios, 108p. 2007.