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DIÁRIO DE BORDO
Marco Aurélio Bicalho de Abreu Chagas
0
DIÁRIO DE BORDO
Marco Aurélio Bicalho de Abreu Chagas
1
DIÁRIO DE BORDO
Marco Aurélio Bicalho de Abreu Chagas
2
“Relatos de episódios da vida psicológica,
retratando movimentos mentais
experimentados e percebidos, à luz de
conhecimentos transcendentes, transmitidos e
ensinados por um Mestre de Sabedoria.”
*
DIÁRIO DE BORDO
Marco Aurélio Bicalho de Abreu Chagas
3
O contido neste DIÁRIO DE BORDO foi
inspirado em anotações de cadernos de
vivências do Autor, aplicando a seguinte
orientação dada pelo Capitão: “É conveniente
escreveres, em ordenadas anotações, as
impressões recolhidas, assim, como as
apreciações sobre o que observares
diariamente, visto que depois haverão de
servir para formulares a ti mesmo valorosas
reflexões.” (Bases para Tua Conduta, p.16/3,
de Carlos Bernardo González Pecotche).
*
DIÁRIO DE BORDO
Marco Aurélio Bicalho de Abreu Chagas
4
DIÁRIO DE BORDODIÁRIO DE BORDODIÁRIO DE BORDODIÁRIO DE BORDO
2014
DIÁRIO DE BORDO
Marco Aurélio Bicalho de Abreu Chagas
5
Para meu saudoso pai, Hermínio,
minha querida mãe, Adalgisa,
amada e saudosa esposa, Maria
Elizabeth, e adorados filhos,
Fabrício e André, com todo o meu
amor, carinho e afeto...
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6
Copyright© Marco Aurélio Bicalho de Abreu Chagas
Capa:
1ª edição
(2014)
Todos os direitos reservados.
Nenhuma parte desta edição pode
ser utilizada ou reproduzida - em qualquer meio ou
forma,
nem apropriada e estocada sem a expressa
autorização de Marco Aurélio Bicalho de Abreu Chagas
Chagas, MarcoAurélio Bicalho de Abreu Chagas
DIÁRIO DE BORDO. Marco Aurélio Bicalho de Abreu
Chagas. Belo Horizonte, MG: 85 p.14x20 cm.
ISBN
1. Literatura brasileira – Brasil. I. Título. II. Série.
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7
“Às vezes não sei o que faço
nas folhas do meu caderno,
mas toda linha que traço
são linhas do meu interno.”
(GRITINAS)
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8
INTRODUÇÃO
Eu me vi num ancião sentando
em uma cadeira com os olhos fixos no
horizonte e com um grande livro aberto
em seu colo. Por vezes lia, interrompia
a leitura, elevava a cabeça e voltava a
fixar a visão no infinito.
A leitura daquele livro que era em
realidade um diário de bordo o fazia
rememorar as inúmeras viagens que
empreendera juntamente com o
Capitão de uma barca que sulcava os
mares rumo ao chamado “Pais dos
Sonhos”.
Certa vez fora convidado a
conhecer essa barca sendo muito
DIÁRIO DE BORDO
Marco Aurélio Bicalho de Abreu Chagas
9
jovem. Esteve ali. Ouviu histórias sobre
as viagens que empreendia o Capitão
com os seus tripulantes a lugares que
atraiam a muitos interessados em ver e
sentir outras paragens e lugares.
Percorreu as dependências
daquela embarcação e se encontrou
com muitos outros jovens como ele que
já se preparavam para fazer parte
daquela tribulação e que logo
empreenderiam uma longa viagem,
uma “jornada” como eles a chamavam.
Manifestou, então, o seu interesse
em fazer parte integrante daquela
tripulação. Inscreveu-se e se preparou
para ingressar.
Alguns meses depois recebeu o
esperado convite de que seria aceito
como tripulante da nau. Em
inesquecível e memorável solenidade
DIÁRIO DE BORDO
Marco Aurélio Bicalho de Abreu Chagas
10
firmou em presença de alguns
tripulantes o seu compromisso de fazer
parte daqueles que iriam partir a mais
uma jornada incursionando em regiões
desconhecidas para aquele neófito que
estava sendo recebido calorosamente.
Aquele velho “marujo” como se
sentia em seu âmago, embora tivesse
alcançado alguns postos de direção,
avidamente folheava aquele diário e se
detinha numa ou noutra página.
*
As primeiras excursões
percorriam lugares nunca vistos.
Impressionava-se com todos os relatos
daqueles que já haviam alcançado
alguns elementos que o ajudavam a
compreender o que viam e ouviam.
O entusiasmo era cada vez mais
intenso e a alegria dominava a todos.
DIÁRIO DE BORDO
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11
Sentiam-se guiados e desfrutavam
intensamente das maravilhas da
paisagem exuberante que imperava em
algumas localidades.
O tempo era bem aproveitado e o
que aprendia o jovem tripulante servia
para conduzi-lo equilibradamente em
suas tarefas diárias e em nada
prejudicavam as suas obrigações de
estudante, filho e cidadão.
O mundo que se descortinava à
vista do novel marujo era totalmente
desconhecido para ele, os
pensamentos que ali viviam eram de
outra índole e o convidavam a praticar
uma conduta mais a tom com suas
aspirações de ser melhor e de fazer o
bem.
Os demais tripulantes que faziam
parte daquele grupo de jovens
DIÁRIO DE BORDO
Marco Aurélio Bicalho de Abreu Chagas
12
colaboravam, participavam ativamente
das tarefas encomendadas pelos
maiores e se dedicavam com afinco e
responsabilidade aos misteres que
envolviam o preparo para novas e
importantes jornadas que os prepararia
para novas incursões em regiões cada
vez mais longuinquas.
Uns ajudavam os outros e cada
um se empenhava em realizar o que o
Capitão ensinava e lhes era transmitido
em reuniões em que intercambiavam
temas de interesse em sua etapa de
jovens.
*
DIÁRIO DE BORDO
Marco Aurélio Bicalho de Abreu Chagas
13
CAPÍTULO I
O mar, por vezes revolto, em
outros instantes calmo e sereno.
Os problemas que a vida nos
apresenta, refletia, contribuem em
muito para promover inúmeros
movimentos mentais durante o dia.
Observei hoje, escrevia, que
internamente estava mais sereno, ao
contrário de ontem e anteontem, em
que me vi agitado, tentando solucionar
questões que têm que esperar um
tempo. Entendi, então, que tenho que
cultivar a paciência inteligente, cuidar
de outras coisas e esperar a
oportunidade para solucionar alguns
desses problemas.
DIÁRIO DE BORDO
Marco Aurélio Bicalho de Abreu Chagas
14
Há problemas que têm que ser
solucionados, resolvidos por parte, sem
apuro.
Ontem, a irritabilidade esteve
presente no cenário interno, entretanto,
ocupou um espaço de tempo pequeno,
mas provocou um desgaste mental e
físico, refletido no cansaço.
Quais os movimentos mentais
ocorridos durante o dia?
Ansiedade para realizar o que me
havia proposto para o dia. Entretanto,
em vários momentos da execução do
trabalho me vi interrompido e ao
perceber que não teria mais tempo para
dar continuidade ao que havia iniciado,
devendo adiar a tarefa, experimentei
internamente uma sensação de
incumprimento e impotência. Afinal de
contas, não conseguiria cumprir com o
DIÁRIO DE BORDO
Marco Aurélio Bicalho de Abreu Chagas
15
planejado, apesar das interferências
externas, alheias ao meu controle.
As atividades profissionais
propiciam variados movimentos
internos. Ora sou levado a enfrentar a
crítica, ou melhor, o exame crítico de
meu trabalho ou ponto de vista, em
outros momentos devo conter minha
impulsividade ou irritabilidade diante de
uma observação alheia, adversa ou
contrária ao meu pensar ou modo de
ver as coisas.
Em outras circunstâncias, devo
com humildade ouvir pareceres
contrários aos meus. Ou permitir que
meu trabalho seja apreciado por outros
que, muitas vezes, não têm os
conhecimentos específicos para fazer
uma crítica construtiva.
*
DIÁRIO DE BORDO
Marco Aurélio Bicalho de Abreu Chagas
16
CAPÍTULO II
O cultivo do mundo interno é uma
das tarefas mais edificantes e ao
mesmo tempo uma das mais difíceis de
se realizar.
Com o auxílio do método
instituído pelo Capitão da barca elas se
tornam realizáveis, porque contamos
com o exemplo e a ajuda de outros que
se encontram nessa tarefa, nesse
empreendimento que sem o trabalho
em equipe seria utópico.
A viagem ao mundo interno é uma
viagem ao país dos sonhos. Um sonho
que pode se tornar realidade com o
empenho individual.
DIÁRIO DE BORDO
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17
Muito já andei nesse caminho do
conhecimento de si mesmo, mas me
sinto ainda nos começos. Às vezes
invade algum pensamento em minha
mente querendo me convencer de que
o empreendimento é impossível.
Depois de um trecho no andar há
o risco de se adotar um “modus
vivendi”. Tudo corre bem. As arestas
estão aparadas. Há um acomodamento
interno. E alguns pensamentos estão
sob controle. E não passa disso.
Há, entretanto, uma inquietude:
preciso avançar. Caminhar além.
Realizar mais. Superar o estágio atual.
Sair desse marasmo! Como? De que
meios me valer?
Uma conclusão a que cheguei
hoje foi a de que, em equipe, com a
ajuda de outros poderei impulsionar a
DIÁRIO DE BORDO
Marco Aurélio Bicalho de Abreu Chagas
18
realização individual e romper de vez
com esse tal “modus vivendi”.
Ainda não me conheço. Há muito
que tenho que aprender.
A ilustração contida nas
instruções do Capitão é razoável em
relação há alguns anos atrás, mas não
basta. E preciso realizar e o esforço em
superar o até aqui alcançado. Muito em
relação ao que eu tinha quando me
aproximei da barca, mas ínfimo em
comparação ao que tenho que realizar.
Ainda me vejo muito apegado às
coisas materiais, às atividades
correntes e preocupações das coisas
da alma.
As faculdades da minha
inteligência cumprem satisfatoriamente
a sua função.
DIÁRIO DE BORDO
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19
Eu as manejo para o meu bem?
Sou dono e senhor dos
pensamentos que se alojaram em
minha mente?
Criei algum pensamento? Quais
os que adotei? Eles me servem em
meus propósitos de evolução? Ou
ainda sou escravo deles?
Não estou satisfeito com o estado
interno em que me encontro. Sinto que
tenho que me empenhar para dar um
passo além nessa cruzada do alto
conhecimento.
*
DIÁRIO DE BORDO
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20
CAPÍTULO III
O curso dos anos me faz deparar
com situações inesperadas e em
momento algum imaginadas.
Sinto que devo estar preparado
para tudo nesta vida, pois é difícil
programar e prever tudo o que pode me
acontecer ou viver.
O certo é que devo ser e me
manter fiel aos meus princípios morais
e espirituais, cultivados nesses anos de
vida.
Os pensamentos circulam no
mundo numa velocidade vertiginosa,
alterando, constantemente, a face das
coisas e promovendo muitas
mudanças.
DIÁRIO DE BORDO
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21
Coisas que nunca poderia
imaginar que pudessem acontecer
comigo estão aí e me surpreendem,
obrigando-me a me manter atento, ágil
e predisposto a superar as situações
desagradáveis que podem e advêm
delas.
Tenho que seguir o guia que
escolhi para prosseguir nesta jornada
aqui nesta terra.
E o que o guia está me dizendo?
Qual o caminho que me está
indicando? Sigo fielmente suas
orientações, instruções e sugestões?
Não posso me prescindir delas,
sob pena de desviar do caminho
escolhido.
Os desafios na vida, com o
passar dos anos se intensificam e me
vejo testado a todo o momento em
DIÁRIO DE BORDO
Marco Aurélio Bicalho de Abreu Chagas
22
minhas convicções, pondo à prova os
reais conhecimentos alcançados.
Por que o inesperado acontece?
Com quais conhecimentos conto para
conduzir a minha vida com acerto?
Como me colocar diante do erro, pois o
erro sempre aparece quando se realiza
algo, porque nem sempre detenho o
conhecimento e domino os fatores que
intervêm em minhas iniciativas e ações.
Aprendi que corrigir o erro é evitar
as suas consequências.
Uma vez cometido o erro procurar
a melhor solução para corrigi-lo,
emenda-lo e evitar cometer outros.
Hoje me esforço para que a
tristeza, o desalento, a decepção não
me tirem a alegria que deve reinar em
minha vida, porque a derrota há de
servir para o aperfeiçoamento desse
DIÁRIO DE BORDO
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23
ser incompleto e ignorante que luta pela
vida e quer buscar para si e os demais
o bem, a realização superior.
*
DIÁRIO DE BORDO
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24
CAPÍTULO IV
A nau nessa madrugada
enfrentou uma pequena tormenta.
Agora, pela manhã, o mar está sereno
e se navega com tranquilidade.
Eu tenho que infundir valor a
minha vida. Faço parte de uma obra de
bem. E se quiser ser um representante
dessa nova cultura eu devo me
fortalecer, vencer minhas limitações,
superá-las para poder representá-la
dignamente.
É resquício da impostura querer
me inferiorizar, me anular como ser
inteligente ao invés de aspirar o
crescimento, a superação.
DIÁRIO DE BORDO
Marco Aurélio Bicalho de Abreu Chagas
25
A melhor e maior ajuda que posso
prestar a mim mesmo é a de aspirar ser
mais do que sou, superar-me, afastar-
me definitivamente do aniquilamento,
do inferior, da debilidade. Devo infundir
valor à minha vida, rompendo de vez
com a debilidade.
Agora compreendo que o
complexo de superioridade é o mesmo
complexo de inferioridade, porque
ambos estão distante do bem que
quero fazer a mim mesmo. Ambos
alimentam a vaidade e me distanciam
da imagem real que devo ter de mim
mesmo.
Essa obra de bem precisa de mim
para se expandir e alcançar a
humanidade e, para tanto, eu devo me
preparar, crescer, me valorizar para ser
digno dela.
DIÁRIO DE BORDO
Marco Aurélio Bicalho de Abreu Chagas
26
CAPÍTULO V
Eu vi que ao desenvolver as
atividades correntes isso permite que
determinados pensamentos
predominem sobre outros.
A confiança em mim possibilita
que as tarefas do dia sejam cumpridas
a contento.
A apreensão é uma constante no
curso do cumprimento das tarefas do
dia.
Pela manhã, experimentei um
estado interno. À tarde outro e, no final
do dia, um diferente dos anteriores.
A impressão que me ficou foi a de
que consegui cumprir com o planejado
DIÁRIO DE BORDO
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27
e realizar o que me havia proposto sem
maiores dificuldades.
*
DIÁRIO DE BORDO
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28
CAPÍTULO VI
Que relação tem o que se vive
nesta vida material com a vida do
espírito?
Haveria provações representadas
por sofrimentos físicos, para provar a
têmpera, a estabilidade do espírito?
Haveria provações para
comprovar a estabilidade de nossos
conceitos?
As aperturas financeiras que
tantas preocupações trazem serviriam
para testar o nosso equilíbrio psíquico
A nossa esperança e confiança
seriam testadas pelas dificuldades que
DIÁRIO DE BORDO
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29
eventualmente experimentamos em
nosso dia a dia?
Por que estou enfrentando essa e
aquela dificuldade agora nessa altura
de minha vida? Sinto que neste
momento devo colocar à prova os
conceitos de vida que consegui
assimilar.
Nos momentos difíceis tenho que
ter tranquilidade e serenar a mente
para encontrar as melhores soluções.
Nessas horas de apertura é que
devo provar a minha capacidade de
resistência e a confiança em mim
mesmo e em Deus.
Os pensamentos de desespero,
assombro, insegurança visitam a mente
e querem se apossar dela levando o
ser ao desespero.
DIÁRIO DE BORDO
Marco Aurélio Bicalho de Abreu Chagas
30
Tenho neste momento que
manter o controle interno e defender a
minha integridade física e espiritual.
O ensinamento que me vem em
defesa nesses momentos é o de “não
colocar a vida dentro dos problemas,
mas os problemas dentro da vida”.
Outro ensinamento que me vem à
mente é o de que a experiência que se
vive aqui nesta terra é de
transcendental importância para a vida
do espírito.
O que posso aprender com esta
experiência que estou vivendo agora?
Como me colocar serenamente
diante dessa experiência? Em quem
devo confiar?
Lutar, lutar e lutar com todos os
recursos com que conto para superar
DIÁRIO DE BORDO
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31
essa fase que sei, certamente, passará
e dias melhores virão.
*
DIÁRIO DE BORDO
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32
CAPÍTULO VII
Neste dia estou a estibordo e
contemplo o firmamento e me sinto
sereno e reflexivo.
Na vida vivemos coisas boas e
ruins, mas devemos sempre nos
recordar das coisas boas.
Recordar o que de bom vivi me
faz unir os tempos de alegria e isso fará
que minha vida seja feliz.
A cultura vigente me exorta a
recordar as tristezas, a reunir os
momentos tristes e agindo assim me
torno pessimista, triste.
DIÁRIO DE BORDO
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33
Tenho que aprender a ver nesta
vida os pingos de sol para sentir a
alegria de viver.
Hoje pude falar para um jovem
marujo sobre a importância da
aquisição do conhecimento, único bem
que perdura nesta vida.
Aprendi que devo recordar os
momentos felizes que vivo. As coisas
edificantes que me acontecem na vida.
Para quê? Para reunir força e canalizar
energias e fazer que elas retornem ao
meu ser.
O negativo tira energias. O
positivo retém energias e elas não se
gastam.
O bem é positivo, edificante e
concentra energias.
DIÁRIO DE BORDO
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34
Recordar o bem recebido é me
fazer merecedor do que amanhã me
possa ser oferecido.
Eu me recordo do bem que recebi
nesta vida até hoje?
Sou grato ao bem recebido?
Como ser grato ao bem recebido.
Recordando e fazendo o bem.
Quanto bem eu recebi nesta vida!
Quanto! Mas muitas vezes me esqueço
desse bem que recebi e sofro as
consequências disso e sinto tristeza e
pessimismo.
*
DIÁRIO DE BORDO
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35
CAPÍTULO VIII
Experimento outras sensações
não comuns em outras circunstâncias.
Sei a causa ou as causas desse
novo estado de coisas e não vejo como
reverter essa situação, sem prejuízo do
próprio sustento.
A tristeza experimentada se deve
a essas alterações que não
correspondem aos conceitos admitidos.
Circunstancialmente sou
conduzido a agir e atuar fora do
considerado normal e desejável.
Ao atuar fora desses parâmetros
considerados as consequências
desagradáveis são experimentadas e
DIÁRIO DE BORDO
Marco Aurélio Bicalho de Abreu Chagas
36
me sinto incômodo e de certa forma
culpado.
A vida como essa viagem
continua e a luta contra o mal, as
intempéries é interminável e se deve
continuar empenhado nela.
A preocupação com os demais é
sintoma de que se está vivendo para
fora. Quando se está empenhado
nessa superação o trabalho é intenso e
não há tempo para se preocupar com
os outros.
Tenho que rever a minha
colocação interna e lutar para evitar as
críticas que não constroem.
O empenho há de ser no sentido
de vencer as minhas limitações e me
empenhar em mudar a minha realidade.
DIÁRIO DE BORDO
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37
Eu sou o responsável pelo que
experimento e vivo hoje. De ninguém é
a culpa.
Ouço um apito que vem do
convés. É o sinal de que o Capitão quer
transmitir algumas instruções aos seus
tripulantes.
*
DIÁRIO DE BORDO
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38
CAPÍTULO IX
Nessa madrugada se ouviu, em
alto mar, barulhos e movimentos não
comuns por essas paragens.
No correr do dia passei por várias
situações.
Cumpri com algumas tarefas
rotineiras na embarcação e pouco me
detive nas tarefas do espírito.
As questões materiais e
preocupações profissionais de um
marujo são as que mais ocupam o meu
tempo.
As deficiências psicológicas
atuam comprometendo o meu
comportamento como tripulante da
DIÁRIO DE BORDO
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39
barca, que continua a navegar
tranquilamente.
Eu me vejo em muitos momentos
do dia absorvido por pensamentos
alheios aos meus anelos de superação.
Tenho que me ocupar mais
comigo e deixar que os demais
cumpram com os seus processos
evolutivos.
Há muito que fazer individual e
internamente.
Seguindo as instruções do
Capitão devo me interessar mais pelas
atividades que me ocupem
internamente.
Estou me incomodando muito
com as atitudes e modalidades dos
outros. Isso não me faz bem. Tenho
DIÁRIO DE BORDO
Marco Aurélio Bicalho de Abreu Chagas
40
que me preocupar comigo e saber de
mim.
Cada um tem a sua modalidade, o
seu modo de ver e sentir as coisas e
isso não me deve incomodar.
Também o juízo que cada um faz
não deve me incomodar, porque cada
um tem o direito de pensar e de agir
como quiser e isso não me deve
amolar.
Tenho que cuidar mais da minha
conduta. Voltar-me mais para o meu
interior e trabalhar ali. Há muito que
fazer. E se me empenhar nessa tarefa
não me sobrará tempo para me
preocupar com o que diz ou faz a ou b.
O Capitão em determinada
ocasião ensinou aos seus tripulantes
que nós temos duas grandes
oportunidades na vida, uma de não
DIÁRIO DE BORDO
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41
incomodar os demais e a outra de não
nos sentirmos incomodados pelos
demais.
*
DIÁRIO DE BORDO
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42
CAPÍTULO X
Passei por momentos de grandes
dificuldades que comprometeram o
meu ânimo e as palavras de estímulo
que recebi contribuíram para superar
aqueles estados de baixa estima
enfrentados.
Como ainda dependo de
estímulos externos para superar
estados internos incipientes!
Felizmente encontrei esses
estímulos que me estão sendo muito
úteis nesse esforço que estou
realizando para ultrapassar tais
estados.
Observando o drama alheio
encontrei elementos para valorizar o
DIÁRIO DE BORDO
Marco Aurélio Bicalho de Abreu Chagas
43
bem que possuo e os valores que
tenho. E dessa observação busco
cultivar o sentimento de gratidão a esse
bem recebido.
Recordando as atividades do dia
de hoje, em que as nuvens se
alternavam ora branquinhas em outros
instantes carregadas, querendo
anunciar uma tempestade, verifiquei as
alterações internas e pude perceber
que elas acontecem em virtude das
circunstâncias que também se
alternam.
No correr das horas há situações
imprevisíveis que fogem ao planejado e
tenho que estar disposto a enfrentá-las,
buscando a melhor solução ou ao
menos a mais feliz.
As reações do temperamento
envolvendo terceiros são frequentes.e
DIÁRIO DE BORDO
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44
as deficiências entram em jogo e se a
mente não está atenta sou levado
facilmente pelo pensamento dominante.
Baixar a guarda da vigilância
constante é um risco que pode
comprometer a serenidade interna que
se aspira.
*
DIÁRIO DE BORDO
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45
CAPÍTULO XI
Há alguns pensamentos que
estão insistindo em atuar e que me
estão prejudicando como os de crítica,
censura da conduta alheia.
Tenho que vigiar minha conduta
pois sei que alguns desses
pensamentos teimam em agir em
determinadas circunstâncias.
Como me colocar melhor nos
ambientes que frequento?
Há tanto que fazer internamente
no trabalho com minhas deficiências
que não posso perder meu tempo me
ocupando com a conduta alheia e com
o modo de ser e de fazer dos outros.
DIÁRIO DE BORDO
Marco Aurélio Bicalho de Abreu Chagas
46
Não estou satisfeito com o meu
comportamento.
Nas atividades me ocupo de
coisas que não interessam aos meus
propósitos de aperfeiçoamento.
No trabalho tenho uma conduta
acorde com os meus anseios de ser
melhor. Será que ali encontro um
ambiente propício?
Devo rever os meus pensamentos
e buscar uma mudança em meu
comportamento.
É preciso me empenhar mais em
me aperfeiçoar e tratar de afastar
aqueles pensamentos que me fazem
atuar de forma diversa da que sempre
me conduzi.
DIÁRIO DE BORDO
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47
Tenho que ser menos pessoal e
pensar em combater minha
personalidade e amor próprio.
*
DIÁRIO DE BORDO
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48
CAPÍTULO XII
Como viver o meu dia a dia
auxiliado pelo meu espírito? Como
extrair da experiência diária algo de útil
para a vida espiritual?
Há atitudes impensadas que
comprometem e maculam toda uma
conduta.
A confiança uma vez perdida é
difícil de ser reconquistada.
A seleção dos pensamentos ajuda
nessa tarefa de não comprometer a
confiança que um amigo ou um ser
querido deposita em mim.
DIÁRIO DE BORDO
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49
Perde-se uma amizade quando se
se deixa levar por pensamentos alheios
àquilo de bom que se cultiva.
A ambição pode comprometer o
bom relacionamento entre os seres.
Hoje estas reflexões estiveram
presentes em minha mente.
No final do dia recebi de um casal
amigo um presente de aniversário,
demonstrando, assim, que há um
vínculo de amizade que nos une.
Como as coisas do nosso
cotidiano podem ser elevadas e
comtempladas numa vida superior?
Para onde estou sendo
conduzido?
A inteligência é o conjunto de
todas as faculdades mentais. Ela
coloca em jogo ora uma faculdade, ora
DIÁRIO DE BORDO
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50
outra, e, também, a vontade e as
faculdades sensíveis.
Como está funcionando a minha
inteligência?
Estou conduzindo bem os
problemas que me surgem?
Há algumas faculdades que
atuam mais que outras, como, por
exemplo, a faculdade de imaginar, a
memória, a de observar, por vezes, a
de entender.
Entendo bem o que me ocorre no
dia?
Entendi que possuo bens que
foram resultado de conquistas e que
posso colocá-los a perder se me
descuidar deles. A vigilância deve ser
então redobrada.
DIÁRIO DE BORDO
Marco Aurélio Bicalho de Abreu Chagas
51
CAPÍTULO XIII
Tenho um equipamento perfeito
(mente e coração) para cumprir uma
missão nobre de evoluir até a perfeição
e me constituir num servidor da
humanidade.
Estou aqui nesta terra,
caminhando nela, cuidando de minha
subsistência e dos meus para cumprir
com essa Lei de Evolução, realizando
um processo de evolução consciente.
O que faço aqui, ou tudo o que
faço aqui, deve servir para esse
aperfeiçoamento, ou tem que ser de
algum interesse para essa superação.
As dores físicas, as dificuldades
enfrentadas no atendimento às
DIÁRIO DE BORDO
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52
exigências da alma devem contribuir
para o enriquecimento e aprendizado
do espírito.
Lembrar sempre que vigiar a
própria conduta é um exercício
espiritual.
O que aprendi hoje e que pode
me servir para a verdadeira vida, a vida
transcendente, a vida do espírito?
Aprendi que na concepção original, do
Criador, em sou perfeito, mas que devo
realizar essa perfeição no meu dia a
dia, lutando para eliminar essas
imperfeições e ascendendo para o
transcendente. O que de transcendente
extrai do viver neste mundo?
Tenho tudo para dar curso a
meus propósitos e anelos desde que
me disponha a isso.
DIÁRIO DE BORDO
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53
Tenho muitos motivos para ser
grato a essa vida que recebi
gratuitamente do Criador. E a cada dia
que vivo, devo dignificá-la
aproximando-me mais um pouco da
imagem plasmada na Mente Universal.
Como? Realizando em mim o
arquétipo. Caminhando na senda do
aperfeiçoamento, dando um passo a
mais no caminho da evolução.
O que é preciso para organizar o
meu sistema mental?
O primeiro passo seria iluminar o
recinto mental com a luz extraída do
ensinamento para que eu tenha
condições de ver o que ali está para ser
organizado. Sem essa luz, no escuro,
eu não tenho condições de iniciar essa
organização.
DIÁRIO DE BORDO
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54
O que eu vejo dentro de minha
mente. Muitos pensamentos de diversa
índole. Muitas preocupações
profissionais e com a própria
sobrevivência. O funcionamento
precário de algumas faculdades
mentais e a predominância da de
imaginar. Não posso negar que existam
nesse recinto mental alguns
pensamentos do Capitão que dispõem
de um pequeno espaço ali e atuam
como podem, contribuindo, em muito
para a oxigenação desse ambiente
interno, ainda, contaminado com o ar
viciado da velha cultura.
*
DIÁRIO DE BORDO
Marco Aurélio Bicalho de Abreu Chagas
55
CAPÍTULO XIV
O sentido da vida transcende o
concebido pela cultura vigente. Ele não
é material. Os valores materiais servem
para a vida física e o que deve me
interessar é a conquista de valores
reais, imateriais.
Cada coisa deve ter o seu real
valor. Entretanto, a cultura vigente me
leva a valorizar o mais da conta, ou
excessivamente, os valores materiais.
E luta-se denodadamente para a
conquista desses valores, em prejuízo
da conquista de valores espirituais,
eternos.
DIÁRIO DE BORDO
Marco Aurélio Bicalho de Abreu Chagas
56
Não é questão de menosprezar
os valores materiais, mas usá-los na
medida real para que foram feitos.
Dessa forma, entendo porque não
se deve ambicionar riquezas materiais.
Essa ambição nos coloca num desvio e
faz se afastar do campo de conquista
dos reais valores.
Internamente experimento
sensações muito distintas das que
normalmente acontecem.
Os acontecimentos em minha
vida e ao meu redor me fazem refletir
sobre pontos que não me preocupavam
ou não eram objeto de minhas
preocupações.
Durante o dia mil pensamentos
visitam a mente e muitos influenciam o
estado de ânimo, ora comprometendo-
o, ora contribuindo para um bem-estar.
DIÁRIO DE BORDO
Marco Aurélio Bicalho de Abreu Chagas
57
Observei que posso modificar a
minha colocação nos ambientes onde
atuo, deixando de me incomodar com a
atitude de um ou outro.
O que me falta para me colocar
melhor nos ambientes?
Meus estudos estão atendendo
satisfatoriamente minhas necessidades
internas?
Que influências externas estão
prejudicando a tranquilidade interna?
DIÁRIO DE BORDO
Marco Aurélio Bicalho de Abreu Chagas
58
CAPÍTULO XV
Estou refletindo atualmente sobre
a minha missão como tripulante dessa
barca que sulca os mares.
Que importância tem isso para a
minha vida? Qual é a minha imagem
ideal (a concebida pelo Criador) e qual
é a minha imagem real? Como
concretizar, ou tornar real, essa
imagem ideal?
O que o Criador quer de mim?
Por que estou me dedicando ao
aperfeiçoamento?
Por que tenho que realizar a
minha imagem ideal, perfeita na
DIÁRIO DE BORDO
Marco Aurélio Bicalho de Abreu Chagas
59
concepção original do Arquiteto do
Universo?
Quanto disto dessa imagem
plasmada na Mente Cósmica !!!
Que relação e importância têm o
que faço e vivo no meu diário viver com
essa aspiração de me aperfeiçoar e
evoluir conscientemente?
Internamente estou
experimentando algumas mudanças.
Outros pensamentos ocupam minha
mente, atraídos, talvez, pelas reflexões
que ultimamente venho fazendo sobre
o meu navegar por esses mares.
Os pensamentos ainda
preponderam sobre a minha vontade,
embora saiba que o contrário é o que
deveria acontecer, ou seja, minha
vontade predominar sobre a dos
pensamentos.
DIÁRIO DE BORDO
Marco Aurélio Bicalho de Abreu Chagas
60
Os pensamentos como entes, ou
agentes mentais deveriam servir a
minha vontade. Eu deveria comandar a
atividade deles em minha mente.
Quando planejo alguma atividade
que vou desenvolver percebo que
comando os pensamentos que
determino, ou que necessito para
desenvolver tal atividade ou plano.
O planejamento é então uma
forma de se exercer o controle da
própria mente.
O que se passa internamente é
difícil de exteriorizar no papel, pois
pertence ao foro íntimo e corre o perigo
de se malograr ao ser exposto. É a
intimidade. Parte se pode levar ao
externo e parte não, pois não se traduz
em palavras escritas ou orais.
DIÁRIO DE BORDO
Marco Aurélio Bicalho de Abreu Chagas
61
Procuro desenvolver várias
atividades ao mesmo tempo. Leio
escrevo, desenvolvo trabalhos, cuido
de minhas ocupações profissionais de
bom marinheiro, dedico-me às tarefas
necessárias ao bom funcionamento da
barca e tenho vários objetivos a
cumprir. Em um fracasso em outros
tenho êxito. Sigo em frente. A vida
continua e a viagem prossegue à meta
ideal.
*
DIÁRIO DE BORDO
Marco Aurélio Bicalho de Abreu Chagas
62
CAPÍTULO XVI
Internamente estão ocorrendo em
mim, como disse de outras vezes,
algumas transformações. Observo com
mais clareza o que me ocorre
internamente e já compreendo alguns
ensinamentos que me eram
incompreensíveis.
Hoje fiz algumas reflexões.
A alma tem que se elevar e posso
ver a transubstanciação fundindo-se
com o espírito, promovendo o
casamento.
O Capitão, ao ver desse marujo,
não foi uma grande alma, mas foi um
grande espírito, ou melhor, demonstrou
DIÁRIO DE BORDO
Marco Aurélio Bicalho de Abreu Chagas
63
como seria o ser humano, uno, com
alma e espírito, sendo uma coisa só.
Hoje me perguntei: - como
transmitir aos demais o resultado ou o
fruto de minhas experiências?
Profissionalmente, por exemplo,
quais foram os meus êxitos e acertos
até aqui e como transmiti-lo? No lar,
como transmitir minhas experiências?
Inicialmente devo analisá-las e depois
procurar extrair delas o que me foi útil
para transmitir aos demais, aplainando
caminhos.
*
DIÁRIO DE BORDO
Marco Aurélio Bicalho de Abreu Chagas
64
CAPÍTULO XVII
De fatos da vida corrente é que
tenho que extrair elementos para a vida
superior, transcendente.
O que representou ou representa
a psiquiálise para mim? A obstrução de
um canal mental responsável pela
fecundação da vida espiritual. O ser
continua normal para o
desenvolvimento de todas as suas
atividades de ser humano menos para
conceber a vida espiritual.
É a psiquiálise uma vasectomia
ou ligadura de trompas psicológica.
O que importa para a vida
superior o dinheiro, a posição social, os
bens materiais?
DIÁRIO DE BORDO
Marco Aurélio Bicalho de Abreu Chagas
65
Recordei-me de que devo ter
confiança em Deus nas grandes e nas
pequenas coisas.
O que significa confiar em Deus?
Diante de dificuldades, de
problemas devo confiar sempre em
Deus. Existe uma parte divina em mim,
meu espírito, e uma partícula divina,
minha alma, a parte divina, o espírito, é
um pouco maior que a partícula, a
alma.
*
DIÁRIO DE BORDO
Marco Aurélio Bicalho de Abreu Chagas
66
CAPÍTULO XVIII
A viagem é rica em imprevistos e
surpresas.
No cotidiano acontecem coisas
inusitadas e o bom observador é capaz
de colher elementos úteis para a
sobrevivência.
Vivem-se situações a maioria
delas difíceis de programar.
A sensação que tenho é a de que
estamos num mar, navegando e a cada
dia é um dia cheio de ocorrências em
que sou colocado à prova e tenho que
me utilizar dos recursos que disponho
para solucionar os inumeráveis
imprevistos e situações, para continuar
navegando nesse mar de surpresas.
DIÁRIO DE BORDO
Marco Aurélio Bicalho de Abreu Chagas
67
A luta pela sobrevivência é
incansável. Venço uma batalha e
imediatamente surge outra colocando à
prova o meu ser.
E a vida é assim, uma constante
luta. E o desafio está em manter a
serenidade para não desesperar. Saber
esperar é a chave. Esperar dias
melhores.
Por que me acontece
determinada coisa? É por que sim? Eu
me resisto a admitir essa casualidade.
Fui envolvido numa história
mentirosa, em certa viagem, mas
felizmente não me deixei envolver e
com isso a decepção ao saber que tudo
não passava de uma ilusão, não me
derrubou. Fiquei abalado, mas não caí,
pois nunca perdi o contato com a
realidade.
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68
Como as coisas acontecem na
vida?
Por que estou hoje nessa
situação? Poderia estar em outra? O
que fiz para estar onde estou?
*
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69
CAPÍTULO XIX
As águas estão revoltas. A
tripulação apreensiva. Esta foi uma
semana atribulada e cheia de
inesperados.
Lembrei-me de uma afirmativa do
Capitão muito oportuna: “o inesperado
tem a virtude de cambiar temporária ou
definitivamente o ritmo monótono da
vida.”
O grave acidente que vitimou um
ser querido, obrigando-o a se submeter
a uma cirurgia, colocando-o num CTI e
de cama, contribuiu para alterar a rotina
de todos os que com ele convivem.
Há fatos que nos acontecem que
são imprevisíveis
DIÁRIO DE BORDO
Marco Aurélio Bicalho de Abreu Chagas
70
No trabalho os acontecimentos
também fugiram à rotina e interferiram
diretamente em meu ânimo.
A vida é recheada de surpresas,
umas agradáveis, outras inusitadas e
outras jamais imaginadas.
O que me acontece na vida serve
para testar a têmpera e é uma prova.
É nessa luta que vou verificar se
possuo tal ou qual valor e se revelam
os pontos débeis de nossa psicologia.
São situações que têm que ser
superadas, pois a vida continua, apesar
de tudo e a vida é mais que as
circunstâncias.
Há que lutar e lutar muito e
continuar lutando, sem esmorecimento
e procurando os recursos internos
DIÁRIO DE BORDO
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71
acumulados ao longo da existência
para vencer
*
DIÁRIO DE BORDO
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72
CAPÍTULO XX
A nau navegada tranquilamente
num mar sereno, convidativo a
reflexões.
A experiência da perda de um
ente querido as possibilitou.
A vida é uma grande
oportunidade que nos foi dada por
Deus e pode ser-nos tirada a qualquer
momento.
Devemos desfrutar e aproveitar
ao máximo dessa oportunidade,
procurando viver bem com os demais e
procurando ser a todo instante grato ao
vivido.
DIÁRIO DE BORDO
Marco Aurélio Bicalho de Abreu Chagas
73
Não nos é dado saber quando e
como partiremos deste mundo.
Podemos ir embora a qualquer instante.
Como também podemos ficar aqui por
muito tempo, aguardando a nossa vez
de ir.
Os que ficam sofrem
profundamente a perda, mas têm que
se resignar diante da magnitude da lei
que expressa a vontade do Criador.
Com o tempo, no lugar da dor fica a
saudade.
O que falta por fazer?
O que já fiz? Do que me recordo?
O que foi importante do vivido até aqui?
Sou grato ao que eu vivi?
O meu passado vive em minha
recordação? O que eu recordo do meu
passado? Que passado é esse?
DIÁRIO DE BORDO
Marco Aurélio Bicalho de Abreu Chagas
74
Os anos passaram e me encontro
hoje numa idade considerada madura.
Como me sinto? E o meu ideal superior
de aperfeiçoamento, envelheceu? Que
idade é essa? A do ser físico?
Espiritualmente qual é a minha
idade?
Onde está aquele entusiasmo
juvenil? Estaria se manifestando de
outra forma?
Quais os sonhos que tenho hoje?
Sonho com o quê?
*
DIÁRIO DE BORDO
Marco Aurélio Bicalho de Abreu Chagas
75
CAPÍTULO XXI
Ontem ocorreu uma circunstância
em minha atividade profissional que me
levou a ver em minha mente, de uma
hora para outra, determinados
pensamentos que me sobressaltaram e
me fizeram agir rapidamente.
Observei a movimentação dos
pensamentos que acorreram à mente e
atuei com eles procurando resolver o
problema. O estado interno de
tranquilidade existente antes de tal
circunstância foi substituído por um de
inquietação, característico dos
pensamentos que acudiram à mente.
Foi interessante perceber que, ao
chegar à minha cabine pouco abaixo do
DIÁRIO DE BORDO
Marco Aurélio Bicalho de Abreu Chagas
76
convés, ainda sob os efeitos daquela
movimentação interna, meu
comportamento ficou alterado e agi
algumas vezes por impulsividade.
Está retratada aí nessa vivência a
influência que têm os pensamentos em
nosso estado interno de ânimo e o
efeito que causam em nossas
atuações.
Ficou demonstrado que não
houve num momento o domínio
completo da situação, embora o
problema tivesse sido encaminhado
satisfatoriamente para uma solução
favorável e, certamente, mais feliz.
Acontece que aqueles
pensamentos que estiveram transitando
pela mente durante a vivência,
comprometeram, momentaneamente, a
DIÁRIO DE BORDO
Marco Aurélio Bicalho de Abreu Chagas
77
tranquilidade interna, a paz interior,
interferindo na conduta.
*
DIÁRIO DE BORDO
Marco Aurélio Bicalho de Abreu Chagas
78
CAPÍTULO XXII
O interesse pela atividade no
começo do dia impulsiona a cumprir
com as tarefas a serem desenvolvidas.
Muitas coisas há para fazer e o
dia transcorre na rotina sem maiores
mudanças.
Planos vêm à mente. Busca-se
dar um novo curso às obrigações.
Imagina-se mais que se exercita a
função de pensar.
No correr do tempo se vai
atendendo ao que aparece de forma
aleatória e sem programa.
DIÁRIO DE BORDO
Marco Aurélio Bicalho de Abreu Chagas
79
O trato com um e outro vai
polindo as asperezas do temperamento
e as observações de uma conduta
mostram a versatilidade dos
aconteceres diários.
Inicia-se o dia com a presença de
determinados pensamentos na mente e
no correr do dia esses pensamentos
atuam e se modificam ou dão o seu
lugar a outros, até muito diversos e de
índole diferente daqueles que
predominam durante o dia.
O Capitão nos reuniu no convés e
falou aos tripulantes. Ficaram gravadas
em minha memória algumas imagens.
Disse-nos que deveríamos viver a
vida com alegria para, no futuro, termos
recordações felizes e que não haja
tristezas nesses momentos de
recordação.
DIÁRIO DE BORDO
Marco Aurélio Bicalho de Abreu Chagas
80
É na luta que encontramos a
alegria.
O dever cumprido nos traz uma
sensação de alívio.
Em meio a esse mundo
conturbado encontramos no ambiente
da barca um oásis de paz criado pelo
próprio Capitão da barca.
Continuou o Capitão nos
afirmando que devemos dar
participação a nosso espírito nesta
vida.
Devemos sempre estar com a
fronte erguida e enfrentarmos os
obstáculos com valentia e sem temor. A
nada devemos temer.
O Capitão, continuando sua
preleção nos falou do afeto que
inculcou em seus tripulantes.
DIÁRIO DE BORDO
Marco Aurélio Bicalho de Abreu Chagas
81
Ao ouvirmos o Capitão sentimos
fortalecer dentro de nós a aspiração de
superarmos as nossas limitações.
É importante aprendermos a reter
na mente os ensinamentos desse
experiente Capitão para mantermos
viva dentro de nós essa aspiração
superior de fazer o bem e que tanto
agrada a nosso espírito.
A barca, segundo o Capitão, em
suas primeiras incursões nos mares
sofreu um levante e os tripulantes do
início a defenderam bravamente.
Como ser herdeiro direto desses
ensinamentos brindados pelo Capitão
que irão edificar em nós uma nova vida,
a do espírito?
A palavra do Capitão transmite a
todos nós uma força que nos infunde
segurança e a certeza de que a
DIÁRIO DE BORDO
Marco Aurélio Bicalho de Abreu Chagas
82
evolução consciente é o único caminho
para o aperfeiçoamento humano e para
a aproximação do homem a seu
Criador.
A nau segue o seu curso,
sulcando os mares rumo à meta ideal,
porque “navegar é preciso.”
***
DIÁRIO DE BORDO
Marco Aurélio Bicalho de Abreu Chagas
83
DO AUTOR:
As Leis Universais;
Código de Defesa do Consumidor em versos sem
reverso;
Contos Curtos – Des-contos;
Estatuto do Idoso em versinhos;
Exegese Poética;
Mineiridade;
Miscelânea Poética;
Mixórdia Poética;
O Cotidiano de uma Vida;
O Direito em Poesia;
Panorama;
Poemas Diversos;
Um Pouco de Mitologia;
Um Turbilhão de Poemas;
Uma Nova Concepção do Direito;
Valores Éticos no Exercício da Advocacia;
Vida Em Poesia.
DIÁRIO DE BORDO
Marco Aurélio Bicalho de Abreu Chagas
84

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  • 2. DIÁRIO DE BORDO Marco Aurélio Bicalho de Abreu Chagas 1
  • 3. DIÁRIO DE BORDO Marco Aurélio Bicalho de Abreu Chagas 2 “Relatos de episódios da vida psicológica, retratando movimentos mentais experimentados e percebidos, à luz de conhecimentos transcendentes, transmitidos e ensinados por um Mestre de Sabedoria.” *
  • 4. DIÁRIO DE BORDO Marco Aurélio Bicalho de Abreu Chagas 3 O contido neste DIÁRIO DE BORDO foi inspirado em anotações de cadernos de vivências do Autor, aplicando a seguinte orientação dada pelo Capitão: “É conveniente escreveres, em ordenadas anotações, as impressões recolhidas, assim, como as apreciações sobre o que observares diariamente, visto que depois haverão de servir para formulares a ti mesmo valorosas reflexões.” (Bases para Tua Conduta, p.16/3, de Carlos Bernardo González Pecotche). *
  • 5. DIÁRIO DE BORDO Marco Aurélio Bicalho de Abreu Chagas 4 DIÁRIO DE BORDODIÁRIO DE BORDODIÁRIO DE BORDODIÁRIO DE BORDO 2014
  • 6. DIÁRIO DE BORDO Marco Aurélio Bicalho de Abreu Chagas 5 Para meu saudoso pai, Hermínio, minha querida mãe, Adalgisa, amada e saudosa esposa, Maria Elizabeth, e adorados filhos, Fabrício e André, com todo o meu amor, carinho e afeto...
  • 7. DIÁRIO DE BORDO Marco Aurélio Bicalho de Abreu Chagas 6 Copyright© Marco Aurélio Bicalho de Abreu Chagas Capa: 1ª edição (2014) Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta edição pode ser utilizada ou reproduzida - em qualquer meio ou forma, nem apropriada e estocada sem a expressa autorização de Marco Aurélio Bicalho de Abreu Chagas Chagas, MarcoAurélio Bicalho de Abreu Chagas DIÁRIO DE BORDO. Marco Aurélio Bicalho de Abreu Chagas. Belo Horizonte, MG: 85 p.14x20 cm. ISBN 1. Literatura brasileira – Brasil. I. Título. II. Série.
  • 8. DIÁRIO DE BORDO Marco Aurélio Bicalho de Abreu Chagas 7 “Às vezes não sei o que faço nas folhas do meu caderno, mas toda linha que traço são linhas do meu interno.” (GRITINAS)
  • 9. DIÁRIO DE BORDO Marco Aurélio Bicalho de Abreu Chagas 8 INTRODUÇÃO Eu me vi num ancião sentando em uma cadeira com os olhos fixos no horizonte e com um grande livro aberto em seu colo. Por vezes lia, interrompia a leitura, elevava a cabeça e voltava a fixar a visão no infinito. A leitura daquele livro que era em realidade um diário de bordo o fazia rememorar as inúmeras viagens que empreendera juntamente com o Capitão de uma barca que sulcava os mares rumo ao chamado “Pais dos Sonhos”. Certa vez fora convidado a conhecer essa barca sendo muito
  • 10. DIÁRIO DE BORDO Marco Aurélio Bicalho de Abreu Chagas 9 jovem. Esteve ali. Ouviu histórias sobre as viagens que empreendia o Capitão com os seus tripulantes a lugares que atraiam a muitos interessados em ver e sentir outras paragens e lugares. Percorreu as dependências daquela embarcação e se encontrou com muitos outros jovens como ele que já se preparavam para fazer parte daquela tribulação e que logo empreenderiam uma longa viagem, uma “jornada” como eles a chamavam. Manifestou, então, o seu interesse em fazer parte integrante daquela tripulação. Inscreveu-se e se preparou para ingressar. Alguns meses depois recebeu o esperado convite de que seria aceito como tripulante da nau. Em inesquecível e memorável solenidade
  • 11. DIÁRIO DE BORDO Marco Aurélio Bicalho de Abreu Chagas 10 firmou em presença de alguns tripulantes o seu compromisso de fazer parte daqueles que iriam partir a mais uma jornada incursionando em regiões desconhecidas para aquele neófito que estava sendo recebido calorosamente. Aquele velho “marujo” como se sentia em seu âmago, embora tivesse alcançado alguns postos de direção, avidamente folheava aquele diário e se detinha numa ou noutra página. * As primeiras excursões percorriam lugares nunca vistos. Impressionava-se com todos os relatos daqueles que já haviam alcançado alguns elementos que o ajudavam a compreender o que viam e ouviam. O entusiasmo era cada vez mais intenso e a alegria dominava a todos.
  • 12. DIÁRIO DE BORDO Marco Aurélio Bicalho de Abreu Chagas 11 Sentiam-se guiados e desfrutavam intensamente das maravilhas da paisagem exuberante que imperava em algumas localidades. O tempo era bem aproveitado e o que aprendia o jovem tripulante servia para conduzi-lo equilibradamente em suas tarefas diárias e em nada prejudicavam as suas obrigações de estudante, filho e cidadão. O mundo que se descortinava à vista do novel marujo era totalmente desconhecido para ele, os pensamentos que ali viviam eram de outra índole e o convidavam a praticar uma conduta mais a tom com suas aspirações de ser melhor e de fazer o bem. Os demais tripulantes que faziam parte daquele grupo de jovens
  • 13. DIÁRIO DE BORDO Marco Aurélio Bicalho de Abreu Chagas 12 colaboravam, participavam ativamente das tarefas encomendadas pelos maiores e se dedicavam com afinco e responsabilidade aos misteres que envolviam o preparo para novas e importantes jornadas que os prepararia para novas incursões em regiões cada vez mais longuinquas. Uns ajudavam os outros e cada um se empenhava em realizar o que o Capitão ensinava e lhes era transmitido em reuniões em que intercambiavam temas de interesse em sua etapa de jovens. *
  • 14. DIÁRIO DE BORDO Marco Aurélio Bicalho de Abreu Chagas 13 CAPÍTULO I O mar, por vezes revolto, em outros instantes calmo e sereno. Os problemas que a vida nos apresenta, refletia, contribuem em muito para promover inúmeros movimentos mentais durante o dia. Observei hoje, escrevia, que internamente estava mais sereno, ao contrário de ontem e anteontem, em que me vi agitado, tentando solucionar questões que têm que esperar um tempo. Entendi, então, que tenho que cultivar a paciência inteligente, cuidar de outras coisas e esperar a oportunidade para solucionar alguns desses problemas.
  • 15. DIÁRIO DE BORDO Marco Aurélio Bicalho de Abreu Chagas 14 Há problemas que têm que ser solucionados, resolvidos por parte, sem apuro. Ontem, a irritabilidade esteve presente no cenário interno, entretanto, ocupou um espaço de tempo pequeno, mas provocou um desgaste mental e físico, refletido no cansaço. Quais os movimentos mentais ocorridos durante o dia? Ansiedade para realizar o que me havia proposto para o dia. Entretanto, em vários momentos da execução do trabalho me vi interrompido e ao perceber que não teria mais tempo para dar continuidade ao que havia iniciado, devendo adiar a tarefa, experimentei internamente uma sensação de incumprimento e impotência. Afinal de contas, não conseguiria cumprir com o
  • 16. DIÁRIO DE BORDO Marco Aurélio Bicalho de Abreu Chagas 15 planejado, apesar das interferências externas, alheias ao meu controle. As atividades profissionais propiciam variados movimentos internos. Ora sou levado a enfrentar a crítica, ou melhor, o exame crítico de meu trabalho ou ponto de vista, em outros momentos devo conter minha impulsividade ou irritabilidade diante de uma observação alheia, adversa ou contrária ao meu pensar ou modo de ver as coisas. Em outras circunstâncias, devo com humildade ouvir pareceres contrários aos meus. Ou permitir que meu trabalho seja apreciado por outros que, muitas vezes, não têm os conhecimentos específicos para fazer uma crítica construtiva. *
  • 17. DIÁRIO DE BORDO Marco Aurélio Bicalho de Abreu Chagas 16 CAPÍTULO II O cultivo do mundo interno é uma das tarefas mais edificantes e ao mesmo tempo uma das mais difíceis de se realizar. Com o auxílio do método instituído pelo Capitão da barca elas se tornam realizáveis, porque contamos com o exemplo e a ajuda de outros que se encontram nessa tarefa, nesse empreendimento que sem o trabalho em equipe seria utópico. A viagem ao mundo interno é uma viagem ao país dos sonhos. Um sonho que pode se tornar realidade com o empenho individual.
  • 18. DIÁRIO DE BORDO Marco Aurélio Bicalho de Abreu Chagas 17 Muito já andei nesse caminho do conhecimento de si mesmo, mas me sinto ainda nos começos. Às vezes invade algum pensamento em minha mente querendo me convencer de que o empreendimento é impossível. Depois de um trecho no andar há o risco de se adotar um “modus vivendi”. Tudo corre bem. As arestas estão aparadas. Há um acomodamento interno. E alguns pensamentos estão sob controle. E não passa disso. Há, entretanto, uma inquietude: preciso avançar. Caminhar além. Realizar mais. Superar o estágio atual. Sair desse marasmo! Como? De que meios me valer? Uma conclusão a que cheguei hoje foi a de que, em equipe, com a ajuda de outros poderei impulsionar a
  • 19. DIÁRIO DE BORDO Marco Aurélio Bicalho de Abreu Chagas 18 realização individual e romper de vez com esse tal “modus vivendi”. Ainda não me conheço. Há muito que tenho que aprender. A ilustração contida nas instruções do Capitão é razoável em relação há alguns anos atrás, mas não basta. E preciso realizar e o esforço em superar o até aqui alcançado. Muito em relação ao que eu tinha quando me aproximei da barca, mas ínfimo em comparação ao que tenho que realizar. Ainda me vejo muito apegado às coisas materiais, às atividades correntes e preocupações das coisas da alma. As faculdades da minha inteligência cumprem satisfatoriamente a sua função.
  • 20. DIÁRIO DE BORDO Marco Aurélio Bicalho de Abreu Chagas 19 Eu as manejo para o meu bem? Sou dono e senhor dos pensamentos que se alojaram em minha mente? Criei algum pensamento? Quais os que adotei? Eles me servem em meus propósitos de evolução? Ou ainda sou escravo deles? Não estou satisfeito com o estado interno em que me encontro. Sinto que tenho que me empenhar para dar um passo além nessa cruzada do alto conhecimento. *
  • 21. DIÁRIO DE BORDO Marco Aurélio Bicalho de Abreu Chagas 20 CAPÍTULO III O curso dos anos me faz deparar com situações inesperadas e em momento algum imaginadas. Sinto que devo estar preparado para tudo nesta vida, pois é difícil programar e prever tudo o que pode me acontecer ou viver. O certo é que devo ser e me manter fiel aos meus princípios morais e espirituais, cultivados nesses anos de vida. Os pensamentos circulam no mundo numa velocidade vertiginosa, alterando, constantemente, a face das coisas e promovendo muitas mudanças.
  • 22. DIÁRIO DE BORDO Marco Aurélio Bicalho de Abreu Chagas 21 Coisas que nunca poderia imaginar que pudessem acontecer comigo estão aí e me surpreendem, obrigando-me a me manter atento, ágil e predisposto a superar as situações desagradáveis que podem e advêm delas. Tenho que seguir o guia que escolhi para prosseguir nesta jornada aqui nesta terra. E o que o guia está me dizendo? Qual o caminho que me está indicando? Sigo fielmente suas orientações, instruções e sugestões? Não posso me prescindir delas, sob pena de desviar do caminho escolhido. Os desafios na vida, com o passar dos anos se intensificam e me vejo testado a todo o momento em
  • 23. DIÁRIO DE BORDO Marco Aurélio Bicalho de Abreu Chagas 22 minhas convicções, pondo à prova os reais conhecimentos alcançados. Por que o inesperado acontece? Com quais conhecimentos conto para conduzir a minha vida com acerto? Como me colocar diante do erro, pois o erro sempre aparece quando se realiza algo, porque nem sempre detenho o conhecimento e domino os fatores que intervêm em minhas iniciativas e ações. Aprendi que corrigir o erro é evitar as suas consequências. Uma vez cometido o erro procurar a melhor solução para corrigi-lo, emenda-lo e evitar cometer outros. Hoje me esforço para que a tristeza, o desalento, a decepção não me tirem a alegria que deve reinar em minha vida, porque a derrota há de servir para o aperfeiçoamento desse
  • 24. DIÁRIO DE BORDO Marco Aurélio Bicalho de Abreu Chagas 23 ser incompleto e ignorante que luta pela vida e quer buscar para si e os demais o bem, a realização superior. *
  • 25. DIÁRIO DE BORDO Marco Aurélio Bicalho de Abreu Chagas 24 CAPÍTULO IV A nau nessa madrugada enfrentou uma pequena tormenta. Agora, pela manhã, o mar está sereno e se navega com tranquilidade. Eu tenho que infundir valor a minha vida. Faço parte de uma obra de bem. E se quiser ser um representante dessa nova cultura eu devo me fortalecer, vencer minhas limitações, superá-las para poder representá-la dignamente. É resquício da impostura querer me inferiorizar, me anular como ser inteligente ao invés de aspirar o crescimento, a superação.
  • 26. DIÁRIO DE BORDO Marco Aurélio Bicalho de Abreu Chagas 25 A melhor e maior ajuda que posso prestar a mim mesmo é a de aspirar ser mais do que sou, superar-me, afastar- me definitivamente do aniquilamento, do inferior, da debilidade. Devo infundir valor à minha vida, rompendo de vez com a debilidade. Agora compreendo que o complexo de superioridade é o mesmo complexo de inferioridade, porque ambos estão distante do bem que quero fazer a mim mesmo. Ambos alimentam a vaidade e me distanciam da imagem real que devo ter de mim mesmo. Essa obra de bem precisa de mim para se expandir e alcançar a humanidade e, para tanto, eu devo me preparar, crescer, me valorizar para ser digno dela.
  • 27. DIÁRIO DE BORDO Marco Aurélio Bicalho de Abreu Chagas 26 CAPÍTULO V Eu vi que ao desenvolver as atividades correntes isso permite que determinados pensamentos predominem sobre outros. A confiança em mim possibilita que as tarefas do dia sejam cumpridas a contento. A apreensão é uma constante no curso do cumprimento das tarefas do dia. Pela manhã, experimentei um estado interno. À tarde outro e, no final do dia, um diferente dos anteriores. A impressão que me ficou foi a de que consegui cumprir com o planejado
  • 28. DIÁRIO DE BORDO Marco Aurélio Bicalho de Abreu Chagas 27 e realizar o que me havia proposto sem maiores dificuldades. *
  • 29. DIÁRIO DE BORDO Marco Aurélio Bicalho de Abreu Chagas 28 CAPÍTULO VI Que relação tem o que se vive nesta vida material com a vida do espírito? Haveria provações representadas por sofrimentos físicos, para provar a têmpera, a estabilidade do espírito? Haveria provações para comprovar a estabilidade de nossos conceitos? As aperturas financeiras que tantas preocupações trazem serviriam para testar o nosso equilíbrio psíquico A nossa esperança e confiança seriam testadas pelas dificuldades que
  • 30. DIÁRIO DE BORDO Marco Aurélio Bicalho de Abreu Chagas 29 eventualmente experimentamos em nosso dia a dia? Por que estou enfrentando essa e aquela dificuldade agora nessa altura de minha vida? Sinto que neste momento devo colocar à prova os conceitos de vida que consegui assimilar. Nos momentos difíceis tenho que ter tranquilidade e serenar a mente para encontrar as melhores soluções. Nessas horas de apertura é que devo provar a minha capacidade de resistência e a confiança em mim mesmo e em Deus. Os pensamentos de desespero, assombro, insegurança visitam a mente e querem se apossar dela levando o ser ao desespero.
  • 31. DIÁRIO DE BORDO Marco Aurélio Bicalho de Abreu Chagas 30 Tenho neste momento que manter o controle interno e defender a minha integridade física e espiritual. O ensinamento que me vem em defesa nesses momentos é o de “não colocar a vida dentro dos problemas, mas os problemas dentro da vida”. Outro ensinamento que me vem à mente é o de que a experiência que se vive aqui nesta terra é de transcendental importância para a vida do espírito. O que posso aprender com esta experiência que estou vivendo agora? Como me colocar serenamente diante dessa experiência? Em quem devo confiar? Lutar, lutar e lutar com todos os recursos com que conto para superar
  • 32. DIÁRIO DE BORDO Marco Aurélio Bicalho de Abreu Chagas 31 essa fase que sei, certamente, passará e dias melhores virão. *
  • 33. DIÁRIO DE BORDO Marco Aurélio Bicalho de Abreu Chagas 32 CAPÍTULO VII Neste dia estou a estibordo e contemplo o firmamento e me sinto sereno e reflexivo. Na vida vivemos coisas boas e ruins, mas devemos sempre nos recordar das coisas boas. Recordar o que de bom vivi me faz unir os tempos de alegria e isso fará que minha vida seja feliz. A cultura vigente me exorta a recordar as tristezas, a reunir os momentos tristes e agindo assim me torno pessimista, triste.
  • 34. DIÁRIO DE BORDO Marco Aurélio Bicalho de Abreu Chagas 33 Tenho que aprender a ver nesta vida os pingos de sol para sentir a alegria de viver. Hoje pude falar para um jovem marujo sobre a importância da aquisição do conhecimento, único bem que perdura nesta vida. Aprendi que devo recordar os momentos felizes que vivo. As coisas edificantes que me acontecem na vida. Para quê? Para reunir força e canalizar energias e fazer que elas retornem ao meu ser. O negativo tira energias. O positivo retém energias e elas não se gastam. O bem é positivo, edificante e concentra energias.
  • 35. DIÁRIO DE BORDO Marco Aurélio Bicalho de Abreu Chagas 34 Recordar o bem recebido é me fazer merecedor do que amanhã me possa ser oferecido. Eu me recordo do bem que recebi nesta vida até hoje? Sou grato ao bem recebido? Como ser grato ao bem recebido. Recordando e fazendo o bem. Quanto bem eu recebi nesta vida! Quanto! Mas muitas vezes me esqueço desse bem que recebi e sofro as consequências disso e sinto tristeza e pessimismo. *
  • 36. DIÁRIO DE BORDO Marco Aurélio Bicalho de Abreu Chagas 35 CAPÍTULO VIII Experimento outras sensações não comuns em outras circunstâncias. Sei a causa ou as causas desse novo estado de coisas e não vejo como reverter essa situação, sem prejuízo do próprio sustento. A tristeza experimentada se deve a essas alterações que não correspondem aos conceitos admitidos. Circunstancialmente sou conduzido a agir e atuar fora do considerado normal e desejável. Ao atuar fora desses parâmetros considerados as consequências desagradáveis são experimentadas e
  • 37. DIÁRIO DE BORDO Marco Aurélio Bicalho de Abreu Chagas 36 me sinto incômodo e de certa forma culpado. A vida como essa viagem continua e a luta contra o mal, as intempéries é interminável e se deve continuar empenhado nela. A preocupação com os demais é sintoma de que se está vivendo para fora. Quando se está empenhado nessa superação o trabalho é intenso e não há tempo para se preocupar com os outros. Tenho que rever a minha colocação interna e lutar para evitar as críticas que não constroem. O empenho há de ser no sentido de vencer as minhas limitações e me empenhar em mudar a minha realidade.
  • 38. DIÁRIO DE BORDO Marco Aurélio Bicalho de Abreu Chagas 37 Eu sou o responsável pelo que experimento e vivo hoje. De ninguém é a culpa. Ouço um apito que vem do convés. É o sinal de que o Capitão quer transmitir algumas instruções aos seus tripulantes. *
  • 39. DIÁRIO DE BORDO Marco Aurélio Bicalho de Abreu Chagas 38 CAPÍTULO IX Nessa madrugada se ouviu, em alto mar, barulhos e movimentos não comuns por essas paragens. No correr do dia passei por várias situações. Cumpri com algumas tarefas rotineiras na embarcação e pouco me detive nas tarefas do espírito. As questões materiais e preocupações profissionais de um marujo são as que mais ocupam o meu tempo. As deficiências psicológicas atuam comprometendo o meu comportamento como tripulante da
  • 40. DIÁRIO DE BORDO Marco Aurélio Bicalho de Abreu Chagas 39 barca, que continua a navegar tranquilamente. Eu me vejo em muitos momentos do dia absorvido por pensamentos alheios aos meus anelos de superação. Tenho que me ocupar mais comigo e deixar que os demais cumpram com os seus processos evolutivos. Há muito que fazer individual e internamente. Seguindo as instruções do Capitão devo me interessar mais pelas atividades que me ocupem internamente. Estou me incomodando muito com as atitudes e modalidades dos outros. Isso não me faz bem. Tenho
  • 41. DIÁRIO DE BORDO Marco Aurélio Bicalho de Abreu Chagas 40 que me preocupar comigo e saber de mim. Cada um tem a sua modalidade, o seu modo de ver e sentir as coisas e isso não me deve incomodar. Também o juízo que cada um faz não deve me incomodar, porque cada um tem o direito de pensar e de agir como quiser e isso não me deve amolar. Tenho que cuidar mais da minha conduta. Voltar-me mais para o meu interior e trabalhar ali. Há muito que fazer. E se me empenhar nessa tarefa não me sobrará tempo para me preocupar com o que diz ou faz a ou b. O Capitão em determinada ocasião ensinou aos seus tripulantes que nós temos duas grandes oportunidades na vida, uma de não
  • 42. DIÁRIO DE BORDO Marco Aurélio Bicalho de Abreu Chagas 41 incomodar os demais e a outra de não nos sentirmos incomodados pelos demais. *
  • 43. DIÁRIO DE BORDO Marco Aurélio Bicalho de Abreu Chagas 42 CAPÍTULO X Passei por momentos de grandes dificuldades que comprometeram o meu ânimo e as palavras de estímulo que recebi contribuíram para superar aqueles estados de baixa estima enfrentados. Como ainda dependo de estímulos externos para superar estados internos incipientes! Felizmente encontrei esses estímulos que me estão sendo muito úteis nesse esforço que estou realizando para ultrapassar tais estados. Observando o drama alheio encontrei elementos para valorizar o
  • 44. DIÁRIO DE BORDO Marco Aurélio Bicalho de Abreu Chagas 43 bem que possuo e os valores que tenho. E dessa observação busco cultivar o sentimento de gratidão a esse bem recebido. Recordando as atividades do dia de hoje, em que as nuvens se alternavam ora branquinhas em outros instantes carregadas, querendo anunciar uma tempestade, verifiquei as alterações internas e pude perceber que elas acontecem em virtude das circunstâncias que também se alternam. No correr das horas há situações imprevisíveis que fogem ao planejado e tenho que estar disposto a enfrentá-las, buscando a melhor solução ou ao menos a mais feliz. As reações do temperamento envolvendo terceiros são frequentes.e
  • 45. DIÁRIO DE BORDO Marco Aurélio Bicalho de Abreu Chagas 44 as deficiências entram em jogo e se a mente não está atenta sou levado facilmente pelo pensamento dominante. Baixar a guarda da vigilância constante é um risco que pode comprometer a serenidade interna que se aspira. *
  • 46. DIÁRIO DE BORDO Marco Aurélio Bicalho de Abreu Chagas 45 CAPÍTULO XI Há alguns pensamentos que estão insistindo em atuar e que me estão prejudicando como os de crítica, censura da conduta alheia. Tenho que vigiar minha conduta pois sei que alguns desses pensamentos teimam em agir em determinadas circunstâncias. Como me colocar melhor nos ambientes que frequento? Há tanto que fazer internamente no trabalho com minhas deficiências que não posso perder meu tempo me ocupando com a conduta alheia e com o modo de ser e de fazer dos outros.
  • 47. DIÁRIO DE BORDO Marco Aurélio Bicalho de Abreu Chagas 46 Não estou satisfeito com o meu comportamento. Nas atividades me ocupo de coisas que não interessam aos meus propósitos de aperfeiçoamento. No trabalho tenho uma conduta acorde com os meus anseios de ser melhor. Será que ali encontro um ambiente propício? Devo rever os meus pensamentos e buscar uma mudança em meu comportamento. É preciso me empenhar mais em me aperfeiçoar e tratar de afastar aqueles pensamentos que me fazem atuar de forma diversa da que sempre me conduzi.
  • 48. DIÁRIO DE BORDO Marco Aurélio Bicalho de Abreu Chagas 47 Tenho que ser menos pessoal e pensar em combater minha personalidade e amor próprio. *
  • 49. DIÁRIO DE BORDO Marco Aurélio Bicalho de Abreu Chagas 48 CAPÍTULO XII Como viver o meu dia a dia auxiliado pelo meu espírito? Como extrair da experiência diária algo de útil para a vida espiritual? Há atitudes impensadas que comprometem e maculam toda uma conduta. A confiança uma vez perdida é difícil de ser reconquistada. A seleção dos pensamentos ajuda nessa tarefa de não comprometer a confiança que um amigo ou um ser querido deposita em mim.
  • 50. DIÁRIO DE BORDO Marco Aurélio Bicalho de Abreu Chagas 49 Perde-se uma amizade quando se se deixa levar por pensamentos alheios àquilo de bom que se cultiva. A ambição pode comprometer o bom relacionamento entre os seres. Hoje estas reflexões estiveram presentes em minha mente. No final do dia recebi de um casal amigo um presente de aniversário, demonstrando, assim, que há um vínculo de amizade que nos une. Como as coisas do nosso cotidiano podem ser elevadas e comtempladas numa vida superior? Para onde estou sendo conduzido? A inteligência é o conjunto de todas as faculdades mentais. Ela coloca em jogo ora uma faculdade, ora
  • 51. DIÁRIO DE BORDO Marco Aurélio Bicalho de Abreu Chagas 50 outra, e, também, a vontade e as faculdades sensíveis. Como está funcionando a minha inteligência? Estou conduzindo bem os problemas que me surgem? Há algumas faculdades que atuam mais que outras, como, por exemplo, a faculdade de imaginar, a memória, a de observar, por vezes, a de entender. Entendo bem o que me ocorre no dia? Entendi que possuo bens que foram resultado de conquistas e que posso colocá-los a perder se me descuidar deles. A vigilância deve ser então redobrada.
  • 52. DIÁRIO DE BORDO Marco Aurélio Bicalho de Abreu Chagas 51 CAPÍTULO XIII Tenho um equipamento perfeito (mente e coração) para cumprir uma missão nobre de evoluir até a perfeição e me constituir num servidor da humanidade. Estou aqui nesta terra, caminhando nela, cuidando de minha subsistência e dos meus para cumprir com essa Lei de Evolução, realizando um processo de evolução consciente. O que faço aqui, ou tudo o que faço aqui, deve servir para esse aperfeiçoamento, ou tem que ser de algum interesse para essa superação. As dores físicas, as dificuldades enfrentadas no atendimento às
  • 53. DIÁRIO DE BORDO Marco Aurélio Bicalho de Abreu Chagas 52 exigências da alma devem contribuir para o enriquecimento e aprendizado do espírito. Lembrar sempre que vigiar a própria conduta é um exercício espiritual. O que aprendi hoje e que pode me servir para a verdadeira vida, a vida transcendente, a vida do espírito? Aprendi que na concepção original, do Criador, em sou perfeito, mas que devo realizar essa perfeição no meu dia a dia, lutando para eliminar essas imperfeições e ascendendo para o transcendente. O que de transcendente extrai do viver neste mundo? Tenho tudo para dar curso a meus propósitos e anelos desde que me disponha a isso.
  • 54. DIÁRIO DE BORDO Marco Aurélio Bicalho de Abreu Chagas 53 Tenho muitos motivos para ser grato a essa vida que recebi gratuitamente do Criador. E a cada dia que vivo, devo dignificá-la aproximando-me mais um pouco da imagem plasmada na Mente Universal. Como? Realizando em mim o arquétipo. Caminhando na senda do aperfeiçoamento, dando um passo a mais no caminho da evolução. O que é preciso para organizar o meu sistema mental? O primeiro passo seria iluminar o recinto mental com a luz extraída do ensinamento para que eu tenha condições de ver o que ali está para ser organizado. Sem essa luz, no escuro, eu não tenho condições de iniciar essa organização.
  • 55. DIÁRIO DE BORDO Marco Aurélio Bicalho de Abreu Chagas 54 O que eu vejo dentro de minha mente. Muitos pensamentos de diversa índole. Muitas preocupações profissionais e com a própria sobrevivência. O funcionamento precário de algumas faculdades mentais e a predominância da de imaginar. Não posso negar que existam nesse recinto mental alguns pensamentos do Capitão que dispõem de um pequeno espaço ali e atuam como podem, contribuindo, em muito para a oxigenação desse ambiente interno, ainda, contaminado com o ar viciado da velha cultura. *
  • 56. DIÁRIO DE BORDO Marco Aurélio Bicalho de Abreu Chagas 55 CAPÍTULO XIV O sentido da vida transcende o concebido pela cultura vigente. Ele não é material. Os valores materiais servem para a vida física e o que deve me interessar é a conquista de valores reais, imateriais. Cada coisa deve ter o seu real valor. Entretanto, a cultura vigente me leva a valorizar o mais da conta, ou excessivamente, os valores materiais. E luta-se denodadamente para a conquista desses valores, em prejuízo da conquista de valores espirituais, eternos.
  • 57. DIÁRIO DE BORDO Marco Aurélio Bicalho de Abreu Chagas 56 Não é questão de menosprezar os valores materiais, mas usá-los na medida real para que foram feitos. Dessa forma, entendo porque não se deve ambicionar riquezas materiais. Essa ambição nos coloca num desvio e faz se afastar do campo de conquista dos reais valores. Internamente experimento sensações muito distintas das que normalmente acontecem. Os acontecimentos em minha vida e ao meu redor me fazem refletir sobre pontos que não me preocupavam ou não eram objeto de minhas preocupações. Durante o dia mil pensamentos visitam a mente e muitos influenciam o estado de ânimo, ora comprometendo- o, ora contribuindo para um bem-estar.
  • 58. DIÁRIO DE BORDO Marco Aurélio Bicalho de Abreu Chagas 57 Observei que posso modificar a minha colocação nos ambientes onde atuo, deixando de me incomodar com a atitude de um ou outro. O que me falta para me colocar melhor nos ambientes? Meus estudos estão atendendo satisfatoriamente minhas necessidades internas? Que influências externas estão prejudicando a tranquilidade interna?
  • 59. DIÁRIO DE BORDO Marco Aurélio Bicalho de Abreu Chagas 58 CAPÍTULO XV Estou refletindo atualmente sobre a minha missão como tripulante dessa barca que sulca os mares. Que importância tem isso para a minha vida? Qual é a minha imagem ideal (a concebida pelo Criador) e qual é a minha imagem real? Como concretizar, ou tornar real, essa imagem ideal? O que o Criador quer de mim? Por que estou me dedicando ao aperfeiçoamento? Por que tenho que realizar a minha imagem ideal, perfeita na
  • 60. DIÁRIO DE BORDO Marco Aurélio Bicalho de Abreu Chagas 59 concepção original do Arquiteto do Universo? Quanto disto dessa imagem plasmada na Mente Cósmica !!! Que relação e importância têm o que faço e vivo no meu diário viver com essa aspiração de me aperfeiçoar e evoluir conscientemente? Internamente estou experimentando algumas mudanças. Outros pensamentos ocupam minha mente, atraídos, talvez, pelas reflexões que ultimamente venho fazendo sobre o meu navegar por esses mares. Os pensamentos ainda preponderam sobre a minha vontade, embora saiba que o contrário é o que deveria acontecer, ou seja, minha vontade predominar sobre a dos pensamentos.
  • 61. DIÁRIO DE BORDO Marco Aurélio Bicalho de Abreu Chagas 60 Os pensamentos como entes, ou agentes mentais deveriam servir a minha vontade. Eu deveria comandar a atividade deles em minha mente. Quando planejo alguma atividade que vou desenvolver percebo que comando os pensamentos que determino, ou que necessito para desenvolver tal atividade ou plano. O planejamento é então uma forma de se exercer o controle da própria mente. O que se passa internamente é difícil de exteriorizar no papel, pois pertence ao foro íntimo e corre o perigo de se malograr ao ser exposto. É a intimidade. Parte se pode levar ao externo e parte não, pois não se traduz em palavras escritas ou orais.
  • 62. DIÁRIO DE BORDO Marco Aurélio Bicalho de Abreu Chagas 61 Procuro desenvolver várias atividades ao mesmo tempo. Leio escrevo, desenvolvo trabalhos, cuido de minhas ocupações profissionais de bom marinheiro, dedico-me às tarefas necessárias ao bom funcionamento da barca e tenho vários objetivos a cumprir. Em um fracasso em outros tenho êxito. Sigo em frente. A vida continua e a viagem prossegue à meta ideal. *
  • 63. DIÁRIO DE BORDO Marco Aurélio Bicalho de Abreu Chagas 62 CAPÍTULO XVI Internamente estão ocorrendo em mim, como disse de outras vezes, algumas transformações. Observo com mais clareza o que me ocorre internamente e já compreendo alguns ensinamentos que me eram incompreensíveis. Hoje fiz algumas reflexões. A alma tem que se elevar e posso ver a transubstanciação fundindo-se com o espírito, promovendo o casamento. O Capitão, ao ver desse marujo, não foi uma grande alma, mas foi um grande espírito, ou melhor, demonstrou
  • 64. DIÁRIO DE BORDO Marco Aurélio Bicalho de Abreu Chagas 63 como seria o ser humano, uno, com alma e espírito, sendo uma coisa só. Hoje me perguntei: - como transmitir aos demais o resultado ou o fruto de minhas experiências? Profissionalmente, por exemplo, quais foram os meus êxitos e acertos até aqui e como transmiti-lo? No lar, como transmitir minhas experiências? Inicialmente devo analisá-las e depois procurar extrair delas o que me foi útil para transmitir aos demais, aplainando caminhos. *
  • 65. DIÁRIO DE BORDO Marco Aurélio Bicalho de Abreu Chagas 64 CAPÍTULO XVII De fatos da vida corrente é que tenho que extrair elementos para a vida superior, transcendente. O que representou ou representa a psiquiálise para mim? A obstrução de um canal mental responsável pela fecundação da vida espiritual. O ser continua normal para o desenvolvimento de todas as suas atividades de ser humano menos para conceber a vida espiritual. É a psiquiálise uma vasectomia ou ligadura de trompas psicológica. O que importa para a vida superior o dinheiro, a posição social, os bens materiais?
  • 66. DIÁRIO DE BORDO Marco Aurélio Bicalho de Abreu Chagas 65 Recordei-me de que devo ter confiança em Deus nas grandes e nas pequenas coisas. O que significa confiar em Deus? Diante de dificuldades, de problemas devo confiar sempre em Deus. Existe uma parte divina em mim, meu espírito, e uma partícula divina, minha alma, a parte divina, o espírito, é um pouco maior que a partícula, a alma. *
  • 67. DIÁRIO DE BORDO Marco Aurélio Bicalho de Abreu Chagas 66 CAPÍTULO XVIII A viagem é rica em imprevistos e surpresas. No cotidiano acontecem coisas inusitadas e o bom observador é capaz de colher elementos úteis para a sobrevivência. Vivem-se situações a maioria delas difíceis de programar. A sensação que tenho é a de que estamos num mar, navegando e a cada dia é um dia cheio de ocorrências em que sou colocado à prova e tenho que me utilizar dos recursos que disponho para solucionar os inumeráveis imprevistos e situações, para continuar navegando nesse mar de surpresas.
  • 68. DIÁRIO DE BORDO Marco Aurélio Bicalho de Abreu Chagas 67 A luta pela sobrevivência é incansável. Venço uma batalha e imediatamente surge outra colocando à prova o meu ser. E a vida é assim, uma constante luta. E o desafio está em manter a serenidade para não desesperar. Saber esperar é a chave. Esperar dias melhores. Por que me acontece determinada coisa? É por que sim? Eu me resisto a admitir essa casualidade. Fui envolvido numa história mentirosa, em certa viagem, mas felizmente não me deixei envolver e com isso a decepção ao saber que tudo não passava de uma ilusão, não me derrubou. Fiquei abalado, mas não caí, pois nunca perdi o contato com a realidade.
  • 69. DIÁRIO DE BORDO Marco Aurélio Bicalho de Abreu Chagas 68 Como as coisas acontecem na vida? Por que estou hoje nessa situação? Poderia estar em outra? O que fiz para estar onde estou? *
  • 70. DIÁRIO DE BORDO Marco Aurélio Bicalho de Abreu Chagas 69 CAPÍTULO XIX As águas estão revoltas. A tripulação apreensiva. Esta foi uma semana atribulada e cheia de inesperados. Lembrei-me de uma afirmativa do Capitão muito oportuna: “o inesperado tem a virtude de cambiar temporária ou definitivamente o ritmo monótono da vida.” O grave acidente que vitimou um ser querido, obrigando-o a se submeter a uma cirurgia, colocando-o num CTI e de cama, contribuiu para alterar a rotina de todos os que com ele convivem. Há fatos que nos acontecem que são imprevisíveis
  • 71. DIÁRIO DE BORDO Marco Aurélio Bicalho de Abreu Chagas 70 No trabalho os acontecimentos também fugiram à rotina e interferiram diretamente em meu ânimo. A vida é recheada de surpresas, umas agradáveis, outras inusitadas e outras jamais imaginadas. O que me acontece na vida serve para testar a têmpera e é uma prova. É nessa luta que vou verificar se possuo tal ou qual valor e se revelam os pontos débeis de nossa psicologia. São situações que têm que ser superadas, pois a vida continua, apesar de tudo e a vida é mais que as circunstâncias. Há que lutar e lutar muito e continuar lutando, sem esmorecimento e procurando os recursos internos
  • 72. DIÁRIO DE BORDO Marco Aurélio Bicalho de Abreu Chagas 71 acumulados ao longo da existência para vencer *
  • 73. DIÁRIO DE BORDO Marco Aurélio Bicalho de Abreu Chagas 72 CAPÍTULO XX A nau navegada tranquilamente num mar sereno, convidativo a reflexões. A experiência da perda de um ente querido as possibilitou. A vida é uma grande oportunidade que nos foi dada por Deus e pode ser-nos tirada a qualquer momento. Devemos desfrutar e aproveitar ao máximo dessa oportunidade, procurando viver bem com os demais e procurando ser a todo instante grato ao vivido.
  • 74. DIÁRIO DE BORDO Marco Aurélio Bicalho de Abreu Chagas 73 Não nos é dado saber quando e como partiremos deste mundo. Podemos ir embora a qualquer instante. Como também podemos ficar aqui por muito tempo, aguardando a nossa vez de ir. Os que ficam sofrem profundamente a perda, mas têm que se resignar diante da magnitude da lei que expressa a vontade do Criador. Com o tempo, no lugar da dor fica a saudade. O que falta por fazer? O que já fiz? Do que me recordo? O que foi importante do vivido até aqui? Sou grato ao que eu vivi? O meu passado vive em minha recordação? O que eu recordo do meu passado? Que passado é esse?
  • 75. DIÁRIO DE BORDO Marco Aurélio Bicalho de Abreu Chagas 74 Os anos passaram e me encontro hoje numa idade considerada madura. Como me sinto? E o meu ideal superior de aperfeiçoamento, envelheceu? Que idade é essa? A do ser físico? Espiritualmente qual é a minha idade? Onde está aquele entusiasmo juvenil? Estaria se manifestando de outra forma? Quais os sonhos que tenho hoje? Sonho com o quê? *
  • 76. DIÁRIO DE BORDO Marco Aurélio Bicalho de Abreu Chagas 75 CAPÍTULO XXI Ontem ocorreu uma circunstância em minha atividade profissional que me levou a ver em minha mente, de uma hora para outra, determinados pensamentos que me sobressaltaram e me fizeram agir rapidamente. Observei a movimentação dos pensamentos que acorreram à mente e atuei com eles procurando resolver o problema. O estado interno de tranquilidade existente antes de tal circunstância foi substituído por um de inquietação, característico dos pensamentos que acudiram à mente. Foi interessante perceber que, ao chegar à minha cabine pouco abaixo do
  • 77. DIÁRIO DE BORDO Marco Aurélio Bicalho de Abreu Chagas 76 convés, ainda sob os efeitos daquela movimentação interna, meu comportamento ficou alterado e agi algumas vezes por impulsividade. Está retratada aí nessa vivência a influência que têm os pensamentos em nosso estado interno de ânimo e o efeito que causam em nossas atuações. Ficou demonstrado que não houve num momento o domínio completo da situação, embora o problema tivesse sido encaminhado satisfatoriamente para uma solução favorável e, certamente, mais feliz. Acontece que aqueles pensamentos que estiveram transitando pela mente durante a vivência, comprometeram, momentaneamente, a
  • 78. DIÁRIO DE BORDO Marco Aurélio Bicalho de Abreu Chagas 77 tranquilidade interna, a paz interior, interferindo na conduta. *
  • 79. DIÁRIO DE BORDO Marco Aurélio Bicalho de Abreu Chagas 78 CAPÍTULO XXII O interesse pela atividade no começo do dia impulsiona a cumprir com as tarefas a serem desenvolvidas. Muitas coisas há para fazer e o dia transcorre na rotina sem maiores mudanças. Planos vêm à mente. Busca-se dar um novo curso às obrigações. Imagina-se mais que se exercita a função de pensar. No correr do tempo se vai atendendo ao que aparece de forma aleatória e sem programa.
  • 80. DIÁRIO DE BORDO Marco Aurélio Bicalho de Abreu Chagas 79 O trato com um e outro vai polindo as asperezas do temperamento e as observações de uma conduta mostram a versatilidade dos aconteceres diários. Inicia-se o dia com a presença de determinados pensamentos na mente e no correr do dia esses pensamentos atuam e se modificam ou dão o seu lugar a outros, até muito diversos e de índole diferente daqueles que predominam durante o dia. O Capitão nos reuniu no convés e falou aos tripulantes. Ficaram gravadas em minha memória algumas imagens. Disse-nos que deveríamos viver a vida com alegria para, no futuro, termos recordações felizes e que não haja tristezas nesses momentos de recordação.
  • 81. DIÁRIO DE BORDO Marco Aurélio Bicalho de Abreu Chagas 80 É na luta que encontramos a alegria. O dever cumprido nos traz uma sensação de alívio. Em meio a esse mundo conturbado encontramos no ambiente da barca um oásis de paz criado pelo próprio Capitão da barca. Continuou o Capitão nos afirmando que devemos dar participação a nosso espírito nesta vida. Devemos sempre estar com a fronte erguida e enfrentarmos os obstáculos com valentia e sem temor. A nada devemos temer. O Capitão, continuando sua preleção nos falou do afeto que inculcou em seus tripulantes.
  • 82. DIÁRIO DE BORDO Marco Aurélio Bicalho de Abreu Chagas 81 Ao ouvirmos o Capitão sentimos fortalecer dentro de nós a aspiração de superarmos as nossas limitações. É importante aprendermos a reter na mente os ensinamentos desse experiente Capitão para mantermos viva dentro de nós essa aspiração superior de fazer o bem e que tanto agrada a nosso espírito. A barca, segundo o Capitão, em suas primeiras incursões nos mares sofreu um levante e os tripulantes do início a defenderam bravamente. Como ser herdeiro direto desses ensinamentos brindados pelo Capitão que irão edificar em nós uma nova vida, a do espírito? A palavra do Capitão transmite a todos nós uma força que nos infunde segurança e a certeza de que a
  • 83. DIÁRIO DE BORDO Marco Aurélio Bicalho de Abreu Chagas 82 evolução consciente é o único caminho para o aperfeiçoamento humano e para a aproximação do homem a seu Criador. A nau segue o seu curso, sulcando os mares rumo à meta ideal, porque “navegar é preciso.” ***
  • 84. DIÁRIO DE BORDO Marco Aurélio Bicalho de Abreu Chagas 83 DO AUTOR: As Leis Universais; Código de Defesa do Consumidor em versos sem reverso; Contos Curtos – Des-contos; Estatuto do Idoso em versinhos; Exegese Poética; Mineiridade; Miscelânea Poética; Mixórdia Poética; O Cotidiano de uma Vida; O Direito em Poesia; Panorama; Poemas Diversos; Um Pouco de Mitologia; Um Turbilhão de Poemas; Uma Nova Concepção do Direito; Valores Éticos no Exercício da Advocacia; Vida Em Poesia.
  • 85. DIÁRIO DE BORDO Marco Aurélio Bicalho de Abreu Chagas 84