O documento descreve um grupo de jogadores evangélicos do Vitória que se reúnem periodicamente para orar e falar sobre Deus. O grupo é liderado por Renato Cajá, Washington Rufino e Flávio Tanajura e busca trazer paz e união espiritual para o elenco e comissão técnica. Além de rezar pelos colegas de time, o grupo também dissemina a fé cristã no clube.
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“Entregamos a vida a Cristo e dis-
seminamos a palavra de Deus. Nas
reuniões, sempre acontecem coisas
diferentes, pois Deus nos surpreende a
cada encontro”. A declaração do meia
Renato Cajá explica a essência do movi-
mento evangélico entre os jogadores do
VITÓRIA, que acontece na Concentração
Vidigal Guimarães e busca levar união e
conforto espiritual para todo o grupo.
Lideradas atualmente por Cajá, pelo
preparador de goleiros Washington
Rufino e pelo dirigente e ex-ídolo do
Leão Flávio Tanajura, as reuniões são
realizadas desde os anos 90 e, nesta
temporada, começaram ainda em ja-
neiro, com o atacante Marcelo Nicá-
cio - que não integra mais o elenco.
Além dos evangélicos Cajá, Nino Para-
íba, Gabriel Paulista, Mansur, Marcos,
Maxi Biancucchi e Luiz Alberto, muitos
outros jogadores, a exemplo de Edson
Magal e Marquinos, e membros da co-
missão técnica participam.
Cajá explica que os encontros são
para glorificar a Deus e orar pelo clu-
be, para que o ambiente seja
harmônico e cheio de paz.
“Nas orações, colocamos sem-
pre todos os jogadores, comissão
técnica e funcionários”, diz. “A opor-
tunidade de falar do grande amor de
Deus em nosso ambiente é um motivo
de felicidade muito grande. Temos um
grupo bastante abençoado e tivemos
a grata felicidade de ter o presidente
Alexi Portela em um dos encontros”,
salienta o camisa 10 rubro-negro, que
é evangélico desde 2003.
Conversão
No VITÓRIA desde 2009, Nino Pa-
raíba conta que desde que chegou
tem participado dos encontros e que
em maio se converteu definitivamente
ao Evangelho. “A cada reunião, desde
2009, sentia que Deus tocava no meu
coração e estava me chamando. Ago-
ra, tive a felicidade de aceitar Jesus”,
celebra o lateral. “A nossa relação com
Deus tem proporcionado uma união
muito grande no elenco. Desde quando
cheguei, o grupo mais unido que já vi é
esse. Maravilhoso. Não faz diferença se
um entra no time no lugar do outro.Isso
é uma equipe forte”.
Homens de fé
Grupo de jogadores evangélicos se reúne periodicamente na toca
para falar de Deus e disseminar a fé cristã no ambiente do VITÓRIA
Evangélico desde 2003,
Renato Cajá é um dos
líderes do movimento
Cristão da Toca
Por Yordan Bosco e fotos de André Bernard
Foto:FelipeOliveira
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análise
Maurício Naiberg - Jornalista
Muito prazer, Maxi!
Muitos o conheciam por seu primo
famoso que atua no poderoso Barce-
lona: Lionel Messi, melhor jogador do
mundo em três oportunidades (2010,
2011 e 2012). Mas seu alto rendi-
mento desde o início da temporada já
o credenciou a ter sua própria iden-
tidade: Maximiliano Ariel Biancucchi
Cuccittini ou, simplesmente, para nós
rubro-negros, Maxi.
Considerado um andarilho do futebol,
Maxi já passou por diversos clubes em
sua carreira e a última impressão dei-
xada por ele no futebol brasileiro não foi
nada boa. No Flamengo, onde ficou por
dois anos, pouco fez e deixou a Gávea
sob forte crítica da exigente torcida ca-
rioca. Os motivos? Não sabemos, mas,
sinceramente? Pouco importa agora.
Talvez por conta desse período no
Rio Janeiro, a torcida do Leão tenha
ficado um pouco desconfiada da sua
chegada. Algo normal, até porque não
acompanhávamos de perto o Campe-
onato Paraguaio, onde ele estava antes
de desembarcar em Salvador – defen-
dia o Olímpia.Admito que também temi
por essa contratação, porém, aos pou-
cos, ele tem ‘queimado’ nossa língua.
Confirmado como nova aquisição ru-
bro-negra em janeiro deste ano, o joga-
dor argentino tem se mostrado essencial
para o esquema tático do técnico Caio
Júnior. Além da sua velocidade – princi-
pal característica – sua doação em cam-
po é algo a se destacar.Poucos atletas se
mostram tão responsáveis quanto ele e
isso é bem característico dos hermanos.
Os mais antigos me param nas ruas e
lançam o seguinte elogio:“Maxi joga como
um antigo ponta”. Quase não vi um ‘pon-
ta’ clássico atuar, mas, se o gringo tiver a
mesma característica – e uma qualidade
parecida – de grandes nomes do nosso
futebol que fizeram história nesta extinta
posição,já fico satisfeito e esperançoso.
Sabe quando um nome se encaixa no
perfil de um treinador? Isso aconteceu
com ele no sistema montado por Caio,
que lhe deu liberdade suficiente para
atacar e fazer gols. O mais interessante
é a variação ofensiva que seu futebol
passa à equipe, abrindo espaços para
Renato Cajá, Escudero e seu compa-
nheiro de ataque, Dinei, que também
vive um grande momento.
Não sei se ainda é cedo para falar nisso,
mas gostaria de vê-lo vestindo a camisa
da seleção argentina. Acre-
dito que o Campeonato
Brasileiro seja uma referên-
cia positiva nesse sentindo.
Maxi tem atuado em um
nível elevado, despertado
o interesse de outras agre-
miações e faz o que muitos
jogadores da sua posição
não estão fazendo:gols.
Seu estilo arrojado e
dinâmico me faz lembrar
alguns jogadores que pas-
saram pelo Leão há alguns
anos,como o saudosoAlex
Alves. Quem não lembra
das arrancadas do nosso
capoeirista na década de
90? Claro que tenho ple-
na consciência do que representou Alex
para os rubro-negros e não quero fazer
comparações, mas Maxi pode criar esse
vínculo positivo com o clube se mantiver
a sequência e a dedicação que vem de-
monstrando diariamente.
É importante ressaltar também que
a regularidade do baixinho passa segu-
rança ao torcedor. Isso é fundamental,
pois Caio Júnior, que confiou em seu
potencial desde sua chegada à capital
baiana, sabe que pode contar com um
ele a qualquer momento de um jogo. É
aquela velha história: o jogador diferen-
ciado resolve quando menos se espera.
Se ele será ídolo, só o tempo vai dizer,
mas caminha para isso.Fica a minha torci-
da para que sua evolução seja ainda maior
até o fim da temporada e que sua estada
naToca do Leão não seja temporária.Esse
é o meu desejo e de grande parte dos ru-
bro-negros apaixonados que sonham com
grandes glórias ainda em 2013.
Os mais antigos me param
nas ruas e lançam o seguinte
elogio:‘Maxi joga como um
antigo ponta’. Quase não vi
um ‘ponta’ clássico atuar,
mas, se o gringo tiver a
mesma característica – e
uma qualidade parecida – de
grandes nomes do nosso
futebol que fizeram história
nesta extinta posição, já fico
satisfeito e esperançoso.”
Foto:MaxHaack
na linha
Busca pela paz
Pastor da Igreja Sal da Terra, em
Cajazeiras, Washington Rufino au-
xilia os jogadores no ministério da
Toca. Nas Divisões de Base desde
2004 e promovido a treinador de
goleiros do profissional este ano,
Rufino diz que os encontros têm
trazido paz e equilíbrio aos jogado-
res, não só nas relações dentro do
clube, mas na vida familiar e pesso-
al. “A palavra de Deus diz que a paz
que ele oferece o mundo não pode
dar. Então, não vamos achar paz
neste mundo de caos. Buscamos
falar e ensinar os conceitos bíbli-
cos, que estão sendo corrompidos
e deturpados neste mundo”.
Precursores
O atacante nigeriano Rick, ídolo
dos anos 80 e figura presente no
clube no decorrer dos anos, foi um
dos precursores das reuniões evan-
gelísticas no ambiente do VITÓRIA.
Foi através dele que Flávio Tanajura
se converteu, em 1994. “Fizemos
parte de um grupo de atletas de
Cristo, que se reuniam em Salvador
na Pituba, em um Hotel chamado
Paulus”, explica. Os meias Geovani
e Lúcio Flávio, que saíram do VITÓ-
RIA em 2012, foram as principais
influências do atual grupo. Edu-
ardo Paulista, Wallace, Anderson
Martins, Elson, Roberto e o goleiro
Douglas também fizeram parte do
grupo de jogadores evangélicos que
passaram pelo Leão.
Para Gabriel Paulista, “as reuni-
ões são importantes porque, além
de conhecer cada vez mais a pala-
vra de Deus, a gente pode propagá-
-la para nossa família e para alguns
amigos. Para o grupo é importante.
No início, tinham reuniões com três
pessoas e agora tem encontro que
o quarto fica lotado e nem cabe
todo mundo. A gente fica feliz com
isso”, comemora.
Grupo ora pelos jogadores, pela
comissão técnica e para os demais
funcionários do VITÓRIA
Por Yordan Bosco e fotos de André Bernard